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AO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DO TOCANTINS

Processo nº ...

NOME DO EMBARGANTE, brasileiro, casado, auxiliar de serviços gerais, inscrito


no CPF nº ..., residente e domiciliado no endereço ..., neste ato por seu procurador ao
final identificado, com escritório profissional descrito no instrumento de mandato em
anexo, vem perante Vossa Excelência, interpor, nos termos do art. 105, inciso II, alínea
“b”, da Constituição Federal, RECURSO ORDINÁRIO CONSTITUCIONAL contra
acórdão proferido pelo Pleno deste Tribunal de Justiça proferido nos autos do mandado
de segurança impetrado contra ato do SECRETÁRIO DE SAÚDE DO ESTADO DO
XXXXXXXXXX, pelas razões de fato e direito a seguir expostos.

Requer ainda a intimação da parte contrária para, se quiser, apresentar contrarrazões no


prazo de 15 dias e, apresentando ou não, o encaminhamento das razões recursais em
anexo ao Superior tribunal de Justiça.

Termos em que pede deferimento.


Palmas, data.

Nome do Advogado(a)
OAB nº ...
AO SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA

Recorrente: XXXXXXXXXXX
Recorrido: Secretário de Saúde do XXXXX
Autos de origem nº ...
Tribunal de origem: Tribunal de Justiça do Tocantins

I – DA SÍNTESE DA LIDE
1- RECORRENTE, tem 23 anos, é casado, pai de 03 (três) filhos
menores, trabalha como auxiliar de serviços gerais recebendo um salário mínimo
pelos serviços prestados, foi diagnosticado com “diabetes tipo 1”, não tendo
condições financeiras de arcar com a aquisição dos remédios necessários, ele se
dirigiu à farmácia mantida pelo Estado do Tocantins e solicitou os medicamentos
requisitados por seu médico. Após procedimento administrativo interno, a farmácia
do Estado informou que não forneceria aqueles medicamentos por dois motivos: 1) O
Estado fornece outros medicamentos compatíveis com prescrito; 2) O Estado não tem
recursos financeiros para adquirir aqueles medicamentos em específico. O médico de
Caio insistiu no sentido de que o tratamento somente surtiria efeito com aqueles
medicamentos indicados. Nesse sentido, ante a negativa do Secretário de Saúde do
Estado do XXXXXXX e a competência originária definida pela lei orgânica do Poder
Judiciário do Estado do XXXXXX, Caio impetrou mandado de segurança individual
no Tribunal de Justiça do XXXXXXX (TJXX), com base no art. 6º da CF/88,
pleiteando que o Estado arque com a aquisição dos medicamentos prescritos pelo seu
médico. Ressalta-se que foram concedidos os benefícios da gratuidade da justiça.
Após o devido processo legal, o Pleno do TJXX proferiu acórdão no sentido
de denegar a segurança fundamentando, em síntese, o princípio da reserva do
possível e os poucos recursos disponíveis pelo Estado, sobretudo não se justificando
um gasto individual prevalecendo sobre os interesses da coletividade
- encerrar demonstrando o inconformismo.

II – DA ADMISSBILIDADE DO RECURSO
O Recurso Ordinário Constitucional é cabível contra decisão denegatória de habeas
corpus ou Mandado de Segurança, proferida em segunda instância ou por Tribunal
Superior.
A interposição pode ocorrer perante o Supremo Tribunal Federal e Superior Tribunal de
Justiça, sendo este último o adequado para o caso concreto em que se pede reforma de
decisão denegatória, fundamentado o cabimento no Art. 105, inciso II, alínea "b, da
Constituição Federal:
"Art. 105. Compete ao Superior Tribunal de Justiça:
II - julgar, em recurso ordinário:
...
b) os mandados de segurança decididos em única instância pelos Tribunais
Regionais Federais ou pelos tribunais dos Estados, do Distrito Federal e
Territórios, quando denegatória a decisão

Também informa o Art. 33 da Lei 8.03890 que:

Art. 33. O recurso ordinário para o Superior Tribunal de Justiça das decisões
denegatórias de mandado de segurança proferidas em única instância pelos
Tribunais Regionais Federais ou pelos Tribunais de Estados Distrito Federal será
interposto no prazo de quinze dias com as razões do pedido de reforma.

O prazo para interposição do recurso ordinário é de 15 (quinze) dias, conforme dispõe


os arts. 1.003, § 5º e 1.028, § 2º do CPC, estando a interposição do recurso, tempestiva.

Quanto ao preparo, o recorrente está dispensado, porque foi deferida a assistência da


gratuidade da justiça.

Portanto encontra-se o presente recurso adequadamente ajuizado para Jurisdição


competente para dela conhecer.

III – DAS RAZÕES DO RECURSO

Como já demonstrado nos autos, sabe-se que o recorrente, possui 04


dependentes, que trabalha como auxiliar de serviços gerais e recebe apenas um salário
mínimo para sua manutenção e de sua família, sendo que sua pouca renda, grande parte
é convertida em pagamento de despesas e alimentação, quando sobra algum valor, é
muito pouco, sendo esse o mínimo necessário para que sua família viva com um
mínimo de dignidade, que vem a ser um princípio constitucional, o princípio da
dignidade da pessoa humana (art. 1.º, III, CF/88), o qual tenta garantir aos indivíduos
uma vida digna.

O recorrente foi diagnosticado com diabetes tipo 1, que requer um remédio


especifico, conforme receitado pelo médico (receituário já anexado aos autos),
medicamento esse, que o mesmo não possui recursos para adquirir, o qual destaca-se ser
essencial para a manutenção da saúde do recorrente, saúde, que também é um direito
garantido pela Constituição, assim como o direito à vida e à vida com dignidade.
Direitos esse ameaçados pela negativa de prestação do Estado, quando deve esse, ter a
obrigação de fornecer o medicamento, a quem demonstrar não ter recursos para a
manutenção de tratamentos, conforme decisão abaixo:

APELAÇÃO CÍVEL. OBRIGAÇÃO DE FAZER AJUIZADA EM FACE


DO ESTADO E MUNICÍPIO PARA QUE OS MESMOS FORNEÇAM
MEDICAMENTO. É obrigação solidária dos entes políticos da Federação o
fornecimento de medicamentos e tudo o mais que se fizer necessário ao
tratamento de paciente carente de recursos financeiros; pode o enfermo,
portanto, exigir de qualquer deles a prestação da qual necessite, certo não
ensejar a aludida solidariedade nem subsidiariedade, assim não há se falar em
ilegitimidade passiva ad causam (Súmulas 65 e 115 do TJERJ). Não
demonstrado que o ente público forneceu o que o paciente necessitava, não
prospera a preliminar de falta de interesse de agir. O art. 196 da Constituição
da República não contém norma programática, mas definidora de direitos
fundamentais, quais sejam o à saúde e aos serviços para prevenção e
tratamento, nos quais se inclui a obrigação do Estado, em todas as suas
esferas político-administrativas, de fornecer remédios e o que mais se fizer
necessário para o tratamento de pacientes destituídos de recursos financeiros.
O Município é isento de custas, mas não de taxa judiciária. Recurso a que se
nega provimento, nos termos do artigo 932. IV, a do CPC/2015. (TJ-RJ -
APL: 01739257820138190001 RIO DE JANEIRO CAPITAL 5 VARA FAZ
PUBLICA, Relator: CHERUBIN HELCIAS SCHWARTZ JÚNIOR, Data de
Julgamento: 19/04/2016. DÉCIMA SEGUNDA CÂMARA CÍVEL, Data de
Publicação: 25/04/2016).

Quanto ao fornecimento de medicamento mais eficaz, há o seguinte julgado:

OBRIGAÇÃO DE FAZER PACIENTE HIPOSSUFICIENTE COM


OSTEOPOROSE MEDICAMENTO DE ALTO CUSTO NÃO
DISPONÍVEL NA REDE PÚBLICA PROCEDÊNCIA DA AÇÃO
ALEGAÇÃO DE POSTULAÇÃO ORQUESTRADA E DE EXISTÊNCIA
DE ALTERNATIVA TERAPÊUTICA MEDICAMENTO MAIS EFICAZ
OBRIGAÇÃO DO ESTADO. FORNECIDA PELO SUS PEDIDO DE
FORNECIMENTO DE MEDICAMENTO MAIS EFICAZ. OBRIGAÇÃO
DO ESTADO.
1. Não prospera a alegação de postulação orquestrada e de conluio entre o
escritório de advocacia patrocinador da causa, o laboratório que desenvolveu
o medicamento e o médico que o prescreveu à autora, por absoluta ausência
de prova;
2. O Estado deve prestar os serviços de atendimento à saúde da população,
provendo a quem, sendo por sua vez desprovido de recursos, o fornecimento
do medicamento indispensável à manutenção da sua saúde, não havendo que
se falar em submissão à alternativa terapêutica fornecida pelo SUS quando o
medicamento pleiteado é mais eficaz ao tratamento da doença. RECURSO
IMPROVIDO. (TJ-SP ... 3662668120098260000 SP. Relator: Francisco
Bianco. Data de Julgamento: 13/12/2010, 5a Câmara de Direito Público. Data
de Publicação: 13/12/2010)

Havendo um entendimento reiterado da obrigação do estado em suprir os pacientes


hipossuficientes, como é o caso do recorrente, que precisa garantir o mínimo existencial
para suprir as necessidades de sua família e precisa, especificamente, do medicamento
receitado, conforme já aludido.

– DA TUTELA DE URGÊNCIA RECURSAL


O Supremo Tribunal Federal tem reiterado seu entendimento sobre a
responsabilidade do Estado em fornecer os medicamentos, nos caso de necessidade
especifica, como exposto na decisão a seguir:

EMENTA: AGRAVO REGIMENTAL NA SUSPENSÃO DE LIMINAR.


FORNECIMENTO DE MEDICAMENTO (SOLIRIS ECULIZUMAD)
PARA TRATAMENTO DE DOENÇA RARA: PRECEDENTES EM
CASOS ANÁLOGOS, MATÉRIA CONSTITUCIONAL. AMEAÇA DE
GRAVE LESÃO À ECONOMIA PÚBLICA NÃO DEMONSTRADA.
RISCO DE MORTE DOS PACIENTES. DANO INVERSO. AUSÊNCIA
DE ARGUMENTOS OU FATOS NOVOS CAPAZES DE INFIRMAR A
DECISÃO RECORRIDA. AGRAVO REGIMENTAL AO QUAL SE NEGA
PROVIMENTO.
ACÓRDÃO
Vistos, relatados e discutidos estes autos, acordam os Ministros do Supremo
Tribunal Federal, em Sessão Virtual do Plenário, na conformidade da ata de
julgamento e das notas taquigráficas, por unanimidade, em negar provimento
ao agravo regimental, nos termos do voto da Relatora.
(STF - AgR SL: 558 DF - DISTRITO FEDERAL 0283348
57.2011.3.00.0000, Relator: Min. CÁRMEN LÚCIA (Presidente). Data de
Julgamento: 08/08/2017. Tribunal Pleno. Data de Publicação: DJe-188 25-
08-2017)
O CPC, dispõe:
Art. 300. A tutela de urgência será concedida quando houver elementos que
evidenciem a probabilidade do direito e o perigo de dano ou o risco ao
resultado útil do processo.
§ 1 o Para a concessão da tutela de urgência, o juiz pode, conforme o caso,
exigir caução real ou fidejussória idônea para ressarcir os danos que a outra
parte possa vir a sofrer, podendo a caução ser dispensada se a parte
economicamente hipossuficiente não puder oferecê-la.

É cediço que o recorrente foi diagnosticado com uma doença grave, que não sendo
tratada o mais breve possível, pode causar-lhe danos irreversíveis à sua saúde ou até
leva-lo à morte, o que preenche os requisitos para a concessão da tutela de urgência
de natureza antecipada, nos termos do §3º do referido artigo.

IV – DOS PEDIDOS
Em face ao exposto, passo a requerer ao Egrégio Tribunal:
1- a concessão da tutela de urgência recursal para de natureza antecipada,
vista a necessidade urgente do recorrente, haja vista sua necessidade e os
prejuízos irreversíveis que a falta do medicamento, para o tratamento adequado
já possam estar lhe causando, com base no art. 300 do CPC, em seu § 3º;
2- pedir o provimento do recurso para que reforme a decisão recorrida, e
obrigue ao fornecimento do medicamento reivindicado, pelo Estado.

Termos em que pede deferimento.


Palmas, data.

Nome do Advogado
OAB nº ...

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