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Santificao e Vida Crist Na Viso Dos Puritanos e Sua
Santificao e Vida Crist Na Viso Dos Puritanos e Sua
SÃO PAULO
2010
2
São Paulo
2010
3
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ..............................................................................................................4
2 OS PURITANOS E OS DESAFIOS DE UMA VIDA DE SANTIDADE ........................5
3 A SANTIFICAÇÃO NA VISÃO DE CALVINO ............................................................8
4 A SANTIFICAÇÃO NA VISÃO DE ALGUNS PURITANOS E CALVINISTAS........11
4.1 JOHN OWEN (1616-1683) ...................................................................................11
4.2 THOMAS WATSON (c.1620-1686) .....................................................................16
4.3 GEORGE WHITEFIELD (1714-1770)..................................................................18
5 A SANTIFICAÇÃO NAS CONFISSÕES DE FÉ REFORMADAS ..............................20
6 CONCLUSÃO ..............................................................................................................24
REFERÊNCIAS ...................................................................................................................26
4
1 INTRODUÇÃO
1
A Confissão de Fé de Westminster (1647), capítulo 13. O Catecismo Maior de Westminster (1648):
Perguntas 75 e 77.
2
HODGE, Alexander A. Confissão de Fé Westminster. São Paulo: Os Puritanos, 2008. p.267.
5
3
HULSE, Erroll. Who are the puritans? And what do they teach? Auburn: Evangelical Press, 2000.
p.31.
4
KEVAN, Ernest F. The Grace of Law: a study in puritan theology. Morgan: Soli Deo Gloria
Publications,1997. p.19-20. Minha tradução.
5
Ibid., op.cit., p.21.
6
6
Ibid. p.137.
7
PACKER, J.I. Entre os Gigantes de Deus. Uma Visão Puritana da Vida Cristã, São José dos
Campos: Fiel, 1996. p.279.
8
HULSE, op.cit., p.139.
7
9
Apesar de Richard Baxter, um dos puritanos mais renomados, ter formado mais uma corrente de
pensamento – o neo-nomismo.
10
O antinomismo é comumente associado à Johannes Agrigola, líder da reforma Luterana, que para
combater a doutrina da salvação pelas obras ensinava que um crente não estava obrigado a cumprir a
Lei moral. KEVAN, op.cit., p.23.
11
KEVAN, op.cit., p.22.
12
Ibid., p.33.
13
HULSE, op.cit., p.125.
8
É baseado neste terceiro uso da lei que a ética da tradição reformada estabeleceu
um padrão de alto rigor. A lei não pode ser abolida, como defendiam os antinomistas,
pois ela expressa a vontade imutável de Deus. Os crentes devem estudá-la com atenção
percebendo que ela não só condena o pecado e remete para a graça de Deus, mas
também determina o curso de suas atitudes. A lei de Cristo não é outra senão a lei de
Moisés. Amar a Deus acima de todas as coisas e ao próximo como a si mesmo é
14
MCGRATH, Alister. A vida de João Calvino. São Paulo: Editora Cultura Cristã, 2004. p.185.
9
exatamente a expressão das duas tábuas da Lei, que apontam na primeira parte para a
relação com Deus e na segunda para a relação com o próximo.15
Calvino criticou duramente a posição de alguns anabatistas contemporâneos
seus, que cegados pela loucura de suas concupiscências, defendiam a doutrina de que o
crente regenerado e que tenha confiado a direção de sua vida ao Espírito Santo, não
precisaria preocupar-se em refrear seu desejos carnais pois, debaixo da ação do
Espírito, não teria atitudes erradas. O absurdo de tal doutrina levaria à conclusão de
que, sob a ação do Espírito, para o crente já não haveria diferença entre fornicação e
castidade, sinceridade e dolo, verdade e mentira, e etc, pois o Espírito jamais ordenaria
nada de mal.16 Calvino fala também da necessidade do progresso na santificação, e que
ao invés de estarmos indolentes e despreocupados, estavamos sim atentos, lutando com
nossas imperfeições dia após dia, a ponto de subjugar a vontade da carne, vigiando
atentamente para não pecar. Esta ação deve ocorrer de modo a evidenciarmos
exteriormente os sinais de um profundo arrependimento interior.17 Quanto mais
diligente um crente se conforma à norma de Lei de Deus mais seguros são os sinais de
seu arrependimento.
Acerca da santificação da igreja Calvino escreve:
No entanto, seria mui vão e ridículo ter a Igreja por santa e
totalmente sem qualquer mancha, quando seus membros estão
ainda manchados e sujos. É verdade, pois, que a Igreja foi
santificada por Cristo, mas aqui só se vê o começo de sua
santificação; o fim, porém, e perfeição ocorrerão quando Cristo, o
Santo dos Santos, a haverá de encher, realmente e por inteiro, de
sua santidade. É também verdade que já foi lavada de suas
manchas e rugas, mas é preciso que ainda sejam diariamente
purificadas, até que, em sua vinda, Cristo remova inteiramente
tudo quanto ainda lhe reste.18
15
GONZALEZ, Justo L. Uma história do pensamento cristão. Da Reforma protestante ao século XX.
Volume 3. São Paulo: Editora Cultura Cristã, 2004. p.150.
16
CALVINO, João. As Institutas. III.iii.xiv
17
Ibid., III.iii.xvi.
18
Ibid., IV.viii.xii.
10
Calvino também admite que pessoas incrédulas possam agir de forma justa,
equilibrada visando o bem de outros19 (comparando as diferenças de atitude entre
imperadores romanos ), sendo isto fruto da graça comum de Deus sobre a vida de todos
os homens, que por Sua providência imprime valores de Deus nos corações destes, que
por motivações outras que não a santificação, agem de forma digna ou indigna. Apesar
de parecer uma ato exterior fruto de santificação, efetivamente não o é, pois não há
santificação sem a comunhão com Cristo.20 Todo e qualquer esforço empreendido
pelos homens para andarem em boas-obras, obras de “santidade”, só serão
reconhecidos como parte do processo de sua santificação se resultarem da ação do
Espírito Santo em suas vidas. Serão assim as boas-obras que Deus de antemão
preparou para que andássemos nelas (Ef 2:10).
19
Ibid., III.xiv.ii.
20
Ibid., III.xiv.iv.
11
JUSTIFICAÇÃO SANTIFICAÇÃO
É legal ( forense). É experiencial.
É externa (como uma veste). É interna.
É perfeita. Nunca será perfeita nesta vida.
Provém do Pai que declara o crente justo. Provém do Espírito Santo que opera no crente
para fazê-lo santo.
É de uma vez por todas. Ocorre uma única vez. É progressiva.
Nada pode implantar. Nada pode imputar.
Dentre os vários teólogos puritanos, John Owen destacou-se como o melhor. Foi
considerado um dos maiores teólogos ingleses, a ponto de Charles Spurgeon referir-se
a ele como o príncipe dos teólogos22, e considerado por outros o “rei Davi dos
Puritanos”23. Ele possuia versatilidade, solidez, profundidade e consistência na
exposição das escrituras. Era conhecido como um teólogo de posições doutrinárias
muito próximas do centro do pensamento reformado do século XVII, e em sua época
foi considerado o principal baluarte da Inglaterra e o campeão da ortodoxia evangélica
reformada.24 Foi um homem de Deus que viveu uma vida de santidade e, apesar de sua
21
HULSE, op.cit., p.120.
22
PACKER, op.cit., p.207.
23
HULSE, op.cit., p.97.
24
PACKER, op.cit.,p.87.
12
Santificação é a obra imediata de Deus que por meio de seu Espirito age
de forma integral sobre nossa natureza, procedendo a partir da paz
exercida em nós por meio Cristo, através da qual somos transformados a
Sua semelhança. Somos então mantidos nesta paz com Deus e
preservados inculpáveis, graciosamente aceitos por Ele de acordo com os
termos de Sua aliança até o fim.25
25
OWEN, John. The Works of John Owen. Volume III, iv. Philadelphia: Leighton Publications, 1872.
p.371. Minha tradução.
26
Ibid.,p.371.
13
27
Ibid.,p.376.
28
Ibid.,p.382.
14
sobre ele. Mas quando encontra-se sob a ação da graça de Deus, aí sim, são
cooperadores com o Espírito Santo na obra de santificação.29
É importante mencionar que no caso da santificação, o dever do crente e a graça
de Deus não estão em oposição. Pelo contrário, um pressupõe o outro. Não há como
desempenharmos nossas obrigações perante Deus sem a graça dele, bem como ele não
nos dá sua graça para outro fim senão sermos capazes de cumprir com nossas
obrigações. John Owen foi categórico quanto a nossa obrigação de sermos santos
quando afirmou que aqueles que negassem o ensinamento de que Deus nos ordenou a
santificação como um dever, e de que prometeu operar a santidade em nós como um
resultado da sua graça, poderiam também rejeitar a própria Bíblia como um todo.30
Além de tratar da natureza da santificação, John Owen também descreveu a
santificação como uma obra progressiva, ampliando a definição da seguinte forma:
29
HODGE, op.cit., p.268.
30
OWEN, op.cit., p.384.
31
OWEN, op.cit., p.386. Minha tradução.
32
HODGE, op.cit. , p.266.
15
Agostinho escrevendo sobre sua conversão comenta esta luta da carne contra o
espírito:
33
AGOSTINHO, Santo. Confissões. Petrópolis: Editora Vozes Ltda, 1987. p.173.
34
OWEN, op.cit. , p.387.
35
FERGUSON, Sinclair. John Owen on the Christian life: The Banner of Truth Trust. Edinburg, 1987.
p.57.
16
Charle Hodge ao comentar sobre a vida de Thomas Watson disse que ele foi uma
daquelas pessoas cuja história de vida e contribuição para a teologia foi tão marcante
que nem mesmo sua origem, datas de nascimento e óbito ficaram registrados,
ofuscados pelo brilho de seus escritos. Era conhecido por sua piedade e disposição em
ajudar. Era um homem culto, um pregador popular, sensato e que amava a oração.38
Para Watson a santificação “é um princípio da obra da graça salvadora pela qual
o coração se torna santo e é feito segundo o coração de Deus.”39 É a principal coisa que
o cristão deve buscar; o primeiro fruto do Espírito, e a evidência do amor de Deus. É
algo que ocorre de forma sobrenatural, a partir da decisão de Deus em nos fazer santos,
operando no nosso homem interior, nas profundezas de nossa alma, mas também em
todo o nosso corpo (1 Ts 5:23). Após a queda o homem se corrompeu como um todo, a
vontade foi depravada, não havendo mais forças para fazer o bem. Com a santificação,
tudo é posto em ordem e harmonia novamente. Ainda que o novo homem não consiga
demonstrar a santidade em todo o tempo, ele é santificado integralmente.40 Watson
também considerava a santificação um processo, algo belo, que o crente desenvolve ao
longo da vida cristã e que perdura até a eternidade.
36
OWEN, op.cit. , p.388.
37
FERGUSON, op.cit., p.57.
38
WATSON, Thomas. A Fé Cristã. São Paulo: Editora Cultura Cristã, 2009. p.8.
39
Ibid., p.279.
40
Ibid., p.280.
17
(1) os crentes podem se lembrar de quando não eram santificados (Tt 3:3);
(2) os crentes são habitados pelo Espírito Santo (2Tm 1:14);
(3) os crentes tem antipatia do pecado (Sl 119:104);
(4) os crentes realizam tarefas com o coração e baseados no princípio do amor;
(5) os crentes possuem uma vida bem organizada;
(6) os crentes perseveram em nunca deixar a santidade.
41
Ibid.,p.281.
42
Ibid.,p.284.
18
A santificação é a única coisa que nos torna visivelmente diferentes dos ímpios.43
O crente é selado com um selo duplo, um selo da eleição e outro da santificação.
43
Ibid.,p.287.
44
GONZALEZ, op.cit. ,p.319.
45
WHITEFIELD, George. Cristo: Sabedoria, Justiça, Santificação e Redenção. São Paulo: Publicações
Evangélicas Selecionadas,19xx. p.8-9.
19
46
Ibid.p.11.
47
Ibid.p.19.
20
49
Ibid., op.cit., p.102.
50
“Os arminianos ensinavam que a eleição era baseada numa fé pressuposta, prevista; que a redenção
de Cristo tinha um caráter universal; que o homem possuia o livre-abítrio e sua depravação havia sido
apenas parcial; que era possível resistir à graça de Deus; e que era possível cair desta graça, i.e., perder
a salvação. As cinco respostas do Calvinismo aos cinco erros do Arminianismo foram que a eleição
incondicional e a fé salvadora são dons soberanos de Deus; que conquanto a morte de Cristo seja
suficiente para expiar os pecados de todo o mundo, sua eficácia salvadora é restrita aos eleitos; que
todas as pessoas são tão completamente pervertidas e corrompidas pelo pecado que não podem exercer
o livre-arbítrio em favor de sua salvação, nem efetuar nenhuma parte da salvação; em soberana graça
Deus nos chama irresistivelmente e regenera o eleito para uma vida nova; e por fim que Deus
graciosamente preserva o redimido para que ele persevere até o fim, muito embora ele possa ser
atribulado por muitas fraquezas à medida que busca afirmar o seu chamado e sua eleição.
(BEEKE&FERGUSON, op.cit., p.xii)
51
Ibid., op.cit., p.xiii.
22
Seção III. – Nessa guerra, ainda que a restante corrupção prevaleça por
algum tempo, contudo, através de um contínuo suprimento de força por
parte do Espírito santificante de Cristo, a parte regenerada vence; e assim
os santos crescem na graça, aperfeiçoando sua santidade no temor de
Deus.52
52
HODGE, op.cit., p.265.
23
53
Ibid., op.cit., p.101.
24
6 CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
BEEKE, Joel & FERGUSON, Sinclair. Harmonia das Confissões Reformadas. São
Paulo: Editora Cultura Cristã, 2006.
FERGUSON, Sinclair. John Owen on the Christian life: The Banner of Truth Trust.
Edinburg, 1987.
HULSE, Erroll. Who are the puritans ? And what do they teach? Auburn: Evangelical
Press, 2000.
KEVAN, Ernest F. The Grace of Law: a study in puritan theology. Morgan: Soli Deo
Gloria Publications,1997.
MCGRATH, Alister. A vida de João Calvino. São Paulo: Editora Cultura Cristã, 2004.
OWEN, John. The Works of John Owen. Volume III, iv. Philadelphia: Leighton
Publications, 1872.
PACKER, J.I. Entre os Gigantes de Deus. Uma Visão Puritana da Vida Cristã, São
José dos Campos: Fiel, 1996.