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DA BIODIVERSIDADE
UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO
Cuiabá – MT
2004
UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO
Reitor: Prof. Dr. Paulo Speller
Vice-Reitor: Prof. Dr. José Eduardo Aguilar S. do Nascimento
Pró-Reitora de Pós-Graduação: Profa. Dra. Marinêz Isaac Marques
Pró-Reitora Administrativa: Tec. Esp. Adriana Rigon Weska
Pró-Reitora de Ensino de Graduação: Profa. MSc. Matilde Araki Crudo
Pró-Reitora de Vivência Acadêmica e Social: Profa. MSc. Marilda Calháo Matsubara
Pró-Reitor de Planejamento: Tec. Esp. Adriana Rigon Weska (em exercício)
Pró-Reitor de Pesquisa: Prof. Dr. Paulo Teixeira de Sousa Júnior
Diretor do Instituto de Biociências: Prof. MSc. Edson Conceição de Campos Moraes
Coordenador do Programa de Pós-graduação: Prof. Dr. Pierre Girard
Organizadores: Profa. Dra. Cláudia Tasso Callil; Prof. Dr. Jerry Magno F. Penha
Diagramação: Profa. Dra. Cláudia Tasso Callil; Erica Cezarine Arruda
Secretária: Laura Cristina Vasconcelos
1. Ecologia. 2. Pantanal.
Apoio:
v
SUMÁRIO
Diversidade de Coleoptera do Solo: Estudo de Caso Parque Baía das Pedras - SESC
Pantanal, Poconé-MT Brasil.
Fortes, Caroline F. ...............................................................................................................95
PARTICIPANTES
11
6 9
1 2 4 8
5 20 12
3 7 10
14 19
13 16 21
15
18
17
Professores Outros
Cátia Nunes da Cunha Temilze Gomes Duarte (Monitora) (4)
Christine Strüssmann Joaquim (guarda-parque) (6)
Claudia Tasso Callil Aruã Callil Peixoto (11)
Flávia Regina Capellotto Costa Iago Callil Peixoto (14)
Francisco de Arruda Machado
7
(Com 14 Figuras)
RESUMO: O objetivo desse trabalho foi estimar a diversidade alfa e beta das espécies
arbóreas e analisar a existência de correlação entre os fatores abióticos e a diversidade.
Foram amostrados todos os indivíduos de porte arbóreo (dap ≥ 10 cm) em 60 parcelas,
distribuídos em 12 isolinhas ao longo de um transecto 6 km no Parque SESC Baía das
Pedras. Apenas 7 linhas apresentam espécies de porte arbóreo, totalizando 736 indivíduos,
distribuídos em 23 Famílias, 30 Gêneros e 35 espécies. A maior riqueza e diversidade alfa
das espécies foi encontrada nas isolinhas 500 (25 espécies, H’= 4,01, S= 0,93), 1000 (16
espécies, H’= 2,66, S= 0,78) e 4500 (12 espécies H’= 2,67, S= 0,79) , enquanto que 4000 e
5000 (H’= 1,75) apresentaram a menor riqueza com 5 e 4 espécies respectivamente. A
maior equitabilidade (E) ou evenness foi encontrada na linha 4000 com 93% de
homogeneidade. A diversidade beta entre as isolinhas, discutida neste trabalho como
proporção de similaridade entre cada linha ao longo do transecto apresenta os mais altos
valores entre as linhas 3000-4000, 4000-5000, 500-1000. A correlação realizada entre os
fatores abióticos e a diversidade nos mostra que a topografia, umidade relativa e matéria
orgânica apresentam fortes correlações e após a realização da regressão do tipo stepwise,
somente topografia e matéria orgânica que explicam melhor a variação da diversidade da
área estudada.
Palavras Chaves: Diversidade, Mesoescala, Arbórea, Pantanal.
8
INTRODUÇÃO
Na região central do continente Sul-americano onde o Brasil, Bolívia e Paraguai
se encontram, há uma grande área alagável, com mais de 100.000 Km² conhecida como
Gran Pantanal (Sarmiento, 1983).
O Pantanal está representado nos Estados de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul,
adentrando pequenas partes na Bolívia e vinculando-se com o Chaco, em prolongamento
natural, sendo Poconé, Cáceres, Barão de Melgaço, Santo Antônio do Leverger e Nossa
Senhora do Livramento, os principais municípios no Estado de Mato Grosso com áreas
situadas dentro dos limites do Pantanal (Allem & Valls 1987).
é através da riqueza de espécies arbóreas numa determinada área amostrada (Kageyama &
Lepsch-Cunha, 2001). São utilizadas duas abordagens para se analisar a diversidade de
espécies em situações diferentes: (1) curva de abundância relativa do componente
dominância da diversidade e (2) índices de diversidades (Odum, 1988).
O objetivo desse trabalho foi estimar a diversidade alfa e beta das espécies
arbóreas em Mesoescala, comparando entre as isolinhas os diferentes habitats, analisar a
existência de correlação entre os fatores abióticos e a diversidade. Neste trabalho espera-se
que os fatores abióticos tenham influência sobre a diversidade.
MATERIAL E MÉTODOS
Área de Estudo
Figura 1- Localização da área de estudo: Parque SESC Baía das Pedras, Pantanal Norte, Poconé, Mato
Grosso-Brasil.
10
Figura 2- Localização do transecto e as respectivas isolinhas no Parque SESC Baía das Pedras, Pantanal
Norte, Poconé, Mato Grosso-Brasil.
11
Umidade do solo: coletados a cada 50 m, com o uso do aparelho “Moisture Meter HH2”.
Matéria Orgânica do solo: para determinar o teor de matéria orgânica das amostras de
solo de cada linha, as amostras foram levadas ao laboratório de Limnologia da UFMT,
onde separou-se 1 g de solo de cada amostra, sendo esta levada a mufla a uma
temperatura de 500° C por 4 horas, as amostras foram levadas para um dessecador e
posteriormente pesado.
Amostragem da Vegetação:
Análise de Dados
Diversidade:
Uma curva de incremento do número de espécies por parcela foi preparada para
cada isolinha. Sendo o incremento calculado seqüencialmente para cada uma das parcelas
de cada local. Foi também elaborada outra curva para as 35 parcelas amostradas para
verificar o incremento a nível regional ou total.
Análise Estatística:
RESULTADOS
Figura 3- A) Vegetação da linha 1500m. B) Vegetação da linha 2000m. C) Vegetação da linha 2500m.
14
D E
Figura 4- D) Vegetação da linha 3500m. E) Vegetação da linha 4000m. F) Vegetação da linha 4500m.
15
H
G
Figura 5- G) Vegetação da linha 5000m. H) Vegetação da linha 5500m. I) Vegetação da linha 6000m.
16
Tabela 1 - Relação das espécies arbóreas encontradas no Parque SESC Baía das Pedras, Poconé-MT, com suas
famílias e nomes vulgares.
Família/ Espécie Nome vulgar
ANACARDIACEAE
Astronium fraxinifolium Schott ex Spreng. Gonçaleiro
BIGNONIACEAE
Jacaranda cuspidifolia Mart. ex A. DC. Carobão
Tabebuia heptaphylla (Vell.) Toledo Ipê-roxo
Tabebuia áurea (Silva Manso) Benth. & Hook. f. ex S. Moore Paratudo
Tabebuia impetiginosa (Mart. ex DC.) Standl. Piuva
BOMBACACEAE
Ceiba samauma (Mart.) K. Schum. Paineira
BORAGINACEAE
Cordia glabrata (C. Martius) A. DC. Louro-preto
CAESALPINIACEAE
Cassia grandis L. F. Canafístula
Copaifera langsdorffii Desf. Pau d'óleo
Indeterminada 5
CECROPIACEAE
Cecropia pachystachya Trécul Embaúba
CHRYSOBALANACEAE
Couepia cf. uiti (Mart. & Zucc.) Benth. ex Hook. f. Pateiro
Licania parvifolia Huber Pimenteira
CLUSIACEAE (GUTTIFERAE)
Rheedia brasiliensis (Mart.) Planch. & Triana Cupari
COMBRETACEAE
Buchenavia tomentosa Eichler Tarumarana
Combretum leprosum Mart. Carne-de-vaca
Terminalia argentea (Camb.) Mart. Capitão
DILLENIACEAE
Curatella americana L. Lixeira
ERYTHROXYLACEAE
Erythroxylum sp. P. Browne
17
Tabela 1. (Continuação)
Família/ Espécie Nome vulgar
EUPHORBIACEAE
Alchornea cf. discolor Poepp. Uva-brava
FABACEAE
Andira cf. inermis (W. Wright) Kunth ex DC. Morcegueira
Dalbergia sp. L.f.
LAURACEAE
Ocotea suaveolens (Meisn.) Benth. & Hook. f. ex Hieron. Canela
MELASTOMATACEAE
Mouriri guianensis Aubl. Roncador
MELIACEAE
Trichilia catigua A. Juss. Pombeiro
MIMOSACEAE
Prosopis rubriflora Hassl. Espinheiro
MORACEAE
Brosimum sp. Sw. Leiterinho
MYRTACEAE
Eugenia sp. L.
Eugenia sp 2 L.
POLYGONACEAE
Triplaris gardneriana Wedd. Novateiro-preto
RUBIACEAE
Alibertia sp. A. Rich. Ex DC.
Genipa americana L. Jenipapo
STERCULIACEAE
Guazuma tomentosa Kunth Chico magro
VOCHYSIACEAE
Vochysia divergens Pohl Cambará
INDETERMINADA
Indeterminada 3
sempre verde
Campo sujo
Pombeiro
Cambarazal
transição
Carambazal
Mata de
Pombeiro
Carvoeiro
inundável
Mata
Campo
jovem
120 25
100
20
Elevação (cm)
80
MO (g*100)
15
60
10
40
20 5
0 0
500 1000 1500 2000 2500 3000 3500 4000 4500 5000 5500 6000
Figura 7- Perfil topográfico do Transecto associado à matéria orgânica e nível da lâmina de água.
A maior riqueza de espécie foi encontrada nas isolinhas 500, 1000 e 4500 (com 25,
16 e 12 espécies respectivamente), enquanto que 4000 e 5000 foram as mais pobres com 5 e 4
espécies (tabela 2). Conseqüentemente, os maiores índices de diversidade alfa foram obtidos
nas linhas 500, 1000 e 4500 (com 4,01; 2,66 e 2,67 pelo índice de Shannon e de 0,93; 0,78 e
0,79 pelo de Simpson). Sendo que na linha 5000 observa-se a menor diversidade (1,75 pelo
índice de Shannon, enquanto que pelo índice de Simpson a menor diversidade foi encontrada
na linha 3500 com 0,58). Entretanto a comunidade mais homogênea, ou seja, que apresentou a
maior equitabilidade (E) ou evenness, foi a linha 4000 com 93% de homogeneidade (índice de
Shannon) e 96% para a linha 500 pelo índice de Simpson (tabela 2).
20
Figura 8- Curva de incremento do número de espécies por parcelas amostradas para as 7 isolinhas que
apresentavam espécies arbóreas do Parque SESC Baía das Pedras.
40
4000 4500 5000
35
Número de Espécies
3000 3500
1000
30
500
25
20
15
1 3 5 7 9 11 13 15 17 19 21 23 25 27 29 31 33 35
Figura 9- Curva de incremento do número de espécies por parcelas para o Parque SESC Baía das Pedras. As
setas assinalam o final de casa isolinha.
21
Tabela 2 - Valores de índices de diversidade das isolinhas do Parque SESC Baía das Pedras Pantanal de Poconé-
MT. (H’) Shannon-Wiener, (D) Simpson, (E) Equabilidade e Riqueza de Espécies (S).
Shannon (H’) Evenness (E) Simpson (D) Evenness (E) Riqueza (S)
500 4,01 0,86 0,93 0,96 25
1000 2,66 0,67 0,78 0,83 16
1500
2000
2500
3000 1,93 0,64 0,68 0,77 8
3500 1,82 0,58 0,58 0,65 9
4000 2,15 0,93 0,76 0,94 5
4500 2,67 0,74 0,79 0,86 12
5000 1,75 0,88 0,67 0,89 4
5500
6000
Na Figura 10 observa-se que a linha que apresenta maior cota, também possui a
maior diversidade, enquanto, que as linhas onde os níveis topográficos são considerados
baixos (linhas 1500, 2000, 2500, 5500 e 6000), ou seja, a água permanece por mais tempo,
essas linhas não apresentam espécies arbóreas.
Figura 11- Curva de proporção de Similaridade de Sorensen, amostrando a diversidade beta entre as isolinhas.
23
InformationRemaining(%)
100 75 50 25 0
p500
p1000
p3000
p4000
p4500
p3500
p5000
Figura 12- Dendrograma de Similaridade de Sorensen entre as linhas que apresentavam espécies arbóreas.
Figura 13- Gráfico representa a relação entre o número de espécies e número de indivíduos de espécies arbóreas
no Parque SESC Baía das Pedras, Pantanal de Poconé-MT.
Tabela 3. Coeficientes de correlação granulometria e matéria orgânica do solo com a diversidade de espécies
arbóreas.
Granulometria do solo Coeficiente de Correlação
Seixos 0,592
Areia grossa -0,091
Areia média 0,164
Areia fina 0,289
Silte 0,450
Argila -0,195
Matéria orgânica -0,615
25
Figura 14- Histograma de freqüências das 5 espécies mais abundantes distribuídas no gradiente de inundação do
Parque SESC Baía das Pedras, Pantanal de Poconé - MT.
26
Para verificar o quanto da variação da diversidade é explicada pela variação de
seixos e da matéria orgânica realizou-se uma regressão linear múltipla, que mostram que essas
variáveis apresentam uma relação significativa com a diversidade, onde 55% da variação da
diversidade é explicada pela quantidade de seixos e matéria orgânica presentes no solo (R2 =
0,556, P = 0,026). Os Assim verifica-se que os dados de granulometria e matéria orgânica
influenciam na diversidade de espécies arbóreas.
Tabela 4. Coeficientes de correlação dos fatores abióticos com a diversidade de espécies arbóreas.
Fatores Abióticos Coeficiente de Correlação
Topografia 0,849
Umidade relativa 0,555
Matéria orgânica -0,615
Granulometria -0,364
Realizou-se uma regressão do tipo stepwise para verificar quais fatores explicam
melhor a relação da diversidade com os fatores abióticos. E as variáveis que melhor explicam
a regressão são topografia e matéria orgânica, sendo que 86% da variação da diversidade é
explicada pela variação da topografia e quantidade de matéria orgânica presente no solo (R2 =
0,861, P = 0,001).
DISCUSSÃO
A riqueza de plantas lenhosas nas florestas tropicais está relacionada a cinco grandes
gradientes principais: o latitudinal, o de precipitação, o edáfico, o altitudinal e o
intercontinental. Nas florestas neotropicias, observa-se uma relação direta entre a
precipitação, a fertilidade dos solos e a riqueza de espécies. Observa-se um decréscimo de
riqueza com o aumento da latitude e altitudes, mantidas as outras condições ecológicas e
biogeográficas constantes (Gentry 1988 apud Tabarelli & Mantovani 1999). As árvores (≥ 10
cm dap) constituem somente entre 15 e 22% das espécies nas florestas neotropicais onde há
flora conhecida. O restante são lianas, epífitas, ervas, arbustos e pequenas árvores que nunca
atingem 10 cm de dap.
Adámoli & Pott (1999) registraram que a menor diversidade e riqueza de espécies
ocorrem em ambiente que apresenta altos valores de altura e permanência das inundações,
isso também se observa neste trabalho, pois os locais de maior riqueza e diversidade estão em
locais onde o nível de inundação é menor.
28
Em ambientes tropicais o número de espécies é elevado e a distribuição desigual com
poucas espécies contendo muitos indivíduos e um grande número de espécies com um
número reduzido de indivíduos, podendo ser consideradas raras localmente (Felfili & Felfili,
2001).
Nunes da Cunha e Junk (2001) descrevem que a vegetação das matas do Pantanal
esta distribuída ao longo do gradiente de inundação de acordo com a tolerância a seca e cheia
e que o nível de tolerância esta relacionado com as peculiaridades específicas morfológicas e
fisiológicas das espécies. A grande variabilidade dos fatores climáticos, que resulta da posição
geográfica do Pantanal e que regula a distribuição das espécies, parece favorecer a ocorrência
dessas espécies lenhosas ao longo do gradiente de inundação (Nunes da Cunha e Junk, 1999).
A topografia e quantidade de matéria orgânica apresentam uma forte correlação com
a diversidade, desempenhando um papel significativo sobre a diversidade de espécies
arbóreas da área estudada.
Sendo assim, observamos que a hipótese levantada no inicio deste trabalho foi aceita,
pois os fatores abióticos influenciam a diversidade de espécies arbóreas.
AGRADECIMENTOS
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ADÁMOLI, J. 1982. O Pantanal e suas relações fitogeográficas com os cerrados. Discussão
sobre o Conceito “Complexo do Pantanal”. In: XXXII Congresso Nacional de Botânica,
Teresina, PI. Soc. Bras. de Bot. 32:109-119.
29
ADÁMOLI, J. 1995. Diagnóstico do Pantanal: Características ecológicas e problemas
ambientais. Brasília: Ministério do Meio Ambiente- Programa Nacional do Meio Ambiente.
50p.
ALLEM, A.C.; VALLS, J.F.M. 1987. Recursos forrageiros nativos do Pantanal Mato-
Grossense. Brasília: Embrapa/Cernagem. 339p.
BIANCHINI, E.; POPOLO, R.S.; DIAS, M.C.; PIMENTA, J.A. 2003. Diversidade e
Estrutura de Espécies Arbóreas em Área Alagável do Município de Londrina, Sul do Brasil.
Acta. Bot. Bras. 17 (3): 405-419.
FELFILI, M.C.; FELFILI, J.M. 2001. Diversidade alfa e beta no Cerrado Sensu Stricto da
Chapada Pratinha, Brasil. Acta. Bot. Bras. 15 (2): 243-254.
GENTRY, A.H. 1988. Changes in plant vommunity diversity and floristic composition on
environmental and geographical gradients. Ann. Missouri Bot. Gard. 75: 1-34. apud
Tabarelli, M.; Mantovani, W. 1999, A riqueza de espécies arbóreas na floresta atlântica de
encosta no Estado de São Paulo (Brasil). Revta. Brasil. Bot. 22 (2): 217- 223.
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Whigham, I. D. F. et al. (Editors), Kluwer Academic Publishers. Netherlands. p. 679-739.
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MAGURRAN, A.E. 1988. Ecological Diversity and its Measurement. 179p. Ney Jersey:
Princeton University Press.
NUNES DA CUNHA, C.; JUNK, W.J. 2001. Distribution of woody plant communities along
the flood gradient in the Pantanal de Poconé, Mato Grosso, Brazil. Int. J. Ecol. Environ. Sci.
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SARMIENTO, G. 1983. The Savanas of Tropical América. In: Ecossistems of the World.
(Tropical Savannas). Bourliére F. (Editors), Elsevier Scientific Publishing Company. p.
245-285.
SCHLUTER, D.; RICKLEFS, R.E. 1993. Species diversity: an introduction to the problem.
IN: Species diversity in ecological communities: historical and geographical perspectives (R.
E. Ricklefs & D. Schluter, eds.). University of Chicago Press, Chicago, p. 1-10. apud
Tabarelli, M.; Mantovani, W. 1999. A riqueza de especies arbóreas na floresta atlântica de
encosta no Estado de São Paulo (Brasil). Revta. Brasil. Bot. 22 (2): 217- 223.
SILVA, J.S.V.; ADBON, M.M. 1998. Delimitação do Pantanal Brasileiro e suas Sub-Regiões.
In: Pesquisa Agropecuária Brasileira. Brasília. v. 33, Número especial. p. 1703-1711.
p.124.
INTRODUÇÃO
Plantas apresentam diferentes respostas às condições ambientais que são refletidas
em suas diferentes amplitudes ecológicas e tolerância. Considerando que as características
morfológicas e fisiológicas das plantas, muitas vezes, possuem uma correlação com a sua
adaptação ao ambiente, ou seja, refletem adaptações a um habitat específico (CAIN &
CASTRO 1971), é possível caracterizar formações vegetais quanto às suas formas de vida
predominantes, correlacionando-as às variáveis abióticas locais, a fim de verificar padrões
34
entre estas relações. Forma de vida é definida como a forma vegetativa do corpo da planta
e é considerada uma adaptação usual (DOBBEN 1979). Sendo assim, é provável que, em
diferentes habitats, a predominância de formas de vida varie de acordo com as diferentes
condições ambientais dos habitats. Estudos com formas de vida em ambientes tropicais
têm tido um papel importante na descrição de adaptações de plantas a períodos regulares
de seca (LÜTTGE 1997).
O pulso de inundação é uma força reguladora dos processos ecológicos que
ocorrem no Pantanal Matogrossense e requer adaptações das plantas para lidar tanto com o
período de seca, quanto o de cheia (JUNK et al. 1989). Além do estresse gerado pelas
mudanças anuais do regime hidrológico, as plantas também estão submetidas a mudanças
plurianuais deste regime, com as ocorrências de períodos de grandes cheias e grandes secas
no Pantanal (JUNK e DA SILVA 1996). Variações topográficas mínimas resultam em
diferentes níveis de inundação e, por conseguinte, resultam numa grande heterogeneidade
da paisagem. Esta variedade de habitats em unidades de paisagem, com peculiaridades
edáficas, topográficas e hidrológicas permite a co-ocorrência de grande variedade de
plantas e animais com diferentes níveis de tolerância a períodos de seca e inundação
(NUNES da CUNHA & JUNK 2001).
Este trabalho considera que há uma variação na predominância das diferentes
formas de vida ao longo do gradiente hidro-topográfico refletida nas diferentes proporções
de ocupação dos habitats existentes no local.
O presente estudo teve como objetivo verificar qual a variação na predominância
das formas de vida de plantas (arbusto, liana, erva, grama e palmeira) entre habitats e
correlacioná-la com os fatores ambientais: topografia, umidade relativa do solo e conteúdo
de argila, areia e matéria orgânica.
MATERIAIS E MÉTODOS
o Área de Estudo
O estudo foi realizado na Baía das Pedras, SESC (Serviço Social do Comércio)
Pantanal, localizado no município de Poconé, Estado de Mato Grosso (Brasil). A área está
há 145 Km da cidade de Cuiabá e há 42 Km da cidade de Poconé e pertence ao Pantanal de
Poconé pela subdivisão elaborada por Jorge Adámoli (1982) (fig. 1).
A vegetação predominante no nordeste do Pantanal de Poconé, segundo
LOUREIRO et al. (1982) é a Savana-parque (campos de murundus) sem floresta de
galeria. Cerradão, cerrado e campos úmidos também são comuns na região, assim como
35
Figura 1 - Mapa de sub-regiões do Pantanal Matogrossense elaborada por Jorge Adámoli (1982).
Fonte: SEPLAN.
36
100%
80% argila
silte
60% areia fina
aeia média
40%
areia grossa
20% seixo
0%
500 1500 2500 3500 4500 5500
Figura 3 - Média anual de flutuação do nível da água do rio Cuiabá (1933-1993) e precipitação média
próximo a Cuiabá, Pantanal norte (1971-1988). Dados pluviométricos do INMET, dados do nível do rio do
DNAEE.
o Coleta de dados
O desenho amostral adotado consistiu em 12 isolinhas topográficas de 250m de
comprimento, distribuídas sistematicamente a cada 500m ao longo de um transecto de
6000m (fig. 4). Cada isolinha corresponde a um tipo de habitat, com características
ambientais próprias. A coleta de dados foi feita dentro de cada uma destas isolinhas. Este
desenho minimiza variações internas em topografia que, no Pantanal, estão relacionadas
com a variação do nível de inundação.
Figura 4 - Desenho amostral adotado neste estudo. Transecto de 6000m onde foram implantadas 12 isolinhas
topográficas de 250m de comprimento, a cada 500m de distância uma da outra.
Dados de cobertura vegetal das diferentes formas de vida de arbusto, liana, erva,
grama e palmeira foram coletados seguindo o método de amostragem por quadrado ponto
(Slingsby & Cook 1986), com 125 pontos por isolinha, espaçados 2m ao longo do eixo da
38
linha. Aqui foram consideradas as formas de vida de plantas em sua maturidade. Este
método consistiu no posicionamento de um bastão de espessura mínima e de 1,83m de
altura e na contagem e registro do número de toques no bastão, pelas diferentes formas de
vida, a cada ponto.
A cobertura de uma espécie ou outra categoria vegetal é uma proporção do solo
ocupado pela projeção perpendicular das partes aéreas dos indivíduos (GREIG-SMITH
1964) e é, normalmente, expressa em percentagem (CHAPMAN 1976).
A altitude ao longo de cada isolinha foi medida diretamente no campo utilizando
um cano transparente preenchido com água (princípio dos vasos comunicantes), para achar
pontos de mesma altitude.
O método de coleta utilizado para caracterização do solo nas diferentes isolinhas
foi de amostragem composta consistindo na coleta de solo em seis pontos (réplicas)
diferentes para cada isolinha, a uma profundidade de 0 a 10cm. Antes de escavar o solo, a
serrapilheira presente na superfície foi afastada. O material replicado foi misturado e
homogeneizado. O material foi pesado e em seguida foi separado em partículas de argila,
silte e areia através de peneiras granulométricas. Cada porção destas partículas foi pesada e
foram calculadas suas porcentagens em relação ao todo. As análises de matéria orgânica
foram realizadas na Universidade Federal de Mato Grosso, onde 1g do solo coletado em
campo foi levado à mufla em uma temperatura de 500 ºC. Após 4 horas, o solo foi retirado
e levado para esfriar em dessecador, para então ser levado à pesagem até possuir peso
constante.
Informações sobre a lâmina de água ao longo do transecto foram obtidas através
da marca de água mais alta deixada nos moirões das cercas que acompanhavam todo o
transecto.
Para a medição da umidade do solo utilizou–se o medidor de umidade do solo
digital Thetaprobe, que permite uma medição rápida e precisa da umidade de camadas
superficiais de solo, através da freqüência, técnica esta derivada da tecnologia TDR.
Consiste em uma unidade de leitura digital a bateria e em um sensor robusto e resistente a
água, cujo contato com o solo é feito através de 3 ponteiras de aço inox. A faixa de
medição varia de 5 a 55% (do volume de água pelo volume de solo), com precisão de 5%
sobre a calibração de fábrica e de apenas 2% sobre calibrações específicas.
o Análise de Dados
Cobertura Vegetal
39
Caracterização Fisionômica-estrutural
A fim de descrever a estrutura fitofisionômica dos habitats foi utilizada a
modalidade de espectro biológico (formas de vida) que tem como objetivo representar
graficamente as comunidades vegetais permitindo uma comparação visual. Esta
representação proporciona uma visualização das diferenças ecológicas dos sítios ocupados
por comunidades distintas. (COLMA 1982).
RESULTADOS
o Variáveis Abióticas
A figura 5 mostra as variações dos dados abióticos encontrados ao longo do
transecto: topografia, lâmina de água e umidade relativa do solo. Ao longo do transecto
pode-se observar uma oscilação das porcentagens de cada partícula do solo (fig.6) e das
quantidades de matéria orgânica do solo (fig. 7).
120 20
15
80
60 10
40
5
20
0 0
500 1000 1500 2000 2500 3000 3500 4000 4500 5000 5500 6000
Distânciaaolongodotransecto(m)
Figura 5 - Perfil da topografia e da umidade relativa do solo (%) da área de estudo, num transecto de 6000m
de distância.
100%
90%
80% argila
70% silte
60%
areia fina
50%
aeia média
40%
areia grossa
30%
20% seixo
10%
0%
500 1500 2500 3500 4500 5500
Figura 6 – Granulometria do solo (%) da área de estudo, num transecto de 6000m de distância.
41
Figura 7 – Conteúdo de matéria orgânica do solo da área de estudo, num transecto de 6000m de distância.
o Cobertura Vegetal
Os dados de cobertura de formas de vida (porcentagem) variando ao longo de
cada isolinha podem ser vistos na fig.8. Quando os valores de coberturas de lianas
aumentaram numa isolinha, os de grama diminuíram. Palmeira e erva foram as formas de
vida menos representativas em todas as isolinhas, apresentando baixo valor relativo de
cobertura do solo. Arbusto apresentou valores de cobertura de solo altos, apresentando
variações ao longo das isolinhas.
Figura 8 - Variação dos valores de cobertura do solo (%) apresentados pelas formas de vida arbusto, liana,
erva, grama e palmeira nas 12 isolinhas estudadas.
42
Figura 9 – Variação da cobertura vegetal das diferentes formas de vida (arbusto, liana, palmeira,
grama e erva) em função do gradiente topográfico (Topogr = topografia).
43
o Regressão Linear
Os resultados da regressão linear entre gramas e lianas mostraram significante
correlação (fig. 10), com 62% de explicação dos dados. Eles também indicam uma relação
inversa entre estas duas formas de vida.
Figura 10 - Resultados da regressão linear entre as formas de vida grama e liana. R2 é o coeficiente de
determinação.
15 12
100
90
10
80
70 8
10
PALMEIRA
60
GRAMAS
ERVA
50 6
40
5 4
30
20 2
10
0 0 0
0 50 100 150 0 10 20 30 40 50 60 70 0 5 10 15 20
TOPOGRAFIA TOPOGR UMIDREL
a) b) c)
44
Figura 11 - Resultados da regressão linear entre: a) grama e topografia; b) palmeira e topografia; e c) erva e
umidade relativa do solo. O eixo x representa a variação dos dados abióticos (topografia (cm) e umidade
relativa (%)), enquanto o eixo y representa a variação dos valores de cobertura do solo apresentado pelas
formas de vida (grama, palmeira e erva). Sob os diagramas estão apresentadas as equações que representam
a relação entre as variáveis preditivas e as de resposta.
Tabela 1 - Descrição dos resultados obtidos através de regressão linear entre as formas de vida e variáveis
ambientais. O valor de b é uma constante; R2 é o coeficiente de determinação; e p é a proporção de aceitação
da hipótese nula.
Descrição b R2 p
Grama x topografia 98.236 0.539 0.007
Palmeira x topografia - 2 .013 0.520 0.008
Erva x umidade - 1.854 0.615 0.003
erva
palm
L12
Axis 2
L1
L6 L11
umid
L3
gram
lian
top L9
arg
L2 mo
L7
L10 L8
L4 L5
arb
Axis 1
Figura 12 - Canonical Correspondence Analysis (CCA) entre as formas de vida e variáveis ambientais, nas
doze isolinhas amostradas. palm= palmeira; lian=liana; gram=grama; arb=arbusto; erva=erva. L= linha.
top=topografia; umid=umidade relativa do solo; arg=argila; mo=matéria orgânica.
45
Tabela 2 - Descrição dos resultados obtidos através da CCA. Autovalor, variância em dados de espécie (%),
porcentagem acumulada de explicação da variância (%) e correlação de Pearson (*espécie-ambiente).
Axis 1 Axis 2 Axis 3
Autovalor 0.145 0.031 0.006
Variância em dados de espécie % de
41.6 8.8 1.8
variância explicada
Porcentagem % de explicação acumulada 41.6 50.4 52.1
Correlação de Pearson, Sp-amb* 0.720 0.890 0.652
DISCUSSÃO
Algumas formas de vida foram influenciadas pela variação das condições
ambientais, como palmeira e grama foram pela variação topográfica e erva pela umidade
relativa do solo. No entanto, através das análises realizadas pode-se observar que apenas
cerca de 50% das correlações entre formas de vida palmeira, erva e grama e variáveis
ambientais foram explicadas e que as formas de vida liana e arbusto não apresentaram uma
correlação significativa com nenhum dos fatores abióticos analisados. Outros fatores, não
avaliados neste estudo, devem estar atuando sobre a distribuição das formas de vida. A
competição entre formas de vida similares pelo mesmo espaço e nicho pode estar
excluindo espécies de mesma forma de vida. A grande dominância de algumas espécies
observada nas isolinhas também pode, em parte, ser uma resposta da exclusão competitiva,
que prevê a baixa riqueza de espécies causada pela exclusão de espécies (ou formas de
vida), pela melhor capacidade de outra em crescer sob determinadas condições ambientais
(CRAWLEY 1986). Formas de vida semelhantes têm sido consideradas como
competidoras pelo mesmo espaço e nicho; estruturas e formas similares destas formas
46
indicam adaptações semelhantes no uso dos recursos ambientais oferecidos num local
(MUELLER-DOMBOIS & ELLENBERG 1974).
A relação inversa apresentada entre cobertura de grama e liana parece ser
influenciada pela presença das lianas apenas em locais onde há plantas arbustivas e
arbóreas (estas não consideradas neste estudo), o que resulta no sombreamento de gramas,
formas de vida altamente limitada pela ausência da luz. A pequena amostragem, no tempo
e no espaço, pode ter influenciado nos resultados deste estudo, de modo a subestimar as
relações entre formas de vida e fatores ambientais. Estudos que relacionem a ocupação
diferenciada do espaço pelas formas de vida com fatores abióticos e bióticos como, por
exemplo, impactos da herbivoria sobre as comunidades vegetais ou, mesmo, a competição
interespecífica poderiam nos esclarecer sobre outros processos ecológicos envolvidos na
distribuição de comunidades vegetais no Pantanal de Poconé.
AGRADECIMENTOS
Este artigo é resultado das atividades realizadas na disciplina Ecologia de Campo
desenvolvida pela Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT). Foram fundamentais: a
bolsa de estudos cedida pelo CNPq e o apoio logístico do SESC Pantanal. Enriqueceu
também este trabalho a orientação direta dos pesquisadores doutores: Jerry Magno Penha,
Cláudia Callil, Cátia Nunes da Cunha, Flávia Costa, Gonçalo Ferraz e Lucia Mateus; aos
técnicos Hélio Ferreira, José de Assis Rondon e Joaquim Xavier Bueno; e aos alunos Fábio
e Jorge Neves.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ADÁMOLI, J. O pantanal e suas relações fitogeográficas com os cerrados: discussão sobre
o conceito de complexo do pantanal. In: XXXII Congresso Nacional de Botânica, 1981,
Terezina-PI: Sociedade Botânica do Brasilp. 109-119.
CAIN S.A.; CASTRO G.M. DE O. Manual of Vegetation Analysis. New York: Hafner
Publishing Company, 1971. 321p p.
47
JUNK, W.J.; BAYLEY, P.B.; SPARKS, R.E. The Flood pulse concept in river - floodplain
systems. In: DODGE, D.P. (EDITOR) PROCEEDINGS INTERNATIONAL LARGE
RIVER SYMPOSIUM (LARS), Sepc. Publ. Can Fih. Aquat. Sci..,: Dodge, 1989. p. 110-
127.
LOUREIRO, R.L.; LIMA J.P.S.; FONZAR, P.C. Vegetação. As regiões fitoecológicas, sua
natureza e seus recursos econômicos. In: BRASIL, Ministério das Minas e Energia.
Projeto Radambrasil. Folha SE-21, Corumbá e parte da Folha SE-20. 1982, Rio de
Janeiro, RJ.pp.329-372.
POTT, A.; POTT, V.J. Plantas do Pantanal. Corumbá, MS: Empresa Brasileira de
Pesquisa Agropecuária, 1994. 320 p. v. EMBRAPA-SPI.
PRANCE, G.; SCHALLER, G.B. Preliminary study of some vegetation types of the
Pantanal, Mato Grosso, Brazil. Brittonia , v. 34, n. 2, p. 228-251, 1982.
RESUMO: A família Arecaceae, estão adaptadas em diversos tipos de florestas como terra
firme, campinarana, periodicamente inundadas, e em diversos ambientes degradados. O
trabalho teve como objetivo verificar a riqueza e abundância de palmeiras em diferentes
níveis topográficos e quais variáveis preditoras também pode influenciar na riqueza e
abundância. Para isso determinou-se um transecto de 6 Km, a cada 500 m foram definidas
isolinhas de 250 m. Para confecção das isolinhas foi fixada uma estaca mediu-se o nível a
1 m da altura do solo, depois a cada 25 m transportou-se o nível. Nas isolinhas foram
determinados 5 m à direita e à esquerda, registrando as espécies e o número de indivíduos
de cada espécie de palmeira. Encontrou-se três espécies: Bactris glaucescens Drude,
Copernicia alba Morong e Desmoncus cf. cuyabensis Barb Rodr., abundância total de 574
indivíduos, com dominância de B. glaucescens. A análise de regressão logística para medir
o efeito da topografia na riqueza obteve-se valor de P=0,480 (0,05). A correlação múltipla
de Spearman para verificar a relação dos fatores abióticos com a riqueza e abundância,
notou-se uma maior correlação entre riqueza de arbórea x abundância de palmeiras e
diversidade de arbórea x abundância de palmeiras. A regressão múltipla Stepwise para a
riqueza e abundância (log), analisando dados abióticos e biótico apresentou valores para
abundância com todas as variáveis preditoras de R= 0,903 e P= 0,005, somente a
diversidade de arbóreas apresentaram R= 0,884 e P= 0,000. Torna-se necessário considerar
a complexidade dos fatores bióticos e abióticos para um melhor conhecimento das causas
determinantes do ciclo fenológico em áreas inundáveis.
Palavras Chaves: Riqueza e Abundância, Palmeiras, Gradiente Topográfico.
INTRODUÇÃO
As palmeiras são plantas Monocotiledôneas (LORENZI, et alli.,1996), é da
família Arecaceae, sendo uma das maiores famílias de plantas no mundo e característico da
50
flora tropical (Ribeiro, 1999). Embora sejam tolerantes a fogo e ocorrer aumento
populacional com o manejo, o fogo pode matar palmeiras de caule muito fino, porém, estas
podem dependendo da pressão do fogo rebrotar na base. Podem fixar-se em barrancos de
rio, retendo sedimentos, pode ocorrer em vegetação ciliar alagável, beira de caapão, solos
argilosos, siltosos, arenosos (Pott & Pott, 1994). Para Miranda et al.(2001), as espécies da
família Arecaceae estão adaptadas em diversos tipos de florestas como terra firme,
campinarana, periodicamente inundadas, e em diversos ambientes degradados (Costa et al,
1992.c).
O mesmo autor aborda que as palmeiras são consideradas árvores importantes,
fazendo parte de ecossistemas naturais, suas flores e frutos são utilizados como recursos
para a sobrevivência de artrópodes, aves e outros animais, fornecendo alimento e abrigo. O
pólen e o néctar são disputados avidamente por abelhas, vespas, besouros, percevejos e
dípteros, tanto para alimento como local de reprodução.
A maioria das palmeiras arborescentes são plantas altamente produtivas e em
florestas inundáveis são dominantes em alguns ambientes, desempenhando um importante
papel como fonte de matéria orgânica, devido à persistência e fibrosidade das bainhas e a
presença de folhas mortas sobre o tronco (Kahn & De Granville 1995).
Segundo Odum (1983), a época de reprodução geralmente é um período critico
quando os fatores ambientais têm maiores probabilidades de serem limitantes. Os limites
de tolerância para indivíduos em estado de reprodução, sementes, plântulas geralmente são
mais estreitos do que para plantas adultas não-reprodutivos.
O mesmo autor aborda que, várias teorias foram propostas para se explicar os
ciclos regulares de abundância que abrangem toda hierarquia de níveis de organização,
podendo ser agrupadas em várias categorias: 1- teorias meteorológicas; 2 – teoria de
flutuações aleatórias; 3 – teoria de interações populacionais; 4 – teoria de interações de
níveis tróficos.
Ricklefs (1996), aponta que o número de espécies pode variar muito entre habitats
de acordo com a produtividade, grau de heterogeneidade estrutural, adequabilidade de
condições físicas e o isolamento dos centros dispersores.
A disponibilidade de recursos no solo é determinante da composição das
comunidades de plantas terrestres. Dois fatores importantes são importantes na
determinação da distribuição de populações: a radiação solar e a distribuição de água e
terras (Abreu, 2000).
51
MATERIAIS E MÉTODOS
Área de estudo
Este trabalho foi realizado na Reserva Particular do Patrimônio Natural – Sesc
Pantanal, localizada próximo do município de Poconé – MT nas coordenadas 56º, 25’W
16º 30’S, no Pantanal Mato-grossense, sendo este uma depressão sazonalmente alagável,
totalmente contida na bacia de drenagem do Alto Paraguai e compreende
aproximadamente 140.000 Km2 (RADAMBRASIL, 1982). O termo Pantanal engloba um
conjunto de diferentes feições ou tipos de Pantanais, cuja existência de há muito tempo é
reconhecida pelos pantaneiros e estudiosos (Junk & Da Silva, 1996).
O Pantanal Mato-grossense está situado no extremo oeste do território brasileiro,
nos estados de Mato Grosso (municípios de Poconé, Santo Antonio do Leverger, Cáceres,
Barão de Melgaço e Nossa Senhora do Livramento) e Mato Grosso do Sul (Corumbá,
Ladário, Rio Verde de Mato Grosso, Coxim, Miranda e Aquidauana).
As inundações periódicas no Pantanal têm sua origem em fatores de ordem natural
tais como a uniformidade topográfica, os fracos desníveis de drenagem e a predominância
de litológicas sedimentares recentes. Estas reduzem o escoamento das águas superficiais
resultantes das chuvas periódicas anuais que caem na bacia do Alto Paraguai,
principalmente nos seus afluentes superiores (Alvarenga et al., 1984). Em função da
topografia plana, 3-5cm sentido norte-sul e 5-25 cm no sentido leste-oeste e dos
afloramentos rochosos na porção sul do Pantanal (próxima ao planalto da Bodoquena) que
fizeram com que o rio Paraguai fosse represado até conseguir alcançar a soleira das rochas
e seguir em direção ao chaco (Junk e Da Silva, 1996) as águas descem lentamente na
planície pantaneira inundando-a em quase toda sua extensão.
Métodos
Foi feito um transecto de 6 Km onde a cada 500 m confeccionou-se isolinhas de
250 m. Para abertura das isolinhas foi fixada uma estaca onde mediu-se o nível a 1 m da
altura do solo, e depois a cada 25 m foi feito o transporte deste nível. Para coleta de dados
52
RESULTADOS
O estudo realizado mostrou que a área estuda apresenta três espécies de palmeiras:
Tucum (Bactris glaucescens Drude), Carandá (Copernicia alba Morong) e Urubamba
(Desmoncus cf. cuyabensis Barb. Rodr.), apesar deste número ser baixo é o representativo
da área, onde se aumentasse à área amostral não incorreria no aumento da riqueza. Assim
não foram encontrados altos valores de riqueza nas isolinhas (tabela 1). Quanto à
influência da topografia na riqueza, obteve-se o valor de P=0,480 (0,05). Pode-se notar que
Bactris glaucescens apresenta-se com maior freqüência e abundância nas isolinhas, onde
em algumas isolinhas a abundância total representa a abundância de Tucum, porém, vale
ressaltar que houve ausência de palmeiras em 4 isolinhas, como pode ser observado na
tabela 1.
53
Tabela 1- Valores demonstrando riqueza total, abundância total e abundância de cada espécie de palmeira
em cada isolinha, nota-se uma maior freqüência e abundância de Bactris glaucescens.
Abundância de Abundância
Abundância de Abundancia
Linhas Riqueza Bactris de Desmoncus
Total de Palmeiras Copernicia Alba
glaucescens cf. cuyabensis
01 02 366 00 263 78
02 01 69 00 69 00
03 00 00 00 00 00
04 00 00 00 00 00
05 01 02 00 02 00
06 02 74 02 72 00
07 01 06 00 06 00
08 01 06 00 06 00
09 01 40 00 40 00
10 02 11 01 10 00
11 00 00 00 00 00
12 00 00 00 00 00
400 2.5
A B
2.0
300
Abundância Total
Abundância Total 1.5
200
1.0
100 0.5
0.0
0 0 5 10 15 20
0 50 100 150 Umidade Relativa (%)
Topografia (cm)
2.5 2.5
D
C 2.0
2.0
Riqueza Total
1.5
1.5
Riqueza
1.0
1.0
0.5
0.5
0.0
0.0 0 50 100 150
0 5 10 15 20 Topografia (cm)
Umidade Relativa (%)
2.5
400
E F
2.0
300
Abundâncai Total
1.5
Riqueza
200
1.0
0.5 100
0.0 0
l j . .
za zal inun ans erde e iro Sujo l j . . o
ara ara T r a V o mb p o za zal un ns rd
e
e ir ujo
m b b p o
ta t P m b ara ara p o in T ra Ve m b p o S
C a C am C a
m
Ma Ma ca m b m ta ta P o m
C a Cam C a Ma Ma ca
Fitofisionomia Fitofisionomia
Figura 01- Relação entre os fatores abióticos com abundância e riqueza.
56
DISCUSSÃO
Através da análise dos dados pode-se discutir sobre o baixo valor da riqueza e os
altos valores de abundância em algumas isolinhas pode ocorrer, pois a área de estudo é um
local manejado, onde pode-se notar a pressão do gado e o fogo. Segundo Pott & Pott
(1994), embora as palmeiras sejam tolerantes a fogo e ocorrer aumento populacional com o
manejo, o fogo pode matar palmeiras de caule muito fino como é o caso das palmeiras
estudadas. Ainda segundo Odum (1983), o fogo favorece mais as Gramíneas do que o as
árvores e arbustos. Kahn & De Granville (1993), em um estudo sobre palmeiras em
ecossistemas da Amazônia, verificaram que a flora destas plantas de florestas inundáveis é
mais homogênea em toda a bacia fluvial e claramente menos diversificada que em terra
firme.
O motivo de se encontrar maiores valores de abundância nos gradientes
topográficos mais elevados é devido este locais oferecem ambientes mais seco, sofrem
menos pressão do pulso de inundação. Nota-se ainda que há nestes ambientes conforme a
caracterização aproximada da fitofisionomia, vegetação ciliar de área alagável, propiciando
ambientes sombreados, onde segundo Pott & Pott (1994), são propícios à ocorrência das
palmeiras estudadas. Segundo Abreu et al (2000), dois fatores são importantes na
determinação da distribuição de populações: a radiação solar e a distribuição de água.
Quanto à riqueza de palmeiras notou-se que as espécies estiveram distribuídas
pelo gradiente topográfico, porém, como já mencionado com maiores valores de
abundância concentrados em isolinhas com níveis topográficos mais elevados, para Da
Silva e Junk (1996), estas características são de indivíduos estrategistas r, com processos
de dispersão que asseguram a rápida colonização ou recolonização de habitats. Os mesmos
autores ainda apontam que é natural que as drásticas mudanças entre as fases aquática e
terrestre, resultam em elevadas perdas sazonais para a maioria dos organismos, animais e
vegetais Isto pode justificar a ausência ou pouca abundância de palmeiras nas isolinhas que
57
sofrem maior pressão do pulso de inundação, ou seja, ambientes com níveis topográficos
menores.
De acordo com Kahn & De Granville (1993), no Pantanal Mato-grossense a
espécie de palmeira Scheelea phalerata Mart. (Arecaceae), conhecida como acuri, é
encontrada em capões consorciada com outras espécies vegetais, podendo ocorrer como
monodominante em adensamentos conhecido como acurizais. Estas características talvez
possa ser aplica a população de Tucum.
Quando se fez uma regressão múltipla Stepwise para a riqueza e abundância, para
analisar se a complexidade de fatores explicaria os valores de abundância e riqueza
encontrados, obteve-se valores que demonstram que torna-se necessário a análise de várias
informações abióticas (podendo inferir em próximas análises fatores bióticos) para inferir
sobre tais valores encontrados. Para Da Silva e Junk (1996), é preciso considerar a
complexidade dos fatores climáticos, edáficos, genéticos, botânicos e ecológicos, para um
melhor conhecimento das causas determinantes do ciclo fenológico em áreas inundáveis.
As fenofases vegetativas, em algumas espécies, podem estar relacionadas à dinâmica e
pulso do rio. Neste caso, as mudanças ambientais impostas pelo ciclo enchente e vazante
são determinantes para a cronologia dos eventos fenológicos.
AGRADECIMENTOS
Ao Programa de Pós-Graduação em Ecologia e Conservação da Biodiversidade da
Universidade Federal de Mato Grosso e Instituto de Pesquisa da Amazônia – INPA, pelo
curso de campo que nos foi proporcionado e a todos os professores, técnicos e
colaboradores do curso de Ecologia de campo. Agradeço aos guardas-parque da RPPN
SESC – Pantanal, a cozinheira pelo carinho e atenção conosco. A todos colegas de turma
em especial a Jorge, Marcello, Jaime, Érica e Carol, pelas discussões cientificas e pelos
ótimos momentos que passamos juntos.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
ABREU, P.A.C.R. Ecologia do Pantanal – Curso de Campo. Distribuição de Attalea
phalerata em cordilheiras no Pantanal da Nhecolândia, p102, Mestrado em Ecologia e
Conservação da Biodiversidade – UFMs, 2000.
JUNK, W.; DA SILVA, C.J.O Conceito de Pulso Inundação e Suas Implicações Para o
Pantanal de Mato Grosso. In: Anais II Simpósio sobre Recursos Naturais e Sócio
Econômicos do Pantanal, Manejo e Conservação. 18 a 22 de novembro de 1996
(Corumbá MT).
POTT, A.; POTT, V.J., 1994, Plantas do Pantanal. EMBRAPA – CPAP, Corumbá, 320p.
RESUMO: Biomassa é definida como o volume total de peso seco de vegetação por
unidade de área de terra em um dado período de tempo. A composição e decomposição da
serapilheira são reconhecidas como processos críticos da matéria orgânica e fluxo de
nutrientes em sistemas tropicais.Tais processos envolvem lixiviação, quebra mecânica,
digestão por animais saprófagos, degradação enzimática por compostos químicos de
microbiota, entre outros. Pouco se tem estudado o processo de decomposição e a função da
serapilheira nos ecossistemas tropicais. O objetivo deste trabalho foi avaliar as correlações
entre os valores de biomassa com os fatores bióticos e abióticos numa área do Pantanal de
Poconé – MT. Os resultados demonstraram fraca ou nenhuma correlação entre os fatores
analisados, sendo umidade relativa e fitofisionomia as duas correlações mais expressivas,
com coeficiente de correlação de 0,524 e 0,465, respectivamente. Os dados foram
analisados pela Correlação de Spearman.
Palavras Chaves: Biomassa, Serapilheira, Dados Bióticos e Abióticos.
INTRODUÇÃO
Biomassa é definida como o volume total do peso seco de vegetação por unidade
de área de terra em um dado período de tempo. A quantidade de biomassa por unidade de
área constitui os dados primários necessários para entender o fluxo de matéria de um
ecossistema. A biomassa deve ser medida e analisada em seu próprio contexto como parte
da produção, e isto fornece sobretudo um quadro do funcionamento do ecossistema
(Lodhiyal & Lodhiyal, 2003).
A composição e decomposição da serapilheira são reconhecidas como processos
críticos da matéria orgânica e fluxo de nutrientes em sistemas tropicais e florestas secas. A
60
MATERIAIS E MÉTODOS
Área de Estudo
Este trabalho foi desenvolvido entre os dias 29/08 e 08/09/04 numa área do SESC
PANTANAL – BAÍA DAS PEDRAS, sendo que esta área não pertence à RPPN do SESC
no município de Poconé – MT. A região apresenta clima do tipo AW de Köppen
(Hasenack et al, 2003), com verão quente e úmido, inverno frio e seco. A temperatura
média anual gira em torno de 25º C, sendo que nos meses de setembro a dezembro as
temperaturas máximas absolutas ultrapassam os 40ºC. A precipitação média anual
encontra-se entre 1100 e 1200 mm, com as chuvas concentrando-se nos meses de
dezembro a fevereiro, compreendendo 45% da precipitação total anual (Calheiros &
Fonseca Jr., 1996).
61
Metodologia
Num transecto de 6km em uma das divisas do SESC Pantanal – Baía das Pedras,
foram marcados 12 pontos distando 500m um do outro. Em cada ponto foi delineada uma
isolinha de 250m sinalizadas a cada 25m seguindo o nível do primeiro ponto, e feito a
leitura das coordenadas geográficas em cada ponto com o GPS marca Garmin modelo V.
As amostras de serapilheira foram coletadas utilizando-se um quadrado de 25cm x 25cm,
em todas as isolinhas, distando 50m entre um ponto de coleta e outro e a 1m à esquerda da
isolinha, totalizando 5 amostras por isolinha. As amostras foram acondicionadas em sacos
plásticos identificados em cada ponto, levados para o laboratório onde foram peneirados,
retirada toda parte de solo, pesadas, embaladas novamente em sacos de papel, identificadas
e colocadas em estufa de secagem a 60º C até que seu peso se estabilizasse. O peso final
foi multiplicado por 4 para se obter o volume em m2.
Os dados obtidos foram analisados através do programa de análises estatísticas
SYSTAT.
RESULTADOS
As análises estatísticas realizadas demonstraram resultados não normais, sendo
por este motivo utilizada a Análise de Correlação de Spearman, e os valores desta
correlação estão demonstrados no quadro 1. Não foi observada nenhuma forte correlação
entre os fatores bióticos e abióticos, sendo que os mais representativos foram Peso de
Biomassa x Umidade Relativa (r=0,524), e Peso de Biomassa x Fitofisionomia (r=0,465),
(Figuras 1 e 2). A caracterização vegetacional foi realizada com o uso da técnica de “toque
em vareta” seguindo o protocolo de Slingsby & Cook (1986).
Seixo -0,720
Areia Grossa 0,165
Areia Média 0,077
Areia Fina 0,217
Silte -0,329
Riqueza Arbórea -0,058
Abundância Arbórea -0,044
Diversidade de Formiga -0,478
Abundância de Formiga 0,161
Riqueza de Formiga -0,404
PESO
URELATIVA
PESO URELATIVA
PESO FITOFISIO
DISCUSSÃO
Segundo King et al. (2002), alguns autores relatam que a produtividade de plantas
e a disponibilidade de nutrientes no solo estão positivamente relacionados à diversidade de
espécies de plantas, outros, entretanto, não encontraram nenhuma relação entre essas
medidas e sugerem que as funções do ecossistema sejam explicadas mais pela identidade
das plantas do que pela própria diversidade. As plantas também influenciam as
63
AGRADECIMENTOS
Agradeço ao PPGECB, especialmente ao seu coordenador Prof. Dr. Pierre Girard,
e também à Profª Drª Cláudia Tasso Callil, Profª Drª Cátia Nunes da Cunha, Prof. Dr. Jerry
Magno F. Penha, pelas sugestões e conselhos durante a aula de campo e elaboração do
trabalho, aos Guarda-Parques pela dedicação para com a turma, aos técnicos da UFMT
Assis Rondon e “Seu” Hélio pelo cuidado e atenção durante todo o curso, e, finalmente a
todos colegas de curso, pois, mais que um aprendizado escolar tivemos um aprendizado de
relacionamento.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CALHEIROS, D.F.; FONSECA Jr, W.C. da. 1996. Perspectivas de estudos ecológicos
sobre o Pantanal. Corumbá, MS: EMBRAPA – CPAP, 1996. 41p., (EMBRAPA – CPAP.
Documentos 18).
HASENACK, H.; CORDEIRO, J.L.P.; HOFMANN, G.S. 2003. O clima da RPPN SESC
PANTANAL. Relatório Técnico – UFRGS, 31p., Porto Alegre. RS.
JORDAN, D.; PONDER JR. F.; HUBBARD, V.C. 2003. Effects of soil compactation,
forest leaf litter and nitrogen fertilizar on two oak species and microbial activity. Applied
Soil Ecology., nº 23, p., 33-41.
KING, R.F., DROMPH, K.M.; BARDGETT, R.D. 2002. Changes in species evenness of
litter have no effect on decomposition process. Soil Biology & Biochemestry., nº 34, p.,
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LODHIYAL, N.; LODHIYAL, L.S. 2003. Biomass and net primary productivity of
Bhabar Shishan forests in Central Himalaya, India. Forest Ecology and Management., nº
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dynamic of leaf litter and roots from palatable and unpalatable grasses in a semi-arid
grassland. Applied Soil Ecology., nº 18, p., 31-37.
SCHROEDER, C.R., SPERBER, C.F., SOBRINHO, T.G., RIBAS, C.R., GALBIATI, C.,
MADUREIRA, M.S., CAMPOS, R.B.F.; DE SOUZA, O. 2003. Por que a riqueza de
espécies de insetos é menor em fragmentos menores? Processos locais e regionais. Anais
do Congresso Brasileiro de Ecossistemas., p., 31-39.
TORRES, P.A., ABRIL, A.B.; BUCHER, E.H. 2004. Microbial sucession in litter
decomposition in the semi-arid chaco woodland. Soil Biology & Biochemestry., p., 1-6
(no prelo).
INTRODUÇÃO
A densidade é o número de indivíduos da população por unidade de área. A
densidade provê informações sobre as relações da população com o ambiente. A principal
aplicação da densidade surge da dificuldade prática em estimar os tamanhos de populações
inteiras distribuídas sobre grandes áreas, e, do fato de que a densidade indica a capacidade
do meio ambiente em suportar a população partícula sob estudo (Pillar, 2004a).
67
MATERIAIS E MÉTODOS
Área de estudo - O estudo foi realizado entre os dias 30 de agosto e 08 de
setembro de 2004, em uma área do Pantanal Mato-grossense conhecida como Baia das
Pedras - SESC Pantanal (56º25'W e 16º30'S), localizado no município de Poconé – MT. A
região apresenta clima do tipo Aw de Köppen com verão quente e úmido e inverno frio e
seco. A temperatura média anual gira em torno de 25º C, sendo que nos meses de setembro
a dezembro as temperaturas máximas absolutas ultrapassam 40ºC. A precipitação média
anual encontra-se entre 1100 e 1200 mm, com as chuvas concentrando-se nos meses de
dezembro a fevereiro, compreendendo 45% da precipitação total anual (Calheiros &
Fonseca Júnior, 1996).
Foram utilizadas 10 parcelas de 20 x 50m (1000 m²) em cada um dos seis locais
estudados
Para a realização deste trabalho delimitou-se uma parcela contendo doze
transectos de 250 m de comprimento, nivelados na mesma altura topográficae denominou-
se de isolinhas. Entre os transectos determinou-se 500m como distância (figura 1).
68
Figura 1 – Localização geográfica da área de estudo e das isolinhas na Baía das Pedras, Pantanal Mato-
grossense.
RESULTADOS
Houve 5 linhas onde não houve presença de Licania Parvifolia Hüber ou qualquer
outra espécie vegetal arbórea. Tais isolinhas foram 1500m, 2000m, 2500m, 5500m e
6000m.
A densidade de Licania parvifolia Hüber obteve maior representatividade na
isolinha 3000m em relação às outras áreas.
De acordo com o gradiente topográfico a densidade de Licania Parvifolia possui o
padrão de ocorrência em áreas mais altas (Figura 2).
70
Tabela 1 – Coeficiente de regressão (r2) calculado para as variáveis topografia e nível de água.
Como forma de se verificar se havia uma relação entre estes fatores e a densidade,
fez- se regressão linear para os fatores abióticos nível de água, umidade relativa do solo e
para o seixo. Somente a umidade relativa do solo não possuiu relação significativa.
Os coeficientes de regressão linear para os fatores nível de água e seixo foram r² =
0,542 e p=0,006 para nível de água; e, r²= 0,635 e p= 0,002 para o seixo (fig. 3)
DISCUSSÃO
Nas isolinhas que não contiveram indivíduos de pimenteira um fator que deve
estar determinando a ausência é fitofisionomia do ambiente em cada isolinha, uma vez que
L. parvifolia se estabelece em áreas úmidas, tais como margens de rios e em áreas sujeitas
à inundações (Guarim Neto, 1991), assim como em corixos e vazantes (Pott & Pott, Op.
Cit.). As isolinhas 1500, 2000 e 2500m estão inseridas na fitofisionomia conhecida por
Pombeiro, onde há um domínio de Combretum laceolaum Pohl (Combretaceae), que é um
tipo de trepadeira que se estende sobre arbustos e árvores das margens de rios e das matas
semidecíduas. Apesar de ambas existirem em margens de rios, na área de estudo deste
trabalho houve apenas uma isolinha em que ambas ocorreram. Tal isolinha foi a 4000m.
Ainda um fator determinante para a presença de pimenteira é a sua dispersão, que é
irregular e descontínua (Lorenzzi, 1992).
A dispersão da semente de L. parvifolia pode também estar determinando a
densidade na isolinha 3000m e sua ausência nas isolinhas 5500m e 6000m, que possui uma
fitofisionomia de campo inundável. Almeida et al (2000) realizaram um estudo sobre a
distribuição de L. parvifolia ao longo do gradiente de inundação e constataram que as
plântulas de L. parvifolia teriam uma maior tolerância a ambientes abertos com muita luz,
tais como o campo inundável. Entretanto, neste trabalho houve uma ausência total de
arbóreas, incluindo plântulas, na área de campo inundável. Assim como nas isolinhas em
que houve ausência de pimenteira, outro fator, que não sido avaliado aqui, deve estar
determinando a densidade nestes ambientes.
A topografia do Pantanal é praticamente plana, com declividades de apenas 6- 12
cm km-1 no sentido leste-oeste e de 1-2 cm km-1 no sentido norte-sul (Brasil 1979). A baixa
declividade, associada às chuvas periódicas que caem na Bacia do Alto Paraguai, dificulta
o escoamento das águas, causando inundações periódicas anuais e determinando uma
variação entre anos, em que se verificam alternâncias de períodos plurianuais mais secos
ou mais chuvosos (Mourão et al, 2002). O nível de água avaliado neste trabalho refere-se
à altura da inundação durante a época de cheia, onde a topografia influenciará o nível de
inundação. A inundação, de acordo com a sua altura e duração é também o grande fator
condicionante das diversas fitofisionomias da região (Brasil, Op. Cit.). Ainda, o ciclo
periódico de seca e inundação, chamado também de pulso de inundação (Junk et al., 1989),
é um dos fatores que regem a biodiversidade do Pantanal, pois ora favorece as espécies
animais e vegetais relacionadas à fase de seca, ora favorece as espécies relacionadas à fase
de cheia. Tal fato está associado à presença de L. parvifolia às comunidades vegetais que
73
refletem os efeitos da cheias dos rios, ou então, das depressões alagáveis todos os anos nas
épocas chuvosas.
O solo do pantanal de Poconé é de textura arenosa, sendo em alguns casos
bastante espessos. Possui baixa permeabilidade e impede o movimento descendente da
água, contribuindo para os riscos de inundações (Amaral Filho, 1984). A densidade de
Licania parvifolia nesta área é determinada pelo solo da região, uma vez que sua
ocorrência se dá na região amazônica e no Pantanal mato-grossense, matas ciliares e áreas
aberta de savanas baixas onde o solo é de textura arenosas (Lorenzzi, Op. Cit.).
Segundo Lorenzzi, (1992), Licania parvifolia Hüber ocorre preferencialmente em
terrenos arenosos com bom teor de matéria orgânica. Neste trabalho observou-se que
somente em áreas inundáveis que continham bom teor de matéria orgânica não determinou
a densidade de L. parvifolia. Isto é explicado pelo aumento na densidade estar inserida em
uma área de amostragem onde o teor de matéria orgânica é muito baixo. (isolinha 3000).
Este fato pode ser explicado pela dispersão das sementes realizadas pela avifauna. Mas isto
é ainda um estudo a ser realizado a posteriori.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A densidade de Licania parvifolia é somente influenciada pela topografia quando
há principalmente o período de inundação da bacia do Pantanal. Os outros fatores
abióticos, tais como composição granulométrica do solo (areia, silte e argila), umidade
relativa do solo e matéria orgânica não influenciam diretamente na densidade de L.
parvifolia. Tal influência pode ocorrer quando estes fatores estiverem em conjunto com
outros que sejam significantes na determinação da densidade de pimenteira
Estudos sobre a formação de fitofisionomia do pantanal devem ser efetuados de
modo a avaliar se as espécies vegetais, sobretudo as pimenteiras, são naturalmente
indicadores de fisionomia no pantanal ou se estão invadindo o ambiente pantaneiro.
A principal determinante da densidade de L. parvifolia não foi avaliada neste
trabalho, o que permite afirmar que somente os fatores abióticos não determinam a
presença ou a ausência desta espécie vegetal no ambiente. Ainda, eventos aleatórios podem
influenciar sobremaneira a densidade das espécies em ambientes naturais. Aqui também se
faz necessário outros estudos para avaliar o que determina a densidade de Licania
parvifolia no ambiente pantaneiro.
74
AGRADECIMENTOS
Ao curso de Mestrado em Ecologia e Conservação da Biodiversidade da
Universidade Federal de Mato Grosso, representado pelo coordenador Pierre Girard. Aos
professores do curso de ecologia de Campo, representados por Cláudia Callil, Cátia Nunes,
Lúcia Mateus, Jerry Penha e Francisco Machado. À Flávia Costa e Gonçalo Ferraz, do
Instituto nacional de Pesquisas da Amazônia, pelo incentivo nas horas de ir para campo e
durante as análises de dados. Ao técnico Assis, por nos ajudar e nos levar para as isolinhas.
E, por último, mas não menos importantes, aos meus colegas de curso pela ajuda, pelos
momentos de descontração e pelos incentivos.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALMEIDA, M.T.; SILVA, M.B.; SANTOS, F.S. 2000. Distribuição de Licania parvifolia
(Chrysobalanaceae) ao longo de um gradiente de inundação. Ecologia do Pantanal:
Curso de campo, 2000. José Carlos Chaves dos Santos, José Milton Longo, Maristela
Benites da Silva, Adriano Chiarello & Erich Fischer (org). Fundação Universidade Federal
de Mato Grosso do Sul: Campo Grande. 123-126pp.
GUARIM NETO, G.. 1991. Plantas do Pantanal- Angiospermas do Estado de Mato Grosso
– Pantanal. Acta Bot. Bras. 5 (1): 25-47.
JUNK, W.J. et al. The flood pulse concept in river-floodplain systems. In: DODGE, D.P.
(ed.) Proceedings of International Large River Symposium. Can. Spec. Publ. Fish. Aquat.
Sci. v. 106, p.110-127, 1989.
INTRODUÇÃO
A densidade populacional é o tamanho da população em relação a alguma unidade
de espaço (Odum, 1988). Esta tem duas aplicações importantes em ecologia. A primeira
surge da dificuldade prática em estimar os tamanhos de populações inteiras distribuídas
sobre grandes áreas; a segunda surge do fato de que a densidade indica a capacidade do
meio ambiente em suportar a população particular sob estudo (Ricklefs, 1996). Diversos
fatores podem operar simultaneamente de modo a governar a densidade populacional,
assim, as taxas de natalidade e mortalidade podem ser sensíveis a diferentes fatores à
medida em que a densidade aumenta, deste modo, é possível, por exemplo, que a escassez
de nutrientes diminua a taxa de natalidade e o aumento da predação, simultaneamente,
aumentando a taxa de mortalidade (Futuyma, 1997).
77
MATERIAIS E MÉTODOS
Área de Estudo
O estudo foi realizado no período de 29 de agosto a 08 de setembro de 2004, em
uma área do Pantanal mato-grossense denominada de Baía das Pedras – SESC Pantanal
(56º25’W e 16º30’S), localizada no município de Poconé – MT. A região apresenta clima
do tipo Aw de Köppen com verão quente e úmido, e inverno frio e seco. A temperatura
média anual gira em torno de 25ºC, sendo que nos meses de setembro a dezembro as
temperaturas máximas absolutas ultrapassam 40ºC. A precipitação média anual encontra-se
entre 1100 e 1200 mm, com as chuvas concentrando-se nos meses de dezembro a
fevereiro, compreendendo 45% da precipitação total anual (Calheiros & Fonseca Júnior,
1996; Hasenack et al., 2003).
Metodologia
Para o levantamento dos dados foi traçado um transecto de 6 km de extensão, a
partir do qual, com o uso de trenas, foram determinados 12 pontos a cada 500 m do
transecto, onde foram estabelecidas isolinhas de 250 m. As isolinhas foram demarcadas
com estacas de madeira a cada 50 m, sendo que fixada a primeira estaca da linha, a 1 m do
solo, todas as outras seguiam o mesmo nível topográfico. Para a nivelação das linhas, foi
78
utilizada mangueira transparente de nível com água, a partir do qual o nível topográfico da
primeira estaca era transferida às demais, pela altura do menisco na mangueira. A
densidade populacional do novateiro também foi avaliada seguindo uma caracterização
aproximada da fitofisionomia que cada isolinha englobava.
Dados Abióticos
Em cada isolinha, foi medido a cada 50 m, a umidade do solo, com o uso do
aparelho “Moisture Meter HH2” e feito uma amostragem superficial de solo (10 cm de
profundidade), sendo todas as amostras de solo de uma mesma linha misturadas em um
mesmo recipiente. As amostras de cada linha foram pesadas e peneiradas em peneiras
granulométricas de 2 mm, 1 mm, 250 mm, 125 mm e 63 mm, sendo classificadas como
seixo, areia grossa, areia média, areia fina e silte respectivamente; as partículas menores
que 63 mm que restaram foram classificadas como argila. Também foi determinado o teor
de matéria orgânica das amostras de solo, para tanto, as amostras foram levadas ao
laboratório de limnologia do Núcleo de Estudos do Pantanal, da Universidade Federal de
Mato Grosso, onde separou-se 1 g do solo de cada isolinha que foi então levada à mufla a
uma temperatura de 500º C por 4 horas. Retirou-se o material e levou para resfriar em
dessecador sendo então pesado até possuir peso constante.
RESULTADOS
No total foram amostrados 175 indivíduos, sendo 105 femininos e 68 masculinos,
dando uma razão sexual de 1,54 indivíduos femininos para cada masculino. Dois
indivíduos não apresentavam material reprodutivo. A densidade total de T. gardneriana
nas 12 isolinhas foi de 0,015 indivíduos/m2.
Quando se plota a densidade com a topografia de cada isolinha, não se observa
um padrão de variação da densidade com mudança na topografia, sendo que a maior
densidade foi verificada para a isolinha 1500 (0,054 indivíduos/m2) e a menor nas isolinhas
5500 e 6000 (0 indivíduos/m2) (Fig.1). Ao se analisar a densidade ao longo do gradiente
topográfico, observa-se uma distribuição aparentemente homogênea, sendo que as maiores
densidades encontram-se entre os níveis topográficos de 10 a 30 cm (Fig.2).
120 0,06
Densidade (indiv./m2)
100 0,05
Topografia (cm)
80 0,04
60 0,03
40 0,02
20 0,01
0 0,00
500 1000 1500 2000 2500 3000 3500 4000
500 1000 1500 2000 2500 3000 3500 4000 45004500 50005000 5500 6000
Isolinhas
2
Topografia do Ponto 0 (corrigido) Densidade
Umidade (indiv./m
relativa (média) )
0,06
0,05
0,04
0,03
0,02
0,01
0
0 10 20 30 40 50 60 70
Topografia (cm)
y = -0,4215x + 5,7719 7
R2 = 0,5505
6
Raiz Abundância
5
0
0 5 10 15
Areia Grossa (g)
Figura 4. Regressão linear simples com o fator abiótico (areia grossa) que apresentou maior relação com a
densidade de T. gardneriana.
0.06
0.05
Densidade (indiv./m2)
0.04
0.03
0.02
0.01
0.00
el m al ujo
r o o
áv ve az Ve içã eir
und . Jo b ar p o s pre ans mb
In m r o
C. mb Ca
m
Ca Se
m
M.
T P
Ca M.
Fisionomia
Figura 5. Distribuição das densidades de T. gardneriana nas diferentes fisionomias de cada isolinha.
82
DISCUSSÃO
A baixa relação apresentada entre densidade e topografia demonstrou que o nível
topográfico sozinho não desempenha um papel primordial sobre a densidade de
T. gardneriana, sendo necessário um conjunto de variáveis abióticas para melhor explicar
sua densidade. O fator abiótico que mais determinou a densidade do novateiro foi areia
grossa, com relação negativa, como ficou evidenciado nas análises de correlação e
regressão. Isso também foi notado na isolinha que apresentou quantidade de areia grossa
igual a zero, onde sua densidade foi a mais alta encontrada, sendo que a menor densidade
foi verificada para a isolinha com maior quantidade de areia grossa. Esse fato corrobora
com os dados ecológicos dessa espécie que é tida como preferencial de solos argilosos
(Pott & Pott 1994).
Dois outros fatos devem ser destacados, a relação negativa apresentada com a
umidade do solo, o que vem em contrário do que indica a literatura sobre a espécie, que é
tida como higrófita; e uma maior densidade verificada nas fisionomias mata-sempre-verde
e mata de transição (dossel mais fechado), do que na fisionomia campo sujo, visto que esta
espécie tem preferência a habitats com mais luz (heliófita) (Lorenzi, 1998).
Devido a baixa relação observada entre densidade e topografia e também com os
demais fatores abióticos, sugere-se que novos trabalhos sejam realizados abordando outros
fatores abióticos e bióticos que não foram considerados neste estudo, tentando assim
apontar quais fatores determinam a densidade de T. gardneriana .
AGRADECIMENTOS
Ao Programa de Pós-Graduação em Ecologia e Conservação da Biodiversidade
pelo excelente curso de campo que nos foi proporcionado e a todos os professores e
colaboradores do curso de Ecologia de campo pelo aprendizado que nos foi transmitido.
Agradeço também aos técnicos da UFMT e aos guardas-parque da RPPN SESC - Pantanal
pela importante ajuda no campo. Em especial, agradeço a doutoranda Temilze Gomes
Duarte pelas valiosas sugestões no desenvolvimento deste trabalho e a todos os colegas
pelos bons momentos que passamos juntos.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BOURGERON, P.S. 1983. Spatial aspects of vegetation structure, pp.29-47. In: GOLLEY,
F.B. (ed.), Ecosystems of the World. 14 A – Tropical Rain Forest Ecosystems, Structure
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83
HASENACK, H.; CORDEIRO, J.L.P.; HOFMANN, G.S. 2003. O clima da RPPN SESC
Pantanal. Relatório técnico, UFRGS, Porto Alegre, 31p.
NASCIMENTO, H.E.M.; DIAS, A.S.; TABANEZ, A.A.J.; VIANA, V.M. 1999. Estrutura
e dinâmica de populações arbóreas de um fragmento de floresta estacional semidecidual na
região de Piracicaba, SP. Rev. Brasil. Biol., 59: 329-342.
POTT, A.; POTT, V.J. 1994. Plantas do Pantanal. EMBRAPA – CPAP, Corumbá, 320p.
INTRODUÇÃO
De acordo com hipótese da concentração de recursos proposta por Root (1973), é
provável que herbívoros encontrem e permaneçam em hospedeiros que crescem em
manchas densas e de uma única espécie. Um maior agrupamento de plantas pode causar
variações no desempenho de cada uma delas, como resultado da competição intra e
interespecífica por recursos, podendo afetar também o grau de herbivoria e atividade
patogênica, cujos efeitos podem ser sentidos mais fortemente em populações aglomeradas
do que em populações esparsas. Portanto, a medida que a densidade aumenta a população
pode esgotar seus recursos, envenenar seu ambiente com restos metabólitos ou propiciar o
crescimento de predadores e/ou patógenos (Futuyma, 1997; Straws & Agrawal, 1999).
Quando herbívoros estão forrageando em manchas com recursos decrescentes
devem decidir quanto tempo permanecer nas mesmas (Charnov,1976) e tal decisão é
influenciada por dois fatores básicos, o tamanho da mancha (abundância e qualidade do
recurso) e a distância entre manchas (tempo de busca), o que explica a vantagem de
permanecerem em manchas densas de uma única espécie.
Competição de plantas vizinhas e herbivoria são dois fatores que determinam o
crescimento, sobrevivência e a reprodução de plantas individuais, e subseqüentemente a
abundância das populações de plantas (Gurevitch et al. 2000).
Na maioria das espécies vegetais, as folhas jovens são mais vulneráveis aos
herbívoros do que as folhas maduras (Coley & Aide, 1991). Elas têm maior quantidade de
nitrogênio e água e são menos robustas, características que têm sido relacionadas com alta
herbivoria em estudos de campo e laboratório. Existem espécies de plantas que produzem
folhas que se tornam menos saborosas para os insetos e menos valiosas como alimento à
medida que elas amadurecem. Na maioria dos casos, não está claro se esses efeitos são
devidos a mudanças na química secundária das plantas ou meramente ao valor nutritivo
mais baixo das folhagens mais velhas (Coley & Aide, 1991). Em muitas outras plantas, as
concentrações de compostos tóxicos secundários são maiores nas folhas jovens, e então é a
folhagem mais velha que é mais atrativa para os herbívoros (Edwards & Wratten, 1981).
O efeito da herbivoria sobre uma planta depende das partes da mesma que venham
a ser afetadas e do momento do ataque com respeito ao desenvolvimento da planta (Begon
et al., 1988). A herbivoria foliar pode afetar o fitness da planta por alterar os padrões de
visitação do polinizador em plantas que foram herbivoradas (atacadas por herbívoros).
Além disso, a produção de sementes pode ser substancialmente reduzida pela herbivoria
ainda que os herbívoros não alimentem diretamente sobre o tecido reprodutivo. Isto pode
86
ser devido à redução de recursos disponíveis para flores, produção de pólen ou sementes
ou pela redução das taxas de polinização em plantas danificadas. A herbivoria foliar pode
ainda mudar a quantidade ou química do néctar, o número ou morfologia de flores, a
fenologia do florescimento ou o tamanho da planta. (Poveda et al., 2003).
Uma vez que herbívoros tendem a se agregar em áreas com maior concentração de
recursos e tal agregação pode levar a um aumento da herbivoria, espera-se que plantas
mais próximas uma das outras sejam mais predadas do que aquelas que apresentam
maiores distâncias interindividuais (Strong et al., 1984). Portanto espera-se que o número
de folíolos herbivorados em Bactris glaucescens – Drude seja maior em locais com maior
densidade dessa planta. Este estudo teve como objetivo testar se (i) a taxa de herbivoria
foliar em Bactris glaucescens (tucum) é dependente da densidade desta palmeira e (ii) se
existe um efeito da idadade da folha / indivíduo sobre a taxa de herbivoria.
MATERIAIS E MÉTODOS
Área de estudo
O estudo foi realizado em uma área conhecida como Baia das Pedras (SESC –
Pantanal, 56º25’W / 16º30’S), localizada no município de Poconé, MT. O relevo do
Pantanal é praticamente plano, com altitude que varia entre 80 e 150 m. A baixa altitude
associada as chuvas periódicas anuais que caem na Bacia do Alto Paraguai, causam
inundações periódicas anuais e/ou plurianuais com certa ciclicidade.
O clima do Pantanal é do tipo AW, segundo a classificação de Koppen, quente e
úmido no verão e frio e seco no inverno, com temperatura média anual de 25 ºC sendo que
nos meses de setembro a dezembro as temperaturas máximas absolutas ultrapassam 40 ºC.
A precipitação média anual no Pantanal encontra-se entre 1000 e 1200 mm. As chuvas
estacionais concentram-se nos meses de dezembro, janeiro e fevereiro (Guerrini, 1978).
O tucum (Bactris glaucescens) é uma palmeira de 01 a 04 m de altura que forma
agrupamentos densos e, por apresentar o caule fino, essa espécie pode morrer quando sofre
uma queimada forte. Ocorre em Goiás, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, ao longo de
rios, lagoas, margens de florestas, áreas abertas de pastagens, capoeiras e solos argilosos
ou siltosos (Pott e Pott, 1994 & Lorenzi et al., 1996).
Métodos
Para a coleta de dados foi estabelecido um transecto de 06 Km, a partir do qual,
foram feitas 12 linhas de 250 m de extensão, as quais estavam posicionadas em um mesmo
87
nível topográfico (isolinhas). O ponto inicial de cada linha estava distante 500 m uma da
outra (Figura – 01). Ao longo de cada isolinha, todos os indivíduos jovens e adultos de
Bactris galucescens que se encontravam a 05 m de cada lado da trilha foram amostrados,
totalizando uma área amostrada de 03 ha.
Somente os indivíduos jovens que apresentavam os folíolos completamente
separados foram amostrados. Duas folhas por indivíduo, a mais velha e a mais nova,
tiveram o número total e o número de folíolos que apresentavam sinais de herbivoria
contados. Não foi levado em consideração a intensidade, mas sim se os folíolos
apresentavam algum sinal de herbivoria. Como o tucum é uma planta que perfilha, cada
touceira foi considerada um indivíduo único. No caso dos indivíduos perfilhados, foram
amostrados aleatoriamente três perfilhos. Para se obter a taxa de herbivoria dividiu-se o
número total de folíolos herbivorados pelo número total de folíolos encontrados na folha.
Para uma melhor visualização dos dados, a densidade (número de indivíduos/área) foi
transformada em logarítimo da abundância.
Nas análises foram utilizados testes não paramétrico, pois os dados não
apresentavam uma distribuição normal e as tentativas para sua normalização não teve
sucesso. Para verificar se existia correlação entre a taxa de herbivoria e a densidade de
tucum foi utilizado o coeficiente de correlação de Spearman. Para testar se a variação na
taxa de herbivoria encontrada nas diferentes densidades, para indivíduos jovens e adultos,
eram significativas foram utilizados os testes Mann-Whitney U e Kruskal Wallis. O
primeiro é usado para testar apenas duas categorias e o segundo para mais de duas. Ambos
os testes ranqueiam os dados, ou seja, agrupam em diferentes categorias os indivíduos com
baixa, média e alta taxas de herbivoria.
Todas as análises estatísticas foram feitas utilizando o programa de análise
estatística SYSTAT 10.0.
88
Poconé
•
Isolinhas
Figura 01 – (A) localização geográfica do município de Poconé no Estado Mato Grosso, Brasil e (B) área de
estudo (Baías das Pedras) e desenho amostral com a distribuição das isolinhas ao longo do transecto.
RESULTADOS
Ao longo das 12 isolinhas estudadas foram amostrados 178 indivíduos de tucum
(Bactris galucescens). Houve uma grande variação na densidade entre as esolinhas, a qual
89
variou de 0,0008 a 0,0348 indivíduos por m2. A taxa de herbivoria foi diferente entre
folhas velhas e novas e em ambos os tipos de folha a herbivoria tende a aumentar com o
aumento da densidade (Figura – 02). A correlação de Spearman também mostrou uma
relação positiva entre a taxa de herbivoria em folhas velhas e novas e a densidade de tucum
(coeficiente de correlação 0,764 para folhas velhas e 0,492 para folhas novas).
1.0 1.0
0.9 0.9
0.8
A 0.8 B
0.7 0.7
Taxa de herbivoria
Taxa de herbivoria
0.6 0.6
0.5 0.5
0.4 0.4
0.3 0.3
0.2 0.2
0.1 0.1
0.0 0.0
0.0 0.5 1.0 1.5 2.0 0.0 0.5 1.0 1.5 2.0
Log da abundância Log da abundância
Figura 02 – Taxa de herbivoria (nº de folíolos herbivorados/nº total de folíolos) nas folhas velhas (A) e
folhas novas (B) de tucum em função do logarítimo da abundância.
A taxa de herbivoria nos indivíduos jovens de tucum foi significativamente maior do que
nos indivíduos adultos (teste Mann-Whitney U: p = 0.000 - Figura 03 A). As folhas novas
apresentaram menor taxa de herbivoria (uma média de 0,530 para folhas velhas e 0,215
para folhas novas) tanto nos indivíduos adultos quanto nos jovens (teste Mann-Whitney U:
p = 0.000 para adultos e jovens), sendo que nos adultos essa diferença é mais nítida (Figura
03 B).
1 1
0,9 A 0,9
B
0,8 0,8
0,7 0,7
Taxa de herbivoria
Taxa de herbivoria
0,6 0,6
0,5 0,5
0,4 0,4
0,3 0,3
0,2 0,2
0,1 0,1
0 0
Adulto 0 F o lha velha F o lha1no va F o lha velha F o lha
2 no va
0 0,5 1
Jovem
adulto adulto jo vem jo vem
Através dos testes Kruskal Wallis e Mann – Whitney U verificou-se que a taxa de
herbivoria em folhas velhas e novas tanto para indivíduos adultos (Kruskal Wallis: p =
0.001, folhas velhas e p = 0.052, folhas novas – Figura 04) quanto para jovens (Mann-
Whitney U: p = 0.000, folhas velhas e p = 0.000, folhas novas – Figura 05) é
significativamente dependente da densidade de B. glaucescens.
0.9 0.4
0.8
0.7 0.3
Taxa de herbivoria
Taxa de herbivoria
0.6
0.5
0.2
0.4
0.3
0.2 0.1
0.1
0.0 0.0
0.0 0.5 1.0 1.5 2.0 0.0 0.5 1.0 1.5 2.0
Log da abundância Log da abundância
Figura 04 – Taxa de herbivoria em folhas velhas (A) e novas (B) de indivíduos adultos de tucum em função
do logarítimo da abundância.
1.0 1.0
0.9 0.9
0.8 0.8
0.7 0.7
Taxa de herbivoria
Taxa de herbivoria
0.6 0.6
0.5 0.5
0.4 0.4
A B
0.3 0.3
0.2 0.2
0.1 0.1
0.0 0.0
0.0 0.5 1.0 1.5 2.0 0.0 0.5 1.0 1.5 2.0
Log da abundância Log da abundância
Figura 05 – Taxa de herbivoria em folhas velhas (A) e novas (B) de indivíduos jovens de tucum em função
do logarítimo da abundância.
DISCUSSÃO
Neste estudo foi verificado um aumento na proporção de folíolos herbivorados
com o aumento da densidade da palmeira Bactris glaucescens, o que está de acordo com a
91
hipótese da concentração de recursos de Root (1973). A abundância com que uma espécie
de planta se apresenta ou ainda pelo seu tamanho (espécie evidente) torna-a muito
utilizada, devido a facilidade de ser encontrada pelos herbívoros, como constatado por
Kéry et al.,(2001) ao verificar que populações da borboleta Maculinea rebeli foi mais
provável ocorrer e ser maior em populações maiores de sua planta hospedeira Gentiana
cruciata. Analisando algumas espécies de plantas do cerrado Marquis et al., (2001)
também constatou que plantas maiores foram mais danificadas por patógenos. No mesmo
trabalho esse autor também encontrou resultados contrários para algumas espécies, onde
foi constatado que existiu uma tendência de espécies mais abundantes serem menos
danificadas do que espécies raras.
O fato dos indivíduos adultos apresentarem menor proporção de folíolos
herbivorados que os jovens, pode ser porque as folhas jovens têm maior quantidade de
nitrogênio e água e são menos robustas, ou mesmo porque as folhas velhas são menos
saborosas e menos valiosas como alimento, pois fibras oferecem problemas mecânicos e
digestivos para insetos (Coley & Barone, 1996). Baixo conteúdo de nitrogênio e água tem
sido repetidamente associado com a reduzida preferência e performance de insetos. O nível
de nitrogênio nas folhas jovens reflete o balanço entre a exigência para o crescimento e a
palatabilidade para os herbívoros (Coley & Barone, 1996). O conteúdo nutricional das
folhas varia entre espécies e ao longo da idade da folha, portanto, a qualidade nutricional
das folhas tem conseqüências para herbivoria e também pode ser particularmente adaptada
para a seleção de herbívoros e patógenos (Moran & Hamilton, 1980).
A presença de um menor número de folíolos herbivorados em folhas jovens pode
ser devido a um menor tempo de exposição destas, comparado com as folhas velhas. Além
disso, existe uma correlação positiva entre o tempo de vida da folha e a necessidade de
defesa, presumivelmente porque o valor de uma folha para a planta e o risco de sua
descoberta aumenta com o tempo de vida da folha (Southwood et al., 1986, Colling &
Matthies, 2004). As folhas novas também podem apresentar uma menor taxa de herbivoria
por estarem menos evidentes, devido o maior número de folhas velhas nos indivíduos.
Além disso, as folhas novas de tucum podem escapar do ataque devido a saciação dos
herbívoros (Lieberman & Lieberman, 1984) levando-se em conta a abundância de folhas
velhas em relação as novas presente nos indivíduos.
Os resultados obtidos neste estudo mostram que a concentração de recursos leva a
uma maior utilização dos mesmos e nos permite concluir que, na área estudada, a
herbivoria em Bactris glaucescens é dependente da densidade e o fato das folhas velhas
92
apresentarem uma maior taxa de herbivoria indica que compostos secundários também
podem estar influenciando tal resultado, o que nos leva a crer que para esta espécie as
folhas novas podem ser mais importantes. Estes resultados sugerem estudos qualitativos
para saber por que as folhas velhas e novas de B. glaucescens apresentam diferentes taxas
de herbivoria.
AGRADECIMENTOS
Ao SESC-Pantanal por ter disponibilizado suas instalações e a participação de funcionários
nos trabalhos de campo, especialmente o Sr. Joaquim. Ao programa de Pós-Graduação em
Ecologia e Conservação da Biodiversidade pela infra-estrutura colocada à disposição. Aos
professores do programa Pierre Girard, Lucia Mateus, Jerry Penha, Cláudia Callil, Cátia
Nunes e do INPA Flávia Costa e Gonçalo, pelas valiosas sugestões e discussões durante a
análise de dados. Aos colegas do curso em especial Jaime Rufino e Rodrigo Ferreira e aos
técnicos Assis e Hélio, pelo valioso auxílio nos trabalhos de campo.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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poblaciones y comunidades. Omega, Barcelona.
COLLIHG, G.; MATTHIES, D. 2004. O effects of plant population size on the interactions
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phythopathogenic fungus, Oikos, 105: 71-78.
COLLEY, P. D.; AIDE, T.M. 1991. Comparison of Herbivory and Plant Defenses in
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Wiley & Sons, Inc. New York. pp. 25 – 49.
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Annual Review of Ecologu and systamatics, 53: 51-58.
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Plantas. Temas de Biologia, Vol. 27. E.P.U. e Ed. Universidade de São Paulo: São Paulo.
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GUERRINI, V. 1978. Bacia do alto rio Paraguai; estudo climatológico. Brasília – DF:
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herbivores. J. Theor. Biol. 86:247–54.
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interspecific variation in foliar insect herbivory and pathogen attack in Brazilian cerrado.
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POTT, A.; POTT, V.J. 1994. Plantas do Pantanal. EMBRAPA – CPAP, Corumbá, 320p.
SOUTHWOOD, T.R.E., BROWN, V.K, READER, P.M. 1986. Leaf palatability, life
expectancy and herbivore damage. Oecologia, 70 (5): 44-48.
STRAUSS, S.Y.; AGRAWAL, A.A. 1999. The Ecology and Evolution of Plant Tolerance
to Herbivory. Tree, 14 (5): 179-185.
assemelham habitats xéricos, entretanto também são necessários maiores estudos pra
confirmar se esta tendência também se aplica nas variações sazonais na comunidade de
coleóptera.
Palavras Chaves: Diversidade de Coleoptera, Gradiente Ambiental, Preditores.
INTRODUÇÃO
A diversidade, em seu nível mais simples, tem sido definida como o número de
espécies encontradas em uma comunidade, medida esta conhecida como riqueza de
espécies. A maioria das definições também inclui a medida de quão uniforme o número
total (ou abundância) de indivíduos é dividido entre as espécies, o que chamamos de
eqüidade (evenness). Atualmente sabe-se que a diversidade de organismos é maior nos
trópicos, principalmente quando analisamos a classe dos insetos, grupo conhecido por
conter a maioria das espécies do mundo (PRIMACK & RODRIGUES, 2001).
Nesse contexto, os insetos e outros invertebrados desempenham papel chave nos
ecossistemas terrestres, estando envolvidos em processos, tais como, decomposição,
ciclagem de nutriente, fluxo de energia, entre outros (ANTONINI et al, 2003). Assim,
dentre os insetos que vivem no solo, um grupo dos mais importantes, é o que representa a
classe dos besouros, ou seja, os coleoptera (PENNY et al, 1978), devido ao seu grande
número de espécies, distribuição cosmopolita, fácil captura e utilização como ferramenta
no controle biológico de pragas (MELNYCHUK et al, 2003). Segundo BUZZI &
MIYAZAKI (1999) esta ordem é o maior agrupamento de animais que se conhece, pois
perfaz cerca de 23% de todos os animais conhecidos e 35% do total de insetos, nenhum
outro grupo de animais o supera em numero de espécies.
Segundo MARINONI & GANHO (2003), vários trabalhos têm sido produzidos
buscando estabelecer relações entre a fauna de coleoptera de solo e o meio ambiente, sendo
importante levantar o maior número de informações sobre as diferentes relações, para
consolidar o grupo como possível indicador de condições ambientais, podendo apontar
áreas prioritárias para a conservação.
Estudos que correlacionam a distribuição da diversidade de coleoptera, com
qualquer gradiente ambiental no pantanal são inexistentes ou mal divulgados, o que
acarreta uma certa lentidão na identificação de áreas prioritárias e tamanho de unidades de
conservação. Para preencher essa lacuna, o objetivo deste trabalho foi determinar a
riqueza, abundância e diversidade (H’) de morfoespécies de coleoptera entre ambientes
com níveis topográficos diferentes, verificando se há um padrão de distribuição da
97
MATERIAIS E MÉTODOS
Área de Estudo
Características Gerais do Pantanal
Formado com o surgimento da Cordilheira dos Andes, o Pantanal é a maior
planície de inundação contínua do planeta, que se localiza entre os paralelos de 15º45’ a
22º15’ de latitude Sul e os meridianos 54º45’ a 58º de longitude Oeste, ocupando uma área
total de 139558 km2 (BRASIL, 1979; Da SILVA, 1990; SILVA, 1995). O Pantanal Norte,
ou Pantanal Matogrossense, possuiu clima quente e úmido no verão e frio e seco no
inverno, com temperatura média de 25º C, precipitação média anual entre 1100 e 1200
mm, concentrando 45% das chuvas entre os meses de dezembro e fevereiro (CALHEIROS
& FONSECA JR, 1996). A parte norte e sul do pantanal possui solos predominantemente
argilosos e a porção central é mais arenosa (AMARAL FILHO, 1986)
A vegetação do pantanal é um mosaico de espécies de plantas dos ecossistemas
circunvizinhos (cerrado, floresta amazônica e chaco), repetindo esse padrão quando
tratamos de diversidade de animais, sendo raras as espécies endêmicas (CALHEIROS &
FONSECA JR, 1996).
O trabalho foi realizado na porção norte da região pantaneira, no local
denominado Pantanal de Poconé, no município homônimo, a margem direita da estrada do
Porto Cercado, local chamado de Parque SESC Baía das Pedras, apêndice do Hotel SESC
Pantanal - Porto Cercado, no período de 02 a 09 de setembro de 2004. A área possui
basicamente as mesmas características gerais do Pantanal norte citadas acima, localizado
nas coordenadas 16º30’S e 56º25’W (Figura 01).
98
Metodologia
Modelo de Amostragem
Em uma área de 6.000 m de comprimento ao longo da cerca que divide a
propriedade do SESC, foram estabelecidos 12 unidades amostrais a cada 500 m de 250 m
de comprimento do lado esquerdo da cerca, cada uma manteve o nível topográfico
uniforme do marco 0 m até o 250 m (Figura 01). Cada unidade amostral foi denominada
pelo valor da distância que esta se encontrava na área amostral, assim temos as isolinhas:
500 m, 1000 m, 1500 m, e assim sucessivamente.
Denominamos esse tipo de marcação como “modelo de isolinhas de nível
topográfico”, isolinhas são um tipo de transecto com o mesmo nível topográfico em todo o
seu comprimento, portanto no interior de cada isolinha não há um gradiente topográfico,
porém existe variação topográfica entre as isolinhas. Conseqüentemente são boas
ferramentas para verificar como as comunidades e populações respondem a variação
topográfica, fazendo comparações entre as linhas.
Coleta de Dados
Primeiramente foram coletados os dados abióticos, tais como: topografia,
granulometria do solo, umidade do solo, nível da lâmina d’água, e matéria orgânica do
solo, para caracterização da área.
Os coleoptera foram coletados através de armadilha de queda tipo pit fall, feitas
de alumínio com capacidade de 350 ml. Estas foram enterradas até o nível do solo a cada
50 metros, do lado esquerdo da isolinha, então, em cada linha foram colocadas 5
armadilhas, e no total foram 60 armadilhas.
Nas armadilhas, durante as primeiras 24 horas, colocou-se uma mistura de água
com detergente, para quebrar a tensão superficial da água, fazendo com que os insetos ao
cair na armadilha, afundem. A partir das 24 horas, ou seja, no segundo dia, adicionou-se a
essa mistura, álcool a 70% ou formalina 4%. Completando 48 horas, retirou-se as
armadilhas, todo seu conteúdo foi transferido para garrafas de armazenamento, para
posterior triagem.
Os outros dados utilizados como possíveis preditores da diversidade de
coleoptera, tais como, biomassa de serapilheira, abundância de arbóreas e gramíneas,
foram obtidos de trabalhos realizados simultaneamente com este, por outros pesquisadores,
durante a disciplina de Ecologia de Campo, realizada pela Pós Graduação em Ecologia e
Conservação da Biodiversidade do Instituto de Biociências-UFMT.
99
RESULTADOS
A caracterização geral da área, encontra-se esquematizada na Figura 2. É
interessante notar que a área escolhida para o estuda apresenta uma diversidade de habitats,
cada qual com sua topografia e conseqüente lâmina d’água característica. As áreas com
menor nível topográfico, são aquelas que permanecem com a lâmina d’água por um tempo
maior se comparadas com as mais elevadas.
O total de indivíduos amostrado foi 389, distribuídos em 24 morfoespécies. A
isolinha que apresentou maior abundância, riqueza e conseqüentemente maior diversidade
de coleoptera foi a 3000 m, sendo que a apresentou menor valor foi a 4000 m (Figura 3). A
morfoespécie com maior ocorrência foi a 06, representando 33% do total de morfoespéceis
amostradas, que ocorreu em quase todas as isolinhas, exceto nas 4000 m e 5500 m .
Entretanto, na linha 5500 m não foi coletado nenhum exemplar de coleoptera, e para
melhor desempenho das análises estatística, foi excluída da mesma, uma vez que esse
resultado não representa a realidade do local, mas deve refletir apenas uma deficiência de
amostragem.
100
DISCUSSÃO
A área estudada é um exemplo característico do mosaico de habitats que constitui
o pantanal (Figura 02), dessa forma, a distribuição da diversidade de coleoptera nesses
diferentes habitats, reflete essa heterogeneidade (Figura 03) ao longo do gradiente
topográfico. Esperava-se encontrar um valor de diversidade maior nos locais mais
elevados, uma vez que estas áreas sofrem um estresse de inundação menor, representando
ambientes favoráveis durante a cheia do pantanal. Mas apesar da diversidade ter
apresentado certa tendência ascendente nesses locais (Figura 04), a correlação apresentada
foi muito fraca. Também foi observada uma fraca correlação negativa entre a porcentagem
de argila no solo e a abundância de coleoptera, ou seja, no pantanal, coleoptera de solo
parece preferir solos menos argilosos.
Esses dados indicam, que os locais que representariam refúgios para a inundação,
ou seja, ambientes com altas cotas topográficas, não servem como indicadores de alta
diversidade de coleoptera. Entretanto os pontos com altas diversidades, isolinhas 3000 m,
500 m, 2500 m e 3500m são áreas com a vegetação predominantemente arbórea,
sombreada, com camada de serapilheira expressiva, exceto a isolinha 2500 m, que se
localiza em um local com predominância do Pombeiro (vegetação dominante é do gênero
102
AGRADECIMENTOS
Ao Programa de Pós-Graduação em Ecologia da Conservação, aos Professores e
Colaboradores da Disciplina de Ecologia de Campo que estiveram conosco durante o
curso: Profª Claudia Callil, Profª Cátia Nunes da Cunha, Profª Flavia Costa, Prof°
Francisco de Arruda Machado, Prof° Gonçalo Ferraz, Profº Jerry Magno, Profª Lucia
Mateus e Profº Pierre Girard. Aos técnicos Francisco de Assis Rondon, Hélio Ferreira e
Vantonildo. E, por último, mas não menos importantes, aos meus colegas de curso pela
ajuda, pelos momentos de descontração e pelos incentivos.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALMEIDA, L.M.; RIBEIRO-COSTA, C.S.; MARINONI, L. 1998. Manual de Coleta,
Conservação, Montagem e Identificação de Insetos. Série: Manuais Práticos para
Biologia. 88p.
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Recursos Naturais e Sócio-Econômicos do Pantanal. Anais. EMBRAPA, Corumbá-MS. p
91-92.
ANTONINI, Y.; ACCACIO, G.M.; BRANT, A.; CABRAL, B.C.; FONTENELLE, J.C.R.;
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Encontro sobre Sensoriamento Remoto Aplicado a Estudos no Pantanal, Corumbá-MS.
Livro de Resumos. São José dos Campos-SP: INPE, p 9-10.
ANEXOS
Figura 01: Imagem de satélite da área estudo, demonstrando as formas das isolinhas.
107
j
Campo
sempreverde
Pombeiro
transição
Matade
Cambarazal
Pombeiro
Carvoeiro
Carambazal
Mata
inundável
jovem
Campo
120 25
100
20
80
15
60
Elevação(cm)
MO(g*100)
10
40
5
20
0 0
500 1000 1500 2000 2500 3000 3500 4000 4500 5000 5500 6000
Figura 02: Caracterização geral da área de trabalho, está representados no gráfico o nível topográfico, a
lâmina d’água, a matéria orgânica, e a fitofisionomia da parcela. Há uma variedade de habitats, o que
chamamos de mosico de habitats.
1000
100
10
1
0 1000 2000 3000 4000 5000 6000
0,1
Mata de transição
Campo Sujo
Cambarazal
Cambarazal
10,00
Mata sempre
Pombeiro
jovem
inundável
campo
verde
Índice de Diversidade (H')
1,00
3 9 14 17 26 29 30 32 44 46 61
0,10
Gradiente topográfico (cm)
o Coleoptera
Figura 04: Gráfico representando como a abundância, riqueza e diversidade de coleópteros estão distribuídas
ao longo do gradiente topográfico. O valor do nível topográfico do ponto 5500 é de zero.
Figura 05: Riqueza esperada (Jackknife) em nº de morfoespécies de coleópteros para as diferentes isolinhas.
O valor da 5500 é zero.
109
150 15
Abundância de coleopteros
Riqueza de coleoptera
100 10
50 R2=0,487 5
R2102,41
b= =0,698
b=-259,708
p=0,017
p=0,017 R2=0,436
b= 11,21
p=0,017
0 0
0.0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5 0.0 0.1 0.2 0.3 0.4 0.5
% de argila no solo % de argila no solo
Figura 06: Gráficos das regressões lineares entre abundância de coleópteros x porcentagem de argila no solo
e riqueza de coleópteros x porcentagem de argila no solo. R2 indica o quanto da variação de abundância e
riqueza de coleopeta é explicada pela porcentagem de argila no solo, b é o intercepto da regressão e p é o
valor de significância.
Tabela I: Resultado dos índices de Diversidade de Shannon-Wiener (H’) e Equidade (evenness) para cada
isolinha amostrada.Obs: A isolinha 4000 apresentou um indivíduo (morfoespécie 05) com uma ocorrência.
500 1000 1500 2000 2500 3000 3500 4000 4500 5000 600
Diversidade
2,61 1,79 0,92 0,87 2,25 2,95 2,16 0,0 0,99 0,92 1,32
(H’)
Equidade
0,74 0,98 0,70 0,72 0,96 0,77 0,78 0,0 0,35 0,81 0,57
(Evenness)
15 3
Diversidade de coleopteros (H')
Riqueza de coleopteros
10 2
5 Rb2=0,51
= 0,037 1 R2 = 0,518
bR=23,398
= 0,51 bb==0,008
1,033
pp==0,014
0,014 Rp2 == 0,012
0,518
p = 0,012
0 0
0 1 2 3 4 5 0 1 2 3 4 5
Abundância de arborea (nº de indivíduo) Abundância de arborea (nº de indivíduo)
Figura 07: Gráficos das regressões lineares da riqueza e diversidade de coleópteros x abundância de
arbóreas, os valores de b, R2 e p estão representados no gráfico. R2 indica o quanto da variação de abundância
e riqueza de coleopeta é explicada pela porcentagem de argila no solo, b é o intercepto da regressão e p é o
valor de significância.
110
1 00
50
0
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 1 00
15 A b un dân c ia de gra m ín e a s
R iqu ez a de c o leó pte r o s
R 22 = 0 , 8 2 0
R = 0,820
bb == -11,362
0 ,0 9 7
pp = 00,002
,0 0 2
10
5
D iv e r s i da de de c o le ó p te r os ( H ')
0
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 1 00
3 A bu nd ânc ia de gra m ín e a s
R 2 = 0 ,3 6 1
R22== 0,361
0,361
R
bb b
===2,489
- 0 ,0 1 6
2,489
pp p
== =
0,051
0,051
0 ,0 5 1
0
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 1 00
A bun d â n c ia d e g ra m ín e a s
Figura 08: Gráficos representando as regressões lineares entre abundância, riqueza e diversidade x
abundância de gramíneas. Os valores de R2, b e p estão representados nos gráficos. R2 indica o quanto da
variação de abundância e riqueza de coleopeta é explicada pela porcentagem de argila no solo, b é o
intercepto da regressão e p é o valor de significância.
111
INTRODUÇÃO
O Pulso de Inundação segundo Junk e Da Silva (1996) é determinante dos
processos ecológicos, proporcionando alterações ambientais, exigindo dos organismos a
112
MATERIAIS E MÉTODOS
Área de Estudo
(figura 03); (v) Campo Sujo, 5000m (figura 04) e (vi) Campo Inundável, nas isolinhas
5500m e 6000m (figura 05) (Nunes, com. pess. 2004) (quadro 01).
Metodologia de Amostragem
Na parcela definiu-se um transecto ao longo de sua margem de 6000 m. A cada
500 m, foram demarcadas as isolinhas com 500 metros de comprimento, as quais estando
no mesmo nível topográfico.
Para a amostragem de formigas foram empregadas armadilha do tipo Pit fall e
Iscas Atrativas de sardinha e frutas. Tais armadilhas foram distribuídas ao longo das
isolinhas, instaladas nos devidos pontos previamente marcados (50, 100, 150, 200 e 250m).
Em cada ponto foram colocadas um conjunto de armadilhas, constituído de um Pit fall e
duas armadilha de Isca Atrativa (uma de sardinha e uma de fruta), durante um período de 2
dias. Os Pit falls foram confeccionadas com latas de alumínio (refrigerantes) com
capacidade de 350 ml, com uma superfície de abertura com 7 cm2, o esforço de cada linha
foi de 35 cm2/dia, ou seja, 70 cm2/linha. Cada Pit fall recebeu uma mistura de formalina à
0,5% e detergente, para a fixação dos espécimes coletadas. Já as armadilhas de Iscas foram
colocadas o período da manhã no intervalo das 6:00 hs às 12:00 hs. Horário definido como
pico de movimentação por formigas de hábito diurno (Weseloh, 2001). Foram iscadas
durante dois dias consecutivos em cada isolinha com permanência de 3
horas/dia/linha/Isca, ou seja, 12 horas/linha de armadilha atrativa, com fruta e sardinha.
Ao término do período amostral, os Pit falls foram recolhidos e o material
coletado levados para o laboratório sendo então triado, agrupados em morfotipos, com
auxílio de lupa estereoscópica (40X).
As duas metodologias de capturas foram postas nos mesmos pontos de coletas ao
longo das linhas (figura 6) com distância de 1m para esquerda (Pit fall) e 1m para direita
(Isca Atrativa), portanto a totalização dos esforços amostrais para a parcela, foi de 60 Pit
falls abertos por um período de 2 dias (48 horas/linha) e 240 armadilhas de iscas expostas
por 3 horas/linha.
Para as análises estatísticas foram utilizadas pacotes estatísticos SYSTAT version
10.2 e Biological Methodology.
mangueira de nível (usada em construção), onde para cada linha foi calculado qual a
variação de altitude entre elas. Ao final foi determinado que o ponto mais baixo seria
considerado o ponto com nível 0. Os dados da umidade relativa do solo foram obtidos
através da mensuração com Medidor de Umidade de Solo Theta Probe modelo HH2 AT -
Delta-T-Services (ML 2X), cujo resultado é dado em porcentagem (%) de Umidade
relativa (UR) com uma precisão de 5%. Em cada ponto da isolinha (50, 100, 150, 200 e
250m) foi realizada a medida da UR, introduzindo 3 ponteiras de aço inox à 10 cm de
profundidade. Nos mesmos pontos, porém 1 metro da linha foi realizado a amostragem de
liteira (matéria morta) com auxilio de um quadrante de 25x25 cm. Toda a matéria morta
encontrada dentro do quadrante foi recolhida e levada ao laboratório para a secagem em
estufa à 60º C, para eliminar o efeito da umidade da M.O. Determinando assim a biomassa
de liteira (Serrapilheira) (Tabela 01).
A diversidade de arbóreas encontradas nas isolinhas foi feita através do
inventariamento quali-quantitativo ao longo de todas as isolinhas na parcela. Sendo que
para cada isolinha foi determinado uma distância de 20 metros de cada lado.
RESULTADOS
O estudo realizado nos meses de agosto e setembro de 2004, cuja estação
compreende os meses de seca no Pantanal (Ferreira, 2001). Utilizando metodologias
padronizadas para todas as isolinhas, proporcionaram a captura de 4565 indivíduos
distribuídos em 29 morfotipos. Uma rápida análise da eficiência dos métodos de captura
pode-se notar a diferença significativa entre os métodos de amostragens de P <0,05 e R2 =
0,52 (ANOVA), sendo mais bem representada quando analisadas as amostras de forma
unificada para os pontos de coletas (figura 07). A Riqueza de Formigas estimada a partir da
estimativa de Jackknife com seus intervalos de confiança (Ecological Methodology). Os
índices de riqueza (Jackknife) estimados são baseados na presença e ausência das espécies
nas isolinhas, não se importando com a abundância das mesmas. Os dados sobre a
Diversidade de Arbórea e Biomassa de Serrapilheira foram coletados por Arruda (2004) e
Santos (2004), respectivamente, como variáveis preditivas da comunidade de Formicidae,
analisadas neste trabalho.
Foram calculados os coeficientes de correlação de Pearson entre os fatores
preditivos e a diversidade, abundância e riqueza de Formicidae (tabela 2). As correlações
mais fortes e com significância foram entre Riqueza de Formicidae e as variáveis:
Topografia (gráfico 01), Abundância de Arbórea (gráfico 02), Biomassa de serrapilheira.
116
(gráfico 03) e Umidade Relativa do Solo (gráfico 04). Para Abundância e Diversidade (H’)
de Formicidae não obteve correlações significativas, como mostra os valores de “P” e “R2”
(tabela 02). Com a variação topográfica (altitude das isolinhas) pode se notar gradiente
com uma heterogeneidade fisionômica marcante na parcela, dando indícios de que poderia
haver diferentes estruturas de comunidade biótica local.
O maior índice de Diversidade (H’) (Tabela 02) foi encontrado na isolinha 3500
de fisionomia Cambarazal e o menor na isolinha 6000 com fisionomia de Campo
inundável (gráfico 05). Após análise do gráfico mostrando a tendência dos dados à
normalidade comprovada através da diferença da curtose e seu erro (< 2), foram realizadas
regressões de Pearson (SYSTAT versão 10.2) entre as variáveis correlacionadas com a
riqueza de formigas (tabela 2) assumindo como significativa os valores em que P < 0,05
com 95% de confiança.
Para a análise da semelhança de riqueza entre as fisionomias, foram calculados
aos Índices de Similaridade de Sorenson (Quadro 01). Tal índice descarta o peso da
abundância, aumentando assim a representatividade das espécies menos amostradas.
Formigas têm demonstrado ser pouco influenciado pela característica fisionômica Sarr et
all (2001) não apresentando significância também para a área estuda (P > 0,05). As
fisionomias Pombeiro e Campo Sujo obtiveram o maior valor de similaridade (0,800)
dentre as demais. As isolinhas com Fisionomia de Pombeiro compartilham pelo menos
50% das espécies encontradas nos locais. Já Campo inundado e Campo Sujo possuem uma
dissimilaridade total (tabela 01). Tais resultados induzem a concluir que a semelhança da
fisionomia pode ser um fator para a estrutura de comunidade de Formicidae (quadro 01).
DISCUSSÃO
De acordo com Campos et all (2003) a riqueza de formigas varia de acordo com a
abundância de Serrapilheira, porem em nosso estudo a correlação entre Riqueza de
Formigas e Serrapilheira (R2= -0,64 e P = 0,025) obteve valores totalmente inversos ao
esperado. Duas hipóteses são sugeridas para tal resultado: (i) Metodologia de amostragem
de formigas em Serrapilheira foi inadequada, devendo ser utilizada amostragem com
peneiramento de Serrapilheira ou (ii) Devido o tempo de alagamento nas áreas mais baixas,
propiciaram a abundância de gramíneas (Couto, 2004), que em geral possuem uma forma
de vida latente nos períodos de cheia, voltando ao seu crescimento no período da seca,
tornando-se muito abundante. Exceto quando pastadas por herbívoros (Pott & Pott, 2000).
Conseqüentemente, com a alta densidade, pode ocorrer a mortalidade da população por
117
abafamento, deixando uma grande quantidade de biomassa (matéria morta no solo) (Pott &
Pott, 2000). Com a chegada da seca, período em que ocorre as queimadas no Pantanal
(Junk, & Da Silva, 2003), esta biomassa seca se torna excelente combustível nos incêndios,
eliminando assim as populações de formigas.
As respostas obtidas da abundância de arbórea com riqueza de formigas são
esperadas, uma vez que Galbiati et all, (2003); Dauber et all (2003) obtiveram o mesmo
padrão de distribuição quando correlacionadas diferentes fisionomias em estudos com
fragmentos. Ou seja, a abundância de Arbóreas proporciona à áreas, estruturas florestais
muito importante para a comunidade de formigas (Antonini et all, 2003), constituindo uma
heterogeneidade de microhábitat, explorado por diferentes grupos de espécies de
Formicidae.
A correlação negativa entre Umidade Relativa do Solo foi esperada, pois a
umidade do solo está diretamente relacionada com o tempo de permanência da água.
quanto mais baixa for a área o tempo de inundação é maior pelo represamento de água nos
corixos, que por sua vez ocasiona maior umidade do solo nestes locais. Interferindo no
tempo de colonização nestes ambientes.
Apesar de não existir correlação entre a riqueza de formigas e diferentes
fisionomias, uma análise de similaridade de Sorenson entre Mata de Transição e Campo
Sujo, mostraram uma similaridade relativamente alta (similaridade = 0,80).
Compartilhando o maior número de espécies de formiga. Já Campo inundado e Pombeiro
não compartilharam nenhuma espécie (similaridade = 0). Estudos em microhabitat
poderiam ser melhor avaliado tais resultados.
Quando analisada a regressão múltipla das variáveis significantes (Stepwise -
Análise de Regressão Múltipla) a Abundância de arbórea com P=0,003 e R2 = 0,90, foi tida
como a variável preditiva de maior influência. Numa avaliação da heterogeneidade
proporcionada pelo gradiente topográfico em meso escala na Baía das Pedras pode-se
concluir que a distribuição de Formicidae está direta ligada com a Topografia.
Portanto fatores ambientais podem ser considerados como preditores da riqueza
de formigas, sendo assim para estudos de conservação na área amostrada deve-se levar em
consideração a sua totalidade heterogênica de habitats.
AGRADECIMENTOS
Ao coordenador Dr. Pierre Girard do programa de pós-graduação, Laura e Cristiane pela
organização dos assuntos burocráticos, a Professora Drª Claudia Tasso Callil, responsável
118
pela disciplina de ecologia de campo. Aos professores adjuntos da disciplina, Profª Drª
Cátia Nunes da Cunha, Prof. Dr. Jerry Magno F. Penha, Prof. Soraia Diniz, que muito
colaboraram no lapidamento dos projetos a serem desenvolvidos. Aos técnicos Hélio e
Assis que acompanharam toda a trajetória da disciplina, desde a organização, quanto à
execução da mesma, ao Vantonildo pelo transporte. Aos professores convidados, Flávia
Costa e Gonçalo Ferraz, que tiveram um papel significativo nas orientações técnicas. Aos
Guardas Parque que nos orientaram nos trabalhos de campo. Aos colegas de curso que
acompanharam nas discussões e execução dos projetos e Harumi, Midori e Carol, pelo
desenvolvimento do projeto individual.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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121
ANEXOS
Figura 01 - Imagem Satélite da área de estudo (Parcela) com detalhe do transecto em branco.
Perpendicularmente encontra-s, em linhas menores estão localizadas as isolinhas em mesoescala na Baía das
Pedras – SESC/Pantanal, Poconé –MT.
Cortesia do Centro de Sensoriamento Remoto, 2004.
122
Figura 6 - Disposição das armadilhas Pit fall e Iscas atrativas ao longo da linha.
A - Latas de Refrigerantes (350ml) enterradas ao nível do solo; B - Iscas de Sardinha e Frutas.
123
Tabela 01 - Dados coletados das variáveis bióticas e abióticas e diversidade de formigas na Baía das Pedras -
Pantanal de Poconé - MT.
Variáveis/Isolinhas 500 1000 1500 2000 2500 3000 3500 4000 4500 5000 5500 6000
Topografia (cm) 61 46 14 26 9 30 44 17 32 29 0 3
Umidade Relativa do solo (%) 5.43 3.20 7.75 5.20 5.45 4.95 0.60 3.13 3.35 2.5 9.48 15.7
Liteira (gr/m2) 186.1 170 165.2 196.2 160.3 295.3 174.1 83.8 368.8 61.4 438.2 462.4
Riqueza de Arbórea 25 16 0 0 0 8 9 5 12 4 0 0
Abundância de Arbórea 191 159 0 0 0 147 103 15 11 9 0 0
Diversidade de Arbórea 4.01 2.66 0 0 0 1.93 1.82 2.15 2.67 1.75 0 0
Riqueza de Formigas 17.8 18.8 14 14 15.8 19.8 16.6 14.8 11 14.8 11.2 4.6
Abundância de Formigas 220 775 38 225 542 2119 100 90 40 112 135 167
Diversidade de Formigas 2.7 1.5 3 1 1.5 1.3 3.1 3 1.9 2 2 0.61
Variáveis abióticos (Topografia, Umidade Relativa e quantidade de Matéria Vegetal Morta
(Serrapilheira) e bióticos (Riqueza e Abundância de Arbóreas), Índice de Diversidade de
Shannon (Arbóreas e Formigas). Riqueza e Abundância de Formigas, coletados na Baía
das Pedras, Poconé-MT.
Tabela 02 - Valores de P para regressões entre as variáveis bióticas e abióticas com diversidade, riqueza e
abundância de formigas.
RIQUEZA DIVERSIDADE ABUNDÂNCIA
FORMIGAS/VARIÁVEIS 2 2
P - value R P - value R P - value R2
Topografaia (cm) 0,64 0,024 0,30 0,346 0,14 0,667
2
Liteira (gr/m ) -0,64 0,025 -0,49 0,107 0,08 0,804
Riqueza de arbórea 0,50 0,099 0,28 0,382 0,14 0,669
Abundância de arbórea 0,70 0,013 0,15 0,652 0,52 0,087
Diversidade de arborea 0,51 0,91 0,36 0,248 0,14 0,665
Umidade relativa do solo (%) 0,74 0,006 0,49 0,110 0,08 0,798
124
186.08
170
165.2
196.24
160.32
295.28
174.08
83.84
368.8
61.36
438.24
462.4
Topografia (cm)
Biomassa de Liteira (gr/m2)
Riqueza de Formigas Linear (Riqueza de Formigas) Riqueza de Formigas Linear (Riqueza de Formigas)
* Raiz quadrada do intervalo de intervalo de confiança . * Raiz quadrada do intervalo de confiança.
15 15
10 10
5 5
0 0
191 159 0 0 0 147 103 15 11 9 0 0 5.43 3.2 7.75 5.2 5.45 4.95 0.6 3.13 3.35 2.5 9.48 15.7
Fisionomias/ M.S. Pom. Pom. Pom. Cam. Ca.J. Pom. M.T. C.S. C.I. C.I.
Isolinhas 1000 1500 2000 2500 3000 3500 4000 4500 5000 5500 6000
M.S. 500 0.5926 0.522 0.609 0.75 0.643 0.583 0.435 0.5 0.522 0.476 0.125
M.S. 1000 - 0.583 0.333 0.4 0.552 0.64 0.5 0.286 0.583 0.545 0.235
Pom. 1500 - - 0.5 0.571 0.48 0.667 0.5 0.353 0.6 0.444 0.154
Pom. 2000 - - - 0.571 0.4 0.571 0.5 0.588 0.5 0.222 0
Pom. 2500 - - - - 0.538 0.545 0.381 0.333 0.571 0.421 0.143
Cam. 3000 - - - - - 0.615 0.64 0.364 0.64 0.435 0.222
Ca. J. 3500 - - - - - - 0.571 0.333 0.762 0.632 0.143
Pom. 4000 - - - - - - - 0.235 0.8 0.444 0.154
M.T. 4500 - - - - - - - - 0.353 0.267 0.2
C.S. 5000 - - - - - - - - - 0.667 0.308
C.I. 5500 - - - - - - - - - - 0.364
Quadro 01 - Apresenta as similaridades calculadas com índice de Sorenson para as isolinhas com diferentes
fisionomias predominantes. Legenda: M.S - Mata Sempre Verde; Pom. - Pombeiro; Cam. - Cambará; Ca.J. -
Cambará Jovem; M.T. - Mata de Transição; C.S. - Campo Sujo; C.I. - Campo Inundável.
125
24 70
20 60
50
16
40
12
30
8
20
4 10
0 0
Mata Mata Pombeiro Pombeiro Pombeiro Cambarazal Cambarazal Pombeiro Mata de Campo Sujo Campo Campo
sempre sempre jovem transição inundável inundável
verde verde
RESUMO: Este trabalho teve como objetivos gerar informações sobre a abundância e a
composição de artrópodes terrestres ativos e estudar algumas variáveis abióticas e bióticas
que podem estar envolvidas na variação da abundância de artrópodes na Baía da Pedras
SESC/Pantanal, em um transecto de 6 km, com 12 pontos. Foram coletados 2359
indivíduos pertencentes as Classes Arachnida e Insecta distribuídos em 12 ordens, sendo
que 7 indivíduos não foram identificados. Formicidae foi a ordem mais representativa
(1035 ind.; 43.87%), seguido por Coleoptera.(439 ind,; 18,61%) e Collembola. (404
ind.;17,13%). O ponto mais abundante foi o P. 6 com 571 indivíduos, que corresponde a
uma fitofisionomia de cambarazal (predomínio de Vochysia divergens) e o ponto menos
abundante P. 3, com 77 indivíduos em área de pombeiro (predomínio de Combretum sp.).
Os resultados mostraram que a diversidade e riqueza de ordens são muito similares entre os
pontos, e que o teor de argila influenciou negativamente a abundância de artrópodes, já as
variáveis areia fina e abundância arbórea correlacionaram positivamente com a abundância
de artrópodes.
Palavras Chaves: abundância, riqueza, diversidade, artropodafauna.
INTRODUÇÃO
O Filo Arthropoda compreende cerca de 75% de todas as espécies animais
catalogadas sendo considerado o mais numeroso do reino animal. Os artrópodes são
abundantes em praticamente todos os ecossistemas terrestres, muitas espécies são bastante
comuns e têm grande importância econômica, enquanto outras passam imperceptíveis ao
olho humano (Ruppert et. al. 1996).
Dentre os artrópodes estão os insetos que na macrofauna de solo atuam na
ciclagem de nutrientes por fragmentação e ingestão de material presente na liteira. Estes
127
MATERIAIS E MÉTODOS
Área do Estudo
O Pantanal mato-grossense faz parte da Bacia do Alto Paraguai (BAP) e constitui-
se na maior planície inundável contínua da América do Sul, com cerca de 140.000 km2 em
território brasileiro. Localiza-se na porção central da América do Sul, extremo norte da
Bacia Platina (15° 45´ a 22° 15´ S; 54° 5´ a 58° W).
As características geológicas, geomorfológicas e climáticas, em conjunto com as
variações hidrológicas sazonais, formam planícies distintas quanto à duração e altura das
inundações, resultando em um mosaico de habitats, com diferentes fitofisionomias. Todos
esses fatores associados são responsáveis pela alta biodiversidade característica do
Pantanal.
Segundo Sánchez (1978) como em outras planícies de inundação, o equilíbrio
ecológico das paisagens é muito sensível às alterações da estrutura fisiomômicos -
florística, apresentando grande heterogeneidade, que pode ser explicada pela relação entre
a dinâmica hídrica e a estrutura geomorfológica.
De acordo com Nunes da Cunha et al. (1996) esta região apresenta inundações
anual-sazonais, também exibe períodos plurianuais de grandes enchentes e secas, e durante
a fase plurianual de inundações excepcionais, até as áreas altas de capões e cordilheiras são
inundadas.
A distribuição sazonal da pluviosidade no Pantanal ocorre, em média, por uma
alternância de outono-inverno com menor intensidade, abaixo de 100mm, e uma
concentração substancial de chuvas no período de primavera - verão, 250-330mm, sendo
que, a evaporação ultrapassa a precipitação durante 6 a 12 meses (Tarifa, 1986). Contudo,
podem existir consideráveis variações locais no padrão anual de chuvas (Nunes da Cunha
& Junk, 1999).
As amostragens foram realizadas na Reserva Particular de Patrimônio Nacional
SESC - Pantanal, situada cerca de 140 Km da capital do Estado, a qual possui uma área de
106.588 hectares localizados na parte norte do Pantanal mato-grossense.
Procedimentos em campo
Com o uso de trenas foi demarcado um transecto de 6 km dividido em 12 pontos.
A cada ponto foi fixada uma estaca a um metro de distância do transecto, onde foi
estabelecida uma linha perpendicular com o transecto com 250m de comprimento seguindo
o nível topográfico, chamado de isolinha. Em cada isolinha foram instalados 5 conjuntos
129
Procedimentos em laboratório
Os organismos foram triados e depositados em frascos com álcool a 70%. No
laboratório as amostras foram triados e agrupados levando em conta o nível taxonômico de
ordem, segundo BORROR & DELONG (1969).
Foram coletados dados abióticos como umidade do solo (aparelho Moisture Meter
HH2), matéria orgânica, topografia, serapilheira e granulometria do solo - foram pesadas e
peneiradas em peneiras de 2 mm, 1 mm, 250 mm, 125 mm e 63 mm, sendo classificada
como seixo, areia grossa, areia média, areia fina e silte respectivamente; as partículas
menores que 63mm que restaram foram classificadas como argila.
Para os dados bióticos foi realizada uma caracterização aproximada da
fitofisionomia que cada isolinha englobava, abundância, riqueza e diversidade arbórea
acima de 10cm de diâmetro.
RESULTADOS
Foram coletados 2359 indivíduos pertencentes as Classes Arachnida e Insecta
distribuídos em 12 ordens, sendo que 7 indivíduos não foram identificados (Tabela 1).
Hymenoptera foi a ordem mais representativa (1035 ind.; 43.87%), seguida por
Coleoptera.(439 ind,; 18,61%) e Collembola. (404 ind.;17,13%). O ponto mais abundante
foi o P. 6 com 571 indivíduos, que corresponde a uma fitofisionomia de cambarazal
130
Tabela 1 – Abundância de artrópodes (N) capturados por ponto amostral utilizando-se armadilhas pitfall, no
Pantanal de Mato Grosso, MT.
Pontos amostrais
ORDEM 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 TOTAL
Hymenoptera 88 179 40 62 39 176 126 129 22 95 51 28 1035
Coleoptera 112 15 3 29 10 137 24 2 90 0 0 17 439
Collembola 34 11 13 22 40 219 23 5 0 1 11 25 404
Diptera 30 3 10 4 61 16 5 10 23 5 16 8 191
Acari 2 2 9 6 22 7 14 7 0 14 21 62 166
Araneae 6 9 1 5 3 14 6 4 11 9 4 6 78
Orthoptera 1 2 0 0 2 1 1 3 11 5 1 0 27
Blattodea 1 2 0 0 0 0 0 0 2 1 0 0 6
Dermaptera 1 0 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 2
Embioptera 0 0 1 1 0 0 0 0 0 0 0 0 2
Mantodea 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 0 0 1
Lepidoptera 0 0 0 0 0 0 0 0 1 0 0 0 1
Não identificados 3 0 0 0 0 1 1 0 0 0 1 1 7
TOTAL 278 223 77 129 177 571 201 160 160 130 106 147 2359
Tabela 2 – Porcentagens de indivíduos, média e desvio padrão das ordens no Pantanal de Mato Grosso,
MT.
Esforço Amostral
Através da análise de freqüência acumulada de ordens, pode-se observar que o
esforço amostral foi satisfatório no total de pontos amostrados, e que a curva de
acumulação dos 12 pontos exibe uma estabilidade (Figura 1).
131
15
Nº de ordens
10
5
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
Pontos
Figura 1 - Estimativa do esforço amostral das ordens de artrópodes, amostrados no Pantanal de Mato Grosso,
MT.
Diversidade
O índice de diversidade de Simpson calculado para as ordens nos 12 pontos foi
maior no P. 5 (D=0.767) e menor no P. 8 (D=0.344). Para o índice de diversidade de
Shannon destacou-se o P. 12 (H`=2.198), demonstrando que há uma distribuição mais
homogênea do número de indivíduos, já o menor índice foi registrado no P. 2 (H`=1.184).
Ambos demonstraram resultados semelhantes por pontos (Tabela 3).
Tabela 3 - Índices de diversidade de Shannon (H’) e Simpson (D) calculados por pontos amostrais (log2).
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12
D 0,707 0,348 0,678 0,69 0,767 0,699 0,572 0,344 0,638 0,45 0,695 0,74
H' 2,036 1,184 2,014 2,025 2,276 1,918 1,776 1,174 1,919 1,413 2,032 2,198
14
Rique z a de Orde m
12
10
4
Pontos
Similaridade
A similaridade (Morisita) entre os pontos mostrou-se alta (Tabela 4), indicando
que a composição de ordens é semelhante entre os mesmos. O resultado a maior
similaridade obtida foi entre P. 2 e P. 8 (90.28%), a menor entre P. 8 e P. 9 (25.63%). Os
índices de similaridade demonstraram que o P.9 diferencia-se dos demais pontos em geral.
Tabela 3 - Índices de Similaridade por ponto amostrados no Pantanal de Mato Grosso, MT.
P. 1 P. 2 P. 3 P. 4 P. 5 P. 6 P. 7 P. 8 P. 9 P. 10 P. 11 P. 12
P. 1 -
P. 2 48,64 -
P. 3 61,19 64,32 -
P. 4 72,85 65,84 78,67 -
P. 5 53,74 37,45 68,79 54,18 -
P. 6 73,17 47,41 56,99 76,90 56,19 -
P. 7 61,27 80,40 78,14 81,71 50,88 60,74 -
P. 8 45,90 90,28 68,25 62,41 36,86 41,92 77,25 -
P. 9 68,30 27,65 31,93 43,21 36,60 43,22 31,75 25,63 -
P. 10 40,25 81,79 68,63 60,46 40,24 38,31 76,77 86,44 29,09 -
P. 11 57,02 60,45 85,02 70,10 62,82 48,02 72,05 65,77 32,89 68,72 -
P. 12 51,57 37,12 58,42 59,50 61,55 54,44 54,82 35,91 34,98 38,67 58,94 -
Correlação
A correlação entre a abundância de artrópodes é negativa com a argila (-0.533) e
matéria orgânica (-0.402) e positiva com areia fina (0.722) e abundância arbórea (0.684)
(Tabela 5).
133
Regressão
A regressão múltipla da abundância de artrópodes com a areia fina e abundância
arbórea mostrou-se significativa (R2= 0.745 e p>0.05). Com a Regressão Stepwise a
abundância arbórea possui um R2=0.590 e p>0.05 enquanto que a areia fina possui um
R2=0.435 e p>0.05 indicando que a uma estreita influência da abundância da
artropodofauna com a abundância arbórea em relação a variável areia fina.
DISCUSSÃO
A Classe Insecta foi a mais representativa com 2108 indivíduos correspondendo a
89.63% dos indivíduos identificados, o mesmo padrão presente em vários estudos (Hofer et
al. 2001). Tal resultado pode estar correlacionado ao fato dos insetos serem dotados de alta
capacidade de dispersão, o que lhe confere uma característica de colonizadores rápidos, e
ainda, de ampla distribuição (Price, 1984). A ordem Hymenoptera, a maioria Formicidae
foi mais abundante com 43.87%, fato que pode estar associado ao hábito de construção de
ninhos no solo e se alimentarem acima dele (Borror et al.1965).
Este fato pode ser confirmado pelos resultados obtidos por Marques et al. (2001),
que obtiveram Formicidae como grupo dominante, representando 44% da fauna amostrada
em copas de V. divergens, durante o período de vazante no Pantanal. E a mesma maneira
por Santos (2001), quando investigou a fauna de artrópodes em Attalea phalerata Mart.
(Arecaceae), obtendo Formicidae como o segundo grupo dominante no período de seca no
Pantanal de Mato Grosso.
Estudos realizados na Amazônia e Pantanal por Adis (1997) e Adis et al. (2001)
demonstraram que as formigas representam um importante componente da artropodofauna
nas áreas alagáveis, já que participam de grande parte dos processos ecológicos, além de
134
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ADIS, J. Estratégias de sobrevivência de invertebrados terrestres em florestas inundáveis
da Amazônia Central: uma resposta à inundação de longo prazo. Acta Amazônica 27(1):
43-54, 1997.
ADIS, J.; MARQUES, M.I.; WANTZEN, K.M. First observations on the survival
strategies of terricolous arthropods in the northen Pantanal wetland of Brazil. Andrias 15:
127-128, 2001.
BEGON, M.; HARPER, J.L.; TOWNSEND, C.R. Ecology: individuals, populations and
communities. 3th Ed. Blackwell Science Ltda, 1996.
BORROR, D. J.; DELONG, D. M. Introdução ao Estudo dos Insetos. ed. Edgar Blucher
Ltda, 1969.
HOFER, H.W.; HANAGARTH, M.; GARCIA, C.; MARTIUS, E.; FRANKLIN, J.;
ROMBKE, L.; BECK. Structure and function of soil fauna communities in Amazanian
anthropogenic and natural ecosystems. Euro Jornal Soil Biology 37: 229-235, 2001.
MARQUES, M.I.; ADIS, J.; NUNES DA CUNHA, C.; SANTOS. Arthopod biodiversity
in the canopy of Vochysia divergens Pohl (Vochysiaceae), a Forest dominant in the
Brazilian Pantanal. Stud. Neotrop. Fauna Environ. 36(3): 205-210, 2001.
PRICE, P.W. Insect Ecology. 2º ed. Wiley Interscience. New York, 1984.
RUPPERT, E.E.; BARNES, R.D. Zoologia dos Invertebrados. Sexta edição. Editora
Roca, 1996.
136
INTRODUÇÃO
As áreas inundáveis do Pantanal Mato-grossense apresentam-se como um
mosaico de habitats temporários (Junk & Silva, 1996) que são selecionados por animais
que se movimentam ativamente como os gastrópodes aquáticos.
138
MATERIAIS E MÉTODOS
Este trabalho teve como apoio logístico a infra-estrutura disponibilizada para a
disciplina “Ecologia de Campo” do Programa de Pós-Graduação em Ecologia e
Conservação da Universidade Federal de Mato Grosso. Durante essa disciplina, uma área
experimental em meso-escala foi demarcada na RPPN do SESC Porto Cercado no
município de Poconé, MT. Doze isolinhas de 250 metros foram demarcadas de 500 em 500
metros ao longo de um transecto de seis quilômetros. As isolinhas estavam dispostas sobre
139
RESULTADOS
Foram registradas 186 conchas de Pomacea lineata em 9 das 12 linhas estudadas,
somando-se os indivíduos coletados por ambos os métodos. Apenas nas isolinhas 500,
3000 e 3500 não foram observadas conchas. A tabela 1 e a figura 1 trazem informações a
respeito da ocorrência e densidade de conchas da espécie nas diferentes linhas, além de
dados secundários disponíveis sobre os ambientes.
Tabela 1 - Presença (1) / Ausência (0) de Pomecea lineata, profundidade da água durante a estação cheia e
dados fitofisionômicos nas diferentes parcelas.
Isolinhas 500 1000 1500 2000 2500 3000 3500 4000 4500 5000 5500 6000
Presença/Ausência 0 1 1 1 1 0 0 1 1 1 1 1
Indivíduos/m2 0 0,833 0,833 0 0 0 0 0 3,333 1,666 5 1,666
Nível de água 22,5 42,3 84,6 73,6 101,3 68 51,7 72,4 46,6 58,4 97 93
Cobrt. gramas (%) 2 45 87 57 78 13 77 93 27 87 94 99
140
1,2 120
Presença / Ausência
1 100
0,8 80
Indivíduos/m2
0,6 60
0,2 20
Cobertura vegetal
0 0 perecentual por
500 1000 1500 2000 2500 3000 3500 4000 4500 5000 5500 6000 gramas nas parcelas
Localização da isolinha no transecto
Tabela 2. Resumo dos resultados obtidos pela regressão logística aplicada sobre os dados de ocorrência,
profundidade da coluna de água durante a cheia e cobertura percentual por gramas.
Parâmetro correlacionado à ocorrência de Estimate S.E. t-ratio p-value
Pomacea lineta ↓
Profundidade da coluna de água 0,063 0,042 1,488 0,137
Cobertura percentual por gramas 0,046 0,027 1,708 0,088
141
1.2
1.0
0.8
PRESENCA
0.6
0.4
0.2
0.0
20 30 40 50 60 70 80 90 100 110
NIVEL
Figura 2 - Gráfico ilustrando a ocorrência e ausência de conchas de Pomacea lineata em isolinhas com
diferentes profundidades.
1.2
1.0
0.8
PRESENCA
0.6
0.4
0.2
0.0
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100
COBERTURA
Figura 3 - Gráfico ilustrando a ocorrência e ausência de conchas de Pomacea lineata em isolinhas com
diferentes percentuais de cobertura por gramas.
DISCUSSÃO
Tendências foram observadas na distribuição de conchas de Pomacea lineata nos
ambientes representados pelas isolinhas:
Conchas não foram encontradas em ambientes com profundidade da coluna de
água abaixo de 40 cm, como na isolinha 500. Contudo também não foram encontradas nas
isolinhas 3000 e 3500, onde a profundidade da coluna de água durante o período de cheia
deve ficar entre 50 e 70 centímetros. De fato, ao efetuar regressão logística sobre os dados
não houve a constatação de uma relação significativa entre presença de conchas e
profundidade das isolinhas (valor p = 0,137). A densidade de conchas estimada pelo
método de quadrats sequer apresentou semelhante tendência. Provavelmente, a área
amostrada pelos três quadrats em cada isolinha (12 m2) foi insuficiente para registrar
tendências mediante as densidades verificadas. Em um trabalho sobre distribuição e
142
AGRADECIMENTOS
Agradeço ao corpo docente e Coordenação do Curso de Pós-Graduação em
Ecologia e Conservação da Biodiversidade da Universidade Federal de Mato Grosso por
efetivar a disciplina de Ecologia de Campo graças à qual foi possível realizar este trabalho.
Agradeço à instituição Sesc Pantanal Porto Cercado e a cada um dos seus
integrantes que em vários momentos colaboraram na abertura das isolinhas, coleta dos
dados ou operações de logística na base de apoio.
Agradeço aos profissionais do INPA, Dr. Gonçalo e Drª. Flávia pela orientação a
nós oferecida para a demarcação da área experimental, determinação da metodologia
amostral e análise dos dados.
Agradeço em especial aos colegas daquela disciplina pela colaboração, que muito
mais do que profissional (dados secundários), resultou em extraordinária união, atenção,
compreensão, simpatia e em todas as “forcinhas” trocadas em campo e na análise dos
dados.
143
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
DUARTE, M. M.; DEFENBACH, C.O. 1994. Microdistribuition and Abundance of
Freshwater Mussels (Mollusca: Unionacea and Corbiculacea) in Suzana Lake, Southern
Brazil. Studies on Neotropical fauna and Enviroment. Vol. 29(3).
JUNK, W.; SILVA, C.J. O Conceito de Pulso Inundação e Suas Implicações Para o
Pantanal de Mato Grosso. In Anais II Simpósio sobre Recursos Naturais e Sócio
Econômicos do Pantanal, Manejo e Conservação. 18 a 22 de novembro de 1996
(Corumbá MT).
144
INTRODUÇÃO
Parte das faixas tropical e subtropical da América do Sul é ocupada por amplos
sistemas hidrográficos, geralmente responsáveis por extensas áreas de inundação (JUNK &
DA SILVA, 1995). Essas planícies de inundação caracterizam-se pela existência de vários
ambientes aquáticos e transacionais entre o ambiente aquático e o terrestre, que se
diferenciam quanto à morfometria e quanto ao grau de comunicação com o rio (THOMAS
et al., 1997).
As inundações são os distúrbios mais importantes desses sistemas e seu impacto
sobre a comunidade bentônica, como resultado da interação entre a água do rio e as
145
condições locais, pode ser extremamente variável (BECHARA, 1996). Dessa forma, as
flutuações no nível da água têm conseqüências negativas para animais de mobilidade
reduzida, como é o caso dos macroinvertebrados bentônicos.
O padrão de distribuição dos organismos aquáticos é resultado da interação entre
o hábito, condições físicas que caracterizam o habitat e disponibilidade alimentar
(MERRIT & CUMMINS, 1996).
Estudos sobre a composição e a diversidade de comunidades bentônicas, bem
como respostas individuais de cada espécie, são ferramentas importantes para o
entendimento do processamento do sedimento por variações hidrológicas, que são
acompanhadas de modificações na biota e densidades populacionais (ALVES &
STRIXINO, 2000).
A distribuição de uma população descreve a sua abrangência geográfica e
ecológica, a qual é determinada primordialmente pela presença ou ausência de hábitat
adequado. O clima, a topografia, a química do solo e a textura do solo são exemplos de
alguns fatores que podem exercer influência na distribuição geográfica das espécies
(RICKLEFS, 2003).
Os gastrópodos de água doce são organismos importantes por servirem de
alimento, na transmissão e controle de doenças humanas e veterinárias e na análise de
biogeografia fluvial. Ocorrem em quase todos os ambientes. Habitam, em geral o
sedimento e/ou a vegetação adjacente (SANTOS, 1982) São sensíveis à correnteza e
apresentam certo grau de resistência à exposição ao ar, contudo, ocorre grande variação
desse padrão. Alguns são de dispersão ampla como os Ampullariidae, Planorbidae e
Ancylidae. O modo de dispersão de espécies amplamente distribuídas é pouco conhecido,
havendo indícios de que o transporte desses animais ocorra através de aves migratórias
(SIMONE, 1999).
Marisa planogyra (PILSBRY, 1933) é um gastrópodes de água doce pertencente a
Família Ampullariidae que apresenta uma concha discoidal, como no gênero Planorbis,
com cerca de 35-50 mm de diâmetro. A cor é marrom amarelada com faixas marrom
avermelhadas a marrom escuro. Estes caracóis vivem em águas rasas com vegetação rica
na América do Sul (Venezuela, Brasil, Colômbia, etc). São comedores vorazes; na natureza
eles comem tudo o que encontram: plantas vivas e mortas, animais em decomposição e
ovos de outros caracóis (SCOTT, 1957) (Figura 1).
146
A presença das conchas desta espécie em algumas trilhas na área de estudo leva a
predizer que sua distribuição seja influenciada por algumas variáveis como nível da água,
topografia e porcentagem de cobertura por gramas.
O objetivo deste trabalho foi verificar a distribuição de conchas de Marisa
planogyra na Baía das Pedras e relacionar as variáveis topografias, nível da água e
percentagem de cobertura por gramas com a distribuição das conchas desta espécie.
MATERIAIS E MÉTODOS
O trabalho foi realizado nos meses de agosto e setembro de2004 na Baía das
Pedras (16º 29’ 7.06’’ S e 56º 24’ 7.00’’) que está situada dentro dos limites do SESC
Pantanal, Poconé - MT. A área apresenta um mosaico de cobertura vegetal, desde campos
sujos, cambarazal, mata semi-descídua a mata sempre verde, entre outros tipos de
vegetação. Sofre inundação durante o período das chuvas, o que foi constatado pelas
marcas deixadas nas árvores e mourões da cerca. Também foi observado que há presença
de gado, constituindo-se numa área de pastagem (Figura 2).
Em um transecto de 6.000 metros foram construídas trilhas, separadas a cada 500
metros, formado por isolinhas de 250 metros de comprimento cada uma.
Para registrar a presença de conchas de Marisa planogyra na Baía das Pedras
foram efetuadas amostragens nas 12 isolinhas. Um dos métodos utilizados foi o do
transecto em faixa, onde as conchas localizadas visualmente a até um metro dessas linhas
foram coletadas, sem revolver a vegetação ou serrapilheira. Adicionalmente foram
efetuadas coletas em três quadrats de 2 x 2m em cada linha, a 4 metros destas, para estimar
147
RESULTADOS
Foram coletadas 27 conchas de Marisa planogyra em 5 das 12 linhas estudadas,
utilizando o método de transecto em faixa. A amostragem por quadrats não registrou
nenhuma coleta de concha. O maior número de indivíduos foi encontrado na isolinha 5000
(16 conchas). A Tabela 1 traz informações a respeito da ocorrência da espécie nas
diferentes linhas.
A análise de regressão logística demonstrou que não há relação direta entre a
ocorrência de M. planogyra e as variáveis preditivas.
DISCUSSÃO
Como um animal aquático, a distribuição de Marisa planogyra está intimamente
relacionada a presença de água (SIMONE, 1999). Não foi encontrada relação entre a
distribuição da espécie e as variáveis: topografia (p = 0,321), nível de água (p=0,248) e
porcentagem de cobertura por gramíneas (p = 0,127), o que sugere que outros fatores
determinam a distribuição da espécie.
A presença do maior número de conchas na trilha 5.000, a qual apresenta
cobertura vegetal por gramíneas, parece estar relacionada mais a presença de um corixo
nas proximidades do que ao tipo de vegetação característica.
A distribuição de M. planogyra pode estar relacionada a formação de correntes de
água durante o período de inundação desta área, dispersando os indivíduos. No período da
vazante e seca esses indivíduos ficariam retidos pela vegetação e morreriam ficando apenas
suas conchas espalhadas pelo local. Um estudo mais aprofundado, e talvez um esforço
amostral maior poderiam contribuir para a predição das variáveis que determinam a
ocorrência deste gastrópode na Baía das Pedras.
148
AGRADECIMENTOS
Agradeço aos professores coordenadores da disciplina de Ecologia de Campo e
aos demais professores participantes pela oportunidade de aprendizagem; aos colegas pelo
apoio e companheirismo.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALVES, R.G.; STRIXINO, G. 2000. Influência da variação do nível de água sobre a
comunidade macrobentônica da Lagoa Diogo (Luiz Antônio, SP). In: SANTOS, J. E. &
PIRES, J. S. R. (Eds.) Estação Ecológica do Jataí. Volume 2. Rima, São Carlos (SP).
BECHARA, J.A. 1996. The relative importance of water quality, sediment, composition
and floating vegetation in explaining the macrobenthic community structure of floodplain
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Pantanal of Mato Grosso and the large Amazonian river floodplains. Pp. 195-217. In:
TUNDISI, J. C.: BICUDO, C. E. M.; TUNDISI-MATSUMARA, T. (Eds.), Limnology in
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SIMONE, Luiz Ricardo L. 1999. Moluscos gastrópodos, Cap. 11, pp.69-72. In: ISMAEL,
Deborah; VALENTI, Wagner Cotroni; MATSUMURA-TUNDISI, Takako; ROCHA,
149
THOMAS, S.M.; ROBERTO, M.C.; BINI, L.M. 1997. Características limnológicas dos
ambientes aquáticos e influência dos níveis fluviométricos. In: VAZZOLER, A. E. A. M.;
AGOSTINHO, A. A..; HAHN, N. S. (Eds.) A planície de inundação do Alto Rio
Paraná: aspectos físicos e socioeconômicos. EDUEM/UEM-Nupelia, 460 p.
ANEXOS
Carvoeiro
Pombeiro
inundável
transição
sempre
Campo
Mata de
Campo
verde
jovem
Mata
120 20
Elevação (cm)
100
15
80
60 10
40
5
20
0 0
500 1000 1500 2000 2500 3000 3500 4000 4500 5000 550 6000
0
Figura 02 – Variação da Lâmina d'água, Topografia e Umidade Relativa em isolinhas no Pantanal de Poconé
– MT, SESC – PANTANAL.