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LITERATURA BRASILEIRA VI

Profª Drª Jucelia Souza da Silva

Acadêmico (a): Luana Marin Galharte

ROTEIRO DE LEITURA 1

1. No conto Baleia, de Graciliano Ramos, você pode conhecer como o narrador mergulha
na intimidade das personagens no processo de morrer da cachorra. Comente sua
impressão de leitura sobre as gradações de emoção; conflitos e contradições consigo
mesmo; valores, preconceitos, crenças; subentendidos quanto ao personagem
Fabiano. Para isso, dê sua interpretação pessoal, explique com suas palavras como
percebe algum desses pontos, comprove com passagens do texto. (em média três a
cinco parágrafos).

Quando o foco da narrativa de torna os sentimentos da cachorra Baleia e há a


humanização do animal, com fluxo de consciência

2. Lembrando o que propõe Tânia Pellegrini, explique se os contos Baleia (Graciliano


Ramos) e O Crime do Professor de Matemática (Clarice Lispector) se nutrem do
ingrediente de realismo em suas narrativas, este novo realismo, refratado. Para isso,
retome partes das narrativas, observe as personagens, retome trechos dos contos e
das proposições de Tânia Pellegrini para justificar sua visão. (em média três a cinco
parágrafos)

Tânia Pellegrini fala sobre a crise de representação que ocorreu na virada do século
XIX para o século XX. Segundo ela, no Realismo Refratado temos um aprofundamento
muito maior da interioridade dessas personagens, o que se passa no pensamento
delas, no interior delas, os conflitos, os arrependimentos, os jogos da memória,
esquecimentos, lembranças, diferente do movimento Realismo tradicional que foca
mais na ação, no exterior do universo das personagens.

No século 20, o foco não está somente naquilo que é material e nas denúncias da
sociedade com tradições do coletivo, essas contradições e conflitos são agora de foro
individual. Não se trata mais da crítica e da denúncia das desigualdades e de tudo que
está acontecendo, pois passa de um realismo material a um realismo mais afetivo, de
emoção, e o que se passa dentro da personagem, do sentimento, e esse efeito que por
muitas vezes vai chocar e provocar um estranhamento do leitor.
Nos dois contos vemos que as personagens tem uma direção ética que entra em
contradição e por muitas vezes eles tentam se enganar para sofrer menos diante
dessas situações. “É a consciência das personagens criadas que elabora mediações e
refrações, revelando uma experiência mais profunda e mais ampla da totalidade
social, aglutinando ao mesmo tempo sujeito e objeto.” (PELLEGRINI, 2018, p. 51)

3. Em um conto temos o narrador apresentando explicitamente a morte de uma


cachorra, e, no outro, o narrador faz um movimento bem diferente para falar do
cachorro José. Comente o efeito de sentido que você percebe ao ler um e outro: como
cada um choca ou cativa o leitor para as emoções a ser despertas, qual dos dois
recursos mais atendeu ao seu gosto leitor, por que esta construção foi bem sucedida
na história?

Apesar dos dois contos tratarem da morte de cachorros, as emoções que cada um
causa são distintas.
Em Baleia o primeiro sentimento é de empatia. A ideia de misericórdia de Fabiano
cativa o leitor e despertar compaixão, porém, com o decorrer da narrativa há o
impacto de compreender a realidade em que a família vive e o sentimento é de
choque.
Já em O Crime do Professor de Matemática, começamos o conto desconfiados,
curiosos para descobrir qual o crime do homem que sobe a colina mais alta com um
saco pesado na mão. Nos parágrafos seguintes somos apresentados as emoções do
professor de matemática e, por certo momento, cativados e levados a compreender
sua dor. O choque vem quando entendemos que o crime não foi por ele não ter
enterrado seu amado cão José, mas sim tê-lo abandonado.

Ambos cativam e chocam. Pessoalmente, eu preferi o segundo, pois achei interessante


como ele termina de forma cíclica.

4. Como os contos trabalhados aqui se dialogam? Explique comparando as narrativas, o


conflito central de cada um, os principais desafios para os protagonistas
desempenharem suas ações esperadas, as semelhanças e distanciamentos.

Os dois contos tratam de morte de cachorros, tem narradores oniscientes, focam nos
sentimentos e emoções, sendo as ações apenas consequências disso. Tanto Clarice
Lispector quanto Graciliano Ramos exploram o recurso da humanização dos animais.

Porém, apesar das semelhanças, enquanto Baleia é um cachorro moribundo e amado


e o efeito de sentido do conto é de tristeza, pois a família sofre ao tentar aliviar o
sofrimento dela, José foi um cachorro que apesar de amado, fora abandonado e o foco
do professor de matemática não é compensar o mal que fez, mas aliviar a própria
consciência.
Ambos exploram o sentimento de culpa do protagonista, porém é nítido que a
motivação de Fabiano e sua família é totalmente diferente da do professor de
matemática.

5. Comente o que pode significar o nome dos cachorros nas duas narrativas: são
nomeados como, há algum contraste com as personagens humanas o fato de serem
nomeados, o que isso significa?

Em Baleia o nome do conto já traz o nome do cachorro. Nome diferente que reflete a
simplicidade da família. Família composta pelo pai Fabiano, Sinhá Vitória e dois
meninos.

Em O Crime do Professor de Matemática, o professor não é nomeado, o cachorro que


ele carrega no saco também não. O cachorro que motivou seu “crime", José, tem
nome de gente.

Nomear as personagen aproxima o leitor e não nomear traz um ar de impessoalidade,


de frieza. Nos dois contos temos a animalização do ser humano e a humanização do
animal.

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