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Espac Os de Sobolev: Instituto de Matem Atica - UFRJ
Espac Os de Sobolev: Instituto de Matem Atica - UFRJ
ESPAÇOS DE SOBOLEV
por
Rio de Janeiro, RJ
2000
Medeiros, Luis Adauto da Justa, 1926 -
Espaços de Sobolev : iniciação aos problemas elı́ticos não
M488e homogêneos/ Luis Adauto da Justa Medeiros, Manuel Anto-
lino Milla Miranda - Rio de Janeiro: UFRJ. IM, 2000.
151p.
Inclui bibliografia.
Brás Cubas
i
O presente livro teve sua origem no inı́cio dos anos setenta, cujo prefácio, reproduzido
a seguir traz informações históricas sobre sua origem.
Nesta edição, o Capı́tulo III versa sobre os problemas de Dirichlet e Neumann, para
o Laplaciano, no caso não homogêneo com escolhas gerais das condições de fronteira. Este
capı́tulo segue as idéias de Lions [8] e Lions-Magenes [11], enriquecidos com as referências da
Bibliografia Complementar, particularmente Aubin [18], Brezis [19], Chavent [21], Dautray-
Lions [22], Kesavan [23].
O conteúdo deste livro inclui parte dos programas de disciplinas básicas sobre equações
diferenciais parciais do Instituto de Matemática da UFRJ.
Os autores agradecem aos colegas e aos seus alunos pelo estı́mulo para aperfeiçoar as
edições anteriores que convergiram para a atual. Em particular, gostarı́amos de deixar nossos
agradecimentos ao Marcos Araújo, pela cuidadosa revisão do texto acrescentado modificações
que o tornaram mais inteligı́vel.
Ao Wilson Góes, agradecemos pelo perfeito trabalho de digitação.
iii
iv
Prefácio (1a edição)
v
vi
Esta introdução aos Espaços de Sobolev que aqui apresentamos, é uma revisão dos
Capı́tulos I e II de nossa monografia Espaços de Sobolev e Equações Diferenciais Parciais
(Bibliografia número 11).
A presente edição além das correções decorrente da revisão acima mencionada, vem
aumentada do estudo do traço de ordem m e do traço da derivada normal. Deste modo, a
exposição fica completa, servindo de base ao estudo de uma ampla variedade de problemas
relacionados aos sistemas governados por equações diferenciais parciais. Para uma exposição
completa consulte Lions-Magenes número 11 da Bibliografia.
vii
viii
Sumário
2 Espaços de Sobolev 23
2.1 Introdução . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23
2.2 Propriedades Elementares dos Espaços de Sobolev . . . . . . . . . . . . . . . 23
2.2.1 Geometria dos Espaços de Sobolev . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24
2.2.2 O Espaço W0m,p (Ω) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25
2.2.3 O Espaço W −m,q (Ω) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30
ix
x SUMÁRIO
1.1 Introdução
No presente capı́tulo serão fixadas terminologia, a notação e certos resultados sobre
integração e teoria das distribuições, resultados estes a serem usados no desenvolver deste
texto.
Com a letra K representa-se, simultaneamente, o corpo dos números reais R ou o dos
números complexos C. Por N representa-se o monóide dos números naturais e por Z o anel
dos inteiros.
Dados α = (α1 , α2 , . . . , αn ) ∈ Nn e z = (z1 , z2 , . . . , zn ) ∈ Kn define-se
1
2 CAPÍTULO 1. RESULTADOS BÁSICOS SOBRE DISTRIBUIÇÕES
Seja u uma função numérica definida em Ω, u mensurável, e seja (Oi )i∈I a famı́lia de
todos os subconjuntos abertos Oi de Ω tais que u = 0 quase sempre em Oi . Considera-se o
[
subconjunto aberto O = Oi . Então u = 0 quase sempre em O. Como conseqüência deste
i∈I
fato, o suporte de u, o qual é denotado por supp u, é definido como sendo o subconjunto
fechado de Ω,
suppu = Ω\O.
Seja u uma função numérica, mensurável no Rn . A função τy u definida por (τy u)(x) =
u(x − y) denomina-se a translação de u por y. Mostra-se que
supp(τy u) = y + supp u.
Por L∞ (Ω) denota-se o espaço de Banach das funções numéricas u, mensuráveis em Ω e que
são essencialmente limitadas em Ω, equipado com a norma
Denota-se por Lploc (Ω), 1 ≤ p < ∞, o espaço localmente convexo das funções
numéricas u, mensuráveis em Ω, equipado com a famı́lia de semi-normas
onde
Z 1/p
p
pO (u) = |u(x)| dx .
O
Diz-se que a sucessão (uν ) de funções de Lploc (Ω) converge para zero em Lploc (Ω) se
Seja u ∈ Lploc (Ω) e (uν ) uma sucessão de funções de Lploc (Ω). Diz-se que (uν ) converge para
u em Lploc (Ω) se (uν − u) converge para zero em Lploc (Ω).
4 CAPÍTULO 1. RESULTADOS BÁSICOS SOBRE DISTRIBUIÇÕES
1 θα 1 (1−θ)α′
Daı́, notando que r
= p
e r
= q
, obtém-se a desigualdade (1.2.1).
No caso 1 ≤ p < r < ∞, segue-se que p = rθ e 0 < θ < 1. Portanto
Z Z
r(1−θ)
r
|u| dx = |u|rθ+r(1−θ) dx ≤ ||u||L∞(Ω) ||u||pLp (Ω)
Ω Ω
Além disso,
supp(u ∗ v) ⊂ supp u + supp v. (1.2.4)
Representa-se por C0∞ (Ω) o espaço vetorial das funções numéricas definidas em Ω,
com suporte compacto, possuindo em Ω derivadas parciais contı́nuas de todas as ordens. Os
elementos de C0∞ (Ω) são denominados funções testes em Ω.
Exemplo 1. Seja ρ: Rn 7→ R definida por:
exp (−1/(1 − ||x||2 )) se ||x|| < 1
ρ(x) =
0 se ||x|| ≥ 1
sendo ||x||2 = x21 + x22 + . . . + x2n . Mostra-se que ρ pertence a C0∞ (Rn ) e que supp ρ = {x ∈
Rn ; ||x|| ≤ 1}.
R
Exemplo 2. Seja k Rn
ρ(x) dx sendo ρ a função do Exemplo 1. Para cada ν = 1, 2, . . . , n, . . .
considere a função ρν : Rn 7→ R definido por
Mostra-se que ρν é, para cada ν, uma função teste no Rn possuindo as seguintes propriedades:
a) 0 ≤ ρν (x) ≤ ν n /ke
R R
b) Rn
ρν (x) dx = ||x||≤1/ν
ρν (x) dx = 1
Uma sucessão (ρν ) de funções testes no Rn com as propriedades a), b), c) é denomi-
nada uma sucessão regularizante.
Exemplo 3. Sejam u ∈ C0∞ (Rn ) e v ∈ Lp (Rn ), 1 ≤ p < ∞. Então u ∗ v pertence a
C ∞ (Rn ) ∩ Lp (Rn ) e D α (u ∗ v) = (D α u) ∗ v para todo α ∈ Nn . Quando v possui suporte
compacto, então, por (4), u ∗ v é uma função teste no Rn .
6 CAPÍTULO 1. RESULTADOS BÁSICOS SOBRE DISTRIBUIÇÕES
Para construir tal ϕ considere ε > 0 definido por ε = dist(K, F )/4 e construa os conjuntos
F0 = {x ∈ Rn ; dist(x, K) ≥ 2ε}, K0 = {x ∈ Rn ; dist(x, K) ≤ ε}. Considere ν ∈ N tal que
εν ≥ 1. Então se v: Rn 7→ R é definida por v(x) = dist(x, F0 )/(dist(x, F0 ) + dist(x, K0 )) para
todo x ∈ Rn , segue-se que ϕ = ρν ∗ v satisfaz todas as condições requeridas.
O objetivo nesta seção é mostrar que C0∞ (Ω) é denso em Lp (Ω), 1 ≤ p < ∞. Inicia-se,
para isto, com um resultado de continuidade.
Rn → Lp (Rn )
y 7→ τy u,
é contı́nua.
onde zν = yν − y → 0.
Provar-se-á, portanto, que a translação é contı́nua em y = 0. Seja (yν ) uma sucessão
de vetores do Rn com yν → 0. Primeiro mostra-se a continuidade para u = χO onde χO é a
função caracterı́stica de um subconjunto aberto limitado O de Rn . Tem-se:
Z
p
||τyν u − u||Lp (Rn ) = |χO (x − yν ) − χO (x)|p dx. (1.2.5)
Rn
1.2. ESPAÇO DE FUNÇÕES TESTES 7
Observe que χO (x − yν ) → χO (x) para todo x ∈ Rn \∂O (∂O fronteira de O), logo
Demonstração: Tem-se:
Z
(ρν ∗ u)(x) − u(x) = ρν (y){u(x − y) − u(x)} dy (1.2.8)
||y||≤1/ν
Z
pois ρν (y) dy = 1. Se p = 1, do Teorema de Fubini, resulta
||y||≤1/ν
Z
||ρν ∗ u − u||L1 (Rn ) ≤ ρν (y)||τy u − u||L1 (Rn ) dy,
||y||≤1/ν
8 CAPÍTULO 1. RESULTADOS BÁSICOS SOBRE DISTRIBUIÇÕES
Note que Z Z
ν nq
q ν nq 1
ρν (y) dy ≤ q q dy = q q
wn n
||y||≤1/ν k e ||y||≤1/ν k e ν
onde wn é o volume da esfera unitária do R . Portanto, n
Z p/q wn
p/q
1
q
ρν (y) dy ≤ p p ν (nq−n)p/q = C ν np(1− q ) = C ν n (1.2.10)
||y||≤1/ν k e
p/q
onde C = wn /k p ep . Considerando (1.2.10) em (1.2.9) e aplicando o Teorema de Fubini,
resulta
Z
||ρν ∗ u − u||pLp (Rn ) ≤Cν n
||τy u − u||pLp (Rn ) dy ≤ C wn sup ||τy u − u||pLp (Rn ) .
||y||≤1/ν ||y||≤1/ν
1
Kν = {x ∈ Ω; dist(x, Γ) ≥ } ∩ {x ∈ Rn ; ||x|| ≤ ν}
ν
onde Γ é a fronteira de Ω.
1.2. ESPAÇO DE FUNÇÕES TESTES 9
Diz-se que ũ é a extensão de u por zero fora de Ω. Tem-se ũ ∈ Lp (Rn ) e supp ũ = supp u é
um compacto de Rn . Portanto, (ρν ∗ ũ) é uma sucessão de funções testes no Rn que converge
para ũ em Lp (Rn ). Represente por vν a restrição a Ω da função ρν ∗ ũ. Resulta que vν é uma
função teste em Ω para cada ν ≥ 2/r e a sucessão (vν ) converge para u em Lp (Ω).
Diz-se que uma sucessão (ϕν ) de funções de C0∞ (Ω) é convergente para zero, quando
as seguintes condições forem satisfeitas:
Se ϕ ∈ C0∞ (Ω), diz-se que a sucessão (ϕν ) de elementos de C0∞ (Ω) converge para ϕ em
C0∞ (Ω), quando a sucessão (ϕν − ϕ) converge para zero no sentido dado acima.
10 CAPÍTULO 1. RESULTADOS BÁSICOS SOBRE DISTRIBUIÇÕES
O espaço vetorial C0∞ (Ω) com esta noção de convergência é representado por D(Ω) e
denominado espaço das funções testes em Ω.
lim Tν = T em D ′ (Ω),
ν→∞
para toda ϕ ∈ D(Ω). Mostra-se sem dificuldades que Tu é uma distribuição sobre Ω.
que são subconjuntos compactos disjuntos de O. Do Exemplo 4 da Seção 1.2.2, vem que
existem ϕ1 , ϕ2 em D(O) tais que:
ϕ1 = 1 em K1 Dϕ1 = 0 em K2 0 ≤ ϕ1 ≤ 1
ϕ2 = 0 em K1 ϕ2 = 1 em K2 0 ≤ ϕ2 ≤ 1
Tomando-se ψ = ϕ1 − ϕ2 , obtém-se:
ψ = 1 em K1 , ψ = −1 em K2 , −1 ≤ ψ ≤ 1.
Resulta, portanto,
Z Z Z
vψ dx = vψ dx + vψ dx,
O O\K K
Portanto,
Z Z Z Z
|u| dx ≤ |u − v| dx + |v| dx + |v| dx ≤ 2ε + 2ε med(O).
O O K O\K
12 CAPÍTULO 1. RESULTADOS BÁSICOS SOBRE DISTRIBUIÇÕES
Fazendo-se ε tender para zero obtém-se que u = 0 quase sempre em O. Sendo O arbitrário,
resulta que u = 0 quase sempre em Ω.
A demonstração acima é válida para u tomando valores reais. Se u toma valores
R
complexos, observa-se que a condição Ω uϕ dx = 0 para toda ϕ em D(O), implica
Z Z
(Re u)ϕ dx = 0, (Im u)ϕ = 0, ∀ ϕ ∈ D(Ω), ϕ uma função real.
Ω Ω
A proposição segue aplicando a demonstração feita acima a cada uma destas integrais.
Observação 2 Do Lema de Du Bois Raymond segue-se que para cada u ∈ L1loc (Ω), tem-se
Tu univocamente determinada por u sobre Ω, quase sempre, no seguinte sentido: se u, v ∈
L1loc (Ω) então Tu = Tv se e somente se u = v quase sempre em Ω. Por esta razão, identifica-
se u com a distribuição Tu por ela definida e diz-se a distribuição u ao invés de dizer a
distribuição Tu .
É oportuno observar que existem distribuições não definidas por funções de L1loc (Ω),
como pode ser visto no exemplo que se segue.
Fácil é verificar que δx0 é uma distribuição sobre Ω, denominada distribuição de Dirac ou
medida de Dirac concentrada em x0 . Quando x0 = 0 escreve-se δ0 .
Mostra-se que a distribuição δx0 não é definida por uma função u de L1loc (Ω), isto é,
não existe u ∈ L1loc (Ω) tal que
Z
u(x)ϕ(x) dx = ϕ(x0 ) para toda ϕ ∈ D(Ω).
Ω
para toda ϕ ∈ D(Ω). Pelo Lema de Du Bois Raymond tem-se ||x − x0 ||2 u(x) = 0 quase
sempre em Ω, mostrando que u(x) = 0 quase sempre em Ω, isto é, δx0 = 0 o que é uma
contradição.
Observação 3 Existem sucessões (uν ) de funções de L1loc (Ω) que convergem para distri-
buições T em D ′ (Ω), mas o limite T não pode ser definido por uma função de L1loc (Ω).
Assim
lim θε = δx0 em D ′ (Ω).
ε→0+
Exemplo 3. Seja (uν ) uma sucessão de funções de Lploc (Ω), 1 ≤ p < ∞; tal que
Com efeito, a continuidade da imersão de D(Ω) em Lploc (Ω) é fácil de verificar e a continuidade
da imersão de Lploc (Ω) em D ′ (Ω) foi mostrada no Exemplo 3. A densidade de D(Ω) em D ′ (Ω)
será provada posteriormente. Para mostrar que D(Ω) é denso em Lploc (Ω), procede-se como
se segue. Seja u ∈ Lploc (Ω) e (Kν ) a sucessão de subconjuntos compactos de Ω dada na
Observação 1. Para cada aberto Oν = int Kν determina-se ϕν ∈ D(Oν ) tal que
1
||u − ϕν ||Lp (Oν ) < ·
ν
A sucessão (ϕν ) de funções testes em Ω converge para u em Lploc (Ω) quando ν → ∞.
Considere uma distribuição T sobre Ω e α ∈ Nn . A derivada de ordem α de T é, por
definição, a forma linear D α T definida em D(Ω) por:
D α : D ′ (Ω) 7→ D ′ (Ω), T 7→ D α T
Outro resultado que vale a pena mencionar é que a derivada de uma função de L1loc (Ω),
não é, em geral, uma função de L1loc (Ω), como mostra o exemplo que vem a seguir. Tal fato,
1.3. DISTRIBUIÇÕES SOBRE UM ABERTO Ω DO RN 15
D α (ϕ ∗ u) = ϕ ∗ D α u.
Note que D α u é a derivada no sentido das distribuições. A igualdade acima é uma con-
seqüência da definição de derivada e do Teorema de Fubini.
A seguir serão fixados certos resultados sobre multiplicação de uma distribuição por
uma função, restrição de uma distribuição, distribuição temperada e transformada de Fourier.
Verificar-se-á esta fórmula no caso α = ei = (0, . . . , 1, . . . , 0). Para todo ϕ em D(Ω) tem-se:
hDi (ρT ), ϕi = −hρT, Di ϕi = −hT, ρ(Di ϕ)i = hT, −Di (ρϕ) + (Di ρ)ϕi =
= −hT, Di (ρϕ)i + hT, (Di ρ)ϕi = hDi T, ρϕi + h(Diρ)T, ϕi =
= hρDi T + (Di ρ)T, ϕi.
a) D α ϕ g
e=D α ϕ para todo α ∈ Nn
Tem-se D(Rn ) ֒→ S(Rn ). O espaço D(Rn ) é denso em S(Rn ). De fato, seja θ ∈ D(Rn )
tal que
θ(x) = 1 se ||x|| ≤ 1 e θ(x) = 0 se ||x|| ≥ 2. (1.3.14)
Para cada ν ∈ N, define-se θν (x) = θ(x/ν) para todo x ∈ Rn . Seja u ∈ S(Rn ) então a
sucessão (θν u) de funções de D(Rn ) converge para u em S(Rn ). Para mostrar a convergência
observe que pela Fórmula de Leibniz para funções, resulta
D α (θν (x)u(x)) −D α u(x) = (θν (x)D α u(x) − D α u(x))+
X α! 1 β
+ |β|
D θ(x/ν)D α u(x).
β≤α
β!(α − β)! ν
β>0
Portanto
pk (θν u − u) ≤ max sup (1 + ||x||2)k |θν (x)D α u(x) − D α u(x)| +
" |α|≤k x∈Rn #
X α! 1 (1.3.15)
+ max sup (1 + ||x||2)k |β|
|D β θ(x/ν)D α−β u(x)|
|α|≤k x∈Rn
β≤α, β>0
β!(α − β)! ν
A segunda parcela do segundo membro de (1.3.15) converge para zero quando ν → ∞ como
pode ser visto facilmente. A primeira parcela converge para zero como conseqüência da
expressão (1.3.13) e do fato que θν (x)D α u(x) = D α u(x) para ||x|| ≤ ν.
18 CAPÍTULO 1. RESULTADOS BÁSICOS SOBRE DISTRIBUIÇÕES
2
Observe-se que u(x) = e−||x|| pertence a S(Rn ) mas não pertence a D(Rn ).
Como conseqüência do exposto vem que se T é uma distribuição temperada, sua
restrição a D(Rn ) é uma distribuição sobre Rn , a qual ainda representa-se por T . Além
disto, se S é uma distribuição sobre Rn tal que existe C > 0 e k ∈ N satisfazendo a condição:
segue-se da densidade de D(Rn ) em S(Rn ), que S pode ser estendida como uma distribuição
temperada.
Exemplo 1. Como |hδ0 , ϕi| ≤ p0 (ϕ) para toda ϕ ∈ D(Rn ) segue-se de (1.3.16) que δ0 ∈
S ′ (Rn ).
Exemplo 2. Seja u ∈ L1loc (Rn ) tal que
Z
|u(x)|
C= dx < ∞
Rn (1 + ||x||2)k
para algum k ∈ N, k > 0. Então |hu, ϕi| ≤ C pk (ϕ) para toda ϕ ∈ D(Rn ). Conseqüente-
mente, u é uma distribuição temperada.
Como conseqüência do Exemplo 2 e notando que
Z
1
2 m
dx < ∞ para m > n/2,
Rn (1 + ||x|| )
vem que toda u ∈ Lp (Rn ) 1 ≤ p ≤ ∞, define uma distribuição temperada. Para 1 < p < ∞,
tem-se:
1 1
D(Rn ) ֒→ S(Rn ) ֒→ Lq (Rn ) + =1
p q
sendo cada inclusão densa na seguinte. Então por dualidade resulta
Dada uma função u ∈ L1 (Rn ), define-se sua transformada de Fourier como sendo a
função F u definida no Rn por
Z
−n/2
(F u)(x) = (2π) e−i(x,y) u(y) dy
Rn
e
são isomorfismos contı́nuos e F −1 = F.
2 /2 2 /2
Observe que F e−||x|| = e−||x|| .
Para todo ϕ, ψ ∈ S(Rn ), tem-se:
F (D αT ) = i|α| xα F T, Dα (F T ) = F ((−i)α xα T ).
e Fv)
(F u, F v)L2(Rn ) = (u, v)L2(Rn ) = (Fu, e L2 (Rn )
Exercı́cios
1. Seja u: R → R uma função contı́nua e periódica de perı́odo P > 0 e (ρν ) uma sucessão
regularizante em R. Mostre que:
3. Seja ]a, b[ um intervalo aberto finito da reta e A o operador d/dx com domı́nio
n du o
D(A) = u ∈ L2 (a, b); ∈ L2 (a, b) . Mostre que
dx
A: D(A) ⊂ L2 (a, b) → L2 (a, b)
não é contı́nuo.
Sugestão: Primeiro mostre que (1.3.12) implica lim xβ D α ϕ(x) = 0. Para isto
||x||→∞
observe que |a| ≤ 12 (1 + a2), para todo a ∈ R, e que sup (1 + ||x||2)k |g(x)| < ∞ implica
x∈Rn
g(x) → 0 quando ||x|| → ∞.
U = {x ∈ Rn ; |xi | ≤ 1, i = 1, 2, . . . , n}.
Espaços de Sobolev
2.1 Introdução
Este é o capı́tulo fundamental deste texto, pois nele serão demonstrados os resultados
básicos para aplicação às equações diferenciais parciais. Inicialmente introduz-se a noção
de espaço de Sobolev e certas propriedades elementares são mencionadas. Com base nestes
conceitos demonstra-se os teoremas de imersão, incluindo as imersões compactas; estuda-
se o prolongamento; finalizando o capı́tulo com a demonstração de uma versão simples do
teorema do traço e uma generalização do teorema de Green.
23
24 CAPÍTULO 2. ESPAÇOS DE SOBOLEV
Não é difı́cil verificar que a função ||u||m,p , 1 ≤ p ≤ ∞, é uma norma em W m,p (Ω). Os
espaços normados W m,p (Ω) são denominados espaços de Sobolev.
Demonstração: Seja (uν ) uma sucessão de Cauchy de vetores de W m,p (Ω). Sendo ||D α u||Lp (Ω) ≤
||u||m,p para todo u ∈ W m,p (Ω) e |α| ≤ m, segue-se que (D α uν ) é uma sucessão de Cauchy
do espaço de Banach Lp (Ω), então existe um vetor vα de Lp (Ω) tal que
D α uν → vα em Lp (Ω). (2.2.1)
uν → u em Lp (Ω). (2.2.2)
e
uν → u em D ′ (Ω) (2.2.4)
D α uν → D α u em D ′ (Ω). (2.2.5)
De (2.2.3), (2.2.5) e a unicidade dos limites em D ′ (Ω) resulta D α u = vα , 0 < |α| ≤ m, que
mostra a proposição.
O caso particular p = 2 é útil nas aplicações e neste caso o espaço de Sobolev W m,p (Ω)
é representado por H m (Ω). O espaço H m (Ω) é um espaço de Hilbert com o produto escalar
dado por:
X
(u, v)m = (D α u, D α v)L2 (Ω)
|α|≤m
Proposição 2.2.2 Seja u ∈ W0m,p (Ω) e ũ a extensão de u por zero fora de Ω. Tem-se:
a) ũ ∈ W m,p (Rn )
g
b) D α ũ = D α u para todo |α| ≤ m
c) ||u||m,p = ||ũ||m,p .
26 CAPÍTULO 2. ESPAÇOS DE SOBOLEV
Demonstração: Sejam U uma bola aberta tal que U ∩ Ω 6= φ e θ ∈ D(Rn ) tal que θ = 1
em U ∩ Ω. Considerando u(x) = 1, x em Ω, então v = θu ∈ W m,p (Ω) = W0m,p (Ω), logo
^
ṽ ∈ W m,p (Rn ) e Di ṽ = (D i v) (i = 1, . . . , n). Seja ϕ ∈ D(Ω). Tem-se:
Z Z Z Z
(Di ṽ)ϕ dx = (Di ṽ)ϕ dx + (Di ṽ)ϕ dx = (Dgi v)ϕ dx = 0
U U ∩∁ Ω U ∩Ω U ∩∁Ω
pois
∞
X
med ∁ Ω ≤ med[∁ Ω ∩ B(0, ν)] = 0
ν=1
2.2. PROPRIEDADES ELEMENTARES DOS ESPAÇOS DE SOBOLEV 27
|D α θν (x)| ≤ Mα /ν |α|
para todo x ∈ Rn e ν ∈ N.
θν u → u em Lp (Rn )
28 CAPÍTULO 2. ESPAÇOS DE SOBOLEV
(D α θν )u → 0 em Lp (Rn ), se α 6= 0.
e dos limites acima, segue-se que para todo 0 < |α| ≤ m a sucessão (D α (θν u)) converge para
D α u em Lp (Rn ). Portanto, (θν u) é uma sucessão de vetores de W m,p (Rn ) convergente para
u em W m,p (Rn ) e além disto, θν u possui suporte compacto contido na bola B2ν (0).
Suponha agora que u ∈ W m,p (Rn ) seja tal que seu suporte seja compacto. Se (ρν ) é
uma sucessão regularizante no Rn , segue-se que (ρν ∗ u) é uma sucessão de funções testes no
Rn . Além disto, para todo |α| ≤ m, tem-se:
Portanto,
D α (ρν ∗ u) → D α u em Lp (Rn ),
Observação 5 Seja u ∈ W m,p (Ω). Então, note-se que supp (D α u) ⊂ supp u, para todo
|α| ≤ m.
Proposição 2.2.4 Se u ∈ W m,p (Ω) e possui suporte compacto, então u ∈ W0m,p (Ω).
Demonstração: De fato, seja r = dist(suppu, C Ω) > 0 e ρ uma função teste no Rn tal que
ρ = 1 numa vizinhança U do supp u, U ⊂ Ω. Para toda ϕ em D(Rn ), tem-se ρϕ|Ω é uma
função teste em Ω, logo se |α| ≤ m tem-se:
Z
α
hD ũ, ϕi = (−1) |α|
u(x)D α (ρϕ)(x) dx = (−1)|α| hu, D α(ρϕ|Ω )i =
U Z
α
= hD u, (ρϕ|Ω )i = D α u(x)ρ(x)ϕ(x) dx = hDg α u, ϕi
U
provando que ũ ∈ W m,p (Rn ). Note-se que na última integral usa-se a Observação 5.
Tem-se também supp ũ = sup u, que é um compacto do Rn , portanto (ρν ∗ ũ) é uma
sucessão de funções testes no Rn que converge para ũ em W m,p (Rn ). Seja uν a restrição de
ρν ∗ ũ a Ω. Segue-se então que (uν ) converge para u = ũ|Ω em W m,p (Ω). Para ν > 2/r,
tem-se:
logo, supp uν = supp(ρν ∗ ũ)∩Ω = supp(ρν ∗ ũ) é um compacto de Ω. Este argumento significa
que (uν )ν≥2/r é uma sucessão de funções testes em Ω convergindo para u em W m,p (Ω), isto
é, u ∈ W0m,p (Ω), o que prova a proposição.
Observação 6 Se supp u for compacto e u ∈ W m,p (Ω)∩W s,q (Ω), então existe uma sucessão
(ϕν ) de funções testes em Ω convergente para u na topologia de W m,p (Ω) e também na
topologia de W s,q (Ω). Isto pode ser deduzido a partir da demonstração da Proposição . Em
verdade, este fato é uma conseqüência do seguinte resultado: Sejam Z um espaço vetorial
30 CAPÍTULO 2. ESPAÇOS DE SOBOLEV
tal que σ(f ) = f |D(Ω) para todo f em W −m,q (Ω). Por ser D(Ω) denso em W0m,q (Ω) resulta
que σ é injetora. Também se (fν ) é uma sucessão de vetores de W −m,q (Ω) tal que fν → 0 em
W −m,q (Ω) então σ(fν ) → 0 em D ′ (Ω), isto é, σ é contı́nua. A aplicação σ permite identificar
W −m,q (Ω) a um subespaço vetorial de D ′ (Ω) e com esta identificação tem-se:
Quando se diz que uma distribuição T pertence a W −m,q (Ω), significa dizer que T ,
definida em D(Ω), pode ser estendida como um funcional linear contı́nuo ao espaço W0m,p (Ω).
Esta extensão contı́nua é representada por T . O resultado que segue caracteriza as distri-
buições de W −m,q (Ω).
para todo ω ∈ E.
Teorema 2.2.2 Seja T uma distribuição sobre Ω, então T ∈ W −m,q (Ω) se e somente se
existem funções gα ∈ Lq (Ω), |α| ≤ m, tais que
X
T = D α gα .
|α|≤m
Demonstração: Suponha T definida pelo somatório acima. Então, para todo ϕ ∈ D(Ω),
tem-se:
X 1/q
|hT, ϕi| ≤ ||ϕ||m,p ||gα||Lq (Ω) , 1 < p < ∞.
|α|≤m
Sendo D(Ω) denso em W0m,q (Ω), a última desigualdade diz ser possı́vel estender T , por
continuidade, ao espaço W0m,q (Ω) e portanto, T ∈ W −m,q (Ω). O caso p = 1 se procede de
forma análoga.
Seja T ∈ W −m,q (Ω) e k o número de ı́ndices α ∈ Nn tais que |α| ≤ m. Os elementos
u de E = (Lp (Ω))k podem ser escritos como (uα )|α|≤m , uα ∈ Lp (Ω). Desde que a aplicação
σ: W0m,p (Ω) → E
tal que σ(u) = (D α u)|α|≤m é uma isometria linear, tem-se E0 = {(D α u)|α|≤m ; ∈ W0m,q (Ω)} é
um subespaço fechado de E. Seja f0 o funcional linear definido em E0 por
para todo u em W m,p (Ω). Tem-se T |D(Ω) pertence a D ′ (Ω), mas a aplicação
definida por σ(T ) = T |D(Ω) não é injetora se W0m,p (Ω) está contido estritamente em W m,p (Ω).
Para provar que os espaços W m,p (Ω), 1 < p < ∞, são reflexivos, dois resultados são
recordados: o primeiro é que os Lp (Ω), 1 < p < ∞, são reflexivos e o segundo é o Teorema de
Alaoglu-Bourbaki; este teorema afirma que um espaço de Banach E é reflexivo se e somente
se toda sucessão limitada de vetores de E possui uma subsucessão fracamente convergente.
Teorema 2.2.3 Se 1 < p < +∞ então W m,p (Ω) é um espaço de Banach reflexivo.
Demonstração: Seja (uν ) uma sucessão limitada de vetores de W m,p (Ω). Então, para
todo |α| ≤ m, (D α uν ) é limitada em Lp (Ω). Resulta a existência de uma subsucessão
(u′ν ) de (uν ) que converge fracamente, logo (D1 u′ν ) é limitada em Lp (Ω), assim existe uma
subsucessão (u′′ν ) de (u′ν ) tal que (D1 u′′ν ) é fracamente convergente. Por sucessivas aplicações
deste argumento encontra-se uma subsucessão (vν ) de (uν ) e uma função vα ∈ Lp (Ω) tal que
para todo |α| ≤ m a sucessão (D α vν ) é fracamente convergente em Lp (Ω) para um vetor vα .
Isto significa que para cada |α| ≤ m e ω̄ ∈ Lq (Ω), tem-se:
Z Z
α
D vν (x)ω(x) dx → vα (x)ω(x) dx
Ω Ω
1 1
sendo p
+ q
= 1. Considerando-se v = v(0,0,...,0) , da convergência acima, obtém-se que
vν → v em D ′ (Ω) e D α uν → vα em D ′ (Ω), 0 < |α| ≤ m, portanto D α uν → D α v em D ′ (Ω),
|α| ≤ m. Da unicidade dos limites em D ′(Ω) segue-se então que D α v = vα , |α| ≤ m. Assim
v ∈ W m,p (Ω).
Resta somente provar que (vν ) converge para v fracamente em W m,p (Ω). De fato,
seja T uma forma linear contı́nua definida em W m,p (Ω). Da Observação 2.2.3 desta seção,
tem-se a existência de funções gα ∈ Lq (Ω) tais que
X Z
hT, ui = gα (x)D α u(x) dx
|α|≤m Ω
34 CAPÍTULO 2. ESPAÇOS DE SOBOLEV
Se u pertence ao ortogonal de H0m (Ω) então (u, v)m = 0 para todo v ∈ H0m (Ω), em particular,
(u, ϕ̄)m = 0 para toda função teste ϕ em Ω, portanto, hLu, ϕi = 0 para toda função teste,
isto é, Lu = 0.
Suponha agora u ∈ H m (Ω) e Lu = 0. Então (u, ϕ)m = hLu, ϕ̄i = 0 par toda
ϕ ∈ D(Ω). Sendo D(Ω) denso em H0m (Ω), tem-se (u, v)m = 0 para todo v em H0m (Ω), isto
é, u é ortogonal a H0m (Ω).
2.2. PROPRIEDADES ELEMENTARES DOS ESPAÇOS DE SOBOLEV 35
Proposição 2.2.6 O operador L transforma H0m (Ω) sobre H −m (Ω), de maneira isométrica.
Demonstração: Seja u ∈ H0m (Ω) tal que Lu = 0. Pela Proposição 2.2.5 tem-se u ∈
H0m (Ω) ∩ (H0m (Ω))⊥ , portanto, u = 0. Se f ∈ H −m (Ω), pelo teorema de Riesz existe
u ∈ H0m (Ω) tal que
hf, vi = (v, u)m para todo v ∈ H0m (Ω),
portanto, tem-se f = Lū com u ∈ H0m (Ω) e ||Lū||−m = ||f ||−m = ||u||m = ||ū||m .
Demonstração: Dado f ∈ H −m (Ω), seja u ∈ H0m (Ω) tal que Lu = f . Se (ϕν ) é uma
sucessão de D(Ω), convergente para u em H0m (Ω), a sucessão (Lϕν ) converge para Lu = f
em H −m (Ω), porque L é uma isometria. Isto prova a proposição, desde que Lϕν é uma
função teste.
Demonstração: Tem-se D(Ω) ֒→ H0m (Ω) com D(Ω) denso em H0m (Ω). Então por dualidade
resulta H −m (Ω) ֒→ D ′ (Ω) com H −m (Ω) denso em D ′(Ω). Desta densidade e da densidade
de D(Ω) em H −m (Ω) dada pela Proposição 2.2.7, segue o corolário.
Para concluir esta seção mostra-se a Desigualdade de Poincaré da qual obtém-se sig-
nificantes propriedades para os espaços H0m (Ω). Inicia-se introduzindo a seguinte definição.
Diz-se que o aberto Ω do Rn é limitado na direção xi se existe um intervalo aberto finito
]a, b[ da reta tal que
pri Ω ⊂ ]a, b[
Z b
2
que acarreta, pela desigualdade de Schwarz, |ϕ(t)| ≤ (b − a) |ϕ′(s)|2 ds, a qual implica
a
Z b Z b
2 2
|ϕ(t)| dt ≤ (b − a) |ϕ′ (t)|2 dt. (2.2.7)
a a
Observa-se que ψx′ (t) = ϕ(t, x′ ) pertence a D(]a, b[) para cada x′ ∈ Rn−1 . Logo a desigual-
dade (2.2.7) com ψx′ implica
Z Z b 2
b ∂ϕ
′ 2
|ϕ(t, x )| dt ≤ (b − a) ′ 2
∂t (t, x ) dt.
a a
Então a desigualdade de Poincaré diz que ||u|| é uma norma em H01 (Ω) e que em H01 (Ω) as
normas ||u|| e ||u||1 = ||u||H 1(Ω) são equivalentes. Com base neste resultado, em H01 (Ω), Ω
limitado em alguma direção xi de Rn , considera-se o produto escalar
Xn Z
∂u ∂v
((u, v)) = dx.
i=1 Ω
∂xi ∂xi
onde C > 0 é uma constante independente de u ∈ H0m (Ω). A outra desigualdade é imediata.
Seja u ∈ H0m (Ω) então D α u ∈ H01 (Ω) para todo |α| ≤ m − 1. Da Observação 8 resulta então
Z Xn Z 2
∂
α 2
|D u| dx ≤ C D α
u
∂xi dx.
Ω i=1 Ω
Isto acarreta,
Z X Z
α 2
|D u| dx ≤ C |D β u|2 dx para todo |α| ≤ m − 1.
Ω |β|=m Ω
e
Z b Z b
|ϕ(t)| dt ≤ (b − a) |ϕ′(t)| dt, ∀ ϕ ∈ D(]a, b[).
a a
X
L: H0m (Ω) 7→ H −m (Ω), L= (−1)|α| D 2α
|α|≤m
Xn
∂2
−∆: H01 (Ω) 7→ H −1
(Ω), ∆=
i=1
∂x2i
I) n≥2e1≤p<∞
II) n=1e1≤p<∞
III) n≥1ep=∞
Os pontos do Rn+1 são também escritos sob a forma (x, t) sendo x ∈ Rn e t ∈ R; as projeções
de Rn+1 em Rn dadas por
Obtém-se também,
Z
||ui,t||Ln−1
n−1 (Rn−1 ) = |ωi(y, t)|n dy.
Rn−1
(n−1)/n
Se θi (t) = ||ui,t||Ln−1 (Rn−1 ) segue-se do teorema de Fubini que θi ∈ Ln (R) e que:
Z Z
θin (t) dt = |ωi(y, t)|n dydt,
R Rn
isto é,
||θ||Ln(R) = ||ω||Ln(Rn ) . (2.3.12)
(n − 1)p n(p − 1)
Proposição 2.3.2 Dado 1 ≤ p < n, considere C0 = es= · Então, para
n−p n−p
toda função teste ϕ sobre o Rn , existem u1 , u2, . . . , un no Ln−1 (Rn−1 ), sendo:
Z
n−1
a) ||ui||Ln−1 (Rn−1 ) ≤ C0 |ϕ(x)|s |Di ϕ(x)| dx, i = 1, 2, . . . , n
Rn
Demonstração: Não há perda de generalidade admitir-se i = 1. Se u1 (y) = sup |ϕ(t, y)|p/(n−p),
t∈R
y ∈ Rn−1 , é simples concluir, notando que o suporte de u1 é um compacto de Rn−1 , que
42 CAPÍTULO 2. ESPAÇOS DE SOBOLEV
u1 ∈ Ln−1 (Rn−1 ) e que u1 satisfaz a condição b). Mostra-se que u1 também satisfaz a
primeira condição a). Com efeito, para todo x ∈ Rn tal que ϕ(x) 6= 0, tem-se:
D1 |ϕ(x)|C0 ≤ C0 |ϕ(x)|s |D1 ϕ(x)|.
que acarreta
Z
n−1
|u1(y)| ≤ C0 |ϕ(ξ, y)|s |D1 ϕ(ξ, y)| dξ
R
1 1 1 (n − 1)p
= − e C0 = ·
q p n (n − p)
que implica a desigualdade de Sobolev, pois para números reais não negativos a1 , a2 , . . . , an
Y n 1/n 1 X
n
tem-se ai ≤ ai . No caso p > 1, considere p′ = p/(p − 1). Desde que
i=1
n i=1
p′ s = np/(n − p) = q, tem-se:
′
|| |ϕ|s||Lp p′ (Rn ) = ||ϕ||qLq (Rn ) .
Considere u1 , u2, . . . , un em Ln−1 (Rn−1 ) como na Proposição 2.3.2. Pela parte a) desta
proposição e pela desigualdade de Hölder, obtém-se:
q/p′
||ui||Ln−1
n−1 (Rn−1 ) ≤ C0 ||Di ϕ||Lp (Rn ) ||ϕ||Lq (Rn ) .
nq
Note que sendo (n − 1)q −= n, a desigualdade anterior implica a de Sobolev quando
p′
6 0. Quando ϕ = 0 a desigualdade segue diretamente. Assim a demonstração está
ϕ =
concluı́da.
44 CAPÍTULO 2. ESPAÇOS DE SOBOLEV
1 m
a) − > 0 se e somente se mp < n
p n
1 1 m
b) = − > 0 implica p < q
q p n
1 1 m
Teorema 2.3.1 (Sobolev) Sejam 1 ≤ p < ∞, mp < n e = − · Então W m,p (Rn )
q p n
está contido em Lq (Rn ) e se verifica
C m X
0
||u||Lq (Rn ) ≤ ||D α u||Lp (Rn ) , (2.3.14)
n
|α|=m
1 1 m
com mp1 < n e = − · Deseja-se obter a desigualdade (2.3.14) para m + 1. Tem-se
q1 p1 n
então (m + 1)p < n e
1 1 m+1 1 m 1 1 1 m 1 1 1
= − = − − , = − > 0, = − ·
q p n p n n q1 p n q q1 n
De (2.3.15) obtém-se:
C m X
0
||Di ϕ||Lq1 (Rn ) ≤ ||D α Di ϕ||Lp (Rn )
n
|α|=m
portanto
n m+1 Xn X
C0 X C0
||Diϕ||Lq1 (Rn ) ≤ ||D α Di ϕ||Lp (Rn ) =
n i=1 n i=1 |α|=m
m+1 X (2.3.17)
C0
= ||D α ϕ||Lp (Rn ) .
n
|α|=m+1
Tem-se:
C m X
0
||ϕν − ϕµ ||Lq (Rn ) ≤ ||D α ϕν − D α ϕµ ||Lp (Rn ) .
n
|α|=m
46 CAPÍTULO 2. ESPAÇOS DE SOBOLEV
Logo, pelas convergências (2.3.18), segue-se que (ϕν ) é uma sucessão de Cauchy em Lq (Rn ).
Resulta disto e de (2.3.18) que
segue das convergências (2.3.18) e (2.3.19), a desigualdade (2.3.14) para u ∈ W m,p (Rn ). Isto
prova o teorema.
Como uma conseqüência direta do Teorema 2.3.1, segue o resultado:
1 1 m
Corolário 4 Seja 1 ≤ p < ∞, mp < n e = − · Então
q p n
np
Corolário 5 Se 1 ≤ p < ∞, mp < n e p ≤ q ≤ então
n − mp
np
Demonstração: De fato, ponha q0 = e considere o espaço de Banach E = Lp (Rn )∩
n − mp
Lq0 (Rn ) com a norma
||u||E = ||u||Lp(Rn ) + ||u||Lq0 (Rn ) .
1 1 m
Corolário 6 Se 1 ≤ p < ∞, mp < n e = − então W m+k,p(Rn ) ֒→ W k,q (Rn ) para
q p n
todo k inteiro não negativo.
2.3. IMERSÕES DE ESPAÇOS DE SOBOLEV 47
Demonstração: Seja |α| ≤ k então pelo Teorema 2.3.1 resulta para ϕ em D(Rn ):
m X
α C0
||D ϕ||Lq (Rn ) ≤ ||D β D α ϕ||Lp (Rn )
n
|β|=m
de onde 1/p
X
||D αϕ||Lq (Rn ) ≤ C ||D γ ϕ||pLp (Rn )
|γ|≤m+k
que implica
1 1 1
Então r = q onde = − ·
q p n
n n
que implica 1 + − = 0.
r p
2.3.2 Caso mp = n
Nesta seção mostra-se que W m,p (Rn ) está imerso continuamente em Lq (Rn ) para todo
q ∈ [p, ∞[ . Para isto prova-se inicialmente o seguinte resultado:
48 CAPÍTULO 2. ESPAÇOS DE SOBOLEV
Lema 2.3.1 Seja q ∈ [n, ∞[ . Então existe uma constante C(n, q) > 0 tal que
Seja ρ > 1 e ψ = |ϕ|ρ−1 ϕ com ϕ ∈ D(Rn ). Então desta desigualdade com ψ resulta
n
Y 1/n
||ϕ||ρLρn/(n−1) (Rn ) ≤ρ || |ϕ|ρ−1 Di ϕ||L1 (Rn ) .
i=1
1 1
Tem-se, com + ′ = 1:
p p
Z
|ϕ|ρ−1 |Di ϕ| dx = ||ϕ||ρ−1 ′
L(ρ−1)p (Rn )
||Diϕ||Lp (Rn ) .
Rn
Fazendo p = n, portanto p′ = n/(n − 1), nesta última desigualdade e notando que a média
geométrica é menor ou igual que a média aritmética, obtém-se:
X n
ρ
||ϕ||ρLρn/(n−1) (Rn ) ≤ ||ϕ||ρ−1
L(ρ−1)n/(n−1) n
(R )
||Diϕ||Ln (Rn ) .
n i=1
Desta expressão e aplicando a desigualdade de Hölder para números reais não negativos
aρ bρ/(ρ−1)
ab ≤ + resulta
ρ ρ/(ρ − 1)
n
(ρ − 1) 1X
||ϕ||Lρn/(n−1) (Rn ) ≤ ||ϕ||L(ρ−1)n/(n−1) (Rn ) + ||Di ϕ||Ln (Rn ) . (2.3.20)
ρ n i=1
2.3. IMERSÕES DE ESPAÇOS DE SOBOLEV 49
(n − 1)
||ϕ||L(n+k)n/(n−1) (Rn ) ≤ ||ϕ||Ln(Rn ) +
n + k
(k + 1)(2n + k) X
n (2.3.21)
+ ||Diϕ||Ln (Rn ) , ∀ k = 0, 1, 2, . . .
2n(n + k) i=1
Mostra-se esta desigualdade por indução com relação a k. Com efeito, fazendo ρ = n em
(2.3.20) resulta (2.3.21) com k = 0. Suponha (2.3.21) verdadeiro para k ≥ 0 e considere
k + 1. Fazendo ρ = n + k + 1 em (2.3.20) e usando a hipótese de indução, obtém-se:
||ϕ||L(n+k+1)n/(n−1) (Rn ) ≤
" n
#
n+k n−1 (k + 1)(2n + k) X
≤ ||ϕ||Ln(Rn ) + ||Diϕ||Ln (Rn ) +
n+k+1 n+k 2n(n + k) i=1
n
1X n−1
+ ||Di ϕ||Ln (Rn ) = ||ϕ||Ln(Rn ) +
n i=1 n+k+1
n
(k + 2)(2n + k + 1) X
+ ||Diϕ||Ln (Rn )
2n(n + k + 1) i=1
1 θ 1−θ
onde = + e 0 ≤ θ ≤ 1. Combinando (2.3.21) e (2.3.22) obtém-se a
q n (n + k)n/(n − 1)
desigualdade do lema.
O teorema segue então pela densidade de D(Rn ) em W 1,p (Rn ). Suponha que o teorema é
1 1 1
válido para m ≥ 1 e considere m + 1 com (m + 1)p = n. Tem-se então = − > 0 que
n/m p n
1,p n n/m n
implica, pelo Corolário 4, W (R ) ֒→ L (R ), que por sua vez, pelo Corolário 6, acarreta
W m+1,p (Rn ) ֒→ W m,n/m (Rn ). Pela hipótese de indução resulta W m,n/m (Rn ) ֒→ Lq (Rn ) para
todo q ∈ [n/m, ∞[ . Das duas últimas inclusões contı́nuas segue
n
De (2.3.23) resulta W m+1,p (Rn ) ֒→ Ln/m (Rn ) e como W m+1,p (Rn ) ֒→ Lp (Rn ), p = m+1
,
segue-se por interpolação de espaços que
Nesta seção mostra-se que W m,p (Rn ) está imerso continuamente num espaço de funções
regulares em Rn .
Inicialmente introduz-se alguns espaços que serão utilizados na formulação dos resul-
tados. Com efeito, denota-se por Cbk (Rn ), k inteiro não negativo, o espaço de Banach das
funções u: Rn 7→ K de classe C k , limitadas assim como todas suas derivadas até a ordem k,
2.3. IMERSÕES DE ESPAÇOS DE SOBOLEV 51
e denota-se por C k,λ(Rn ), 0 < λ ≤ 1, o espaço de Banach das funções u ∈ Cbk (Rn ) tais
que u e todas suas derivadas até a ordem k são Hölderianas com expoente λ em Rn , mais
precisamente,
|D αu(x) − D α u(y)|
max sup < ∞,
|α|≤k x,y∈Rn ||x − y||λ
x6=y
onde
52 CAPÍTULO 2. ESPAÇOS DE SOBOLEV
1 1 m−1
a) λ = λ0 e = − se λ0 < 1
q p n
n
b) 0 < λ < 1 e q = se λ0 = 1
1−λ
1 m−1 n
Observação 14 No caso a) tem-se − > 0 pois λ0 < 1 e no caso b), >p
p n 1−λ
pois λ0 = 1.
que implica
n Z
X 1
|ϕ(z) − ϕ(x0 )| ≤ r |Di ϕ(tz + [1 − t]x0 )| dt.
i=1 0
Z
1
Notando que ϕ(x0 ) = ϕ(x0 ) dz e usando esta última desigualdade, obtém-se:
rn Ur
Z Z
1 1
ϕ(z) dz − ϕ(x0 ) = n [ϕ(z) − ϕ(x0 )] dz
rn r Ur
Ur
Xn Z 1Z (2.3.25)
≤ r 1−n |Di ϕ(tz + [1 − t]x0 )|dzdt.
i=1 0 Ur
onde χ(1−t)x0 +tUr é a função caracterı́stica do conjunto (1 − t)x0 + tUr . Aplicando a desi-
gualdade de Hölder β1 + β1′ = 1 nesta última igualdade, vem:
Z
′
|Di ϕ(tz + [1 − t]x0 )| dz ≤ t−n ||Diϕ||Lβ (Rn ) (tn r n )1/β . (2.3.26)
Ur
2.3. IMERSÕES DE ESPAÇOS DE SOBOLEV 53
n n
Observando que 1 − n + ′
= 1 − obtém-se desta última desigualdade
β β
Z Xn Z 1
1 1− n
ϕ(x0 ) −
ϕ(z) dz ≤ r β ||Diϕ||Lβ (Rn ) t−n/β dt. (2.3.27)
n
r Ur i=1 0
Z n
X
ϕ(x0 ) − 1 ϕ(z) dz ≤ 1 r λ0 ||Diϕ||Lq (Rn ) .
r n Ur λ0
i=1
Caso b). Seja 0 < λ < 1 e β > 1 tal que 1 − βn = λ. Então β = n/(1 − λ), β = q e
R 1 −n/β n
0
t dt = 1/λ. Fazendo β = 1−λ em (2.3.27) resulta então
Z n
1 1 λX
ϕ(x0 ) −
ϕ(z) dz ≤ r ||Diϕ||Lq (Rn )
r n Ur λ i=1
concluindo-se a demonstração.
a) λ = λ0 se λ0 < 1
b) 0 < λ < 1 se λ0 = 1
54 CAPÍTULO 2. ESPAÇOS DE SOBOLEV
O Lema 2.3.3 é uma conseqüência direta do Lema 2.3.2 e do fato que W m−1,p (Rn ) ֒→
1 1 m−1
Lq (Rn ) em ambos os casos a) e b). Para o primeiro caso note que = − >0e
q p n
para o segundo caso, que (m − 1)p = n e q > p. (Ver Observação 14).
n
Teorema 2.3.3 Seja k < m − p
≤ k + 1, k um inteiro não negativo. Então
onde
n n
a) 0 < λ ≤ m − k − se m − k − <1
p p
n
b) 0 < λ < 1 se m − k − =1
p
n
Observação 15 Quando se diz que se u ∈ W m,p (Rn ), k < m−≤ k + 1, então
p
u ∈ C k,λ(Rn ) significa dizer que u, depois de uma eventual modificação num conjunto de
medida nula de Rn , transforma-se numa função pertencente a C k,λ (Rn ).
n
0 <m−k− = λ0 ≤ 1. (2.3.28)
p
isto é,
|D αϕ(x) − D α ϕ(y)| ≤ C1 ||x − y||λ ||ϕ||W m,p(Rn ) para todo |α| ≤ k (2.3.29)
2.3. IMERSÕES DE ESPAÇOS DE SOBOLEV 55
isto é,
De (2.3.31) resulta
Desta expressão, da convergência (2.3.32) e da desigualdade (2.3.31) escrita com ϕν vem que
(ϕν ) é uma sucessão de Cauchy no espaço de Banach Cbk (Rn ), portanto existe
v ∈ Cbk (Rn ) tal que
Escrevendo (2.3.29) e (2.3.31) com ϕν e tomando o limite em ambas as expressões, vem das
convergências (2.3.32) e (2.3.35):
2.3.4 Caso n = 1
Neste caso obtém-se uma melhor regularidade para as funções de W m,p (R).
1
a) W m,p (R) ֒→ C m−1,λ (R) com 0 < λ ≤ 1 − se p > 1
p
onde χ]x,y[ é a função caracterı́stica do intervalo aberto ]x, y[ . Seja I um intervalo aberto da
reta de comprimento r e x ∈ I. Tem-se:
Z Z
(j)
ϕ (x) − 1 ϕ(j) (z) dz ≤ 1 |ϕ(j) (x) − ϕ(j) (z)| dz
r I r
I
isto é,
1
|ϕ(j) (x) − ϕ(j) (y)| ≤ ||ϕ||W m,p(R) |x − y|1− p , ∀ j = 0, 1, . . . , m − 1. (2.3.38)
De (2.3.37) resulta
Z Z
(j)
ϕ (x) − 1 ϕ(j) (z)dz ≤ 1 ||ϕ(j+1)||Lp (R) |x − z|1/p′ dz
r I r
I
isto é,
Z
(j) 1 1
ϕ (x) − ϕ (z)dz ≤ r 1− p ||ϕ(j+1) ||Lp (R) .
(j)
r I
Seja x ∈ R e I um intervalo aberto da reta de comprimento um e que contenha x. Da última
desigualdade resulta
Z Z
(j)
|ϕ (x)| ≤ ϕ (x) − ϕ (z) dz + ϕ (z) dz ≤
(j) (j) (j)
I I
(j+1) (j)
≤ ||ϕ ||Lp (R) + ||ϕ ||Lp (R)
58 CAPÍTULO 2. ESPAÇOS DE SOBOLEV
isto é,
|ϕ(j) (x)| ≤ ||ϕ||W m,p(R) , ∀ x ∈ R, j = 0, 1, . . . , m − 1. (2.3.39)
isto é,
|ϕ(j) (x)| ≤ ||ϕ||W m,1(R) , ∀ x ∈ R, j = 0, 1, . . . , m − 1.
2.3.5 Caso p = ∞
Nesta seção mostra-se que W 1,∞ (Rn ) está imerso continuamente no espaço das funções
Lipschitzianas e limitadas de Rn com n ≥ 1, mais precisamente:
Demonstração: Mostra-se primeiro que se u ∈ W m,∞ (Rn ) então u ∈ C m−1 (Rn ) e vale a
desigualdade
onde C > 0 é uma constante independente de u. Mostra-se este resultado por indução com
relação a m ≥ 1. Seja então m = 1 e considere u ∈ W 1,∞ (Rn ). De inı́cio analisa-se o caso
n ≥ 2. O caso n = 1 seguirá de forma análoga. Seja θ ∈ D(Rn ) tal que
n
Seja p > n então 0 < 1 − p
= λ0 < 1. Tem-se que θν u ∈ W 1,p (Rn ), para todo ν, portanto,
pelo Teorema 2.3.3, resulta que θν u ∈ C 0,λ0 (Rn ), para todo ν. Disto vem que u é contı́nua
em Rn . Observe-se também que é válida a desigualdade
Z n
(θν u)(x0 ) − 1
1 λ0 X
(θν u)(z) dz ≤ r ||Di(θν u)||Lp (Rn ) (2.3.41)
r n Ur λ0 i=1
X n
2
|u(x) − u(y)| = |(θν u)(x) − (θν u)(y)| ≤ (2||x − y||)λ0 ||Di(θν u)||Lp (Rn )
λ0 i=1
isto é,
21+λ0 X n n
|u(x) − u(y)| ≤ ||x − y||λ0 ||Di(θν u)||Lp (Rn ) λ0 = 1 − . (2.3.42)
λ0 i=1
p
Tem-se:
Z Z Z
p 2p p p p
|Di (θν u)| dx ≤ p |Di θ(x/ν)| |u(x)| dx + 2 |θν (x)|p |Di u(x)|p dx
Rn ν ||x||<2ν ||x||<2ν
60 CAPÍTULO 2. ESPAÇOS DE SOBOLEV
||Di (θν u)||Lp(Rn ) ≤ 2[ maxx∈Rn |Di θ(x)|]||u||Lp(B2ν (0)) + 2||Diu||Lp (B2ν (0)) ≤
≤ C(θ)||u||Lp(B2ν (0)) + 2||Diu||Lp (B2ν (0))
21+λ0 h X n i
|u(x) − u(y)| ≤ ||x − y||λ0 nC(θ)||u||Lp(B2ν (0)) + 2 ||Diu||Lp (B2ν (0)) . (2.3.43)
λ0 i=1
que implica
lim sup ||v||Lp (B2ν (0)) ≤ ||v||L∞(B2ν (0)) .
p→∞
que implica
|u(x) − u(y)| ≤ C||x − y|| ||u||W 1,∞(Rn )
isto é,
|D αu(x) − D α u(y)| ≤ C||x − y|| ||u||W m+1,∞(Rn ) , ∀ x, y ∈ Rn
2.4 Prolongamento
Seja Ω um aberto de Rn . Neste parágrafo estuda-se o prolongamento ao Rn das funções
u definidas em Ω, tudo no contexto dos espaços de Sobolev, mais precisamente, determina-se
um operador linear e contı́nuo
Repetindo o mesmo argumento usado no Teorema 2.2.1 da Seção 2.2.2, conclui-se que a
sucessão (uk ) converge para u no espaço W m,p (Rn+ ). Além disso,
R n−1
e T > 0 tais que supp (u) ⊂ K1 × [0, T ]. Para todo ν = 1, 2, . . . sejam:
1
ρν ∈ D(Rn ) tal que ρν = 1 em K1 × [0, T ] e supp (ρν ) ⊂ Rn−1 × [ − , ∞[
2ν
1
uν (x) = u x′ , xn + para todo x ∈ Ων
ν
vν (x) = ρν (x)uν (x) para todo x ∈ Ων
ων (x) = ṽν (x).
Graficamente teria-se
2.4. PROLONGAMENTO 63
xn
6
K1 × [0, T]
r -
Rn−1
r− 2ν
1
r− ν1
Ων
1
a) D α uν (x′ , xn ) = (D α u)(x′ , xn + ) para quase todo (x′ , xn ) ∈ Ων e para todo |α| ≤ m.
ν
1
De fato, se ϕ ∈ D(Ων ) seja ψ(x) = ϕ(x′ , xn − ) para x ∈ Rn+ , então ψ é uma função
ν
teste em Rn+ e
Z
α |α| 1
hD uν , ϕi = (−1) u(x′ , xn + )(D α ϕ)(x′ , xn )dx′ dxn =
Ων ν
Z
1 |α|
= (fazendo yn = xn + )(−1) u(x)D α ψ(x) dx =
ν n
R+
Z Z
1
= D α u(x)ψ(x) dx = (D α u)(x′ , xn + )ϕ(x) dx.
Rn
+ Ων ν
1 1
Observe que se kν = (0, 0, . . . , 0, − ) então (τkν ũ)(x′ , xn ) = ũ(x′ , xn + ) = ũν (x′ , xn ),
ν ν
isto é, τkν ũ = ũν . Tem-se:
g g
α u)(x′ , x ) = D
1 ]
α u(x′ , x + ) = D α u (x′ , x )
(τkν D n n ν n
ν
g
isto é, τkν D ]
αu = D α u , para todo |α| ≤ m. Por um raciocı́nio análogo ao feito acima
ν
∂u
Lema 2.4.1 Seja u contı́nua em Rn tal que a derivada clássica existe em Rn+ e Rn− =
∂xn
∂u
{x ∈ Rn ; xn < 0} e ∈ L1loc (Rn ). Então
∂xn
∂
Tu = T ∂u em D ′ (Rn ).
∂xn ∂xn
D α (P v) = P (D α v) quando k = 0.
∂
Fazendo Dn = , vem:
∂xn
k
(Dn v)(x), xn > 0
k Xm
Dn (P v)(x) =
(−ν)k cν (Dnk v)(x′ , −νxn ), xn < 0.
ν=1
66 CAPÍTULO 2. ESPAÇOS DE SOBOLEV
m
X
Escolhendo os coeficientes c1 , c2 , . . . , cm tais que (−ν)k cν = 1, k = 0, 1, . . . , m − 1,
ν=1
as funções Dnk (P v) satisfazem as condições do Lema 2.4.1, logo Dnk (P v) ∈ Lp (Rn ) para
k = 1, 2, . . . , m, pois v ∈ D(Rn+ ). Observe que os coeficientes c1 , c2 , . . . , cm são as soluções
do sistema de equações AC = 1 onde A é a matriz
1 1 1 ... 1
(−1) (−2) (−3) ... (−m)
A = (−1)2 (−2)2 (−3)2 ... (−m)2
.. .. .. .. ..
. . . . .
(−1)m−1 (−2)m−1 (−3)m−1 . . . (−m)m−1
1 X
m p 1 X p
m
Notando que aν ≤ a , aν ≥ 0, segue-se que
m ν=1
m ν=1 ν
Z p
Xm
′
(−ν)k cν Dnk D α v(x′ , −νxn ) dx′ dx ≤
Rn
− ν=1
m
X Z Z 0
≤ mp−1 ν mp |cν |p |D α v(x′ , −νxn )|p dx′ dxn ≤
ν=1 Rn−1 −∞
m
X Z
≤ mp−1 ν mp−1 |cν |p |D αv(x)|p dx.
ν=1 Rn
+
que acarreta
X Z m
X X Z
α p p mp p
|D (P v)(x)| dx ≤ 1 + m ν |cν | |D α v(x)|p dx.
|α|≤m Rn ν=1 |α|≤m Rn
+
Portanto
m
X
||P v||W m,p(Rn ) ≤ 1 + m ν m |cν | ||v||W m,p(Rn+ ) , ∀ v ∈ D(Rn+ ).
ν=1
Da Proposição 2.4.1 decorre então que P estende-se a uma aplicação linear contı́nua
com P verificando
||P u||W m,p(Rn ) ≤ C||u||W m,p(Rn+ )
m
X
com C = 1 + m ν m |cν |. Resta apenas mostrar que P é um prolongamento.
ν=1
Seja u em W m,p (Rn+ ) e seja (ϕν ) uma sucessão de funções de D(Rn+ ) tal que ϕν → u
em W m,p (Rn+ ), então P ϕν → P u em W m,p (Rn ), logo
teorema.
68 CAPÍTULO 2. ESPAÇOS DE SOBOLEV
Observação 16 Sejam v ∈ D(Rn+ ) e K1 compacto de Rn−1 , T > 0 tal que sup (v|Rn ) ⊂
+
′ ′
K1 × [0, T ]. Note que P v(x , xn ) = 0 se xn < 0 e (x , −xn ) ∈ K1 × [0, T ]. Resulta disto que
supp P v está contido em K1 × [−T, T ].
Q+ e Q− os quadrados abertos
Graficamente teria-se
2.4. PROLONGAMENTO 69
yn
6
U ϕ
j
rx
Q+
-
Rn−1
−
Q
x2 6 x2 6
'$ '$
r r
x0 M N
&% &%
- -
x1 x1
P
N
Seja u ∈ W m,p (Ω) então u = uσ0 + uσj . Observe que w0 = uσ0 tem o prolongamento
j=1
natural a Rn por zero fora de Ω. A dificuldade está com os wj = uσj . Seja Uj+ = Uj ∩ Ω e
vj (y) = wj (ϕ−1
j (y)), y ∈ Q+ .
Lema 2.4.2 Seja u ∈ W m,p (Ω) e vj , wj definidos como acima, então vj ∈ W m,p (Q+ ) e
existe uma constante C0 = C0 (σj , ϕj , m, n) > 0 independente de u e p tal que
Note que v(ϕ(x)) = w(x) e | det(Jϕ(x))| = A(x) > 0, para todo x ∈ U. Tem-se:
Z Z Z
p p
|v(y)| dy = |v(ϕ(x))| A(x)dx = |w(x)|p A(x)dx ≤
Q + U +
Z supp w
p
≤ ( max A(x)) |w(x)| dx.
x∈ supp σ U+
Também
m
X ∂w
∂v ∂βk
(y) = (ψ(y)) (y),
∂yi k=1
∂x k ∂y i
Z p Xn Z p
∂v ∂wk p ∂βk
(y) dy ≤ n p−1 (x) (ϕ(x)) A(x)dx ≤
Q+ ∂yi k=1 U
+ ∂xk ∂yi
m Z
∂βk
p X ∂w p
≤n p−1
max max
(ϕ(x)) ( max A(x)) dx.
1≤k≤n x∈supp σ ∂yi x∈supp σ
+ ∂xk
U
k=1
Da mesma forma:
∂2v X X ∂2w ∂βr ∂βk
(y) = (ψ(y)) (y) (y) +
∂yi ∂yℓ k r
∂xk ∂xr ∂yℓ ∂yi
X ∂w ∂ 2 βk
+ (y) (y)
k
∂xk ∂y i ∂yℓ
Lema 2.4.3 Nas condições acima, h ∈ W m,p (Uj+ ) e existe uma constante C1 = C1 (O, ϕj , m, n),
independente de g ∈ W e p, tal que
Demonstração: Seja x = ψ(y) então | det(Jψ(y))| = B(y) > 0, para todo y ∈ Q. Tem-se:
Z Z Z
p
|h(x)| dx = |g(y)|B(y) dy ≤ ( sup B(y)) |g(y)|p dy.
Uj+
supp g +
y∈Q \O Q+
Lema 2.4.4 Nas condições acima, h ∈ W m,p (Uj ) e existe uma constante C2 = C2 (O, ϕj , m, n) >
0, independente de g ∈ W e p, tal que
Aplicando os três últimos lemas, obtém-se para Ω resultados análogos aos obtidos
para Rn+ . Com efeito:
Proposição 2.4.2 Seja Ω limitado de Rn e de classe C m então D(Ω) é denso em W m,p (Ω)
sendo 1 ≤ p < ∞.
N
X
m,p
Demonstração: Seja u ∈ W (Ω) então por cartas locais u = uσ0 + uσj . Seja
j=1
wj = uσj , j = 0, 1, . . . , N. Note que w0 ∈ W0m,p (Ω). Com wj ∈ W (Uj+ )
m,p
constrói-se
vj ∈ W m,p (Q+ ). Observe que vj anula-se numa vizinhança de ∂Q+ \Σ, então pode-se con-
siderar vj como pertencendo a W m,p (Rn+ ). Pela seção anterior existe uma sucessão (γν ) de
funções de D(Rn+ ) tal que
γν → vj em W m,p (Rn+ ).
Observe que cada ργν se anula numa vizinhança fixa de ∂Q. Seja σν (x) = ργν (ϕ(x)) então
os σν restritos a Ω formam uma sucessão de C0m (Ω), e pelo Lema 2.4.4, segue que
σν → wj em W m,p (Ω).
ε
Seja ε > 0 e ξj ∈ C0m (Ω) tal que ||ξj − wj || W m,p (Ω) < N
, j = 0, 1, . . . , N então
N
X
N
X
u − ξ j
≤ ||wj − ξj ||W m,p (Ω) < ε
j=1 W m,p (Ω) j=1
que mostra a densidade de C0m (Ω) em W m,p (Ω). Regularizando as funções de C0m (Ω)
(ver Teorema 2.2.1) segue que D(Ω) é denso em W m,p (Ω).
tal que
||P u||W m,p(Rn ) ≤ c||u||W m,p(Ω)
P
N
Demonstração: Seja u ∈ D(Ω) então por cartas locais u = uσ0 + uσj . Com wj = uσj
j=1
constrói-se vj que se anula numa vizinhança de ∂Q+ \Σ. Tem-se que vj ∈ W m,p (Rn+ ) e
pelo Teorema 2.4.1, da seção anterior, P vj ∈ W m,p (Rn ). Pela própria construção de P
(ver Observação 16), note-se que P vj tem suporte compacto em Q. Com P vj constrói-se
hj ∈ W m,p (Uj ) que se anula numa vizinhança de ∂Uj e hj restrito a Uj+ é igual a wj .
74 CAPÍTULO 2. ESPAÇOS DE SOBOLEV
Denotando-se com h̃j o prolongamento de hj ao Rn por zero fora de Uj , tem-se, então, dos
três últimos lemas e do Teorema 2.4.1, que
||h̃j ||W m,p (Rn ) = ||hj ||W m,p (Ui ) ≤ C1 ||P vj ||W m,p (Q) ≤
≤ C2 ||vj ||W m,p(Q+ ) ≤ C3 ||wj ||W m,p(Ui+ ) = C3 ||wj ||W m,p(Ω)
Tem-se:
N
X
||P u||W m,p(Rn ) ≤ ||w0 ||W m,p(Ω) + C||wj ||W m,p(Ω) ≤ C||u||W m,p(Ω)
j=1
Seja Ω aberto limitado do Rn . Diz-se que Ω possui a propriedade do cone se existe uma
cobertura (Ui )1≤i≤N da fronteira Γ de Ω verificando:
Mostra-se (ver [8] e [17]) que os abertos limitados Ω do Rn com a propriedade do cone
possuem a propriedade do (m, p)-prolongamento para todo m ≥ 1 e 1 < p < ∞. Este é
um resultado devido a A.P. Calderon e baseado em propriedades de integrais singulares de
Calderon-Zygmund. Observe que os paralelepı́pedos abertos do Rn tem a propriedade do
cone. A desvantagem do operador de prolongamento de Calderon é de que este é construı́do
especialmente para W m,p (Ω) e não serve para prolongar simultaneamente os espaços W k,p(Ω)
2.5. IMERSÕES DOS ESPAÇOS W M,P (Ω) 75
com 0 < k < m, como é o caso do operador P estudado anteriormente. Esta propriedade de
P é importante na obtenção de desigualdades de intepolação para os espaços W m,p (Ω).
Denota-se por C k,λ(Ω) ao espaço de Banach das restrições a Ω das funções pertencentes
a C k,λ (Rn ) (ver Parágrafo 2.3), equipado com a norma induzida, isto é,
|D α u(x) − D α u(y)|
||u||C k,λ(Ω) = max sup |D α u(x)| + max sup ·
|α|≤k x∈Ω |α|≤k x,y∈Ω ||x − y||λ
x6=y
np
a) W m,p (Ω) ֒→ Lq (Ω), 1≤q≤ = p∗ se mp < n
n − mp
n
No caso c), k é um inteiro verificando k < m − ≤ k + 1 e λ um real satisfazendo
p
n
0 < λ ≤ m − k − = λ0 se λ0 < 1 e 0 < λ < 1 se λ0 = 1.
p
76 CAPÍTULO 2. ESPAÇOS DE SOBOLEV
I
Demonstração: a) O Corolário 5 diz que W m,p (Rn ) 7→ Lq (Rn ) é contı́nua para p ≤ q ≤ p∗ .
Tem-se a seguinte cadeia de aplicações lineares contı́nuas:
P I r
W m,p (Ω) 7→ W m,p (Rn ) 7→ Lq (Rn ) 7→
Ω
Lq (Ω)
que mostra a) para p ≤ q ≤ p∗ . O caso 1 ≤ q ≤ p é obtido pelo fato de ter-se Lp (Ω) ֒→ Lq (Ω)
pois Ω é limitado.
Os casos b) e c) são obtidos aplicando o raciocı́nio acima, o Teorema 2.3.2 e o Teorema
2.3.3, respectivamente.
onde C é uma constante independente de u ∈ W 1,p (Ω) e 1 ≤ p < ∞. Considere p > n. Então
pelo Teorema 2.5.1, parte c), vem que W 1,p (Ω) ֒→ C 0 (Ω), isto é, as funções u de W 1,∞ (Ω)
são funções contı́nuas em Ω. Aplicando os mesmos argumentos usados para obter (2.3.42),
na demonstração do Teorema 2.3.5, resulta para x, y ∈ Ω, x 6= y,
X n
21+λ0
|u(x) − u(y)| = |(P u)(x) − (P u)(y)| ≤ ||x − y||λ0 ||Di(P u)||Lp (Rn )
λ0 i=1
2.5. IMERSÕES DOS ESPAÇOS W M,P (Ω) 77
n
onde λ0 = 1 − · (Para o caso n = 1, obtém-se desigualdade semelhante, ver demonstração
p
do Teorema 2.3.4). Isto implica
21+λ0
|u(x) − u(y)| ≤ ||x − y||λ0 n||P u||W 1,p(Rn ) .
λ0
|u(x) − u(y)| ≤ 4||x − y||n lim sup ||P u||W 1,p(Rn ) . (2.5.45)
p→∞
Observando que lim sup ||u||W 1,p(Ω) ≤ ||u||W 1,∞(Ω) , vem então de (2.5.44) e (2.5.45)
p→∞
para x, y ∈ Ω, portanto
Este resultado é obtido aplicando o raciocı́nio usado na demonstração do Teorema 2.5.3 com
P u = ũ onde ũ é a extensão de u ao Rn por zero fora de Ω.
78 CAPÍTULO 2. ESPAÇOS DE SOBOLEV
e isto acarreta,
Z n Z 1Z
X
∂ϕ
|τh ϕ(x) − ϕ(x)| dx = ||h|| (x − th) dxdt =
n ∂xi
Rn i=1 0 R
n Z
X ∂ϕ
= ||h|| (x) dx
n ∂xi
i=1 R
isto é,
n
X
∂ϕ
||τh ϕ − ϕ||L1 (Rn ) ≤ ||h||
. (2.5.46)
∂xi
i=1 L1 (Rn )
1,1
Seja u ∈ W (R ), então existe uma sucessão (ϕν ) de funções de D(Rn ) tal que
n
ϕν → u em W 1,1 (Rn )
ϕν → u quase sempre em Rn
|ϕν (x)| ≤ g(x) quase sempre em Rn , g ∈ L1 (Rn )
Portanto,
χKν ≤ χΩ e lim χKν (x) = χΩ (x), ∀x ∈ Ω
i) F é limitado.
iii) Para todo ε1 > 0, existe η > 0 tal que se h ∈ Rn , ||h|| < η, então
Seja B um conjunto limitado de W 1,p (Ω). Mostrar-se-á que B satisfaz às três condições de
Frechet-Kolmogorov em Lq (Ω) com 1 ≤ q < p∗ .
A condição i) segue pelo Teorema 2.5.1, parte a). Estudar-se-á a condição ii). Por se
ter 0 < q < p∗ , existe ρ > 1 tal que
1 ∗ 1 1 1
q= p + ′ × 0 onde + ′ = 1.
ρ ρ ρ ρ
||u||qLp∗ (Ω)
′ ′
≤ mes(Ω\K)1/ρ ≤ C mes(Ω\K)1/ρ ≤ C ε
′
pois mes(Ω\K)1/ρ pode ser escolhido arbitrariamente pequeno, ver Observação 2.5.2. Isto
mostra ii).
Verifica-se iii). Seja ε1 > 0. Escolha K compacto de Ω tal que
Z 1/q
q
|u| dx < ε1 /3 , ∀ u ∈ B. (2.5.47)
Ω\K
isto é ,
||τh ũ||Lq (CK1 ) ≤ ε1 /3, ∀ u ∈ B, ∀ ||h|| < η/3. (2.5.48)
Mostra-se que cada um dos três últimos termos de (2.5.49) é pequeno para ||h|| pequeno.
Com efeito, de ψ = 0 em K2 , resulta de (2.5.47):
Z 1/q Z 1/q Z 1/q
q q q
||ψũ||Lq (Rn ) = |ψũ| ≤ |ũ| ≤ |u| < ε1 /3
CK2 CK2 Ω\K
isto é,
||ψũ||Lq (Rn ) < ε1 /3 , ∀ u ∈ B. (2.5.50)
||τh (ϕũ) − ϕũ||L1 (Rn ) ≤ ||h|| ||ϕu||W 1,1(Rn ) ≤ ||h|| ||ϕu||W 1,1(supp ϕ) ≤
≤ ||h||c(ϕ, p)||u||W 1,p(supp ϕ) ≤ C1 ||h||
isto é,
||τh (ϕũ) − ϕũ||L1 (Rn ) ≤ C1 ||h||, ∀ u ∈ B. (2.5.52)
1 1−θ
Seja θ ∈ ]0, 1[ tal que = θ + ∗ , que existe por se ter 1 ≤ q < p∗ . Pela desigualdade de
q p
interpolação (Proposição 1.2.1 do Capı́tulo 1), obtém-se:
||τh (ϕũ) − ϕũ||Lq (Rn ) ≤ ||τh (ϕũ) − ϕũ||θL1 (Rn ) ||τh (ϕũ) − ϕũ||1−θ
Lp∗ (Rn )
. (2.5.53)
82 CAPÍTULO 2. ESPAÇOS DE SOBOLEV
Note que
Z ∗
1/p∗
||τh (ϕũ)||Lp∗ (Rn ) ≤ |ũ(x − h)|p = ||u||Lp∗ (Ω)
Rn
portanto
1−θ
||τh (ϕũ) − ϕũ||L1−θ
p∗ (Rn ) ≤ (2||u||Lp (Ω) )
∗ ≤ C, ∀ u ∈ B. (2.5.54)
Seja B um conjunto limitado de W 1,p (Ω) então, pela imersão acima vem que B é limitado
em C 0 (Ω) e
sup |u(x) − u(y)| ≤ C||x − y||λ0 .
x,y∈Ω
x6=y
np
a) W m+1,p (Ω) ֒→ W m,q (Ω), 1≤q< se p < n
n−p
2.5. IMERSÕES DOS ESPAÇOS W M,P (Ω) 83
Demonstração: Seja (uν ) uma sucessão limitada de funções de W m+1,p (Ω). Então
Aplicando o Teorema de Rellich-Kondrachov, vem que existe uma subsucessão de (uν ), de-
notada também por (uν ), e u ∈ W m,q (Ω), para os casos a) e b), tal que
D α uν → D α u em Lq (Ω), ∀ |α| ≤ m
que mostra a) e b). Para o caso c), existe u ∈ W m+1,p (Ω) tal que uν → u fraco em
n
W m+1,p (Ω), portanto u ∈ C m (Ω) pois m < m + 1 − ≤ m + 1. Aplicando o Teorema de
p
Rellich-Kondrachov, obtém-se:
D α uν → D α u em C 0 (Ω), ∀ |α| ≤ m
parte b), considere O uma bola aberto do Rn que contenha propriamente Ω. Considere as
aplicações
ext I rΩ
W0m+1,p (Ω) −→ W m+1,p (O) −→ W m,p (O) −→ W01,p (Ω)
onde ext u = ũ, ũ a extensão de u a O por zero fora de Ω e rΩ u = u|Ω . Notando que a
primeira e terceira aplicações são contı́nuas e a aplicação I é compacta, pela parte a), segue
a parte b) do corolário.
np
a) W m,p (Ω) ֒→ Lq (Ω), 1≤q< se mp < n
n − mp
n
c) W m,p (Ω) ֒→ C k (Ω). k < m− ≤ k + 1 se mp > n onde k é um inteiro não negativo.
p
np
W m+1,p (Ω) ֒→ Lq (Ω), 1≤q< = q∗
n − (m + 1)p
1 1 m 1 1 1 1 1 m
∗
= − − = ∗− com ∗
= − ·
q p n n p n p p n
1 1 1
Pelo Teorema de Rellich-Kondrachov, aplicado a = − , obtém-se que a imersão
q∗ p∗ n
∗
W 1,p (Ω) ֒→ Lq (Ω), 1 ≤ q < q∗ (2.5.56)
2.5. IMERSÕES DOS ESPAÇOS W M,P (Ω) 85
1 1 m
é compacta e, pelo Teorema 2.5.1, aplicado a ∗
− − ,
p p n
∗
W m,p (Ω) ֒→ Lp (Ω)
que acarreta
∗
W m+1,p (Ω) ֒→ W 1,p (Ω). (2.5.57)
1 1 m
é compacta. De fato, tem-se = − que implica, pelo Teorema 2.5.1,
n p n
portanto:
W m+1,p (Ω) ֒→ W 1,n (Ω).
Observação 18 Grande parte dos resultados do Capı́tulo 2 foram obtidos para funções a
valores reais, por exemplo, a Proposição 2.3.2. Entretanto, todos os resultados do capı́tulo
são válidos para funções a valores complexos. Isto deve-se ao fato de que sendo u(x) =
Re u(x) + i Im u(x) então as funções Re u(x) e Im u(x) têm a mesma regularidade que u e
o suporte de cada uma delas está contido no suporte de u. Também, por exemplo,
Z 1/q Z 1/q Z 1/q
q q q
|u| dx ≤2 |Re u| dx +2 |Im u| dx
e
||Re u||W m,p ≤ ||u||W m,p , ||Im u||W m,p ≤ ||u||W m,p .
(ver Exercı́cio 5 do Capı́tulo 1). Observe que H m (Rn ) ֒→ L2 (Rn ) ֒→ S ′ (Rn ) (ver Seção 1.3.3
do Capı́tulo 1). Se u ∈ H m (Rn ), para todo |α| ≤ m, resulta
D\
α u(x) = (ix)α u
b(x) quase sempre no Rn .
|α|≤m Rn
Reciprocamente, se u ∈ S ′ (Rn ) e Jm u
b ∈ L2 (Rn ), da desigualdade elementar resulta, que para
todo |α| ≤ m, (ix)α u
b ∈ L2 (Rn ), isto é, Dd α u ∈ L2 (Rn ). Logo D α u ∈ L2 (Rn ) e, além disso,
X Z
2
||u||m = |D\ α u(x)|2 dx =
R n
|α|≤m Z
X 1
= x2α |bu(x)|2 dx ≤ |||u|||2m
R n C 1
|α|≤m
Demonstração: Seja (uν ) uma sucessão de Cauchy de H s (Rn ). Então (uν ) e (Js u
bν ) são
sucessões de Cauchy de L2 (Rn ), logo existem u e v em L2 (Rn ) tais que uν → u e Js u
bν → v
em L2 (Rn ). Para provar que H s (Rn ) é Hilbert, basta mostrar que v = Js u
b. Para toda função
teste ϕ no Rn , tem-se:
hJs u
b, ϕi = hb
u, Js ϕi = lim hb
uν , Js ϕi = lim hJs u
bν , ϕi = hv, ϕi
ν→∞ ν→∞
b = v.
e do lema de Du Bois Raymond, obtém-se Js u
Dada uma função u ∈ H s (Rn ), seja (ϕν ) uma sucessão de funções testes no Rn
b em L2 (Rn ). Para todo ν ∈ N, a função ϕν (x)/(1 + ||x||2)s/2 pertence
convergente para Js u
a D(Rn ) ⊂ S(Rn ). Logo existe ψν ∈ S(Rn ) tal que ψbν (x) = ϕν (x)/(1 + ||x||2 )s/2 para todo
x ∈ Rn . Daı́ Z
||ψν − u||2H s(Rn ) = (1 + ||x||2)s |ψbν (x) − u
b(x)|2 dx =
ZRn
= u(x)|2 dx,
|ϕν (x) − Js (x)b
Rn
isto é, (ψν ) é uma sucessão de S(Rn ) convergente para u em H s (Rn ).
Resta demonstrar a continuidade da inclusão de S(Rn ) em H s (Rn ). Seja m um inteiro
positivo tal que Z
C= (1 + ||x||2)−(m−s) dx < +∞.
Rn
2.6. ESPAÇOS H S (Ω) 89
sendo pm as seminormas que definem a topologia de S(Rn ). Se (uν ) converge para zero em
S(Rn ), da continuidade da transformação de Fourier em S(Rn ) decorre que (b
uν ) converge
para zero em S(R). Logo, daı́ e da última desigualdade decorre que (uν ) converge para zero
em H s (Rn ).
Representa-se por ||f ||H −s(Rn ) a norma de uma forma linear contı́nua f ∈ H −s (Rn ),
isto é,
||f ||H −s(Rn ) = sup {|hf, ui|; u ∈ H s (Rn ), ||u||H s(Rn ) = 1}.
e
hf, ui = (u, u0)H s (Rn ) para todo u em H s (Rn ).
90 CAPÍTULO 2. ESPAÇOS DE SOBOLEV
bb
Para todo ϕ em S(Rn ) tem-se ϕ(x) = ϕ(−x), logo
Z
b
hf, ϕi = (ϕ,
b u0 )H s (Rn ) = (1 + ||x||2 )s ϕ(−x)b
u0 (x) dx =
Z R n
Seja f ∈ S ′ (Rn ) tal que J−s fb pertence a L2 (Rn ). Dada uma função ϕ ∈ S(Rn ) seja
ϕ∗ (x) = ϕ(−x),
b bb
x ∈ Rn . Notando que ϕ(x) b̌
= ϕ(x) b∗ = ϕ. Escrevendo
= ϕ(x), vem que ϕ
−ψ = Js ϕ∗ pertencente a S(Rn ), tem-se
b∗ = J[
e também, ϕ = ϕ −s ψ, logo:
Z
s
hf, ϕi = hf, J[ b
−s ψi = hJ−s f, ψi = (1 + ||x||2)− 2 fb(x)ψ(x) dx,
Rn
portanto,
|hf, ϕi| ≤ ||J−s fb||L2 (Rn ) ||ψ||L2(Rn ) ≤ ||J−s fb||L2 (Rn ) ||ϕ||H s(Rn ) ,
desigualdade esta que demonstra ser f : S(Rn ) → K contı́nua na topologia de H s (Rn ). Logo
f estende-se a um único funcional linear contı́nuo ao H s (Rn ), isto é, f ∈ H −s (Rn ).
A seguir mostra-se que para ϕ ∈ S(Rn ) a aplicação linear
u 7→ ϕu de H s (Rn ) 7→ H s (Rn )
(2π)n/2 ϕu
c =ϕ
b∗u
b.
2.6. ESPAÇOS H S (Ω) 91
b̌
e ϕ(y) = ϕ(y), isto é,
Z Z
−n
ϕ(y) = (2π) ei(y,z)−i(z,w) ϕ(w) dwdz
a) ϕu ∈ H s (Rn )
b) A aplicação linear
u 7→ ϕu de H s (Rn ) 7→ H s (Rn )
é contı́nua e verifica:
||ϕu||H s(Rn ) ≤ C||ϕ||H r (Rn ) ||u||H s(Rn )
Seja u ∈ H s (Rn ) e (uν ) uma sucessão de funções D(Rn ) tal que uν → u em H s (Rn )
(ver Corolário 11). Segue então que
ϕ uν → ϕ u em L2 (Rn ).
Por (2.6.59) vem que (ϕ uν ) é uma sucessão de Cauchy em H s (Rn ), logo, existe v ∈ H s (Rn )
tal que ϕ uν → v em H s (Rn ), portanto ϕ uν → v em L2 (Rn ). Da unicidade dos limites vem
que v = ϕ u e
ϕ uν → ϕ u em H s (Rn ).
Isto mostra a parte a). A parte b) segue de (2.6.59) e desta última convergência.
2.6. ESPAÇOS H S (Ω) 93
Observe que o núcleo N(r) de r é fechado. Com efeito, seja (vν ) uma sucessão de elementos
de H s (Rn ) tal que rvν = 0 e vν → v em H s (Rn ). Tem-se
Z
2
||vν − v||H s (Rn ) = (1 + ||x||2)s |b v(x)|2 dx ≥
vν (x) − b
Z Rn Z Z
≥ \ 2
|(vν − v)(x)| dx = 2
|vν (x) − v(x)| dx ≥ |v|2 dx
Rn Rn Ω
logo Z
|v|2 dx ≤ lim ||vν − v||2H s(Rn ) = 0
Ω
onde
([v], [w])1 = 4−1 (||[v + w]||2 − ||[v − w]||2),
e norma
||[v]||X = inf {||w||H s(Rn ) ; w ∈ [v]}. (2.6.61)
94 CAPÍTULO 2. ESPAÇOS DE SOBOLEV
Equipa-se H s (Ω) com a topologia dada por H s (Rn )/N(r), via o isomorfismo σ. Assim
||[v] + [w]||2X + ||[v] − [w]||2X ≤ ||v1 + w1 ||2H s + ||v1 − w1 ||2H s = 2||v1||2H s + 2||w1 ||2H s
A desigualdade
e as normas ||u||H m(Ω) e |||u|||H m(Ω) são equivalentes, onde |||u|||H m(Ω) é a norma definida
em (2.6.63) para s = m.
logo
||u||H m(Ω) ≤ ||v||H m(Rn ) .
H s2 (Ω) ֒→ H s1 (Ω).
Demonstração: Do fato H s2 (Rn ) ⊂ H s1 (Rn ) segue que H s2 (Ω) ⊂ H s1 (Ω). Também para
u ∈ H s2 (Ω),
{v ∈ H s2 (Rn ); v|Ω = u} ⊂ {w ∈ H s1 (Rn ); w|Ω = u}.
Desta inclusão e notando que ||z||H s1 (Rn ) ≤ ||z||H s2 (Rn ) para todo z ∈ H s2 (Rn ), vem que
isto é,
||u||H s1 (Ω) ≤ ||u||H s2 (Ω) , u ∈ H s2 (Ω)
n
Proposição 2.6.8 Se s − > m, m inteiro não negativo, então
2
que implica
portanto
d
∂v
Com efeito, (x) = ixj vb(x) e
∂xj
Z 2 Z
d
2 s−1 ∂v
(1 + ||x|| ) (x) dx = (1 + ||x||2)s−1 |xj |2 |bv (x)|2 dx ≤
Rn ∂xj n
ZR
≤ (1 + ||x||2 )s |b
v (x)|2 dx
Rn
que mostra a afirmação. Sejam u ∈ H s (Ω) e v ∈ H s (Rn ) tal que v|Ω = u. Pela primeira
∂v
parte vem que v ∈ Cb0 (Rn ) e pela hipótese de indução pois ∈ H s−1 (Rn ) e Ω pode ser o
∂xj
∂v
Rn , ∈ Cbm (Rn ) e
∂xj
α ∂v
∂v
D (x) ≤ C1
∀ x ∈ Rn e |α| ≤ m
∂xj
∂xj
s−1 n ,
H (R )
∂v
que implica por (2.6.66) e notando que v ∈ C 1 (Rn ) pois ∈ C 0 (Rn ), j = 1, 2, . . . , n,
∂xj
Assim
isto é
Dado s > 0 considere-se H s (Γ) como sendo o espaço vetorial das funções w definidas
em Γ tais que wj ∈ H s (Rn−1 ) para todo j = 1, 2, . . . , N, munido do produto escalar seguinte:
N
X
(w, v)H s(Γ) = (wj , vj )H s (Rn−1 )
j=1
para todo par w, v ∈ H s (Γ). Tem-se que H s (Γ) é um espaço de Hilbert sendo D(Γ) denso
em H s (Γ).
é contı́nua. Sendo D(Ω) denso em H 1 (Ω), pois Ω é bem regular, esta aplicação prolonga-se
por continuidade a uma aplicação linear e contı́nua, ainda representada por γ0 , tal que:
a qual denomina-se função traço e seu valor γ0 u, para u em H 1 (Ω), denomina-se o traço
de u sobre Γ. Pode-se assim, enunciar o seguinte teorema, conhecido sob a denominação de
teorema de traço.
Teorema 2.7.1 A função traço aplica H 1 (Ω) sobre H 1/2 (Γ) e o núcleo de γ0 é o espaço
H01 (Ω).
Observação 21 Quando se diz que os objetos de H01 (Ω) são nulos na fronteira de Ω, deseja-
se com isto dizer que o núcleo do traço de γ0 é o espaço H01 (Ω).
2.7. TEOREMAS DE TRAÇO 101
||uj ||H 1/2 (Rn−1 ) = ||γ0vj ||H 1/2 (Rn−1 ) ≤ C||vj ||H 1 (Rn+ ) ≤ CCj ||u||H 1(Ω)
P n 1/2
sendo Cj uma constante que depende de σj e ϕj . Fazendo C1 = C Cj2 , tem-se:
j=1
∂
Para j = 1, 2, . . . , n − 1, seja Dj = · Então:
∂xj
F1 [Dj u(t)](x′ ) = (−ixj )F1 [u(t)](x′ ) = (−ixj )w(x′ , t),
∂u ′
Fazendo v(x′ , t) = (x , t) tem-se que
∂t
∂w ′
(x , t) = F1 [v(t)](x′ ),
∂t
logo
Z ∞
4. ||Dn u||2L2 (Rn ) ||v(t)||2L2 (Rn−1 ) dt =
=
+
Z ∞ 0 Z ∞Z
∂w ′ 2 ′
= 2
||F1 v(t)||L2(Rn−1 ) dt = (x , t) dx dt.
0 0 Rn−1 ∂t
ou seja,
Z ∞ 1/2 Z ∞ ∂w ′ 2 1/2
′ 2
|w(x , 0)| ≤ 2 ′
|w(x , t)| dt 2
∂t (x , t) dt
0 0
Resulta daı́ que para demonstrar que γ0 é uma aplicação sobre é suficiente demonstrar
que u ∈ H 1 (Rn+ ).
Também:
∂v p
(x′ , xn ) = − 1 + ||x′ ||2 v(x′ , xn )
∂xn
e portanto:
Z 2
∂v
2. ′ ′
∂xn (x , xn ) dx dxn =
Z Rn
+
1
= (1 + ||x′ ||2 )|v(x′ , xn )| dx′ dxn = ||ϕ||2H 1/2 (Rn−1 ) .
Rn
+
2
Fazendo:
wj (x′ , xn ) = i x′j v(x′ , xn ), j = 1, 2, . . . , n − 1
∂v
wn (x′ , xn ) = ∂xn
(x′ , xn ),
tem-se:
Dj u(x′ , xn ) = F1−1 [wj (xn )](x′ ), j = 1, 2, . . . , n − 1
Dn u(x′ , xn ) = F1−1 [wn (xn )](x′ ).
Tem-se também:
Z Z 2
∂v
4. ′
|Dn u(x , xn )| dx dxn = 2 ′ (x′
, x ) dx′ dxn =
∂xn n
Rn
+ Rn
+
1
= ||ϕ||2H 1/2 (Rn−1 ) .
2
Das relações 3. e 4. resulta que u ∈ H 1 (Rn+ ) e ||u||H 1(Rn+ ) = ||ϕ||H 1/2 (Rn−1 ) . Desta
relação e da densidade de S(Rn−1 ) em H 1/2 (Rn−1 ) resulta que γ0 é sobre.
2.7. TEOREMAS DE TRAÇO 105
Resta demonstrar que o núcleo de γ0 é o espaço H01 (Rn+ ). Para tal usa-se o seguinte
resultado:
são lineares e contı́nuas, (ver Proposição 2.6.4). Também, o lema é verdadeiro quando
u ∈ D(Rn+ ).
Seja (ϕk ) uma sucessão de D(Rn+ ), convergente para u em H 1 (Rn+ ). Da continuidade
das aplicações σ1 , σ2 e γ0 , são verdadeiros os seguintes limites na topologia de H 1/2 (Rn−1 ):
b) O espaço H01 (Ω) é o núcleo de γ0 – Com efeito, sendo γ0 u = 0 para todo u ∈ D(Rn+ ),
H 1 (Rn
+)
tem-se γ0 u = 0 para todo u ∈ H01 (Rn+ ) = D(Rn+ ) , o que demonstra estar H01 (Rn+ )
contido no núcleo de γ0 .
1 2
θk (t) = kt − 1 se ≤t ≤ θ
k
k k
q
2
-
1 se t > 1 2
k 0 k k
t
e
uk (x′ , xn ) = θk (xn )u(x′ , xn ), (x′ , xn ) ∈ Rn+ ,
106 CAPÍTULO 2. ESPAÇOS DE SOBOLEV
então supp (uk ) ⊂ S(u) ∩ {Rn−1 × [1/k, ∞[}, sendo este último um compacto do Rn+ ,
resulta que uk é um elemento de H 1 (Rn+ ) com suporte compacto contido no Rn+ , logo
uk ∈ H01 (Rn+ ). Demonstrando-se que (uk ) converge para u na topologia de H 1 (Rn+ )
ficará provado que u ∈ H01 (Rn+ ).
Realmente,
Z
|uk (x) − u(x)|2 dx =
Z Rn
+
Z ∞
′
= dx |θk (xn )u(x′ , xn ) − u(x′ , xn )|2 dxn =
ZRn−1 Z 1/k 0
= |u(x′ , xn )|2 dxn dx′ +
n−1
Z R Z 02/k
+ |(kxn − 2)2 |u(x′ , xn )|2 dxn dx′ ,
Rn−1 1/k
logo, Z 2/k
||uk − u||2L2 (Rn+ ) ≤ ||u(xn )||2L2 (Rn−1 ) dxn ,
0
Dado j = 1, 2, . . . , n − 1 tem-se:
Caso 2: Tome u ∈ H 1 (Rn+ ). Seja θ uma função teste no Rn tal que θ(x) = 1 se
||x|| ≤ 1 e θ(x) = 0 se ||x|| ≥ 2, 0 ≤ θ(x) ≤ 1. Para k ∈ N seja θk (x) = θ(x/k), x ∈ Rn
e uk (x) = θk (x)u(x), x ∈ Rn+ . Então, (uk ) converge para u na topologia de H 1 (Rn+ ).
Do Lema 2.7.1 resulta que γ0 (uk ) = γ(θk )γ0 (u) = 0. Sendo S(uk ) ⊂ supp (θk ) ∩ Rn+ ,
do Caso 1 resulta que uk ∈ H01 (Rn+ ), logo u ∈ H01 (Rn+ ), o que completa a demonstração
do teorema de traço no caso Rn+ .
0 se y ′ ∈ Rn−1 \Ω0
é um objeto de H 1/2 (Rn−1 ) com suporte contido em Ω0 . Seja θ uma função teste no Rn tal
que supp (θ) ⊂ Ω0 ×] − 1, +1[ e θ(x′ , 0) = 1 para todo y ′ ∈ supp (wj ). Do caso Ω = Rn+
108 CAPÍTULO 2. ESPAÇOS DE SOBOLEV
Uj yn 6
ϕj
- 1
-
Rn−1
-1
Γ
isto é,
(σj w)(x) se x ∈ Uj ∩ Γ
(γ0 uj )(x) =
0 se x ∈ Γ, x ∈
/ Uj
Da relação anterior e do fato de ser supp (σj ) ⊂ Uj , tem-se que
N
X N
X X
N
γ0 u j = σj w = σj w = w.
j=1 j=1 j=1
2.7. TEOREMAS DE TRAÇO 109
N
X N
X
Sendo u = uj tem-se que u ∈ H 1 (Ω) e γ0 u = γ0 uj = w.
j=1 j=1
b) O núcleo de γ0 é H01 (Ω) - Seja σ ∈ D(Rn ) tal que supp (σ) ⊂ Ω e
N
X
σ(x) + σj (x) = 1 para todo x ∈ Ω.
j=1
e σu um vetor de H 1 (Ω) com suporte compacto em Ω, tem-se que σu ∈ H01 (Ω). Logo para
provar a parte b) é suficiente demonstrar que cada função σj u ∈ H01 (Ω). Do Lema 2.7.1 vem
que γ0 (σj u) = γ0 (σj ) · γ0 u = 0 (observe que o Lema 2.7.1 também é válido para Ω aberto
limitado bem regular do Rn ), da qual por meio de cartas locais e reduzindo ao caso Ω = Rn+ ,
tem-se que σj u ∈ H01 (Ω), j = 1, 2, . . . , N, demonstrando que o núcleo de γ0 está contido em
H01 (Ω).
A demonstração de que H01 (Ω) está contido no núcleo de γ0 é análoga a que foi feito
quando Ω = Rn+ .
Completando o estudo introdutório do traço γ0 de uma função, a etapa seguinte seria
a do estudo do traço de suas derivadas, o que será feito por meio do Teorema 2.7.2, o análogo
do Teorema 2.7.1. Antes, porém, será fixada a notação.
Inicia-se com o caso Ω = Rn+ , identificando sua fronteira Γ = ∂Ω ao Rn−1 , como já
fora feito anteriormente. Seja u uma função definida em uma vizinhança de Γ, possuindo
derivadas parciais até a ordem m. Define-se
o espaço de Hilbert
1 3 1
H m− 2 (Γ) × H m− 2 (Γ) × . . . × H 2 (Γ),
Daı́ resulta:
Z
1
||γj u||2H mj (Γ) = (1 + ||x′ ||2 ) 2 (1 + ||x′ ||2 )m−j−1 |F1 (γj u)(x′ )|2 dx′ ≤
X Z
Rn−1
1
≤ (1 + ||x′ ||2 ) 2 |F1(γ0 (D ν u)(x′ )|2 dx′ ≤
|ν ′ |≤m−j−1 Rn−1
X
≤ C0 ||D ν u||2H 1 (Ω) ≤ C||u||2H m(Ω) .
|ν ′ |≤m−j−1
Segunda Etapa: Para provar que γ −1 (0) = H0m (Ω) serão salientados certos resultados
enunciados e provados sob a forma de lema.
2
para quase todo x′ ∈ Rn−1 e 0 ≤ xn ≤ ·
k
2
para quase todo x′ ∈ Rn−1 e 0 ≤ t ≤ · Resulta, também,. do caso m = 1 que
k
2 Z k2
|u(x′ , xn )|2 ≤ |Dn u(x′ , t)|2 dt ≤
k 0
2 2m+1 Z k2
≤ |(Dnm+1 u)(x′ , s)|2 ds,
k 0
2
para quase todo x′ ∈ Rn−1 , 0 ≤ xn ≤ ·
k
Lema 2.7.3 Dado um inteiro positivo p, seja θ ∈ C p (R) tal que 0 ≤ θ(t) ≤ 1 para todo
t ∈ R, θ(t) = 0 se t ≤ 1 e θ(t) = 1 se t ≥ 2. Para todo k = 1, 2, . . . , seja θk (t) = θ(kt) para
todo t ∈ R. Então:
a) Se u ∈ L2 (Ω) seja uk (x) = θk (xn )u(x) para x ∈ Ω, resulta que (uk ) converge para u
em L2 (Ω).
(p)
vk (x) = θk (xn )u(x), x ∈ Ω.
Para continuar a demonstração, admite-se o seguinte resultado, o qual será provado ao final
da segunda etapa.
D α (γiϕ) = γi (D α ϕ)
′
Admitindo o Lema 2.7.4, obtém-se que γi (Dnj−p D α u) = 0, para p = 1, 2, . . . , j e i =
0, 1, 2, . . . , p − 1. Usando este resultado e o do Lema 2.7.3 decorre que a segunda parcela que
aparece na expressão para D α uk converge para zero em L2 (Ω). Logo, a sucessão (D α uk )
converge para D α u em L2 (Ω). Resulta, daı́, que a sucessão (uk ) converge para u em H m (Ω).
Seja ϕ ∈ D(Rn ) tal que ϕ(x) = 1 se ||x|| ≤ 1 e ϕ(x) = 0 se ||x|| ≥ 2. Para todo
x
p = 1, 2, . . . seja uk,p (x) = ϕ uk (x), para x ∈ Rn+ . Então uk,p é um vetor de H m (Ω) com
p
114 CAPÍTULO 2. ESPAÇOS DE SOBOLEV
suporte em Ω, logo, uk,p ∈ H0m (Ω). Sendo uk,p convergente para uk em H m (Ω), quando p
tende para o infinito, conclui-se que uk ∈ H0m (Ω), logo u ∈ H0m (Ω).
Resta, para completar a demonstração da segunda etapa, provar o Lema 2.7.4, o que
será feito a seguir.
Para demonstrar o Lema 2.7.4, suponha que ele seja verdadeiro para ϕ em D(Ω).
Dado v em H q (Ω), seja (ϕj ) uma sucessão de D(Ω) convergente para v em H q (Ω). Logo,
1
(γi ϕj ) converge para γi v em H q−i− 2 (Γ), e como por hipótese |α| ≤ q − i − 1 ≤ q − i − 12 ,
tem-se:
D α (γi ϕj ) converge para D α (γi v)
1
em H s (Γ), s = q −|α|−i− · Tem-se, também (D α ϕj ) convergente para D α v em H q−|α| (Ω),
2
portanto:
γi (D α ϕj ) converge para γi (D α v)
Fazendo Z
′ − 21
w(x ) = (2π) (it)j (F u)(x′ , t) dt,
R
2.7. TEOREMAS DE TRAÇO 115
Λ: (D(Γ))m → H m (Ω),
m−1
Y 1
contı́nua relativamente à topologia de H m−j− 2 (Γ), tal que γΛϕ = ϕ para todo ϕ em
j=0
m−1
Y 1
m
(D(Γ)) . Provada esta afirmativa, usa-se a densidade de (D(Γ)) em m
H m−j− 2 (Γ) para
j=0
estender Λ a este último espaço, sendo, obviamente, tal extensão, linear, contı́nua e uma
inversa à direita de γ. Dado w = (w0 , w1 , . . . , wm−1 ) em (D(Γ))m e para j = 0, 1, 2, . . . , m−1,
considere-se
Z
aj = t2j (1 + t2 )−(m+j) dt
R
e
1
1 (1 + ||x′ ||2 )m− 2 j
vj (x) = 1 xn (F1wj )(x′ ),
(2π)− 2 aj ij (1 + ||x′ ||2 )m+j
sendo x = (x′ , xn ) no Rn .
Da escolha de aj resulta:
1Z
−
1. (2π) 2 (it)j vj (x′ , t) dt = (F1 wj )(x′ )
R
m−1
Y 1
para todo j = 0, 1, 2, . . . , m−1, sendo C uma constante independente de w ∈ H m−j− 2 (Γ),
j=0
h = 1, 2, . . . , m.
Sejam Chj (h = 1, 2, . . . , m, j = 0, 1, . . . , m − 1), números reais tais que:
m
X 1 se j = k
3. Chk h j+1
= δjk = ·
h=1 0 se j 6= k
5. e | Ω.
Λw = Fu
e ∈ H m (Rn ), logo Λw ∈ H m (Ω) e, além disso,
De 2. decorre que Fu
Conclui-se, deste modo, que Λ é uma aplicação linear e contı́nua de (D(Γ))m , com a topo-
m−1
Y 1
logia H m−j− 2 (Γ), em H m (Ω). 0 Provar-se-á que γΛw = w ou, equivalentemente, que
j=0
F1 (γj Λw) = F1 wj , para j = 0, 1, 2, . . . , m − 1. Com efeito,
Z
− 21
′
F1 (γj Λw)(x ) = (2π) (it)j u(x′ , t) dt = (Lema 2.7.4)
m−1
X Xm Z R
− 21 j ′ t
= (2π) Chk (it) vk (x , dt =
R h
k=0 h=1
XnX
m−1 m oZ
− 21 j+1
= (2π) Chk h (it)j vk (x′ , t) dt =
R
Zk=0 h=1
1
= (2π)− 2 (it)j vj (x′ , t) dt = (F1 wj )(x′ ),
R
Teorema 2.7.3 Existe uma única aplicação linear e contı́nua γ do espaço H m (Ω) sobre o
m−1
Y 1
espaço H m−j− 2 (Γ) com núcleo γ −1 (0) = H0m (Ω), verificando a seguinte condição:
j=0
Corolário 12 Seja u ∈ L2 (Ω), Ω aberto limitado bem regular do Rn , tal que ũ, prolonga-
mento de u ao Rn nulo fora de Ω, esteja em H m (Rn ). Então u pertence a H0m (Ω).
U ⊂ CΩ e Γ = ∂Ω ⊂ ∂U = Σ.
118 CAPÍTULO 2. ESPAÇOS DE SOBOLEV
portanto,
1
γj u = lim γj (rΩ ϕk ) em H m−j− 2 (Γ)
k→∞
1
0 = lim γj (rU ϕk ) em H m−j− 2 (Σ), j = 0, 1, . . . , m − 1.
k→∞
Sendo
j
∂ ϕk γj (rΩ ϕk ) em Γ
γj (rU ϕk ) = j
= ,
∂ν Σ 0 em Σ\Γ
conclui-se que γj u = 0 para j = 0, 1, 2, . . . , m − 1, logo u ∈ H0m (Ω).
de onde resulta que ũ1 ∈ H 2 (Rn ). Do Corolário 12 resulta que u1 ∈ H01 (Ω).
Para todo v em H0 (Ω) e ϕ em D(Ω), obtém-se:
(∆v, ϕ)L2 (Ω) = h∆v, ϕ̄i = hv, ∆ϕ̄i = (v, ∆ϕ)L2 (Ω) .
120 CAPÍTULO 2. ESPAÇOS DE SOBOLEV
(∆v, u1)L2 (Ω) = (v, ∆u1 )L2 (Ω) = −(v, u0)L2 (Ω)
Observação 25 Quando considera-se H s (Γ), s > 0, como espaço normado real, representa-
se por H −s (Γ) o dual forte de H s (Γ). No caso complexo, dado f ∈ (H s (Γ))′ , dual forte de
H s (Γ), define-se o funcional conjugado f¯ por hf¯, ui = hf, ui para u em H s (Γ). Neste caso,
considera-se como H −s (Γ) o espaço vetorial constituı́do dos f¯ tais que f ∈ (H s (Γ))′ , munido
da norma:
¯ H −s(Γ) = sup |hf, ui|.
||f||
||u||=1
de D(Ω) em H −1/2 (Γ) × H −3/2 (Γ), prolonga-se, por continuidade, a uma aplicação linear e
contı́nua de H0 (Ω) em H −1/2 (Γ) × H −3/2 (Γ).
Fixemos u em D(Ω) e seja M o funcional definido em H 3/2 (Γ) × H 1/2 (Γ) por
Representando-se por C > 0 a norma de T como objeto de L(H 3/2 (Γ) × H 1/2 (Γ), H 2(Ω)),
obtém-se:
(∆u, v)L2 (Ω) − (u, ∆v)L2(Ω) = (γ1 u, γ0v)L2 (Γ) − (γ0 u, γ1v)L2 (Γ)
para todo v em H 2 (Ω). Dado w = (w0 , w1 ) em H 3/2 (Γ) × H 1/2 (Γ), considere-se v = T w,
sendo γ0 v = w0 e γ1 v = w1 . Combinando a fórmula de Green anterior e a definição de M,
obtém-se a seguinte expressão:
Daı́ obtém-se:
||γ1u||H −3/2 (Γ) ≤ 2C||u||H0(Ω)
||γ0u||H −1/2 (Γ) ≤ 2C||u||H0(Ω)
(∆u, v)L2 (Ω) − (u, ∆v)L2 (Ω) = hγ1 u, γovi − hγ0 u, γ1vi
provando a proposição.
A Proposição 2.9.1 é um caso particular de um resultado geral que será mostrado no
Capı́tulo 3.
124 CAPÍTULO 2. ESPAÇOS DE SOBOLEV
Capı́tulo 3
3.1 Introdução
No presente capı́tulo será feito um estudo introdutório dos problemas elı́ticos não
homogêneos. Embora limitando-se ao caso do Laplaciano, −∆, o método é geral podendo
ser adaptado a operadores elı́ticos mais gerais.
Seja Ω um aberto limitado do Rn com fronteira Γ regular. Representa-se por γ0 e γ1 ,
∂u
respectivamente, os traços em H m (Ω) da função u e de sua derivada normal · Note-se
∂ν
que ν é o vetor unitário da normal externa a Γ.
Pretende-se analisar os seguintes problemas de contorno:
−∆u = f em Ω −∆u + u = f em Ω
(P1 ) (P2 )
∂u
u=g sobre Γ =h sobre Γ
∂ν
Y = {u ∈ L2 ; ∆u ∈ H −1 (Ω)},
125
126 CAPÍTULO 3. PROBLEMAS ELÍTICOS NÃO HOMOGÊNEOS
com o qual Y é um espaço de Hilbert. Como foi estabelecido nos capı́tulos anteriores,
(u, v), |u| e ((u, v)), ||u|| denotarão o produto escalar e norma dos espaços L2 (Ω) e H01 (Ω)
respectivamente.
e seja
G = (−∆)−1 : H −1(Ω) 7→ H01 (Ω).
Demonstração: Embora semelhante a feita para H0 (Ω) no Capı́tulo 2, será feita sucinta-
mente. Tem-se que Y é um subespaço de Hilbert de L2 (Ω) × H −1(Ω). Considere uma forma
linear contı́nua M: Y → R. Se hM, ϕi = 0 para todo ϕ ∈ D(Ω) implicar M = 0, resulta que
f a extensão de
D(Ω) é denso em Y . É conseqüência do teorema de Hahn-Banach. Seja M
3.1. INTRODUÇÃO 127
Sendo f˜ ∈ L2 (Ω) obtém-se ∆h̃ ∈ L2 (Rn ). Logo h̃ e ∆h̃ pertencem a L2 (Rn ), portanto por
transformada de Fourier, resulta que h̃ ∈ H 2 (Rn ). Sendo Ω regular, obtém-se h ∈ H02 (Ω).
Seja (ϕµ ) uma sucessão com ϕµ ∈ D(Ω) tal que
ϕµ → h em H02 (Ω).
Para u ∈ Y resulta:
hϕµ , ∆uiH01 (Ω)·H −1 (Ω) = (∆ϕµ , u).
Tem-se que Su é uma forma linear em H 1/2 (Ω) para cada u ∈ Y . Prova-se que Su é contı́nua.
De fato, tem-se:
Conclui-se que a forma linear Su é contı́nua em H 1/2 (Γ), logo um objeto de H −1/2 (Γ). Tem-
se, também,
||Su||H −1/2(Γ) ≤ C||T || ||u||Y .
que comparando com (3.1.3) resulta que para todo u ∈ Y tem-se γ0 u ∈ T −1/2 (Γ).
Um resumo do exposto vem dado no seguinte resultado:
3.2. PROBLEMA DE DIRICHLET 129
u ∈ Y 7→ γo u ∈ H −1/2 (Γ)
A seguir estuda-se o Problema (P1 ) com diferente escolha de regularidade para os dados f e
g.
Reescrevendo, tem-se:
−∆u = f em Ω
(P1 )
u = g sobre Γ
Considere f e g não regulares. Uma das primeiras dificuldades que aparece no estudo de
(P1 ) nesse caso é definir uma solução u do problema.
Deduz-se, de forma heurı́stica, uma definição de solução de u de (P1 ) quando f e g
são não regulares. Claro está que uma das dificuldades é precisar em que espaços devem
habitar f e g. Nesta parte é que serão utlizados os resultados obtidos na Introdução.
Formalmente, obtém-se:
Z Z Z Z
∂u ∂v
(−∆u)v dx = u(−∆v) dx − v dΓ + u dΓ
Ω Ω Γ ∂ν Γ ∂ν
∂u
Como não se tem nenhuma informação sobre é natural supor que v|Γ = 0. Portanto
∂ν Γ
Z Z Z
∂v
u(−∆v) dx = f v dx − g dΓ com v|Γ = 0.
Ω Ω Γ ∂ν
(u, −∆v) = hf, vi − hg, γ1viH −1/2 (Γ)H 1/2 (Γ) , ∀ v ∈ H 2 (Ω) ∩ H01 (Ω).
Falta precisar em que espaço deve estar f . Se na última igualdade se tomar v ∈ D(Ω) resulta
h−∆u, vi = hf, vi
isto é, −∆u = f . Então o Problema (P1 ) com g ∈ H −1/2 (Γ) terá um sentido, isto é,
γ0 u ∈ H −1/2 (Γ), se por exemplo f ∈ H −1 (Ω) (ver Teorema 3.1.1 da Introdução).
O exposto motiva a seguinte definição: Sejam
(u, −∆v) = hf, viH −1 (Ω)·H01 (Ω) − hg, γ1viH −1/2 (Γ)H 1/2 (Γ) ∀ v ∈ H 2 (Ω) ∩ H01 (Ω) (3.2.5)
Proposição 3.2.1 Para todo par {f, g} pertencente a H −1(Ω) × H −1/2 (Γ) existe um único
u ∈ L2 (Ω), solução definida por transposição de (P1 ). Tem-se, ainda mais, que a aplicação
linear
{f, g} ∈ H −1 (Ω) × H −1/2 (Γ) 7→ u ∈ L2 (Ω)
é contı́nua, onde
−∆u = f em H −1 (Ω)
(3.2.6)
u = g em H −1/2 (Γ)
para todo v ∈ H 2 (Ω) ∩H01 (Ω), isto é, u é uma solução definida por transposição do Problema
(P1 ). A unicidade de u segue notando que a aplicação (3.2.7) é sobrejetora.
• Mostra-se que −∆u = f em H −1 (Ω).
De fato, tomando v ∈ D(Ω) em (3.2.12) segue a afirmação.
• Verifica-se que γ0 u = g em H −1/2 (Γ).
Com efeito, como u ∈ L2 (Ω) e ∆u ∈ H −1(Ω) vem pelo Teorema 3.1.1 da Introdução
que γ0 u ∈ H −1/2 (Γ) e é válida a fórmula de Green:
u solução de (3.2.1).
Sejam h ∈ L2 (Ω) e v solução do problema
−∆v = h em Ω
u|Γ = 0
3.2. PROBLEMA DE DIRICHLET 133
De (3.2.12) resulta
(u, h) = hf, vi − hg, γ1vi.
Logo
|(u, h)| ≤ ||f ||H −1(Ω) ||v||H01(Ω) + ||g||H −1/2(Γ) ||γ1v||H 1/2 (Γ)
Daı́ vem
h i1/2
|u|L2(Ω) ≤ C ||f ||2H −1(Ω) + ||g||2H −1/2(Γ)
tal que T g = w sendo γo w = g, e γ0 o traço em H 1 (Ω). Daı́ resulta que o problema variacional
z ∈ H01 (Ω)
(3.2.15)
((z, v)) = hf, vi − ((w, v)) para cada v ∈ H01 (Ω)
134 CAPÍTULO 3. PROBLEMAS ELÍTICOS NÃO HOMOGÊNEOS
1 1
[H 1/2 (Γ), H −1/2 (Γ)]θ = H (1−θ) 2 +θ(− 2 ) (Γ) = H (1/2)−θ (Γ)
1
sendo 0 ≤ θ ≤ 1. Portanto, tomando-se 2
− θ = α, obtém-se − 12 ≤ α ≤ 21 ·
Analogamente, obtém-se:
1 1
{f, g} ∈ H −1 (Ω) × H α (Γ) → u ∈ H (1/2)+α (Ω), − ≤α≤ ,
2 2
é uma aplicação linear e contı́nua. Ela é sobrejetiva por propriedades do traço γ0 . Pela
unicidade da solução do (P1 ), no Caso I, resulta que a aplicação (3.2.14) é injetiva. Do Caso
II, obtém-se, também, que a aplicação:
e
[H 1 (Ω), Y ](1/2)−α = Yα = {u ∈ H (1/2)+α (Ω), ∆u ∈ H −1 (Ω)},
− 12 ≤ α ≤ 1
2
· Logo, de (3.2.18) e (3.2.19) e dos resultados de interpolação, acima fixados,
obtém-se:
1 1
{f, g} ∈ H −1 (Ω) × H α (Γ) 7→ u ∈ Yα , − ≤α≤ ,
2 2
sendo u solução do problema
−∆u = f em Ω
u = g sobre Γ,
é uma aplicação linear, contı́nua e bijetiva. Pelo Teorema do Gráfico Fechado, resulta que a
aplicação inversa:
1 1
u ∈ Yα → {f, g} ∈ H −1 (Ω) × H α (Γ), − ≤α≤ ,
2 2
é linear, contı́nua e bijetiva. Portanto a aplicação traço γ0 :
1 1
u ∈ Yα 7→ γ0 u ∈ H α (Γ), − ≤α≤ , (3.2.20)
2 2
é linear e contı́nua.
então v ∈ H 2 (Ω) e ||v||L2(Ω) ≤ C|f |, sendo C > 0 uma constante independente de f . Isto
acarreta, como feito no Caso II, que a aplicação
e
[H 2 (Ω), L2 (Ω)]θ = H 2(1−θ) (Ω). (3.2.23)
[L2 (Ω) × H 3/2 (Γ), L2 (Ω) × H −1/2 (Γ)]θ = L2 (Ω) × H (3/2)−2θ (Γ)
e
[H 2 (Ω), H0 ]θ = H2(1−θ) .
138 CAPÍTULO 3. PROBLEMAS ELÍTICOS NÃO HOMOGÊNEOS
3
Considere α = 2(1 − θ). Então 2
− 2θ = − 12 + α. Decorre do exposto e por aplicação
de argumentos análogos aos empregados no Caso III, que a aplicação linear
é contı́nua.
W = {v ∈ H 2(Ω); γ1 v = 0} (3.3.28)
que por sua vez acarreta v ∈ H 3/2 (Γ), portanto pode-se considerar h ∈ H −3/2 (Γ). Também
considere f ∈ L2 (Ω).
O anterior motiva a seguinte definição: Sejam
(u, −∆v + v) = (f, v) + hh, γ0 viH −3/2 (Γ)H 3/2 (Γ) (3.3.29)
Então o Problema (P2 ) possui uma única solução u ∈ L2 (Ω) definida por transposição. Além
disso, a aplicação linear
é contı́nua.
140 CAPÍTULO 3. PROBLEMAS ELÍTICOS NÃO HOMOGÊNEOS
Demonstração: Seja A o operador definido pela terna {H 1 (Ω), L2 (Ω), (u, v)H 1(Ω) }. Então
A = −∆ + I e como Ω é regular, vem que
D(A) = {u ∈ H 2 (Ω); γ1 u = 0} = W
onde W foi definido por (3.3.28). Também para cada f ∈ L2 (Ω) o problema de Neumann
−∆u + u = f em Ω
(3.3.31)
∂u
= 0 sobre Γ
∂ν
admite uma única solução u ∈ D(A), sendo
C uma constante independente de f e u (ver H. Brezis [19]). O espaço vetorial D(A) com o
produto escalar
(u, v)D(A) = (−∆u + u, −∆v + v)
é um espaço de Hilbert.
Do exposto vem
A: D(A) 7→ L2 (Ω) (3.3.33)
A∗ : L2 (Ω) 7→ D(A)′
hL, vi = (f, v) + hh, γ0 viH −3/2 (Γ)H 3/2 (Γ) , v ∈ D(A). (3.3.35)
3.3. PROBLEMA DE NEUMANN 141
Tem-se:
|hL, vi| ≤ |f | |v| + ||h||H −3/2 (Γ) ||γ0 v||H 3/2 (Γ)
ou
h(−∆ + I)∗ u, vi = hL, vi, ∀ v ∈ D(A). (3.3.36)
(u, −∆v + v) = (f, v) + hh, γ0viH −3/2 (Γ)H 3/2 (Γ) , ∀ v ∈ D(A) (3.3.37)
isto é, u é uma solução definida por transposição de (P2 ). A unicidade de u é conseqüência
da sobrejetividade da aplicação A dada em (3.3.33).
• Mostra-se que −∆u + u = f em L2 (Ω).
Com efeito, considerando v ∈ D(Ω) obtém-se o resultado.
• Mostra-se que γ1 u = h em H −3/2 (Γ).
De fato, considera-se o espaço H0 , cf. Capı́tulo 2, parágrafo 2.7. Resulta dos resulta-
dos aı́ obtidos, que a aplicação traço γ
(−∆u, v) = (u, −∆v) − hγ1 u, γ0viH −3/2 (Γ)H 3/2 (Γ) + hγ0 u, γ1viH −1/2 (Γ)H 1/2 (Γ)
(f, v) = (u, −∆v + v) − hγ1u, γ0 viH −3/2 (Γ)H 3/2 (Γ) , ∀ v ∈ D(A). (3.3.38)
para todo v ∈ D(A). Da estimativa (3.3.32) obtém-se ||v||H 2(Ω) ≤ C|ξ|, portanto
o que implica
|u| ≤ C||{f, g}||L2(Ω)×H −3/2 (Γ)
||v||H 2(Ω) ≤ C[|f | + |∆w| + |w|] ≤ C(|f | + ||h||H 1/2 (Γ) ). (3.3.40)
Tomando-se u = v + w, obtém-se:
−∆u + u = f em Ω
(3.3.41)
∂u
= h sobre Γ,
∂ν
resultando de (3.3.39) e (3.3.40) que
e
[H 2 (Ω), L2 (Ω)]θ = H 2(1−θ) (Ω).
1
Seja α = 2(1 − θ) então 2
− 2θ = − 23 + α. Resulta da Proposição 3.3.1 e (3.3.42) que a
aplicação linear, com 0 ≤ α ≤ 2,
é contı́nua.
O espaço Hα foi definido em (3.2.25), isto é,
Hα = {u ∈ H α (Ω); ∆u ∈ L2 (Ω)}.
é contı́nua para 0 ≤ α ≤ 2.
Em particular, para α = 23 , conclui-se que o traço γ1 dado por:
u ∈ H3/2 → γ1 u ∈ L2 (Ω)
é contı́nua.
3.4. TEOREMA DO TRAÇO. FÓRMULA DE GREEN 145
(−∆u, v) = (u, −∆v) − hγ1 u, γ0viH (−3/2)+α (Γ) H (3/2)−α (Γ) + (3.4.45)
para 0 ≤ α ≤ 2, u ∈ Hα e v ∈ H2−α .
u ∈ Hα → γ0 u ∈ H (−1/2)+α (Γ), 0 ≤ α ≤ 2,
é contı́nua.
De (3.3.43), cf. Seção 3.3, Problema de Neumann, resulta que a aplicação linear γ1
u ∈ Hα → γ1 u ∈ H (−3/2)+α (Γ), 0 ≤ α ≤ 2,
é contı́nua.
Resulta que a aplicação traço γ = {γ1 , γ2} é linear e contı́nua de Hα em H (−1/2)+α (Γ)×
H (−3/2)+α (Γ), com 0 ≤ α ≤ 2. Permutando α por 2 − α em (3.4.44) resulta que a aplicação
traço γ = {γ1, γ2 }, tal que
0 ≤ α ≤ 2, é contı́nua.
146 CAPÍTULO 3. PROBLEMAS ELÍTICOS NÃO HOMOGÊNEOS
(−∆u, v) = (u, −∆v) − (γ1 u, γ0 v)L2 (Γ) + (γ0 u, γ1v)L2 (Γ) . (3.4.46)
Note-se que:
(γ1 u, γ0 v)L2 (Γ) = hγ1 u, γ0viH (−3/2)+α (Γ) H (3/2)−α (Γ)
e
(γ0 u, γ1v)L2 (Γ) = hγ0 u, γ1viH (−1/2)+α (Γ) H (1/2)−α (Γ) .
Sejam (wµ ) e (λµ ) os vetores próprios e valores próprios, respectivamente, de A. Note-se que
λµ ≥ 1 para todo µ ∈ N. Tem-se, para 0 ≤ α ≤ 1,
n ∞
X o
α 2 2α 2
D((−∆) ) = u ∈ L (Ω); (λµ − 1) |(u, wµ)| < ∞
µ=1
e
∞
X
α
(−∆) u = (λµ − 1)α (u, wµ)wµ
µ=1
(−∆u, v) = ((−∆)α u, (−∆)1−α v) − hγ1 u, γ0viH (−3/2)+α (Γ) H (3/2)−α (Γ) , (3.4.48)
1 1
para 0 ≤ α ≤ 2
e u ∈ H2α , v ∈ D(A). Para α = 2
, vale a fórmula:
(−∆u, v) = (∇u, ∇v) − hγ1 u, γ0viH −1/2 (Γ) H 1/2 (Γ) , (3.4.49)
sendo u ∈ H1 e v ∈ H 1 (Ω). (Esta expressão já foi obtida no Capı́tulo 2, Seção 2.5.2).
1
para v ∈ H2α . Note-se queD(A) ⊂ D(A1−α ), e que para 0 ≤ α ≤ 2
, H2α ⊂ D(Aα ) =
H 2α (Ω). Então, sendo D(Aα ) = D((−∆)α ), 0 ≤ α ≤ 1, resulta que a última fórmula pode
1
ser escrita na forma (3.4.48). A expressão (3.4.49) é obtida aplicando (3.4.48) com α = 2
e
observando que D(A) ֒→ D(A1/2 ) = H 1 (Ω) e D(A) denso em D(A1/2 ).
148 CAPÍTULO 3. PROBLEMAS ELÍTICOS NÃO HOMOGÊNEOS
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