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🪨🌊 Geologia Marinha 🌏🌞

Sebenta realizada por Maria Moreno e Carolina Madureira


2022

Módulo Angêla:
A geologia define-se como ciência que estuda como a Terra se terá formado, como tem
evoluído, qual a sua composição e estrutura, a geodinâmica interna e externa e formas de
preservar os habitats e estabilizar as condições de equilíbrio necessárias.

Conceitos básicos:

- A terra como sistema de componentes interativos;


- A tectónica de placas como uma teoria unificadora para a compreensão dos processos
geológicos;
- As modificações que ocorrem no sistema Terra ao longo do Tempo geológico;
- Um dos princípios usados na geologia é o Princípio das Causas Atuais/Princípio do
Uniformitarismo, que diz que o presente é a chave para o passado e o passado é a
chave para o futuro.

Método científico:
• É um processo continuo de procura e partilha de evidências que suportem,
desaprovem ou revejam hipóteses, teoria e modelos
• Tem como objetivo explicar o funcionamento do Universo
• Tem como principais fases:
o observação e experimentação
o desenvolvimento de uma ou mais hipóteses
o testagem das várias hipóteses
o formulação de uma teoria científica
o formulação de um modelo científico - consiste na representação de alguns
aspetos da natureza baseados num conjunto de hipóteses e teorias
estabelecidas, são essenciais na geologia pois permitem compreender e prever
o comportamento de sistemas de longa duração, impossíveis de observar
numa escala de tempo humana
• Quanto mais tempo uma teoria resistir aos novos conhecimentos maior a sua
credibilidade, no entanto na ciência qualquer explicação está sempre sujeita a ser
questionada
A indução é a forma de raciocínio aplicada às ciências naturais e permite formular leis gerais
para um infinito número de casos a parSr de um finito número de observações (generalização
das observações). Estas podem ser:

- Indução exata – dedução de um caso particular, comprovação pela experiência


- Indução generalizada – estabelecimento de uma verdade universal ou uma referência
geral com base no conhecimento de um certo número de dados singulares
As leis que destas surgem podem ser:

- Leis baseadas na indução exata – alto grau de segurança e validade duradoura


- Leis baseadas na indução generalizada – fator de incerteza que pode ser modificada
ou refutada por novas observações
A geologia marinha é a ciência que estuda o caráter e a história das partes da Terra que foram
cobertas pelos oceanos, compreendendo como se desenvolveu a sua estrutura e quais os
processos geológicos que lhes deram origem. Esta engloba áreas como:

- geofísica – características e comportamentos físicos da Terra


- Geoquímica – composição química da Terra
- Sedimentologia – deposição dos sedimentos
- Paleontologia – evolução da vida ao longo do tempo
- Fundos dos oceanos
- Margens costeiras
- Prospeção dos recursos naturais do fundo do mar (cartografia das rochas,
monitorização das atividades tectónicas e colheita de amostras)

*algumas das limitações da geologia são a dificuldade no acesso direto a grandes


profundidades e a realização de colheitas

**alguns dos principais recursos geológicos são o gás natural, petróleo, minerais raros e
elementos de valores económicos (Cl, Na, Mg, K, B, Br, …)

Os jazigos minerais marinhos desenvolvem-se como consequência da convergência de vários


mecanismos, como são exemplos a precipitação, a sedimentação, o metabolismo biológico, a
concentração diagenéSca e aSvidade vulcânica, e podem aparecer desde em margens
conSnentais até a cordilheiras médio oceânicas.

Alguns dos processos geológicos que ocorrem nos fundos oceânicos são:

- Sistemas da cadeia média oceânica associadas a rifts


- A fossa das marianas
- Limites oceano-continente
- Nova crusta oceânica
- Destruição da crusta nas zona de subducção

Sistema Terra
O sistema Terra é composto por todas as partes do planeta e as respetivas interações e é um
sistema aberto, que como tal realiza trocas de matéria e energia com o resto do universo.

A forma da Terra e a sua superfície são estudadas pela área da Geodesia. Em relação à forma
da Terra estudos recentes mostram que a Terra não é uma esfera perfeita. Em relação à sua
superfície o nível de referência usado para medir a elevação de toda a superfície continental e
as elevações do fundo do mar é o nível do mar.

A Terra é um sistema de camadas interativas cujas fronteiras são delimitadas pelas diferentes
composições químicas e físicas (que levam a diferentes comportamentos quando sujeitos a
abalos sísmicos) e pelas diferentes densidades.
Existem dois modelos da estrutura interna da Terra:
• consoante a composição química (faz variar a densidade):
o crosta – formada pelos continentes e oceanos, sendo que, como a crusta
continental é menos densa que a oceânica, esta “flutua” na outra
o manto
o núcleo externo – estado líquido
o núcleo interno – estado sólido
o As respetivas descontinuidades são a descontinuidade de Mohorovicic, a
descontinuidade de Gutenberg e a descontinuidade de Lehman
• consoante as propriedades físicas:
o litosfera
o astenosfera
o mesosfera
o endosfera

O geossistema inclui o clima, as placas tectónicas e o sistema geodinâmico. O sistema climático


recebe energia da radiação solar e envolve interações entre a atmosfera, a hidrosfera, a
biosfera, a criosfera (calotes polares, glaciares e outras superfícies com gelo ou neve) e a
litosfera. A litosfera também está presente no sistema de tectónica de placas juntamente com
a astenosfera e o manto profundo. Ambos os sistemas geodinâmicos, que envolve interações
entre o núcleo interno e externo, e de tectónica de placas recebem energia do calor interno da
Terra.
O calor interno da Terra afeta o movimento das placas através das correntes de convecção. A
matéria quente do manto sobe até aos riftes e faz com que as placas se formem e divirjam,
onde as placas convergem a placa arrefecida é subductada, afunda e aquece outra vez.
No caso do sistema geodinâmico o movimento rápido do núcleo externo desperta um fluxo
elétrico no núcleo interno e provoca assim a formação do campo magnético terrestre.

Tempo geológico:
• 4.6 mil milhões de anos atrás – formação do sistema solar
• 3.5 mil milhões de anos atrás – formação do sistema geodinâmico
• 2.7 mil milhões de anos atrás – oxigénio começa a formar-se na atmosfera
• 2.5 mil milhões de anos atrás – aparecem os continentes na crusta
• 2.0 a 1.0 mil milhões de anos atrás – aparecimento de vida mais complexa (algas)
• 600 milhões de anos atrás – primeiros animais
• 542 milhões de anos atrás – Big Bang evolucionário
• 443 milhões de anos atrás – primeira extinção em massa
• 420 milhões de anos atrás – 1º mamíferos terrestres
• 359, 251 e 200 milhões de anos atrás – 2º extinção em massa
• 125 milhões de anos atrás – primeiras plantas com flores, frutos e sementes
• 65 milhões de anos atrás – mais recente extinção em massa (dinossauros)
• 5 milhões de anos atrás – 1º ominídeo
• 200 000 anos atrás – aparecimento dos Homo Sapiens

*a unidade de tempo em geologia é 1 milhão de anos


**a Terra tem uma idade aproximadamente de 4500 a 4600 milhões de anos e o universo tem
+/- 13.7 milhões de anos

idade relativa - estabelecimento de uma sequência cronológica baseada no princípio da


sobreposição de estratos e na presença de fósseis
idade absoluta - baseia-se no decaimento radioativo de isótopos de determinados elementos
*isótopos pai e filho
coluna geológica - sucessão cronológica, conhecida através do cálculo da idade absoluta,
relativa a todos os estratos conhecidos
*Précambrico –> fanerozoico
Archean -> Proterozoico -> paleozóico -> mesozóico -> cenozoíco
Tectónica de placas:
A teoria da tectónica de placas baseia-se no movimento das placas e das forças que atuam
sobre elas e explica a distribuição dos vulcões, sismos, cadeias montanhosas e estruturas dos
fundos marinhos.
*as forças que provocam o movimento das placas provêm do sistema de convecção do manto

A evolução da teoria baseia-se:


• deriva continental – defendida pela similaridade das formas e idades das rochas ao
longo dos oceanos, pelas formas dos diferentes continentes “encaixarem” umas nas
outras e pela distribuição de certos fósseis
• expansão dos fundos oceânicos – defendida pela atividade geológica nas fronteiras
das placas e pela nova crusta formada nalgumas fronteiras

As fronteiras podem ser:


• divergentes:
o afastamento e criação de litosfera,
o associadas a riftes, vulcões e sismos,
o ocorrem apenas entre duas placas oceânicas ou duas placas continentais.
• convergentes:
o colisão com deformação da placa continental e subducção de placa oceânica,
o quando ocorre entre duas placas oceânicas origina trincheiras oceânicas, arcos
de ilhas vulcânicas e sismos profundos,
o quando ocorre entre duas placas continentais associa-se ao espessamento da
crusta, a montanhas e a sismos,
o quando ocorre entre uma placa oceânica e uma continental dá-se a subducção
da placa oceânica e origina-se uma cadeia montanhosa vulcânica e sismos
profundos.
• transformativas:
o deslizamento horizontal associado a falhas,
o podem ocorrer em ambas as placas e provocam transformações por
deslizamentos laterais com sismos.

As anomalias magnéticas:
• Os fundos oceânicos conservam o valor magnético do campo magnético terrestre
presente no momento em que foram formados e como tal existem áreas de maior e
menor valor magnético ao longo do oceano,
• As fronteiras entre as bandas que representam diferentes idades da crusta são
contornos de igual idade chamados isócronas,
• A velocidade com que o fundo do mar alastra calcula-se por distância: tempo
(mm/ano).

A história das placas tectónicas:


• A distribuição dos continentes e dos oceanos no planeta Terra lenta mas em constante
alteração,
• O primeiro supercontinente denominava-se Rodinia, formou-se há 1.1 mil milhões de
anos e começou a separar-se há 750 milhões de anos,
• O segundo supercontinente denominava-se Pangeia, formou-se há 237 milhões de
anos e começou a separar-se há 195 milhões de anos.
Convecção do manto (teorias)
• Convecção do manto inteiro – a placa é reciclada num só ciclo que se estende desde a
fronteira superior do manto até à fronteira entre o núcleo e o manto
• Convecção estratificada - existem dois ciclos cuja fronteira está a aproximadamente
700km da superfície, sendo a convecção do manto inferior mais lenta que a do
superior

Ciclo de Wilson:
1 - Limites divergentes em placas continentais levam ao progressivo afastamento destas;
2 - Isto leva ao começo de um novo ciclo para o aparecimento de um novo oceano e crusta
oceânica;
3 - Ao longo do processo o fundo oceânico vai expandindo com a sedimentação e
arrefecimento das margens;
4 - Quando o novo oceano atinge um limite convergente a placa oceânica, por ser mais densa,
é subductada pela placa continental formando uma cadeia vulcânica ativa;
5 - Os sedimentos da placa ou fragmentos que arrastou com ela são usados para formar mais
material para a placa continental;
6 - A convergência continua até às duas placas continentais colidirem e criarem assim uma
cadeia montanhosa, uma crusta mais espessa e um novo supercontinente;
7 - O supercontinente formado começa a erodir e a ficar com uma crusta mais fina até se
voltar a dar o ciclo novamente.

Margens conGnentais e bases oceânicas:

A baSmetria é a medição da profundidade dos oceanos, lagos e rios e é expressa


cartograficamente por curvas baSmétricas que unem pontos da mesma profundidade com
equidistâncias verScais. Para as medições são usados:

• Ecobatímetros – sentem os contornos do fundo oceânico radiando ondas sonoras para


o fundo e medindo o tempo necessário para que as ondas voltem ao navio, calculando
assim a distância ao fundo do mar;
• Sistemas multifeixe – ecobatímeros com vários feixes de ondas;
• Altimetria por satélite
*A topografia dos oceanos mostra que a profundidade dos oceanos é claramente maior que a
altura média dos conSnentes.

**O oceano atlânSco tem margens mais passivas com pouca ou nenhuma aSvidade geológica
enquanto o oceano pacífico tem margens mais aSvas com aSvidade geológica.

O fundo oceânico pode ser classificado como:

• Margem continental – bordo exterior submerso de um continente ou região onde a


crusta continental encontra a oceânica, pode ser passivas/arrastadas ou ativas/líderes;
o plataforma continental – ampla extensão rasa dos continentes, região de
deposição;
o quebra da plataforma – borda da plataforma, mudança de inclinação;
o talude continental – estende-se desde a quebra até à bacia, zona de pouca
deposição;
• Bacia oceânica – o fundo do mar para além da margem continental.
*as fontes hidrotermais são fissuras na crosta a parSr da qual emerge um fluido geotermal. A
água penetra na crosta a altas profundidades e reage com os minerais presentes, sofrendo
alterações tsico-químicas. O aquecimento faz com que a água ascenda pelo aumento da
pressão.

Ciclo geológico:

Relaciona os processos que se desenvolvem no interior da Terra, promovidos por uma energia
interna, com os processos motivados por uma energia externa.
A modelação da superfície da Terra depende da reação entre a litosfera (camada rochosa
rígida de composição variada) e a hidrosfera + atmosfera, e, sendo assim, o ciclo geológico
envolve:
• Ciclo hidrológico:
o consiste no movimento da água na hidrosfera, atmosfera e litosfera
o os principais conceitos são evaporação, precipitação, infiltração, águas
subterrâneas, glaciares, lagos, rios, oceanos, transpiração
• Ciclo litológico / Ciclo das rochas:
o define-se pelo conjunto de transformações do material rochoso quer à
superfície quer à profundidade
o engloba o desgaste dos continentes, a deposição de sedimentos nos oceanos e
a formação de novas rochas em novas locais
o os principais tipos de rochas são:
§ magmáticas - resultantes da consolidação de magmas fundidos,
podendo ser plutónicas ou vulcânicas
§ sedimentares – provenientes de outras rochas ou da atividade de
seres vivos, formadas através da génese (meteorização, erosão,
transporte, sedimentação) e diagénese (compactação, cimentação),
classificadas em detríticas, quimiogénicas e biogénicas
§ metamórficas – resultantes de rochas pré-existentes sujeitas a
elevadas temperaturas e pressões, fluidos e tempo
• Ciclo tectónico
As principais energias presentes no ciclo geológico são a energia solar, que provoca a
circulação da atmosfera, litosfera e processos exógenos, e o calor interno da Terra, que
provoca atividade ígnea, metamórfica e tectónica.

Morfologia oceânica:

Alguns dos conceitos mais relacionados com a morfologia dos oceanos são:

• Plataforma continental e oceânica;


• talude continental e oceânica;
• rampa continental.
• planície abissal – vasta planície que se estende a partir da base do talude continental;
• fundo oceânico;
• monte submarino;
• colinas abissais – pequenos vulcões extintos;
• monte submarino erudito no topo – não ultrapassam o nível do mar, geralmente de
origem vulcânica - Guyot;
• morros submarinos;
• fossa abissal – depressões causadas pela subducção de uma placa oceânica em
formato em V com profundidades dependentes do nível de sedimentação do seu
fundo;
• arco de ilhas vulcânicas;
• cordilheira meso-oceânica – responsável por uma grande parte do vulcanismo
terrestre e associado a falhas transformantes;
• bacias oceânicas – partes da planície abissal separadas por margens continentais,
cumes,
• cume – cadeia montanhosa de rocha basáltica jovem num centro de disseminação
ativo do oceano;
• crista oceânica e vale axial;
• atol (ilha oceânica em forma de anel com estruturas coralíneas e de outros
invertebrados, constituindo no seu interior uma lagoa);
• canhões submarinos – canal em forma de V inserido na plataforma continental
formado por rios e correntes turbulentas (com deposição decrescente – maior para
menor – de sedimentos).

*a curva hipsométrica é uma representação gráfica do relevo médio de uma bacia,


representando a variação da elevação dos vários terrenos da bacia com base de referência o
nível médio de mar

**os mapas baSmétricos são mapas topográficos do fundo do mar (usam linhas para mostrar a
forma e a elevação das caracterísScas do terreno)

Composição química e recursos geológicos dos oceanos:

A obtenção de evidências diretas da composição do fundo dos oceanos é possível através da


amostragem e das sondagens. O desenvolvimento recente de sistemas acúsScos permite
cartografar com elevado detalhe vastas áreas inexploradas do fundo marinho.

Pensava-se que não exisSam formas de vida abaixo dos 600 metros devido à ausência de luz e
às elevadas pressões, mas em 1977 foram descobertas densas colónias de grandes organismos
a coabitar junto de fontes hidrotermais localizadas a grandes profundidades. Este é um
exemplo de um sistema vivo baseado na quimiossíntese em estreita ligação com um fenómeno
geológico, uma vez que a base desta cadeia trófica são bactérias capazes de produzir energia a
parSr de sulfuretos de hidrogénio libertados pelas chaminés hidrotermais. Outros exemplos de
invesSgações atuais são os hidratos de metano, os vulcões de lama, as chaminés carbonatadas,
os corais de água fria e os seres extremófilos.

Os ofiólitos são sequências de litologias que caraterizam uma provável anSga crusta oceânica
obductada na crusta conSnental e ocorrem à supertcie por ação de processos de deslocação e
levantamento. Estes apresentam a seguinte sucessão (base para o topo):
• rochas residuais – normalmente peridotitos (olivina e mineral ferromagnesiano);
• cumulado de rochas ultramáficas e máficas – peridotitos, piroxenitos e gabros;
• diques verticais;
• rochas vulcânicas basálticas – pillow lavas;
• rochas sedimentares pelágicas – calcários e chertes.
*em Portugal conSnental ocorrem ofiólitos na região de Trás-os-Montes e de Beja

Os sistemas hidrotermais “Vents” provocam:

• serpentinização, isto é, reações entre a água e o basalto que levam a alterações do


basalto e consequentemente à formação de serpentinitos;
• formação de sulfuretos maciços de Ferro.

A formação do basalto inicia-se com a fusão parcial do manto e segue-se pela solidificação por
um processo de cristalização fracionada.

MORB – Mid Ocean Ridge Basalt (basalto das cristas oceânicas) é um basalto básico formado
desta maneira com uma petrografia (descrição das rochas quanto à presença de minerais e
textura de acordo com o microscópio petrográfico) descrita por uma textura vítrea e porfiríSca
e mineralogia variável, compreendendo olivina, plagióclase cálcio e piroxena.

*em relação ao armazenamento do magma sob os rixes, depende se os limites divergentes


forem rápidos (câmaras magmáScas de maiores dimensões e consequentemente magma mais
uniforme) ou lentos (câmaras magmáScas de menores dimensões e consequentemente
magma mais diferenciado)

No que diz respeito a recursos geológicos o fundo marinho contém:

• recursos energéticos:
o renováveis – geotermia, ondas, marés, vento, correntes e gradiente térmico
o não renováveis – petróleo, carvão, gás natural e hidratos de metano (energia
do futuro)
• minerais:
o metálicos – sulfuretos, ferro, manganês, níquel, cromite, nódulos metálicos,
cobalto, titânio, ouro …
o não metálicos – sal (Na, Cl, Mg, K, Br, Sr, B), inertes (areia e cascalho),
fosforitos, carbonato de cálcio
A maioria das ocorrências de minérios deve-se a processos geológicos nos limites de placas
segundo o modelo da tectónica global, encontrando-se:

• depósitos minerais nas margens continentais, nas bacias oceânicas e nas cordilheiras
meso-oceânicas;
• jazigos de sulfuretos metálicos nos limites de placas convergentes e divergentes;
• evaporitos e enxofre associados a processos de formação dos oceanos;
• fosforitos e nódulos metálicos em oceano aberto.
*o petróleo é uma mistura complexa de hidrocarbonetos e outros compostos orgânicos
originários da matéria orgânica.

**os hidratos de gás, de metano, formam-se pela decomposição de materiais orgânicos nos
sedimentos marinhos em combinação com a água originando um gelo que arde. Ocorrem nos
intersycios de sedimentos marinhos, centenas de metros abaixo do fundo, sendo um dos
melhores locais para a sua acumulação os taludes conSnentais, sobretudo de margens
passivas.

***os nódulos de ferro-manganês são porosos e com uma estrutura interna de camadas
concêntricas em torno de um núcleo composto por material vulcânico, fragmentos de ossos ou
dentes de tubarão. Ocorrem nos flancos de morros submarinos em zonas de menor teor de
oxigénio e locais de correntes mais vigorosas.

****os depósitos polimetálicos de sulfuretos estão presentes em zonas de convecção junto às


cordilheiras meso-oceânicas onde há um arrefecimento rápido da água que favorece a
precipitação de minerais e a formação de depósitos de zinco, cobre, chumbo, bário, prata,
ouro, cobalto e plaSna.

***** os fosforitos são sedimentos produzidos pela precipitação de fosfato de cálcio e ocorrem
nas plataformas conSnentais, taludes superiores, ilhas oceânicas e guyots.

****** o sal dá-se por precipitação dos sais conSdos na água do mar e os evaporitos podem
ser de águas rasas ou profundas. Sedimentos depositados sob condições hipersalinas são agora
reconhecidos como fontes potenciais de petróleo.

A gravidade:

Todos os processos tectónicos são conduzidos pela força da gravidade. Esta não é igual em toda
a supertcie da Terra devido às irregularidades da densidade e também devido à relação de
interdependência com a distribuição da massa e a forma da Terra.

*densidade = massa por unidade de volume (g/cm3)

A lei da atração universal ou lei da gravitação universal tem como fórmula:

Fg = G m1m2 / r2

Fg – força gravitacional

G – 6,67 x 10-8 cm3/g.seg2 – constante de gravitação universal

m1 e m2 – centros de massa

r – Distância entre os centros de massa

A intensidade da aceleração da gravidade terrestre calcula-se por:

g = (G x M) ÷ r2 = m/s2
M – Massa do astro esférico

r – Raio do astro esférico

A força centrífuga calcula-se por:

Fc = m v2 / d

m – Massa, movendo-se numa trajetória curvilínea

v – Velocidade linear de uma massa

d – Raio da trajetória curvilínea

A força da gravidade varia com:

• latitude (mais elevada nos polos que no equador);


• altitude (menor quanto mais afastado do centro da Terra for o local);
• densidade.
As anomalias podem ser:

• de ar livre, associadas ao efeito da variação com a altitude;


• de Bouguer, resultado de grandes diferenças na espessura e na composição da crusta,
diferentes nos oceanos e nos continentes.

A forma da Terra:

A geodesia é o ramo da geologia que trata da forma e dimensões da Terra. A forma geométrica
usada como referência para a Terra é a elipsoide, que tem um raio polar diferente do raio
equatorial. Isto deve-se à combinação da força da gravidade, que atua de maneira a formar
uma esfera, e da força centrífuga, que é nula nos polos e máxima no equador, conduzindo a um
achatamento.

O geoide:

• é uma superfície equipotencial de gravidade;


• corresponde à superfície do nível do mar (ajustamento da forma do nível do mar às
irregularidades da densidade);
• é descrito pela sua altitude acima ou abaixo do elipsoide de referência;
• é uma superfície irregular devido à correção das anomalias.
A isostasia é a teoria pela qual a litosfera flutua na astenosfera mais densa, e as elevações à
supertcie da Terra são em grande parte o resultado de variações da densidade e da espessura
da crusta. Foram criados então dois modelos para a compensação isostáSca, que dizem que a
uma dada profundidade abaixo do nível do mar a pressão deveria ser a mesma para qualquer
ponto à mesma profundidade, mas variam em relação à densidade das rochas acima da
profundidade de igual pressão, designada por supertcie de compensação (supertcie
correspondente à desconSnuidade de Mohorovicic abaixo da qual há uma reparSção
homogénea de massas, deixando de se senSr o efeito das anomalias da gravidade).
Modelo de PraW:

• As montanhas resultam de fenómenos de dilatação da crusta


• O volume é tanto maior quanto mais baixa for a massa ou densidade
• Admite variações laterais de densidade (maior no centro da montanha)
• Válida para camadas em profundidade
• Utilização na mediação da gravidade nas cristas médio-oceânicas
• Superfície de compensação a cerca de 100km de profundidade
Modelo de Airy:

• Todo o material da crusta tem a mesma densidade e flutua sobre um substrato mais
denso
• O relevo é compensando em profundidade por raízes mergulhadas no material mais
denso
• Válida para medições da gravidade próxima da superfície, em montanhas

Módulo Ary
Ambientes Sedimentares

Conceito de bacia sedimentar:


As bacias sedimentares são formações rochosas presentes em porções da crusta terrestre
geralmente formadas nas depressões de relevo, que com o tempo, por sofrerem sedimentação,
são consStuídas por várias camadas sobrepostas de sedimentos (restos de animais e vegetais,
rochas, conchas, ossos, …) com espessura significaSva, que se mantêm preservados durante
longos períodos. Devem ser entendidas como enSdades geodinâmicas resultantes de
processos e produtos geológico-estruturais interatuantes.

Algumas bacias não são em áreas deprimidas, como é o caso dos leques aluviais (depósitos de
sedimentos detríScos com formato de leque ou cone localizados nos sopés de regiões
montanhosas).

*sopé – zona de transição entre planícies e colinas de baixo-relevo e montanhas mais altas,
colinas e planaltos.

Existem também sistemas não de posicionais, que são áreas da crusta terrestre nas quais
predominam processos erosivos ou nas quais os processos de posicionais e erosivos se
neutralizam.

*zona lagunar – sedimentação detríSca e bioquímica

*zona de mar aberto – sedimentação bioquímica


A forma como a tectónica de placas afeta ou não o preenchimento sedimentar leva a
classificações como:

• Bacias sedimentares com atividade sedimentar pós tectónica relativa à génese da


bacia – nas quais os processos sedimentares se encontram em curso e a formar o
preenchimento da bacia sedimentar após o substrato ter sido tectonicamente
deformado
• Bacias sedimentares pouco deformadas e com processos sedimentares sintectónicos
– nas quais os processos sedimentares e a atividade tectónica decorreram
simultaneamente formando sequências sedimentares sintectónicas, e em que o
preenchimento e a arquitetura sedimentar e estratigráfica, mantêm as características
originais
• Bacias sedimentares fortemente, estratigraficamente incompletas e deformados
com processos sedimentares inativos – nas quais o preenchimento sedimentar se
encontra significativamente erodido e/ou fortemente deformado por tectónica

Em relação ao contexto tectónico em que se inserem as bacias estas podem ser:

• Bacias extensionais – limites divergentes de placas, com margens construtivas ou


passivas
o Bacias de rift continental
o Bacias oceânicas ou de rift oceânico
o Bacias de margem continental passiva
• Bacias compressionais – limites convergentes, margens destrutivas ou ativas
o Fossas
o Bacias relacionadas a arcos magmáticos
o Bacia de rift abortado (conhecido como aulacógeno, é um rifte cujo
desenvolvimento parou repentinamente)
• Bacias Pull Apart – limites tranformantes, margens transformantes ou conservativas

• Bacias intracratônicas – intraplaca


o Vastas depressões ovais ou circulares
o Formadas por rift. Abortado ou graben (vale alongado com fundo plano)
• Bacias paráticas
o Desenvolvem-se em ambientes litorais continentais lagunares ou em deltas e
caraterizam-se por ocasionais incursões marinhas, ou seja, só são influenciavas
consoante certas marés
• Bacias límnicas
o Não sofrem influência do mar
o Predominante sedimentação detrítica/clástica
*zonas cratónicas – com tectónica pouco aSva, massas de água pouco profundas, sedimentos
marinhos, conSnentais e costeiros, mares epiconSnentais

*margens conSnentais divergentes – substrato oceânico e conSnental, geralmente têm


sobreposto um substrato bioquímico de carbonatos e um detríSco

*margens de subducção – acumulação de sedimentos a formar um prisma acrecionário


(fenómeno formado em zonas de limites convergentes de placas oceânicas e conSnentais, que
consiste numa maior acumulação de sedimentos no “prisma” originado pela subducção de
uma placa), bacia de retro-arco
As margens correspondem a regiões onde a crusta conSnental encontra a crusta oceânica e
podem ainda ser aSvas ou passivas.

Oceanos e mares:
A oceanização dá-se por ri\ogénese – formação da crusta oceânica nos rixes e reciclagem da
mesma nos limites convergentes. Os conceitos de oceano e de mar têm significados diferentes.

Mar:

• Menor extensão territorial – extensões dos oceanos em áreas intercontinentais ou


próximas aos continentes ou sobre crusta oceânica inativa
• Localizados em áreas costeiras, limitados ou cercados quase que totalmente pelos
continentes
• Pouco profundos
• Podem ser:
o mares abertos – ligados diretamente com o oceano
o mares continentais – ligados de maneira limitado com o oceano
o mares fechados – apenas relacionados com os oceanos de forma indireta,
como por exemplo por rios e canais
Oceanos:

• Grandes extensões territoriais, associadas a riftogénese


• Delimitam as porções de terra, cercam os continentes e todas as massas de terra
emersas
• Muito profundos

Nota: o mar pode ser classificado como mar territorial (até 12 milhas náuScas desde da linha
de costa), mar patrimonial (até 200 milhas) e mar epiconSnental (até 200 metros de
profundidade)
O ecossistema marinho divide-se em:

• Região netrítica – sobre a plataforma continental até aos 200 metros de profundidade
• Região oceânica
o zona epipelágica – acima dos 200 metros de profundidade, onde vivem seres
vivos que não dependem dos fundos marinhos
o zona mesopelágica – 200 aos 1000 metros de profundidade, já não há luz
suficiente para ocorrer a fotossíntese (talude superior)
o zona batipelágica – 1000 a 4000 metros de profundidade, temperaturas frias
(talude inferior)
o zona abissal – 4000 a 6000 metros
o zona hadopelágica – abaixo dos 6000 metros (hadal)

Margem:

• Elevação do manto – cúpula com um graben central cheio de sedimentos continentais


e rochas vulcânicas
• Formação de crosta oceânica – crosta oceânica pequeno
• Podem ser margens ativas ou passivas

Aulacógeno é uma depressão no interior da placa resultado de um processo/parte de um rixe


abortado durante a sua abertura, comumente preservado em domínios cratónicos, que podem
ser sucessivamente reaSvados ao longo do tempo. Dá-se por elevação do manto (fase da
fossa), contração do manto (fase de afundamento, com uma supertcie limitado por falhas
normais e forma uma bacia sedimentar) e fase compressiva (inversão das falhas).

*cratões são porções diferenciadas da litosfera conSnental, composta pela crosta conSnental e
uma porção do manto superior, caracterizado por apresentar raízes mantélicas anSgas e
espessas.

Lei de Walther:

Numa sucessão verScal, uma passagem gradual entre duas fáceis (caracterísScas específicas
das rochas sedimentares em que se transmite informação da formação das mesmas), sugere
que as mesmas estejam associadas, tendo sido geradas em ambientes de posicionais
lateralmente conynuos.

Existem diferentes sequências de fáceis:

• Sequências granodecrescentes (positivas) – associadas a transgressões marinhas


(aportes < levantamento relativo do NMM), têm os sedimentos mais grosseiros na
base e mais finos no topo devido à diminuição da força de transporte
• Sequências granocrescentes (negativas) – associadas a regressões marinhas (aportes >
levantamento relativo do NMM), têm os sedimentos mais finos na base e mais
grosseiros no topo devido ao aumento da força de transporte.
• Sequências de somerização
• Sequências de profundidade
• Sequências granodecrescentes/granocrescentes e
estratocrescentes/estratodecrescentes, dependendo se os extratos vão diminuindo ou
aumentando de tamanho ao longo do tempo
• Sequências de Bauma completa ou incompleta (granocrescentes descendentes) –
deposição de turbiditos (rochas siliciclásticas profundas) por decantação seguida de
tração
• Sequências loferítica – sequência de afundamento
• Sequências estacionárias – os sistemas deposicionais estão em equilíbrio e, como tal,
numa secção vertical obtém-se o mesmo tipo de litologia (aportes = levantamento
relativo do NMM)
*aportes – quanSdade e Spo de sedimentos

Parassequências:

As parassequências são limitadas por duas supertcies de inundação marinha. Um lote de


parassequências é o conjunto de parassequências sobrepostas com uma determinada
polaridade e pode ser:

• Progradacional – taxa de deposição > taxa de acumulação, estratos em direção ao


centro da bacia de sedimentação
• Retrogradacional – taxa de deposição < taxa de acumulação, estratos na direção
contrária ao centro da bacia de sedimentação
• Agradacional – taxas iguais
*espaço disponível para acumulação de sedimentos
As transgressões resultam em padrões de empilhamento retrogradacionais com fáceis
marinhas sobre fáceis não marinhos. Retrogradação (elevação) conduzida pela subida relaSva
do NMM. Acomodação ultrapassa as taxas de sedimentação na linha de costa.

As regressões são a migração da linha de costa em direção ao mar. Resultam em padrões de


empilhamento progradacionais com fáceis não marinhos sobre fáceis marinhos.

As regressões podem ser:

• Regressão forçada
o a linha de costa é forçada a regredir independentemente do fator de
sedimentação
o padrão de empilhamento é a progradação com afundamento
• Regressão normal
o em que ocorre subida do nível médio do mar, mas como há uma maior taxa de
deposição, ocorre uma regressão
o em que o nível do mar se mantém constante, mas como vai ocorrendo
sedimentação ocorre regressão
o o padrão de empilhamento é a progradação com agradação

*discordância subaérea – supertcie que separa estratos mais novos de mais anSgos, ao longo
da qual existem evidências de exposição subaérea. Durante a regressão forçada de linha de
costa, a discordância subaérea estede-se para dentro da bacia.

Análise granulométrica e ambientes sedimentares:


Sedimentos – rochas ou porções de rochas ou materiais (minerais ou orgânicas) decompostos
pela geodinâmica externa. Se consolidados por algum cimento, designam-se por rochas
sedimentares.

Sedimento detríSco – material tsico resultante da meteorização (tsica e/ou química) das
rochas minerais de que derivam

Ambientes sedimentares – zonas onde os sedimentos se encontram a ser trabalhados, isto é,


modificados em tamanho e forma, e onde se depositam formando acumulações significaSvas

A escala granulométrica é definida em termos da dimensão maior das paryculas sedimentares,


sendo geralmente aferida à escala milimétrica. Para a análise granulométrica os cálculos são
feitos na escala phi . A conversão de escalas faz-se por:
phi = -log2 d(mm) ou d(mm) = 2 -phi

Em que d representa o diâmetro da parycula.

As principais divisões são conglomeradas (bloco e seixo), arenito (areias), silSto (silte) e argilito
(argila).

Os sedimentos dividem-se em populações, sendo os mais grosseiros movem-se por


rolamento/deslizamento, as areias movem-se por salteação (suspensão momentânea) e as
lamas movem-se por suspensão.

Os fluxos com mais viscosidade dinâmica têm maior capacidade de transporte.

A caraterização do sistema de posicional pode ser feita através da curva


cumulaSva (x – phi; y - %Ac). Os parâmetros são a média, a calibragem
(classifica o desvio padrão granulométrico), a assimetria (classifica-a
granulométrica de acreção) e a curtose (classifica a mistura de populações
granulométricas).

O sistema de posicional pode estar:

• em equilíbrio, em que a geração de sedimentos finos compensa a


chegada de elementos grosseiros
• em desequilíbrio com assimetria positiva, em que a geração de
sedimentos finos é superior à chegada de elementos grosseiros
• em desequilíbrio com assimetria negativa, em que a geração de sedimentos finos é
inferior à chegada de elementos grosseiros

Plataformas e rampas de mares epicon>nentais:


*epiconSnentais significa desde a costa à placa oceânica

• Plataformas e sedimentação siliciclástica (detrítica) – forte predominância de


conglomerados, areias, silves e argilas
• Plataformas com sedimentação carbonatada (química e bioquímica) – forte
predominância de calcários (carbonato de cálcio presentes nas zonas de mar aberto) e
dolomitos (carbonato de cálcio + magnésio provenientes da parte continental e
presentes nas zonas lagunares)
• Plataformas mistas – sedimentação carbonatada e detrítica – zonas com grandes
variações de temperatura
A influência da temperatura está presente no índice de compensação da calcite, que
corresponde à temperatura a parSr da qual há precipitação de carbonato, CO3 (20º a 25º).

Rampa -> plataforma = aumento da energia da aSvidade marinha

Plataforma -> rampa = abrandamento da energia da ondulação e das marés

*Talude conSnental e zona abissal – acumulação de sedimentos por movimento sedimentar


gravíSco
Módulo Guerner:
Variações eustáGcas do nível médio do mar – causas e consequências

EustaGsmo – É a ciência que estuda o fenômeno cíclico de subida e descida lenta (da ordem de
mm / ano) do nível do mar. Refere se ás transgressões e regressões marinhas.

Os pontos de referência para medir o nível médio do mar devem estar o mais próximos do mar
e denominam-se marégrafos. Estes originam registos conynuos da variação do NMM que se
designam séries maregráficos, um registo não linear com escala milimétrica e escala temporal
de no mínimo 30 anos. Estes gráficos podem ter tendência transgressiva (subida NMM) e
tendência regressiva (descida NMM).

Os ciclos eustáGcos, dependendo da escala, podem ser de 1º ordem (+50 M.a.), 2º ordem (de
3 a 50 M.a.), 3º ordem (0.5 a 3 M.a.), 4º ordem (10.000 a 500.000 anos), 5º ordem e 6º
ordem.

As variações do NMM podem se dever a:

• variações seculares ou milenares- que são as variações mais demoradas e de


dimensões milimétricas, causadas naturalnente ou induzidas indiretamente por
causas antrópicas.
• Temporais- elevações do NMM de curto período mas repetitivas devido à produção de
ondas de grande altura.
• storm surge- duram poucos dias e devem-se a núcleos de baixa e alta pressão
alternados que provocam a subida e descida do NMM respetivamente na ordem dos
centímetros
*os núcleos de pressão formam-se devido a variações acentuadas de temperature

• Tsunamis- duram poucos minutos e são causados por sismos relativos a falhas
verticais com epicentro no fundo o oceânico, estas variações são da escala de dezenas
de metros e isto deve-se às massas de água, que quando começam a chegar à zona de
costa e o espaço se reduz são forçadas a elevar o nivel do mar e criar uma onda
enorme .

As variações de longo período podem dever-se:

• fusão dos glaciares


• ao aumento da temperatura global, que leva a um aumento da temperatura da água
e consequentemente à expansão do volume que esta ocupa.
• Mudanças nas correntes de circulação de águas superficiais e profundas
• Aluimentos em regiões de deltas dos rios, movimentos de terras, delocações
tectónicas
• Armazenamento e extração de água superficial, formação de reservatórios,
mudanças na fisionomia e abastecimentos de aquíferos
Na atualidade estamos a viver um período de transgressão de 4º ordem, mas um período
regressivo de 1º ordem devido aos movimentos tectónicos de placas com tendência a formar
um novo super conSnente. Nos períodos de super conSnente o NMM diminui uma vez que se
elimina parte da plataforma e talude conSnental e se aumenta a área de planície abissal.

Os períodos de maior NMM correspondem aos períodos de maior diversidade de vida


marinha.

*os hidrocarbonetos dependem da quanSdade de seres marinhos ricos em lípidos

*uma variação verScal de 1cm corresponde a aproximadamente a uma variação horizontal de


1m

As praias podem ser móveis, quando formadas por material geológico incoerente (areia), ou
fixas (praias rochosas).

As variações de 4º ordem podem dever-se:

• Ciclos de Milankovich (que estudam os movimentos do sol em relação à Terra)


o obliquidade do eixo da Terra, pequenas oscilações com ciclos de 41 000 anos
o excentricidade da órbita terrestre, oscilações da forma das orbitas com baixa e
alta excentricidade (entre oval e circular) e ciclos de 100 000 anos
o movimento de precessão, movimento sobre si mesmo como um peão com
ciclos de 25 790 anos

Estes 3 ciclos em separado não provocam alterações visíveis mas quando simultaneamente na
mesma posição podem causar mudanças de temperatura que por sua vez alteram o NMM.

Obliquidade do eixo Excentricidade da Movimento de


da Terra órbita terrestre precessão

Alterações climá>cas- Principais causas para as alterações climáScas:


• Ciclos de Milankovitch
• Dinâmica própria da Terra
o atividade vulcânica – ao libertar SO2 (dióxido de enxofre) que tem um efeito
contrário ao CO2, promovendo a descida das temperaturas e aliviando o
fenómeno de feito de estufa. Este gás quando reage com a água forma uma
solução de ácido sulfúrico que quando precipita origina as chuvas ácidas.
o Geotectónica – correntes térmicas do manto superior que libertam calor nas
zonas de limite tectónico
• Impactos cósmicos – meteoritos podem levantar poeiras que têm o mesmo efeito que
os vulcões (cinzas)
• Atividade antropogénica

São alterações climáScas todas as variações climáScas (temperatura, precipitação, vento,


pressão atmosférica, humidade e nebulosidade) de forma generalizada que marquem uma
tendência ± regular durante um período mínimo de 30 anos.

Em relação às variações da temperatura pode haver fases de:

• Arrefecimento, correspondentes a eras de glaciarização


o Em que são mais predominantes as rochas detríticas e biogénicas, ocorre
descida do NMM, e as bacias sedimentares têm menores dimensões
• Aquecimento, correspondentes a eras inter-glaciares
o Em que são mais predominantes as rochas carbonatadas, uma vez que o
aquecimento leva à precipitação do carbonato, ocorre a subida do NMM e as
bacias sedimentares têm maiores dimensões

Estas fases costumam-se alternar em períodos de duração semelhantes, com variações


temporais de escala geológica (±milhões de anos), histórica (±centenas de anos) e humana
(±30 anos).

ü Mitigação – tentativa de minimizar as


causas, que é possível se estas forem
provocadas pelo Homem (queima de
combustíveis fosseis, agricultura intensiva,
pecuária, desflorestação e incêndios) e
impossível se estas forem provocadas pela
natureza

ü Adaptação – variar consoante os efeitos


provocados

*os gases com efeito de estufa mais abundantes são o dióxido de carbono, metano, CFCs,
ozono e óxido nitroso. As fontes mais poluidoras são a eletricidade, os transportes, a indústria,
o uso domésSco e a agricultura.

Como atuar perante as alterações do NMM?

As medidas tomadas podem ser autónomas (individuais), planeadas (decisões políScas) ou


antecipadas (obras).
As soluções podem ser:

• De proteção – “combater a natureza”


o construção de obras pesadas de engenharia costeira
o custos elevados
o apenas desloca/adia o problema
o ambientalmente degradante
o podem ser obras transversais (perpendiculares à costa) ou obras longitudinais
(obras paralelas à linha de costa)

• De retirada estratégica – “deixar a natureza atuar”


o abandonar a faixa costeira e transferir para um local seguro o património e os
serviços mais importantes
o solução muito dispendiosa
o resolve o problema durante longos períodos
• De adaptação – “construir com a natureza”
o intervenções ligeiras na barreira da costa
o exemplos: realimentação das praias, geotubos, reconstrução dunas, etc
o solução dispendiosa com investimentos contínuos de monitorização
o minimiza os fatores de gradativos

ZEE – zona económica exclusiva:

A ZEE corresponde à zona maríSma que vai até às 200 milhas náuScas depois da linha de costa
de cada país e delimita a zona sobre a qual os respeSvos estados costeiros possuem os direitos
de exploração, conservação e administração de todos os recursos vivos ou mortos maríSmos.

O mar territorial é uma faixa de águas costeiras que alcança 12 milhas naúScas a parSr do
litoral de um estado.

*ZEE portuguesa – 1 727 408 km2

A ZEE pode possuir:

• Pesca, diversidade de espécies marinhas que residem na região


• Minerais metálicos, e outros recursos minerais no subsolo
• Biodiversidade
• Petróleo
• Energia marémotriz (baseia-se no movimento das águas) e eólica em alto-mar ou
offshore

Ambientes litorais:
Importância do litoral:

O litoral é um local de forte aSvidade económica ligada à exploração de recursos e à pesca,


uma vez que é uma fonte de areias, balastros e outros sedimentos e de recursos biológicos
significaSvos. Aí ocorre uma forte acreção e erosão sedimentar.
*zona costeira – porção de território influenciada direta e indiretamente, em termos biotsicos,
pelo mar (ondas, marés, ventos, biota ou salinidade) / é uma faixa complexa, dinâmica,
mutável e sujeita a vários processos geológicos. A ação mecânica das ondas, das correntes e
das marés são importantes fatores modeladores das zonas costeiras, cujos resultados são
formas de erosão ou formas de deposição.

Zonas costeiras vulneráveis

• Variação sazonal do perfil da praia


o Processo em que a areia é retirada de forma acelerada durante o
inverno
o Processo em que a areia é reposta lentamente em períodos calmos
• Défice de transporte sedimentar
o Aproveitamentos hidroelétricos
o Obras de defesa costeira
o Extração de areias
o Dragagens para navegação (consiste na limpeza, desassoreamento,
alargamento, desobstrução, remoção, derrocamento ou escavação de
material do fundo de rios, lagoas, mares, baías e canais.)

Ambientes de sedimentação costeira

o Praias
o Cordoes arenosos
o Estuários
o Deltas
o Lagoas costeiras
o Dunas costeiras

*Costa – faixa da supertcie terrestre


que se contra no contacto entre as
terras emersas e o mar ou oceano

*Linha de costa – linha que marca o


limite entre o mar e a terra, coincide
com o nível aSngido pela maré mais
alta em períodos de maré morta
(calma)

*Praia – faixa do litoral coberta por sedimentos soltos


A morfologia de litorais arenosos pode ser classificada segundos perspeSva geomorfológica e
de engenharia:

Geomorfológica:

• Morfologia de 1ª ordem – macro formas (ordem dos kms ou centenas de m)


o São exemplos as barras de areia e as restingas/cabedelos (deposição
sedimentar com influência das correntes fluviais de este para oeste e das
correntes marítimas de noroeste para sudeste)
• Morfologia de 2ª ordem – morfologias presentes na componente transversal e
longitudinal
o São exemplos os cuspides (formação de padrões rítmicos de pequenas pontas
e baías que a maré cria ao invadir as praias) e os sistemas lomba canal
(existência de pequenas elevações intercalavas por pequenas depressões
dispostas longitudinalmente)
• Morfologia de 3ª ordem – escala de crenulação e do grão sedimentar

De engenharia (grandeza espacial e temporal de acordo com as relações geométricas):

Megaescala- Variações de décadas a séculos em setores costeiros extensos


Macroescala – Variações anuais e distâncias da ordem dos quilómetros
Mesoescala- Variações sazonais e distâncias de metros a quilómetros
Microescala- Variações diárias a semanais e distâncias de mm a cm

Propagação da onda:
L – Comprimento de onda

H – Altura da onda

A – Amplitude da onda

T – Intervalo de tempo entre a

passagem de sucessivas cristas

* Quando o comprimento da coluna de água é menor que o comprimento da distância das


cristas vai haver formação de onda.

Também se forma uma onda quando a coluna de água comprimida embate em zonas de relevo
mais acentuado.
Quando a coluna de água passa a ser metade do
comprimento da onda as paryculas passam a ter
movimento elíSco.

Fenómenos de propagação das ondas em águas


rasas:

• Reflexão- típico de praias refletivas (são


caracterizadas por se estabelecerem em
regiões com grande declividade,
tamanho dos grãos maior, incidência de
ondas sobre a face da praia.) A onda
refletida manterá a velocidade,
frequência e comprimento de onda iguais
aos da onda incidente.
• Refração- acontece em qualquer tipo de
praia, consequência da variação local do fundo marinho ou da direção de propagação
da onda. A velocidade de propagação da onda será alterada, pois a mudança de meio
gera mudança no comprimento de onda
• Difração- acontece por consequência de obstáculos na superfície da água.
As ondas que se propagavam na água contornaram o obstáculo e chegam
até o lado oposto dele, porém, com o formato circular. (quanto maior for
o comprimento de onda em relação à fenda, mais intensa será a difração.)

Tipos de litoral:
• Dependendo da coerência dos sedimentos:
o litoral rochoso
o litoral misto
o litoral arenoso
• Dependendo da função tectónica global:
o litoral de colisão – com atividade vulcânica e sísmica ativa
o litoral de afastamento – com atividade vulcânica e sísmica passiva

Tipos de margens (litoral):


ConSnental aSva:

o Tectonicamente instáveis
o Atividade sísmica e vulcânica muito intensas
o Menor espessura de sedimentos
o De extensão mais reduzida
o Plataforma continental mais estreita e talude mais inclinado

ConSnental passiva:

o Tectonicamente estáveis
o Atividade sísmica e vulcânica pouco intensa
o Maior espessura
o Extensão mais alargado
o Plataforma continental mais larga e o talude com uma inclinação mais suave
A sua classificação depende das funções dos processos costeiros, ou seja, da energia das ondas
(energia que chega ao litoral), da amplitude das marés, da ocorrência de tempestades, das
correntes marinhas/litorais e do vento.

As marés podem ser:


Micromarés (0 a 2 metros),

Meso-marés (2 a 4 metros)

Macro-marés (mais de 4 metros)

Os problemas do litoral português são a diminuição da linha de costa e diminuição da área


drenada para o mar pelas principais bacias hidrográficas.

Aulas prá>cas

Vulnerabilidade costeira:

São vários os parâmetros a que podemos recorrer para calcular a vulnerabilidade costeira de
cada local. Os parâmetros que se relacionam com a ação do mar são parâmetros mensuráveis,
tais como:

• Amplitude das marés (AM) – corresponde à diferença entre a cota alta e a cota baixa e
varia consoante a latitude, mede-se em metros
• Altura da onda significativa ao largo (HS) – mede-se em metros
• Distância da área à linha de costa atual (DC) – mede-se em metros
• Elevação topográfica atingida pela zona costeira (ET) – mede-se em metros
• Taxa de erosão/acreção (E/A) – a erosão e a acreção são fenómenos contrários e esta
taxa mede a mudança de volume do material existente, dá-se em m3, percentagem ou
metros/ano.

*Amplitude das marés (AM) e Altura da onda significaGva ao largo (HS) tem valores
constantes ao longo da costa ocidental portuguesa, respeSvamente 3 e 5 metros

* Distância da área à linha de costa atual (DC) calcula se através da distância do ponto que se
pretende até ao ponto da costa com a mesma coordenada de laStude

* Elevação topográfica aGngida pela zona costeira (ET) calcula se através das curvas de nível

* Taxa de erosão/acreção (E/A) calcula-se por diferença de distância a dividir pela diferença
temporal duas cartas topográficas ou geológicas de anos diferentes

Estes parâmetros estão associados a critérios de ponderação:

• C1 – no qual todos os parâmetros se encontram equilibrados e apresentam o mesmo


peso
• C2 – no qual os parâmetros apresentam uma ordem ponderado, variando desde um
mínimo até um máximo
• C3- no qual alguns parâmetros, sem ordem onerada, poderão valer mais que outros
E têm também um valor absoluto e um valor do parâmetro, calculado pela tabela seguinte.

Vulnerabilidade Muito baixa Baixa Moderada Elevada Muito elevada


1 2 3 4 5
ET (m) >30 30≥ET>20 20≥ET>10 10≥ET>5 ≤5
DC (m) >1000 ≤1000 ≤200 ≤50 ≤20
>200 >50 >20
AM (m) <1,0 1,0≤AM<2,0 2,0≤AM<4,0 4,0≤AM<6,0 ≥6,0
HS (m) <3,0 3,0≤HS<5,0 5,0≤HS<6,0 6,0≤HS<6,9 ≥6,9
E/A (m/ano) >0 acreção 0≥EA>-1 -1≥EA>-3 -3≥EA>-5 ≤-5,0 erosão

Os parâmetros que se relacionam com as caracterísScas naturais e antropogénicas são não


mensuráveis, tais como:

• Características geológicas (GL) – tipos de sedimentos e rochas


• Revestimento do solo (RV) – presença de vegetação, por exemplo nas dunas
• Características geomorfológicas (GM) – formas de relevo que há na praia
• Intervenções antropogénicas (IA) – construções em locais costeiros, por exemplo
paredões, …

Vulnerabilidade Muito baixa Baixa Moderada Elevada Muito elevada


1 2 3 4 5
GL Magmáticas Metamórficas Sedimentares Sedimentos Sedimentos
grosseiros finos
GM Montanhas Arribas Arribas Praias Praias
rochosas erodidas, abrigadas, expostas,
campos deltas estuários
dunares
RV Florestas Arbustivo ou Sem Solo agrícola, Urbano denso
herbáceo revestimento construções
dispersas
IA Sem obras de Obras ligeiras Obras ligeiras Obras pesadas Obras pesadas
“proteção” sem retenção com retenção sem retenção com retenção
sedimentar sedimentar sedimentar sedimentar

*estuário xsico depende da força das marés

*estuário químico alonga-se enquanto houver água salobra

*são exemplos de obras de “proteção” o quebra-mar, paredões, molhes, esporões, …


Para calcular a vulnerabilidade faz-se uma média de cada critério de ponderação:

Ex: Vc2 = AMc2 x AMv + HSc2 x HSv + … (v = valor do parâmetro)

A vulnerabilidade classifica-se segundo:

• Muito baixa – [1,0 ; 1,8[


• Baixa – [1,8 ; 2,6[
• Moderada – [2,6 ; 3,4[
• Elevada – [3,4 ; 4,2[
• Muito elevada – [4,2 ; 5,0]

EXEMPLO:

Parâmetros C1 C2 C3 Valor absoluto do Valor do


parâmetro parâmetro
AM 1/9 5/45 6/55 3,0 m 3
DC 1/9 6/45 6/55 592 m 2
ET 1/9 4/45 4/55 17 m 3
HS 1/9 1/45 1/55 5,0 m 3
E/A 1/9 9/45 12/55 -5,7 m/a 5
GL 1/9 8/45 10/55 Sedimentos finos 5
GM 1/9 7/45 10/55 Campos dunares 3
RV 1/9 2/45 3/55 Sem revestimento 3
IA 1/9 3/45 3/55 Obras pesadas sem 4
retenção sedimentar
100% 100% 100%

Vc2 = 166/45 = 3,69

Vc3 = 206/55 = 3,75

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