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DIREITO

HABEAS CORPUS 118.533/MS: A NÃO


HEDIONDEZ DO TRÁFICO PRIVILEGIADO
HABEAS CORPUS 118.533/MS: NOT
HIDEOUSNESS OF PRIVILEGED
TRAFFICKING

YURI HENRIQUE OLIVEIRA MORONARI


RAISSA SIQUEIRA MENDES PACHECO

Resumo
O presente trabalho de conclusão de curso tem o objetivo de analisar as peculiaridades referentes ao tráfic o privilegiado e ao novo
posicionamento adotado pelo Supremo Tribunal Federal em decisão no Habeas Corpus 118.533/MS. Primeiramente será abordada à
evolução his tóric a da legislação antidrogas no Brasil a fim de verific ar as legislações pretéritas até a legislação em vigência. Em
seguida, será demonstrado o que o fato vem a ser “droga” segundo à portaria da ANVISA, já que se trata de norma penal em branco.
Será abordada também a Lei Dos Crimes Hediondos, passando por uma análise objetiva de cada elementar, dos institutos da
progressão, sursis, anistia, indulto, livramento condicional, dentre outros, que refletem no tráfico privilegiado. Por fim, será abordado
com maior especif icidade a figura do tráfico priv ilegiado previsto no art. 33 § 4º da Lei 11.343/06 sob o pris ma da descaracterização de
crime hediondo a esta modalidade de conduta de acordo com a suprema corte a fim de informatizar os operadores do direito acerca da
temática.
Palavras-chave: Direito Penal. Lei antidrogas 11.343/06 - tráfico privilegiado - não hediondez - Supremo Tribunal Federal - Habeas
Corpus 118.533/MS.
Abstract
The present work of completion of course has the objective to analy ze the peculiarities related to trafficking and the new position
adopted by the Supreme Federal Tribunal in decision on Habeas Corpus 118.533/MS. First w ill be addressed to the historic al evolution
of the law in Brazil in order to check the laws synchronies until the legislation in force. Then it w ill be shown that the fact has to be drugs
according to the guard of the ANVISA, as it is criminal standard in w hite. Will be addressed also the law of heinous crimes, passing
through an objective analysis of each elemental, the institutes of progression, probation, amnesty, pardon, salvation conditional, among
other things, that reflect in trafficking. Finally, it w ill be tackled w ith greater specif icity the figure of trafficking mode provided for in art. 33
Para. 4 of Law 11.343/06 under the pris m of the mischaracterization of heinous crime to this type of conduct in accordance with the
supreme court in order to computerize the operators of the right about the theme.
Keywords: Criminal Law . Law of drugs 11.343/06 - traffic king mode - not ugliness - Supreme Federal Tribunal - Habeas Corpus
118.533/MS.
INTRODUÇÃO considerar o tráfico privilegiado c omo equiparado
O tráfico privilegiado é uma modalidade de a hediondo. Deste modo, o presente trabalho
tráfico tipificado na lei 11.343/06, § 4º, do artigo cuidará de examinar o que de fato levou os
33. Vale ressaltar que é uma causa de diminuição ministros desta corte a essa modificação de
de pena onde o agent e ativo do crime tem o entendimento, quais foram seus fundamentos e
benefício da redução da pena de um sexto a dois os possíveis reflexos.
terços se for primário, de bons antecedentes, não Para tanto, foram feitas pesquisas
se dedique às atividades criminosas e nem bibliográficas dos mais diversos dout rinadores
integre organização criminosa. renomeados no país, a fim de c onhecer e
O grande problema que se vem apresentando explanar os diversos institutos jurídicos presentes
é a respeito do enquadramento desta figura neste trabalho, desde a evolução histórica da
privilegiada aos ditos crimes equiparados a legislação antidrogas no B rasil, aos conceitos de
hediondos, e que, portanto, existem algumas drogas adot ados no ordenamento jurídico
restrições a benefícios e progressão de regime brasileiro, estudo dos crimes hediondos, da lei
nessa modalidade. Ao indivíduo que responde por 11.343/06 em si, e por último o estudo do int erior
tráfico privilegiado é vedada a anistia, o indulto, e teor do acórdão do Supremo Tribunal Federal no
o livramento condicional lhe é concedido após 2/3 Habeas Corpus 118.533/MS.
de cumprimento da pena, com progressão de
regime no patamar de 2/5. Tais nomenclaturas EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA LEGISLAÇÃO
serão estudadas em capítulo próprio. ANTI DROGAS NO BRASIL
Muitos indivíduos, embora preenchendo os A legislação referent e às substâncias
requisitos para a concessão do tráfico privilegiado entorpecentes passou por uma série de
são apenados de forma desproporcional, t endo transformações até chegar na Lei 11.343 de 23
que alcançar e cumprir uma maior quantidade de de agosto de 2006. Observando o
pena para serem liberados ou até mesmo não desenvolvimento e a evolução histórica há de
recebendo vários benefícios peculiares dos perceber que nem sempre as drogas que hoje
crimes comuns, já que até então estava são proibidas eram valoradas da mesma forma.
pacificado na doutrina e nos tribunais que o QUE IROZ disserta que existiu um tempo em que
tráfico privilegiado era considerado hediondo.
Em que pese essa pacificação, o Supremo
Tribunal Federal reexaminou a matéria e mudou
seu posicionamento, passando a não mais

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as substâncias entorpecentes eram livremente prevista no art. 159 do Decreto nº 847. Este
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produzidas, comercializadas e consumidas. código não foi eficaz quanto ao c ombat e de
Deste modo, neste capítulo serão abordadas substâncias entorpecentes, pois, no ano de 1914
as principais legislações, decret os e institutos o Brasil se viu invadido pela grande propagação
voltadas ao combate de drogas no Brasil. do consumo destas substâncias, neste período
Foram várias mudanças históricas que não havia qualquer sanção a ser aplicada para os
6
fizeram inserir uma política repressiva no que se usuários.
refere a substâncias causadoras de dependência. Ao que se tem, até o ano de 1934 surgiram
Nota-se que a origem da proibição do uso e vários decretos no intuito de reprimir e sanar as
tráfico de drogas se deu nas Ordenações omissões presentes no ordenamento, visto que
Filipinas. Este foi por sinal o marco da estas eram ineficazes. O Decreto nº 780, de 28
2
regulamentação proibicionista no Brasil. de abril de 1936, modificado pelo Decreto 2.953
No ano de 1960 houve a preocupação do de 1938 foi grande precursor na luta contra
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governo brasileiro acerca do grande aument o de toxicomania no país.
usuários e traficantes. Pois, o país estava ins erido O Decreto-Lei 891/38 foi responsável por
em uma sociedade reivindicatória e estes fatores inserir o Brasil em um modelo internacional de
contribuíram de forma significativa para a repressão às drogas passando a adotar punições
3
expansão do comércio de entorpecentes. mais severas e penas privativas de liberdades
Foi neste cenário que o B rasil precisou se para os us uários e para os traficantes, desde
6
valer do modelo repressivo, o qual foi importado internação até interdição civil. As infrações
8
de vários países influentes do mundo, como os estavam previstas no art. 33 deste Decreto.
Estados Unidos, com objetivo de punir aplicando CARVALHO cita que o Decreto-Lei 891/ 38
penas mais severas, tanto para o usuário como fora elaborado de acordo com as disposições da
para o traficante. Convenção de Genebra de 1936 e que
Antecedentes da Legislação Bra sileira regulamentava questões relativas à produção, ao
O Brasil preocupado com as questões do uso tráfico e ao consumo, e, ao cumprir as
e venda de drogas pois estava inserido em uma recomendações partilhadas, proibindo inúmeras
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sociedade consumidora crescente de substâncias substâncias consideradas entorpec entes.
entorpecentes que não escolhia nem classe e Com o advento do Código Penal de 1940,
nem gênero. Deste modo, a primeira parte do Decreto-Lei nº 891 e do Decret o-Lei nº
regulamentação de caráter proibitivo foram as 3.114 foram alterados quanto, as condutas
Ordenaç ões Filipinas, que no Título LXXXI X criminosas e t ambém no que se refere a
dispunha: "Que ninguém t enha em casa rosalgar, fiscalização, respectivamente. O Código P enal de
4
nem a venda, nem outro material venenoso" 40 entrou em vigor no ano de 1942, no art. 281
As Ordenações Filipinas mantiveram-se em estava tipificado a conduta de “Importar ou
vigência até o ano de 1830, quando então passou exportar, vender ou expor à venda, fornecer,
a viger o Código Criminal do Império. Este Código ainda que a t ítulo gratuito, transportar, trazer
revogou as normas que trat avam do us o e o consigo, ter em depósito, guardar, ministrar ou de
comércio destas substâncias. Deste modo, o
Regulamento de 29 de setembro de 1851 voltou a publicacaooriginal-1-pe.html. Acesso em: 14 de nov.
disciplinar esta matéria, qual seja, a proibiç ão do de 2016.
4
uso de drogas. 6
GRECO, Vicente Filho. Tóxicos prevenção,
O Código de 1890 considerou crime a repressão: comentários à Lei n. 11.343/2006. 14. São
conduta de “expor à venda , ou ministrar Paulo Saraiva 2010. p. 84.
substancias venenosas sem legitima autorização 7
Ibidem, p. 85.
e sem as formalidades prescriptas nos 8
"Facilitar, instigar por atos ou por palavras, a
5
regulamentos sanitários ” . Esta conduta estava aquisição, uso, emprego ou aplicação de qualquer
substância entorpecente, ou, sem as formalidades
1
QUEIROZ, Pau lo; LOPES, Marcus Mota Moreira. prescritas nesta lei, vender, ministrar, dar, deter,
Comentários à Lei de Drogas. Salvador: guardar, transportar, enviar, trocar, sonegar,
JusPODIVM, 2016. p. 11. consumir substâncias compreendidas no art. 1º ou
2
GRECO, Vicente Filho. Tóxicos prevenção, plantar, cultivar, colher as plantas mencionadas no
repressão: comentários à Lei n. 11.343/2006. 14 ed. art. 2º, ou de qualquer modo proporcionar a aquisição,
São Paulo: Saraiva 2010. p.83-84. uso ou aplicação dessas substâncias" BRASIL.
3
CA RVA LHO, Salo de. A Política Criminal de Decreto-lei nº 891, de 25 de novembro de 1938.
Drog as no Brasil: Estudo criminológico e dogmático Disponível em:
da Lei 11.343/06. 7. ed. rev., atual. e amp l. São Paulo : https://www.p lanalto.gov.br/ccivil_ 03/decreto-
Saraiva, 2014. p. 52 lei/ 1937-1946/Del0891.ht m. Acesso em: 14 de nov. de
4
GRECO, op. cit., p.83-84. 2016.
5 9
BRASIL. Decreto nº 847, de 11 de outubro de 1890. CA RVA LHO, Salo de. A Política Criminal de
Disponível em: < Drog as no Brasil: Estudo criminológico e dogmático
http://www2.camara.leg.br/ legin/fed/decret/1824- da Lei 11.343/06. 7. ed. rev., atual. e amp l. São Paulo :
1899/decreto-847-11-outubro-1890-503086- Saraiva, 2014. p. 62

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qualquer maneira ent regar ao consumo dependentes químicos, não houve diferenciação
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substância entorpecent e”. Nota-se a de pena.
preocupação do legislador ao tipificar essas Esta distinção não durou muito tempo, após
condutas no intuito de evitar o comércio, a posse três anos, com o advento da Lei 5. 726 de 1971 o
e o uso de substâncias que gerassem usuário dependente não fora mais considerado
dependência física ou psíquica. criminoso, mas como doent e, fazendo como que
Outro decreto de suma importância para o Brasil voltasse a estar sincronizado ao modelo
legislação brasileira acerca da repressão de internacional quanto as legislações sobre
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substâncias foi o Decreto-Lei nº 3. 114, de 13 de entorpecentes.
março de 1941, sendo alterado pelo Decret o-Lei Com o advento da Lei 5. 726, embora não
nº 8.647, de 1946. O Decreto-Lei nº 3.114, revogando por completo a diferenciação
juntamente com o 8.647 foram os responsáveis encontrada em legislações pretéritas, esta foi
pela criaç ão da Comissão Nacional de precursora no processo de mudança para o
Fiscalização de Entorpecentes, que tinha por modelo repressivo, que teve reflexos na Lei
sinal a atribuição de estudar e fixar as normas 6.368/ 76. A lei 6.368/ 76 foi a que esteve mais
gerais sobre fiscalização e repressão em matérias voltada acerc a da repressão trazendo reflexos na
de entorpecentes. Além dessas atribuições eram legislação que está at ualmente em vigor, ou seja,
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estes responsáveis por consolidarem as normas na Lei 11.343/2006.
11
dispersas até então no Brasil. Tendo em vista os preceitos trazidos pela
A partir dos anos de 60 a populaç ão brasileira legislação antecessora, a Lei 6.368, de 21 de
estava arraigada no uso de drogas sintéticas e outubro de 1976 foi o regulament o considerado
maconha. Isto foi em decorrência de vários mais completo em termos de luta contra os
fatores como a influência da música, da cultura, tóxicos, ela continuou a ressaltar a import ância da
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associativas de posturas reivindicatórias. Nota-se educação e conscientização da sociedade.
os anos 60 como a ex pansão do consumo destas Esta lei, diferenciou as penas para os
substâncias por vários grupos sociais, desde os usuários que portavam drogas para o uso pessoal
ricos aos pobres, este era um fat or que não e para os que dela se utilizavam para vender,
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escolhia idade, nem classe. sendo que para o usuário a sanção era de 6
Com o advento da Convenção Única sobre meses a 2 anos de detenção e para o traficante
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Entorpecentes, promulgada pelo Decreto era de 3 a 15 anos de reclus ão.
54.216/1964, o Brasil passou a adotar o modelo Tendo em vista várias impropriedades
internacional de combate às drogas ilícitas. Este apresentadas na Lei 6.368/76 surgiram projetos
modelo visava, portanto, distinguir o usuário do de lei no intuito de modificá-la. Deste modo, não
traficante, aplicando a prevenção para o usuário e foi possível a revogação por completo desta,
repressão para o traficante. Havia ampla distinção vindo a criação da Lei 10.409/2002. Até o ano de
do usuário para o traficante neste modelo. 2006 ambas estavam vigentes. A lei 6.368/76
Levando-se em consideração um discurso estava em vigor no que se refere aos crimes e as
jurídico, o traficante é taxado c omo um criminoso, penas e a nova lei nos demais aspectos
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já o usuário como doente. pertinentes ao uso de substâncias
20
Vale mencionar que a Lei 4.451/64 introduziu entorpecentes.
14
no art. 281 deste Código a conduta de “plantar”. Neste cenário de aplicabilidade de uma
No ano de 1968 fora publicado o Decreto-Lei legislação e out ra surgiu uma problemática
de nº 385 que visava alterar o art. 281 do Código acerca do proc edimento, este problema estava
Penal de 1940. Este decret o buscava assemelhar relacionado ao fato de quando devia aplicar uma
a punição do usuário e do traficante, não havendo legislação ou outra, o que se fez surgirem várias
distinção, mesmo aos que fossem c onsiderados
15
CARVA LHO, Salo de. A Política Cri minal de
Drog as no Brasil: Estudo criminológico e dogmático
da Lei 11.343/06. 7. ed. rev., atual. e amp l. São Paulo :
Saraiva, 2014. p. 56.
10 16
BRASIL..Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro CARVA LHO, Salo de. A Política Cri minal de
de 1940. Disponível em: Drog as no Brasil: Estudo criminológico e dogmático
http://www.planalto.gov.br/ccivil_ 03/decreto- da Lei 11.343/06. 7. ed. rev., atual. e amp l. São Paulo :
lei/ Del2848.ht m. Acesso em: 14 de nov. de 2016. Saraiva, 2014. p. 69.
11 17
GRECO, Vicente Filho. Tóxicos prevenção, Ibidem, p. 57.
18
repressão: comentários à Lei n. 11.343/2006. 14. São GRECO, Vicente Filho. Tóxicos prevenção,
Paulo Saraiva 2010. p. 84. repressão : cometári os à Lei n. 11.343/2006. 14. São
12
CARVA LHO, Salo de. A Política Cri minal de Paulo Saraiva 2010. P. 94-95.
19
Drog as no Brasil: Estudo criminológico e dogmático BRASIL. Lei nº 6.368, de 21 de outubro de 1976.
da Lei 11.343/06. 7. ed. rev., atual. e amp l. São Paulo : Disponível em:
Saraiva, 2014. p. 52. https://www.p lanalto.gov.br/ccivil_ 03/ leis/L6368.htm.
13
Ibidem, p. 53-54. Acesso em: 14 de nov. de 2016.
14 20
Ibidem, p. 51. GRECO, op. cit., p. 94-95.

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polêmicas, foi neste cenário que surgiu a lei influência diretamente na consequente alteração
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11.343/06. da portaria.
A Lei de antidrogas - 11. 343/ 2006, foi o NUCCI afirma que o termo “droga” não
mecanismo utilizado com o fim de reprimir e constitui element o normativos do tipo sujeito a
regulamentar condutas que atentem o bom uma interpretação valorativa do juiz, representa
costume nacional, visou além da repressão, um branco a ser complementado por norma
aplicando sanções aos agentes que utilizassem específica, originária de órgão governamental
ou traficassem (ato de repassar para terceiro), próprio, vinculado ao Ministério da Saúde,
prevenir a utilização de qualquer substância encarregado do controle das drogas, em geral, no
regulamentada pela portaria ANVISA - Ministério Brasil, que, por ora, é a Agência Nacional de
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da Saúde. Vigilância Sanitária, conhecida como ANV ISA.
PORTARI A DA ANVISA Deste modo, percebe-se a importância dessa
O artigo 1º da Lei 11.343, de 23 de agosto de integração de normas:, a ANV ISA
2006, dispõe que o Sistema Nacional de P olíticas regulamentando as substâncias e a lei de drogas
Públicas sobre Drogas (SIS NAD) prescreverá disciplinando as condutas ilícitas e prevendo
medidas para a prevenção do uso, e sanções.
estabelec endo normas para a repressão à DA LEI DE CRIMES HEDI ONDO
produção não autorizada ao tráfico ilícito de A lei nº 8.072, de 25 de julho de 1990 é
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drogas. denominada como Lei dos Crimes Hediondos e
O termo “droga” é uma norma penal em foi promulgada pelo governo Fernando Collor em
branco heterogênea, pois exige um complemento decorrência de vários clamores públicos ocorridos
de uma outra norma hierarquicamente inferior na época cujo int uito era de amenizar a violência
22
para lhe dar sentido e condições para aplicação. e o combater o crime organizado.
Neste sentido, a portaria Nº 344/98 da Secretaria Em um primeiro momento a lei de crimes
de Vigilância Sanitária do Ministério da S aúde hediondos visou reprimir de forma mais severa os
(SVS/MS), de 12 de maio de 1998, tem a função crimes de sequestro, estupro e tráfico, ao passar
de elencar as substâncias entorpecentes e dos anos fora alterada inserindo outras condutas
psicotrópicas que exigem um c ontrole especial. em seu texto.
Ela serve de complemento para a lei de drogas, Nota-se que o t ráfico estava elencado na Lei
portanto, só se podem considerar substâncias De Crimes Hediondos desde os primórdios desta,
ilícitas as que estão elencadas por esta portaria. era um crime c onsiderado pela sociedade como
Nem o Código P enal, nem a Lei de Drogas repugnant e e merecia maior reprovabilidade. A
trazem o conceito do que seria droga e muito partir dos anos 60, tendo em vista a grande
menos elenc am quais seriam as substâncias propagação e comercialização de substâncias
proibidas. Deste modo, somente a A NVISA tem entorpecentes atingindo grande parte da
essa função, pois esta regulamenta e atualiz a o população, o governo passou a se preocupar com
quadro de substâncias constantemente. essas questões tentando minorar os abalos
Há de se perceber a prec aução do legislador sociais e ao menos tentar cessar a
originário ao não elencar as sustâncias que são comercialização em grande escala.
consideras ilícitas, ficando a cargo de uma É de se notar que o constituinte originário
autarquia (A NV ISA) regulamentar, pois caso visou punir de forma mais severa as pessoas que
fossem elaboradas e elencadas por lei específica cometam quaisquer dos crimes tipificados na lei
ou até mesmo pela Lei de Drogas seria dificultoso 8.072/ 1990 , ou ao menos tentou, como se pode
o processo de alteração legislativa para notar no artigo 5º, inciso XLIII, da CF: “[...] a lei
modificação do quadro destas substâncias. considerará crimes inafiançáveis e insuscetíveis
Atualmente, substâncias como maconha de graça ou anistia a prática da tortura , o tráfico
(Cannabis sativa), ópio (flor da Papoula), ilícito de entorpecentes e drogas afins, o
cogumelos (Psilocibina), heroína, dentre outras, terrorismo e os definidos como crimes hediondos,
são muito utilizadas como entorpecentes, porém por eles respondendo os mandantes, os
houve tempo em que estas não eram executores e os que, podendo evit á-los, se
24
consideradas proibidas e hoje são enquadradas omitirem;”
como substâncias ilícitas. Como dit o, a sociedade Neste sentido, NUCCI disserta que a lei
está em proc esso de transformação isso nasceu com o objetivo de elevar penas, impor
mais aspereza no trato com essa espécie de
21
BRASIL. Lei Nº 11.343, de 23 de agosto de 2006.
23
Disponível em: NUCCI, Gu ilherme de Souza. Leis Penais e
http://www.planalto.gov.br/ccivil_ 03/_ato2004- Processuais Penais Comentadas. Vo l. 1. 9. ed. rev.,
2006/2006/lei/ l11343.ht m. Acesso em: 05 de set. de atual. e amp l. - Rio de Janeiro : Fo rense, 2015. p. 320.
24
2016. BRASIL. Constituição Da República Federati va
22
NUCCI, Guilherme de Souza. Leis Penais e Do Brasil De 1988<
Processuais Penais Comentadas. Vo l. 1. 9. ed. rev., http://www.planalto.gov.br/ccivil_ 03/constituicao/cons
atual. e amp l. - Rio de Janeiro : Fo rense, 2015. p. 320. tituicaocompilado.htm> Acesso em: 30 de nov. de
2016.

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delinquência e impedir benefícios. Para ele está O artigo 2º da Lei 8. 072/ 72 é claro ao
lei tipifica os crimes considerados mais determinar que o tráfico ilícito de entorpecentes é
repugnant es e por este fato denomina-se insuscetível de anistia, graça, indulto e fiança.
25
hediondo. A anistia, a graça e o indulto são causas
A lei 8.072/1990 não define o que de fato extintivas da punibilidade, anistia consiste em ato
seria hediondo, mas apenas elenca condutas ou perdão do poder legislativo, concretizada por
ilícitas que se amoldam aos crimes mais severos lei ordinária pelo Congresso Nacional, com
praticados perante a sociedade. controle de sanção ou veto do President e da
Há de se notar que o artigo 1º desta lei República é irrenunciável e atinge fatos e não
abarcou os crimes tidos como hediondos, já o pessoas. É aplicável a fatos que não se pode
artigo 2º cuidou de elencar os equiparados a punir tendo em vista tratar-se de caso de utilidade
28
hediondo, essa terminologia é adota pela social.
doutrina, a qual determina que quando se trata de A graça é conhecida como indulto individual,
equiparação a hediondo, hediondo é. O tráfico ela é c oncedida pelo Presidente da República
ilícito de entorpecentes não é hediondo, mas com finalidade de conceder um perdão individual,
apenas equiparado, como dito. ou seja, a pessoa, geralmente essa concessão
Porém, QUE IROZ afirma que a conduta ocorre após a condenação transitada em julgado.
29
prevista no art. 2º da Lei nº 8.072/90, qual seja, o
tráfico de entorpec entes e drogas afins é um Já o indulto é at o também do Presidente da
crime equiparado a hediondo e que por sinal República que rec ai sobre crimes e não pessoas,
trata-se de crime hediondo. Para ele, a mera também é c hamado de indulto coletivo é um ato
26 30
terminologia não exclui o caráter hediondo. que reduz ou extingue a pena mediante decreto.
É de suma importância mencionar a Neste sentido, há de se perceber uma
literalidade do artigo 2º e seus parágrafos: condição peculiar no que se refere ao condenado
por tráfico de drogas, o Superior Tribunal de
Art. 2º Os crimes hediondos, a prática da tortura, Justiça firmou entendimento de não se admitir o
o tráfico ilícito de entorpec entes e drogas afins e indulto a réu condenado por este crime. Trata-se
o terrorismo são insuscetíveis de: (Vide Súmula de impedimento até mesmo para a figura do
31
Vinculante) tráfico privilegiado, previsto no art. 33, § 4º.
I - anistia, graça e indulto; O artigo 44 da Lei de Antidrogas cuidou de
II - fiança. (Redação dada pela Lei nº 11.464, de elencar alguns dos institutos jurídicos previstos no
2007) art. 2º da Lei dos Crimes Hediondos e também do
§ 1º A pena por crime previsto neste artigo será artigo 5º inciso XLIII da Constituição Federal, este
cumprida inicialmente em regime fechado. artigo complementa e ao mesmo tempo traz
(Redação dada pela Lei nº 11.464, de 2007) novas peculiaridades referentes a lei 11.343/06. É
§ 2º A progressão de regime, no caso dos de suma importância a transcrição deste artigo:
condenados aos crimes previstos neste artigo,
dar-se-á após o cumprimento de 2/5 (dois Os crimes previstos nos arts. 33, caput e § 1o, e
quintos) da pena, se o apenado for primário, e de 34 a 37 desta Lei são inafiançáveis e
3/5 (três quintos), se reincidente. (Redaç ão dada insuscetíveis de sursis, graça, indulto, anistia e
pela Lei nº 11.464, de 2007) liberdade provisória, vedada a conversão de suas
§ 3º Em caso de sentença condenatória, o juiz penas em restritivas de direitos.
decidirá fundamentadamente se o réu poderá Parágrafo único. Nos crimes previstos no caput
apelar em liberdade. (Redação dada pela Lei nº deste artigo, dar-se-á o livrament o condicional
11.464, de 2007) após o cumprimento de dois terços da pena,
§ 4º A prisão temporária, sobre a qual dispõe a vedada sua concessão ao reincidente
32
Lei no 7.960, de 21 de dez embro de 1989, nos específico.
crimes previstos neste artigo, terá o prazo de 30
(trinta) dias, prorrogável por igual período em 28
NUCCI, Guilherme de Souza. Leis Penais e
27
caso de extrema e comprovada necessidade. Processuais Penais Comentadas. Vo l. 1. 9. ed. rev.,
atual. e amp l. Rio de Janeiro: Forense, 2015. p. 462-
463.
29
NOVA ES, Felipe; BELLO, Rodrigo. Manual de
25
NUCCI, Guilherme de Souza. Leis Penais e Prática Penal. 3. ed. rev., atual. e amp l. Rio de
Processuais Penais Comentadas. Vo l. 1. 9. ed. rev., Janeiro: Forense; São Paulo: Método, 2016. p. 87.
30
atual. e amp l. - Rio de Janeiro : Fo rense, 2015. p. 448. GONZA GA, Alvaro de Azevedo; ROQUE, Nathaly
26
QUEIROZ, Paulo; LOPES, Marcus Mota Moreira. Camp itelli. Vade Mecum Polícia: Doutrina. 3. ed.
Comentários à Lei de Drogas. Salvador: rev., atual. e amp. Rio de Jeneiro: Forense; São Paulo:
JusPODIVM, 2016. p. 35. Método, 2014. p. 55.
27 31
BRASIL. Lei Nº 8.072, de 25 de Julho de 1990. NUCCI, op. cit.. p. 464.
32
Disponível em: BRASIL. Lei Nº 11.343, de 23 de ag osto de 2006.
http://www.planalto.gov.br/ccivil_ 03/ leis/L8072.ht m. Disponível em:
Acesso em: 06 de out. de 2016. <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-

Simpósio de TCC e Seminário de IC , 2016 / 2º 1148


É de se notar que no momento da aplicaç ão
A inafiançabilidade está prevista em ambos da pena, o juiz poderá se valer de qualquer dos
dispositivos legais, deste modo, este instituto regimes disponíveis podendo ser desde o início
refere-se à impossibilidade de se estabelecer o aplicado o aberto, o semiaberto ou o fechado.
benefício da liberdade provisória com fixação de Para a concessão de quaisquer destes há de se
fiança. A fiança trata-se da garantia real em observar por parte do julgador os preceitos do art.
dinheiro ou outro valor entregue ao Estado para 59 do Código P enal, quais sejam, as
assegurar o comparecimento do acusado em circunstâncias judiciais.
juízo, quando chamado, sob pena de perda do Neste sentido, não há obrigatoriedade da
33
montant e. imposição do regime inicial fechado. Como dito, o
Para NUCCI todos os crimes admitem juiz se valerá das circunstâncias judiciais ao caso
liberdade provisória sem fiança, exceto para os concreto, observando o princípio da
hediondos e equiparados, o benefício da fiança é individualização da pena.
concedido em regra aos crimes mais leves, estes O § 2º da Lei 8.072/90 trata do instituto da
são afiançáveis, já os hediondos não. Ele faz progressão de regime, este parágrafo explana
ampla crítica a liberdade provisória, pois bastaria que se o réu for primário terá sua progressão de
a menção à ins uscetibilidade de liberdade regime de 2/5 (dois quintos) da pena aplicada; se
37
provisória, pois esta se dá com ou sem fiança. reincidente, 3/5 (t rês quintos).
Deste modo, para que s eja concedida a fiança é A progressão para os crimes considerados
necessário que não estejam presentes os comuns é de 1/6 (um sexto) independe do agente
requisitos para a decretação da prisão ativo do crime ser reincidente ou não. Há de se
34
preventiva. notar que em capítulos pretéritos, o legislador
É de suma importância também analisar as objetivou trazer maior reprovabilidade para o
elementares do parágrafo 1º pois estas delinquente que cometa alguns dos crimes
interferirão no regime inicial de c umpriment o de elencados na lei de crimes hediondos. Deste
pena para os crimes considerados hediondos e modo, a progressão de regime foi um dos
equiparados. institutos que foi agravado em decorrência das
O § 1º da lei 8.072/90 prevê que o regime características desse crime por ser, em tese, mais
inicial para estes crimes, quais sejam, os repugnant e que os demais delitos. Como dito,
hediondos e equiparados, serão cumpridos em passou-s e da regra de 1/6 para 2/5 ou 3/5, a
regime inicialmente fechado, todavia, tal preceito depender se é reincidente ou não.
legal já restou superado devido ao
pronunciamento do Supremo Tribunal Federal, No que se refere a possibilidade de o réu
onde foi declarada a inconstitucionalidade do § apelar em liberdade, prevista no § 3º, é de suma
1º, tendo em vista a afronta ao princípio da importância ter em mente o artigo 312 do Código
individualização da pena alegada no HC de Processo Penal. Em síntese ele trata dos
35
111.840/ES. requisitos para a decretação da preventiva:
A de se ressaltar ainda que a decisão garantia da ordem pública, da ordem econômica,
proferida no AgRg no REsp 1.402.997/RJ, 6ª conveniência da instrução criminal e garantia de
Turma que incide no mesmo entendimento, qual 38
aplicação da lei penal.
seja: "Consolidou-s e no E xcelso Pretório, bem
como neste Superior Tribunal de Justiça, o
Em qualquer situação ou hipót ese de
entendimento de que nas condenações por
concessão da preventiva é necessário que o juiz
crimes hediondos ou equiparados não há falar em
fundamente sua decisão, valendo-s e dos critérios
obrigatoriedade de imposição do regime
36 do artigo 312 do CPP. Não basta apenas a mera
inicialmente fechado".
citação, faz-se necessário a fundamentação a fim
de impor a cautelar ora postulada. Portant o, o juiz
poderá conceder a liberdade provisória ou outra
2006/2006/lei/ l11343.ht m>. Acesso em: 05 de set. de medida cautelar at é o término de seu julgamento.
2016. 39
33
NUCCI, Guilherme de Souza. Leis Penais e
Processuais Penais Comentadas. Vo l. 1. 9. ed. rev.,
37
atual. e amp l. Rio de Janeiro: Forense, 2015. p. 399. BRASIL. Lei Nº 8.072, de 25 de Julho de 1990.
34
Ibidem, p. 464. Disponível em: <
35
Ibidem, p. 465. http://www.planalto.gov.br/ccivil_ 03/ leis/L8072.ht m >.
36
BRASIL. Superior Tribunal De Justiça. AgRg no Acesso em: 06 de out. de 2016.
38
REs p. 1402997 (2013/0312380-5 de 11/03/2014). 6 BRASIL. Decreto-Lei Nº 3.689, de 3 De outubro
Turma. Relatora: Maria Thereza de Assis Moura. De 1941. Disponível em:
Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_ 03/decreto-
https://ww2.stj.jus.br/processo/revista/documento/medi lei/ Del3689.ht m. Acesso em: 21 de nov. de 2016.
39
ado/?componente=ATC&sequencial=32645216&nu m_ NUCCI, Gu ilherme de Souza. Leis Penais e
registro=201303123805&data=20140311&t ipo=5&for Processuais Penais Comentadas. Vo l. 1. 9. ed. rev.,
mato=PDF. Acesso em: 21 de nov. de 2016. atual. e amp l. Rio de Janeiro: Forense, 2015. p. 469.

Simpósio de TCC e Seminário de IC , 2016 / 2º 1149


A vedação ao instituto do sursis, da estão previstas no art. 38 da Lei de Antidrogas e
conversão da pena por restritiva de direito em consistem em prescrever ou ministrar sustância
privativa de liberdade e o livramento condicional sem que delas necessite o paciente ou fazê-lo em
foram declarados pelo STF inconstitucionais. doses excessivas ou em desacordo com
44
Nesse sentido, é se suma importância transcrever determinação legal ou regulamentar.
o seu entendimento positivado por NUCCI: Duas decisões em Habeas Corpus merecem
O S TF já proclamou a inconstitucionalidade da destaque a respeito da substituição da pena
vedação à conversão da penas em restritivas de privativa de liberdade em restritiva de direito, a
direitos e também a inconstitucionalidade da primeira é a do HC 110.078-SC e a outra é a do
proibição de liberdade provisória. Assim sendo, HC 109411 – MS. Neste sentido, passa a
soa-nos desproporcional (princ ípio da transcrever o HC 110078-SC: " Na sessão
proporcionalidade) manter a vedação ao sursis, Plenária de 26 de agosto de 2010, assentou-se
considerado mais severo do que a pena restritiva por maioria dos votos, a possibilidade de
de direito. Diante disso, parece-nos possível substituição da pena privativa de liberdade por
estabelec er o sursis, quando o caso concreto pena restritiva de direito, em tema de tráfico ilícito
45
permitir, seguindo-se o disposto no art. 77 e de ent orpecentes [...]
40
seguintes do Código Penal. O outro HC que merece mencionar é o HC
O artigo 44 da Lei de Antidrogas vedava para 109411 - MS:
o tráfico e equiparados a substituição da pena em O Plenário do Supremo Tribunal decidiu pela
restritiva de direito, tal preceito foi declarado inconstitucionalidade da vedação contida nos art.
inconstitucional pelo S TF. Deste modo foi 33 § 4º, e 44 da Lei 11.343/2006, não admitindo
admitida a substituição, mas para isso fez-se que seja subtraído do julgador a possibilidade de
necessário o preenchimento dos requisitos legais. promover a substituição da pena privativa de
Seguindo esse entendimento, o Senado editou a liberdade em restritiva de direito quando
resolução nº 5, de 15 de fevereiro de 2012 com o presentes os requisitos inseridos no art. 44 do
45
intuito de suspender de forma parcial a eficácia Código Penal.
do artigo ora apontado, no que se refere a
expressão " vedada a conversão em penas Tal possibilidade foi admitida levando-se em
41
restritivas de direitos". consideração ao tráfico privilegiado previsto no
Deste modo, para que o indivíduo tenha s ua art. 33 § 4º este instituto será estudado mais
pena convertida faz-se necessário, caso t enha detalhado adiante, mas de ant emão é de se notar
cometido c rime doloso que a condenação seja de o benefício da diminuição da pena de 1/6 (um
até 4 (quat ro) anos e o crime seja praticado sem sexto) a 2/3 (dois terços) se o indivíduo preencher
violência ou grave ameaça à pessoa, o réu não os requisitos desta diminuição.
pode ser reincidente em crime doloso, mas o § 3º Com a diminuição da pena prevista no art. 33,
do artigo 44 dispõe que mesmo sendo § 4º existe a possibilidade da pena s er reduzida e
reincidente, se a substituição for socialmente ficar aquém aos 4 anos de condenaç ão, sendo,
42
recomendável, esta pode ser realizada. portanto, permitida a substituição da pena
Se o agente for reincidente es pecífico, ou privativa de liberdade em restritiva de direito se
seja, em crime doloso, não poderá haver a preenchidos os demais requisitos previstos no art.
substituição. Além disso, os elementos subjetivos 44 do Código Penal.
ligados ao agente serão levados em Em relação a individualização da pena,
consideração, estes são: a culpabilidade, os merece ser mencionado o entendimento de
antecedentes, a conduta social, e a personalidade NUCCI. Deste modo, expõe: "Cada caso deve ser
do condenado, bem como os motivos e as analisado individualmente, checando-se as
circunstâncias. Em relação ao crime cometido condições pessoais do réu. Aliás, o simples fato
com culpa há de se notar se independentemente de ele rec eber a redução de pena prevista pelo
de ter havido violência ou grave ameaça será art. 33, § 4º, da Lei de Drogas, não ac arreta, por
concedido o benefício, tendo apenas restrição ou consequência, a aplicação de penas
46
impedimento se os element os subjetivos ligados alternativas.
43
ao agente forem desfavoráveis. É de se not ar que tal terminologia já fora
Vale observar que apenas duas condutas se superada pelo entendimento do Supremo Tribunal
admitem a forma culposa, quais sejam: Federal, pelo Senado e pela jurisprudência. Deste
prescrever ou ministrar estas condutas culposas
44
BRASIL. Lei Nº 11.343, de 23 de agosto de 2006.
40
NUCCI, Guilherme de Souza. Leis Penais e Disponível em:
Processuais Penais Comentadas. Vo l. 1. 9. ed. rev., http://www.planalto.gov.br/ccivil_ 03/_ato2004-
atual. e amp l. Rio de Janeiro: Forense, 2015. p. 399. 2006/2006/lei/ l11343.ht m. Acesso em: 14 de out. de
41
Ibidem, p.403-405. 2016.
42
Idem. 45
NUCCI, Guilherme de Souza. Leis Penais e
43
NOVA ES, Felipe; BELLO, Rodrigo. Manual de Processuais Penais Comentadas. Vo l. 1. 9. ed. rev.,
Prática Penal. 3. ed. rev., atual. e amp l. Rio de atual. e amp l. Rio de Janeiro: Forense, 2015. p.404.
46
Janeiro: Forense; São Paulo: Método, 2016. p. 67-68. Ibidem, p.405.

Simpósio de TCC e Seminário de IC , 2016 / 2º 1150


modo, admite-se a conversão da pena privativa causa de diminuição da pena que visa reduzir a
50
de liberdade em restritiva de direito. penalidade do traficant e de “primeira viagem” ,
LEI DE ANTIDROGAS esta diminuição consiste na redução de um sexto
A Lei de antidrogas traz em s eu t ítulo IV, no a dois terços da pena aplicada, porém, para isso
Capítulo II, os crimes em espécies que são é necessário que o agente ativo do crime seja
divididos da seguinte forma: porte de droga para primário, possua bons antecedent es, não se
uso pessoal ( art. 28); tráfico de drogas (art. 33, dedique às atividades criminosas nem int egre
51
caput) e condutas equiparadas (art. 33, § 1º); organização criminosa.
auxílio ao uso de drogas (art. 33, § 2º); uso Deste modo, percebe-se que a aplicação do
compartilhado de drogas ( art. 33, § 3º); petrechos tráfico privilegiado é objetiva bastando que o
para o tráfico (art. 34); associação para o t ráfico indivíduo preencha os requisitos referidos para
(art. 35); financiamento para o tráfico (art. 36); que lhe seja concedido a causa de diminuição da
colaboração como informante do tráfico ( art. 37); pena, qual seja, de um sexto a dois terços.
prescrição culpos a de droga ( art. 38) e conduzir Levando em consideração os element os da
embarcações ou aeronaves sob a influência de primariedade, nota-se que o indivíduo não pode
47
droga (art. 39). ser reincidente, ou seja, não ter cometido outros
O crime do tráfico privilegiado está inserido crimes, ou até mesmo se já tiver cometido, que
no art. 33 especificamente no § 4º, e será objeto tenha transcorrido 5 anos do trânsito em julgado,
52
desta análise, esse artigo consiste na figura do após o efetivo cumprimento.
tráfico de drogas que elencado na forma NUCCI cita que reincidência é o cometimento
equiparada. de uma infração penal após já ter sido o agente
O caput do art. 33 tipifica 18 condutas, ou condenado definitivamente, no Brasil ou no
seja, 18 verbos nos quais incidem a figura do exterior, por crime anterior, nos termos do art. 63
53
traficante, que podem ser das mais variadas do Código Penal. Para a reincidência se faz
espécies, sendo elas: “Importar, exportar, necessário o c ometimento de infrações penais
remet er, preparar, produzir, fabricar, adquirir, transitadas em julgado que são aquelas em que
vender, expor à venda, oferecer, ter em depósito, não cabe mais recurso.
transportar, trazer consigo, guardar, prescrever, Já os antecedent es "são todos os fatos da
ministrar, entregar a consumo ou fornecer vida pregressa do agente, bons ou maus, ou seja,
"48
drogas. tudo o que ele fez antes da prática do crime.
Já o § 1º elenca outras 18 condutas, mas Antecedentes passaram a significar, apenas,
estas como atos preparatórios, que são: anterior envolvimento em inquéritos policiais e
54
“Importa, export a, remete, produz, fabrica, processos criminais." Nesse diapasão, poderá
adquire, vende, ex põe à venda, oferece, fornece, ser enquadrado como bom ou mau, a depender
tem em depósito, transporta, traz consigo ou do agente ativo.
guarda matéria-prima, insumo ou produto químico Em relação a expressão “não se dedique a
destinado à preparação de drogas. Pratica o atividades criminosas ” NUCCI denota seu
crime também quem s emeia, cultiva ou faz a descontentamento. Para ele, os elementos
colheita de plant as ou matérias primas para a anteriores (a primariedade e bons antecedentes)
produção, e além destas, quem utiliza local ou excluem o elemento da dedicação a atividades
bem de qualquer natureza para o tráfico ilícito de criminosas. Neste sentido, presume-se, caso o
49
drogas.” sujeito seja primário e possuidor de bons
Deste modo, as condutas previstas no caput
e no § 1º do art. 33 estão inseridas no § 4º do
mesmo artigo e são atenuadas se o agente ativo
preencher os elementos do tipo, quais sejam,
primariedade, bons antecedentes, não se dedique 50
NUCCI, Gu ilherme de Souza. Leis Penais e
às atividades criminos as e nem int egre Processuais Penais Comentadas. Vo l. 1. 9. ed. rev.,
organização criminosa, tais elementares serão atual. e amp l. - Rio de Janeiro : Fo rense, 2015. p. 358.
esmiuçadas nó próximo tópico. 51
BRASIL. Lei Nº 11.343, de 23 de agosto de 2006.
Do Tráfico Privilegiado Disponível em:
O tráfic o privilegiado está previsto no § 4º do <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-
art. 33 da Lei 11.343/06, esta espécie trata-se de 2006/2006/lei/ l11343.ht m>. Acesso em: 14 de out. de
2016.
47 52
QUEIROZ, Paulo; LOPES, Marcus Mota Moreira. NUCCI, Gu ilherme de Souza. Leis Penais e
Comentários à Lei de Drogas. Salvador: Processuais Penais Comentadas. Vo l. 1. 9. ed. rev.,
JusPODIVM, 2016. p. 67-109. atual. e amp l. - Rio de Janeiro : Fo rense, 2015. p. 358.
48 53
BRASIL. Lei Nº 11.343, de 23 de agosto de 2006. NUCCI, Gu ilherme de Souza. Manual de Direito
Disponível em: Penal. 10. ed. rev., atual. e amp l. - Rio de Janeiro :
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004- Forense, 2014. p. 434.
54
2006/2006/lei/ l11343.ht m>. Acesso em: 14 de out. de CAPEZ, Fernando. Curso de direito penal. Parte
2016. geral. Vo l. 1. 20. ed. São Paulo : Saraiva, 2016. p. 478-
49
Idem. 479.

Simpósio de TCC e Seminário de IC , 2016 / 2º 1151


antecedentes que ele não se dedica as atividades Há plena necessidade de comprovação por
55
criminosas. mecanismos idôneos a fim de enquadrar o
No que se refere a organização c riminos a, o acusado c omo int egrante de organização
juiz, ao constatar que o acusado estava na posse criminosa, para isso o juiz deverá embasar sua
de grande quantidade de drogas deverá examinar fundamentaç ão de forma pertinente, caso exista
caso a caso a fim de conceder ou não a dúvida deverá aplicar o princípio do in dubio pro
diminuição da pena, para isso deverá valer-se do reo, pois na dúvida, colocando o acus ado em
princ ípio da individualização da pena. liberdade.
Alguns julgadores entendem que o fat o de Como visto, para que seja aplicado a causa
terem sito apreendidas grandes quantidades de de diminuição de pena prevista no art. 33 § 4º da
substância entorpecente faz presumir que o Lei 11.343/06 é necessário que o agente ativo do
acusado s eja integrante de organização crime seja possuidor de bons antecedentes,
criminosa. Entret anto, a quantidade não é primário, não integrar organização criminosa e
pressuposto para a não concessão do benefício muito menos se dedicar a atividades criminosas.
da redução. O Tráfico Privilegiado e a sua Hediondez
A cerca da quantidade de substância NUCCI A Lei 8.072/90 equiparou a conduta de tráfico
defende: “E xcepcionalmente, a grande ilícito de entorpecentes como crime hediondo, o
quantidade de entorpecent es pode afastar a qual somente ocorrerá progressão para um
redução da pena, porque se conclui estar o regime mais benéfico no quant um de 2/5, se
acusado ligado ao crime organizado, embora não primário e 3/ 5, se reincidente. Além disso, os
se deva pres umir nada, mas calcar a decisão na condenados ficam impedidos de vários benefícios
58
prova dos autos. Fora disso, a quantidade serve como a anistia, o indulto, a graça, dent re outros.
56
de parâmetro para o grau de diminuição. ” Nota-se que o traficante que receber o
Outro fator importante na qual incidirá a benefício da forma privilegiada poderá ter a
modificação do tempo de c umpriment o de pena redução de sua pena de um sexto a dois terços a
será a figura da função de “mula”. Nota-se que, depender do caso, deste modo, embora receba a
caso o sujeito esteja ex ercendo a função de mula causa de diminuição de pena postulada, este
(pessoa encarregada de levar drogas a outro estará res pondendo por um crime previsto na
lugar), sendo primário, possuidor de bons legislação dos crimes hediondos.
antecedentes, não se dedicando a atividades No decorrer dos anos surgiram vários
criminosas, nem a organização criminosa deverá argumentos no sentido de retirar ou
ter sua pena diminuída no patamar de um s exto a desconsiderar o tráfico privilegiado como crime
dois terços. hediondo, visto que esta causa é antagônica ao
Nem todo indivíduo que exerce a função de objetivo da lei dos crimes hediondos que visa
“mula” é integrante de organização criminos a e reprimir e punir de forma mais severa os crimes
não terá seu benefício denegado. considerados mais repugnantes pela sociedade,
Deste modo, vale mencionar a decisão do HC assim surgiram várias divergências dout rinárias
124.107, tendo como relator o Ministro TOFFOLI: acerca do assunto, iniciado várias discussões
“O exerc ício da função de mula, embora sobre a matéria em Tribunais e no S TF.
indispensável para o tráfico internacional, não NUCCI defensor da hediondez do tráfico
traduz, por si só, adesão, em caráter estável e privilegiado dissert a que embora haja diminuição
permanente, à estrutura de organização da pena deverá o agent e ativo estar abarcado
criminosa, até porque esse recrutamento pode ter pelas condições especificas da lei dos crimes
57
por finalidade um único transporte de droga. ” hediondos.
Deste modo, merece transcrição de s eu
entendimento: “Não se pode criar uma nova
55
infração penal, a partir da mera aplicação de
NUCCI, Guilherme de Souza. Leis Penais e causa de diminuição de pena. Por isso, o t ráfico
Processuais Penais Comentadas. Vo l. 1. 9. ed. rev., ilícito de drogas será sempre considerado
atual. e amp l. Rio de Janeiro: Forense, 2015. p. 359. equiparado a hediondo, ainda que comport e, por
56
Idem. opção legislativa, pena mais branda, quando os
57 59
BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Habeas requisitos do § 4º estivessem presentes.”
Corpus nº 124107/SP. Primeira turma. Pacientes:
Cletus Chined Ugochukwu e Nwachukwu Henry.
58
Coator: Superio r Tribunal De Justiça. Relator: Min istro BRASIL. Lei Nº 11.343, de 23 de agosto de
Dias Toffoli. , Brasília, DF, 4 nov. 2014. Disponível 2006. Disponível em:
em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-
2006/2006/lei/ l11343.ht m>. Acesso em: 14 de out.
<http://www.stf.jus.br/portal/processo/verProcessoAnd de 2016.
amento.asp?numero=124107&classe=HC&origem=AP
&recurso=0&t ipoJulgamento=M>. Acesso em: 06 de 59
NUCCI, Guilherme de Souza. Leis Penais e
nov. de 2016. Processuais Penais Comentadas. Vo l. 1. 9. ed. rev.,
atual. e amp l. - Rio de Janeiro : Fo rense, 2015. p. 362.

Simpósio de TCC e Seminário de IC , 2016 / 2º 1152


A jurisprudência pátria seguia esse mesmo Os pacientes foram presos em posse de
entendimento, o S TJ no HC 222.173–SP decidiu cerca de 722 kg de maconha acoplados em fundo
da seguinte forma: “A aplicação da causa de falso de caminhão em que transportavam as
diminuição de pena prevista no § 4.º do art.33 da substâncias a outro estado. A apreensão fora
Lei n.º 11.343/2006 não tem o condão de af astar realizada pela P olícia Rodoviária Federal do
a equiparação constitucionalmente estabelecida Estado de Mat o Grosso do Sul. Na ocasião, foram
entre o delito de tráfico ilícito de drogas e os sentenciados a uma pena de sete anos e um mês
60
crimes hediondos.” de reclusão em regime inicial fechado por juiz
Desta forma, esse era o posicionamento singular do Tribunal de Justiça daquele estado
adotado pelo S TJ e pelo S TF, entretanto foram não incidindo como hediondo a forma
63
interpostos vários HC e recursos no intuito de privilegiada.
descaracterizar o tráfico privilegiado como Desta sentença, houve apelação pelo
hediondo. Neste sentido, o STJ editou a súmula Ministério Público sob a alegação de que tal
512, pois já estava cons olidado o assunto com o conduta era considerada hedionda e, portanto, o
objetivo de pacificar o entendimento acerca da juiz se equivoc ou ao sentenciar. Houve também
hediondez do tráfic o privilegiado: “A aplicação da apelação por parte do paciente Robinson Roberto
63
causa de diminuição de pena prevista no art. 33, Ortega pleiteando reduç ão da pena.
§ 4º, da Lei nº 11.343/2006 não afasta a Em face do Tribunal de Justiça do Mato
61
hediondez do crime de tráfico de drogas.” Grosso do Sul ambas apelações foram negadas o
Nota-se que era o posicionamento dominante provimento, no qual resultou Recuso Especial n.
na jurisprudência e na doutrina em considerar a 1.297. 936/MS pleiteado pelo Ministério Público,
64
causa de diminuição da pena prevista no art. 33 § para o S TJ.
4º como hediondo, esse entendiment o foi se O Ministro Relator, em decisão monocrática,
tornando cada vez mais cons olidado tendo em deu provimento ao recurso, reconhecendo a
vista a edição da Súmula 512 e várias outras natureza hedionda do crime praticado pelos
decisões monocráticas perante o S TJ e também o pacientes. Dessa decisão, foram opostos
STF. embargos de declaraç ão pelo paciente Robinson
O HC 118.533 E A NOV A V ERTENTE S OBRE A e agravo regiment al pela Defensoria Pública da
NÃO HEDIONDEZ União. Dos embargos de declaração houve
O Habeas Corpus 118.533/MS fora julgado denegação tendo em vista não preenc her os
no dia 24 de junho de 2015, em primeira sessão, requisitos da omissão, obscuridade e contradição.
pelo plenário do Supremo Tribunal Federal, E em seguida fora interposto agravo regimental
65
tratava-se um pedido dos pacientes Ric ardo pelo mesmo paciente.
E vangelista Vieira de S ouza e Robinson Roberto Em 18.04.2013 a Quinta Turma do Superior
Ortega pelo crime tipificado na lei 11.343/06, na Tribunal de Justiça negou proviment o aos
figura tráfico privilegiado previsto no art. 33 § 4º. recursos sob o fundamento de que a conduta era
O HC foi interposto pela Defensoria Pública da considerada hedionda, dessa decisão surgiu o
União, com autoridade coatora o Superior HC 118.533/MS que será objeto de análise deste
62 63
Tribunal de Justiça. capítulo.
O debate do qual originou a impetração deste
60
BRASIL. Superior Tribunal De Justiça. Habeas Habeas Corpus foi em decorrência da
Corpus nº 222.173, Quinta turma. Paciente: Otacilio caracterização ou não do tráfico privilegiado como
Ferreira De Oliveira. Impetrado: Tribunal De Justiça crime hediondo já que tal como alicerçado pelo
Do Estado De São Paulo. Relatora: Min istra Laurita impetrante contrariava dispositivo constitucional,
Vaz. Brasília, DF, 16 fev. 2012. Disponível em: e além disso, seu entendimento era no sentido de
<https://ww2.stj.jus.br/processo/revista/documento/me que o tráfico privilegiado não poderia ser
66
diado/?componente=ATC&sequencial=20380382 equiparado a hediondo.
&num_reg istro=201102414220&data=20120302&tipo Embora a S egunda Turma do S TF já tivesse
=5&formato=PDF>. Acesso em: 06 de nov. de 2016. se posicionado pela não descaracterização do
61
BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Súmula 512. tráfico privilegiado como equiparado a hediondo o
Orgão Julgador: S3 Terceira Seção. Disponível em: feito fora levado ao plenário pela relatora Ministra
<http://www.stj.jus.br/SCON/pesquisar.jsp?acao=pesq
uisar&novaConsulta=true&i=1&data=&livre=512&op
Ajuda=SIM&t ipo_visualizacao=null&thesaurus=null& Ortega. Coator: Superior Tribunal de Justiça. Relatora:
p=true&operador=e&processo=&livreMinistro=&relat Min. CÁRM EN LÚCIA. Julgamento: 23/06/2016.
or=&data_inicial=&data_final=&t ipo_data=DTDE&liv Disponível em:
reOrgaoJulgador=&orgao=&ementa=&ref=&siglajud= <http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?doc
&numero_ leg=&tipo1=&nu mero_art1=&t ipo2=&num TP=TP&docID=11677998>. Acesso em: 18 de nov. de
ero_art2=&t ipo3=&numero_art3=&nota=&b=SUMU# 2016, p. 1.
63
>. Acesso em: 05 de dez. de 2016. Ibidem, p. 3.
62 64
BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Habeas Ibidem, p; 4.
65
Corpus 118533 /MS. Plenário. Pacientes: Ricardo Ibidem, p. 5.
66
Evangelista Vieira de Souza e Robinson Roberto Ibidem, p.7.

Simpósio de TCC e Seminário de IC , 2016 / 2º 1153


LÚCIA que ensejou a seguinte decisão neste HC anteriormente do ministro FA CHIN com pedido de
70
em primeira sessão: vista para reexaminar a matéria.
Após o voto da Ministra Cármen Lúcia (Relatora), O ministro FACHIN proferiu s eu vot o vista,
concedendo a ordem para afastar a natureza com embasament o legalista e principiológico
hedionda do crime praticado, no que foi embasado na legalidade, individualização da
acompanhada pelo Ministro Robert o Barroso, e pena e da proporcionalidade. FACHIN votou de
os votos dos Ministros Edson Fachin, Teori forma equivalente a Relat ora, conc edendo à
Zavascki, Rosa Weber e Luiz Fux, denegando a ordem.
ordem, pediu vista dos autos o Ministro Gilmar Para ele, o tráfico privilegiado não se adéqua
67
Mendes. aos objetivos da ex acerbação dados a lei dos
Porém, não foi suficiente para chegar à crimes hediondos, se o legislador quisesse
presente decisão que culminou a modificação de enquadra-lo como t al haveria feito de forma
descaracterização de crime hediondo ao t ráfico expressa. Ainda afirma que, caso o agente ativo
privilegiado. do crime receba uma pena de um ano e oito
O ministro ME NDES proferiu seu vot o pela meses, no mínimo, é irrisório e desproporcional
concessão do HC ent endendo que o tráfico que ele sofra com as peculiaridades prevista na
privilegiado não se amolda aos crimes hediondos lei dos crimes hediondos. Deste modo, afirma que
tipificados na lei 8.072/90, acompanhando, sendo imposta ao agente a pena referida
portanto, o voto da relatora e do ministro anteriormente não passa da sanção aplicada aos
71
BARROS O. Esta foi a segunda sessão pelo delitos de menor potencial ofensivo.
plenário. O voto proferido por ele culminou no reajuste
Para ME NDES a int enção do legislador não dos votos proferidos pelos ministros ZAVASCK I e
72
foi introduzir a conduta do tráfico privilegiado ao WEBER que votaram pela concessão da ordem.
rol dos crimes equiparados a hediondo, se fosse Após o feito, LEWANDOWSKI também vot ou
o caso, teria inserindo tal modalidade no art. 44 pela concessão do afastamento da classificação
da Lei 11.343/06. Deste modo, entende que o rol dos crimes hediondos ao tráfico privilegiado e, por
é taxativo, estando inserido apenas as condutas fim, o ministro FUX manteve seu voto pela não
73
do caput e § 1º do art. 33, portanto, ele acredita concessão da ordem.
que o legislador preferiu por não inserir essa Em síntese, votaram pela denegação do HC
modalidade, qual seja, o tráfico privilegiado como os ministros FUX, TOFFOLI E AURÉLIO, ficando
68
hediondo. vencidos pelos votos dos ministros BARROSO,
Em seguida, os Ministros TOFFOLI e LÚCIA, MENDES, ZAVASCK I, WEBER, MELO,
AURÉLIO votaram de forma divergente ao FACHIN e o presidente LEWANDOWSKI.
Ministro MENDES, indeferindo, portant o, à ordem. O grande avanço para a mudança de
Para TOFFOLI não equiparar o tráfico privilegiado paradigma até então consolidado foi em
a hediondo é fazer com que organizações decorrência de reflexões voltadas ao excesso de
criminosas utilizem pessoas possuidoras de bons número de pessoas encarceradas, da
antecedentes para praticarem essas condutas, tal precariedade do sistema, e o fat o de que o
preocupação consiste na repercussão que o caso encarceramento em decorrência do crime de
poderá ensejar faz endo com que as organizações tráfico de drogas na forma privilegiada envolve
criminosas voltadas ao tráfico cresçam cada vez mais mulheres do que homens, estas têm
69
mais. participaç ão mínima no tráfico.
Tendo em vista o impasse da concessão ou Foram desses debates e reflexões que o S TF
não deste HC surgiram debates acerca do grande passou a não mais considerar o t ráfico
contingente da população carcerária em virtude privilegiado como hediondo, tal embasamento foi
do cometimento do crime de tráfico de drogas, no sentido de que este crime, tendo como
mais precisamente as mulheres encarceradas, participaç ão mínima, não seria tão grave, e,
nos moldes do tráfico privilegiado. Na ocasião portanto, não poderia ser equiparado a hediondo.
foram levantados dados que culminaram no QUE IROZ segue o mesmo entendimento,
pedido de suspensão pelo voto proferido para ele o tratamento especial que a lei compete
a está modalidade de tráfico é incompat ível com o
caráter hediondo é se notar que a hediondez
67
BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Habeas deve ser reservada para os casos mais graves e
74
Corpus 118533 /MS. Plenário. Pacientes: Ricardo não para os mais brandos.
Evangelista Vieira de Souza e Robinson Roberto Ao que se tem, de acordo com GALLI:
Ortega. Coator: Superior Tribunal de Justiça. Relatora:
70
Min. CÁRM EN LÚCIA. Julgamento: 23/06/2016. Ibidem, p. 56-61.
71
Disponível em: Ibidem, p. 70-85.
72
<http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?doc Ibidem, p. 70-87.
73
TP=TP&docID=11677998>. Acesso em: 18 de nov. de Ibidem, p. 93.
2016, p. 69. 74
QUEIROZ, Pau lo; LOPES, Marcus Mota Moreira.
68
Ibidem, p. 35-48. Comentários à Lei de Drogas. Salvador:
69
Ibidem, p. 49-52. JusPODIVM, 2016. p. 37.

Simpósio de TCC e Seminário de IC , 2016 / 2º 1154


[...] o Superior Tribunal de Justiça deverá discutir organizados, pois sua participação é mínima.
se revisa sua jurisprudência sobre o tema para se Como dito, muitas são forçadas a participarem do
alinhar ao que foi decidido pelo S TF. A ministra tráfico ou até mesmo levadas por haver alguma
Maria Thereza de Assis Moura propôs a revisão à espécie de ligação afetiva ou familiares
78
3ª Seção, sob o rito dos recursos repetitivos, do envolvidos na traficância.
entendimento consolidado no julgamento do Esse encarceramento reflete drasticamente
REsp 1.329.088/RS, além do cancelamento do em mulheres que estão grávidas e que de fato
75
enunciado 512 da súmula do S TJ. veem seus filhos nascerem e conviverem nas
Como afirmado no c apítulo ant erior, já estava prisões. O tráfico privilegiado é uma das
pacificado nos tribunais o entendimento de que o modalidades de crimes mais praticado por
tráfico privilegiado estava abarcado pela mulheres, LÚCIA salienta também que cerca de
exacerbação da lei dos crimes hediondos, e que o 70% das mulheres que são apenadas ou
indivíduo embora preenchendo o requisitos do art. aprisionadas estão envolvidas de alguma forma
79
33, § 4,º não faria jus a desclassificação para os com o tráfico de drogas.
benefícios de um crime comum. Conclusão
Nota-se que o STJ já havia sintetizado seu O presente trabalho buscou analisar o tráfico
entendimento, porém deverá ficar superado privilegiado, mais especificamente ao HC
enquadrando ao posicionamento adotado 118.533/MS no qual resultou na modificação e
recentement e pelo S TF. desconsideração desta modalidade de tráfico da
Reflexos do novo entendimento tendo como figura dos crimes equiparados a hediondos
base os principais votos segundo entendiment o do STF. Nota-se que é
Os crimes previstos na Lei Antidrogas têm um posicionamento no qual não vincula os
sido praticados frequentemente pela sociedade, demais Tribunais, mas surtirá efeitos.
nota-se que é uma prática que tem ocasionado É notório que o problema do tráfico de drogas
muitos encarceramentos no país, principalmente na forma equiparada a hediondo como o caso da
ao público feminino. Muitas mulheres são decisão do HC 118.533 não reflete apenas nos
utilizadas por grandes traficantes já que pela pacientes, mas também em toda a coletividade,
aparência na maioria das vezes não são tidas embora a decisão e a concessão do HC não
como delinquentes, ou até mesmo por questão da tenham efeit o erga omnes, ou seja, não é uma
vulnerabilidade e submissão em que convivem. decisão que atinge toda a sociedade. Mulheres e
Em relação as mulheres, o ministro homens, ditos como traficant es de primeira
LEWANDOWSK I explana que muitas participam viagem por serem primários, possuidores de bons
como "correios" ou "mulas", ou seja, apenas antecedentes, que não se dedicam a atividade
transportam a droga para terceiros, ocupando-se, criminosa e nem são associados a organizações
na maioria das vezes no ambiente doméstico, em criminosas então sofrendo duras penas em
76
troca de alguma vantagem econômica. equivalência aos t raficantes rotineiros,
Ele continua afirmando que as mulheres têm reincidentes, integrantes de organização e que se
sido inseridas cada vez mais nesta prática, isso dediquem a atividade criminosa.
denota o grande aumento de encarceradas, Deste modo, esse novo entendimento foi
estima-se que 68% das mulheres nestas crucial para reexame da matéria, visto que essa
condições estão envolvidas com algumas das problemática apresentada no plenário do
práticas de tráfico de entorpecentes ou Supremo Tribunal Federal tem grande relevância
77
associação para o tráfico. e merece reexame pelos demais tribunais. Neste
De acordo com LÚCIA estas mulheres não sentido, o S TJ já estuda a possível alteração e
possuem um perfil delinquente e suas condutas supressão da Súmula 512, para se adequar ao
não ensejam grandes reflex os nos crimes entendimento do S TF.
Com esse novo entendimento proferido pelo
75
GA LLI, Marcelo. S TJ estuda revisar entendi mento STF em que o tráfico privilegiado não é mais
sobre tráfico pri vilegiado como cri me hedi ondo. equiparado a hediondo, passando a estar
Consultor Jurídico. Disponível em: < superada a decisão proferida e sumulada pelo
http://www.conjur.com.br/2016-nov-03/stj-estuda- STJ, o traficante de primeira viagem terá a
revisar-tese-trafico-privilegiado-crime-hediondo> progressão de regime no quantum de um sexto
Acesso em: 01 de dez. de 2016 da pena, em patamar igual aos crimes comuns,
76
BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Habeas ao invés de dois quintos para os crimes
Corpus 118533 /MS. Plenário. Pacientes: Ricardo hediondos e equiparado, e mais, caberá a
Evangelista Vieira de Souza e Robinson Roberto possibilidade da concessão da anistia, do indulto
Ortega. Coator: Superior Tribunal de Justiça. Relatora: e da graça, podendo cumprir um terço ou metade
Min. CÁRM EN LÚCIA. Julgamento: 23/06/2016. da pena a depender do caso para us ufruírem do
Disponível em: livrament o condicional.
<http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?doc
78
TP=TP&docID=11677998>. Acesso em: 18 de nov. de Ibidem, p. 92.
79
2016, p. 90-93. Idem.
77
Ibidem, p. 91.

Simpósio de TCC e Seminário de IC , 2016 / 2º 1155


Fora uma decisão de suma importância tendo em: <
https://ww2.stj.jus.br/processo/revista/documento/mediado/?co
em vista a precariedade do sistema carcerário mponente=ATC&sequencial=32645216&num_registro=20130
como um todo, visto que as penitenciárias 3123805&data=20140311&tipo=5&formato=PDF>. Acesso
brasileiras não têm s urtido os efeitos da em: 21 de nov. de 2016.
ressocialização, pelo contrário, muitos saem pior BRASIL. Superior Tribunal De Justiça. Habeas Corpus nº
222.173, Quinta turma. Paciente: Otacilio Ferreira De Oliveira.
das cadeias do que quando entraram. Deste Impetrado: Tribunal De Justiça Do Estado De São Paulo.
modo, o S TF julgou da melhor forma, pois, assim, Relatora: Ministra Laurita Vaz. Brasília, DF, 16 fev. 2012.
como defendido por alguns países, a repressão Disponível em:
nem sempre é a melhor saída para a <https://ww2.stj.jus.br/processo/revista/documento/mediado/?c
omponente=ATC&sequencial=20380382&num_registro=2011
criminalidade. 02414220&data=20120302&tipo=5&formato=PDF>. Acesso
Observando a precariedade do sistema em: 06 de nov. de 2016.
penitenciário, englobando o princípio da BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Súmula 512. Orgão
individualização da pena, a pena deve ser mais Julgador: S3 Terceira Seção. Disponível em:
<http://www.stj.jus.br/SCON/pesquisar.js p?acao=pesquis ar&n
adequada possível ao caso concreto. Cabe notar ovaConsulta=true&i=1&data=&livre=512&opAjuda=SIM&tipo_v
que o encarceramento deve ser a última isualizacao=null&thesaurus=null&p=true&operador=e&process
alternativa, e porque não inserir nesse sistema o=&livreMinistro=&relator=&data_inicial=&data_final=&tipo_dat
somente em último caso, já que como dito, a a=DTDE&livreOrgaoJulgador=&orgao=&ementa=&ref=&siglaju
d=&numero_leg=&tipo1=&numero_art1=&tipo2=&numero_art2
participaç ão desses pequenos traficantes é =&tipo3=&numero_art3=&nota=&b=SUMU#>. Acesso em: 05
mínima, e não surtem grandes efeitos perante a de dez. de 2016.
sociedade? BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Habeas Corpus 118533
Portanto, é importante que estejam /MS. Plenário. Pacientes: Ricardo Evangelista Vieira de Souza
e Robinson Roberto Ortega. Coator: Superior Tribunal de
abarcados os próximos casos e até mesmo os Justiça. Relatora: Min. CÁRMEN LÚCIA. Julgamento:
anteriores, pelo novo entendimento e que 23/06/2016. Disponível em:
recebam penas privativas de liberdade no mínimo <http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=TP&
possível, com as peculiaridades dos crimes docID=11677998>. Acesso em: 18 de nov. de 2016.
BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Habeas Corpus nº
comuns se essas forem as mais adequadas ao 124107/SP. Primeira turma. Pacientes: Cletus Chined
caso concreto. Ugochukw u e Nwachukwu Henry. Coator: Superior Tribunal
De Justiça. Relator: Ministro Dias Toffoli. , Brasília, DF, 4 nov.
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847-11-outubro-1890-503086-publicacaooriginal-1-pe.html>. Jurídico. Disponível em: < http://www.conjur.com.br/2016-nov-
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14 de Outubro de 2016. QUEIROZ, Paulo; LOPES, Marcus Mota Moreira.
BRASIL. Superior Tribunal De Justiça. AgRg no REsp. Comentários à Lei de Drogas. Salv ador: JusPODIVM, 2016.
1402997 (2013/0312380-5 de 11/03/2014). Ementa/ Acórdão.
6ª Turma. Relatora Maria Thereza de Assis Moura. Disponível

Simpósio de TCC e Seminário de IC , 2016 / 2º 1156

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