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Resumos exame biologia e geologia

Biologia 10º ano

Geologia e métodos

1 – Interações entre os subsistemas da Terra


- Pode considerar-se a Terra como um sistema fechado, uma vez que as únicas trocas
significativas efetuadas com o universo envolvente correspondem a trocas de energia.
- Sistema aberto troca energia e matéria.
- Sistema fechado troca energia, mas não troca matéria.
- Sistema isolado não troca energia nem matéria.
- A Terra pode considerar-se um sistema composto, resultado da interação entre vários
subsistemas: hidrosfera, atmosfera, biosfera e geosfera.
- O equilíbrio global do sistema Terra depende da interação entre os subsistemas que a
constituem, qualquer alteração num dos subsistemas pode afetar os restantes.

2 – Rochas e ciclo litológico


- De acordo com a sua origem, as rochas dividem-se em três grandes tipos: sedimentares,
magmáticas e metamórficas.
- As rochas sedimentares formam-se à superfície terrestre ou nas suas proximidades. A sua
génese integra meteorização (alteração química e física), erosão (remoção das partículas da
rocha), transporte e sedimentação dos materiais, e, por vezes, a diagénese (compactação e
sedimentação).
- As rochas magmáticas são as que resultam da solidificação ou cristalização de um magma.
Considerando a origem e as condições de arrefecimento do magma, estas rochas podem
classificar-se em intrusivas (ex.: granito) e extrusivas (ex.: basalto).
- As rochas metamórficas formam-se em profundidade e resultam da alteração estrutural e
mineralógica de rochas preexistentes sem ocorrência de fusão. Essa alteração resulta da ação
isolada ou conjugada dos fatores de metamorfismo (calor, tensão e fluidos).

- Ao conjunto de processos que integram fenómenos contínuos de formação, destruição e


reciclagem das rochas dá-se o nome de ciclo das rochas.

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3 – Princípios do raciocínio geológico
- O catastrofismo atribui aos desastres naturais de dimensões catastróficas, ocorridos no
passado, o principal motor evolutivo da história da Terra.
- O uniformitarismo defende que os acontecimentos geológicos são o resultado de processos
lentos e graduais que podem ser verificados atualmente (atualismo geológico), considerando-
se, por isso, que "o presente é a chave do passado"

4 – Mobilismo geológico
- A teoria da tectónica de placas pode ilustrar claramente a tendência atual para considerar o
uniformitarismo e o catastrofismo como duas perspetivas complementares. O movimento das
placas tanto pode gerar fenómenos de natureza catastrófica, como os sismos e os vulcões,
capazes de alterar bruscamente a superfície terrestre, como fenómenos de natureza lenta e
contínua, como a de montanhas.
De acordo com a teoria da tectónica de placas, a camada exterior sólida da Terra está
fragmentada em várias placas litosféricas que se encontram em constante movimento entre si.
Uma vez que cada placa se move como uma unidade distinta, toda a interação entre as
diferentes placas ocorre nas suas fronteiras ou limites. Estes podem ser divergentes,
convergentes ou transformantes (conservativos).

- Fossas oceânicas são as zonas mais profundas dos oceanos e definem as zonas de convergência
com subducção de uma placa oceânica com outra placa, continental ou oceânica.

- Limites transformantes/conservativos - zonas onde as placas deslizam horizontalmente umas


em relação as outras. Este movimento dá-se ao longo de falhas transformantes, sem que ocorra
formação ou destruição de material rochoso.
- Limites convergentes - zonas onde ocorre destruição das placas litosféricas. Nestes limites, a
aproximação das duas placas provoca geralmente a subducção (afundamento) de uma placa
mais densa sobre outra menos densa. Estas zonas de subducção estão associadas às fossas
oceânicas, originando-se, nos bordos da placa que não sofre subducção, cadeias montanhosas
de margem continental, ou arcos de ilhas vulcânicas. Alguns destes limites estão associados a
processos de colisão de placas continentais de que resulta, também, a formação de montanhas
(orogenia).
- Limites divergentes - zonas a partir das quais as placas litosféricas se afastam e onde ocorre
formação de novo material rochoso. Estes limites construtivos estão materializados pelos riftes,
depressões alongadas de origem tectónica existentes, por exemplo, nas dorsais oceânicas.

5 – Datação das rochas e história da Terra


- O levantamento da história geológica da Terra é possível graças à determinação da idade
relativa dos diferentes estratos rochosos, bem como à determinação da idade absoluta das
rochas, graças aos métodos de datação radiométrica.
- Enquanto a datação relativa é feita recorrendo a princípios básicos da estratigrafia, como, por
exemplo, o princípio da sobreposição dos estratos, a datação radiométrica é baseada na
medição da abundância relativa de certos radioisótopos nos materiais rochosos.

6 – Escala de tempo geológico


Com base neste tipo de dados, é possível a elaboração de uma escala de tempo geológico, em
que se representam várias divisões do tempo geológico limitadas por acontecimentos
significativos da história da Terra.

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Estrutura e dinâmica da geosfera

O conhecimento do interior da Terra resulta da articulação de técnicas e métodos diversificados


de natureza direta e indireta. De entre os métodos diretos destacam-se as sondagens, que
permitem obter amostras de rochas da crusta, e a vulcanologia, que estuda os fenómenos e os
materiais vulcânicos. De entre os métodos indiretos, do âmbito da Geofisica, são exemplos a
geotermia, que permite estabelecer valores de gradiente geotérmico, ou seja, de variação da
temperatura com a profundidade, e de grau geotérmico, correspondente à distância associada
à variação de temperatura de 1 °C; o geomagnetismo, determinante para a elaboração de
modelos de expansão do fundo oceânico; e a sismologia, que tem permitido, através da
interpretação do comportamento das ondas sísmicas no interior da Terra, definir as
características das suas diferentes regiões.

1. Vulcanologia

- O vulcanismo ativo está associado à emissão de magma, contido nas câmaras magmáticas, para
o exterior, quer através de vulcões (vulcanismo central) quer através de fraturas, ou fendas,
existentes na superfície terrestre (vulcanismo fissural). As erupções vulcânicas variam,
principalmente, de acordo com a composição química do magma e a sua temperatura, sendo
possível considerar basicamente três tipos de atividade vulcânica:
• explosiva → lavas muito viscosas → magmas ácidos (ricos em sílica e em gases) →
ocorrência de grandes explosões, com a emissão de piroclastos (fragmentos de rochas
vulcânicas) e a formação de nuvens ardentes;
• efusiva → lavas muito fluidas → magmas básicos (pobres em sílica e com poucos
gases), e caracterizada pela formação de grandes escoadas;
• mista → alternância de períodos efusivos e explosivos.

- Atendendo à sua relação com as placas tectónicas, as zonas vulcânicas podem classificar-se
em:
- Zonas de vulcanismo de subducção, coincidentes com regiões de convergência de
placas tectónicas, associadas a magmas rioliticos;
- Zonas de vulcanismo de vale de rifte, localizadas nas dorsais oceânicas e relacionadas
com a produção de magma basáltico, que acaba por formar os fundos oceânicos;

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- Zonas de vulcanismo intraplacas, associadas ao sobreaquecimento de zonas localizadas
por baixo da litosfera (hotspots) sobre as quais as placas se deslocam.
- O vulcanismo assume um carácter atenuado ou residual quando associado a emanações
gasosas ou líquidas sem libertação de magma, como é o caso das fontes termais, dos géiseres,
ou das fumarolas.

- A definição dos diferentes níveis de risco associados às diferentes regiões vulcânicas prende-
se, necessariamente, com o tipo de vulcanismo característico dessas regiões, que condiciona
quer os mecanismos de previsão quer as medidas de prevenção a adotar.

2. Sismologia

- Os sismos consistem na vibração das partículas dos materiais terrestres originada pela
libertação brusca de energia acumulada, sobretudo, como resultado da atividade tectónica.

- De acordo com a teoria do ressalto elástico, essa acumulação de energia resulta na deformação
progressiva e elástica das rochas por efeito de enormes forças de tensão que se fazem sentir
sobre elas. Uma vez ultrapassado o limite de resistência das rochas, verifica-se a sua rutura,
numa zona designada por foco ou hipocentro, com libertação de energia sísmica de natureza
mecânica.
- Teoria do ressalto elástico: as rochas sofrem deformação progressiva e elástica, proveniente
das tensões a que estão sujeitas, o que gera uma acumulação de energia. Quando as rochas
ultrapassam o seu limite de elasticidade, há libertação dessa energia acumulada, verificando-se
o deslizamento brusco (ressalto) de um bloco em relação a outro. A energia é libertada sobre a
forma de ondas sísmicas.

- A energia sísmica é transmitida aos materiais vizinhos, propagando-se, em todas as direções,


sob a forma de ondas sísmicas. Tendo em conta o local de propagação, as ondas sísmicas
classificam-se em ondas profundas, longitudinais (P) e transversais (S), e ondas superficiais (L e
R). (Por ordem na imagem)

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- Ao local da superfície na vertical do foco chama-se epicentro. Uma vez que é o ponto da
superfície mais próximo do foco, é o local que as ondas de profundidade atingem em primeiro
lugar. As vibrações sísmicas do solo num dado local podem ser registadas sob a forma de
sismogramas, por instrumentos denominados sismógrafos. Através desses registos, é possível
calcular a distância epicentral bem como localizar o epicentro.

- A avaliação de um sismo faz-se através da determinação da sua intensidade, usando a escala


de Mercalli, que traduz os efeitos provocados pelo sismo, ou da sua magnitude, definida em
função da amplitude máxima das ondas sísmicas registadas nos sismogramas, utilizando-se, para
esse efeito, uma escala de natureza quantitativa, a escala de Richter.

- A maioria dos sismos verifica-se em falhas localizadas junto aos limites das placas tectónicas,
correspondendo aos sismos interplacas, , principalmente nos limites convergentes das placas;
e, menos frequentemente, em falhas ativas situadas no seu interior, constituindo os sismos
intraplacas.

- Não sendo possível prever com exatidão a altura em que os sismos ocorrerão, deve-se investir
na minimização do risco sísmico através da adoção de medidas que atenuem os seus efeitos
destrutivos. De entre essas medidas destacam-se a construção antissísmica e o ordenamento
do território, assim como planos de evacuação e educação das populações.

3. Métodos de estudo para o interior da geosfera

- O contributo da sismologia para o conhecimento do interior da Terra assenta, essencialmente,


no estudo da variação de velocidade das ondas P e S à medida que percorrem o interior da Terra.
Uma vez que essa velocidade varia com a rigidez e com a densidade, é possível não só inferir
alterações nas características dos materiais terrestres a partir das variações de velocidade de
propagação das ondas no interior da Terra (quanto mais rígido o material, maior a velocidade
de propagação das ondas) como também determinar as descontinuidades internas da geosfera,
ou seja, a fronteira entre duas zonas contíguas com características físicas e/ou químicas
diferentes.

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- A descontinuidade de Mohorovicic separa a crusta do manto (meio mais profundo, onde a
velocidade das ondas é maior). As diferenças de propagação das ondas P e S nos fundos
oceânicos e nos continentes permitem considerar a crosta subdividida em dois tipos: crusta
continental e crusta oceânica.
- No interior do manto, a uma profundidade de 700 km, a velocidade de propagação das ondas
P e S sofre um ligeiro aumento, sugerindo um aumento de rigidez, facto que justifica a sua
divisão em manto superior e manto inferior. Contrariamente, verifica-se que, entre os 100 e os
350 km de profundidade, ao nível do manto superior, a velocidade de propagação das ondas P
e S diminui, sugerindo que o material rochoso se encontra num estado de menor rigidez. Esta
faixa, correspondente à zona de baixa velocidade, designa-se por astenosfera.

- A descoberta da zona de sombra, uma faixa da superfície terrestre, que se situa a uma distância
angular dos epicentros compreendida entre os 103 e os 142° (ondas P; ondas S é dos 103 aso
103) e onde não se registam ondas sísmicas diretas, permitiu definir, a cerca de 2900 km de
profundidade, a descontinuidade de Gutenberg, que marca a separação entre o manto, de
natureza sólida, e o núcleo externo, de natureza líquida.
- À fronteira entre o núcleo externo (fluido) e o núcleo interno (sólido), situada a 5155 km, dá-
se o nome de descontinuidade de Lehmann.

4. Estrutura interna da geosfera

- Atendendo aos dados resultantes dos métodos referidos, é possível considerar dois modelos
de estrutura do interior da Terra. Tendo em conta a constituição química das diferentes camadas
que constituem a geosfera, é possível considerar as seguintes divisões: crusta continental,
essencialmente granítica, e crusta oceânica, essencialmente basáltica, manto, rico em silicatos
densos de ferro e de magnésio, e núcleo interno e núcleo externo, onde predominam o ferro e
o níquel.

- Tendo em conta a natureza física dos materiais do interior da Terra, pode considerar-se uma
outra divisão em quatro regiões: a litosfera, rígida; a astenosfera, de baixa rigidez e de
comportamento plástico; a mesosfera, rígida; e a endosfera, que, na sua parte externa (núcleo
externo), está fundida.

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- Em certas regiões do manto ocorrem movimentos de ascensão de material rochoso aquecido
e menos denso que, deslizando por baixo da rocha mais fria da litosfera, provoca o movimento
horizontal das placas litosféricas e, posteriormente, devido ao seu arrefecimento, afunda,
constituindo, assim, uma corrente de convecção. Este movimento horizontal das placas
litosféricas, resultante das correntes de convecção, gera, nos seus limites, enrugamentos da
crusta que provocam movimentos verticais da litosfera.

Biologia 10º ano

Biodiversidade

1. Diversidade biológica

- O subsistema do nosso planeta constituído por todas as formas de vida, desde as mais simples
até as mais complexas, e respetivos ambientes designa-se por biosfera.

- A biodiversidade corresponde à diversidade de formas de vida existentes, conhecidas e


desconhecidas, bem como as que desapareceram ao longo da história do planeta.

- Nos ecossistemas, as interações mais significativas entre os seres vivos são as relações tróficas.
- De acordo com a sua interação trófica, os organismos podem classificar-se em:
- Produtores → sintetizam matéria orgânica a partir da matéria mineral;
- Consumidores → direta ou indiretamente se alimentam dos produtores;
- Decompositores → degradam a matéria orgânica, transformando-a em matéria
mineral.

- Produtores (seres fotossintéticos) → Consumidores primários → Consumidores secundários


→ Consumidores terciários
- Decompositores decompõem dos consumidores e originam matéria para os produtores

2. Organização biológica

- A matéria é constituída por átomos que se associam, formando moléculas. Da interação de


moléculas complexas resultam estruturas macromoleculares que, no seu conjunto, constituem
a unidade básica de estrutura e função dos seres vivos – a célula.

- As células podem ser: procarióticas, células de estrutura muito simples, sem núcleo
individualizado, com DNA correspondente ao nucleoide e com ribossomas; eucarióticas, células
estruturalmente mais complexas, de núcleo bem individualizado do citoplasma.
- Nas células eucarióticas, animais e vegetais, observam-se três constituintes fundamentais: a
membrana celular, o citoplasma e o núcleo; destacam-se ainda o retículo endoplasmático liso e
rugoso, as mitocôndrias, o complexo de Golgi e os ribossomas.
- Nas células vegetais encontram-se ainda vacúolos hídricos e cloroplastos.
- A membrana celular e o citoplasma também estão presentes nas células procarióticas.

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- Alguns seres vivos têm apenas uma única célula - seres unicelulares, enquanto outros são
constituídos por várias células - seres multicelulares. Na grande maioria dos multicelulares
observam-se níveis de organização mais complexos:
- Tecidos, agregados de células semelhantes, interdependentes, que realizam uma ou
mais funções;
- Órgãos, conjuntos de tecidos que realizam uma ou mais funções no organismo;
- Sistema de órgãos, diferentes órgãos que se associam e realizam em conjunto
determinadas funções;
- Organismo, vários sistemas de órgãos inter-relacionados

- A nível ecológico, os indivíduos de uma espécie que habitam na mesma área formam uma
população. A interação entre diferentes populações constitui uma comunidade. A comunidade
e o meio físico-químico, bem como as relações que entre eles se estabelecem, formam o
ecossistema. O conjunto dos ecossistemas da Terra forma a biosfera.

- Entende-se por extinção de uma espécie a redução gradual do número de indivíduos até ao
seu desaparecimento.
- De entre as muitas e diversas ações do ser humano que ameaçam os seres vivos destacam-se:
a sobre-exploração (pesca e caça intensivas); a introdução de novas espécies ou de agentes
infeciosos nos ecossistemas, a poluição, a agricultura intensiva com consequente destruição dos
habitats.
- O risco de extinção de espécies conduziu à necessidade de conservação ou preservação de
espécies, que inclui a sua proteção e a proteção dos seus habitats.

3. Célula
- Retículo endoplasmático rugoso – síntese e transporte de proteínas e outras substâncias
- Complexo de Golgi – intervém em fenómenos de secreção; formação de lisossomas
- Lisossoma – intervém na digestão intracelular
- Núcleo – controlo da atividade celular; armazenamento da informação genética
- Membrana celular – regulação de trocas entre o interior e o exterior
- Ribossomas – estruturas não membranares envolvidas na síntese proteica
- Mitocôndria – local onde ocorre a respiração aeróbia; possui DNA de natureza procariótica
- Vacúolo – armazenamento de água e substâncias
- Cloroplasto – local onde ocorre a fotossíntese; possui DNA de natureza procariótica
- Parede celular – natureza celulósica confere suporte e proteção à célula

4. Constituintes moleculares
- A unidade biológica revela-se também a nível molecular, uma vez que as células que
constituem os seres vivos possuem basicamente os mesmos constituintes moleculares. Na sua
constituição encontramos macromoléculas formadas por um reduzido número de elementos
químicos, dos quais se destacam o carbono, o oxigénio, o hidrogénio, o nitrogénio e, em menor
quantidade, fósforo e cálcio, entre outros.
- Os constituintes químicos celulares podem ser agrupados em: compostos inorgânicos (água e
sais minerais), compostos orgânicos (glícidos, lípidos, prótidos, ácidos nucleicos). Estes
constituintes desempenham várias funções: estrutura ou plástica; energética; enzimática;
reguladora; de armazenamento e transferência de informação genética. As enzimas promovem
as reações químicas que ocorrem nos seres vivos. Ligam-se de forma específica aos substratos
através do seu centro ativo.

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- Glícidos:
- Moléculas constituídas essencialmente por carbono, hidrogénio e oxigénio;
- Podem ser agrupados em monossacarídeos, dissacarídeos e polissacarídeos;
- Possuem ligações glicosídicas.

- Prótidos:
- Moléculas constituídas por carbono, hidrogénio, oxigénio e nitrogénio;
- Possuem ligações peptídicas
- Estrutura primária → estrutura secundária → estrutura terciária → estrutura
quaternária
- As proteínas com estrutura secundária resultam do arranjo da cadeia primária em
hélice, ou em pregas. As proteínas com estrutura terciária formam-se a partir do dobramento
das estruturas secundárias devido a ligações químicas que se estabelecem entre vários locais da
proteína. Para além destas, algumas proteínas possuem uma estrutura quaternária,
caracterizada pela associação de duas ou mais cadeias polipeptídicas.

- Lípidos:
- Moléculas constituídas essencialmente por carbono, hidrogénio e oxigénio;
- Gorduras correspondem aos triglicerídeos, formados por um álcool (glicerol) e 3 ácidos
gordos; cada ácido gordo está ligado ao glicerol por ligações éster;
- Fosfolípidos desempenham um papel estrutural fundamental, visto que fazem parte
das membranas existentes nas célula; possuem uma cabeça polar e uma cauda apolar.

- Ácidos nucleicos:
- Formados por um grupo fosfato, uma pentose (ribose ou desoxirribose) e uma base
azotada (adenina, timina, citosina, guanina e uracilo)
- DNA ou RNA

Obtenção de matéria

1. Membrana celular

- A membrana celular mantém a integridade da célula e atua como ma barreira seletiva,


separando dois meios distintos, o meio intracelular e o meio extracelular, e como uma superfície
de troca de substâncias, de energia e de informação entre esses dois meios.

- De acordo com o modelo do mosaico fluido, a membrana é uma estrutura dinâmica constituída
por uma bicamada fosfolipídica onde se encontram inseridas proteínas, colesterol, glicolípidos
e glicoproteínas.

- Fosfolipídios - organizados em dupla camada (bicamada), com as extremidades polares,


hidrofílicas, formando a face interna e externa da membrana e as extremidades apolares,
hidrofóbicas, a ocuparem o interior da bicamada;
- Proteínas - designadas de acordo com a sua posição na bicamada de fosfolípidos.
- Proteínas intrínsecas, ou integradas, estão inseridas na membrana, encontrando-se
ligadas às regiões apolares dos fosfolípidos.
- Proteínas extrínsecas, ou periféricas, situam-se na superfície interna ou externa da
membrana, estando ligadas a proteínas integradas.

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- Algumas proteínas membranares têm apenas função estrutural, outras intervêm na
atividade celular como transportadoras de substâncias químicas através da membrana celular,
ou ainda como recetores de estímulos provenientes do meio extracelular;
- Colesterol, um lípido situado entre as moléculas de fosfolípidos que estabiliza a membrana,
contribuindo para o ajustamento da sua fluidez;
- Glicolípidos e glicoproteínas, moléculas compostas por glícidos ligados a lípidos e proteínas,
respetivamente. A parte glicosídica destas moléculas está localizada na superfície externa da
membrana. Estas moléculas desempenham um papel importante no reconhecimento de certas
substâncias.

- A passagem de substâncias do meio extracelular para o meio intracelular, e vice-versa, ocorre


através da membrana celular por vários mecanismos:
- Osmose (movimento de água);
- Difusão simples (transporte passivo não mediado);
- Difusão facilitada (transporte passivo mediado por permeases);
- Transporte ativo (transporte mediado por ATPases com gasto de energia).

- Na endocitose, a célula inclui no seu citoplasma moléculas do meio exterior através da


formação de vesículas. De acordo com o tamanho e a natureza do material englobado, a
endocitose classifica-se em fagocitose ou em pinocitose.
- Fagocitose – a célula emite prolongamentos citoplasmáticos, os pseudópodes, que
envolvem partículas de grande dimensão, ou mesmo células inteiras, acabando por formar uma
vesícula que se destaca para o interior do citoplasma.
- Pinocitose – a membrana celular, por invaginação, engloba fluido extracelular
contendo macromoléculas; esta invaginação evolui para a formação de pequenas vesículas
endocíticas.

- Na exocitose, a célula liberta para o meio extracelulares produtos resultantes da digestão


intracelular ou moléculas sintetizadas no seu interior.

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- Neurónios são constituídos por:
- Corpo celular, onde se localiza o núcleo e a maior parte do citoplasma com os restantes
organelos;
- Dendrites, ramificações citoplasmáticas que recebem o impulso nervoso de outros
neurónios ou dos órgãos recetores
- Axónio, prolongamento citoplasmático, com ramificações terminais, que conduz o
impulso e o transmite a outro neurónio, ou a outro tipo de células.

- O impulso nervoso resulta da alteração da carga elétrica nas superfícies interna e externa da
membrana dos neurónios. Numa situação de repouso, correspondente ao potencial de repouso,
a membrana encontra-se polarizada. A ocorrência de um estímulo altera a permeabilidade da
membrana levando, sucessivamente, à sua despolarização e repolarização, durante as quais
ocorre difusão de iões Na+ e K+, respetivamente.
- A passagem do impulso nervoso para outro neurónio ocorre ao nível das sinapses com a
intervenção de neurotransmissores. Estas substâncias são libertadas para a fenda sináptica por
exocitose e atuam sobre os recetores da membrana pós-sináptica.

2. Obtenção de matéria pelos seres heterotróficos

- Os seres heterotróficos necessitam de receber do meio a matéria orgânica que lhes serve de
alimento, uma vez que são incapazes de a produzir a partir de matéria inorgânica.

- Num animal, o processo alimentar compreende as seguintes etapas sequenciais:


- Ingestão, introdução do alimento no interior do organismo através da boca;
- Digestão, conjunto de transformações mecânicas e químicas que decompõem os
constituintes macromoleculares dos alimentos em moléculas simples;

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- Absorção, processo de passagem das moléculas simples resultantes da digestão para o
meio interno.

- A digestão intracelular ocorre no interior das células, em vacúolos digestivos, enquanto a


digestão extracelular ocorre fora das células, no exterior do organismo (fungos) ou no interior
do corpo do organismo, em cavidades ou órgãos especializados (animais).

- O tubo digestivo da hidra e da planária resume-se a uma cavidade digestiva, cavidade


gastrovascular, com uma única abertura, a boca – tubo digestivo incompleto. Nestes animais
ocorrem dois tipos de digestão: intracelular e extracelular.
- Nos animais mais complexos, como a minhoca e o ser humano, a digestão é sempre
extracelular e o tubo digestivo possui duas aberturas: a boca e o ânus - tubo digestivo completo.
Este facto permite um maior e mais eficaz aproveitamento dos alimentos, dado que estes se
deslocam num único sentido, permitindo uma digestão e uma absorção sequenciais ao longo do
tubo.
- O aumento da extensão do tubo digestivo permite a ingestão de maiores quantidades de
alimentos.

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3. Obtenção de matéria pelos seres autotróficos – fotossíntese

- A maioria dos seres autotróficos realiza a fotossíntese, processo pelo qual, utilizando a energia
luminosa, produzem matéria orgânica a partir de dióxido de carbono (CO₂) e água (H₂0) com a
libertação de oxigénio (0₂). Estes seres, de que são exemplo as algas, as plantas e as
cianobactérias, designam-se por fotoautotróficos.

- Os diferentes pigmentos fotossintéticos, localizados nos cloroplastos, absorvem as radiações


de comprimento de onda correspondentes ao espetro de luz visível de forma diferente, com
picos de absorção que se situam nas zonas azul-violeta e vermelho-alaranjado.

- A fotossíntese decorre em duas fases: a fase fotoquímica, durante a qual ocorre oxidação da
clorofila, fotólise da água, fotofosforilação de ADP e a redução de NADP+ a NADPH, e a fase
química, durante a qual ocorre o ciclo de Calvin com redução de CO₂, produção de açúcares e
regeneração da molécula aceitadora de CO₂.

Ciclo de Calvin
- Fixação do dióxido de carbono - o CO₂ combina-se com uma pentose, formando um composto
intermédio de seis átomos de carbono que origina duas moléculas de três átomos de carbono
cada uma.
- Redução - as moléculas referidas anteriormente são fosforiladas pelo ATP e reduzidas pelos
eletrões e protões transportados pelo NADPH. Uma parte das moléculas resultantes destes
processos abandona o ciclo, sendo utilizadas na síntese de compostos orgânicos, como a glicose.
- Regeneração da molécula aceitadora do CO₂ - as restantes moléculas resultantes dos processos
anteriores são fosforiladas e utilizadas na regeneração da molécula aceitadora de dióxido de
carbono.

Distribuição de matéria

1. Distribuição de matéria nas plantas

- Nas plantas existem dois tipos de substâncias a transportar: a água e os sais minerais
necessários à fotossíntese (seiva bruta) e os compostos orgânicos resultantes daquele processo
(seiva elaborada).

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- Nas plantas vasculares, a absorção de água e sais minerais ocorre na raiz, sendo feito o seu
transporte até às folhas num tecido condutor especializado, o xilema ( transporta seiva bruta).
Os produtos da fotossíntese são também transportados num tecido condutor, o floema
(transporta seiva elaborada).

- Embora a pressão radicular possa contribuir para a translocação xilémica, pensa-se que esta
depende, sobretudo, dos mecanismos descritos na hipótese da tensão – coesão – adesão.
- De acordo com esta hipótese, a transpiração, ocorrida nas folhas através dos estomas,
gera uma tensão no xilema que obriga a seiva bruta a sair dos vasos xilémicos para as células do
tecido clorofilino. As propriedades de coesão e adesão da água permitem a manutenção de uma
coluna contínua, da raiz às folhas, que se desloca de baixo para cima em direção à fonte de
tensão.

- A hipótese do fluxo de massa de Münch é a mais aceite para explicar a translocação floémica.
De acordo com esta teoria, a glicose produzida nas folhas durante a fotossíntese é transformada
em sacarose, que, por transporte ativo, entra para o floema. Este carregamento do floema
origina um aumento da pressão osmótica, o que conduz à entrada de água por osmose para o
seu interior, provocando um aumento da pressão de turgescência. Este aumento provoca o fluxo
da solução (fluxo de massa) para locais onde a pressão de turgescência é menor. Nas regiões de
consumo de sacarose, ela é retirada do interior do floema por transporte ativo, o que origina a
saída de água para as células vizinhas. A queda da pressão de turgescência resulta na
manutenção de um gradiente de pressão em relação aos órgãos produtores, necessário à
continuidade do processo.

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2. Transporte nos animais

- Os insetos possuem um sistema circulatório aberto. Neste sistema, o líquido circulante sai do
interior dos vasos para o interior de cavidades, as lacunas, existentes nos diferentes tecidos,
misturando-se com o líquido intersticial das células. O líquido resultante desta mistura designa-
se por hemolinfa.
- A minhoca possui um sistema circulatório fechado. Este animal possui um vaso dorsal e um
vaso ventral que comunicam entre si por vasos laterais. O sangue é impulsionado por um
coração tubular dorsal e por cinco vasos laterais (corações) que rodeiam o tubo digestivo na
parte anterior do corpo.
- Todos os vertebrados apresentam sistemas circulatórios fechados.

- Os peixes apresentam o coração com duas cavidades, uma aurícula e um ventrículo, onde só
circula sangue venoso que se dirige para as brânquias sangue apenas segue depois de sair do
coração. O sangue apenas segue um trajeto no seu percurso corporal – circulação simples.

- Nos anfíbios, nas aves e nos mamíferos, o sangue percorre dois trajetos distintos: num, o
sangue venoso sai do coração em direção aos órgãos respiratórios para ser oxigenado,
regressando à aurícula esquerda - circulação pulmonar; no outro, o sangue arterial sai do
coração em direção aos tecidos do organismo, regressando venoso à aurícula direita - circulação
sistémica. Esta circulação dupla é mais vantajosa porque o sangue é bombeado diretamente
para os tecidos, o que aumenta a pressão e a velocidade com que ele chega aos capilares.

- Nos anfíbios, o coração possui três cavidades, duas aurículas e um ventrículo, ocorrendo nesta
cavidade uma mistura parcial do sangue venoso com o sangue arterial - circulação dupla e
incompleta.

- Nas aves e nos mamíferos, o coração possui quatro cavidades, duas aurículas e dois ventrículos,
sendo a circulação sistémica independente da pulmonar - circulação dupla e completa. No lado
direito do coração só circula sangue venoso e no lado esquerdo só circula sangue arterial. O
sangue bombeado do ventrículo esquerdo para as células é muito oxigenado, o que permite
grande quantidade de oxigénio disponível e altas taxas de produção de energia. Parte dessa
energia é produzida na forma de calor, garantindo a estes animais a manutenção de uma
temperatura corporal constante.

15
- Os vertebrados possuem dois fluidos circulantes, o sangue e a linfa, que são responsáveis pelo
transporte e pela distribuição e remoção de diversas substâncias, garantindo as condições
necessárias ao funcionamento das células. Estes fluidos estão ainda envolvidos no processo de
defesa do organismo.

Transformação e utilização de energia pelos seres vivos

Vias anabólicas → endoenergéticas → consomem ATP


Vias catabólicas → exoenergéticas → sintetizam ATP

1. Fermentação

- A fermentação e a respiração aeróbia são dois processos catabólicos utilizados a nível celular
para a obtenção de energia metabólica na forma de moléculas de ATP. A fermentação ocorre
no citoplasma das células e compreende duas etapas: a glicólise e a redução do ácido pirúvico
em produtos de fermentação. Os processos de fermentação designam-se, habitualmente, de
acordo com o tipo de produto final. Destes, salienta-se a fermentação alcoólica, cujo produto
final é o álcool etílico, ocorrendo a libertação de CO₂, e a fermentação láctica, cujo produto final
é o ácido láctico. A fermentação é um processo pouco rentável, uma vez que o seu rendimento
energético é de apenas duas moléculas de ATP por degradação de uma molécula de glicose. As
moléculas orgânicas resultantes da fermentação, álcool etílico e ácido láctico, ainda possuem
uma grande quantidade de energia acumulada nas suas ligações químicas.

16
2. Respiração aeróbia
- Nos eucariontes, as etapas da respiração aeróbia ocorrem na mitocôndria, com exceção da
glicólise. A respiração aeróbia compreende quatro etapas: glicólise, etapa comum à
fermentação, ciclo de Krebs e cadeia transportadora de eletrões. Ao longo destas etapas ocorre
a degradação total da molécula de glicose, com um rendimento energético de 36 moléculas de
ATP.

3. Trocas gasosas nas plantas


- Nas plantas, principalmente ao nível das folhas, os estomas facilitam e regulam as trocas
gasosas com o meio exterior. A abertura e o fecho dos estomas resultam de variações do grau
de turgescência das suas células-guarda. Quando as células-guarda estão túrgidas, os ostíolos
abrem. Quando estas células perdem água, ficam plasmolisadas e o estoma fecha. A variação da
pressão osmótica dessas células depende do transporte ativo de iões K' para o seu interior e da
difusão para o exterior.

4. Trocas gasosas nos animais


- Nos animais, os sistemas respiratórios garantem as trocas gasosas necessárias à produção de
energia no interior das células. As estruturas que lhes estão associadas e através das quais os
gases respiratórios, entram e saem do organismo chamam-se superfícies respiratórias. Apesar
da sua diversidade, essas superfícies possuem características comuns que facilitam a difusão dos
gases através delas: têm pouca espessura, grande área, intensa vascularização e estão
humedecidas.

- Nos animais, como a hidra e a planária, em que a área superficial é elevada relativamente ao
volume do corpo, as trocas gasosas ocorrem diretamente entre o meio externo e as células -
difusão direta.

17
- Nos outros animais, em que a relação entre a área superficial e o volume do corpo é menor, as
trocas gasosas ocorrem em superfícies respiratórias, designando-se por hematose.
- Quando as trocas gasosas são feitas com o sangue que estabelece a comunicação entre o meio
externo e as células a difusão é indireta.

- Os insetos possuem um sistema respiratório com difusão direta designado por sistema
traqueal. Este sistema é constituído por um sistema de canais (traqueias), que conduzem o ar
até às células. A grande velocidade de difusão assim conseguida permite a estes animais
elevadas taxas metabólicas.

- A hematose cutânea, presente na minhoca e nos anfíbios, é possível graças à abundante


vascularização e humidificação do revestimento superficial do corpo do animal, o tegumento.

- Nos animais aquáticos, as trocas gasosas mais eficazes ocorrem por hematose branquial. As
brânquias são constituídas por uma enorme quantidade de lamelas que aumentam a área de
contacto com a água. Nas lamelas, o sangue circula em sentido oposto ao da passagem da água
na cavidade opercular. Este mecanismo de contracorrente garante o contacto do sangue,
progressivamente mais rico em oxigénio, com a água, cuja pressão parcial de O₂ é sempre
superior àquela que existe no sangue. Daqui resulta a manutenção de um gradiente que
assegura a difusão até valores próximos da saturação da hemoglobina do sangue destes animais.

- Os vertebrados terrestres possuem pulmões, onde ocorre hematose pulmonar. Ao longo da


escala evolutiva dos vertebrados terrestres há uma tendência progressiva para o aumento da
compartimentação dos pulmões e consequente aumento da sua área.

- Nos mamíferos, os pulmões, localizados na caixa torácica, são elásticos e constituídos por
milhões de alvéolos, que garantem uma grande área de hematose.

- Nas aves, os pulmões não possuem alvéolos, sendo constituídos por um sistema de tubos -
parabrônquios, onde ocorre o fluxo unidirecional de ar.

18
Biologia 11.º ano

Crescimento, renovação e diferenciação celular

1. DNA e RNA-aspetos comparativos

- O DNA é constituído por duas cadeias polinucleotidicas, com sentidos opostos (antiparalelas),
unidas por ligações de hidrogénio que se estabelecem entre as bases azotadas complementares
dos nucleótidos das duas cadeias. Os nucleótidos de cada uma das cadeias estão unidos por
ligações químicas entre o fosfato e a desoxirribose. As duas cadeias estão enroladas em hélice.

- O RNA é constituído apenas por uma cadeia de nucleótidos unidos por ligações entre o fosfato
e a ribose. Os seus nucleótidos distinguem-se dos do DNA porque possuem como açúcar a ribose
e a timina é substituída pelo uracilo.

2. Replicação semiconservativa do DNA

- Por replicação semiconservativa, uma molécula de DNA origina duas moléculas que possuem
sequências de nucleótidos iguais à que existia na molécula original. Cada molécula de DNA final
integra uma das cadeias polinucleotídicas da molécula original.

19
3. Síntese proteica
- O DNA, além de garantir a produção de cópias idênticas de si mesmo, também garante o
funcionamento das células através da síntese proteica. A sequência de nucleótidos que contém
a informação para a síntese de uma proteína constitui o gene. O conjunto dos genes de um
organismo constitui o genoma.
- As proteínas produzidas nas células de cada organismo são determinadas pelas informações
específicas contidas no material genético (DNA) de cada espécie.
- A síntese proteica ocorre em duas etapas: a transcrição e a tradução.

- A transcrição consiste na passagem da informação contida no DNA para o mRNA. O mRNA é a


molécula responsável pelo transporte da informação do DNA dos cromossomas do núcleo para
o citoplasma, onde ocorre a síntese da proteína. Cada codogene será transcrito numa sequência
de três nucleótidos de mRNA que codificam um aminoácido codão. A relação entre os codões
do mRNA e os aminoácidos que codificam constitui o código genético.

- Na tradução, que ocorre no citoplasma, os ribossomas iniciam a leitura da sequência de codões


do mRNA, traduzindo-a numa sequência de aminoácidos. Os aminoácidos são alinhados na
sequência correta, correspondente à dos codões, com a intervenção dos tRNA. Cada molécula
de tRNA possui uma sequência de três nucleótidos complementares do codão - anticodão - que
garantem a tradução exata do mRNA.

Codão de finalização → UAA / UAG

4. Mutações génicas

- As sequências dos nucleótidos do DNA estão sujeitas a alterações - mutações génicas – que
podem originar a síntese de proteínas anómalas. Estas proteínas conduzem ao aparecimento de
novas características nos indivíduos que as possuem. As novas características podem ser
prejudiciais aos mutantes ou conferir vantagens ao indivíduo, ajudando-o a sobreviver no seu
meio ambiente.

5. Expressão genética e metabolismo celular

- A expressão da informação contida no genoma de um organismo garante a síntese de proteínas


que intervêm em diferentes etapas das vias metabólicas. Uma via metabólica consiste numa
série de reações sequenciais, em que o produto de uma reação vai ser o substrato sobre o qual
atua a enzima da reação seguinte. A regulação da atividade enzimática é essencial, pois permite
controlar a atividade da via metabólica, possibilitando à célula ajustar-se às suas necessidades.

20
6. Ciclo celular

- As células surgem por divisão celular de uma célula anterior e terminam a sua existência
também por divisão celular, originando duas células-filhas. Este intervalo de tempo constitui o
ciclo celular.

- O ciclo celular é composto por uma etapa longa - interfase -, seguida de um período da divisão
celular - fase mitótica. A interfase integra três fases: G₁, S e G₂. Durante o período S, o DNA sofre
replicação semiconservativa, garantindo a formação de cópias iguais de DNA para as duas
células-filhas que se irão formar. A divisão celular compreende a divisão do núcleo - mitose - e
a divisão do citoplasma - citocinese. A mitose decorre em quatro etapas: prófase, metáfase,
anáfase e telófase. No final da mitose, a célula tem dois núcleos com o mesmo número de
cromossomas que possuem cópias de DNA igual ao do núcleo da célula que lhes deu origem. A
citocinese ocorre por estrangulamento da membrana, nas células animais, e por fusão de
vesículas golgianas, nas células vegetais.

21
Domínio Reprodução
- Existem dois tipos fundamentais de reprodução: reprodução assexuada e reprodução sexuada

1. Reprodução assexuada

- São exemplos de processos de reprodução assexuada, a bipartição, a gemulação, a esporulação


e a propagação vegetativa. Todos estes processos possuem em comum o facto de um único
progenitor dar origem aos descendentes que são geneticamente iguais entre si e ao progenitor.
Estes processos reprodutivos são modos diferentes de clonagem, designando-se por clones os
descendentes.

- As técnicas de propagação vegetativa de plantas com grande interesse agrícola permitem a


seleção e a obtenção rápida de um grande número de descendentes com características
economicamente rentáveis. Algumas técnicas de propagação vegetativa, como a estacaria, a
enxertia e a micropropagação in vitro, são utilizadas, frequentemente, na obtenção de
variedades de interesse agrícola.

Imagens = estacaria, enxertia e micropropagação in vitro, respetivamente.

22
2. Reprodução sexuada

- Na reprodução sexuada, os descendentes resultam da fusão de duas células reprodutoras, os


gâmetas, provenientes, na maioria dos casos, de indivíduos diferentes. Da fecundação do
gâmeta feminino pelo gâmeta masculino resulta uma célula diploide, o ovo ou zigoto, que,
normalmente, por mitoses sucessivas e mecanismos de diferenciação celular, originará o novo
ser. A reprodução sexuada gera variabilidade entre os descendentes, contribuindo, assim, para
a evolução das espécies e uma melhor adaptação ao meio ambiente.

- Na reprodução sexuada ocorrem dois fenómenos complementares que permitem a


estabilidade do número de cromossomas dos indivíduos de uma espécie e a sua manutenção ao
longo de gerações sucessivas: a meiose e a fecundação. Da fecundação resultam células
diploides (2n) com os cromossomas distribuídos em pares de cromossomas homólogos. A
meiose permite que, a partir de células diploides, se obtenham células com metade do número
de cromossomas - células haploides (n), possuindo apenas um dos cromossomas de cada par.
Na meiose, um núcleo diploide sofre duas divisões nucleares sucessivas, dando origem, no final,
a quatro núcleos haploides que possuem metade dos cromossomas do núcleo que lhes deu
origem.

- A meiose, normalmente, pode ser dividida nas seguintes etapas: prófase I, metáfase I, anáfase
I e telófase I da primeira divisão, prófase II, metáfase II, anáfase II e telófase II da segunda divisão

23
- Na prófase I, durante o emparelhamento dos cromossomas homólogos, ocorrem trocas de
segmentos entre os cromatídios deles - crossing-over.
- Durante a anáfase I, vai ocorrer a separação a acaso dos cromossomas homólogos para os polos
da célula, o que faz com que se separem dois conjuntos de cromossomas de origem materna e
paterna com muitas combinações possíveis. Estas combinações aumentam com o aumento do
número de pares de cromossomas homólogos.
- Estes dois fenómenos combinados permitem obter células haploides geneticamente
diferentes, o que aumenta a variabilidade nos descendentes.
- A fecundação, ao combinar dois gâmetas diferentes dentro de uma enorme variedade de
combinações possíveis, permite que o zigoto dela resultante seja uma combinação única e
irrepetível de genes.

- Importante para a variabilidade genética: crossing-over e segregação independente de


cromossomas homólogos.

- Crossing-over - Consiste na troca de segmentos entre os cromatídios dos cromossomas


homólogos, durante o seu emparelhamento na prófase I. Estas trocas são aleatórias e podem
ocorrer nos pontos de sobreposição dos cromatídios (pontos de quiasma). Este fenómeno
permite a troca de genes entre os homólogos, originando cromossomas com novas combinações
genéticas.
- Segregação independente dos cromossomas homólogos - A ascensão de diferentes conjuntos
de cromossomas, durante a anáfase I, é determinada pela disposição ao acaso dos homólogos
dos diferentes pares, durante a metáfase I, relativamente aos polos da célula. Deste modo, a
separação dos cromossomas homólogos de cada par ocorrerá de forma independente e
aleatória, daí resultando dois conjuntos particulares de cromossomas de entre as múltiplas
combinações possíveis.

24
3. Ciclos de vida - unidade e diversidade

- Existem três tipos de ciclos de vida nos organismos que se reproduzem sexuadamente: ciclo de
vida haplonte, ciclo de vida diplonte e ciclo de vida haplodiplonte. Estes ciclos distinguem-se
pelo momento do ciclo em que ocorre a meiose e pela duração da fase haploide e da fase
diploide.
- Ciclo de vida haplonte → meiose pós-zigótica → fungos, protistas e algas.
- Ciclo de vida haplodiplonte → meiose pré-espórica → algumas algas vermelhas, verdes
e pardas, e nos grupos das briófitas, pteridófitas, gimnospermas e angiospermas (plantas).
- Ciclo de vida diplonte → meiose pré-gamética → animais, fungos e algas.

- A espirogira é um ser haplonte, possui células haploides (n), e a diplófase (2n) está reduzida a
uma célula, o zigoto. A meiose ocorre após a formação do zigoto - meiose pós-zigótica.
- Os mamíferos são seres diplontes, possuem células diploides (2n), e a haplófase (n) está
reduzida aos gâmetas (espermatozoides e óvulos). A meiose ocorre antes da formação dos
gâmetas – meiose pré-gamética.
- No polipódio, o ciclo de vida é haplodiplonte. Neste ciclo de vida, além da alternância de fases
nucleares (haplófase e diplófase), existe alternância de gerações (esporófita e gametófita),
porque em cada uma das fases existem entidades pluricelulares desenvolvidas. A meiose ocorre
antes da formação dos esporos - meiose pré-espórica.

Evolução biológica

1. Origem das células eucarióticas e da multicelularidade

- Os primeiros seres vivos eram seres unicelulares de estrutura muito simples - procariontes.
Posteriormente, surgiram eucariontes unicelulares correspondentes a células maiores, com
núcleo organizado e o interior do citoplasma compartimentado por organelos membranares.

- Existem duas explicações para a origem das células eucarióticas, o modelo autogénico e o
modelo endossimbiótico.
- O modelo autogénico que os organelos celulares tiveram origem a partir de invaginações da
membrana citoplasmática para o interior do citoplasma. Essas invaginações teriam rodeado o
nucleoide, originando o núcleo e formando compartimentos separados do resto do citoplasma.

25
- O modelo endossimbiótico defende que os organelos celulares, como os cloroplastos e as
mitocôndrias, resultariam de células procarióticas primitivas de menores dimensões que foram
endocitadas por células procarióticas maiores e passaram a viver em simbiose no seu interior
(endossimbiose). Com o passar do tempo, essa endossimbiose tornou-se cada vez mais estreita,
levando à formação de alguns organelos.

2. Mecanismos de evolução
- Os seres eucariontes unicelulares seguiram vias evolutivas que haveriam de originar a
organização em colónias e, depois, o aparecimento de organismos multicelulares.

- Para Lamarck, as mudanças ambientais determinam nos seres vivos a necessidade de se


adaptarem de forma a poderem sobreviver nas novas condições ambientais. O ambiente é assim
responsável pelo início do processo de evolução cujos mecanismos se encontram enunciados na
lei do uso e do desuso e na lei da transmissão dos caracteres adquiridos.

- Para Darwin, a seleção natural é o processo que permite a evolução das espécies. O ambiente
é o agente desse processo de seleção, determinando quais são os seres que sobrevivem e os
que são eliminados em cada momento. A sobrevivência desses seres, ou a sua eliminação,
depende de serem portadores de características vantajosas ou desvantajosas que os tornam
mais ou menos aptos para enfrentar situações ambientais específicas. Apesar de não explicar a
variabilidade existente entre os seres vivos que pertencem à mesma espécie, Darwin salienta a
sua importância como causa dos diferentes níveis de adaptação.

26
- O neodarwinismo, baseando-se sobretudo em argumentos genéticos, esclarece que a origem
da variabilidade, existente entre os seres vivos, é fruto de vários fenómenos intrínsecos à
reprodução sexuada e de alterações do material genético. Através das mutações, da
recombinação genética e da fecundação surgem novas combinações de genes que conduzem a
uma maior diversidade sobre a qual o ambiente atua de forma seletiva.

- As características genéticas dos indivíduos dependem da expressão dos genes herdados dos
progenitores. Numa população, o conjunto dos genes constitui o fundo genético.
- As alterações no fundo genético, de uma população ancestral, ao longo de várias gerações
podem conduzir ao aparecimento de novas espécies.
- A interpretação dos processos evolutivos pode ser suportada por um conjunto de evidências
de diversas áreas do conhecimento, como a anatomia comparada, ou a bioquímica.

- As estruturas homólogas são órgãos que têm a mesma origem, a mesma estrutura básica e
posição idêntica no organismo, podendo apresentar formas e funções diferentes. Quando
indivíduos de uma população inicial colonizam habitats diferentes (pressões seletivas
diferentes) estes órgãos evoluem de forma diferente a partir de uma estrutura ancestral comum
passando a desempenhar funções diferentes, o que reflete uma evolução divergente.

- As estruturas análogas são órgãos que têm origem, estrutura e posição relativa diferentes,
desempenhando uma mesma função. Quando populações de espécies ancestrais diferentes
colonizam habitats semelhantes, ficam sujeitas a pressões seletivas idênticas que conduzem a
adaptações semelhantes, refletindo uma evolução convergente.

Sistemática dos seres vivos

1. Sistemas de classificação fenéticos e filogenéticos

- Classificar consiste em agrupar objetos diferentes em categorias, de acordo com determinados


critérios. Nesta perspetiva, a classificação biológica consiste na organização dos seres vivos em
grupos de acordo com critérios baseados nas suas características.

- Os sistemas de classificação fenéticos são sistemas de classificação horizontais uma vez que
não consideram a evolução dos organismos nem o fator tempo que está associado a essa
evolução.

27
- As classificações filogenéticas podem ser consideradas classificações verticais, uma vez que
refletem o carácter dinâmico da transformação dos organismos ao longo do tempo.

- As árvores filogenéticas traduzem afinidades evolutivas entre grupos relativamente aos quais
se considera a existência de antepassados comuns.

- O processo de classificação pressupõe a definição prévia de critérios e de regras de


nomenclatura utilizadas na designação das categorias taxonómicas. Algumas destas
categorias, também designadas por níveis taxonómicos ou taxa (plural de taxon),
foram primeiro propostas por Lineu, tendo outras sido posteriormente
acrescentadas. No sistema de classificação de Lineu, e em todos os que se lhe
seguiram, as categorias taxonómicas estão organizadas de forma hierarquizada nas
seguintes categorias: reino, filo, classe, ordem, família género, e espécie (rato frito
com orégãos fica gostoso experimente). Ao longo desta hierarquia verifica-se uma
diminuição das semelhanças entre os seres vivos e um aumento da abrangência.

- A nomenclatura binominal de espécie, proposta por Lineu, estabelece a atribuição de dois


nomes à espécie, sendo o primeiro, iniciado por maiúscula, o nome do género, e o segundo, que
deverá ser sempre acompanhado pelo primeiro e escrito em minúsculas, o restritivo específico.
Se manuscrito, o nome da espécie deve ser sublinhado. Uma designação mais completa contará
com o nome do autor e o ano de classificação.

2. Sistema de classificação de Whittaker modificado

- Utilizando como critérios de classificação o tipo de


células/nível de organização celular, o tipo de
nutrição e a interação nos ecossistemas, Whittaker
propôs, em 1979, uma reformulação do seu anterior
sistema de classificação. De acordo com este
sistema de classificação modificado, os seres vivos
são agrupados em cinco reinos: Monera, Protista,
Fungi, Plantae e Animalia.

- Sistemas de classificação posteriores vieram propor a criação de grupos taxonómicos,


superiores ao reino, designados por domínios. Woese propôs a divisão do mundo vivo em três
domínios: Eubacteria, Archaebacteria e Eukaria (esquema de cima da direita nesta página).

28
Geologia 11.º ano

Sedimentação e rochas sedimentares

1. Génese das rochas sedimentares

- As rochas sedimentares formam-se à superfície terrestre, ou nas suas proximidades, a partir


da deposição gravítica de detritos provenientes de rochas preexistentes, da precipitação
química de substâncias dissolvidas nas águas ou da acumulação de restos de seres vivos ou de
estruturas sólidas por estes edificadas.

- São várias as etapas associadas à formação das rochas sedimentares: meteorização, erosão,
transporte, deposição e diagénese (compactação e cimentação).

- Meteorização química - alteração química dos minerais existentes nas rochas, sobretudo
devido à ação da água e dos gases atmosféricos.
- Meteorização física – alteração das rochas devido a expansão de fraturas, dilatações, alívio de
carga, atividade biológica, …
- Erosão – remoção de partículas da rocha preexistente.

- Na deposição dos estratos, o estrato mais recente chama-se teto, e o que o antecede chama-
se muro.
- Compactação – redução do volume por diminuição dos espaços intersticiais, e o aumento da
densidade.
- Cimentação – parte das substâncias dissolvidas na água precipitam e originam um cimento que
liga entre si e os sedimentos.

2. Classificação das rochas sedimentares


- As rochas sedimentares são, geralmente, classificadas em detríticas, quimiogénicas ou
biogénicas.

- As rochas detríticas são formadas por clastos que podem apresentar uma diferente
composição química e mineralógica. Consideram-se não consolidadas, se os clastos se
encontram soltos (exemplos: balastro, areia, silte e argila), ou consolidadas (exemplos:
conglomerado, brecha, arenito, siltito e argilito).

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- As rochas quimiogénicas são formadas, essencialmente, por minerais de neoformação
resultantes da precipitação de substâncias dissolvidas na água. São exemplos destas rochas o
gesso, o sal-gema e o calcário.

- As rochas sedimentares biogénicas são formadas, essencialmente, por sedimentos de origem


biogénica, isto é, com origem a partir de restos de seres vivos ou de materiais por eles
produzidos resultantes da sua atividade. São exemplos destas rochas o calcário recifal
(composto por carbonato de cálcio; resulta da acumulação de esqueletos carbonatados de
corais), o calcário conquífero (composto por carbonato de cálcio; formado pela acumulação de
conchas carbonatadas de animais marinhos que sofreram um processo de cimentação) e os
carvões (compostos por carbono; resultam da acumulação de sedimentos constituídos por
grandes quantidades de matéria orgânica predominantemente vegetal – turfa).

3. Reconstituição do passado da Terra

- As rochas sedimentares permitem inferir das condições e dos ambientes antigos associados à
sua formação - os paleoambientes. Os ambientes sedimentares onde ocorreu a formação das
rochas constituem a sua fácies. Assim, os ambientes de sedimentação podem ser continentais,
marinhos ou de transição. No estudo dos paleoambientes revestem-se de especial importância
os fósseis de fácies → permitem, com base nas causas atuais, correlacionar os ambientes atuais,
onde vivem organismos com uma ecologia semelhante à desses fosseis, com os ambientes
antigos (melhores são os que ocupam ambientes muito específicos).

- Devido à sua origem superficial, as rochas sedimentares são frequentemente fossilíferas.

- Fósseis → restos de seres vivos ou simples vestígios da sua atividade nas rochas, sendo
contemporâneos da sua formação.

30
- Fossilização → processo que conduz à conservação dos vestígios dos seres vivos ou das suas
atividades nas rochas. São exemplos de tipos de fossilização a mumificação, a moldagem, a
mineralização e as marcas fósseis ou icnofósseis.

- Mumificação – organismos completos ficam conservados quando são envolvidos num meio
isolante, como âmbar.
- Moldagem – o organismo ou alguma parte do seu corpo forma um molde nos sedimentos que
o envolvem. Muitas vezes, o organismo desaparece e apenas resiste o molde. Certos órgãos
muito finos e achatados, como folhas e asas, originam um tipo especial de moldagem –
impressão.
- Mineralização – os tecidos das partes duras podem ser preenchidos por materiais
transportados em solução, como a sílica, substituindo a matéria orgânica, e mantendo
inalterada a estrutura e a forma dos órgãos.
- Icnofósseis – vestígios da atividade dos animais: pegadas, marcas de reptação, ninhos, fezes,
entre outros.

- Numa sequência de estratos é possível proceder à sua datação relativa. A datação relativa é
efetuada através dos fósseis de idade e dos princípios da estratigrafia. Os fósseis de idade
correspondem a vestígios de organismos que viveram durante um curto intervalo de tempo
geológico e que tiveram grande expansão geográfica. São exemplos de princípios da estratigrafia
o princípio da horizontalidade original; o princípio da sobreposição: o princípio da continuidade
lateral; o princípio da identidade paleontológica; os princípios da interseção e o princípio da
inclusão.

- Princípio da horizontalidade original – de acordo com este princípio, os sedimentos são


depositados sob a influência da gravidade em camadas horizontais ou próximas da horizontal.
- Princípio da sobreposição – numa sequência de estratos em que não lhe ocorreu alteração das
posições de formação inicial, qualquer estrato é mais recente do que aquele que está abaixo
dele (muro) e mais antigo do que aquele que aquele que está acima dele (teto).
- Princípio da continuidade lateral – em colunas estratigráficas de duas ou mais regiões afastadas
entre si é possível relacionar cronologicamente estratos idênticos (mesmo que apresentem
dimensões variáveis), desde que as sequências de deposição sejam semelhantes.
- Princípio da identidade paleontológica – estratos pertencentes a colunas estratigráficas
diferentes e que possuam conjuntos de fósseis semelhantes têm a mesma idade relativa

Sobreposição Continuidade lateral Identidade paleontologica

31
- Princípio da interseção – qualquer estrutura que intersete vários estratos formou-se
posteriormente, sendo, por isso, mais recente do que eles.
- Princípio da inclusão – os fragmentos de rocha incorporados num dado estrato são mais antigos
do que ele.

Interseção Inclusão

4. Minerais e suas propriedades

- Os minerais são dos principais constituintes das rochas. Pode definir-se mineral como qualquer
sólido natural, inorgânico, com estrutura cristalina e com uma composição química bem definida
ou variável dentro de limites estabelecidos.

- São exemplos de propriedades dos minerais a cor, a risca ou traço; a dureza e a clivagem.

- Cor: Idiocromáticos – apresentam cor constante; Alocromáticos – apresentam cor variável

- Risca – cor do mineral quando reduzida a pó; cor da risca pode ser diferente da cor do mineral

- Dureza – medida segundo uma escala com grau crescente de dureza – escala de Mohs.

- Clivagem – propriedade segundo a qual o mineral se fratura por planos paralelos entre si com
superfícies lisas e brilhantes.

- A utilidade prática dos minerais depende não só das propriedades que apresentam, mas
também da sua composição química.

32
Magmatismo e rochas magmáticas

1. Tipos de magmas

- As rochas magmáticas, ou ígneas, são as que resultam da solidificação ou cristalização de um


magma. Este pode classificar-se em três tipos, de acordo com o seu teor em sílica e a
temperatura em que se encontra:
- Basáltico ou básico - baixo teor em sílica e elevada temperatura;
- Andesítico ou intermédio - com teor em sílica e temperatura intermédios;
- Riolitito ou ácido - com elevado teor em sílica e temperatura mais baixa.

- Os magmas basálticos formam-se a partir da fusão parcial de rochas do manto (peridotito).


Esta fusão resulta da diminuição da pressão experimentada pelos materiais em limites
divergentes e em plumas mantélicas.

- Os magmas andesíticos formam-se, normalmente, em limites convergentes associados a zonas


de subducção. A formação destes magmas é complexa, mas sabe-se que a sua génese depende
da quantidade e da qualidade dos materiais do fundo oceânico, que serão subductados. Neste
processo, a água desempenha um papel fundamental.

- Os magmas riolíticos formam-se, normalmente, em limites tectónicos convergentes. Tal como


no caso anterior, a formação destes magmas é complexa, mas admite-se que podem resultar de
um aumento da temperatura em profundidade gerada em contextos orogénicos. Dada a elevada
percentagem em sílica das rochas da crusta continental, considera-se que estes magmas se
formam pela fusão parcial dos materiais desta camada.

2. Minerais das rochas magmáticas


- O motivo cristalino mais vulgar nas rochas é o tetraedro de silício (SiO4), que compõe o grupo
de minerais designados por silicatos.

- Minerais isomorfos - apresentam a mesma estrutura cristalina, mas possuem uma composição
química diferente.
- Minerais polimorfos - apresentam a mesma composição química, mas possuem estruturas
cristalinas diferentes.

- A cristalização dos minerais a partir de um magma em arrefecimento diz-se fracionada, uma


vez que ocorre sequencialmente, atendendo ao ponto de fusão dos diferentes materiais. As
frações magmáticas residuais, com composição diferente do magma inicial, vão assim evoluíndo
num processo designado por diferenciação magmática, o qual permite que a partir de um só
magma inicial se formem rochas muito distintas. Os mecanismos de cristalização fracionada
foram ilustrados por Bowen em duas séries de cristalização, uma descontínua, correspondendo
aos minerais ferromagnesianos, e outra contínua, correspondente ao grupo das plagióclases.
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3. Diversidade de rochas magmáticas

- As rochas magmáticas plutónicas, ou intrusivas, resultam da consolidação lenta de um magma


em profundidade (ex.: granito, diorito e gabro).
- As rochas magmáticas vulcânicas, ou extrusivas, resultam da consolidação de um magma na
superfície terrestre ou próximo desta (ex.: riólito, andesito e basalto).

- De uma maneira geral, pode dizer-se que as rochas plutónicas apresentam uma textura
granular, com bom desenvolvimento dos diferentes cristais que as constituem, como resultado
de um arrefecimento lento dos magmas. Pelo contrário, as rochas vulcânicas apresentam
textura agranular, em que os cristais não se distinguem e estão pouco desenvolvidos. Existem
ainda as rochas vítreas, em que não existe de todo cristalização, como é o caso da obsidiana.

- Minerais félsicos – coloração clara; alto teor de sílica e alumínio;


- Minerais máficos – coloração escura; alto teor de ferro e magnésio;

- Quanto à composição química, as rochas magmáticas são classificadas em ácidas (granito e


riólito), intermédias (diorito e andesito) e básicas (gabro e basalto), de acordo com o decréscimo
do seu teor em sílica. Estes tipos de rochas são, respetivamente, leucocratas (apresentam cor
clara, devido à predominância de minerais félsicos); mesocratas (apresentam cor intermédia,
sem predominância de minerais félsicos ou máficos) e melanocratas (apresentam cor escura,
devido à predominância de minerais máficos).

Deformação de rochas

1. Falhas – comportamento frágil


- As rochas podem manifestar um comportamento frágil (associado a um estado de grande
rigidez), originando falhas, quando sujeitas a tensões, ou um comportamento dúctil, podendo
formar dobras, se estiverem sujeitas a pressões e a altas temperaturas, normalmente em
profundidade.

- As falhas podem classificar-se, respetivamente, em normais, inversas e de desligamento.

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2. Dobras – comportamento ductil
- As dobras podem ser classificadas em antiformas e sinformas, se atendermos à disposição
espacial dos seus elementos, ou em anticlinais e sinclinais, se considerarmos a idade dos
materiais rochosos que integram a dobra.

Metamorfismo e rochas metamórficas

1. Fatores de metamorfismo

- As rochas metamórficas formam-se em profundidade a partir da atuação de fatores de


metamorfismo sob rochas preexistentes, sem que ocorra a fusão destas.
- São exemplos de fatores de metamorfismo a tensão, o calor e os fluidos.

- A tensão que atua nas rochas preexistentes pode ser litostática ou não litostática. Como
consequência desta última, as rochas metamórficas formadas podem apresentar uma
disposição orientada dos seus minerais segundo planos paralelos - foliação.

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- O aumento da profundidade, o contacto com intrusões magmáticas e a atuação de tensões
sobre as rochas conduzem a um aumento progressivo da temperatura que pode induzir
processos de recristalização e formação de rochas metamórficas.

- A circulação de fluidos nas rochas pode desencadear ou acelerar processos metamórficos.

2. Tipos de metamorfismo

- Os diferentes tipos de metamorfismo definem-se em função da intensidade relativa dos fatores


de metamorfismo associados aos diferentes ambientes metamórficos.

- O metamorfismo de contacto ocorre, essencialmente, nas proximidades da instalação de


corpos magmáticos intrusivos. Neste tipo de metamorfismo, de carácter localizado, os fatores
determinantes são o calor e a circulação de fluidos provenientes da intrusão magmática. As
rochas formadas por este tipo de metamorfismo caracterizam-se pela ausência de foliação,
exibindo uma textura não foliada. São exemplos de rochas formadas por este tipo de
metamorfismo as corneanas, o quartzito e o mármore.

- O metamorfismo regional, que atua em extensas áreas, é característico de limites tectónicos


convergentes e está associado a fenómenos orogénicos e a arcos vulcânicos. Uma vez que a
pressão não litostática é um dos fatores determinantes neste tipo de metamorfismo, as rochas
apresentam tipicamente uma foliação evidente. São exemplos de rochas formadas por este tipo
de metamorfismo a ardósia, o micaxisto e o gnaisse.

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3. Mineralogia das rochas metamórficas

- Durante o metamorfismo, as condições de pressão e temperatura alteram-se e os minerais


preexistentes tornam-se instáveis, podendo sofrer transformações. Nestas novas condições
físicas e químicas, podem surgir, por recristalização, novas associações mineralógicas e novas
texturas. Os minerais que permitem caracterizar as condições de pressão e temperatura em que
decorreram essas transformações designam-se por minerais-índice (ex.: cianite, andaluzite e
silimanite).
- Estes minerais possibilitam também estabelecer os diferentes graus de metamorfismo, na
medida em que permitem tipificar condições de pressão e temperatura associadas às rochas.

4. Classificação das rochas metamórficas

- A classificação das rochas metamórficas obedece a diversos critérios. Entre estes pode-se
incluir a textura, a composição (mineralógica e química e o tipo de metamorfismo associado.

Exploração sustentada de recursos geológicos

1. Recursos geológicos

- Entende-se per recurso tudo o que se encontra disponível na Natureza e que pode ser utilizado
pelo ser humano para seu benefício. Por recurso geológico entende-se todo o tipo de materiais,
ou formas de energia associadas, que integram a geosfera, de natureza gasosa, líquida ou sólida,
com importância para a atividade humana.

- Todos os recursos com localização bem definida, passiveis de exploração numa perspetiva
economicamente rentável e em relação aos quais estão estimados valores de abundância
relativa se designam por reservas.

- A exploração sustentada dos recursos geológicos deverá garantir que estes sejam aproveitados
pelas gerações atuais, na medida da sua capacidade de regeneração, sem colocar em causa a
sua utilização pelas gerações futuras. Os recursos geológicos consideram-se não renováveis
(carvão, petróleo, gás natural, energia nuclear, se a sua exploração for feita a um ritmo superior
ao da sua regeneração, ou renováveis (energia geotérmica, sol, vento), se puderem ser repostos
a um ritmo semelhante ou até superior ao seu consumo.

- Os recursos geológicos incluem os recursos energéticos e os recursos minerais metálicos e não


metálicos

- O uso do carvão, do petróleo e do gás natural está, sobretudo, associado a problemas de


poluição atmosférica, que contribuem para o aumento do efeito de estufa e,
consequentemente, para o aquecimento da atmosfera. A energia nuclear torna-se
potencialmente perigosa devido à radioatividade libertada por eventuais acidentes ou pelos
resíduos produzidos.

- De entre as formas de energia apresentadas, a energia geotérmica é a que acarreta menores


riscos ambientais, podendo ser utilizada na produção de energia elétrica (energia de alta

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entalpia - energia interna que as moléculas de uma substância possuem) ou para o aquecimento
de infraestruturas (energia de baixa entalpia), como balneários e termas, por exemplo.

- Nos locais onde a concentração de certo mineral ultrapassa razoavelmente a média de


distribuição na crusta (clarke), considera-se a existência de um jazigo mineral. Ao material
rochoso que contém elementos de interesse económico, e que, por isso, é separado para
posterior tratamento, chama-se minério. O material que durante o processo de mineração é
rejeitado constitui a ganga. O depósito desta ganga em escombreiras pode gerar situações com
impacte ambiental muito negativo, como a contaminação das águas subterrâneas ou
superficiais.

- A exploração de rochas e minerais é capaz de gerar situações com impactes ambientais muito
acentuados, quer nas áreas emersas quer nas áreas imersas.

2. Exploração de águas subterrâneas

- Os recursos hidrogeológicos, como a água subterrânea, são fundamentais para as populações


humanas. Os aquíferos são formações rochosas que permitem o armazenamento e a circulação
de água, bem como a sua exploração rentável. O armazenamento e a circulação de água num
aquífero são tanto mais facilitados quanto maior for a porosidade e a permeabilidade das rochas
que o integram.

- Num aquífero é possível considerar, num alinhamento


vertical, duas zonas constituintes fundamentais: zona de
aeração e zona de saturação. Esta última encontra-se
separada da zona de aeração pelo nível hidrostático ou
freático, correspondente ao nível em que a água subterrânea
se encontra numa dada região. Inferiormente, a zona de
saturação está limitada por uma formação geológica
impermeável.

- Atendendo às características e à localização dos aquíferos, é possível classificá-los em aquíferos


livres, de acesso relativamente fácil, mas mais facilmente poluível, ou em aquíferos cativos ou
confinados, de acesso mais difícil.

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- Apesar do seu carácter renovável, a água subterrânea é um recurso natural cada vez mais
escasso, atendendo não só à deterioração da sua qualidade como também à sua sobre-
exploração. Entre as principais causas de contaminação incluem-se: a utilização de fertilizantes
químicos e pesticidas na agricultura intensiva; os lixiviados; ou o lançamento nos solos ou linhas
de água de resíduos industriais contendo substâncias tóxicas.

- A exploração sustentável dos recursos geológicos deverá basear-se na reciclagem, redução,


recuperação e reutilização de materiais, de modo a preservar os recursos ainda existentes.

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