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Representação Temática

246ouvrer

Lourival Pereira Pinto

Curso Técnico em Biblioteconomia


Educação a Distância
2017
EXPEDIENTE

Professor Autor
Lourival Pereira Pinto

Design Instrucional
Deyvid Souza Nascimento
Maria de Fátima Duarte Angeiras
Renata Marques de Otero
Terezinha Mônica Sinício Beltrão

Revisão de Língua Portuguesa


Letícia Garcia

Diagramação
Izabela Cavalcanti

Coordenação
Hugo Carlos Cavalcanti

Coordenação Executiva
George Bento Catunda

Coordenação Geral
Paulo Fernando de Vasconcelos Dutra

Conteúdo produzido para os Cursos Técnicos da Secretaria Executiva de Educação


Profissional de Pernambuco, em convênio com o Ministério da Educação
(Rede e-Tec Brasil).
Abril, 2017
Catalogação na fonte
Bibliotecário Hugo Carlos Cavalcanti, CRB4-2129

P659r
Pinto, Lourival Pereira.
Representação Temática: Curso Técnico em
Biblioteconomia: Educação a distância / Lourival Pereira
Pinto. – Recife: Secretaria Estadual de Pernambuco, 2017.
49 p. : il.

Inclui referências bibliográficas.

1. Classificação. 2. Classificação Decimal Universal. 3.


Classificação Decimal de Dewey. I. Pinto, Lourival Pereira. II.
Título.

CDU – 025
Sumário
Introdução ........................................................................................................................................ 6

1.Competência 01 | Compreender os Fundamentos e Origens da Classificação Bibliográfica ............ 9

1.1 A história das classificações .................................................................................................................14

2.Competência 02 | Compreender os Processos de Classificação: Análise, Leitura, Regras e Técnicas


de Classificação de Documentos ...................................................................................................... 18

2.1 Assuntos ..............................................................................................................................................19

2.2 Relações hierárquicas ..........................................................................................................................21

2.3 Ordem de citação ................................................................................................................................22

2.4 Síntese.................................................................................................................................................26

3.Competência 03 | Classificação Decimal de Dewey: Característica, Estrutura e Funcionalidade ... 28

3.1 Quem foi Melvil Dewey?......................................................................................................................28

3.2 O Sistema Decimal ...............................................................................................................................29

3.3 Aplicação da CDD.................................................................................................................................35

4.Competência 04 | Classificação Decimal Universal: Característica, Estrutura e Funcionalidade .... 40

4.1 Subdividindo pela CDU ........................................................................................................................42

4.1.1 Subdividindo mais um pouco ............................................................................................................42

4.1.1.1 E como subdividir mais?.................................................................................................................44

4.2 Tabelas auxiliares ................................................................................................................................44

Conclusão ........................................................................................................................................ 47

Referências ..................................................................................................................................... 48

Minicurrículo do Professor .............................................................................................................. 49

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Introdução

Ao iniciarmos esta disciplina devemos, antes de tudo, esclarecer o conceito de representação.


Quem já leu o livro Dom Quixote, de Miguel de Cervantes, deve se lembrar de que Dom Quixote lia
o mundo para demonstrar os livros. Ele fazia analogias por meio de semelhanças e diferenças e
essas analogias podem ser consideradas espelhamentos dessas semelhanças. Trata-se, a rigor, de
um jogo de substituições. Quando Dom Quixote faz essas substituições está pressupondo uma
representação por signos que, até então adormecidos, “acordam” para as aventuras do cavaleiro
andante. O ato de representar pressupõe um jogo de espelhamento que se traduz em
semelhanças e também em diferenças. Dom Quixote transforma o mundo cotidiano em mundo de
sonhos por meio de analogias e semelhanças. Esse mundo de sonhos seria o mundo da
representação.

Comecei por essa breve introdução porque o fundamento básico desta disciplina será a
representação. Estamos, mesmo que inconscientemente, representando as coisas e uma das
atividades associadas à representação é a atividade de classificar.

DOM QUIXOTE é o personagem principal da obra de Miguel de Cervantes Saavedra, de


mesmo nome, publicada em 1605 na Espanha.

O QUE É CLASSIFICAR?

Classificar é conhecer, é separar por grupos ou classes, é atribuir a cada coisa uma relação com as
outras e também um lugar no mundo. O ser humano é um classificador por natureza, porque desde
que temos consciência de nosso espaço, já estabelecemos uma conexão com pessoas e coisas que
estão ao nosso redor. O ato de classificar talvez seja uma ação inconsciente de dar sentido ao nosso
mundo, de organizar, no mundo presente, nosso lugar e nossos significados. Somos seres de
significados e conscientemente, ou não, sabemos que sem relação não há significação, por isso,

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enquanto vivemos tentamos construir uma rede de relações e significados, para que nossa
existência tenha sentido dentro de uma lógica de organização, mesmo que básica. Essa organização
pode ser notada em realizações dentro da esfera humana, tais como a preservação das nossas
memórias, construção de genealogias, registros de documentos, relações de parentesco, busca de
compreensão das nossas proximidades e distanciamentos com as pessoas, as coisas e o próprio
universo. Todas as tentativas de organização sempre tentam responder às questões básicas da
humanidade, questões que possam dar sentido à nossa existência. Dou aqui dois exemplos, embora
nem sempre exemplos sejam claros para todos. Pergunte-se: Quem sou eu? De onde vim? Alguém
poderia defender que são perguntas retóricas (ou metafísicas), mas, no fundo, sabemos que essas
questões sempre nos incomodaram. E o que fazemos para respondê-las? Tentamos nos organizar,
criar uma relação com as pessoas e as coisas para que essa relação possa fazer sentido, daí nossos
laços familiares, nossas memórias registradas, nossas genealogias, nossas rotinas, nossos mundos
relacionados e repletos de sentidos. Alguns de vocês já devem ter ouvido a expressão o tio do
macaco (em inglês monkey's uncle), que, entre outros significados, também faz referência à
necessidade humana de relações de parentesco. Os macacos e todos os animais, não sabem quem
são seus tios, avôs, primos, eles não sentem uma necessidade imediata de construir relações e
significados. Mas nós temos essa necessidade e tentamos supri-la.

Esse fenômeno pode ser percebido também, desde sempre, nas nossas vidas cotidianas. Em todas
as nossas organizações cotidianas trabalhamos sempre com as semelhanças e diferenças dos
fenômenos a nós apresentados. Exemplos: organizamos nossos guarda-roupas por semelhanças e
diferenças de roupas e calçados; quando vamos ao mercado vemos os produtos disponibilizados
por semelhanças e diferenças. Classificar é organizar o mundo por semelhanças e diferenças para
que as coisas possam fazer sentido para nós e que, assim, sejam compreendidas.

Nesta disciplina vamos falar de classificações bibliográficas, que são as classificações de acervos de
bibliotecas. Veremos que sem elas as bibliotecas e os acervos não podem ser compreendidos.

Ao longo dessa disciplina conversaremos sobre fundamentos e origens das classificações


bibliográficas, sobre os processos de classificação e sobre os principais sistemas de classificação

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utilizados em bibliotecas, que são a Classificação Decimal de Dewey (CDD) e a Classificação Decimal
Universal (CDU).

Meu desejo é que nossa convivência seja rica em trocas de experiências e que criemos coisas boas
para as bibliotecas e para as pessoas.

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Competência 01

1.Competência 01 | Compreender os Fundamentos e Origens da


Classificação Bibliográfica

O homem sempre procurou compreender o mundo em que vive. Por essa razão, ele recorreu
primeiramente às classificações, porque classificando e ordenando as coisas desse mundo poderiam
fazer sentido a ele. Então, sendo assim, surgiram as primeiras classificações, que são conhecidas
como classificações filosóficas.

A filosofia é a base do conhecimento humano.


As classificações filosóficas têm origem na Antiguidade e foram criadas para tentar
compreender o mundo que cercava o homem. As mais conhecidas foram construídas por
Platão, Aristóteles, Porfírio e Francis Bacon.

Conforme o conhecimento humano foi sendo ampliado e registrado, as bibliotecas, que foram os
primeiros repositórios de informação, foram também se ampliando, porque elas sempre
armazenaram o conhecimento registrado em livros e documentos.

Para organizar a informação guardada e acumulada nas bibliotecas, os primeiros bibliotecários


precisavam criar uma maneira de classificar toda essa informação.

Mas como fazer isso?

A solução foi recorrer às classificações filosóficas e aplicá-las nas bibliotecas. Surgiram, então, as
classificações bibliográficas.

Classificação: ato de separar por semelhanças de assuntos.


Materiais bibliográficos: documentos que constituem uma coleção (ou acervo) de uma
biblioteca.
Portanto, classificação bibliográfica é o ato de classificar os documentos de uma
biblioteca.

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Competência 01

Na biblioteca existem acervos (ou coleções, que são os livros, periódicos, audiovisuais, mapa, e
outros documentos). Pois bem, depois de formar uma coleção, a biblioteca deve iniciar o que
chamamos de processamento técnico.

Processamento técnico é o trabalho interno de uma biblioteca, é sua sequência:


formação e desenvolvimento de coleções, classificação, indexação, catalogação e preparo
do documento para o empréstimo. PORTANTO, A CLASSIFICAÇÃO É UMA DAS PRIMEIRAS
ETAPAS DESSE PROCESSO.

As classificações bibliográficas estabelecem as relações entre os documentos para facilitar a


localização deles na biblioteca. Elas ordenam os documentos nas estantes ou nos arquivos e têm
como base de análise os assuntos.

Chamaremos de DOCUMENTOS todos os materiais bibliográficos de uma biblioteca, que


podem ser livros, revistas, materiais audiovisuais, objetos, etc.

Agora, prestem atenção nessa definição:

Quando classificamos um documento por meio dos seus assuntos (ou temas) estamos
procedendo a uma representação do documento a partir dos seus temas. Em outras
palavras, determinado documento será representado por seus temas principais. Por essa
razão, esta disciplina chama-se REPRESENTAÇÃO TEMÁTICA.

Assim, ao classificar livros numa biblioteca, estamos obedecendo a uma classificação de


conhecimentos do mundo. Para entender melhor, digamos que quem cria um sistema de

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Competência 01

classificação bibliográfica terá mais probabilidade de produzir um trabalho de valor permanente se


tiver sempre em mente uma classificação do conhecimento (ou filosófica).

Reforçando: CLASSIFICAR é o processo mental de reconhecimento e agrupamento. Trata-se de um


processo natural ao ser humano que lhe possibilita ordenar grupos ou classes em determinada
ordem. Na Biblioteconomia classificar é o ato de determinar o lugar no qual um documento deve
ser enquadrado num sistema de classificação de bibliotecas.

Etimologia é a explicação das origens das palavras. A etimologia da palavra CLASSIFICAR é a


seguinte: a palavra classificar vem do latim classis, que designava os grupos em que se dividia o
povo romano. Foi cunhada por Zedler, em 1733, no Universal Lexicon, combinando as palavras
latinas classis e facere, para apresentar uma divisão de apelações de Direito Civil. No final do século
XVIII, passou a ser empregada para a ordenação das ciências.

De acordo com Ranganathan, classificar consiste em traduzir o nome dos assuntos dos
documentos da linguagem natural para a linguagem artificial pelos sistemas de
classificação bibliográfica. Assim, entendemos que a classificação constitui uma das fases
fundamentais do pensar humano.

Ranganathan foi um bibliotecário indiano que criou, nos anos 1930, um sistema de
classificação chamado de Cólon Classification, ou Classificação de Dois Pontos.

Linguagens artificiais são criadas por seres humanos e usadas para comunicação com as
máquinas, entre máquinas, e entre seres humanos. Exemplos: as linguagens de programação
e o Esperanto.

Um sistema de classificação também pode ser chamado de tabela de classificação. Aqui adotaremos
o termo Sistema de Classificação. Na Biblioteconomia um sistema de classificação é um conjunto de

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Competência 01

classes apresentado em ordem sistemática e inclui disciplinas e fenômenos. Para entender melhor
os seus conceitos, vejam o quadro a seguir:

Disciplinas e subdisciplinas são as divisões do conhecimento. Exemplos: Religião, História,


Ciências Sociais, Ciências Puras, Ciências Aplicadas, etc.

Fenômeno é tudo aquilo que é percebido pela consciência e pelos sentidos e tudo o que se
observa. São coisas, ações, reações, ideias, com duas características, chamadas de
entidades concretas e abstratas. Exemplos:

 Entidades concretas: homem, lago, pedra, fogo.


 Entidades abstratas: amor, ódio, fé, paixão.

Espero que esteja claro até aqui. Agora vamos falar um pouco sobre categorias. Todo sistema de
classificação é fundamentado em CATEGORIAS, que são os elementos ou classes em que podemos
ordenar as coisas. Assim, afirmamos que não é possível classificar sem antes categorizar as coisas.

Os princípios da classificação foram estabelecidos por Aristóteles (384-322 a.C.). Ele deu o nome de
categorias às classes gerais em que podemos /ordenar as ideias das coisas e que constituem dez
essências mais gerais. As categorias são os grandes tipos de fenômenos presentes no conhecimento
em geral ou numa de suas partes.

Para entender melhor: as categorias são constituídas por fenômenos e apontam para as grandes
classes (disciplinas). Cada categoria pode ser considerada como uma faceta do elemento a ser
classificado. Vejam abaixo as dez essências mais gerais estabelecidas por Aristóteles. Em parênteses
estão alguns exemplos da categoria:

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Competência 01

SUBSTÂNCIA (homem, cavalo, mesa)


POSIÇÃO (sentado, deitado)
QUANTIDADE (comprido, cem gramas)
RELAÇÃO (mais pesado, duplo, mais comprido)
QUALIDADE (verde, bonito)
DURAÇÃO (ontem, amanhã, 1977)
LUGAR (aqui, em Recife, na biblioteca)
AÇÃO (correndo, lendo, escrevendo)
PAIXÃO OU SOFRIMENTO (cortado, apaixonado)
MANEIRA DE SER, ESTAR (saudável, doente, cansado)

De acordo com Aristóteles, a SUBSTÂNCIA é a categoria básica. Assim, se algum documento tiver
como assunto principal CAVALO, essa categoria (substância) deve apontar para alguma disciplina
(ou classe) em que ele pode ser enquadrado. O cavalo pode estar dentro da classe ZOOLOGIA
(cavalos selvagens) ou ESPORTES (para hipismo) ou AGRICULTURA (criação de animais).

Vocês devem lembrar-se de que já falamos de Ranganathan. Pois bem, ele “reduziu” a quantidade
de essências. A partir das dez de Aristóteles, ele estabeleceu cinco categorias, que chamou de
PMEST, a sigla de Personalidade, Matéria, Energia, Espaço e Tempo. Vejam na tabela o conceito de
cada uma delas:

PERSONALIDADE: semelhante à substância de Aristóteles. São as coisas classificáveis de um


universo bibliográfico.
MATÉRIA: consiste em todos os tipos de materiais e substâncias de que são feitas as coisas
classificáveis. Exemplo: se um livro está sendo classificado, a matéria desse livro são os seus
elementos constituintes, como capa, lombada, miolo, cola, linha de costura, etc.
ENERGIA: as ações, as reações, as atividades, os processos. Exemplo: os processos de
produção de um livro, como corte, costura, encadernação, etc.
ESPAÇO: o lugar onde se passou o fato de sua realização. Exemplo: Se um livro está sendo
classificado, espaço seria o local onde ele foi publicado.
TEMPO: o tempo onde se passou o fato de sua realização. Exemplo: Se um livro está sendo
classificado, poderia ser a época de sua publicação ou a época que retrata o assunto desse
livro.
Tabela 1 – Categorias de Classificação por Aristóteles
Fonte: O autor (2017)

Nem todas as categorias estão, obrigatoriamente, presentes em todos os assuntos.

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Competência 01

Para classificar um documento você deve, em primeiro lugar, “descobrir” o assunto


principal desse documento. A substância de ARISTÓTELES ou a personalidade de
RANGANATHAN são as categorias que definem esse assunto principal. Guardem esse
entendimento sobre categorias porque com ele vocês compreenderão melhor as
próximas competências.

1.1 A história das classificações

Vamos agora discorrer, brevemente, sobre a história das classificações bibliográficas mais
conhecidas no mundo.

Antes da era cristã, existia uma biblioteca conhecida como Biblioteca de Assurbanipal, que foi rei da
Assíria, entre 669 e 626 a.C. Nessa biblioteca o acervo era formado por tabletes de argila e estavam
classificados por dois grandes grupos: Ciências da Terra e Ciências do Céu.

Vocês já devem ter ouvido falar da Biblioteca de Alexandria. Pois bem, entre 260-240 antes da era
cristã, o bibliotecário de Alexandria foi Calímacus e, para classificar os papiros que compunham o
acervo, ele criou o catálogo conhecido como Pinakes. Nesse catálogo os livros apareciam divididos
segundo o tipo de escritores, como apresentamos a seguir:

Poetas: épicos, cômicos, trágicos, ditirambos


Legisladores
Filósofos: geométricos, matemáticos
Historiadores
Oradores
Escritores de tópicos diversos

DITIRAMBO é uma poesia lírica que exprime entusiasmo ou delírio.

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Competência 01

Pouco se sabe sobre a organização das bibliotecas gregas e romanas. Quanto às bibliotecas
medievais, elas mantinham os livros ordenados por tamanho ou em ordem alfabética pelo nome
dos autores ou ainda em ordem cronológica.

Naquele tempo, os livros eram manuscritos e feitos de couro, conhecidos como pergaminhos.
Alguns ainda existiam em formato de rolos, como os papiros, e outros eram encadernados,
chamados de códices.

Figura 1 - Biblioteca na Idade Média


Fonte: www.spectrumgothic.com.br/gothic/gotico_historico/livros.htm
Descrição: ilustração colorida que apresenta algumas pessoas lendo, escrevendo e
conversando numa biblioteca monasterial da Idade Média. Um homem de barba
branca escreve num livro sobre um balcão, enquanto dois homens fazem leituras e
outras duas pessoas de braços dados e olhos fechados aparentemente ouvem a leitura
em voz alta de um dos homens.

Agora, vejam esta tabela com uma linha do tempo, com os sistemas de classificações bibliográficas
do mundo moderno e contemporâneo e seus respectivos autores:

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Competência 01

1498: Aldo Manutius, editor veneziano publicou um catálogo intitulado Libri Graeci Impressi.
Empregou uma classificação rudimentar, dividindo-o em: Gramática, Poesia, Lógica, Filosofia,
Escrituras Sagradas.

1548: O suíço Konrad Von Gesner, publicou a Bibliotheca Universalis, uma bibliografia universal.

1643 (Paris): Gabriel Naudé: Bibliothecae Cordesianae Catalogus.

1810 (Paris): Brunet: Manuel du Libraire et d’Amateur de Livres.

1876: A Classification and Subject Index for Cataloguing and Arranging of Books and Pamphets
of a Library. Inspirou-se na divisão do conhecimento humano, de William Torrey Harris, utilizada
na biblioteca da escola pública de St. Louis (EUA), desde 1870. Que por sua vez se inspirou em
FRANCIS BACON. Esta é a que se tornou a Classificação Decimal de Dewey (CDD). Falaremos
mais detalhadamente sobre esta classificação na terceira competência.

1893: o norte-americano Charles Ammi Cutter publica a Expansive Classification.

1901: classificação da Biblioteca do Congresso norte-americano, conhecida como Library of


Congress.

1905: Classificação Decimal Universal (CDU). Falaremos mais detalhadamente sobre esta
classificação na quarta competência.

1906: o britânico James Duff Brown, célebre pela introdução do livre acesso às estantes nas
bibliotecas inglesas, publica a Subject Classification.

1912: o norte-americano Henry Evelyn Bliss publica a Bibliographic Classification.

1933: o indiano Shiyali Ramamrita Ranganathan (1892-1972) publica a Classificação de Dois


Pontos, também conhecida como Cólon Classification.

Tabela 2 – Cronologia de Classificações bibliográficas


Fonte: O autor (2017)

Cada um desses pesquisadores contribuiu para o desenvolvimento dos sistemas de classificação.


Alguns, hoje em dia, por diversas razões, não são mais utilizados em bibliotecas. Mas, mesmo assim,
o seu legado permanece, porque mesmo em desuso influenciaram a construção de sistemas

16
Competência 01

posteriores.

Para saber mais sobre Francis Bacon, acesse o link


http://educacao.uol.com.br/biografias/francis-bacon.htm

Para conhecer um pouco mais sobre a influência de Ranganathan na Biblioteconomia vejam


este vídeo:
www.youtube.com/watch?v=IQ97R0xqt9c

Na próxima competência vamos compreender os processos de classificação, ou seja, como ler um


documento para fazer uma classificação bibliográfica desse documento.

Vamos pensar no texto abaixo? Assista à videoaula e confira!

TEXTO PARA REFLEXÃO

“Muitos anos depois, diante do pelotão de fuzilamento, o Coronel Aureliano Buendía havia de
recordar aquela tarde remota em que seu pai o levou para conhecer o gelo. Macondo era então uma
aldeia de vinte casas de barro e taquara, construídas à margem de um rio de águas diáfanas que se
precipitavam por um leito de pedras polidas, brancas e enormes como ovos pré-históricos. O mundo
era tão recente que muitas coisas careciam de nome e para mencioná-las se precisava apontar
com o dedo. Todos os anos, pelo mês de março, uma família de ciganos esfarrapados plantava a sua
tenda perto da aldeia e, com um grande alvoroço de apitos e tambores, dava a conhecer os novos
inventos.”

Começo do livro CEM ANOS DE SOLIDÃO, de Gabriel Garcia Márquez.

17
Competência 02

2.Competência 02 | Compreender os Processos de Classificação: Análise,


Leitura, Regras e Técnicas de Classificação de Documentos

Agora vamos falar um pouco sobre como vocês devem classificar um documento. Para classificar
devemos conhecer alguns conceitos de leitura para classificação e também algumas estratégias
para conseguir um bom resultado no trabalho de classificação bibliográfica.

O primeiro conceito é o de CARACTERÍSTICA, que significa qualidade ou atributo escolhido para


servir de base à classificação. Pode ser chamada de princípio da classificação ou princípio da divisão.
Existem várias características para um fenômeno. Vejam a seguir, como exemplo, as características
possíveis de um livro:

Livros de 20 centímetros.

TAMANHO Livros de 30 centímetros.

Livros de 40 centímetros.

Livros azuis.

COR Livros vermelhos.

Livros amarelos.

Livros em inglês.

LÍNGUA Livros em francês.

Livros em alemão.

Livros sobre Matemática.

ASSUNTO Livros sobre Física.

Livros sobre Biblioteconomia

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Competência 02

Quando um livro é CATALOGADO numa biblioteca, destacam-se, além de outros, os elementos


físicos desse livro, como tamanho, número de páginas, se é ilustrado ou não, etc. No caso da
classificação, a preocupação é com a característica ASSUNTO. Assim, em primeiro lugar vocês
devem estabelecer quais são os assuntos desse livro, e entre esses assuntos, qual é o assunto
principal (lembram-se da substância em Aristóteles ou da personalidade em Ranganathan?).

Pois bem, quando vocês fazem a leitura de um documento para descobrir os assuntos principais,
vocês estão realizando um uma leitura documentária, que é uma espécie de leitura técnica para
descobrir os assuntos que representam um documento. A seguir, vamos falar um pouco sobre
assuntos.

2.1 Assuntos

O assunto designa a disciplina ou subdisciplina a que pertence um documento. Os assuntos são


representados pelos termos, que são palavras que expressam as ideias num sistema de
classificação, de modo que os assuntos, que são construções mentais, são representados pelos
termos.

Os assuntos podem ser simples, compostos ou complexos.

Temas que pertencem a um único foco de uma única categoria, de uma


Assuntos simples:
só disciplina. Exemplo: Física, Literatura, Matemática.

Assuntos que contêm duas ou mais categorias de uma mesma classe


Assuntos compostos: básica: Exemplo: poesia da literatura italiana (categoria Língua e
categoria Gênero literário da disciplina literatura).

Temas que incluem conceitos de duas ou mais categorias de classes


Assuntos complexos: básicas diversas. Exemplo: influência da Bíblia no Romance Francês
(categorias tiradas das disciplinas Religião e Literatura).

Por enquanto, para facilitar o entendimento, vamos pensar apenas em assuntos simples. Na tabela
a seguir, vocês poderão ver três exemplos de classificação, a partir de assuntos simples.

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Competência 02

TÍTULO DO LIVRO ASSUNTO PRINCIPAL


MATEMÁTICA: não ensino médio, porque o
MATEMÁTICA PARA O ENSINO MÉDIO foco principal aqui é a disciplina
MATEMÁTICA.

RELIGIÃO: o foco principal aqui é RELIGIÃO, e


FILOSOFIA DA RELIGIÃO
não filosofia.

ROMANCE INGLÊS: de modo geral, a


literatura é classificada pelas línguas ou
países em que são escritos os textos. O
romance aqui dado como exemplo foi escrito
na Inglaterra e em língua inglesa. Para
O SENHOR DOS ANÉIS romances escritos em inglês, mas em outros
países, prevalece a nacionalidade. Exemplos:
romance norte-americano e romance
australiano. Observem que na literatura a
classificação se dá pelos gêneros literários:
POESIA, ROMANCE, CONTO, etc.

Tabela 3 – Classificações por assuntos simples


Fonte: O autor (2017)

Para saber mais sobre gêneros literários, visitem o site:


http://brasilescola.uol.com.br/literatura/generos-literarios.htm

O emprego de uma característica deve ser exaustivo e consistente. Isso quer dizer que numa
classificação todos os assuntos possíveis devem ser listados, tanto os principais como os
secundários.

Além disso, é bom que cada característica seja subdividida em todas as suas possíveis hierarquias.

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Competência 02

Vejam nos exemplos a seguir as subdivisões lógicas. A primeira baseada na geografia dos países e a
segunda baseada na sequência educacional do Ministério da Educação do Brasil:

COLEÇÃO DE UMA BIBLIOTECA SUBDIVISÕES

História da América Latina


(Brasil, Argentina, Bolívia, Peru, Colômbia, etc.)

Livros de História Geral História da Europa


(Itália, Alemanha, Inglaterra, França, etc.)

História da África
(Uganda, Angola, Moçambique, Egito, etc.)

Ensino Fundamental
Livros de Educação Ensino Médio

Ensino Superior

Dica importante: a maioria dos livros didáticos pode ser classificada a partir do título, porque
normalmente o título já é o próprio assunto principal.

Com base nos exemplos dados acima, façam a seguinte atividade: Imaginem que vocês
trabalhem numa biblioteca escolar que contenha livros didáticos do ensino fundamental e
médio. Para classificar os livros de História Geral dessa coleção, você deve escolher uma
característica para estabelecer como assunto principal e, a partir daí, organizar sua biblioteca.
Qual característica você escolheria como principal? O assunto História? Ou a sequência de
aprendizagem (ensino fundamental e médio)?
Justifique sua escolha.

2.2 Relações hierárquicas

As classificações obedecem sempre a uma relação, que pode ser vertical (hierarquia) ou horizontal

21
Competência 02

(do mesmo nível). Alguns especialistas chamam as classificações de linguagens hierárquicas, porém
essa conceituação reduz a complexidade dos sistemas, que também são horizontais, mesmo que
sempre estejam sujeitas a uma relação hierárquica. As relações verticais podem ser compreendidas
na DIVISÃO EM CADEIA, que é uma linha de classes, geradas por subdivisões sucessivas, que se
movem passo a passo de um assunto geral para um assunto específico. Vejam o exemplo a seguir:

CIÊNCIAS PURAS (ou naturais)


Matemática
Aritmética
Números decimais

As relações horizontais podem ser compreendidas na DIVISÃO EM FILEIRA, que é o conjunto de


classes resultante de aplicação de uma única característica. É também uma série de classes
coordenadas, baseadas no mesmo princípio de divisão.

CIÊNCIAS PURAS (ou naturais)


Matemática Física Química Biologia Zoologia

Notem que neste exemplo é possível identificar as relações verticais e horizontais.

2.3 Ordem de citação

Todo sistema de classificação obedece a uma ordem, que chamamos de ordem de citação. A ordem
de citação determina a sequência em que serão citados os vários conceitos presentes nos assuntos.
As primeiras preocupações dos bibliotecários com a ordem de citação surgiram nos cabeçalhos de
assunto.

Para saber mais sobre cabeçalhos de assuntos, acessem:


https://pt.scribd.com/document/37691012/diretrizes-de-cabecalhos-de-assunto

22
Competência 02

A ordem de citação define a ordem em que assuntos e outras características serão citados numa
classificação bibliográfica. Por exemplo, na atividade anterior, quando vocês definiram qual
característica viria primeiro (História ou sequência de aprendizagem) vocês estabeleceram uma
ordem de citação. Pois bem, normalmente uma ordem de citação estabelece que o que vem
primeiro é o assunto principal (ou classe principal daquele documento) e em seguida vêm as suas
subdivisões (assuntos secundários, outras caraterísticas e outras categorias).

Vejam agora um exemplo mais detalhado:

UMA HISTÓRIA DA LEITURA, de Alberto Manguel (livro)


Assunto principal LEITURA: o foco aqui é LEITURA e não HISTÓRIA.
LIVROS: o livro trata também de livros como suportes de leitura, mas
Assunto secundário aqui eles são assuntos secundários, porque outros suportes também
são apresentados ao longo do livro.
Livro de capa branca, 405 páginas, publicado em São Paulo, pela
Outras Companhia das Letras, em 1997, traduzido de A History of Reading,
características publicado originalmente no Canadá em 1996. (DADOS PARA
CATALOGAÇÃO).

Assim, ao classificar o livro que mencionamos no exemplo anterior, os assuntos (principal e


secundário) serão os escolhidos para representar o livro. Os demais, se utilizados, ficarão em
segundo plano na citação da classificação.

Mas o que significa essa citação? Como esses assuntos serão representados na classificação? É uma
boa pergunta. O sistema de classificação deve ser racional, de fácil entendimento e de fácil
memorização. Assim, se formos classificar o assunto pelas palavras (assuntos), a classificação ficaria
muito extensa. A solução encontrada pelos classificadores foi criar códigos que representassem as
palavras dos assuntos. Esses códigos são chamados de NOTAÇÃO.

Antes de falarmos sobre A NOTAÇÃO, vejam os elementos que compõem um sistema de


classificação:

23
Competência 02

As classes principais e suas subdivisões compõem o volume principal de um sistema e que


normalmente é chamada de TABELA PRINCIPAL.

As subdivisões de forma, aplicáveis aos vários assuntos, normalmente compõem apêndices que
são chamados de TABELAS AUXILIARES.

Uma notação é o conjunto de caracteres destinados a representar os termos da classificação,


traduzindo em linguagem codificada o assunto dos documentos e indicando a localização nas
estantes, nos catálogos e nas tabelas de classificação.

Um índice é uma lista alfabética dos termos de um sistema de classificação e seus respectivos
sinônimos, indicando os símbolos da classificação que os representam no sistema. Ele também
facilita a localização dos assuntos nas tabelas de classificação.

Nas próximas competências, quando falarmos sobre sistemas específicos de classificação, vocês
compreenderão melhor essa composição. Por enquanto, vamos nos ater às NOTAÇÕES:

As notações utilizam caracteres para representar os assuntos. Caracteres são as formas que usamos
para escrever. Podem ser letras, símbolos, sinais, números, etc. O uso de caracteres pode variar de
um sistema para outro, como vocês poderão conhecer nas competências 3 e 4.

Vejam um exemplo:

Os caracteres 4, 2, 8 compõem 428.


O código 32(81) é composto dos caracteres 3,2, ( ), 8, 1.

IMPORTANTE: as notações têm como objetivo traduzir em símbolos os assuntos dos documentos,
mostrar a hierarquia ou a estrutura da classificação e localizar os assuntos na coleção. A notação
oferece um símbolo que, combinado com outros, indica os assuntos complexos e compostos.

Vamos retomar um exemplo dado anteriormente para que vocês entendam melhor a relação entre
assunto e notação. No exemplo a seguir, utilizaremos o sistema de classificação da CDD

24
Competência 02

(Classificação Decimal de Dewey). Cada assunto será representado por uma notação.

ASSUNTO NOTAÇÃO
CIÊNCIAS PURAS (ou naturais) 500
Matemática 510
Aritmética 513
Números decimais 513.2
Tabela 4 – Classe 500 (Ciências Puras) – Classificação Decimal de Dewey
Fonte: O autor (2017)

Percebam, na tabela acima, como os caracteres das notações mostram a estrutura hierárquica
dos assuntos.

CIÊNCIAS PURAS (ou naturais) 500

Matemática Física Química Biologia Zoologia

510 530 540 570 590

Tabela 5 – Classe 500 (Ciências Puras) – Classificação Decimal de Dewey


Fonte: O autor (2017)

Percebam, na tabela acima, como os caracteres das notações, mostram a relação horizontal entre
os assuntos.

Os dois exemplos mostram como as notações expressam os assuntos. A isso, damos o nome de
EXPRESSIVIDADE DA NOTAÇÃO.

Outras características das notações são:

HOSPITALIDADE: capacidade de permitir as divisões necessárias. Pode ser de dois tipos: em


cadeia e em fileira.

FLEXIBILIDADE: capacidade do sistema de incluir novos assuntos nos pontos adequados, sem
alterar a ordem existente. A flexibilidade pode ser obtida deixando espaços vagos ou
utilizando caracteres de novos tipos.

25
Competência 02

Todo sistema de classificação deve ser constantemente avaliado para se verificar possíveis falhas e
incoerências para, então, propor, se necessário, melhorias no sistema. Além disso, o conhecimento
humano muda constantemente, exigindo sempre novas revisões e edições. Basicamente um
sistema de classificação deve ser, na medida do possível, breve e simples, e fácil de memorizar. Um
recurso muito utilizado pelos sistemas é representar em vários assuntos relacionados símbolos que
possuam associação de ideias. Vimos em exemplos anteriores que na CDD as notações para as
Ciências Puras sempre são representadas, no seu início, pelo símbolo 5 (cinco).

Na CDD (e também na CDU), os mesmos símbolos são utilizados para representar ideias
semelhantes que, pela associação, facilitam guardar e compreender. Exemplo:

440 Língua francesa


840 Literatura francesa
944 História da França
313.4 Estatística da França

Percebam que, neste exemplo, o símbolo 4(quatro) sempre representa a FRANÇA (país) ou algo
relacionado à FRANÇA.

2.4 Síntese

É a combinação de símbolos de várias tabelas para a construção de números de classificação. Vejam


o exemplo a seguir, que é baseado na CDU (Classificação Decimal Universal).

329.81

Síntese de 329 (partidos políticos) com 81 (notação de área para o Brasil).

Daqui em diante vamos nos ater às classificações de Dewey (CDD) e Classificação Decimal Universal
(CDU), que provavelmente vocês mais utilizarão nas futuras práticas bibliotecárias.

26
Competência 02

Espero que até aqui as coisas estejam ficando claras e fáceis de compreender.

A seguir, vamos apresentar a Classificação Decimal de Dewey (CDD).

TEXTO PARA REFLEXÃO

“Nada vos oferto


além destas mortes
de que me alimento

Caminhos não há
Mas os pés na grama
os inventarão

Aqui se inicia
uma viagem clara
para a encantação

Fonte, flor em fogo,


que é que nos espera
por detrás da noite?

Nada vos sovino:


com a minha incerteza
vos ilumino.”

Começo do poema A LUTA CORPORAL, de Ferreira Gullar.

27
Competência 03

3.Competência 03 | Classificação Decimal de Dewey: Característica,


Estrutura e Funcionalidade

O acervo de uma biblioteca deve ser separado e classificado de acordo com algum sistema ou
método pré-estabelecido. O sistema mais utilizado pelas bibliotecas foi criado pelo norte-americano
Melvil Dewey (1851-1931) e é conhecido como Classificação Decimal de Dewey, ou CDD. Esse
sistema foi criado em 1876 e, ao longo dos anos, foi passando por sucessivas atualizações.
Atualmente, quem coordena os trabalhos da CDD é a OCLC (Online Computer Library Center), com
sede nos Estados Unidos.

Para conhecer melhor a OCLC visite este site: www.oclc.org/home.en.html?redirect=true

3.1 Quem foi Melvil Dewey?

Melville Louis Kossuth Dewey nasceu no dia 10 de dezembro de 1851 no Estado de Nova York.
Dewey inventou o sistema de Classificação decimal Dewey (CDD) quando tinha 21 anos (1872) e
trabalhava como assistente de bibliotecário no Amherst College. Dewey transformou a
Biblioteconomia de vocação para uma profissão moderna. Além de ter criado esse sistema, Dewey
também ajudou a fundar a Associação de Bibliotecas Americanas (ALA) em 1876; foi o secretário
dela de 1876 a 1890 e presidente nos períodos de 1890 a 1891 e 1892 a 1893. Um pioneiro em
educação bibliográfica, Dewey tornou-se o bibliotecário do Columbia College (agora a Columbia
University) na cidade de Nova York em 1883 e fundou ali a primeira biblioteca escolar em 1887. Em
1889, ele se tornou diretor da Biblioteca do Estado de Nova York em Albany, um cargo que teve até
1906. O Sistema Decimal de Dewey teve ampla divulgação através do Library Bureau. Foi aplicado a
documentos, pela primeira vez, pela Estrada de Ferro Baltimore-Ohio em 1898.

28
Competência 03

3.2 O Sistema Decimal

O sistema de numeração que normalmente utilizamos é o sistema de numeração decimal, pois os


agrupamentos são feitos de 10 em 10 unidades.

Os símbolos matemáticos utilizados para representar um número no sistema decimal são chamados
de algarismos: 0, 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9, que são utilizados para contar unidades, dezenas e
centenas. Esses algarismos são chamados de indo-arábicos porque tiveram origem nos trabalhos
iniciados pelos hindus e pelos árabes. Com os algarismos formamos numerais (numeral é o nome
dado a qualquer representação de um número).

A partir do agrupamento de 10 em 10 surge a primeira definição: o grupo de dez unidades recebe o


nome de dezena. Assim, cada grupo de 10 dezenas forma uma centena. Os grupos de 1, 10, 100
elementos são chamados de ordens. Cada ordem forma um novo grupo denominado classe.

Exemplo:

O número 352 possui três ordens e uma classe.

352
c d u (C é centena, D é dezena e U é unidade)

O número 2 698 possui duas classes e quatro ordens.

2: Classe dos milhares

698: Classe das unidades


2→ Ordem das unidades de milhar
6→ Ordem das centenas
9→ Ordem das dezenas
8 → Ordem das unidades

Mas como Dewey associou o sistema decimal ao processo de classificação em bibliotecas? Vejam a
história a seguir, contada pelo próprio Dewey:

29
Competência 03

“Durante meses imaginei, noite e dia, que deveria haver, em alguma parte, uma solução
satisfatória. No futuro teríamos milhares de bibliotecas, a maioria das quais aos cuidados de
pessoas com pequena capacidade ou escasso adestramento. O primeiro requisito da solução há de
ser a maior simplicidade possível. O provérbio dizia 'simples como a, b, c', mas ainda mais simples do
que isso era 1, 2, 3. Após meses de estudo, um domingo, durante um longo sermão do pastor
Stearns, enquanto o encarava com firmeza sem lhe ouvir uma palavra, e absorvida a mente no
problema vital, a solução coruscou-me ante os olhos, a ponto de fazer-me saltar da minha cadeira e
de quase levar-me a gritar 'Eureca!' Consistia ela em alcançar a simplicidade absoluta empregando
os mais simples símbolos conhecidos, os algarismos arábicos na qualidade de decimais, com o zero
revestido da significação usual, a fim de numerar uma classificação de todo o conhecimento
humano impresso; completando tal expediente pelos símbolos que, depois dos números, eram os
mais simples, ou seja, a, b, c, e indexando todos os títulos das tabelas, de forma que seria mais fácil
usar a classificação com 1.000 títulos assim ajustados, do que os 30 ou 40 títulos que reclamam
cuidadoso estudo antes de serem utilizados."

Logo depois desse insight, Dewey começou a construir seu sistema de classificação com base nas
classificações de Francis Bacon e de William Torrey Harris.

Pesquisem sobre William Torrey Harris. Quem foi e qual seu legado?

O sistema de Dewey divide o conhecimento em dez classes principais e, em seguida, as classes vão
se subdividindo de acordo com a lógica hierárquica das classes. As classes são as seguintes:

O PRIMEIRO SUMÁRIO: as dez classes principais

000 – Generalidades/Computação/Informação/Trabalhos Gerais

100 – Filosofia e Psicologia

200 - Religião

30
Competência 03

300 - Ciências Sociais

400 - Linguística

500 – Matemática e Ciências Naturais

600 - Ciências Aplicadas. Tecnologia.

700 - Artes. Esportes. Recreação.

800 - Literatura.

900 - Biografia. Geografia. História.

Mas como Dewey chegou nessas classes e porque esta é a sequência? Dewey queria que as
bibliotecas mantivessem uma relação com a organização do conhecimento humano, sendo assim, a
sequência decimal não é gratuita, mas obedece à seguinte lógica:

O HOMEM E SEU MUNDO CLASSE


100
O homem precisa se conhecer e se reconhecer no mundo em que vive.
200
O homem precisa saber de onde veio e/ou quem o criou.
300
O homem precisa conhecer seus semelhantes.
400
O homem precisa se comunicar com seus semelhantes.
500
O homem precisa conhecer o mundo em que vive.
O homem precisa conhecer como o conhecimento pode criar e ser aplicado em 600
tecnologias.
700
O homem precisa se manifestar culturalmente por meio das artes e dos esportes.
O homem precisa registrar suas criações literárias. A partir da classe anterior 800
Dewey sentiu a necessidade de criar uma classe específica para a literatura.
900
O homem precisa registrar as memórias das pessoas e dos lugares.
E, finalmente, todas as classes de coisas que não se encontram em nenhuma das
000
classes acima, Dewey colocou numa classe mais geral, chamada de
Generalidades.

31
Competência 03

Descubram, a partir da explicação dada, porque o tema MATEMÁTICA está na classe 500.

Vejamos, agora, o segundo sumário:

O SEGUNDO SUMÁRIO: as divisões das centenas

000 Computer science, knowledge & systems


010 Bibliographies
020 Library & information sciences
030 Encyclopedias & books of facts
040 [Unassigned]
050 Magazines, journals & serials
060 Associations, organizations & museums
070 News media, journalism & publishing
080 Quotations
090 Manuscripts & rare books
100 Philosophy
110 Metaphysics
120 Epistemology
130 Parapsychology & occultism
140 Philosophical schools of thought
150 Psychology
160 Logic

Até 990: History of other areas

32
Competência 03

O TERCEIRO SUMÁRIO: as seções dos milhares.

000 Computer science, information & general works


001 Knowledge
002 The book
003 Systems
004 Data processing & computer science
005 Computer programming, programs & data
006 Special computer methods
007 [Unassigned]
008 [Unassigned]
009 [Unassigned]
010 Bibliography
011 Bibliographies
012 Bibliographies of individuals
013 [Unassigned]
014 Of anonymous & pseudonymous works
015 Bibliographies of works from specific places
016 Bibliographies of works on specific subjects
017 General subject catalogs
018 Catalogs arranged by author, date, etc.
019 Dictionary catalogs
020 Library & information sciences
021 Library relationships
022 Administration of physical plant
023 Personnel management

Até 999 Extraterrestrial worlds

Os exemplos dos sumários foram extraídos do site da OCLC. Para mais informações sobre os

33
Competência 03

sumários da CDD, acessem o site:

www.oclc.org/pt-americalatina/dewey/features/summaries.html

A CDD está atualmente na 23ª edição e é publicada na língua inglesa pela OCLC.

Assim, Dewey construiu seu sistema de classificação tendo como base o sistema decimal e, por isso,
a CDD é chamada de classificação DECIMAL de Dewey.

O princípio da classificação é decimal, portanto deve ser entendido como uma divisão decimal. Por
exemplo, se na biblioteca tiver um livro cujo assunto seja Ensino Fundamental, deve ser classificado
na classe 300 (Ciências Sociais), mas na subclasse 370, que se refere ao assunto Educação.
Subdividindo a classe 300 para o assunto Ensino Fundamental, teremos:

300 Ciências Sociais


370 Educação
372 Ensino Fundamental

Você se lembra do exemplo do número 372 que foi dado na explicação sobre o sistema decimal?
Fazendo uma analogia àquele exemplo, teremos aqui o seguinte:

300 Ciências Sociais (centena)


370 Educação (dezena)
372 Ensino Fundamental (unidade)

Como vimos na competência anterior, todo sistema de classificação deve ser constituído de TABELA
PRINCIPAL, TABELAS AUXILIARES, NOTAÇÃO e ÍNDICE. No caso da CDD, ela é composta de 4 (quatro)
volumes:

34
Competência 03

VOLUME 1 Introdução à CDD e Tabelas Auxiliares


VOLUME 2 Esquemas 000-599
VOLUME 3 Esquemas 600-999
VOLUME 4 Índice

3.3 Aplicação da CDD

Agora vamos explicar, basicamente, como se aplica um sistema de classificação em bibliotecas.

Você já deve ter notado que os livros de uma biblioteca têm uma etiqueta na lombada, com várias
letras e números. Aquilo se chama número de chamada (ou notação), que identifica o livro na
prateleira, ou seja, é o endereço do livro na estante. Vamos supor que percorrendo uma prateleira
vocês encontraram um livro com o título O HOBBIT, de autoria de J.R.R, Tolkien. Na lombada deste
livro há os seguintes símbolos:

823
T577h

Essa notação significa o seguinte:

823 = classificação do assunto LITERATURA DE FICÇÃO INGLESA


T = significa a letra inicial do sobrenome do autor (Tolkien).
577 = o número desse autor dentro do sistema CUTTER para nomes de autores.
h = A primeira letra do título (O HOBBIT). Dispensa-se, da classificação, os artigos
definidos (o, a, os, as).

Lembrem-se de que 800 (na CDD) significa LITERATURA, que no sistema, assim se subdivide:

800 LITERATURA
820 Literatura de língua inglesa
823 Romance de língua inglesa da
Inglaterra

35
Competência 03

Obs.: Este livro foi escrito e publicado na Inglaterra, não nos Estados Unidos.

O programa do sistema CUTTER pode ser baixado gratuitamente através do site


http://oclc.org/support/services/dewey/program.en.html

Após ter instalado o programa no computador, a tela aparece assim:

Figura 2 - Sistema Cutter.


Fonte: o autor (2016).
Descrição: janela do OCLC em área de trabalho no computador.

Assim, ao se digitar o sobrenome do autor no campo superior (Tolkien), aparece no campo inferior
o número desse autor dentro do sistema, ou seja T577. Se este livro tiver mais de um exemplar, as
etiquetas de lombada podem estar sinalizadas assim:

823 823

T577h T577h

ex. 1 ex. 2

36
Competência 03

Lembre-se de que o endereço do livro deve ser exclusivo. Cada livro tem seu endereço na estante.

A ordenação nas estantes deve ser feita levando-se em consideração o critério alfanumérico.
Assim, se tivermos um livro com a classificação 824, este vem depois do livro 823. Se houver outros
livros com o número 823, a ordenação deve ser feita pela letra do autor, e assim por diante.
Exemplo:

823 823 824 824 824

T577h T577h S534 V438 V439

ex. 1 ex. 2

A Classificação é um processo que se aprende mais no exercício do trabalho. Portanto, é


recomendável que a escola adquira uma CDU (que é dividida em dois volumes), ou uma CDD (que é
dividida em quatro volumes, ou pode ser adquirida em versão online). O contato com o material
proporciona mais familiaridade com o sistema.

Na internet é possível encontrar versões resumidas da CDD. Com essas versões em mãos, é possível
classificar pequenos acervos (na atividade semanal apresentaremos dois sites que contêm esses
resumos). Demonstramos abaixo como se configura um trecho de uma das classes.

600 CIÊNCIAS APLICADAS


620 Engenharia. Manual e teoria geral.
621 Física aplicada. Mecânica.
621.3 Eletrotécnica
621.483 Reatores nucleares, centrais elétricas e subprodutos.
621.972 Ferramentas. Chaves de fenda e outras ferramentas.
623.812 Design das embarcações
623.825 7 Tecnologia de submarinos
624 Engenharia Civil. Pontes. Telhados. Estruturas.

Assim, se a biblioteca tiver um documento que fale de tecnologia de submarinos, o número de


classificação será 623.8257. Em seguida, aplica-se a tabela CUTTER para classificar a autoria do
documento. Feito isso, o documento está pronto para ser usado.

37
Competência 03

Na próxima competência vamos conversar sobre a Classificação Decimal Universal, a CDU.

TEXTO PARA REFLEXÃO

O meu pai era paulista


Meu avô, pernambucano
O meu bisavô, mineiro
Meu tataravô, baiano
Meu maestro soberano
Foi Antonio Brasileiro

Foi Antonio Brasileiro


Quem soprou esta toada
Que cobri de redondilhas
Pra seguir minha jornada
E com a vista enevoada
Ver o inferno e maravilhas

Nessas tortuosas trilhas


A viola me redime
Creia, ilustre cavalheiro
Contra fel, moléstia, crime
Use Dorival Caymmi
Vá de Jackson do Pandeiro

Vi cidades, vi dinheiro
Bandoleiros, vi hospícios
Moças feito passarinho
Avoando de edifícios
Fume Ari, cheire Vinícius
Beba Nelson Cavaquinho

Para um coração mesquinho

38
Competência 03

Contra a solidão agreste


Luiz Gonzaga é tiro certo
Pixinguinha é inconteste
Tome Noel, Cartola, Orestes
Caetano e João Gilberto

Viva Erasmo, Ben, Roberto


Gil e Hermeto, palmas para
Todos os instrumentistas
Salve Edu, Bituca, Nara
Gal, Bethania, Rita, Clara
Evoé, jovens à vista

O meu pai era paulista


Meu avô, pernambucano
O meu bisavô, mineiro
Meu tataravô, baiano
Vou na estrada há muitos anos
Sou um artista brasileiro

PARATODOS, de Chico Buarque.

39
Competência 04

4.Competência 04 | Classificação Decimal Universal: Característica,


Estrutura e Funcionalidade

Outra classificação muito utilizada nas bibliotecas é a Classificação Decimal Universal, ou CDU, que,
utilizando os princípios da CDD, foi criada pelos belgas Paul Otlet (1868-1944) e Henri La Fontaine
(1854-1943).

Agora vamos conhecer um pouco da CDU:

Em 1895 Paul Otlet e Henri La Fontaine fundaram o Instituto Internacional de Bibliografia, com as
seguintes atribuições:

Compilar um Repertório Bibliográfico Universal, formando uma bibliografia em fichas


(por autor e assunto), de toda a literatura mundial.
Aperfeiçoar e unificar os métodos bibliográficos.
Trabalhar pelo aperfeiçoamento da indústria do livro.
Organizar a cooperação bibliográfica internacional.

O que OTLET queria era fazer um inventário do mundo. Mas, para isso, ele precisava fazer uma
classificação detalhada desse inventário. Ele, então, examinou todos os sistemas de classificação
existentes e decidiu por expandir a Classificação Decimal de Dewey. Surge, então, em 1905 a
primeira edição do novo sistema, com 33000 subdivisões e 40000 entradas no índice.

Seu título era Manual do Repertório Bibliográfico Universal. Depois, Classificação de Bruxelas.
Hoje, é intitulada Classificação Decimal Universal. Entre 1905 e 1914, o Instituto cresceu
lentamente. O que ajudou o instituto foi que Henri La Fontaine recebeu o Nobel da Paz em 1913 e
doou o dinheiro ao Instituto. A Primeira Guerra Mundial interrompeu as atividades, que foram
retomadas em 1920. Em 1937 é criada a Federação Internacional de Documentação. O
representante no Brasil é o IBICT (Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia).

40
Competência 04

As edições da CDU são as seguintes:

Edições desenvolvidas (em português, em 1961).


Edições médias (em português, em 1976).
Edições abreviadas (em português, em 1961).
Edições padrão.
Edições condensadas.
Edições especiais.

Obs.: a edição mais recente da CDU é a UDC CONSORTIUM. Classificação decimal universal: tabelas
sistemáticas: 2ª edição-padrão internacional em língua portuguesa. Tradução de Odilon Pereira da
Silva. Revisão de Fátima Ganim. Brasília: IBICT, 2007. 2v.

Ela pode ser adquirida por meio do IBICT, neste site: www.ibict.br/publicacoes-e-institucionais/
Catalogo-de-publicacoes/publicacoes

A CDU é estruturada da seguinte forma:

Volume 1 Tabela (Classes e tabelas auxiliares)


Volume 2 Índice

E apresenta as seguintes classes:

NOTAÇÃO CLASSES
0 GENERALIDADES
1 FILOSOFIA
2 RELIGIÃO. TEOLOGIA.
3 CIÊNCIAS SOCIAIS. DIREITO.
4 CLASSE VAGA.
5 MATEMÁTICA. CIÊNCIAS NATURAIS
ou CIÊNCIAS PURAS.
6 CIÊNCIAS APLICADAS. MEDICINA.
TECNOLOGIA.
7 ARTES. ARQUITETURA. ESPORTES.
8 LÍNGUAS. LITERATURA.
9 GEOGRAFIA. BIOGRAFIA. HISTÓRIA.

41
Competência 04

Para conhecer um pouco mais sobre as classes da CDU, visite este site
www.ces.uc.pt/biblioteca/documentos/CDU.pdf.

Algumas diferenças entre a CDD e a CDU:

A CDU começa com um caractere, enquanto a CDD começa com três caracteres.
Corte dos zeros finais.
Uso de sinais gráficos.
Nos dois sistemas, a classe GENERALIDADES refere-se a um assunto que não pode ser
classificado em nenhuma das outras classes gerais. Na CDU, a classe 4 está vaga,
porque Otlet resolveu agrupar Literatura e Linguística na classe 8. A classe 4, portanto,
continua aguardando ser utilizada por uma classe nova.

4.1 Subdividindo pela CDU

Cada uma das classes principais é subdividida em 10 (dez) classes, repartindo-se por elas os
assuntos que a compõem, sendo a primeira reservada aos temas gerais e as 9 (nove) seguintes
destinadas a assuntos específicos. Vejamos, a seguir, como fica a classe 5 (CIÊNCIAS PURAS).

5 CIÊNCIAS PURAS
50 Princípios gerais
51 Matemática
52 Astronomia
53 Física
54 Química. Mineralogia
55 Geologia e ciências afins. Meteorologia.
56 Paleontologia
57 Ciências Biológicas
58 Botânica
59 Zoologia

4.1.1 Subdividindo mais um pouco

A seguir essas divisões são novamente subdivididas em 9 (nove) classes especificas e uma classe

42
Competência 04

geral. Dentre as classes acima, escolhemos, como exemplo, a classe 51 (Matemática). Vejam como
fica a subdivisão:

51 MATEMÁTICA
510 Princípios gerais
511 Aritmética. Teoria dos números.
512 Álgebra
513 Geometria
514 Trigonometria. Poligonometria.
515 Geometria descritiva
516 Geometria analítica
517 Análise matemática
518 Processos gráficos de cálculo
519 Análise combinatória. Probabilidades.

Agora vamos fazer uma atividade como exemplo. Classificaremos um documento cujo assunto
principal é ENGENHARIA ELÉTRICA.

Observando as classes principais (0 a 9), chegamos à conclusão de que esse assunto se enquadra
melhor na classe 6 (CIÊNCIAS APLICADAS/TECNOLOGIA). Assim, a lógica da subdivisão será a
seguinte:

6 CIÊNCIAS APLICADAS
62 Engenharia
621 Engenharia mecânica
621.3 Engenharia elétrica.

Peço que vocês façam mais exercícios como este consultando o site:
www.udcsummary.info/php/index.php?tag=6&lang=en.
Escolham um tema qualquer e procedam à classificação desse tema.

43
Competência 04

4.1.1.1 E como subdividir mais?

A CDU, assim como a CDD, pode ser subdividida além dos primeiros sumários. Nesse caso, a
recomendação é que, quando vocês precisarem classificar assuntos mais específicos, recorram às
tabelas completas (CDD e CDU), porque só assim vocês terão possibilidade de proceder a uma
classificação que exija uma notação mais particular. Vamos ver um exemplo a partir do exercício
anterior. Vamos supor que vocês precisem classificar o assunto LINHAS TELEGRÁFICAS, que está na
classe ENGENHARIA ELÉTRICA. No entanto, no site que mencionei acima a classe só se subdivide até
ENGENHARIA ELÉTRICA. Então, como subdividir mais? Se vocês consultarem a CDU integral poderão
chegar ao seguinte resultado:

621.3 ENGENHARIA ELÉTRICA


621.39 Telecomunicações
621.394 Telegrafia
621.394.7 Instalações e redes telegráficas
621.394.73 LINHAS TELEGRÁFICAS

4.2 Tabelas auxiliares

A CDD e a CDU possuem recursos que possibilitam subdividir e/ou relacionar os assuntos de uma
forma ainda mais específica, que vão além das tabelas principais. Nesse caso, ambas disponibilizam
tabelas auxiliares, que auxiliam o classificador na construção da notação mais adequada ao assunto
que se procura classificar. Além disso, as tabelas auxiliares orientam na construção de notações
associando assuntos das tabelas principais. Recomendamos que vocês, sempre que possível,
consultem essas tabelas para conhecer melhor a dinâmica da classificação de cada sistema.

Existem muitos outros sistemas de classificação no mundo das bibliotecas. Peregrinando por esse
universo, você poderá encontrar livros classificados por cores, por ícones e até pela simples ordem
alfabética. Uma classificação que conheci recentemente foi a classificação MAIONESE (The
Mayonnaise System). Esse sistema divide os documentos pelas seguintes classes:

44
Competência 04

1. Adventure (aventura)

2. All the Rest (todo o restante)

3. Family (família)

4. Future (futuro)

5. Humor (humor)

6. Love (amor)

7. Meaning of Life (sentido da vida)

8. Natural World (mundo natural)

9. Poetry (poesia)

10. Social/Political/Cultural (vida social, política e cultural)

11. Spirituality (espiritualidade)

12. Street Life (vida nas ruas)

13. War and Peace (guerra e paz)

Fonte: The Brautigan Library, em < http://dtc-wsuv.org/brautiganlibrary/?page_id=1141>

Nosso assunto não termina aqui. Aliás, este é o ponto inicial das suas pesquisas. Você chegou até
este ponto de leitura e certamente muita coisa nova já foi descoberta. Os códigos de classificação
são sistemas robustos com muitas especificidades, seria impossível trazermos todas elas aqui.
Afinal, os bibliotecários investem o mínimo de dois da graduação estudando a CDD e a CDU. Para
avançarmos mais vou deixar duas dicas de literatura que você tem livre acesso na web. Vamos nos
desafiar a aprofundar estes novos conteúdos a partir de hoje? Certamente você vai desenvolver
habilidades e competências específicas no seu futuro ambiente de trabalho!

Classificação Decimal Dewey - Odilon Pereira da Silva


https://bibliotextos.files.wordpress.com/2011/09/apostila-cdd.pdf
Classificação Decimal Universal - Odilon Pereira da Silva
https://issuu.com/paula_braga/docs/silva__odilon_manual_cdu

45
Competência 04

O importante é você conectar coleções e leitores. Por isso, meu conselho é que você desenvolva sua
criatividade e busque sempre novas soluções. A inovação é uma das chaves para o sucesso em
qualquer área. Portanto, leia e pesquise bastante. Isso possibilitará que você faça coisas diferentes
e inovadoras. O mundo das bibliotecas agradece.

46
Conclusão

Caro (a) estudante, chegando ao fim desta disciplina, em que vimos os tipos de classificações mais
utilizadas em bibliotecas, pudemos acompanhar a estrutura delas e como utilizá-las.

Esperamos ter suprido a necessidade básica do conhecimento a respeito da Representação


Temática, que você precisa ter para desenvolver as atividades no dia a dia de uma biblioteca. Este
caderno não tem a função de encerrar o conhecimento a respeito do tema, outros textos utilizados
durante as semanas podem e devem ser consultados como mais uma forma de aprendizado. O
conhecimento restante será aprendido com o decorrer do tempo, com a prática no ambiente de
trabalho e a familiaridade com o sistema usado em sua unidade de informação.

Bons estudos!

47
Referências

DAHLBERG, I. Fundamentos teórico-conceituais da classificação. R. Bibliotecon. Brasília, Brasília, v.


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FOSKETT, A. C. A abordagem temática da informação. São Paulo: Polígono, 1973.

LANGRIDGE, Derek. Classificação: abordagem para estudantes de biblioteconomia. Rio de Janeiro:


Interciência, 1977.

PIEDADE, M. A. R. Introdução à teoria da classificação. Rio de Janeiro: Interciência, 1977.

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Minicurrículo do Professor

 Lourival Pereira Pinto

Doutor em Ciência da Informação pela USP (2009), Mestre em Ciências da Comunicação pela USP
(2005), Bibliotecário pela Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo (1993). Foi docente
do curso técnico em Biblioteconomia - Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial e Coordenador
do Museu da Bíblia da Sociedade Bíblica do Brasil. De 2010 a 2013 foi Professor Adjunto no
Departamento de Ciência da Informação da Universidade Federal de Pernambuco. De 2014 a 2015
foi Professor Adjunto no Departamento de Ciência da Informação da Universidade Federal de São
Carlos. Atualmente é Professor Adjunto III no Departamento de Ciência da Informação da
Universidade Federal de Pernambuco. Tem experiência na área de Ciência da Informação, atuando
principalmente nos seguintes temas: Bibliotecas Públicas, Escolares e Comunitárias, Incentivo à
Leitura, Formação de Leitores, Organização da informação, Mediação Cultural e Literatura.

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