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A transição da Idade Média para a Idade Moderna é evidente pela passagem do feudalismo

para capitalismo e marcada pelo mercantilismo. Fato esse que mostra a mistura homogênea
entre a economia e a política para esse momento histórico.
O capitalismo rouba os meios de produção, expropriando as pessoas, os domina e transforma
em subordinado ao capital, tornando a subsistência possível somente através da força de
trabalho, causando a esta última depreciação em seu valor.
A crise do fim da Idade Média teve um declínio demográfico devido a peste negra,
significativa caída na esfera dos trabalhos manufatureiros e mercantis, constituindo um
período de guerra, fome e peste. Por meados do século XVI á XVII obtemos uma melhora
na expansão das atividades industriais, artesanais e agrícola, - devido a maior concentração
de renda nas mãos burguesas - tais elementos acarretam no crescimento demográfico e início
da expansão marítima e colonial.
Acontecem também mudanças culturais ligadas ao Humanismo, Renascimento e Reformas
religiosas, estas modificações de cenário abrem espaço para revolução científica e para a
modernidade. Ocorre durante o século XVIII uma dupla revolução, onde é representado o
triunfo da indústria capitalista com a Revolução Industrial e a liberdade da sociedade
liberal burguesa, ou de classe média, com a Revolução Francesa.
Concluímos que a Revolução Industrial tem três precondições, a acumulação primitiva de
capital, a liberação da mão de obra e os progressos técnico-científicos. O renascimento
urbano medieval foi uma verdadeira revolução econômica baseada em um conjunto de
transformações nas atividades agrícolas que tiveram grande impacto nas trocas mercantis.
A separação entre senhores e camponeses, não mais agora estes últimos como proprietários
de seu meio de subsistência, consagrou a liberação da mão de obra camponesa. Desta
maneira obtivemos a ampliação de transações entre o campo e a cidade, mas não se resume a
isso, as trocas também eram feitas com populações mais distantes, onde podemos observar a
política monopolista e fiscalista, demonstrando a passagem de uma economia de
subsistência para uma monetária.
A precursora deste surto mercantil foi a criação do conceito de luxo, logo foram alcançados
novos hábitos de consumo, criando um mercado consumidor, os quais se associavam à
importação de produtos, enaltecendo diversas culturas diferentes, entretanto, dentre as mais
difundidas temos as especiarias.
O estabelecimento de rotas mercantis transoceânicas favoreceu a rapidez de expansão do
capital comercial, também foram beneficiados pela colonização de novas terras e pelo tráfico
de escravos, ainda não podemos deixar de lado a secularização de propriedades eclesiásticas
devido a Reforma na Inglaterra.
A economia europeia durante os séculos XV e XVI, caracteriza-se pela produção
exacerbada de modo geral e das atividades mercantis, efeito esse muito decorrente das
navegações, as quais por sua vez influenciaram a Revolução Comercial, que é concebida por
dois fatores substanciais, a ampliação e diversificação dos mercados e o afluxo de metais
preciosos.
A política portuguesa concentrou suas forças a favor do monopólio das especiarias,
expulsando todos os comerciantes rivais, tendo um esforço extraordinário para construção de
fortalezas nos cais e incessante vigilância. Os espanhóis iniciaram a colonização explorando
a prata e o ouro, também desenvolveram grandes plantações tropicais (haciendas), visando a
exportação, usando principalmente a mão de obra escrava africana.
A coroa portuguesa sofreu com a manutenção do monopólio no Índico, acabou contraindo
diversos empréstimos com banqueiros, devido ao déficit das importações. A espanhola por
sua vez, gastava muito com guerras, gastos santuários e o sustento dos nobres e burocratas,
estes geravam déficits crescentes e também tiveram que recorrer aos empréstimos.
A hegemonia Ibérica incomodava muito os demais países europeus, que não cessaram de
contestar esta prática, a tendência então passou a ser a legitimidade deste monopólio. A rota
das especiarias já não era mais um mistério, porém a dificuldade na passagem, devido aos
fortes construídos, levou ao conflito de interesses.
Com a União das Coroas Ibéricas estes conflitos de interesses ficaram cada vez mais
evidentes. Não era mais de interesse holandês a continuação de seus negócios açucareiros
com os portugueses, pois seu governo atual, pelo rei Felipe II que era espanhol, entrava em
choque com os interesses.
O enfraquecimento das coroas Ibéricas não pode ser somente atribuído as investidas de
seus adversários, as condições socioeconômicas e políticas das duas sociedades não foram
suficientes para manutenção de um sistema capitalista-burguês.
Os portugueses conseguiram sua Carta de alforria dos espanhóis a duros custos, participaram
de uma guerra longa e difícil, negociaram com holandeses e ingleses, para que conseguissem
manter algumas posições na África e Ásia.
O declínio espanhol teve seu embasamento em fatores socioeconômicos, as transformações
capitalistas esbarravam em interesses aristocráticos, ainda houve perseguição de grupos
acusados de islamismo e judaísmo, essas pessoas em geral eram artesãs, pequenos
comerciantes e agricultores, fato esse que abalou ainda mais a burguesia. Além disso, os
constantes gastos com guerras e cruzadas, só aumentaram o déficit comercial e financeiro,
deste modo todo ouro que chegava logo já era enviado para pagamento de empréstimos.
O ascenso holandês se deu em virtude de uma revolta dos Países Baixos Espanhóis, contra as
imposições fiscais e religiosas do reinado de Felipe II, a retórica agressiva e repressiva do
governo causou uma crise generalizada, originando assim uma revolução burguesa.
Além disso, com a criação de companhias de comércio, os holandeses estabeleceram
armazéns comerciais e conquistaram algumas colônias. Entretanto sua supremacia só se
consolidou com o Banco e a Bolsa de Amsterdã, que realizavam respectivamente,
empréstimos privados e oficiais e transações comerciais e financeiras.
A supremacia da Holanda foi freneticamente desafiada por ingleses e franceses, entraves
que geraram gastos consideráveis e forçaram a elevação dos impostos causando drásticos
prejuízos comerciais. Ademais, pessoas que enriqueciam com a indústria preferiam investir
seu dinheiro no comércio de exportação, não impulsionando a indústria local.
Uma vez que a Holanda saiu de enfoque, temos em primeiro plano a disputa anglo-francesa,
tendo como objetivos principais o comércio marítimo internacional, o tráfico de escravos, e a
ocupação de terras coloniais.
Assim sendo, a França ainda estava inserida no sistema político do Antigo Regime, já a
Inglaterra atuava como monarquia parlamentarista. Os interesses franceses respondiam à
burguesia mercantil financeira, e os ingleses aos empresários capitalistas que buscavam o
livre-comércio. De fato, os ingleses tinham elevada constância estratégica e sucessivamente a
França foi perdendo suas possessões coloniais na América, África e Índia e o Tratado de
Paris marcou o fim das guerras anglo-francesas.

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