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UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA


UNIVERSIDADE ABERTA DO BRASIL
CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA NATUREZA
DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS EXATAS
CURSO DE LICENCIATURA EM MATEMÁTICA

EDUARDO JOSÉ DE OLIVEIRA ONOFRE

MEDIDAS DE COMPRIMENTO E DE ÁREA: UM ESTUDO


SOBRE UNIDADES DE MEDIDAS E SOBRE O CÁLCULO DE
ÁREAS DE ALGUMAS FIGURAS PLANAS.

João Pessoa – PB
2018
1

EDUARDO JOSÉ DE OLIVEIRA ONOFRE

MEDIDAS DE COMPRIMENTO E DE ÁREA: UM ESTUDO


SOBRE UNIDADES DE MEDIDAS E SOBRE O CÁLCULO DE
ÁREAS DE ALGUMAS FIGURAS PLANAS.

Trabalho monográfico apresentado à


Coordenação do Curso de Licenciatura em
Matemática a Distância da Universidade
Federal da Paraíba como requisito parcial para
obtenção do título de Licenciado em
Matemática.

Orientador: Prof. Dr. Carlos Bocker Neto

João Pessoa – PB
2018
Catalogação na publicação
Seção de Catalogação e Classificação

O58m Onofre, Eduardo José de Oliveira.


Medidas de comprimento e de área : um estudo sobre
unidades de medidas e sobre o cálculo de áreas de
algumas figuras planas / Eduardo José de Oliveira
Onofre. - João Pessoa, 2018.
50 f. : il.

Orientação: Carlos Bocker Neto.


Monografia (Graduação) - UFPB/CCEN-EaD.

1. Unidades de medida. 2. Cálculo de área. 3. Medidas


agrárias. 4. Medidas de comprimento. I. Bocker Neto,
Carlos. II. Título.

UFPB/BC
3
4

DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho aos meus familiares por


estarem sempre presentes em minha vida,
dando-me ensinamentos que servirão até o fim
de meus dias.
5

AGRADECIMENTOS

A Deus que é supremo e que dá forças para seguir superando os desafios e buscando
apoio para recomeçar sempre.
Aos meus pais porque são fonte de apoios, de força, de solidariedade e estão sempre
impulsionando-me em direção ao sucesso.
Aos amigos que partilham desta etapa e que jamais serão esquecidos, porque fazem
parte de um período especial da minha história.
Aos professores, que contribuíram com simplicidade, humanidade e sabedoria para
que vencêssemos mais esta etapa.

A todos, muito obrigado!


6

“Não há ramo da matemática, por mais


abstrato que seja, que não possa um dia vir a
ser aplicado aos fenômenos do mundo real”.
(Lobachevsky)
7

RESUMO

O presente trabalho acadêmico traz um estudo sobre medidas de comprimento e de área com
enfoque nas principais unidades de medidas, derivadas da unidade padrão (o metro) e também
traz uma pesquisa sobre as diversas unidades de medidas de origem agrárias. Além disso,
apresentamos fórmulas para as principais figuras planas e fazemos um breve estudo sobre
uma fórmula para o cálculo de área de quadriláteros usado por agricultores e discutimos,
através de exemplos, o erro cometido por tal fórmula.

Palavras-chaves: unidades de medida, comprimento, área, medidas agrárias.


8

ABSTRACT

The present work presents a study on length and area measurements with a focus on the main
units of measurement, derived from the standard unit (the meter) and also brings a research
about the different units of measures of agricultural origin. In addition, we present formulas
for the main flat figures and we do a brief study on a formula for calculating areas of
quadrilaterals used by farmers and we discuss, by way of example, the error made by such a
formula.

Keywords: units of measurement, length, area, agricultural measures.


9

INDICE DE TABELAS

TABELA 1.0.1: Relações entre o metro e as medidas de comprimento .................................. 15


TABELA 1.0.2: Exemplo de transformações de unidades de medidas de comprimento ........ 16
TABELA 1.3: Relação entre o metro quadrado e as medidas de área ..................................... 18
10

LISTA DE FIGURAS

Figura 1.1: Quadrado ................................................................................................................ 22


Figura 2.2: Demonstração da área do retângulo ....................................................................... 23
Figura 2.3: Demonstração da área do retângulo ....................................................................... 23
Figura 2.4: Demonstração da área do retângulo ....................................................................... 24
Figura 2.5: Paralelogramo. ....................................................................................................... 25
Figura 2.6: Demonstração da área do paralelogramo. .............................................................. 25
Figura 2.7: Demonstração da área do paralelogramo ............................................................... 25
Figura 2.8: Triângulo ................................................................................................................ 26
Figura 2.9: Demonstração da área do triângulo. ...................................................................... 27
Figura 2.10: Demonstração da área do triângulo...................................................................... 27
Figura 2.11: Triângulo ABC ..................................................................................................... 28
Figura 2.12: Triângulo ABC da demonstração da formula de Heron. ..................................... 29
Figura 2.13: Quadrilátero ABCD ............................................................................................. 31
Figura 2.14: Quadrilátero ABCD com diagonal ....................................................................... 32
Figura 2.15: Triângulo ABC ..................................................................................................... 32
Figura 2.16: Triângulo ACD .................................................................................................... 33
Figura 2.17: Trapézio ............................................................................................................... 34
Figura 2.18: Demonstração da área do trapézio ....................................................................... 34
Figura 2.19: Losango ................................................................................................................ 35
Figura 2.20: Demonstração da área do losango. ....................................................................... 36
Figura 2.21: Polígono AEBDC ................................................................................................. 37
Figura 22: Exemplo 3.3 ............................................................................................................ 43
Figura 3.23: Exemplo 3.4 ......................................................................................................... 45
11

SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ........................................................................................................................ 12
1 - AS DIVERSAS MEDIDAS DE COMPRIMENTO E DE ÁREA E SUAS RELAÇÕES. 14
1.1 - Unidades de medida de comprimentos ......................................................................... 14
1.2 - Unidades de medida de áreas........................................................................................ 17
1.3 - Exemplos de unidades de medidas agrárias no Brasil ................................................. 20
2 - ÁREAS DAS PRINCIPAIS FIGURAS PLANAS ............................................................. 22
2.1 - Área do quadrado ......................................................................................................... 22
2.2 - Área do retângulo ......................................................................................................... 22
2.3 - Área do paralelogramo ................................................................................................. 24
2.4 - Área do triângulo .......................................................................................................... 26
2.5 - A Fórmula de Heron. .................................................................................................... 29
2.6 - Área do trapézio ........................................................................................................... 33
2.7 - Área do losango ............................................................................................................ 35
2.8 - Área de polígonos quaisquer ........................................................................................ 37
3 - O CÁLCULO DE ÁREAS NA AGRICULTURA ............................................................. 39
3.1 - Cálculo de área para qualquer quadrilátero .................................................................. 45
3.2 – Possíveis dificuldades e sugestões para o cálculo de áreas na agricultura. ................. 48
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................................... 49
12

INTRODUÇÃO

O estudo de comprimento e de área está ligado aos conceitos relacionados à geometria


euclidiana, que surgiram na Grécia antiga embasada no estudo do ponto, da reta e do plano.
Alguns dos principais documentos históricos atestam os conhecimentos geométricos das
antigas civilizações através dos papiros de Moscou (ou Golenishew) e Rhind (ou Ahmes)
datados de 1850 a. C. e 1650 a. C., respectivamente.
Análises desses papiros constataram que os egípcios tinham vários conhecimentos
geométricos e resolviam problemas relacionados à geometria. De acordo com EVES (1995,
p.75), vinte e seis dos 110 problemas dos papiros de Moscou e Rhind são geométricos.
Na Grécia antiga, por volta de 300 a. C., o geômetra grego Euclides produzia sua obra
prima intitulada os Elementos, que reuniu de modo sistematizado os principais conhecimentos
de seus precursores.
Na obra de Euclides, a ideia de área está associada ao conceito de igualdade entre
figuras (equivalência). Isto pode ser observado quando enuncia que triângulos iguais
(equivalentes), e que paralelogramos com bases iguais situadas entre as mesmas paralelas
também são figuras iguais. Ou seja, duas figuras são equivalentes quando têm a mesma
grandeza (ou mesma área).
Medir uma grandeza (comprimento ou superfície) significa compará-la com outra de
mesma espécie, tomada como unidade. O resultado dessa comparação é um número, esse
número é a medida (LIMA, 1991).
Assim, por exemplo, para medir distâncias (comprimento) será necessário fixar uma
outra distância como unidade de medida e verificar quantas vezes a distância fixada cabe
dentro da distância a ser medida. O mesmo pode ser dito para áreas, para medir a superfície de
uma região é necessária outra superfície com unidade de medida e verificar quantas vezes
essa unidade cabe dentro dessa região a ser medida. Geralmente, toma-se um quadrado como
unidade de medida de área e, assim, a área da região medida é o número de vezes que o
quadrado fixado cabe dentro dessa região. Outro recurso utilizado é a decomposição de uma
figura em outras, cujas áreas sejam conhecidas.
Nosso trabalho tem por finalidade fazer um estudo sobre as diversas unidades de
comprimento e de áreas e fazer uma pequena análise sobre uma fórmula de cálculo de área de
quadriláteros realizados na agricultura. Para isso, o trabalho foi dividido em três capítulos.
13

No primeiro capítulo, fazemos um breve estudo sobre as principais unidades medidas


de comprimento e de áreas, onde além das medidas derivadas da unidade padrão (o metro),
destacamos diversas outras utilizadas ainda hoje na agricultura. Já, no segundo capítulo,
descrevemos as fórmulas das áreas das principais figuras geométricas e, no terceiro capítulo,
finalizamos com a descrição e análise de uma fórmula de cálculo de área de quadriláteros
usada por agricultores.
14

1 - AS DIVERSAS MEDIDAS DE COMPRIMENTO E DE ÁREA E SUAS


RELAÇÕES.

1.1 - Unidades de medida de comprimentos

As medidas de comprimento estão presentes em quase todas as atividades e situações


de nosso cotidiano e a principal medida de comprimento utilizada é o metro, seus múltiplos e
submúltiplos. Porém, nem sempre foi assim. Antigamente, cada povo utilizava um sistema de
unidades diferente para medir comprimentos, tomando como base, por exemplo, partes do
corpo humano: o palmo, o passo, o pé, o braço, etc.
O sistema métrico, que conhecemos hoje, é um sistema de medição internacional,
decimalizado, que surgiu pela primeira vez na França, durante a revolução Francesa, em
virtude da dificuldade de funcionamento do comércio e da indústria devido à existência de
diversos padrões de medida.
Com o país unificado, uma moeda única e um mercado nacional também unificado,
havia um forte incentivo econômico para romper com essa situação e padronizar um sistema
de medidas. O problema constante não eram somente as diferentes unidades, mas,
principalmente, os diferentes tamanhos das unidades. Ao invés de simplesmente padronizar o
tamanho das unidades existentes, os líderes da Assembleia Nacional Constituinte Francesa
decidiram que deveria ser adotado um sistema completamente novo.
O Governo Francês fez um pedido à Academia Francesa de Ciências para que criasse
um sistema de medidas baseadas em uma constante não arbitrária. Após esse pedido, um
grupo de investigadores franceses, composto de físicos, astrônomos e agrimensores, deu
início a essa tarefa, definindo assim que a unidade de comprimento metro deveria
corresponder a uma determinada fração da circunferência da Terra e correspondente também
a um intervalo de graus do meridiano terrestre.
Assim, o metro, indicado por m, foi definido como unidade fundamental de
comprimento.
Um aspecto importante ao se medir uma determinada distância é levar em
consideração qual unidade de medida é mais adequada para a medição de tal distância. Por
exemplo, para medir a distância entre cidades é mais adequado que se use o quilômetro que
equivale a 1.000 metros, já para medir o tamanho de pequenos objetos é mais adequado o uso
do centímetro que equivale a 0,01 metro. O quilômetro e o centímetro são exemplos dos
15

chamados múltiplos e submúltiplos do metro. O quadro abaixo traz os principais múltiplos e


submúltiplos decimais do metro.

Tabela 1.1: Relações entre o metro e as medidas de comprimento


Quilômetro km 1000 m

Múltiplos Hectômetro hm 100 m

Decâmetro dam 10 m
Unidade
Metro m 1m
Fundamental
Decímetro dm 0,1 m

Submúltiplos Centímetro cm 0,01 m

Milímetro mm 0,001 m
Fonte: https://blogdoenem.com.br/comprimento-e-area-matematica-enem/

Embora o metro seja uma unidade universal, em algumas situações de nosso cotidiano,
encontramos unidades diferentes do metro e de seus múltiplos e submúltiplos. Por exemplo,
para medir a distância entre planetas (por ser muito grande) utiliza-se uma unidade chamada
Ano-luz (distância percorrida pela luz em um ano); Ano-luz = 9.460.800.000.000 km. Já para
medir o diâmetro de um furo, de instalações hidráulicas (água) ou elétrica utiliza-se a unidade
de medida polegada (pol): 1 pol = 2,54 cm. Na navegação, adota-se como unidade de
distância a milha marítima que corresponde a 1852 metros.
Além disso, nos países que falam a língua inglesa, por questões culturais, ainda se
adota unidades de medidas diferentes das adotadas pelo sistema métrico. Como por exemplo,
são utilizadas as seguintes medidas: Pé = 30,48 cm (correspondente a 12 polegadas); Jarda =
91,44 cm (correspondente a 3 pés) e Milha terrestre que equivale à 1609,344 m.
Agora vamos falar um pouco mais sobre o metro, seus múltiplos e submúltiplos.
Usando números decimais na representação das medidas de comprimento, podemos levar em
conta as seguintes regras:
16

• A parte inteira representa a medida indicada.


• A parte decimal representa unidades menores e recebe o nome da unidade ocupada
pelo último algarismo.
Observe os exemplos na tabela abaixo:
Exemplo 1.1:
Tabela 1.2: Exemplo de transformações de unidades de medidas de comprimento

UNIDADES COMO SE LÊ
MEDIDAS DE
COMPRIMENTO

km hm dam m dm cm mm
Seis metros e
6,45 m 6 4 5 quarenta e cinco
centímetros
Quarenta e dois
0,042 m 0 0 4 2
Milímetros

Cinco Quilômetros e
5,300 km
5 3 0 0 trezentos metros

Fonte: Autoria própria

Uma das vantagens de se usar os múltiplos e submúltiplos decimais do metro está na


facilidade de conversão entre eles. As sucessivas unidades de medida de comprimento variam
de 10, isto é, cada uma é 10 vezes maior que a unidade imediatamente inferior.
Então, para transformar as unidades de medida, usamos o mecanismo:

Figura 1.1: Mecanismo prático de conversão de medidas de comprimento


x10 x10 x10 x10 x10 x10

km hm dam m dm cm mm

÷10 ÷10 ÷10 ÷10 ÷10 ÷10


Fonte: http://mundoeducacao.bol.uol.com.br/matematica/unidades-medidas-area.htm
17

Através do conhecimento dos números decimais e suas operações de multiplicação e


divisão pode-se sempre chegar aos resultados das conversões sem muito esforço e com muita
facilidade. Vejamos alguns exemplos de mudança de unidades.
Exemplo 1.2: João tem 1,79 m de altura. Qual a altura de João em cm? E em km?
Como 1 m = 100 cm, 1,79 m = (1,79 x 100) cm = 179 cm. Já para outra
transformação, observe que 1000 m = 1 km e, portanto, 1 m = 0,001 km. Logo, 1,79 m = 1,79
x 0,001 km = 0,00179 km. Note que a última unidade não é muito adequada para se medir a
altura de uma pessoa.
Exemplo 1.3: Uma família consumiu em um ano 300 reais em papeis higiênicos.
Supondo que o rolo de 30m de papel higiênico custa 50 centavos de real, quantos decâmetros
de papel higiênico esta família consumiu?
Na resolução deste problema utilizaremos a regra de três simples duas vezes,
inicialmente para saber quantos metros tem 300 reais de papel higiênico e, após isso, na
conversão desse valor para decâmetro.
30𝑚𝑚 = 𝑅𝑅$ 0,50
𝑥𝑥 = 𝑅𝑅$ 300,00
𝑅𝑅$ 0,50 𝑥𝑥 = 𝑅𝑅$ 300,00 . 30 𝑚𝑚
𝑅𝑅$ 300,00 . 30 𝑚𝑚
𝑥𝑥 =
𝑅𝑅$ 0,50
𝑥𝑥 = 18000 𝑚𝑚
1 𝑑𝑑𝑑𝑑𝑑𝑑 = 10 𝑚𝑚
𝑥𝑥 = 18000 𝑚𝑚
18000 𝑚𝑚 𝑑𝑑𝑑𝑑𝑑𝑑 = 10 𝑚𝑚 𝑥𝑥
18000 𝑚𝑚 𝑑𝑑𝑑𝑑𝑑𝑑
𝑥𝑥 =
10 𝑚𝑚
𝑥𝑥 = 1800 𝑑𝑑𝑑𝑑𝑑𝑑

Portanto, a família consumiu 1800 dam de papel higiênico.

1.2 - Unidades de medida de áreas

A área é a medida de uma superfície, a unidade fundamental de medidas de área é o


metro quadrado, cujo símbolo é m2, que corresponde a comprimento x largura de um metro
quadrado.
18

Dependendo da superfície a ser medida, podemos utilizar os múltiplos e os


submúltiplos do metro quadrado.
Para medir grandes superfícies, temos o decâmetro quadrado, o hectômetro quadrado e
o quilômetro quadrado, sendo este último mais utilizado, o qual representa uma região
determinado por um quadrado de um quilômetro de lado. Geralmente, o quilômetro é usado
para medir a superfície de um município, de um estado, de um país, etc.
Para medir pequenas superfícies, temos o decímetro quadrado, o centímetro quadrado
e o milímetro quadrado, que representam regiões determinada por quadrados de um
decímetro, um centímetro e um milímetro de lado, respectivamente.
Veja no quadro os múltiplos e os submúltiplos do metro quadrado.

Tabela 1.3: Relação entre o metro quadrado e as medidas de área


Unidade Símbolo Valor em Metro
Quilômetro
MÚLTIPLOS km2 1000000 m2
quadrado

Hectômetro hm2 10000 m2


Quadrado
Decâmetro dam2 100 m2
Quadrado
Unidade Metro
m2 1 m2
Fundamental Quadrado
Decímetro dm2 0,01 m2
Quadrado
SUBMÚLTIPLOS Centímetro cm2 0,0001 m2
Quadrado

Milímetro mm2 0,000001 m2


Quadrado

Fonte: https://blogdoenem.com.br/comprimento-e-area-matematica-enem/

As unidades de superfície variam sempre de 100 em 100. Cada unidade é 100 vezes
maior que a unidade imediatamente inferior da lista.
19

Como podemos observar a figura abaixo:

Figura 1.2: Mecanismo prático de conversão de medidas de área

x100 x100 x100 x100 x100 x100

km² hm² dam² m² dm² cm² mm²

÷100 ÷100 ÷100 ÷100 ÷100 ÷100


Fonte: http://mundoeducacao.bol.uol.com.br/matematica/unidades-medidas-area.htm

Com isso temos as seguintes relações:

1 km2 = 100 hm2


1 hm2 = 100 dam2
1 dam2 = 100 m2
1 m2 = 100 dm2
1 dm2 = 100 cm2
1 cm2 = 100 mm2

O quilômetro quadrado é 100 vezes maior que o hectômetro quadrado. Este é 100
vezes maior que o decâmetro quadrado, e assim por diante.
Vejamos alguns exemplos de conversões.
Exemplo 1.4: Um pedreiro, ao ler as informações contidas em uma caixa de piso, que tinha
suas pedras na forma quadrada, observou que cada pedra media 1600 cm2 de área, ou seja, 40
cm de lado. Supondo que para realizar a pavimentação de um cômodo residencial seja
necessárias pedras quadradas com 20 cm de lado. Quantas pedras do tamanho desejado (20
cm de lado) ele poderá fazer com cada uma inteira (40 cm de lado)?
Para encontramos a solução do problema basta que dividamos a primeira área (A1)
pela segunda área (A2)
𝑆𝑆 = 𝐴𝐴1 / 𝐴𝐴2
𝑆𝑆 = 1600 𝑐𝑐𝑐𝑐2 : 400 𝑐𝑐𝑐𝑐2
𝑆𝑆 = 4

Portanto, a partir das pedras originais cuja medida dos lados é de 40 cm, o pedreiro
poderá fazer 4 pedras com medidas dos lados 20 cm.
20

Exemplo 1.5: Um empresário comprou um terreno medindo 0,3 km de comprimento e


6 hm de largura, ele desejaria saber qual é a área em metros para poder fazer um loteamento.
Na resolução desse problema utilizamos a regra de três simples duas vezes para
converter ambas medidas de largura e comprimento para metros, e após isso determinamos
sua área ao multiplicar esses valores.
1 𝑘𝑘𝑘𝑘 = 1000 𝑚𝑚

0,3 𝑘𝑘𝑘𝑘 = 𝑥𝑥

𝑥𝑥𝑥𝑥𝑥𝑥 = 300𝑘𝑘𝑘𝑘 𝑚𝑚

300 𝑘𝑘𝑘𝑘 𝑚𝑚
𝑥𝑥 =
𝑘𝑘𝑘𝑘
𝑥𝑥 = 300 𝑚𝑚

1 ℎ𝑚𝑚 = 100 𝑚𝑚

6 ℎ𝑚𝑚 = 𝑥𝑥

𝑥𝑥ℎ𝑚𝑚 = 600 ℎ𝑚𝑚 𝑚𝑚

600 ℎ𝑚𝑚 𝑚𝑚
𝑥𝑥 =
ℎ𝑚𝑚
𝑥𝑥 = 600 𝑚𝑚

𝐴𝐴 = 300 𝑚𝑚 𝑥𝑥 600 𝑚𝑚 = 180000 𝑚𝑚2

Portanto, a área sobre a qual o empresário poderá lotear é de 180.000 m2.

1.3 - Exemplos de unidades de medidas agrárias no Brasil

Alqueire é a principal unidade agrária, variando de acordo com o número de litros ou


pratos de plantio de milho que comporta, segundo os costumes locais. A mesma unidade pode
ser usada para medir a capacidade para secos, que são grãos de sementes sem unidade (trigo,
milho, arroz, entre outros), equivalente a 36,27 litros ou quatro “quartos”. No Pará tem-se o
alqueire como medida de capacidade correspondente a dois paneiros ou a cerca de 30 quilos.
O valor do alqueire costuma variar de acordo com a região.
21

1 alqueire goiano = 48.400 m2 = 4,84 ha


1 alqueire baiano = 96800 m2 = 9,68 ha
1 alqueire paulista = 24,200 m2 = 2,42 ha
1 alqueire mineiro = 48400 m2 = 2,72 ha
1 alqueire do Norte = 27200 m2 = 2,72 ha

Existem regiões no estado de Minas Gerais que consideram o alqueire como 33000m2
ou 3,3 ha, já outras regiões ao sul de Minas Gerais tem o alqueire como 24000 m2 ou 2,4 ha
comparando-se ao alqueire paulista.
As subunidades do alqueire são:
Litro: é a área do terreno em que se faz o plantio de um litro de sementes de milho
debulhado, variando de 5 a 6 grãos para cada m², cobrindo no total uma área de 605 m².
Prato: é a área do terreno com capacidade de plantio de um prato de milho,
correspondendo a uma área de 968 m².
Quarta: Corresponde a quarta parte do alqueire, variando na mesma proporção das
dimensões do alqueire, tendo como mínimo 25 . 25 braças e um máximo de 100 . 100 braças.
O are é uma unidade agrária criada unicamente para a medição de áreas agrarias,
correspondendo a 100 m². Tem como múltiplo o hectare (ha), que equivale a 10000 m² ou 100
ares. E seu submúltiplo, o centiare (ca), é igual a 1 m² ou 0,01 ares.
A tarefa é uma unidade agrária destinada a terras com plantio de cana de açúcar,
valendo no Ceará 3630 m², em Alagoas e Sergipe valendo 3052 m² e na Bahia,
frequentemente utilizada, também chamada de tarefa baiana, equivale a 4356 m² ou 0,44 ha.
A légua e a braça são as duas medidas mais encontradas em leis, relatórios e outros
textos do Império sobre tema colonização e imigração, além de serem muito utilizados na
agricultura.
1 légua = 6000 m
1 légua quadrada = 3600 ha
Braça do latim brachia – plural de brachium (braço). Antiga medida de comprimento
equivalente a 10 palmos, ou seja, 2,20 m (Brasil).
Braça quadrada (brasileiro) medida agraria que se usa no Mato Grosso e Mato
Grosso do Sul é igual a tarefa, de Alagoas e Sergipe 3052 m2. Como 1 braça = 2,2 m, então 1
braça quadrada = 2,20 m . 2,20 m = 4,84 m2.
Palmo = 8 polegadas = 22 cm.
22

2 - ÁREAS DAS PRINCIPAIS FIGURAS PLANAS

A seguir vamos apresentar as principais figuras geométricas e suas áreas. Por


simplicidade, vamos assumir a fórmula da área do quadrado e deduziremos a fórmula da área
das demais figuras planas a partir desta.

2.1 - Área do quadrado

O quadrado é um quadrilátero regular formado por quatro lados congruentes (mesma


medida). Ele é formado por quatro ângulos internos de 90º, os quais são chamados de ângulos
retos;
Figura 1.1: Quadrado

L
Fonte: http://geometriarq.blogspot.com.br/2010/09/demonstracao-da-area.html

A área do quadrado de lado 𝐿𝐿 é dada pelo produto da medida de dois de seus lados,
isto é, 𝐴𝐴𝑞𝑞𝑞𝑞𝑞𝑞𝑞𝑞𝑞𝑞𝑞𝑞𝑞𝑞𝑞𝑞 = 𝐿𝐿 . 𝐿𝐿 = 𝐿𝐿2 .

2.2 - Área do retângulo

Um retângulo é um quadrilátero convexo formado quatro ângulos internos de 90º


(retos). Ele possui dois pares de lados opostos paralelos e congruentes.
Dado o retângulo abaixo, vamos deduzir a fórmula de sua área.

Figura 2.2: Retângulo

a a
b

Fonte: Autoria própia


23

Ao completar o lado esquerdo do retângulo com um quadrado temos:

Figura 2.2: Demonstração da área do retângulo

a b

a a a
a
b

Fonte: Autoria própria

Ao completar o lado de cima do retângulo com um quadrado temos:

Figura 2.3: Demonstração da área do retângulo

b b

b
a

a a a

a b

Fonte: Autoria própria

Adicionando um retângulo entre os dois quadrados desenhados, afim de tornar a figura


2.4 inteira um quadrado, temos:
24

Figura 2.4: Demonstração da área do retângulo

a b

b b b

a a+b
a b

a a a

a b

a+b
Fonte: Autoria própria

Como sabemos que a área do quadrado é igual ao produto de seus lados, então:
(𝑎𝑎 + 𝑏𝑏)2 = 𝑎𝑎2 + 𝑏𝑏 2 + 2 . (á𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟 𝑑𝑑𝑑𝑑 𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟â𝑛𝑛𝑛𝑛𝑛𝑛𝑛𝑛𝑛𝑛)
𝑎𝑎2 + 2 . 𝑎𝑎 . 𝑏𝑏 + 𝑏𝑏 2 = 𝑎𝑎2 + 𝑏𝑏 2 + 2 . (á𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟 𝑑𝑑𝑑𝑑 𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟â𝑛𝑛𝑛𝑛𝑛𝑛𝑛𝑛𝑛𝑛)
𝑎𝑎2 − 𝑎𝑎2 + 2 . 𝑎𝑎 . 𝑏𝑏 + 𝑏𝑏 2 − 𝑏𝑏 2 = 2 . (á𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟 𝑑𝑑𝑑𝑑 𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟â𝑛𝑛𝑛𝑛𝑛𝑛𝑛𝑛𝑛𝑛)
2 . 𝑎𝑎 . 𝑏𝑏 = 2 . (á𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟 𝑑𝑑𝑑𝑑 𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟â𝑔𝑔𝑔𝑔𝑔𝑔𝑔𝑔)
2 . 𝑎𝑎 . 𝑏𝑏
= á𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟 𝑑𝑑𝑑𝑑 𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟â𝑛𝑛𝑛𝑛𝑛𝑛𝑛𝑛𝑛𝑛
2
Temos então que a área do retângulo é 𝐴𝐴𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟â𝑛𝑛𝑛𝑛𝑛𝑛𝑛𝑛𝑛𝑛 = 𝑎𝑎 . 𝑏𝑏

2.3 - Área do paralelogramo

Um paralelogramo é um quadrilátero plano convexo com lados opostos paralelos e


congruentes, que também possui ângulos opostos congruentes.
A seguir, vamos deduzir a fórmula da área do paralelogramo, a partir da área do
retângulo.
25

Dado o paralelogramo ABCD:


Figura 2.5: Paralelogramo.

A B

D C
Fonte: Autoria própria

Ao traçar sua altura relativamente ao lado CD (segmento perpendicular ao lado CD,


cujas extremidades são o ponto A e um ponto da reta que contém o segmento CD) e
chamando de b o comprimento de CD e de h essa altura, temos:

Figura 2.6: Demonstração da área do paralelogramo.

b
Fonte: Autoria própria
Ao deslocar a região triangular formada pelo pontilhamento da altura para o lado
direito do paralelogramo, sobrepondo a hipotenusa do triângulo com o lado direito do
paralelogramo, temos um retângulo de lados b e h, como mostra a figura abaixo.

Figura 2.7: Demonstração da área do paralelogramo

b
Fonte: Autoria própria.
26

Sabendo que a área do retângulo é igual ao produto da base pela altura e que, por
construção, a área do paralelogramo é a mesma do último retângulo, temos que a área do
paralelogramo é dada pelo produto de b por h, isto é,
𝐴𝐴𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝 = 𝑏𝑏 . ℎ

Exemplo 2.1:
Considerando um paralelogramo de base 7 m e de altura relativamente a esta base
igual a 5 m, temos que sua área é dada por:
𝐴𝐴 = 𝑏𝑏 𝑥𝑥 ℎ = 7 𝑚𝑚 𝑥𝑥 5 𝑚𝑚 = 35 𝑚𝑚2 .
Portanto, a área de um paralelogramo com estes dados é 35 𝑚𝑚2 .

2.4 - Área do triângulo

O triângulo é a figura geométrica que ocupa um espaço interno formado por três
segmentos de reta que concorrem, dois a dois, em três pontos diferentes formando três lados e
ângulos internos que somam 180º. Além disso, a medida de qualquer um dos lados deve ser
maior que a soma das medidas dos outros dois e maior que o valor absoluto da diferença entre
essas medidas.
Figura 2.8: Triângulo

a b

c
Fonte: Autoria própria

|𝑏𝑏 − 𝑐𝑐| < 𝑎𝑎 < 𝑏𝑏 + 𝑐𝑐


|𝑎𝑎 − 𝑐𝑐| < 𝑏𝑏 < 𝑎𝑎 + 𝑐𝑐
|𝑎𝑎 − 𝑏𝑏| < 𝑐𝑐 < 𝑎𝑎 + 𝑏𝑏
27

Vamos, a seguir, deduzir uma fórmula para calcular a área de um triângulo em função
de um de seus lados e da altura relativamente a esse lado. Observando os dois triângulos
congruentes abaixo:

Figura 2.9: Demonstração da área do triângulo.

h h

b b

Fonte: Autoria própria.

Percebe-se que ao rotacionar o triângulo do lado direito 180º a esquerda, e após isso
sobrepô-lo ao triângulo da esquerda um de seus lados, formamos um paralelogramo.

Figura 2.10: Demonstração da área do triângulo.

h
h

b
Fonte: Autoria própria

Cuja área é dada por:


𝐴𝐴𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝𝑝 = 𝑏𝑏 . ℎ
E como, por construção, a área do triângulo é a metade da área de um paralelogramo,
sua área é dada por:
𝑏𝑏 . ℎ
𝐴𝐴𝑡𝑡𝑡𝑡𝑡𝑡â𝑛𝑛𝑛𝑛𝑛𝑛𝑛𝑛𝑛𝑛 = .
2
28

Uma outra fórmula para o cálculo da área de triângulos utiliza a função trigonométrica seno,
vamos a seguir destaca-la, embora não façamos aqui uma abordagem mais profunda das
funções trigonométricas. Considerando o triângulo ABC abaixo:

Figura 2.11: Triângulo ABC

Fonte: Autoria própria

onde a, b e c são as medidas dos lados opostos aos vértices A, B e C, respectivamente e h é a


medida da altura relativamente a base AB. Então a área do triângulo ABC é dada por

base. altura c. h
= .
2 2
𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐𝑐 𝑜𝑜𝑜𝑜𝑜𝑜𝑜𝑜𝑜𝑜𝑜𝑜
Além disso, como 𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠(𝑎𝑎) = ℎ𝑖𝑖𝑖𝑖𝑖𝑖𝑖𝑖𝑖𝑖𝑖𝑖𝑖𝑖𝑖𝑖𝑖𝑖
, temos que h = b. sen(A) = a. sen(B),
temos as seguintes fórmulas para a área do triângulo

c. b . sen(A) c . a. sen(B)
e
2 2
e, analogamente,
a . b. sen(C)
.
2
Há ainda uma importante fórmula para a área de triângulos que leva em conta apenas a
medida dos lados, tal fórmula é chamada de fórmula de Heron e será dada na próxima secção.
29

2.5 - A Fórmula de Heron.

Outra fórmula bastante utilizada no cálculo da área do triângulo é a Fórmula de Heron


que diz que se um triângulo possui lados de medidas a. b e c então sua área é dada por
�(s − a) . (s − b) . (s − c) . s
(𝑎𝑎+𝑏𝑏+𝑐𝑐)
onde 𝑠𝑠 = 2
é o semiperímetro do triângulo.

Vejamos:
Dado um triângulo genérico qualquer:

Figura 2.12: Triângulo ABC da demonstração da formula de Heron.


B

𝑏𝑏�
c a
h

𝑎𝑎� 𝑐𝑐̂
A H b C

Fonte: https://www.tutorbrasil.com.br/forum/viewtopic.php?t=547

Vamos primeiramente encontrar o valor de cos â. Utilizando o teorema de Pitágoras


����, necessário para determinar o valor do cos â.
encontra-se também o comprimento de 𝐴𝐴𝐴𝐴
���� )2
𝑐𝑐 2 = ℎ2 + (𝐴𝐴𝐴𝐴

���� )2 = 𝑐𝑐 2 − ℎ2
(𝐴𝐴𝐴𝐴

����
𝐴𝐴𝐴𝐴 = �𝑐𝑐 2 − ℎ2

𝑐𝑐 2 − ℎ2
Portanto cos â = � 𝑐𝑐

Utilizando o triângulo ABC, aplica-se a lei dos cossenos relativa ao ângulo â:

𝑎𝑎2 = 𝑏𝑏 2 + 𝑐𝑐 2 − 2𝑏𝑏𝑏𝑏 cos â

Substituindo o a valor de cos â:

𝑐𝑐 2 − ℎ2
𝑎𝑎2 = 𝑏𝑏 2 + 𝑐𝑐 2 − 2𝑏𝑏𝑏𝑏 �
𝑐𝑐
30

𝑎𝑎2 = 𝑏𝑏 2 + 𝑐𝑐 2 − 2𝑏𝑏 �𝑐𝑐 2 − ℎ2

Isolando o valor de ℎ2 :

2𝑏𝑏 �𝑐𝑐 2 − ℎ2 = 𝑏𝑏 2 + 𝑐𝑐 2 − 𝑎𝑎2

𝑏𝑏 2 + 𝑐𝑐 2 − 𝑎𝑎2
�𝑐𝑐 2 − ℎ2 =
2𝑏𝑏
2
2
𝑏𝑏 2 + 𝑐𝑐 2 − 𝑎𝑎2
2
𝑐𝑐 − ℎ = � �
2𝑏𝑏
2
2
𝑏𝑏 2 + 𝑐𝑐 2 − 𝑎𝑎2
2
ℎ = 𝑐𝑐 − � �
2𝑏𝑏

Utilizando a fórmula da área do triângulo:

𝑏𝑏 . ℎ
𝐴𝐴 =
2
Elevando ao quadrado ambos os lados:

𝑏𝑏 2 . ℎ2
𝐴𝐴2 =
4
Substituindo o valor de ℎ2 nessa expressão:
2
2 2𝑏𝑏 2 + 𝑐𝑐 2 − 𝑎𝑎2
𝑏𝑏 . �𝑐𝑐 − � � �
2𝑏𝑏
𝐴𝐴2 =
4
(𝑏𝑏 2 + 𝑐𝑐 2 − 𝑎𝑎2 )2
𝑏𝑏 2 . 𝑐𝑐 2 − 𝑏𝑏 2 .
𝐴𝐴2 = 4𝑏𝑏 2
4
4𝑏𝑏 2 . 𝑐𝑐 2 − (𝑏𝑏 2 + 𝑐𝑐 2 − 𝑎𝑎2 )2
𝐴𝐴2 =
16
(2𝑏𝑏𝑏𝑏)2 − (𝑏𝑏 2 + 𝑐𝑐 2 − 𝑎𝑎2 )2
𝐴𝐴2 =
16
Aplicando a fórmula da diferença de dois quadrados, 𝑥𝑥 2 − 𝑦𝑦 2 = (𝑥𝑥 + 𝑦𝑦) . (𝑥𝑥 − 𝑦𝑦),
temos:

[2𝑏𝑏𝑏𝑏 − (𝑏𝑏 2 + 𝑐𝑐 2 − 𝑎𝑎2 )] . [2𝑏𝑏𝑏𝑏 + (𝑏𝑏 2 + 𝑐𝑐 2 − 𝑎𝑎2 )]


𝐴𝐴2 =
16
[−(𝑏𝑏 2 − 2𝑏𝑏𝑏𝑏 + 𝑐𝑐 2 ) + 𝑎𝑎2 ] . [(𝑏𝑏 2 + 2𝑏𝑏𝑏𝑏 + 𝑐𝑐 2 ) − 𝑎𝑎2 ]
𝐴𝐴2 =
16
31

[𝑎𝑎2 − (𝑏𝑏 − 𝑐𝑐)2 ] . [(𝑏𝑏 + 𝑐𝑐)2 − 𝑎𝑎2 ]


𝐴𝐴2 =
16
Aplicando novamente a diferença entre quadrados:

�𝑎𝑎 − (𝑏𝑏 − 𝑐𝑐)� . (𝑎𝑎 + 𝑏𝑏 − 𝑐𝑐) . (𝑏𝑏 + 𝑐𝑐 − 𝑎𝑎) . (𝑏𝑏 + 𝑐𝑐 + 𝑎𝑎)


𝐴𝐴2 =
16
(𝑎𝑎 − 𝑏𝑏 + 𝑐𝑐) . (𝑎𝑎 + 𝑏𝑏 − 𝑐𝑐) . (𝑏𝑏 + 𝑐𝑐 − 𝑎𝑎) . (𝑏𝑏 + 𝑐𝑐 + 𝑎𝑎)
𝐴𝐴2 =
16
(𝑎𝑎 − 𝑏𝑏 + 𝑐𝑐) (𝑎𝑎 + 𝑏𝑏 − 𝑐𝑐) (𝑏𝑏 + 𝑐𝑐 − 𝑎𝑎) (𝑏𝑏 + 𝑐𝑐 + 𝑎𝑎)
𝐴𝐴2 = . . .
2 2 2 2
Fazendo aparecer o semiperímetro (p):

(𝑎𝑎 + 𝑏𝑏 + 𝑐𝑐 − 2𝑏𝑏) (𝑎𝑎 + 𝑏𝑏 + 𝑐𝑐 − 2𝑐𝑐) (𝑎𝑎 + 𝑏𝑏 + 𝑐𝑐 − 2𝑎𝑎) (𝑎𝑎 + 𝑏𝑏 + 𝑐𝑐)


𝐴𝐴2 = . . .
2 2 2 2
𝑎𝑎 + 𝑏𝑏 + 𝑐𝑐 𝑎𝑎 + 𝑏𝑏 + 𝑐𝑐 𝑎𝑎 + 𝑏𝑏 + 𝑐𝑐 𝑎𝑎 + 𝑏𝑏 + 𝑐𝑐
𝐴𝐴2 = � − 𝑏𝑏� . � − 𝑐𝑐� . � − 𝑎𝑎� . � �
2 2 2 2
𝑎𝑎+𝑏𝑏+𝑐𝑐
Substituindo 𝑠𝑠 = 2
:

𝐴𝐴2 = (𝑠𝑠 − 𝑏𝑏) . (𝑠𝑠 − 𝑐𝑐) . (𝑠𝑠 − 𝑎𝑎) . 𝑠𝑠

Portanto a fórmula de Heron é:

𝐴𝐴 = �(𝑠𝑠 − 𝑏𝑏) . (𝑠𝑠 − 𝑐𝑐) . (𝑠𝑠 − 𝑎𝑎) . 𝑠𝑠

Observe que a fórmula de Heron é muito interessante, pois permite o cálculo de área
de triângulos sem a necessidade do conhecimento de nenhum dos ângulos do triângulo, nem
de suas alturas.
Vejamos uma aplicação desta fórmula no seguinte exemplo.
���� = 2 𝑐𝑐𝑐𝑐,
Exemplo 2.2: Calcular a área de um quadrilátero ABCD sabendo que 𝐴𝐴𝐴𝐴
���� = 4 𝑐𝑐𝑐𝑐, ����
𝐵𝐵𝐵𝐵 ���� = 5 𝑐𝑐𝑐𝑐 e ����
𝐶𝐶𝐶𝐶 = 3 𝑐𝑐𝑐𝑐, 𝐷𝐷𝐷𝐷 𝐴𝐴𝐴𝐴 = 5 𝑐𝑐𝑐𝑐.

Figura 2.13: Quadrilátero ABCD

Fonte: Autoria própria


32

Para encontrar a área do quadrilátero ABCD, o decompomos em dois triângulos,


encontramos a área de ambos os triângulos individualmente, e no final somamos seus valores.

Figura 2.14: Quadrilátero ABCD com diagonal

Fonte: Autoria própria

Encontrando a área do triângulo ABC:

Figura 2.15: Triângulo ABC

Fonte: Autoria própria

Para encontrar a área do triângulo ABC utilizamos a fórmula de Heron:

𝐴𝐴 = �(𝑠𝑠 − 𝑎𝑎) . (𝑠𝑠 − 𝑏𝑏). (𝑠𝑠 − 𝑐𝑐). 𝑠𝑠, onde a, b, c são as medidas dos 3 lados diferentes da
figura e cujo o p é o semiperímetro dado por:

(𝑎𝑎 + 𝑏𝑏 + 𝑐𝑐)
𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠 =
2
(2 . 5 . 4)
𝑠𝑠 = = 5,5 𝑐𝑐𝑐𝑐
2
33

𝐴𝐴 = �(5,5 − 2). (5,5 − 5). (5,5 − 4). 5,5

𝐴𝐴 ≅ 3,8 𝑐𝑐𝑐𝑐2 .

Encontrando a área para o triângulo ACD:

Figura 2.16: Triângulo ACD

Fonte: Autoria própria

Utilizamos o mesmo procedimento da figura anterior, calculamos sua área através da


formula de Heron.
(5.5.3)
s= = 6,5 cm
2

A = �(6,5 − 5). (6,5 − 5). (6,5 − 3). 6,5

A ≅ 7,15 cm2 .

Encontrando a área do quadrilátero ABCD

𝐴𝐴𝐴𝐴𝐴𝐴𝐴𝐴𝐴𝐴 = 𝐴𝐴𝐴𝐴𝐴𝐴𝐴𝐴 + 𝐴𝐴𝐴𝐴𝐴𝐴𝐴𝐴 = 3,8 + 7,15 = 10,95 𝑐𝑐𝑐𝑐2 .

2.6 - Área do trapézio

O trapézio é quadrilátero notável, ou seja, é convexo e tem dois de seus lados


paralelos, chamados de bases do trapézio, podendo estas bases serem de comprimentos
diferentes.
34

Para calcular a área do trapézio constituído por uma base maior (B), uma base menor
(𝐵𝐵+𝑏𝑏)
(b), e uma altura (h), como na figura abaixo, usamos a fórmula 𝐴𝐴 = ℎ. .
2
Figura 2.17: Trapézio

B
Fonte: http://geometriarq.blogspot.com.br/2010/09/demonstracao-das-areas.html

Para obter tal fórmula, faz-se necessário dividi-lo em dois triângulos de bases B e b
respectivamente e altura comum igual a h.
Figura 2.18: Demonstração da área do trapézio

b
C D

h h

E F

B
Fonte: http://geometriarq.blogspot.com.br/2010/09/demonstracao-das-areas.html

Com isso encontramos a área do trapézio somando as áreas dos dois triângulos, ou
seja,
𝑏𝑏 . ℎ
𝐴𝐴∆𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶 =
2
𝐵𝐵 . ℎ
𝐴𝐴∆𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶 =
2

𝐴𝐴 𝑇𝑇𝑇𝑇𝑇𝑇𝑇𝑇é𝑧𝑧𝑧𝑧𝑧𝑧 = 𝐴𝐴∆𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶 + 𝐴𝐴∆𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶𝐶


𝑏𝑏 . ℎ 𝐵𝐵 . ℎ
𝐴𝐴 𝑇𝑇𝑇𝑇𝑇𝑇𝑇𝑇é𝑧𝑧𝑧𝑧𝑧𝑧 = +
2 2
𝑏𝑏 . ℎ + 𝐵𝐵 . ℎ
𝐴𝐴 𝑇𝑇𝑇𝑇𝑇𝑇𝑇𝑇é𝑧𝑧𝑧𝑧𝑧𝑧 =
2
35

Colocando o h em evidência, temos que a área do trapézio é:


ℎ . (𝑏𝑏 + 𝐵𝐵)
𝐴𝐴𝑇𝑇𝑇𝑇𝑇𝑇𝑇𝑇é𝑧𝑧𝑧𝑧𝑧𝑧 = .
2

2.7 - Área do losango

O losango é um quadrilátero equilátero formado por quatro lados iguais.


Apresenta dois lados e ângulos opostos congruentes e paralelos, com duas diagonais
que se cruzam perpendicularmente.
Como o losango é constituído por dois triângulos iguais, as áreas de seus triângulos
também serão iguais.

Figura 2.19: Losango

O
B C

Fonte: Autoria própria

Para obter a fórmula da área do losango considere suas diagonais:


����
𝐴𝐴𝐴𝐴 = 𝐷𝐷 (𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷 𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚)
���� = 𝑑𝑑 (𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷 𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚𝑚).
𝐵𝐵𝐵𝐵
Logo, levando em consideração a divisão da diagonal maior em duas diagonais, uma
indo do ponto A ao ponto O, sendo a altura do triângulo ABC. E outro indo do ponto D ao
ponto O, sendo a altura do triangulo BDC. Com a base de ambos os triângulos na diagonal
���� .
menor d, ou seja 𝐵𝐵𝐵𝐵
36

Figura 2.20: Demonstração da área do losango.

𝐷𝐷
2

B C
𝐷𝐷
2

D
Fonte: http://geometriarq.blogspot.com.br/2010/09/demonstracao-das-areas.html

Diagonal menor (base) = d


𝐷𝐷
Diagonal maior (altura) = 2
𝑏𝑏 . ℎ
Como a área do triângulo é 𝐴𝐴 = 2
, cuja base é a diagonal menor (d) e a altura sua
𝐷𝐷
diagonal maior � 2 �, e com 𝐴𝐴∆𝐴𝐴𝐴𝐴𝐴𝐴 = 𝐴𝐴∆𝐵𝐵𝐵𝐵𝐵𝐵 , então a área de ambos os triângulos será dada

por:
𝑑𝑑 . 𝐷𝐷
𝐴𝐴 = 2
2
A área do Losango será dada obtida a partir da soma das áreas dos dois triângulos, isto
é,

𝐴𝐴𝐿𝐿𝐿𝐿𝐿𝐿𝐿𝐿𝐿𝐿𝐿𝐿𝐿𝐿 = 𝐴𝐴∆𝐴𝐴𝐴𝐴𝐴𝐴 + 𝐴𝐴∆𝐵𝐵𝐵𝐵𝐵𝐵


𝐷𝐷 𝐷𝐷
𝑑𝑑 . 𝑑𝑑 .
𝐴𝐴𝐿𝐿𝐿𝐿𝐿𝐿𝐿𝐿𝐿𝐿𝐿𝐿𝐿𝐿 = 2
+ 2
2 2
𝐷𝐷
𝑑𝑑 .
𝐴𝐴𝐿𝐿𝐿𝐿𝐿𝐿𝐿𝐿𝐿𝐿𝐿𝐿𝐿𝐿 = 2 . � 2

2

𝐷𝐷 1
𝐴𝐴𝐿𝐿𝐿𝐿𝐿𝐿𝐿𝐿𝐿𝐿𝐿𝐿𝐿𝐿 = 2 . �𝑑𝑑 . 2 . 2�
𝐷𝐷
𝐴𝐴𝐿𝐿𝐿𝐿𝐿𝐿𝐿𝐿𝐿𝐿𝐿𝐿𝐿𝐿 = 2 . �𝑑𝑑 . 4 �
37

Simplificando temos que a área do Losango será:


𝐷𝐷 . 𝑑𝑑
𝐴𝐴𝐿𝐿𝐿𝐿𝐿𝐿𝐿𝐿𝐿𝐿𝐿𝐿𝐿𝐿 = .
2

2.8 - Área de polígonos quaisquer

Para calcular a área de um polígono qualquer, o método prático é o de decompor tal


polígono em figuras planas, como por exemplo, triângulos. E após saber as medidas de seus
lados, tornando-se possível o cálculo de sua área. Assim, sabendo o lado de cada um desses
triângulos encontramos a área de cada um dos triângulos e, consequentemente, obtemos a área
de tal polígono como a soma das áreas desses triângulos. Vejamos o seguinte exemplo:
Figura 2.21: Polígono AEBDC

E D

A B

Fonte: Autoria própria

Observando a figura podemos perceber que trata-se de um polígono irregular, cujo


cálculo da sua área não é proveniente de uma única fórmula pronta. No entanto, é possível
encontrar sua área decompondo em duas figuras planas, um triângulo BDC e um retângulo
AEBD, onde a área do polígono será a soma das áreas das duas figuras.
Analisando o retângulo temos que ���� 𝐸𝐸𝐸𝐸 = 7 cm e que ����
𝐴𝐴𝐴𝐴 = ���� ���� = 5 cm
𝐴𝐴𝐴𝐴 = 𝐵𝐵𝐵𝐵

𝑏𝑏 𝑥𝑥 ℎ 7 𝑥𝑥 5
𝐴𝐴𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟â𝑛𝑛𝑛𝑛𝑛𝑛𝑛𝑛𝑛𝑛 𝐴𝐴𝐴𝐴𝐴𝐴𝐴𝐴 = = = 17,5 𝑐𝑐𝑐𝑐2
2 2

No cálculo da área do triângulo utilizamos a fórmula de Heron, levando em


���� = 𝐵𝐵𝐵𝐵
consideração que 𝐴𝐴𝐴𝐴 ���� = b = 3 cm e 𝐶𝐶𝐶𝐶
���� = a = 5 cm; 𝐵𝐵𝐵𝐵 ���� = c = 4 cm.

𝑎𝑎 + 𝑏𝑏 + 𝑐𝑐 5+3+4
𝑠𝑠 (𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠) = = = 6 𝑐𝑐𝑐𝑐
2 2
38

𝐴𝐴 = �(𝑠𝑠 − 𝑎𝑎). (𝑠𝑠 − 𝑏𝑏). (𝑠𝑠 − 𝑐𝑐). 𝑝𝑝 = �(6 − 5). (6 − 3). (6 − 4). 6 = 6 𝑐𝑐𝑐𝑐2

Portanto a área do pentágono será 17,5 cm2 + 6 cm2 = 23,5 cm2.


39

3 - O CÁLCULO DE ÁREAS NA AGRICULTURA

A seguir, vamos estudar, através de exemplos, como o cálculo de áreas de polígonos


(geralmente quadriláteros) é feito por muitos agricultores. Tal cálculo consiste em obter a área
de quadriláteros da seguinte forma: primeiro toma-se a média dos lados opostos e em seguida
realiza-se o produto com o resultado dessas médias. O resultado obtido é definido como a área
do quadrilátero. Sabemos que tal cálculo não é exato e deve-se ter muito cuidado ao utilizar
tal fórmula, portanto, além de trazer o método utilizado por eles, vamos estudar o erro
cometido e verificar em que circunstâncias este erro é aceitável.

Exemplo 3.1: Vamos considerar que temos certo terreno que apresenta formado por um
retângulo ABDC e por um trapézio BDEF com BD paralelo a EF, como mostra a figura
abaixo. Determine a área deste terreno em hectares.

Figura 3.1: Exemplo 3.1

C 200 m D
100 m E

60 m 20 m

100 m F
A 200 m B

Fonte: Autoria própria

De acordo com a técnica utilizada pelos agricultores, o cálculo se dá da seguinte


forma:
���� = 𝐶𝐶𝐶𝐶
Calculamos primeiramente a área do retângulo ABCD, para isso observe que 𝐴𝐴𝐴𝐴 ����
= 200 m e que ����
𝐴𝐴𝐴𝐴 = ����
𝐵𝐵𝐵𝐵 = 60 m e, portanto, a média dos lados opostos são respectivamente
200 m e 60 m.
Logo, a área do retângulo ABCD é 200 m x 60 m = 12000 m2.
Em seguida calculamos a área de BDEF, calculando-se as médias dos lados opostos e,
em seguida tomando-se o produto dessas médias, obtendo
80
60 m + 20 m = 𝑚𝑚 = 40 m.
2
40

Assim, a área do quadrilátero BDEF é 40m x 100m = 4000m2 e, portanto, a área total
do terreno é 12000 m2 + 4000 m2 = 16000 m2, o que corresponde a 1,6 hectares.
Agora, vamos estudar o erro cometido no cálculo acima. Como ABCD é supostamente
um retângulo, sua área é dada por 200 m x 60 m = 12000 m2, o que mostra que as duas
fórmulas coincidem.
Para calcular a área do trapézio isósceles BDEF faz-se necessário sabermos a altura h,
como na figura abaixo.
Figura 3.2: Exemplo 3.1

D
100 m
20 m
h E

60 m 20 m

h F

20 m 100 m
B

Fonte: Autoria própria

Após isso, podemos utilizar o teorema de Pitágoras para encontrar o valor de h:


h2 = (100 m)2 − (20 m)2

h = �(100 m)2 − (20 m)2 = 97,98 ≅ 98 m


E a área de BDEF é aproximadamente
(20 𝑚𝑚 + 60 𝑚𝑚). 98𝑚𝑚
= 3920 𝑚𝑚2 .
2
O que mostra que o erro cometido no cálculo da área do trapézio BDEF é de 80 m2, o
que corresponde a aproximadamente 2% da área do trapézio.
A área de ABCDEF será dada pela soma da área de ABCD com a área de BDEF, ou
seja, a área total é 12000 m2 + 3920 m2 = 15920 m2 = 1,59 ha.
Percebe-se que o erro cometido desse método utilizado pelos agricultores é de 16000
m2 – 15920 m2 = 80 m2 ou 1,6 – 1,59 = 0,01 ha.
41

Concluímos que, neste caso, não há um erro significante. Porém, o fato de haver um
retângulo envolvido foi o que ajudou na diminuição do erro.
Exemplo 3.2 – Certa propriedade tem a forma de um trapézio isósceles ABCD com
���� paralelo a 𝐶𝐶𝐶𝐶
𝐴𝐴𝐴𝐴 ���� e a medida de seus lados estão indicadas na figura abaixo. Quantos hectares
tem este imóvel?

Figura 3.3: Exemplo 3.2

B 5800 m

800 m
C

2800 m
1200 1200 m
m

A
5800 m

Fonte: Autoria própria

A solução, segundo a técnica dos agricultores, é da seguinte forma. Calculamos a


média dos dois lados opostos diferentes
AB + CD 2800 m + 1200 m
= = 2000 m
2 2
���� = ����
Como 𝐵𝐵𝐵𝐵 𝐴𝐴𝐴𝐴 = 5800 m, a média desses dois lados coincide com a medida desses
lados. Logo, a área desse trapézio é 5800 m x 2000 m = 11600000 m2 = 1160 ha.
Para estudar o erro cometido, este exemplo pode ser resolvido pelo mesmo raciocínio
do problema anterior, no qual tendo trapézio isósceles, analisamos e calculamos sua altura
pelo teorema de Pitágoras, vejamos a figura abaixo.
42

Figura 3.4: Exemplo 3.2

B 5800 m

800 m
h E
2800 m

1200 m 1200 m

h F
800 m

A
5800 m

Fonte: Autoria própria

ℎ2 = (5800 𝑚𝑚)2 − (800𝑚𝑚)2

ℎ = �(5800 𝑚𝑚)2 − (800𝑚𝑚)2

ℎ = 5744,5 𝑚𝑚

Assim, a área é
(2800 m + 1200 m). 5744,5 m
= 11489000 m2 = 1148,9 ha.
2
O erro cometido neste exemplo pelo método dos agricultores é de 11600000 m2 –
11489000 m2 =111000 m2 ou 1160 ha – 1148,9 ha = 11,1 há, o que dá um erro de
aproximadamente 1% do valor total da área.
Exemplo 3.3 – Um terreno tem a forma de um quadrilátero e seus lados medem
respectivamente 25 m; 22 m; 12,5 m e 10 m (veja a figura). Quantos metros quadrados tem
este terreno.
43

Figura 22: Exemplo 3.3

A 25 m
B

12,5 m 10 m

D 22 m

Fonte: Autoria própria

Utilizando a técnica de calcular dos agricultores, temos que a área calculando a


medida de cada lado:
���� + CD
AB ���� 25 + 22
x= = = 23,5 m.
2 2
���� + BC
AD ���� 12,5 + 10
y= = = 11,25 m.
2 2
Portanto, a área do quadrilátero ABCD, segundo esta técnica, é 23,5 m x 11,25 m =
264,37 m2.
Neste caso, não temos informações suficientes para calcular o erro cometido, porque
para calcular a área deste quadrilátero ABCD cujos quatro lados possuem medidas diferentes
são necessárias mais informações, além dos valores dos lados. Supondo que o ângulo A mede
60 º, ao traçarmos uma reta de B para D, dividindo o quadrilátero em dois triângulos,
encontramos, pela lei dos cossenos,
BD2 = (12,5)2 + (25)2 − 2 . 12,5 . 25 . cos 60o .
E, portanto,
BD = �468,75 = 21,65 m.
Utilizando a fórmula de Heron, podemos calcular a área dos triângulos DCB e DAB:
(12,5 m + 25 m + 21,65 m)
s= = 29,58 m.
2
Área (DAB) = �(29,58 − 12,5). (29,58 − 25). (29,58 − 21,65). 29,58 = 135,46 m2
44

(22 𝑚𝑚 + 10 𝑚𝑚 + 21,65𝑚𝑚)
𝑠𝑠 = = 26,83 𝑚𝑚
2
Área (DCB) = �(26,83 − 22). (26,83 − 10). (26,83 − 21,65). 26,83 ≅ 106,29 m2
Portanto a área do quadrilátero ABCD é 135,46 m2 + 106,25m2 = 241,75 m2.
Portanto o erro cometido entre a maneira correta e maneira de calcular a área pelos
agricultores é de 264,37 m2 – 241,75m2 = 22,62m2. O que corresponde a um erro de
aproximadamente 9,3% do valor total da área.

Exemplo 3.4 – Considere agora o seguinte quadrilátero com as seguintes medidas a = 50 m, b


= 100 m, c = 40 m, d = 90 m.

Figura 3.6: Exemplo 3.4


B d D

a c

Fonte: Autoria própria

Neste exemplo, temos um quadrilátero irregular cujos 4 lados são diferentes. Neste
caso, pela técnica utilizada pelos agricultores, temos

𝑏𝑏 + 𝑑𝑑 100 + 50
= = 95
2 2
𝑎𝑎 + 𝑐𝑐 50 + 40
= = 45 𝑚𝑚
2 2
A área do quadrilátero é, então, 95 m . 45 m = 4275 m2.
Novamente, para estudar o erro cometido, necessitamos de mais informações. Vamos
supor então que conhecemos dois ângulos opostos. Suponhamos que o ângulo A seja de 80 º e
o ângulo D seja de 110 º.
45

Figura 3.23: Exemplo 3.4

B d D

110 º

a c

80 º

A b C

Fonte: Autoria própria

Traçamos a diagonal BC dividindo o quadrilátero em dois triângulos ABC e BCD. A


área do primeiro triângulo é a. b. sen(A) e do segundo é c. . d. sen(D). Então
50.100. 𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠 80 + 90 . 40 . 𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠 110
Á𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟 (𝐴𝐴𝐴𝐴𝐴𝐴𝐴𝐴) = ≅ 4153,47 𝑚𝑚2 .
2

Comparando com o resultado da área calculado pelo método dos agricultores, temos
um erro de 4275 m2 – 4153,47 m2 = 121,53 m2, o que corresponde a aproximadamente 3% do
valor real da área do quadrilátero.

3.1 - Cálculo de área para qualquer quadrilátero

Vimos nos exemplos acima que os erros cometidos ao calcular a área de quadriláteros
pelo método utilizado pelos agricultores podem ser um tanto quanto aleatórios. Isso acontece
porque não depende apenas de seus lados, mas também de seus ângulos. Vejamos então o
caso geral de um quadrilátero qualquer.
Dado um quadrilátero ABCD, com lados conhecidos como abaixo:
46

Figura 3.7: Quadrilátero ABCD

Fonte: Autoria própria

Como calcular a área do quadrilátero ABCD da figura acima?


Observe que foram dados os quatro lados do quadrilátero, mas isso não é suficiente
para calcular a área, como veremos no exemplo abaixo. Considere os quadriláteros:

Figura 3.8: Quadriláteros

8 8

5 h 5
5 5

8
8
Fonte: Autoria própria

Onde o primeiro é um paralelogramo e o segundo é um retângulo. Note que a área do


paralelogramo é 8 h e não 8 x 5 = 40 que é a área do retângulo. Note que, necessariamente,
h < 5. Por exemplo, se h = 4, teríamos que a área do paralelogramo seria 32 que é uma
diferença de 8 unidades da área do retângulo com os mesmos lados, uma diferença de 20% da
área do retângulo.
47

Então como calcular a área do quadrilátero ABCD? A resposta está em obter mais
informações sobre o quadrilátero, vejamos três situações em que este cálculo é possível.
1º Caso: Supondo conhecido uma das diagonais, digamos AC = r.

Neste caso, a área de ABCD é a soma das áreas dos triângulos ACD e ACB que
possuem os três lados conhecidos e, suas áreas podem ser calculadas usando a formula de
Heron.

Á𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟 (𝐴𝐴𝐴𝐴𝐴𝐴𝐴𝐴) = á𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟 (𝐴𝐴𝐴𝐴𝐴𝐴) + á𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟 (𝐴𝐴𝐴𝐴𝐴𝐴) =

= �𝑠𝑠1 (𝑠𝑠1 − 𝑟𝑟). (𝑠𝑠1 − 𝑝𝑝). (𝑠𝑠1 − 𝑛𝑛) + �𝑠𝑠2 (𝑠𝑠2 − 𝑟𝑟)(𝑠𝑠2 − 𝑞𝑞)(𝑠𝑠2 − 𝑚𝑚).

Onde
𝑟𝑟 + 𝑝𝑝 + 𝑛𝑛 𝑟𝑟 + 𝑞𝑞 + 𝑚𝑚
𝑠𝑠1 = e 𝑠𝑠2 =
2 2

2º Caso: Supondo conhecido um dos ângulos, digamos Â=a.


Aqui poderíamos usar a lei dos cossenos para encontrar a diagonal BD. Teríamos

𝐵𝐵𝐵𝐵2 = 𝑝𝑝2 + 𝑚𝑚2 − 2 . 𝑝𝑝 . 𝑚𝑚 . cos 𝑎𝑎

e, portanto,

𝐵𝐵𝐵𝐵 = �𝑝𝑝2 + 𝑚𝑚2 − 2 . 𝑝𝑝 . 𝑚𝑚 . cos 𝑎𝑎 .

Em seguida usaríamos o 1º caso para calcular a área do quadrilátero.


3º Caso: Conhecendo-se dois ângulos opostos, digamos  e 𝐶𝐶̂ .
Neste caso, podemos decompor o quadrilátero em dois triângulos DAB e DCB.
Calculamos a área dos triângulos pelas fórmulas.

𝑝𝑝 . 𝑚𝑚 . 𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠 𝐴𝐴̂ 𝑞𝑞 . 𝑛𝑛 . 𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠 𝐶𝐶̂


Á𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟 (𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷) = e Á𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟 (𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷𝐷) =
2 2
Assim

𝑝𝑝 . 𝑚𝑚 . 𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠 𝐴𝐴̂ + 𝑞𝑞 . 𝑛𝑛 . 𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠𝑠 𝐶𝐶̂


Á𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟𝑟 (𝐴𝐴𝐴𝐴𝐴𝐴𝐴𝐴) = .
2
48

3.2 – Possíveis dificuldades e sugestões para o cálculo de áreas na


agricultura.

Na prática, os agricultores poderiam encontrar dificuldades para encontrar a área de


um quadrilátero, pois ao tentar fazer uma diagonal no terreno, uma reta bem definida seria
difícil de ser traçada não só pela grande extensão do terreno, mas por fatores derivados da
topografia do terreno junto a obstáculos naturais. O ideal para contornar esse problema seria
fazer uso de pelo menos um ângulo nos vértices da região do terreno, no qual o mesmo
poderia ser medido através de ferramenta como o teodolito, e após saber o valor dele, utilizar-
se a lei dos cossenos para achar uma suposta diagonal na região quadricular do terreno. Após
isso encontraria a área dos dois triângulos recém-formados através da fórmula de Heron e,
consequentemente, a área total do terreno com região quadricular, com a soma das áreas dos
dois triângulos.
Teodolito é um instrumento de precisão óptica capaz de realizar a medição de ângulos
verticais e horizontais, o mesmo é montado sobre um tripé centrado e verticalizado. O
teodolito é usado em diversos setores como agricultura, construção civil, meteorologia,
navegação, entre outros.
Tal procedimento não exigiria tanta habilidade matemática por parte do agricultor, isso
devido à grande diversidade tecnológica empregada na zona rural nos dias atuais, pois com
calculadoras científicas, com aplicativos de smartphone, ou com softwares de computador o
mesmo seria capaz de calcular diversos problemas, no qual envolveriam o cosseno ou seno,
até mesmo resolver uma grande operação matemática com potência e raiz. Bastaria apenas o
mesmo ter o conhecimento da fórmula que deveria ser utilizada e saber o valor de cada item
contido nela. Dessa forma, o cálculo de área na agricultura forneceria um resultado melhor
aproximado do que o método comumente utilizado por eles.
49

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Semelhança. Rio de Janeiro: Sociedade Brasileira de Matemática. 1991

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50

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SILVA, Marcos Noé Pedro Da. "Medidas Agrárias” Brasil Escola. Disponível em
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ZORZAN, Adriana. Metodologia para ensino da matemática – Séries Iniciais.

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