Assistência em saúde vem evoluindo não só
ENFERMAGEM DO TRABALHO
AULA DO DIA 11/04/2021
A enfermagem brasileira é uma profissão
regulamentada pela Lei nº 7.498, de 25 de
junho de 1986, que traz em seu bojo, já como
fundamento precípuo da atuação
profissional da classe, que "é livre o exercício
da enfermagem em todo o território
nacional, observadas as disposições desta
lei". Exemplo:
Dentro do que se considera como a dignidade
da pessoa humana, em relação a morte, o
técnico não pode ajudar alguém a morrer
(Eutanásia), pois essa prática é considerada
no Brasil (em muitos países não é vista dessa
forma) como um crime, mesmo que se
entenda que por questões de humanidade o
técnico aja a pedido do próprio paciente
A CONCEPÇÃO DE DIGNIDADE DA
PESSOA HUMANA que nós temos, liga-se
à POSSIBILIDADE DE A PESSOA
CONDUZIR SUA VIDA e realizar sua
personalidade conforme sua própria
consciência, desde que não sejam afetados
direitos de terceiros.
ESSE PODER DE AUTONOMIA
TAMBÉM ALCANÇA OS MOMENTOS
FINAIS DA VIDA DA PESSOA.
EU TENHO O DIREITO DE ESCOLHER
COMO VOU MORRER?
Vale ainda acrescentar o que determina, as
disposições do CÓDIGO DE ÉTICA
(Resolução 564/2017) onde em Capítulo I
– Dos Direitos, já no artigo 1º, dispõe que é
direito do profissional de enfermagem,
"exercer a Enfermagem com liberdade,
segurança técnica, científica e ambiental,
autonomia, e ser tratado sem discriminação
de qualquer natureza, segundo os princípios
e pressupostos legais, éticos e dos direitos
humanos".
no aspecto TECNOLÓGICO, como
também no que se refere aos RECURSOS
HUMANOS como bem observam MARIA
JOSÉ SCHMIDT E TAKA OGUISSO:
“mais do que nunca, as atividades dos
profissionais de saúde se caracterizam por
uma multidisciplinaridade, obrigando cada
segmento a ser permeável em relação às suas
conclusões sobre o estado e o tratamento do
paciente.”
Como visto, com o desenvolvimento
tecnológico a enfermagem precisou se
reinventar, no passado qualquer pessoa com
um mínimo de conhecimento de saúde podia
desenvolver a enfermagem.
No entanto, atualmente esse cenário mudou
completamente, sendo determinado que para
alguém exercer a enfermagem, precisa estar
devidamente habilitado com a formação
adequada, Curso Técnico de Enfermagem,
Especialização da área do trabalho, etc
Por conta desse desenvolvimento no campo
da saúde, principalmente em relação a
enfermagem o enfermeiro vem cada vez mais
se destacando neste atendimento
multiprofissional em serviços de saúde aos
pacientes. isto tem ACARRETADO UMA
EXPOSIÇÃO MAIOR DO SEU ATUAR
nos casos em que haja dano ao paciente no
atendimento em saúde que este recebe.
DA RESPONSABILIDADE CIVIL
Com essa exposição maior de atuação na área
da saúde, surge então a figura da
responsabilidade civil do Técnico de
Enfermagem. Essa responsabilidade pode ser
DOLOSA ou CULPOSA
A responsabilização civil do enfermeiro
como profissional liberal ou se outra
categoria, como particular ou público, tem a
configuração de uma CONDUTA DOLOSA
quando o dano decorrente de sua atividade
profissional é INTENCIONAL, ou seja, o
DOLO é quando o Técnico quer alcançar um
resultado, seja para beneficiar a si mesmo ou
terceiros. Ex: A técnica de Enfermagem
Maria Vingativa, descobre que a paciente do
quarto 05, Eduarda Enganadora, vem tendo
um caso com o orelhinha seca da Maria
Vingativa, ela então resolve se vingar,
descobre que a paciente é alérgica a Dipirona,
e de livre e espontânea vontade, querendo o
resultado – morte ou uma lesão - aplica
dipirona, levando Eduarda Enganadora, a
óbito. Essa é uma ação dolosa praticado por
ela.
A outra modalidade é a CULPOSA, quando
o dano é causado, por AÇÃO ou OMISSÃO,
por NEGLIGÊNCIA, IMPRUDÊNCIA
OU IMPERÍCIA, que são os três
elementos que compõe a culpa.
Além da necessidade da presença desses três
elementos, NEGLIGÊNCIA,
IMPRUDÊNCIA OU IMPERÍCIA, se faz
necessária a presença de um terceiro
elemento muito importante denominado de
NEXO CAUSAL, OU NEXO DE
CAUSALIDADE – SEM ESSE
ELEMENTO NÃO HÁ A FIGURA DA
CUlPA E DA RESPONSABILIDADE
CIVIL
Em SENTIDO AMPLO, CULPA é a
responsabilidade que une o agente à conduta.
... Em SENTIDO ESTRITO, a CULPA se
dá quando o agente não quer praticar o crime,
mas age com imprudência, negligência ou
imperícia, em quebra do dever objetivo de
cuidado, gerando a infração penal
O crime culposo consiste numa conduta
voluntária que realiza um fato ilícito não
querido pelo agente, mas que foi por ele
previsto ( culpa consciente ) ou lhe era
previsível ( culpa inconsciente ) e que podia
ser evitado se o agente atuasse com o devido
cuidado.
Assim, são elementos do crime culposo:
a) Conduta humana voluntária . A
voluntariedade está relacionada à ação, e não
ao resultado.
b) Violação de um dever de cuidado
objetivo . O agente atua em desacordo com
o que é esperado pela lei e pela sociedade.
São formas de violação do dever de cuidado,
ou mais conhecidas como modalidades de
culpa, a imprudência, a negligência e a
imperícia.
c) Resultado naturalístico . Não haverá
crime culposo se, mesmo havendo falta de
cuidado por parte do agente, não ocorrer o
resultado lesivo a um bem jurídico tutelado.
Assim, em regra, todo crime culposo é um
crime material.
d) Nexo causal . Ligação entre a vítima e o
dano.
e) Previsibilidade . É a possibilidade de
conhecer o perigo. Na culpa consciente,
mais do que a previsibilidade, o agente tem
a previsão (efetivo conhecimento do perigo).
f) Tipicidade . CP, Art. 18 - Diz-se o crime:
Parágrafo unicoo - Salvo os casos expressos
em lei, ninguém pode ser punido por fato
previsto como crime, senão quando o pratica
dolosamente.
IMPRUDÊNCIA • FALTA DE
ATENÇÃO, FAZER O QUE NÃO
DEVERIA SER FEITO.
o que seria então esses três elementos,
negligência, imprudência e imperícia?
IMPERÍCIA- ausência de conhecimento
específico. inabilidade. fazer algo além de
sua formação.
NEGLIGÊNCIA = descuido, desídia (falta
de interesse, má vontade, pouco zelo, deixar
de fazer algo que deveria ser
O NEXO CAUSAL -O nexo causal desfaz a
culpa, ou responsabilidade civil na medida
em que não basta haver o DANO, a VÍTIMA
e o AGENTE QUE PRATICOU O DANO,
precisa haver UMA LIGAÇÃO OU NEXO
CAUSAL – que ligue o enfermeiro ao
prejuízo provada ao paciente. Exemplo:
Técnico faz uma aplicação de medicamento
prescrito pelo médico, e o paciente tem um
choque anafilático, então se tem o agente que
praticou o ato (o Técnico) a vítima e o dano,
mas não tem a figura do nexo de causalidade,
pois o técnico apenas aplicou uma injeção
prescrita pelo médico.
No entanto, se o técnico deixou de fazer
determinado medicamento, (negligência) ou
fez de forma apressada pois o plantão estava
terminando, (imprudência) ou utilizou
determinada técnica ou equipamento que não
conhecia (Imperícia), fica presente o nexo de
causa.
Vale salientar que nessa cadeia de
responsabilidade todos são responsáveis, ou
pelo menos são chamados a responsabilidade,
o médico, o enfermeiro chefe ou responsável,
o técnico etc.
Tivemos um caso em Belém, a médica foi
chamada para fazer um parto, deu tudo certo,
ela então entregou para a enfermagem o bebê,
e retornou para sua casa, sem qualquer
problema, essa criança chorou mais de uma
hora, e não apareceu ninguém para ver
porque ela estava chorando – Uma lâmpada
fluorescente, caiu no berçário e um ponta da
lâmpada ficou encostada no dedo da criança
– ela teve de amputar os dois dedos – todos
foram responsabilizados, pela negligência
inclusive o Diretor do Hospital e o chefe de
manutenção, a médica (que foi inocentada
posteriormente) e todos da enfermagem, que
estavam no plantão no dia do acidente. Nesse
caso você percebe claramente o NEXO
CAUSAL, PRESENTE NA
NEGLIGÊNCIA.
No crime preterdoloso, o agente pratica um
crime distinto do que havia projetado
cometer, advindo resultado mais grave,
decorrência de negligência, imprudência ou
imperícia. Cuida-se, assim, de espécie de
crime qualificado pelo resultado, havendo
verdadeiro concurso de dolo e culpa no
mesmo fato [dolo no antecedente (conduta)
e culpa no consequente (resultado)].
ASSÉDIO MORAL E SEXUAL NO
TRABALHO
A próxima matéria tem a ver com o
ASSÉDIO MORAL E SEXUAL no trabalho.
Vamos ver como eles se caracterizam, pois
nem todo comportamento é assédio seja ele
moral ou sexual.
Essa matéria é importante, considerando que
a grande maioria das trabalhadoras na área de
saúde, principalmente no setor de
enfermagem, são mulheres as quais são
constantemente assediadas.
E não raro, o ASSEDIADOR, culpa a
ASSEDIADA, pela prática do assédio, seja
moral ou sexual
É muito comum se fazer confusão com a
palavra assédio. Na verdade, o ASSÉDIO,
tem duas mãos ou vertentes: ASSÉDIO
MORAL E ASSÉDIO SEXUAL, porém não
são iguais, cada uma se aplicando a
determinada situação.
Qual objetivo de falar em assédio moral no
trabalho?
O objetivo primordial é de se criar um
ambiente de trabalho ordeiro, harmonioso,
salutar e produtivo, respeitando-se as
diferenças em todos os níveis.
Como então se caracteriza determinado
comportamento como assédio? É importante
saber fazer a diferença do assédio, para o
flerte ou cantada, como veremos em um
exemplo prático ocorrido em um hospital em
Belém no mês de janeiro de 2021.
ASSÉDIO MORAL OU SEXUAL TEM
DIFERENÇA?
Há uma grande diferença entre as duas
agressões
no ASSÉDIO MORAL vê-se o LADO
ECONÔMICO do empregador ou interesses
de colegas de trabalho, ou seja, o ASSÉDIO
MORAL, regra geral está ligado diretamente
com o trabalho. O empregador ou chefe
imediato, quer demitir determinada técnica,
mas não quer pagar as custas dessa demissão,
então procura por meio de ameaças
DESESTABILIZAR EMOCIONAL E trabalho:“Que ela era bonita, cheirosa e
PROFISSIONALMENTE O gostosinha. Ela não gostou da brincadeira e
TRABALHADOR, para pressioná-lo a pedir
demissão
Já no ASSÉDIO SEXUAL, é visado
exclusivamente a vantagem sexual, e, para
alcançar a VANTAGEM SEXUAL é
utilizada a POSIÇÃO DO CARGO e a
ameaça de que se a pessoa não mantiver
relação sexual, vai perder o emprego. Vejam
que a AMEAÇA DE PERDER O EMPREGO
não tem relação com a questão econômica da
empresa, propriamente dita, mas o assediador
busca tirar vantagens sexuais da vítima.
Quando falamos em assédio moral no local
de trabalho, nos referimos à conduta
abusiva do empregador, do superior
hierárquico, ao exercer o seu poder, diretivo
ou disciplinar, atentando contra a dignidade
ou integridade física ou psíquica de um
empregado
Quando então ocorre o assédio?
MARIE-FRANCE HIRIGOYEN ASSIM
DEFINE O ASSÉDIO MORAL
“O assédio moral no trabalho é qualquer
conduta abusiva (gesto, palavra,
comportamento, atitude) que atente, por sua
repetição ou sistematização, contra a
dignidade ou integridade psíquica ou física
de uma pessoa, ameaçando seu emprego ou
degradando o clima de trabalho”.
Deu para perceber que o assédio, precisa ser
corriqueiro, constante, todos os dias, a
ponto de trazer para a pessoa um
constrangimento. Ou seja, caso alguém diga
uma piada, um gracejo, flerte, e não tenha
essa natureza repetitiva, não há o que se falar
em assédio.
No mês de janeiro, fui consultado pelo diretor
de um hospital, sobre essa situação, onde um
técnico de enfermagem disse para a colega de
foi a Delegacia de Policia e registrou um
Boletim de Ocorrência Policial contra o
colega.
Não obstante o comportamento do colega ser
reprovável e desagradável, ele não se
caracteriza nem assédio sexual, pois não
havia poder hierárquico entre eles e muito
menos moral, tendo em vista que o colega de
trabalho, não queria a vaga de trabalho dela,
além do mais ocorreu uma única vez e, para
o assédio se caracterizar, precisa de uma
situação de insistência, teimosia junto a
alguém.
PRÁTICAS QUE CARACTERIZAM O
ASSÉDIO MORAL
❖ Isolar a pessoa do grupo em que está
inserida;
❖ Hostilizá-la por motivos fúteis;
❖ Culpá-la por erros inexistentes,
imaginários;
❖ Sobrecarregá-la de trabalho;
❖ Exigir o cumprimento de prazos
apertadíssimos;
❖ Ridicularizá-la em público;
❖ Criticar, desqualificar ou fazer
comentários pejorativos em público
HIERARQUIA DO ASSÉDIO

ASSÉDIO MORAL OU SEXUAL:

VERTICAL:

DESCENDENTE Vem do superior

hierárquico

ASCENDENTE – Vai do empregado para o

superior hierárquico

HORIZONTAL - Entre os colegas de

determinado grupo, com a intenção de que ela
peça demissão.

OU MISTO – Esse assédio ocorre com a

participação dos colegas de trabalho
juntamente com o superior hierárquico.
Respondendo a primeira pergunta do Manuel.
Eu sugiro que a vítima, comece a colher e
juntar provas, principalmente se o assédio é
sexual, deve ainda fazer uma ocorrência
policial, na Delegacia Regional do Trabalho.
Na esfera trabalhista, ela pode ingressar com
uma ação trabalhista por justa causa contra a
empresa e requerer ao juiz que determine sua
saída do emprego, além de requerer danos
morais, quando o juiz autorizar ela sai do
emprego para não caracterizar abandono de
emprego.
Um fato muito comum é a vítima ficar calada,
por medo de perder o emprego, mas na
maioria das vezes é por vergonha, mesmo não
sendo culpada.
Não esqueçam que o assediador, vai alegar
que a assediada era a culpada pelo assédio

O que seria a IMPRUDÊNCIA,

Na análise da conduta culposa do enfermeiro,
é preciso que o ofendido faça a prova da
ocorrência de três requisitos fundamentais: a)
AÇÃO CULPOSA DO OFENSOR; b) A
EXISTÊNCIA DO DANO; c) o NEXO DE
CAUSALIDADE entre a ação culposa do
ofensor e o dano causado.