Você está na página 1de 142

Criminologia

AULA 01

Professora Klaique Andreia Araújo

@klaique_araujo
Joelson Martins - joelson123@gmail.com - IP: 138.99.162.33
OBJETIVO

Neste curso de noções introdutórias da Criminologia, o aluno aprenderá:

• O objeto da criminologia;

• Relação da Criminologia com outras ciências;

• Causas/fatores da criminalidade;

• Classificação dos criminosos/ vítimas;

• Nuances contemporâneas;

Joelson Martins - joelson123@gmail.com - IP: 138.99.162.33


SUMÁRIO:

1. Conceito

2. Criminologia x Direito Penal

3. Método

4. Interdisciplinaridade com outras Ciências

5. Finalidade

6. Classificação

7. História

8. Escolas criminológicas
Joelson Martins - joelson123@gmail.com - IP: 138.99.162.33
1) CONCEITO

Origem: latim crimino (crime) e do grego logos (estudo, tratado),


significando o “estudo do crime”.

Conceito de Criminologia: é uma ciência que se dedica ao estudo do


Disponível em https://medium.com/revista-
crime, do delinquente, da vítima e o controle social das condutas krinos/viol%C3%AAncia-e-desagrega%C3%A7%C3%A3o
criminosas. -social-80b72c8bb915 Acesso em: 04 jun. 2021.

Joelson Martins - joelson123@gmail.com - IP: 138.99.162.33


1) CONCEITO

Configura-se como ciência empírica (baseada na observação e na experiência) e interdisciplinar


que tem por objeto de análise o crime, a personalidade do autor do comportamento delitivo, da
vítima e o controle social das condutas criminosas.

a criminologia não estuda apenas o crime, mas também as circunstâncias


sociais, a vítima, o criminoso, o prognóstico delitivo etc.

Seu objeto (crime, criminoso, vítima e controle social) é visível no mundo real e não no mundo dos
valores.

Joelson Martins - joelson123@gmail.com - IP: 138.99.162.33


1) CONCEITO DE CRIMINOLOGIA

criminoso

OBJETO DA
delito CRIMINOLOGIA
vítima

Controle
social
Joelson Martins - joelson123@gmail.com - IP: 138.99.162.33
1) CONCEITO DE CRIMINOLOGIA

 Ao longo dos anos o objeto de estudo da Criminologia sofreu mudanças importantes.

 A doutrina pontua que ela já se ocupou do estudo do crime (Beccaria), passando pela
verificação do delinquente (Escola Positiva).

 Após a década de 1950, alcançou projeção o estudo das vítimas e também os mecanismos de
controle social, havendo uma ampliação de seu objeto, que assumiu, portanto, uma feição
pluridimensional e interacionista.

Atualmente o objeto da criminologia está dividido em quatro vertentes: delito,


delinquente, vítima e controle social.

Joelson Martins - joelson123@gmail.com - IP: 138.99.162.33


1) CONCEITO DE CRIMINOLOGIA

Sob a ótica da criminologia, o crime é um problema social, fenômeno


comunitário, e abrange quatro elementos constitutivos:

• incidência massiva na população: não é tipificado como crime um fato


isolado;
• incidência aflitiva do fato praticado: o crime deve causar dor à vítima e à
comunidade;
• persistência espaço-temporal do fato delituoso: é preciso que o delito
ocorra reiteradamente por um período significativo de tempo no mesmo
território;
• consenso inequívoco acerca de sua etiologia e técnicas de intervenção
eficazes (a criminalização de condutas depende de uma análise minuciosa
desses elementos e sua repercussão na sociedade;

Joelson Martins - joelson123@gmail.com - IP: 138.99.162.33


1) CONCEITO DE CRIMINOLOGIA

Delito: o crime é um fenômeno social, comunitário e que se mostra como um problema maior,
a exigir do pesquisador uma empatia para se aproximar dele e o entender em suas múltiplas
facetas. A relatividade do conceito de delito é patente na criminologia, que o observa como um
problema social.

A criminologia tem toda uma atividade verificativa, que analisa a conduta antissocial, suas
causas geradoras, o efetivo tratamento dado ao delinquente visando sua não reincidência, bem
assim as falhas de sua profilaxia preventiva.

Vítima: é fundamental o estudo do papel da vítima na estrutura do delito, principalmente em


face dos problemas de ordem moral, psicológica, jurídica etc., justamente naqueles casos em
que o crime é levado a efeito por meio de violência ou grave ameaça.
Ressalte-se que a vitimologia permite estudar inclusive a criminalidade real, efetiva,
verdadeira, por intermédio da coleta de informes fornecidos pelas vítimas e não informados às
instâncias de controle (cifra negra de criminalidade).

Joelson Martins - joelson123@gmail.com - IP: 138.99.162.33


1) CONCEITO DE CRIMINOLOGIA

Criminoso - abordagens:

- Escola Clássica, o criminoso era um ser que pecou, que escolheu agir mal, embora pudesse e
devesse escolher o bem.
- Escola Positiva o criminoso um ser atávico, preso a sua deformação patológica (nascia
criminoso).
- Escola Correcionalista o criminoso era um ser inferior e incapaz de se governar e o Estado
deveria ter uma atitude pedagógica e de piedade.
- Pela visão do marxismo o criminoso é vítima inocente das estruturas econômicas.
- Atualmente, a criminologia não confere mais a extrema importância dada ao delinquente pela
criminologia tradicional, deixando-o em plano secundário de interesse.

Shecaira define o criminoso como histórico, real, complexo e enigmático, um ser absolutamente
normal, pode estar sujeito às influências do meio (não aos determinismos) as diferentes
perspectivas não se excluem; completam-se.

Joelson Martins - joelson123@gmail.com - IP: 138.99.162.33


1) CONCEITO DE CRIMINOLOGIA

Controle social
Mecanismos e sanções sociais que buscam submeter os indivíduos às normas de convivência
social. Que se divide:

Controle social informal (família, escola, religião, profissão, clubes de serviço etc.) visão
preventiva e educacional.

Controle social formal (Polícia, Ministério Público, Forças Armadas, Justiça, Administração
Penitenciária etc.), mais rigoroso que aquele e de conotação político-criminal.

Policiamento comunitário: se entrelaçam as duas formas de controle. Pode ser entendido como
a associação da prevenção criminal e repressão com a necessária reaproximação do policial com
a comunidade.

Joelson Martins - joelson123@gmail.com - IP: 138.99.162.33


2) CRIMINOLOGIA X DIREITO PENAL

Criminologia Direito Penal

Valorativa e normativa
Ciência empírica causal- método juridico
explicativa dogmatico e seu
proceder é dedutivo
sistemático

São autônomas, O direito penal e a


mas guardam criminologia se ocupam de
interdependência estudar o crime, mas ambos
recíproca. dão enfoques diferentes para
o fenômeno criminal.
Joelson Martins - joelson123@gmail.com - IP: 138.99.162.33
2) CRIMINOLOGIA X DIREITO PENAL

Criminologia Direito Penal

Quer conhecer a
Valora, ordena e orienta
realidade para explicá-la
a realidade, com base em
e compreender o
critérios/ prévios
problema criminal

Aproxima-se do fenômeno é ciência normativa, visualizando


delitivo sem prejuízos, sem o crime como conduta anormal
para a qual fixa uma punição. Só
mediações, procurando Ihe preocupa o crime enquanto
obter uma informação direta fato descrito na norma legał,
deste fenômeno para entender sua adequação
Joelson Martins - joelson123@gmail.com - IP: 138.99.162.33
3) MÉTODO

 Conjunto de procedimentos,
regras e operações previamente
 Meio pelo qual o raciocínio fixados.
humano procura desvendar
um fato, referente à natureza,
à sociedade e ao próprio
homem.

 Passo a passo que deve ser


comprovado e que pode/
deve ser reproduzido mais
de uma vez.

Joelson Martins - joelson123@gmail.com - IP: 138.99.162.33


3) MÉTODO

Criminologia moderna tem como métodos

• Empírico/ experimental

• Indutivo

• Biológico

• Sociológico

Joelson Martins - joelson123@gmail.com - IP: 138.99.162.33


3) MÉTODO

TÉCNICAS DE INVESTIGAÇÃO

Os testes em Criminologia são técnicas de investigação que por meio de padrões ou tipos
preestabelecidos destacam as características pessoais e da constituição do indivíduo, mediante
respostas a estímulos com o objetivo de traçar o perfil psicológico e a capacitação pessoal de
cometimento ou reincidência no crime.

Teste de personalidade projetivo: busca medir a personalidade através do uso de quadros,


figuras, jogos, relatos por imprimem estímulos no examinado, que provocam reações que dão
respostas que servirão de base para a interpretação dos resultados esperados.

Teste de personalidade prospectivo: emprega técnica para explorar as intenções atuais e


futuras, retirando do sujeito as crenças e potencialidades lesivas; freios de contenção de boas
condutas; o estilo de vida; os porquês da vida criminal, sofrimento às vítimas; se teme a justiça e
a pena e a dimensão moral.

Joelson Martins - joelson123@gmail.com - IP: 138.99.162.33


3) MÉTODO

Testes de inteligência: A inteligência é função psíquica complexa; inexistindo conceito de


inteligência globalmente aceito.

Áreas como Psicologia e Criminologia mede-se a inteligência pelo Quociente de Inteligência


– QI.

QI: divisão da Idade Mental (IM) pela Idade Cronológica (IC), multiplicada por 100.

Joelson Martins - joelson123@gmail.com - IP: 138.99.162.33


3) MÉTODO

(
Joelson Martins - joelson123@gmail.comPenteado Filho
- IP: 138.99.162.33 2012).
4) INTERDISCIPLINARIDADE COM OUTRAS CIÊNCIAS

Segundo Penteado Filho (2012), a interdisciplinaridade procede de seu desenvolvimento histórico


como ciência autônoma, considerando a grande influência de diversas outras ciências, como a
sociologia, psicologia, direito, medicina legal.

Penteado Filho (2012)


Joelson Martins - joelson123@gmail.com - IP: 138.99.162.33
5) FINALIDADE

- Informar a sociedade e Poder Público sobre o crime, o criminoso, vítima e mecanismos de


controle social e por fim o combate à criminalidade.

“Cientificamente o problema criminal, visando sua prevenção e


interferência no homem delinquente. Porém, registre-se que esse
núcleo de conhecimentos não é um amontoado de dados acumulados,
porque se trata de conhecimento científico adquirido mediante
técnicas de investigação rigorosas e confiáveis, decorrentes de análises
empíricas iniciais. Pode-se dizer com acerto que é função da
criminologia desenhar um diagnóstico qualificado e conjuntural sobre
o delito, entretanto convém esclarecer que ela não é uma ciência
exata, capaz de traçar regras precisas e indiscutíveis sobre as causas e
efeitos do ilícito criminal. Assim, a pesquisa criminológica científica, ao
usar dados empíricos de maneira criteriosa, afasta a possibilidade de
emprego da intuição ou de subjetivismos”.
Joelson Martins - joelson123@gmail.com - IP: 138.99.162.33
6) CLASSIFICAÇÃO DA CRIMINOLOGIA

A doutrina destaca a classificação da Criminologia em dois ramos: criminologia geral e


criminologia clínica.

• Criminologia geral: é a sistematização/ comparação/ classificação dos resultados sobre as


ciências criminais acerca do crime, criminoso, vítima, controle social e criminalidade.

• Criminologia clínica: é a aplicação dos conhecimentos princípios e métodos de


investigação médico-psicológicos teóricos para o tratamento dos criminosos.

Joelson Martins - joelson123@gmail.com - IP: 138.99.162.33


7) HISTÓRIA DA CRIMINOLOGIA

Não está definido pelos pesquisadores da criminologia o seu exato ponto inicial. A criminologia como
ciência autônoma existe há pouco tempo, mas possui considerável fase pré-científica.

- Escola Clássica (Francesco Carrara com o Programa de direito criminal, 1859), traçou os primeiros
aspectos do pensamento criminológico, com influência das ideias liberais e humanistas de Cesare
Bonesana, Marquês de Beccaria, (autor de “Dos delitos e das penas” 1764), considerado o precursor da
Escola Clássica.

- Psiquiatra/ Antropólogo Cesare Lombroso, com a publicação, em 1876, de seu livro O homem
delinquente poderia ser considerado o fundador da criminologia.

- Antropólogo Paul Topinard que em 1879 pode ter empregado pela primeira vez a palavra
“criminologia”.

- Jurista Rafael Garófalo, em 1885 usou o termo criminologia como nome de um livro científico.

- Adolphe Quetelet, integrante da Escola Cartográfica, projetou análises estatísticas importantes sobre
criminalidade.
Joelson Martins - joelson123@gmail.com - IP: 138.99.162.33
7) HISTÓRIA DA CRIMINOLOGIA

A etapa pré-científica da criminologia ganha destaque com os postulados da Escola Clássica,


mas antes dela já houvesse estudos acerca da criminalidade.

- Na etapa pré-científica havia os clássicos foram influenciados pelo Iluminismo, com seus
métodos dedutivos e lógico formais.

- E de outro lado, os empíricos, que investigavam a gênese delitiva por meio de técnicas
fracionadas, tais como as empregadas pelos fisionomistas, antropólogos, biólogos etc., os
quais substituíram a lógica formal e a dedução pelo método indutivo experimental
(empirismo).

- Essa dicotomia existente entre o que se convencionou chamar de clássicos e positivistas,


quer com o caráter pré-científico, quer com o apoio da cientificidade, ensejou a luta de
escolas.

Joelson Martins - joelson123@gmail.com - IP: 138.99.162.33


8) ESCOLAS CRIMINOLÓGICAS

Escola Clássica

• Influenciado pelo Iluminismo Cesare Beccaria escreveu Dos delitos e das penas (1764),
considerado um marco da escola clássica. Obra que faz crítica ao sistema inquisitório da
Idade Média (que baseava-se na tortura para investigação, além de aplicação de penas
cruéis). Desenvolve ideias para um direito penal mais racional, legal e humano.
• Fundava-se no jusnaturalismo (direito natural, de Grócio), que decorria da natureza
eterna e imutável do ser humano, e o contratualismo (contrato social ou utilitarismo, de
Rousseau), em que o Estado surge a partir de um grande pacto entre os homens, no qual
estes cedem parcela de sua liberdade e direitos em prol da segurança coletiva (situação
apoiada pela burguesia).
Joelson Martins - joelson123@gmail.com - IP: 138.99.162.33
8) ESCOLAS CRIMINOLÓGICAS

Os princípios fundamentais da Escola Clássica são:

- crime é um ente jurídico; não é uma ação, mas sim uma infração (Carrara);

- punibilidade deve ser baseada no livre-arbítrio;

- pena retributiva, baseada na culpa moral do criminoso (maldade) e restaurar a ordem externa
social;

- livre arbítrio;

- método e raciocínio lógico dedutivo;

- pensamento derivado do utilitarismo;

Joelson Martins - joelson123@gmail.com - IP: 138.99.162.33


8) ESCOLAS CRIMINOLÓGICAS

Escola Positiva

- Meados do início do século XIX na Europa;

- Influenciada pelos princípios fisiocratas e iluministas.

Possuiu 3 fases:

- antropológica (Lombroso - fundador);

- sociológica (Ferri);

- jurídica (Garófalo);

Joelson Martins - joelson123@gmail.com - IP: 138.99.162.33


8) ESCOLAS CRIMINOLÓGICAS

Escola Positiva

Pensamento influenciado pelos primeiros dados estatísticos sobre a criminalidade publicados em


1827.

Em 1835, Quetelet publicou a obra Física social, que desenvolveu as seguintes ideias:

a) o crime é um fenômeno social;


b) os crimes são cometidos ano a ano com intensa precisão;
c) há várias condicionantes da prática delitiva, como miséria, analfabetismo, clima etc;
d) teoria das leis térmicas, em cada estação haveria uma propensão ao cometimento de
determinados tipos criminais;
e) cifra negra;

Joelson Martins - joelson123@gmail.com - IP: 138.99.162.33


8) ESCOLAS CRIMINOLÓGICAS

Fase antropológica (Lombroso ):

- sistematizou uma série de conhecimentos esparsos;

- traçou um perfil dos criminosos;

- Seus estudos caracterizaram-se da seguinte forma:

- Apoiado nos estudos em psiquiatria, analisou a degeneração dos loucos morais;

- Utilizou dados antropológicos sobre o conceito de atavismo e de não evolução,


desenvolvendo o conceito de criminoso nato;

03 - Propôs utilização de método empírico-indutivo ou indutivo-experimental;

Joelson Martins - joelson123@gmail.com - IP: 138.99.162.33


8) ESCOLAS CRIMINOLÓGICAS

Premissas básicas de sua teoria: atavismo, degeneração epilética e delinquente nato, cujas
características seriam: fronte fugidia, crânio assimétrico, cara larga e chata, grandes maçãs no rosto,
lábios finos, canhotismo (na maioria dos casos), barba rala, olhar errante ou duro.

(Penteado Filho, 2012)


Joelson Martins - joelson123@gmail.com - IP: 138.99.162.33
8) ESCOLAS CRIMINOLÓGICAS
Não afastou fatores exógenos da gênese criminal, entendia que eram apenas aspectos motivadores dos
fatores endógenos. Então, clima, contexto social seriam um combustível, pois o criminoso nasce criminoso
(determinismo biológico).

Classificou os criminosos em natos, loucos, por paixão e de ocasião.

Ao estudar tatuagens, constatou tendência à tatuagem nos dementes.

A teoria de Lombroso defendia ainda a ideia de que pessoas afrodescendentes ou asiáticas nasciam
propensas ao crime.

- Recorte equivocado: pessoas presas/ corrupção/ falta de apuração devida.

Por fim, afirmou que o crime não é uma entidade jurídica, mas sim um
fenômeno biológico, razão pela qual o método indutivo-experimental deveria ser o empregado.

Inúmeras críticas foram feitas a Lombroso


Joelson Martins - joelson123@gmail.com - IP: 138.99.162.33
8) ESCOLAS CRIMINOLÓGICAS

Fase sociológica (Ferri):

Enrico Ferri (1856-1929) discípulo de Lombroso, criou a sociologia criminal.

- Criminalidade deriva de fenômenos antropológicos, físicos e culturais;

- Negação do livre-arbítrio (mera ficção) como base da imputabilidade;

- Responsabilidade moral substituída pela responsabilidade social;

- Razão de punir é a defesa social (a prevenção geral é mais eficaz que a repressão);

- Classificou criminosos em natos, loucos, habituais, de ocasião e por paixão.

Joelson Martins - joelson123@gmail.com - IP: 138.99.162.33


8) ESCOLAS CRIMINOLÓGICAS

Fase Jurídica Rafael Garófalo (1851-1934):

- crime estava no homem e que se revelava como degeneração deste;


- criou o conceito de periculosidade, que seria o propulsor do delinquente e a porção de
maldade que deve se temer em face deste;
- fixou a necessidade de conceber outra forma de intervenção penal – a medida de
segurança.
- concebeu a noção de delito natural (sentimentos altruísticos de piedade e probidade).
- classificou os criminosos em natos (instintivos), fortuitos (de ocasião) ou pelo defeito
moral especial (assassinos, violentos, ímprobos e cínicos), propugnando pela pena de
morte aos criminosos natos.

Joelson Martins - joelson123@gmail.com - IP: 138.99.162.33


8) ESCOLAS CRIMINOLÓGICAS Segundo Bacila (2016) as
ideiais da Escola Positiva,
sobretudo as de Lombroso
Escola Positiva: somente foram
devidamente contestadas
no sec XX (Edwin Sutherland
- direito penal é obra humana; (1883-1950).

- responsabilidade social decorre do determinismo social (o


meio social em que o indivíduo nasce determina sua vida e suas ações);

- o delito é um fenômeno natural e social (fatores natural e social (fatores


biológicos, físicos e sociais);

- a pena é um instrumento de defesa social (prevenção geral);

- método indutivo experimental;

- os objetos de estudo da ciência penal são o crime, o criminoso, a pena e o


processo.
Joelson Martins - joelson123@gmail.com - IP: 138.99.162.33
8) ESCOLAS CRIMINOLÓGICAS

Escola de Política Criminal ou Moderna Alemã

Também chamada Escola Sociológica Alemã.

- método indutivo experimental para a criminologia;

- distinção entre imputáveis e inimputáveis (pena para os normais e medida de segurança


para os perigosos);

- crime como fenômeno humano-social e como fato jurídico;

- a função finalística da pena – prevenção especial;

- eliminação ou substituição das penas privativas de liberdade de curta duração.

Joelson Martins - joelson123@gmail.com - IP: 138.99.162.33


8) ESCOLAS CRIMINOLÓGICAS

Terza Scuola (Manuel Carnevale, Bernardino Alimena e João Impallomeni):

Figura como uma teoria eclética ou intermediária das duas últimas.

- distinção entre imputáveis e inimputáveis;


- responsabilidade moral baseada no determinismo (quem não tiver a
capacidade de se levar pelos motivos deverá receber uma medida de segurança);
- crime como fenômeno social e individual;
- pena com caráter aflitivo, cuja finalidade é a defesa social.

Joelson Martins - joelson123@gmail.com - IP: 138.99.162.33


8) BIBLIOGRAFIA
Bacila, Carlos Roberto. Introdução ao Direito Penal e à criminologia (livro eletrônico) / Carlos Roberto Bacila. Curitiba: Intersaberes, 2016.
2 MB; PDF.

Bacila, Carlos Roberto. Manual de criminologia e política criminal (livro eletrônico) / Carlos Roberto Bacila. Curitiba: Intersaberes, 2020. 2
MB; PDF.

Baratta, Alessandro. Criminologia Crítica e Crítica do Direito Penal: Introdução à sociologia do direito penal / Alessandro Baratta; tradução
Juarez Cirino dos Santos. 3ª ed. Rio de Janeiro: Editora Revan: Instituto Carioca de Criminologia, 2002.

Beristain, Antonio. Nova criminologia a luz do direito penal e da vitimologia/ Antonio Beristain; traducao de Candido Furtado Maia Neto. -
Brasilia : Editora Universidade de Brasília : São Paulo : Imprensa Oficial do Estado, 2000. 194p.

Criminologia e sistemas jurídico-penais contemporâneos II [recurso eletrônico] / Ruth Maria Chittó Gauer (Org.) ; Aury Lopes Jr. ... [et al.]. –
Dados eletrônicos. – Porto Alegre : EDIPUCRS, 2010. 351 p.

Penteado Filho, Nestor Sampaio Manual esquemático de criminologia / Nestor Sampaio Penteado Filho. – 2. ed. – São Paulo: Saraiva,
2012. Bibliografia. 1. Criminologia I. Título. CDU-343.9.

Penteado Filho, Nestor Sampaio Criminologia e medicina legal / Nestor Sampaio Penteado Filho, Ugo Osvaldo Frugoli, Paulo Argarate
Vasques. — São Paulo : Saraiva, 2014. — (Coleção preparatória para concurso de delegado de polícia) 1. Criminologia 2. Delegados de
polícia - Concursos 3. Medicina legal I. Frugoli, Ugo Osvaldo. II. Vasques, Paulo Argarate. III. Título. IV. Série. CDU-343.9(81) 14-04033 -
43.(81)(079)

03 Shecaira. Sérgio Salomão. Criminologia. 2ª. ed. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2008. v. 1. 384p.

Shecaira. Sérgio Salomão. Criminologia. 6ª ed. rev. e atual. – São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2014. 351 p.
Joelson Martins - joelson123@gmail.com - IP: 138.99.162.33
Criminologia
AULA 02

Professora Klaique Andreia Araújo

@klaique_araujo
Joelson Martins - joelson123@gmail.com - IP: 138.99.162.33
SUMÁRIO:

1. Sociologia criminal

2. Vitimologia

3. Classificação das vítimas

4. Vitimização primária, secundária e terciária

5. Complexo criminógeno delinquente e vítima

01

Joelson Martins - joelson123@gmail.com - IP: 138.99.162.33


1) SOCIOLOGIA CRIMINAL

• Busca compreender e justificar como os fatores do meio ambiente social influenciam a conduta
individual, de forma a conduzirem o homem a cometer delitos.

• A moderna sociologia encara uma divisão bipartida, com análise das teorias macrossociológicas, sob
enfoques consensuais ou de conflito.

Modelos sociológicos de consenso e de conflito

Na perspectiva macrossociológica a análise do delito decorre da visão da sociedade como um todo. Assim,
o pensamento criminológico moderno é influenciado por duas visões:

• funcionalista, denominada teoria de integração (teoria de consenso)


• argumentativa (teorias de conflito).

Joelson Martins - joelson123@gmail.com - IP: 138.99.162.33


1) SOCIOLOGIA CRIMINAL

Exemplos:

Teorias de consenso:
- Escola de Chicago
- Teoria de associação diferencial
- Teoria da anomia
- Teoria da subcultura delinquente

Teorias de conflito:
- Labelling approach
- Teoria crítica ou radical

Joelson Martins - joelson123@gmail.com - IP: 138.99.162.33


1) SOCIOLOGIA CRIMINAL

Teorias de consenso:

As sociedades atingem seu objetivo quando há o funcionamento de suas instituições, com os


indivíduos convivendo e compartilhando as metas sociais comuns, concordando com as regras de
convívio.

Voluntariedade
Mesmos
de pessoas e
valores
instituições

Joelson Martins - joelson123@gmail.com - IP: 138.99.162.33


1) SOCIOLOGIA CRIMINAL

Teoria de
Consenso
(postulados)

Elementos
sociais

Perenidade Integralidade Funcionalidade Estabilidade

Joelson Martins - joelson123@gmail.com - IP: 138.99.162.33


1) SOCIOLOGIA CRIMINAL

Teorias de conflito

 A harmonia social decorre da força e da coerção (relação entre dominantes e dominados).


 Ausência de voluntariedade entre os personagens para a pacificação social, esta é decorrente da
imposição ou coerção.

 Segundo a visão de Marx, as sociedades são sujeitas a mudanças ininterruptas, sendo ubíquas, e
todo elemento coopera para sua dissolução. Além disso, haveria sempre uma luta de classes ou de
ideologia a informar a sociedade.

Os postulados das teorias de conflito são:


• sociedades são sujeitas a mudanças contínuas
• cooperação para dissolução
• luta de classes ou de ideologias a informar a sociedade moderna (Marx)

 Os sociólogos contemporâneos afastam a luta de classes, defendendo que a violação da ordem


deriva mais da ação de indivíduos, grupos ou bandos do que de um substrato ideológico e político.

Joelson Martins - joelson123@gmail.com - IP: 138.99.162.33


1) SOCIOLOGIA CRIMINAL

Teoria de
Conflito
(postulados)

Elementos
sociais

Mudança Cooperação
Luta de classes
permanente para dissolução
Joelson Martins - joelson123@gmail.com - IP: 138.99.162.33
1) SOCIOLOGIA CRIMINAL

Escola de Chicago

Contexto histórico:

• Revolução Industrial = expansão do mercado americano;

• Influência importante da religião;

• Com o processo de secularização = aproximação entre as elites e a classe baixa (teoria da ecologia
criminal da Universidade de Chicago);

• Crescimento desordenado da cidade de Chicago;

• Crescentes e graves problemas sociais, econômicos, culturais = criaram ambiente favorável à


criminalidade;

Joelson Martins - joelson123@gmail.com - IP: 138.99.162.33


1) SOCIOLOGIA CRIMINAL

Segundo a teoria estabeleceu-se a metodologia de colocação dos resultados da criminalidade


sobre o mapa da cidade, pois é a cidade o ponto de partida daquela (estrutura ecológica).

Mecanismo solidário (controle social informal) x mobilidade e


fluidez

Constatação = mobilização e a fluidez impedem o efetivo


controle social informal nas maiores cidades.

Joelson Martins - joelson123@gmail.com - IP: 138.99.162.33


1) SOCIOLOGIA CRIMINAL

Propostas da Teoria Ecológica


Ações
Considerando desorganização social e identificação de áreas de criminalidade, as afirmativas que
principais propostas da ecologia criminal para o combate à criminalidade são: incluam o
indivíduo na
• alteração efetiva da situação socioeconômica das crianças; sociedade.
• amplos programas comunitários para tratamento e prevenção;
• planejamento estratégico por áreas definidas;
• programas comunitários de recreação e lazer;
• reurbanização dos bairros pobres, com melhoria da estética e do padrão das casas;

Destaque da Escola de Chicago: refere-se à metodologia (estudos empíricos) e da


política criminal, com destaque à prevenção, reduzindo a repressão.

Joelson Martins - joelson123@gmail.com - IP: 138.99.162.33


1) SOCIOLOGIA CRIMINAL

Associação diferencial

É considerada uma teoria de consenso, desenvolvida pelo sociólogo americano Edwin


Sutherland (1883-1950)

Cunhou no final dos anos 1930 a expressão white collar crimes (crimes de colarinho branco)
para designar os autores de crimes específicos, que se diferenciavam dos criminosos comuns.

Definições:

• Comportamento do criminoso é aprendido, nunca herdado, criado ou desenvolvido pelo


sujeito ativo.
• Não há associação entre criminosos e não criminosos, mas sim entre definições favoráveis
ou desfavoráveis ao delito.

Joelson Martins - joelson123@gmail.com - IP: 138.99.162.33


1) SOCIOLOGIA CRIMINAL

Associação diferencial - conclusões

“Uma pessoa torna-se criminosa porque recebe mais definições favoráveis à violação da lei do
que desfavoráveis a essa violação. Este é o princípio da associação diferencial” (Costa, 1976).

 Está errado afirmar que o crime é comportamento inadaptado das classes menos
favorecidas. Ex: colarinho branco (sonegações, fraudes etc.), que são delitos praticados por
pessoas de elevada estatura social.

 Daí por que a teoria conduz à ideia de que a cultura mais ampla não é homogênea, levando
a conceitos contraditórios do mesmo comportamento, porque se nega que o
comportamento do delinquente possa ser explicado por necessidades e valores gerais.

Joelson Martins - joelson123@gmail.com - IP: 138.99.162.33


1) SOCIOLOGIA CRIMINAL
Anomia. Subcultura delinquente

 Considerada como teoria de consenso, porém com influências marxistas. Não contempla qualquer estudo
clínico do crime, pois não o compreende como anomalia.

 Sociedade como um todo orgânico articulado em que os indivíduos devem interagir num ambiente de
valores e regras comuns.

 Segundo Merton, o comportamento desviado pode ser considerado sociologicamente um indício de


dissociação entre as pretensões socioculturais e as possibilidades existentes para alcança-las, no fracasso,
leva-se à anomia, isto é, atitudes que desconsideram normas sociais.

Metas culturais x meios institucionalizados


A interação ou choque entre estes podem gerar os seguintes comportamentos:

Conformidade
Inovação
Ritualismo
Evasão ou retraimento
Rebelião
Joelson Martins - joelson123@gmail.com - IP: 138.99.162.33
1) SOCIOLOGIA CRIMINAL

A teoria da subcultura delinquente (teoria de consenso), do sociólogo Albert Cohen de 1955, a


ideia central é:

 o caráter pluralista e atomizado da ordem social;


 a cobertura normativa da conduta desviada;
 as semelhanças estruturais, na gênese, dos comportamentos regulares e irregulares.
 essa teoria é contrária à noção de uma ordem social, ofertada pela criminologia tradicional.

Joelson Martins - joelson123@gmail.com - IP: 138.99.162.33


1) SOCIOLOGIA CRIMINAL

Características da subcultura delinquente segundo Cohen:

• Não utilitarismo da ação;


• Malícia da conduta;
• Negativismo

Conclusão:

Subculturas criminais são uma reação de algumas minorias muito desfavorecidas


frente às exigências sociais de sobrevivência.

Joelson Martins - joelson123@gmail.com - IP: 138.99.162.33


1) SOCIOLOGIA CRIMINAL

Labelling approach

Teoria de 1960, também conhecida como (interacionismo simbólico, etiquetamento, rotulação ou


reação social) ganha destaque dentre as teorias de conflito.

Expoentes principais: Erving Goffman e Howard Becker.

Definição
A criminalidade não é um atributo da conduta humana, mas o resultado de um processo em que
se atribui esse atributo (estigmatização). Isto é, o delinquente é comum a qualquer pessoa, mas,
sofre estigma, fica rotulado, assim, a ideia central desta teoria é o processo de interação em que
o sujeito é taxado de criminoso.

Joelson Martins - joelson123@gmail.com - IP: 138.99.162.33


1) SOCIOLOGIA CRIMINAL

Labelling approach

A teoria da rotulação de criminosos cria um processo de estigma para os


condenados, funcionando a pena como geradora de desigualdades. O sujeito
acaba sofrendo reação da família, amigos, conhecidos, colegas, o que acarreta a
marginalização no trabalho, na escola.

Joelson Martins - joelson123@gmail.com - IP: 138.99.162.33


Questão apontada por Penteado Filho (2012): “É
uma falácia pensar na criminalidade atual como
1) SOCIOLOGIA CRIMINAL subproduto de uma rotulação policial ou judicial.
Observe-se o crime organizado: uma verdadeira
empresa multinacional, com produção, gerências
regionais, inteligência, infiltração nas
As consequências políticas da teoria do labelling approach são universidades e no Poder Público, lavagem de
dinheiro, hierarquia, disciplina, controle informal
reduzidas àquilo que se convencionou chamar “política dos dos presídios. Isso seria produzido por
quatro Ds” (Descriminalização, Diversão, Devido processo legal etiquetamento? Certamente não, mas os
penalistas brasileiros insistem na minimização
e Desinstitucionalização). No plano jurídicopenal, os efeitos do direito penal, na exarcebação de direitos dos
criminológicos dessa teoria se deram no sentido da prudente presos, sendo “etiquetada” de reacionária,
démodé ou “conservadora” qualquer medida de
não intervenção ou do direito penal mínimo. Existe uma contenção e ordem imposta pelo Estado”.
tendência garantista, de não prisionização, de progressão dos
regimes de pena, de abolitio criminis etc.

Joelson Martins - joelson123@gmail.com - IP: 138.99.162.33


1) SOCIOLOGIA CRIMINAL

Teoria crítica ou radical

Do século XX, de Bonger, com inspiração marxista, defende que a economia de mercado a razão/
fundamento da criminalidade, visto que estimula e produz o egoísmo entre os indivíduos,
levando-os a delinquir.

Além disso, defende que os crimes cometidos pela população pobre são mais perseguidos,
diferente dos crimes cometidos pela classe alta, concluindo, pois que a realidade não carrega
neutralidade, de modo que a estigmatizacão da população marginalizada (incluindo a classe
trabalhadora), se torna alvo preferencial do sistema punitivo, que pretende cultivar temor da
criminalização/ prisão para manter a ordem social.

Joelson Martins - joelson123@gmail.com - IP: 138.99.162.33


1) SOCIOLOGIA CRIMINAL

Teoria crítica ou radical

Características da corrente crítica:

 concepção conflitual da sociedade e do direito (o direito penal se ocupa de proteger os


interesses do grupo social dominante);
 reclama compreensão/ apreço pelo criminoso;
 crítica à criminologia tradicional;
 capitalismo = base da criminalidade;
 propõe reformas estruturais na sociedade para redução das desigualdades e
consequentemente da criminalidade.

CRÍTICA: não analisa o crime nos países socialistas.

Joelson Martins - joelson123@gmail.com - IP: 138.99.162.33


1) SOCIOLOGIA CRIMINAL

Neorretribucionismo (lei e ordem; tolerância zero; broken windows)

Estados Unidos – 1982

 Defende que os pequenos delitos devem ser rechaçados, o que poderia inibir os graves servindo
como prevenção geral; os espaços públicos e privados devem ser tutelados e
preservados.

 Essa teoria parte da premissa de que existe uma relação de causalidade entre a desordem e a
criminalidade.

 Em 1990 o americano Wesley Skogan realizou uma pesquisa em várias cidades dos EUA que
confirmou os fundamentos da teoria. A relação de causalidade existente entre desordem e
criminalidade é muito maior do que a relação entre criminalidade e pobreza, desemprego, falta de
moradia.

Joelson Martins - joelson123@gmail.com - IP: 138.99.162.33


2) VITIMOLOGIA

Contextualização – Evolução Histórica

o A vítima sofre o resultado de atos próprios ou de outrem.


o Marco inicial admitido por boa parte da doutrina é 1940 com Von Hentig e Benjamim Mendelsohn,
com a sistematização de estudos para a vítima.

o Não foi abordada pela Escola Clássica que focou no crime, nem na Escola Positiva focada no
criminoso. Para Beistain, a atual vitimologia surgiu após II Guerra Mundial, como resposta dos
judeus ao holocausto nazista.

o Depois, com o 1º Simpósio Internacional de Vitimologia, de 1973, em Israel, sob a supervisão do


famoso criminólogo chileno Israel Drapkin, impulsionaram-se os estudos e a atenção
comportamentais, buscando traçar perfis de vítimas potenciais, com a interação do direito penal,
da psicologia e da psiquiatria.

Joelson Martins - joelson123@gmail.com - IP: 138.99.162.33


2) VITIMOLOGIA

Conceito

Vitimologia é a ciência que estuda a vítima, sua condição, é compreendida dentro da noção do
estudo da criminalidade. Tem por objeto é a diminuição das vítimas na sociedade, e segundo
Kaiser, investigações vitimológicas contribuem para a legitimação do sistema penal e seu
desenvolvimento.

Joelson Martins - joelson123@gmail.com - IP: 138.99.162.33


3) CLASSIFICAÇÃO DAS VÍTIMAS

Conceituação básica

Vítima: qualquer pessoa, organização, a moral que tenham ameaçadas, lesadas ou


destruídas, mas o conceito deve alargar-se para aqueles que são indiretamente afetados,
como membros do mesmo grupo, família, além dos crimes cometidos contra a
Administração Pública, e o prejuízo ocorre contra a saúde, segurança, educação e meio
ambiente, de modo que o sujeito passivo é a coletividade/ sociedade.

O termo “vítimas” designa as pessoas que, individual ou coletivamente, tenham sofrido um dano, nomeadamente um
dano físico ou mental, um sofrimento emocional, um prejuízo económico ou um atentado importante aos seus direitos
fundamentais, em resultado de atos ou omissões que violem as leis penais em vigor nos Estados Membros, incluindo
as leis que criminalizam o abuso de poder. 2. Uma pessoa pode ser considerada "vítima", ao abrigo da presente
Declaração, independentemente do facto de o autor ter ou não sido identificado, capturado, acusado ou condenado e
qualquer que seja a relação de parentesco entre o autor e a vítima. O termo “vítima” inclui também, sendo caso disso,
os familiares próximos ou dependentes da vítima direta e as pessoas que tenham sofrido danos ao intervir para
prestar assistência a vítimas em perigo ou para impedir a vitimização. 3. As disposições da presente Declaração
aplicam-se a todas as pessoas, sem qualquer distinção, nomeadamente de raça, cor, sexo, idade, língua, religião,
nacionalidade, opiniões políticas ou outras, convicções ou práticas culturais, situação económica, nascimento ou
situação familiar, origem étnica ou social, ou deficiência (Declaração dos Princípios Fundamentais de Justiça Relativos
às Vítimas da Criminalidade e de Abuso de Poder, das Nações Unidas - ONU-1985).
Joelson Martins - joelson123@gmail.com - IP: 138.99.162.33
3) CLASSIFICAÇÃO DAS VÍTIMAS

Classificação de Mendelsohn Classificação Von Hentig

Vítima inocente, que não concorre de forma Criminoso – vítima – criminoso (sucessivamente),
alguma para o injusto típico reincidente que é hostilizado no
cárcere, vindo a delinquir novamente pela repulsa
social que encontra fora da cadeia
Vítima provocadora, que, voluntária ou Criminoso – vítima – criminoso (simultaneamente),
imprudentemente, colabora com o ânimo caso das vítimas de drogas que de usuárias passam
criminoso do agente; a ser traficantes

Vítima agressora, simuladora ou imaginária, Criminoso – vítima (imprevisível), por exemplo,


suposta ou pseudovítima, que acaba justificando a linchamentos, saques, epilepsia, alcoolismo
legítima defesa de seu agressor.

Joelson Martins - joelson123@gmail.com - IP: 138.99.162.33


4) VITIMIZAÇÃO PRIMÁRIA, SECUNDÁRIA E TERCIÁRIA

A criminologia classifica a vitimização em Vitimização primária, secundária e terciária.

Vitimização primária: deriva do cometimento do crime, violando os direitos da


vítima, cujos danos podem ser materiais, físicos, psicológicos, variando ainda
em relação à natureza da infração, personalidade da vítima, relação desta com
o criminoso. Em suma, corresponde aos danos sofridos pela vítima
decorrentes diretamente do delito.

Joelson Martins - joelson123@gmail.com - IP: 138.99.162.33


4) VITIMIZAÇÃO PRIMÁRIA, SECUNDÁRIA E TERCIÁRIA

 Vitimização secundária: é causada pelos agentes formais do controle social, durante o


trâmite do processo trazendo sofrimento adicional pela sua própria dinâmica
(inquérito policial e processo judicial penal). Além da vítima, a testemunha também
podem sofrer essas consequências.

 Beristain aponta, citando Villmow, que na historia do sistema penal, a vítima nos
últimos séculos se encontra desamparada, e também vitimada durante o processo
penal; ela praticamente não e levada em conta; somente atuam o poder estatal, por
uma parte, e o delinquente, por outra. Ambos abandonam e desconhecem a vítima.

Joelson Martins - joelson123@gmail.com - IP: 138.99.162.33


4) VITIMIZAÇÃO PRIMÁRIA, SECUNDÁRIA E TERCIÁRIA

 Vitimização terciária: carência de amparo dos órgãos públicos às


vítimas; além disso, a própria sociedade deixa de abrigar a vítima, e
muitas vezes há um incentivo explícito e implícito a não denunciar o
delito, (cifra negra).

Joelson Martins - joelson123@gmail.com - IP: 138.99.162.33


5) COMPLEXO CRIMINÓGENO DELINQUENTE E VÍTIMA

o A doutrina aponta a necessidade de se conjugarem estudos sobre o criminoso e vítima para


apuração de dolo/ culpa, dentre outras nuances que repercutem na adequação típica e na aplicação
da pena (art. 59 do CP).

o Defende-se o papel da vítima em determinados tipos penais e circunstanciais, no entanto, a


doutrina também pondera que há vítimas autênticas (não contribuem no contexto do crime ação/
omissão, nem interagem com o comportamento do autor do crime.

CPB: Art. 59 - O juiz, atendendo à culpabilidade, aos antecedentes, à conduta social, à personalidade
do agente, aos motivos, às circunstâncias e consequências do crime, bem como ao comportamento da
vítima, estabelecerá, conforme seja necessário e suficiente para reprovação e prevenção do crime

Joelson Martins - joelson123@gmail.com - IP: 138.99.162.33


Segundo avaliado por Penteado Filho (2012): “no Brasil as
ações afirmativas de tutela de vítimas da violência são ainda
extremamente tímidas, na medida em que se vive uma crise de
valores morais, culturais e da própria autoridade constituída,
com escândalos de corrupção grassando nos três poderes da
República”.

Joelson Martins - joelson123@gmail.com - IP: 138.99.162.33


BIBLIOGRAFIA

Bacila, Carlos Roberto. Introdução ao Direito Penal e à criminologia (livro eletrônico) / Carlos Roberto Bacila. Curitiba: Intersaberes, 2016. 2 MB; PDF.

Bacila, Carlos Roberto. Manual de criminologia e política criminal (livro eletrônico) / Carlos Roberto Bacila. Curitiba: Intersaberes, 2020. 2 MB; PDF.

Baratta, Alessandro. Criminologia Crítica e Crítica do Direito Penal: Introdução à sociologia do direito penal / Alessandro Baratta; tradução Juarez Cirino dos
Santos. 3ª ed. Rio de Janeiro: Editora Revan: Instituto Carioca de Criminologia, 2002.

Beristain, Antonio. Nova criminologia a luz do direito penal e da vitimologia/ Antonio Beristain; traducao de Candido Furtado Maia Neto. - Brasilia : Editora
Universidade de Brasilia : Sao Paulo : Imprensa Oficial do Estado, 2000. 194p.

Criminologia e sistemas jurídico-penais contemporâneos II [recurso eletrônico] / Ruth Maria Chittó Gauer (Org.) ; Aury Lopes Jr. ... [et al.]. – Dados eletrônicos. –
Porto Alegre : EDIPUCRS, 2010. 351 p.

Costa, Alvaro Mayrink. Criminologia, Rio de Janeiro: Ed. Rio, 1976, p. 129.

Penteado Filho, Nestor Sampaio Manual esquemático de criminologia / Nestor Sampaio Penteado Filho. – 2. ed. – São Paulo: Saraiva, 2012. Bibliografia. 1.
Criminologia I. Título. CDU-343.9.

Penteado Filho, Nestor Sampaio Criminologia e medicina legal / Nestor Sampaio Penteado Filho, Ugo Osvaldo Frugoli, Paulo Argarate Vasques. — São Paulo :
Saraiva, 2014. — (Coleção preparatória para concurso de delegado de polícia) 1. Criminologia 2. Delegados de polícia - Concursos 3. Medicina legal I. Frugoli, Ugo
Osvaldo. II. Vasques, Paulo Argarate. III. Título. IV. Série. CDU-343.9(81) 14-04033 - 43.(81)(079)

Shecaira. Sérgio Salomão. 2ª. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2008. v. 1. 384p.

Shecaira. Sérgio Salomão. Criminologia. 6ª ed. rev. e atual. – São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2014. 351 p.

Joelson Martins - joelson123@gmail.com - IP: 138.99.162.33


Criminologia
AULA 03

Professora Klaique Andreia Araújo

@klaique_araujo
Joelson Martins - joelson123@gmail.com - IP: 138.99.162.33
SUMÁRIO

1. Classificação dos criminosos

2. Classificação de Cesare Lombroso

3. Classificação de Enrico Ferri

4. Classificação de Garófalo

5. Fatores sociais de criminalidade

Joelson Martins - joelson123@gmail.com - IP: 138.99.162.33


1) CLASSIFICAÇÃO DOS CRIMINOSOS

Hilário Veiga de Carvalho propôs a classificação etiológica dos


criminosos, focando principalmente fatores biológicos, que segundo o
pesquisador, o “exame a que ela força, poderia esclarecer o julgador e o
aplicador da lei a orientar a terapêutica penitenciária no sentido mais útil
para a recuperação social do agente criminoso”:
 biocriminoso puro
 biocriminoso preponderante
 Mesobiocriminoso de correção possível:
 mesocriminoso preponderante
 mesocriminoso puro

Joelson Martins - joelson123@gmail.com - IP: 138.99.162.33


1) CLASSIFICAÇÃO DOS CRIMINOSOS

 Biocriminoso puro (pseudocriminosos): existência exclusivamente de fatores biológicos;


sujeito a “tratamento médico psiquiátrico, temporário ou definitivo em referência ao critério
clínico em manicômio judiciário” (CARVALHO, 1951). Penteado Filho (2012) exemplifica: “é o
caso dos psicopatas ou epiléticos que, em crise, efetuam disparos de arma de fogo, ou de
retardados mentais severos, esquizofrênicos e outros”.

Joelson Martins - joelson123@gmail.com - IP: 138.99.162.33


1) CLASSIFICAÇÃO DOS CRIMINOSOS

 Biocriminoso preponderante - de correção difícil: “tratamento em Colônias Disciplinares, em


Casas de Custódia ou em Institutos de Trabalho, de reeducação ou de ensino profissional, com
assistência médico psiquiátrica e com eventual internação em Hospital Psiquiátrico, e
segregação temporária ou definitiva, como medida de segurança”. (CARVALHO, 1951). Estão
propensos ao cometimento de atos criminosos; há a presença de alguns fatores mesológicos
(relações entre os seres e o meio ou ambiente); possivelmente portadores de anomalia
biológica insuficiente para desencadear a ofensiva criminosa, cedem a estímulos externos e a
eles respondem facilmente.

Joelson Martins - joelson123@gmail.com - IP: 138.99.162.33


1) CLASSIFICAÇÃO DOS CRIMINOSOS

 Mesobiocriminoso de correção possível: “tratamento no regime penal de


Reformatório, progressivo e atendimento médico e pedagógico” (CARVALHO, 1951).
Influências biológicas e ou do meio; reincidência ocasional.

Joelson Martins - joelson123@gmail.com - IP: 138.99.162.33


1) CLASSIFICAÇÃO DOS CRIMINOSOS

 Mesocriminoso preponderante de correção esperada: “tratamento em


colônias, com regime de trabalho adequado e com especial assistência
sóciopedagógica” (CARVALHO, 1951). (Maria vai com as outras), reincidência
excepcional, forte influência de fatores ambientais.

Joelson Martins - joelson123@gmail.com - IP: 138.99.162.33


1) CLASSIFICAÇÃO DOS CRIMINOSOS

 Mesocriminoso (puro): pseudo criminoso: “tratamento essencialmente pedagógico e


de sintonização social” (CARVALHO, 1951). Penteado Filho (2012) exemplifica como
“fatores mesológicos, isto é, do meio social; agem antissocialmente por força de
ingerências do meio externo, tornando-os quase vítimas das circunstâncias”.

Joelson Martins - joelson123@gmail.com - IP: 138.99.162.33


2) CLASSIFICAÇÃO DE CESARE LOMBROSO
Escola Positiva: atavismo, degeneração
epilética e delinquente nato, cujas
características seriam: fronte fugidia,
• “Criminoso nato: influência biológica, estigmas, instinto crânio assimétrico, cara larga e chata,
grandes maçãs no rosto, lábios finos,
criminoso, um selvagem da sociedade, o degenerado canhotismo (na maioria dos casos),
(cabeça pequena, deformada, fronte fugidia, sobrancelhas barba rala, olhar errante ou duro.

salientes, maçãs afastadas, orelhas malformadas, braços


compridos, face enorme, tatuado, impulsivo, mentiroso e
falador de gírias etc.). Depois se agrega ao conceito a
epilepsia.

• Criminosos loucos: perversos, loucos morais, alienados


mentais que devem permanecer no hospício”.
(PENTEADO FILHO, 2012)
Joelson Martins - joelson123@gmail.com - IP: 138.99.162.33
2) CLASSIFICAÇÃO DE CESARE LOMBROSO

• “Criminosos de ocasião: predispostos hereditariamente, “a ocasião faz o ladrão”; assumem


hábitos criminosos influenciados por circunstâncias.

• Criminosos por paixão: sanguíneos, nervosos, irrefletidos, usam da violência para solucionar
questões passionais; exaltados.”

(PENTEADO FILHO, 2012)

Joelson Martins - joelson123@gmail.com - IP: 138.99.162.33


3) CLASSIFICAÇÃO DE ENRICO FERRI

• Criminoso nato: degenerado, (seguidor de Lombroso), atrofia do senso moral.

• Criminoso louco: alucinados, ou semi-loucos.

• Criminoso ocasional: o sujeito cometerá o crime ocasionalmente, pode-se dizer que por força
da influência de fator externo ou não.

Joelson Martins - joelson123@gmail.com - IP: 138.99.162.33


3) CLASSIFICAÇÃO DE ENRICO FERRI

• Criminoso habitual: reincidência na ação criminosa, profissão; para o teórico, o tipo


mais recorrente.

• Criminoso passional: age pelo impulso/ paixão.

Joelson Martins - joelson123@gmail.com - IP: 138.99.162.33


4) CLASSIFICAÇÃO DE GARÓFALO

Propôs pena de morte (impiedade) aos criminosos natos ou sua expulsão do país.

• Criminoso assassino: típico, egoísta, age por impulso, apresenta sinais exteriores e se aproxima
de selvagens e crianças.

• Criminoso violento: falta-lhe a compaixão; possui senso moral; falso preconceito.

• Ladrões ou neurastênicos: não lhes falta o senso moral; falta honestidade, atávicos às vezes;
Aspectos físicos: pequenez, face móvel, olhos vivazes, nariz achatado.

Joelson Martins - joelson123@gmail.com - IP: 138.99.162.33


5) FATORES SOCIAIS DE CRIMINALIDADE

 A abordagem sociológica da criminalidade influencia grandemente na formação


delitiva.

 Há a existência de múltiplos fatores externos que podem estimular fator


criminógeno, frequentemente ausente no homem, a seguir serão apresentados
alguns fatores sociais.

Joelson Martins - joelson123@gmail.com - IP: 138.99.162.33


5) FATORES SOCIAIS DE CRIMINALIDADE

Associação diferencial -
Pobreza. Emprego, desemprego e subemprego conclusões

“Uma pessoa torna-se criminosa


“As estatísticas criminais demonstram existir uma relação de porque recebe mais definições
favoráveis à violação da lei do
proximidade entre a pobreza e a criminalidade. Não que a pobreza que desfavoráveis a essa
seja um fator condicionante extremo de criminalidade, tendo em violação. Este é o princípio da
associação diferencial” (Costa,
vista a ocorrência dos chamados “crimes do colarinho branco”, 1976).
geralmente praticados pelas camadas mais altas da sociedade”.
(PENTEADO FILHO, 2012).

Joelson Martins - joelson123@gmail.com - IP: 138.99.162.33


5) FATORES SOCIAIS DE CRIMINALIDADE

Migração

- Diferença de costumes, valores

- Situação anormal: resposta uma conduta delituosa

- Baixa absorção nos países em desenvolvimento no mercado de trabalho acentuando pobreza


e miséria

Joelson Martins - joelson123@gmail.com - IP: 138.99.162.33


5) FATORES SOCIAIS DE CRIMINALIDADE

Crescimento populacional

- Desordenado ou não planejado (crescimento)

- Aumento taxas criminais por áreas geográficas proporcional ao aumento da densidade


demográfica conforme Escola de Chicago.

- Desemprego

Joelson Martins - joelson123@gmail.com - IP: 138.99.162.33


5) FATORES SOCIAIS DE CRIMINALIDADE

Preconceito

 Estereótipo negativo
 Ideia pré-concebida
 Marcas da escravatura

Sábias observações de Penteado Filho (2012): Em tema de criminologia, há quem afirme existir
um número maior de delitos cometidos por negros do que por brancos, porém, dada a ausência
de pesquisas e estatísticas sérias acerca do assunto, comungamos da opinião de João Farias
Junior (2009), para quem “a vontade não age por si só, mas de acordo com a formação moral do
01
caráter, e não de acordo com a cor da pele”.
Joelson Martins - joelson123@gmail.com - IP: 138.99.162.33
5) FATORES SOCIAIS DE CRIMINALIDADE

Educação

Educação informal (família, sociedade) – senso moral.

Educação formal (escola)

Joelson Martins - joelson123@gmail.com - IP: 138.99.162.33


BIBLIOGRAFIA

Bacila, Carlos Roberto. Introdução ao Direito Penal e à criminologia (livro eletrônico) / Carlos Roberto Bacila. Curitiba: Intersaberes, 2016. 2 MB; PDF.

Bacila, Carlos Roberto. Manual de criminologia e política criminal (livro eletrônico) / Carlos Roberto Bacila. Curitiba: Intersaberes, 2020. 2 MB; PDF.

Baratta, Alessandro. Criminologia Crítica e Crítica do Direito Penal: Introdução à sociologia do direito penal / Alessandro Baratta; tradução Juarez Cirino dos Santos. 3ª ed. Rio
de Janeiro: Editora Revan: Instituto Carioca de Criminologia, 2002.

Beristain, Antonio. Nova criminologia a luz do direito penal e da vitimologia/ Antonio Beristain; traducao de Candido Furtado Maia Neto. - Brasilia : Editora Universidade de
Brasilia : Sao Paulo : Imprensa Oficial do Estado, 2000. 194p.

Carvalho, H. V. de. (1951). Classificação dos criminosos. Revista Da Faculdade De Direito, Universidade De São Paulo, 47, 293-304. Recuperado de
https://www.revistas.usp.br/rfdusp/article/view/66162

Costa, Alvaro Mayrink. Criminologia, Rio de Janeiro: Ed. Rio, 1976, p. 129.

Criminologia e sistemas jurídico-penais contemporâneos II [recurso eletrônico] / Ruth Maria Chittó Gauer (Org.) ; Aury Lopes Jr. ... [et al.]. – Dados eletrônicos. – Porto Alegre :
EDIPUCRS, 2010. 351 p.

Penteado Filho, Nestor Sampaio Manual esquemático de criminologia / Nestor Sampaio Penteado Filho. – 2. ed. – São Paulo: Saraiva, 2012. Bibliografia. 1. Criminologia I.
Título. CDU-343.9.

Penteado Filho, Nestor Sampaio Criminologia e medicina legal / Nestor Sampaio Penteado Filho, Ugo Osvaldo Frugoli, Paulo Argarate Vasques. — São Paulo : Saraiva, 2014. —
(Coleção preparatória para concurso de delegado de polícia) 1. Criminologia 2. Delegados de polícia - Concursos 3. Medicina legal I. Frugoli, Ugo Osvaldo. II. Vasques, Paulo
Argarate. III. Título. IV. Série. CDU-343.9(81) 14-04033 - 43.(81)(079)

Shecaira. Sérgio Salomão. 2ª. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2008. v. 1. 384p.

Shecaira. Sérgio Salomão. Criminologia. 6ª ed. rev. e atual. – São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2014. 351 p.

Joelson Martins - joelson123@gmail.com - IP: 138.99.162.33


Criminologia
AULA 04

Professora Klaique Andreia Araújo

@klaique_araujo
Joelson Martins - joelson123@gmail.com - IP: 138.99.162.33
SUMÁRIO
1) Modernas teorias antropológicas

2) Endocrinologia e Criminologia

3) Aspecto positivo-criminológico das teorias biologiscistas no Século


XX

4) Genética, hereditariedade e Criminologia

01
5) Neurociência e Criminologia
Joelson Martins - joelson123@gmail.com - IP: 138.99.162.33
1) MODERNAS TEORIAS ANTROPOLÓGICAS

Final sec. XIX/ início do sec. XX = substituição progressiva da constituição biológica


(genética/ hereditariedade) por uma natureza:

 moral

 psicológica (reações psicológicas à vida seriam inatas, absolutas e invariáveis)

 social (circunstâncias sociais que empurravam invariavelmente a pessoa para o


crime).

(OLIVEIRA JUNIOR, 2012)

Joelson Martins - joelson123@gmail.com - IP: 138.99.162.33


1) MODERNAS TEORIAS ANTROPOLÓGICAS

 “De 1890 a 1920, os estigmas anatomofisiológicos indicadores da criminalidade


nata foram perdendo seu valor diagnóstico, sobretudo na Europa, frente à
valorização crescente dos chamados estigmas psicológicos, como o orgulho e a
insensibilidade moral. Concluindo assim a inversão, do perverso constitucional para
o sociopata ou psicopata” (OLIVEIRA JUNIOR, 2012).

01

Joelson Martins - joelson123@gmail.com - IP: 138.99.162.33


1) MODERNAS TEORIAS ANTROPOLÓGICAS

Estudos antropológicos
Rejeição da teoria do
modernos herdaram um
criminoso nato
viés da análise
(Lombroso)
positivista de Lombroso.

• “Criminoso nato: influência biológica, estigmas, instinto criminoso, um selvagem da sociedade, o


degenerado (cabeça pequena, deformada, fronte fugidia, sobrancelhas salientes, maçãs afastadas, orelhas
malformadas, braços compridos, face enorme, tatuado, impulsivo, mentiroso e falador de gírias etc.).
Depois se agrega ao conceito a epilepsia. (PENTEADO FILHO, 2012)
Joelson Martins - joelson123@gmail.com - IP: 138.99.162.33
1) MODERNAS TEORIAS ANTROPOLÓGICAS

Benigno Di Tullio desenvolveu o método biotipológico constitucionalista (medicina


experimental e antropometria) visando ao estudo qualitativo da constituição humana em que
se dava maior crédito ao processo dinâmico de formação da personalidade em contraposição
ao enfoque estático lombrosiano.

Resumidamente, para Di Tullio, a hereditariedade, sem embargo, não transmite a criminalidade,


senão somente a predisposição criminal ou o processo mórbido que requer, ademais, a
concorrência de outros fatores criminógenos (PENTEADO FILHO, 2012).
01

Joelson Martins - joelson123@gmail.com - IP: 138.99.162.33


2) ENDOCRINOLOGIA E CRIMINOLOGIA

 Estudos associados comportamento humano


(delitivo) com processos hormonais ou endócrinos
patológicos/ disfunções glandulares.

Joelson Martins - joelson123@gmail.com - IP: 138.99.162.33


2) ENDOCRINOLOGIA E CRIMINOLOGIA

Diferenciação da teoria endocrinológica com a teoria de Lombroso:

 não defende hereditariedade de transtornos hormonais glandulares, exceto crimes sexuais;


 oportuniza tratamento hormonal
 afirma que a influência criminógena não é direta, mas sim indireta.

01

Joelson Martins - joelson123@gmail.com - IP: 138.99.162.33


3) ASPECTO POSITIVO-CRIMINOLÓGICO DAS TEORIAS
BIOLOGISCISTAS NO SÉCULO XX

“[Nas vésperas da Primeira Guerra Mundial, houve a percepção que a sociologia criminal,
aparentemente vencedora em relação a vertente biodeterminista da criminologia, tinha seus limites,
sendo impossível explicar o crime simplesmente pela ação dos fatores exógenos. Não havia dúvidas
que a miséria e o álcool eram fatores criminógenos, mas nem por isso todos os alcoólatras e
miseráveis eram criminosos, nem tão pouco deixava de existir crimes na elite abastada. Em paralelo a
influência do meio, seria necessário levar em consideração um certo número de fatores endógenos. O
criminologista belga Louis Vervaeck (1872-1943) sintetizou esta constatação denominando o
movimento consequente de “fase eclética”, uma busca por uma terceira via entre o determinismo
lombrosiano e a opção sociológica (DARMON, 1991, 270). Segundo Darmon (1991, p.270), à margem
da nova medicina legal, técnica, “a antropologia criminal faz figura de arcaísmo. Mas, apesar de tudo,
ela permanece firme e, logo após a Primeira Guerra Mundial, as doutrinas de Lombroso, sob uma
forma renovada, parecem até mesmo encontrar uma segunda juventude”.]”

(OLIVEIRA JUNIOR, 2012).

Joelson Martins - joelson123@gmail.com - IP: 138.99.162.33


3) ASPECTO POSITIVO-CRIMINOLÓGICO DAS
TEORIAS BIOLOGISCISTAS NO SÉCULO XX

Surge:

 neurocerebralista (E. Miltgen, 1960)

 antropologia neo-lombrosiana ortodoxa (Maurice Verdun, 1925)

 psicologia antropológica (Pierre Grapin, 1947)

 constituição sanguínea (Richard Guidez, 1966);

 teorias “neohumorais” (Nicola Pende, 1921)


01

Joelson Martins - joelson123@gmail.com - IP: 138.99.162.33


4) GENÉTICA, HEREDITARIEDADE E CRIMINOLOGIA

• Os avanços engenharia genética (Projeto Genoma)


• Renovação corrente do atavismo

 Obs: nem todos os dados biológicos derivam hereditariedade, ante fenômenos de


mutações genéticas, por exemplo.

Joelson Martins - joelson123@gmail.com - IP: 138.99.162.33


5) NEUROCIÊNCIA E CRIMINOLOGIA

Conforme expõe Penteado Filho (2012):

“Os avanços recentes na área médica tornaram difícil traçar uma linha divisória entre “doenças
do cérebro” (neurológicas) e “doenças da mente” (psiquiátricas).

Os tempos atuais vieram a demonstrar o erro que foi separar as doenças do cérebro das
doenças da mente.

Existe uma grande proximidade entre elas, cujo elemento catalisador é o conhecimento
Neurocientífico”.

01

Joelson Martins - joelson123@gmail.com - IP: 138.99.162.33


5) NEUROCIÊNCIA E CRIMINOLOGIA

Exemplificando:

 Pacientes com doença de Parkinson ou acidentes vasculares encefálicos (doenças do


cérebro) apresentam depressão e, eventualmente, demência (doenças psicológicas).

 Estudos recentes mostram que doenças tratadas no campo da Psiquiatria, como o


transtorno afetivo bipolar e a esquizofrenia, para as quais uma base orgânica era
incerta, são doenças também associadas a mudanças na estrutura e no
funcionamento cerebral

(Penteado Filho 2012).


Joelson Martins - joelson123@gmail.com - IP: 138.99.162.33
5) NEUROCIÊNCIA E CRIMINOLOGIA

Neurociência apresenta importante aporte para a psiquiatria e a neurologia por


intermédio de contribuições conceituais e experimentais (interdisciplinaridade em
certa medida).

Joelson Martins - joelson123@gmail.com - IP: 138.99.162.33


5) NEUROCIÊNCIA E CRIMINOLOGIA

Avanços!

Técnicas de genética molecular e biologia celular, que permitem identificação, clonagem e


sequenciamento de uma quantia cada vez maior de genes neurais; criação de animais
transgênicos; desenvolvimento de animais por recombinação homóloga possibilitaram
identificar mutações responsáveis por várias doenças até então pouco exploradas.

(Penteado Filho, 2012).

01

Joelson Martins - joelson123@gmail.com - IP: 138.99.162.33


5) NEUROCIÊNCIA E CRIMINOLOGIA

Transtornos psiquiátricos como esquizofrenia e transtorno bipolar possuem origem poligênica


[determinado por vários genes - característica hereditária], segundo estudiosos, a identificação
dos genes envolvidos permanece muito difícil. É inegável os avanços da engenharia genética
para a psiquiatria científica:

 “estudos de anormalidades cromossômicas;


 estudos de linhagens de famílias que apresentam grande índice de portadores de transtornos
mentais;
 interação gene e meio ambiente;
 novas abordagens da regulação neuronal (descobertas do Projeto Genoma Humano);
 neuropatologia da esquizofrenia (alargamento de ventrículo cerebral);
 os marcadores biológicos para vários transtornos psiquiátricos (neuroimagem funcional)”
(Penteado Filho, 2012)

Joelson Martins - joelson123@gmail.com - IP: 138.99.162.33


5) NEUROCIÊNCIA E CRIMINOLOGIA

Futuro

“Importante descoberta deu-se no sentido de que em certas regiões do cérebro


humano adulto há células-tronco neurais persistentes que podem originar várias classes de
neurônios e células gliais. E esse achado possibilitou uma renovação de esperanças, na medida
de sua potencial utilização no conserto de tecido cerebral danificado ou doente” (PENTEADO,
2012)

01

Joelson Martins - joelson123@gmail.com - IP: 138.99.162.33


BIBLIOGRAFIA
Bacila, Carlos Roberto. Introdução ao Direito Penal e à criminologia (livro eletrônico) / Carlos Roberto Bacila. Curitiba: Intersaberes, 2016. 2 MB; PDF.

Bacila, Carlos Roberto. Manual de criminologia e política criminal (livro eletrônico) / Carlos Roberto Bacila. Curitiba: Intersaberes, 2020. 2 MB; PDF.

Baratta, Alessandro. Criminologia Crítica e Crítica do Direito Penal: Introdução à sociologia do direito penal / Alessandro Baratta; tradução Juarez Cirino dos
Santos. 3ª ed. Rio de Janeiro: Editora Revan: Instituto Carioca de Criminologia, 2002.

Beristain, Antonio. Nova criminologia a luz do direito penal e da vitimologia/ Antonio Beristain; traducao de Candido Furtado Maia Neto. - Brasilia : Editora
Universidade de Brasilia : Sao Paulo : Imprensa Oficial do Estado, 2000. 194p.

Criminologia e sistemas jurídico-penais contemporâneos II [recurso eletrônico] / Ruth Maria Chittó Gauer (Org.) ; Aury Lopes Jr. ... [et al.]. – Dados eletrônicos. –
Porto Alegre : EDIPUCRS, 2010. 351 p.

Costa, Alvaro Mayrink. Criminologia, Rio de Janeiro: Ed. Rio, 1976, p. 129.

Oliveira Júnior, Alcidesio de DE MONSTROS A ANORMAIS [tese] : A CONSTRUÇÃO DA ENDOCRINOLOGIA CRIMINAL NO BRASIL, 1930 A 1950 / Alcidesio de
Oliveira Júnior ; orientadora, Renata Palandri Sigolo Sell - Florianópolis, SC, 2012. 460 p. ; 21cm

Penteado Filho, Nestor Sampaio Manual esquemático de criminologia / Nestor Sampaio Penteado Filho. – 2. ed. – São Paulo: Saraiva, 2012. Bibliografia. 1.
Criminologia I. Título. CDU-343.9.

Penteado Filho, Nestor Sampaio Criminologia e medicina legal / Nestor Sampaio Penteado Filho, Ugo Osvaldo Frugoli, Paulo Argarate Vasques. — São Paulo :
Saraiva, 2014. — (Coleção preparatória para concurso de delegado de polícia) 1. Criminologia 2. Delegados de polícia - Concursos 3. Medicina legal I. Frugoli, Ugo
Osvaldo. II. Vasques, Paulo Argarate. III. Título. IV. Série. CDU-343.9(81) 14-04033 - 43.(81)(079)

Shecaira. Sérgio Salomão. 2ª. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2008. v. 1. 384p.

Shecaira. Sérgio Salomão. Criminologia. 6ª ed. rev. e atual. – São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2014. 351 p.

Joelson Martins - joelson123@gmail.com - IP: 138.99.162.33


Criminologia
AULA 05

Professora Klaique Andreia Araújo

@klaique_araujo
CONCEITO

• Ciência empírica (baseada na observação e na experiência);

• Interdisciplinar;

• Objeto de análise o crime, a personalidade do autor do comportamento delitivo, da vítima e o


controle social das condutas criminosas.

• Atualmente o objeto da criminologia está dividido em quatro vertentes: delito, delinquente,


vítima e controle social.
FINALIDADE

Informar a sociedade e Poder Público sobre o crime, o criminoso, vítima e mecanismos de


controle social e por fim o combate à criminalidade.
CRIME

Sob a ótica da criminologia, o crime é um problema social, fenômeno comunitário, e abrange


quatro elementos constitutivos:

• incidência massiva na população: não é tipificado como crime um fato isolado;


• incidência aflitiva do fato praticado: o crime deve causar dor à vítima e à comunidade;
• persistência espaço-temporal do fato delituoso: é preciso que o delito ocorra
reiteradamente por um período significativo de tempo no mesmo território;
• consenso inequívoco acerca de sua etiologia e técnicas de intervenção eficazes (a
criminalização de condutas depende de uma análise minuciosa desses elementos e sua
repercussão na sociedade;
CRIMINOSO

Abordagens:

- Escola Clássica, o criminoso era um ser que pecou, que escolheu agir mal, embora pudesse e
devesse escolher o bem.

- Escola Positiva o criminoso um ser atávico, preso a sua deformação patológica (nascia
criminoso).

- Escola Correcionalista o criminoso era um ser inferior e incapaz de se governar e o Estado


deveria ter uma atitude pedagógica e de piedade.

- Pela visão do marxismo o criminoso é vítima inocente das estruturas econômicas.


CLASSIFICAÇÃO DE CESARE LOMBROSO

• Criminoso nato: influência biológica, estigmas, instinto criminoso, um selvagem da sociedade, o


degenerado (cabeça pequena, deformada, fronte fugidia, sobrancelhas salientes, maçãs
afastadas, orelhas malformadas, braços compridos, face enorme, tatuado, impulsivo, mentiroso
e falador de gírias etc.). Depois se agrega ao conceito a epilepsia.

• Criminosos loucos: perversos, loucos morais, alienados mentais que devem permanecer no
hospício”.
(PENTEADO FILHO, 2012)
CLASSIFICAÇÃO DE CESARE LOMBROSO

• Criminosos de ocasião: predispostos hereditariamente, “a ocasião faz o ladrão”; assumem


hábitos criminosos influenciados por circunstâncias.

• Criminosos por paixão: sanguíneos, nervosos, irrefletidos, usam da violência para solucionar
questões passionais; exaltados.”

(PENTEADO FILHO, 2012)


CLASSIFICAÇÃO DE ENRICO FERRI

• Criminoso nato: degenerado, (seguidor de Lombroso), atrofia do senso moral.

• Criminoso louco: alucinados, ou semi-loucos.

• Criminoso ocasional: o sujeito cometerá o crime ocasionalmente, pode-se dizer que por força
da influência de fator externo ou não.
CLASSIFICAÇÃO DE ENRICO FERRI

• Criminoso habitual: reincidência na ação criminosa, profissão; para o teórico, o tipo


mais recorrente.

• Criminoso passional: age pelo impulso/ paixão.


CLASSIFICAÇÃO DE GARÓFALO

Propôs pena de morte (impiedade) aos criminosos natos ou sua expulsão do país.

• Criminoso assassino: típico, egoísta, age por impulso, apresenta sinais exteriores e se aproxima
de selvagens e crianças.

• Criminoso violento: falta-lhe a compaixão; possui senso moral; falso preconceito.

• Ladrões ou neurastênicos: não lhes falta o senso moral; falta honestidade, atávicos às vezes;
Aspectos físicos: pequenez, face móvel, olhos vivazes, nariz achatado.
CRIMINOLOGIA E DIREITO PENAL

São autônomas, mas guardam interdependência recíproca.

O direito penal e a criminologia se ocupam de estudar o crime, mas ambos dão enfoques
diferentes para o fenômeno criminal.

Criminologia: busca conhecer a realidade para explicá-la e compreender o problema criminal

Direito Penal: ciência normativa, visualizando o crime como conduta anormal para a qual fixa uma
punição. O crime interessa enquanto fato descrito na norma, para entender sua adequação
INTERDISCIPLINARIDADE COM OUTRAS CIÊNCIAS

Segundo Penteado Filho (2012), a interdisciplinaridade procede de seu desenvolvimento


histórico como ciência autônoma, considerando a grande influência de diversas outras ciências,
como a sociologia, psicologia, direito, medicina legal.
7) HISTÓRIA DA CRIMINOLOGIA

Não está definido pelos pesquisadores da criminologia o seu exato ponto inicial. A criminologia como
ciência autônoma existe há pouco tempo, mas possui considerável fase pré-científica.

- Escola Clássica (Francesco Carrara com o Programa de direito criminal, 1859), traçou os primeiros
aspectos do pensamento criminológico, com influência das ideias liberais e humanistas de Cesare
Bonesana, Marquês de Beccaria, (autor de “Dos delitos e das penas” 1764), considerado o precursor da
Escola Clássica.
ESCOLAS CRIMINOLÓGICAS

Os princípios fundamentais da Escola Clássica são:

- crime é um ente jurídico; não é uma ação, mas sim uma infração (Carrara);

- punibilidade deve ser baseada no livre-arbítrio;

- pena retributiva, baseada na culpa moral do criminoso (maldade) e restaurar a ordem externa
social;

- livre arbítrio;

- método e raciocínio lógico dedutivo;

- pensamento derivado do utilitarismo;


ESCOLAS CRIMINOLÓGICAS

Escola Positiva

- Meados do início do século XIX na Europa;

- Influenciada pelos princípios fisiocratas e iluministas.

Possuiu 3 fases:

- antropológica (Lombroso - fundador);

- sociológica (Ferri);

- jurídica (Garófalo);
ESCOLAS CRIMINOLÓGICAS

Escola Positiva

Pensamento influenciado pelos primeiros dados estatísticos sobre a criminalidade publicados em


1827.

Em 1835, Quetelet publicou a obra Física social, que desenvolveu as seguintes ideias:

a) o crime é um fenômeno social;


b) os crimes são cometidos ano a ano com intensa precisão;
c) há várias condicionantes da prática delitiva, como miséria, analfabetismo, clima etc;
d) teoria das leis térmicas, em cada estação haveria uma propensão ao cometimento de
determinados tipos criminais;
e) cifra negra;
ESCOLAS CRIMINOLÓGICAS

Fase antropológica (Lombroso ):

- sistematizou uma série de conhecimentos esparsos;

- traçou um perfil dos criminosos;

- Seus estudos caracterizaram-se da seguinte forma:

- Apoiado nos estudos em psiquiatria, analisou a degeneração dos loucos morais;

- Utilizou dados antropológicos sobre o conceito de atavismo e de não evolução,


desenvolvendo o conceito de criminoso nato;

03 - Propôs utilização de método empírico-indutivo ou indutivo-experimental;


ESCOLAS CRIMINOLÓGICAS

Fase sociológica (Ferri):

Enrico Ferri (1856-1929) discípulo de Lombroso, criou a sociologia criminal.

- Criminalidade deriva de fenômenos antropológicos, físicos e culturais;

- Negação do livre-arbítrio (mera ficção) como base da imputabilidade;

- Responsabilidade moral substituída pela responsabilidade social;

- Razão de punir é a defesa social (a prevenção geral é mais eficaz que a repressão);

- Classificou criminosos em natos, loucos, habituais, de ocasião e por paixão.


ESCOLAS CRIMINOLÓGICAS

Fase Jurídica Rafael Garófalo (1851-1934):

- crime estava no homem e que se revelava como degeneração deste;


- criou o conceito de periculosidade, que seria o propulsor do delinquente e a porção de
maldade que deve se temer em face deste;
- fixou a necessidade de conceber outra forma de intervenção penal – a medida de
segurança.
- concebeu a noção de delito natural (sentimentos altruísticos de piedade e probidade).
- classificou os criminosos em natos (instintivos), fortuitos (de ocasião) ou pelo defeito
moral especial (assassinos, violentos, ímprobos e cínicos), propugnando pela pena de
morte aos criminosos natos.
ESCOLAS CRIMINOLÓGICAS

Escola Positiva:

- direito penal é obra humana;

- responsabilidade social decorre do determinismo social (o meio social em que o indivíduo


nasce determina sua vida e suas ações);

- o delito é um fenômeno natural e social (fatores natural e social (fatores


biológicos, físicos e sociais);

- a pena é um instrumento de defesa social (prevenção geral);

- método indutivo experimental;

- os objetos de estudo da ciência penal são o crime, o criminoso, a pena e o


processo.
ESCOLAS CRIMINOLÓGICAS

Escola de Política Criminal ou Moderna Alemã

Também chamada Escola Sociológica Alemã.

- método indutivo experimental para a criminologia;

- distinção entre imputáveis e inimputáveis (pena para os normais e medida de segurança


para os perigosos);

- crime como fenômeno humano-social e como fato jurídico;

- a função finalística da pena – prevenção especial;

- eliminação ou substituição das penas privativas de liberdade de curta duração.


ESCOLAS CRIMINOLÓGICAS

Terza Scuola (Manuel Carnevale, Bernardino Alimena e João Impallomeni):

Figura como uma teoria eclética ou intermediária das duas últimas.

- distinção entre imputáveis e inimputáveis;


- responsabilidade moral baseada no determinismo (quem não tiver a
capacidade de se levar pelos motivos deverá receber uma medida de segurança);
- crime como fenômeno social e individual;
- pena com caráter aflitivo, cuja finalidade é a defesa social.
SOCIOLOGIA CRIMINAL

• Busca compreender e justificar como os fatores do meio ambiente social influenciam a conduta
individual, de forma a conduzirem o homem a cometer delitos.

• A moderna sociologia encara uma divisão bipartida, com análise das teorias macrossociológicas, sob
enfoques consensuais ou de conflito.

Modelos sociológicos de consenso e de conflito

Na perspectiva macrossociológica a análise do delito decorre da visão da sociedade como um todo. Assim,
o pensamento criminológico moderno é influenciado por duas visões:

• funcionalista, denominada teoria de integração (teoria de consenso)


• argumentativa (teorias de conflito).
SOCIOLOGIA CRIMINAL

Exemplos:

Teorias de consenso:
- Escola de Chicago
- Teoria de associação diferencial
- Teoria da anomia
- Teoria da subcultura delinquente

Teorias de conflito:
- Labelling approach
- Teoria crítica ou radical
VITIMOLOGIA

Vitimologia é a ciência que estuda a vítima, sua condição, é compreendida dentro da noção do
estudo da criminalidade. Tem por objeto é a diminuição das vítimas na sociedade, e segundo
Kaiser, investigações vitimológicas contribuem para a legitimação do sistema penal e seu
desenvolvimento.
VÍTIMA

Vítima: qualquer pessoa, organização, a moral que tenham ameaçadas, lesadas ou


destruídas, mas o conceito deve alargar-se para aqueles que são indiretamente afetados,
como membros do mesmo grupo, família, além dos crimes cometidos contra a
Administração Pública, e o prejuízo ocorre contra a saúde, segurança, educação e meio
ambiente, de modo que o sujeito passivo é a coletividade/ sociedade.
CLASSIFICAÇÃO DAS VÍTIMAS

Classificação de Mendelsohn Classificação Von Hentig

Vítima inocente, que não concorre de forma Criminoso – vítima – criminoso (sucessivamente),
alguma para o injusto típico reincidente que é hostilizado no
cárcere, vindo a delinquir novamente pela repulsa
social que encontra fora da cadeia
Vítima provocadora, que, voluntária ou Criminoso – vítima – criminoso (simultaneamente),
imprudentemente, colabora com o ânimo caso das vítimas de drogas que de usuárias passam
criminoso do agente; a ser traficantes

Vítima agressora, simuladora ou imaginária, Criminoso – vítima (imprevisível), por exemplo,


suposta ou pseudovítima, que acaba justificando a linchamentos, saques, epilepsia, alcoolismo
legítima defesa de seu agressor.
VITIMIZAÇÃO PRIMÁRIA, SECUNDÁRIA E TERCIÁRIA

Vitimização primária: deriva do cometimento do crime, violando os direitos da


vítima, cujos danos podem ser materiais, físicos, psicológicos, variando ainda
em relação à natureza da infração, personalidade da vítima, relação desta com
o criminoso. Em suma, corresponde aos danos sofridos pela vítima
decorrentes diretamente do delito.
VITIMIZAÇÃO PRIMÁRIA, SECUNDÁRIA E TERCIÁRIA

 Vitimização secundária: é causada pelos agentes formais do controle social, durante o


trâmite do processo trazendo sofrimento adicional pela sua própria dinâmica
(inquérito policial e processo judicial penal). Além da vítima, a testemunha também
podem sofrer essas consequências.
VITIMIZAÇÃO PRIMÁRIA, SECUNDÁRIA E TERCIÁRIA

 Vitimização terciária: carência de amparo dos órgãos públicos às


vítimas; além disso, a própria sociedade deixa de abrigar a vítima, e
muitas vezes há um incentivo explícito e implícito a não denunciar o
delito, (cifra negra).
MODERNAS TEORIAS ANTROPOLÓGICAS

Estudos antropológicos
Rejeição da teoria do
modernos herdaram um
criminoso nato
viés da análise
(Lombroso)
positivista de Lombroso.
ENDOCRINOLOGIA E CRIMINOLOGIA

 Estudos associados comportamento humano (delitivo) com


processos hormonais ou endócrinos patológicos/ disfunções
glandulares.
ENDOCRINOLOGIA E CRIMINOLOGIA

Diferenciação da teoria endocrinológica com a teoria de Lombroso:

 não defende hereditariedade de transtornos hormonais glandulares, exceto crimes sexuais;


 oportuniza tratamento hormonal
 afirma que a influência criminógena não é direta, mas sim indireta.
GENÉTICA, HEREDITARIEDADE E CRIMINOLOGIA

• Os avanços engenharia genética (Projeto Genoma)


• Renovação corrente do atavismo

 Obs: nem todos os dados biológicos derivam hereditariedade, ante fenômenos de


mutações genéticas, por exemplo.
NEUROCIÊNCIA E CRIMINOLOGIA

Neurociência apresenta importante aporte para a psiquiatria e a neurologia por


intermédio de contribuições conceituais e experimentais (interdisciplinaridade em
certa medida).
BIBLIOGRAFIA
Bacila, Carlos Roberto. Introdução ao Direito Penal e à criminologia (livro eletrônico) / Carlos Roberto Bacila. Curitiba: Intersaberes, 2016. 2 MB; PDF.

Bacila, Carlos Roberto. Manual de criminologia e política criminal (livro eletrônico) / Carlos Roberto Bacila. Curitiba: Intersaberes, 2020. 2 MB; PDF.

Baratta, Alessandro. Criminologia Crítica e Crítica do Direito Penal: Introdução à sociologia do direito penal / Alessandro Baratta; tradução Juarez Cirino dos
Santos. 3ª ed. Rio de Janeiro: Editora Revan: Instituto Carioca de Criminologia, 2002.

Beristain, Antonio. Nova criminologia a luz do direito penal e da vitimologia/ Antonio Beristain; traducao de Candido Furtado Maia Neto. - Brasilia : Editora
Universidade de Brasília : São Paulo : Imprensa Oficial do Estado, 2000. 194p.

Carvalho, H. V. de. (1951). Classificação dos criminosos. Revista Da Faculdade De Direito, Universidade De São Paulo, 47, 293-304. Recuperado de
https://www.revistas.usp.br/rfdusp/article/view/66162

Costa, Alvaro Mayrink. Criminologia, Rio de Janeiro: Ed. Rio, 1976, p. 129.

Criminologia e sistemas jurídico-penais contemporâneos II [recurso eletrônico] / Ruth Maria Chittó Gauer (Org.) ; Aury Lopes Jr. ... [et al.]. – Dados eletrônicos. –
Porto Alegre : EDIPUCRS, 2010. 351 p.

Penteado Filho, Nestor Sampaio Manual esquemático de criminologia / Nestor Sampaio Penteado Filho. – 2. ed. – São Paulo: Saraiva, 2012. Bibliografia. 1.
Criminologia I. Título. CDU-343.9.

Penteado Filho, Nestor Sampaio Criminologia e medicina legal / Nestor Sampaio Penteado Filho, Ugo Osvaldo Frugoli, Paulo Argarate Vasques. — São Paulo :
Saraiva, 2014. — (Coleção preparatória para concurso de delegado de polícia) 1. Criminologia 2. Delegados de polícia - Concursos 3. Medicina legal I. Frugoli, Ugo
Osvaldo. II. Vasques, Paulo Argarate. III. Título. IV. Série. CDU-343.9(81) 14-04033 - 43.(81)(079).

Shecaira. Sérgio Salomão. Criminologia. 2ª. ed. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2008. v. 1. 384p.

Shecaira. Sérgio Salomão. Criminologia. 6ª ed. rev. e atual. – São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2014. 351 p.

Você também pode gostar