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A Profa. Dra.

Germana Sales, da Universidade Federal do Pará, apresenta, às


14h6min do dia 29/10/2021 na Mesa Redonda Q3: Escritos e Circulação, seu
trabalho de título “Portugal-Brasil-Portugal: interlocuções nos dois lados do
Atlântico”, em que mostra a relação de Brasil e Portugal no século XIX, no que
diz respeito ao trânsito de livros que ocorreu entre esses dois países. Ao iniciar
a conferência ressaltando o 7 de Setembro e 12 de Outubro de 1822 - data da
coroação de D. Pedro I - a Dra. Sales busca evidenciar a transição do período
em que o Brasil foi colônia dos portugueses e o momento de sua
independência. Tal independência remete ao surgimento de uma nova história
do Brasil, mas com muitos elementos culturais trazidos de Portugal que
influenciam nesse novo período. Portanto, muitas notícias circulavam entre os
jornais dos dois países, fazendo anúncios de educação de leitura e escrita e
notícias de requerimentos de livros.  Mais tarde, entre os anos 1840 e 1889,
aconteceu o segundo reinado e neste período houve maior investimento na
cultura do país e maior circulação literária, que é possível reconhecer através
do IHGB, o qual incentiva a pesquisa de literatura. Essa circulação literária
ocorria entre Lisboa e Brasil e eram publicados nos jornais bibliografias de
poetas portugueses dos livros que chegavam aos brasileiros, como Faustino
Xavier de Novaes, Camilo Castelo Branco, Pinheiro Chagas, Eça de Queiroz,
entre outros. É importante ressaltar que o surgimento dos gabinetes foi o
principal responsável por permitir o trânsito de livros, o Real Gabinete
Português de Leitura, que se instalou em alguns estados do Brasil. Com a
independência brasileira, os portugueses se preocupavam em deixar sua
marca cultural e literária na antiga colônia, por isso houve a fundação dessa
sociedade. Para cumprirem sua finalidade, foram fundadas bibliotecas e
grêmios literários, como afirma-se na parte da citação da carta preparatória , da
fundação do Gabinete de Leitura de 1867: “[...] Os fins dessa sociedade são
instruir seus associados nas línguas nacionais e estrangeiras, procurar-lhes
distração por meio de uma escolhida biblioteca e dos melhores jornais do país
e estrangeiros. [...]”. Portanto, os gabinetes foram muito importantes para a
circulação de literatura no Brasil, no entanto, além dessa associação, o livreiro
Antonio Maria Pereira foi uma figura imprescindível para o trânsito de livros
para o Grêmio literário. 
A fala da Profa. Dra. Germana Sales a respeito do trânsito de livros entre as
duas pátrias e a história e contexto dessa circulação foi muito importante para
que se possa compreender mais sobre a relação colonizador e colonizado; e
como isso influenciou na construção da independência brasileira, tendo em
vista que há muitos elementos históricos, culturais e literários presentes no
Brasil até os dias de hoje. Pode-se observar tais elementos em vários estados
e cidades brasileiras, como em São Luís - MA, onde fica localizado o Palácio
dos Leões, símbolo da história do povo maranhense. O Palácio foi construído
pelos franceses em 1612, mas fora tomado por Portugal e é um importante
monumento histórico que marca a ascensão da colônia portuguesa no Brasil.
Hoje, é vista no centro histórico de São Luís a herança portuguesa espalhada
pela cultura e hábitos do local. Outro exemplo que se tem é a Biblioteca
Nacional, localizada no Rio de Janeiro, que foi fundada em 1810 recebendo o
acervo de obras de D. João VI quando chegou ao Brasil em 1808. A BN já
recebeu outros nomes, em 1822 foi nomeada de Biblioteca Imperial e Pública e
foi adquirida pelo Brasil em 1829, através do Tratado de Paz e Amizade
celebrado entre Brasil e Portugal. Só em 1876 recebeu o nome como a
conhecemos hoje. Nessa perspectiva, tem-se muito de Portugal nas terras
brasileiras até os dias de hoje e, assim como os gabinetes portugueses e seus
associados, a Biblioteca Nacional também foi um importante fator na circulação
de livros aqui no Brasil, já que o acervo veio diretamente do outro lado do
Atlântico também.

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