Você está na página 1de 9

Cartografias douso e produção de imagens em um projeto depesquisa e extensão:algumas

provocações
 
Resumo: 
    O artigo apresenta, em linhas gerais, uma primeira experimentação de um grupo de
pesquisadores do Projeto CIVITAS, com uma realização audiovisual para fins de
documentação, pesquisa, divulgação e expressão dos sentidos que sobrevoam como
práticas educativas disparadas a partir da ação do referido projeto. No texto, procuramos
realizar um encontro desta experimentaçãoção com alguns aportes teóricos, que
fundamentam o estudo da matéria audiovisual, como em Bellour, a fim de criar
umaimagem  da pesquisa e do projeto articulada à Deleuze  e  Guattari.  Pretende-se
apresentar algumas reflexões, sobre a arte, filosofia e ciência na produção audiovisual, e,
posteriormente, discutir as potencialidadesdesta produção.Texto construído em
colaboração e partilha de ficheiros online plataforma do GoogledOCS.
Palavras-chave:  produção audiovisual, rostidade, civitas, projeto pedagógico
 
Introdução
 
    "É que a ciência torna-se cada vez mais ciência dos
acontecimentos, em vez de estrutural. Ela traça linhas e
percursos, Salta, mais do que constrói axiomáticas [...] Os
cientistas ocupam-se, cada vez mais, com acontecimentos
singulares, de natureza incorporal, que se efetuam em corpos, em
estados de corpos, agenciamentos totalmente heterogêneos entre
eles [...] A ciência será cada vez mais como uma grama, no meio,
entre as coisas e entre outras coisas como, Acompanhando uma
fuga delas "(DELEUZE; Parnet, 1998, p. 81).
            Afinal, quando uma obra de arte interativa e tecnológica é construída, ou encontra na sua
performance constante mutação, que tipo de forças atuam nesta obra, em termos de
subjetividades múltiplas, produzidas na Dobra entre artista e público, ou mesmo entre o artista
em seu devir Programador?
    O presente trabalhovem traçar um plano de análise, costurar linhas de fuga  sobre as
reverberações percepto-afecto-intelectivas que envolvem os processos e produtos audiovisuais de
um projeto de ensino, pesquisa e extensão   que envolve formação docente em serviço. Propõe-
se  uma problematização do uso das imagens fotográficas e filmográficas enquanto registro, o
material de análise e de expressão artístico-científica   das inquietações, discussões e teorizações
sobre o fazer docente, a aprendizagem ea investigação filosófica.   Usamos como intercessores os
conceitos de rostidade, bricolagem  e imagem-de pensamento de Deleuze e Guattari. Fazemos
parte de um projeto que, há mais de cinco anos, utiliza uma filosofia de Deleuze, Guattari  e 
Bergson em circunvoluções analítico-pedagógicas. Este projeto chama-se CIVITAS (Cidades
Virtuais com Tecnologias para Aprendizagem e Simulação)[1], E envolve ações   e intervenções
político-estético-científicas na formação docente em serviço em redes de ensino municipais do
interior do   Rio Grande do Sul, através de grupos de estudo constituídos por professores de
escolas do ensino fundamentale por pesquisadores universitários. Como Ressonâncias destes
estudos rizomatizam-se na sala de aula, não fazer pedagógico, no mundo da produção de sentido
das crianças ptuma pesquisa acadêmica.
    O CIVITAS desenvolve uma construção pedagógica da cidade em sala de aula, utilizando
como um dos recursos para a construção de maquetes concretização ou visualização do processo
e propõe a sua tradução para um software educativo (um simulador de cidade). Sendo assim, o
referido projetotem dois objetivos  que ocorrem em níveis concomitantes e indissociados. Um
deles é o de "desenvolver uma metodologia para os anos iniciais do ensino fundamental, bem
como para formação de professores em serviço, Integrando conteúdos digitais ao currículo"(Axt,
2008).  Nisto, acontece o envolvimento dos pesquisadores na formação de professores em
serviço, no estudo de metodologias de ensino e no acoplamento das tecnologias digitais à práxis
docente. Outro deles diz respeito "à criação e ao desenvolvimento de um ambiente de realidade
virtual para construção de cidades virtuais por simulação, baseado em interação multiusuário e
partilha de conteúdos digitais" (Axt, 2008). 
    Aqui, a pesquisa envolve o desenvolvimento de um ambiente de construção de cidades virtuais
por simulação e de suas ferramentas. No entanto, este não se converte em produto antes de um
processo intenso de "trabalho em progresso".Nos inscrevemos em mais um desdobramento da
máquina Civitas, que envolve a geração, edição e pós-produção de material audiovisual, o que,
em um primeiro momento, parece acoplar-se a uma pragmática de divulgação e comunicação, ou
de publicidade do projeto. Em uma das múltiplas linhas do complexo tecido de nosso projeto,
uma dimensão publicitária tem seu propósito, no entanto, pretendemos neste artigo ultrapassar
esta dimensão, propondo um plano filosófico conceitual das categorias imanentes e
incandescentes que nos convocam e provocam, enquanto cartógrafos da pesquisa educativa
esquizoanalítica. Produzir obras audiovisuais, imagens, sons, ruídos implica em redimensionar,
embaralhar, caoticizar nossas tecnologias de captação e edição (câmeras, microfones, softwares)
e opera-las como conceitos, dar-lhes consistência estética e rosto. Também mergulhamos nas
águas da transversalidade arte-filosoFIA-ciência.
   
Arte, ciência e filosofia: embalando o filho do demônio
Tanto no trabalho dos grupos de estudo quanto em sala de aula, são utilizados recursos
tecnológicos de produção de imagem para registros: fotografia e filmagem digitais,
montagens fotográficas em arquivos de PowerPoint ou cineasta, sonorização e edição. No
ano de 2009, recolhemos  muitos destes registros, dando os primeiros passos em direção à
decupagem, à edição, à roteirização, a direção de um filme com o objetivo de publicar o
projeto eo material coletado. E aqui nos arriscamos, pela primeira vez, a ativar nossos
devires  de artistas, cineastas, produtores de arte enfim, nos valendo das caóides discutidas
por Deleuze & Guattari: art, filosofia e ciência A filosofia, a ciência ea arte são concebidas
por Deleuze e Guattari como caóides igualmente criadoras, mesmo que cada uma delas
tenha uma competência (DELEUZE, GUATTARI, 1996b, p. 13).  Essas três formas de
enfrentar o caos vão proceder, por intermédio de crises e de abalos. Cada qual a seu modo,
na luta contra o caos, encontra uma maneira de fazer filosofia, ciência e arte. "Os três
Pensamentos se cruzam, se entrelaçam, mas sem síntese nem identificação"(DELEUZE,
GUATTARI, 1996b, p. 254),   pensa-se por conceitos, por funções, por sensações e nenhum
desses Pensamentos é melhor do que o outro. 
Com  estes autors, pensamos juntos para esta  intercessão da arte, da ciência e da
filosofia:
    "A arte capta um pedaço de caos numa Moldura, para formar um
composto caos que se torna sensível, ou do qual retira uma sensação
caóide enquanto variedade; mas uma ciência apreende o Num sistema de
coordenadas, e forma um caos referido que se torna Natureza , e com o
qual produz uma função aleatória e variáveis caóides [...] uma luta com o
caos só é o instrumento de uma luta contra uma opinião mais profunda,
pois é da opinião que vem uma desgraça dos homens "(DELEUZE;
GUATTARI , 1996b,   p.264-266). 
      A ciência, a arte ea filosofia apostam corrida contra o caos e diferentes pistas,
velocidades, em diferentes medidas por cronômetros Fusos horários. Nossa atividade de
filósofos e de cientistas é, de certa forma, acelerada pela produção artística. Entramos na
produção audiovisual como Amadores, tanto no sentido de não sermos profissionais quanto
pelo amor ao cinema, aoVídeo, A música.
 
    Trazemos nossas inquietações para este texto  cujo recorte objetual é uma imagem, o
filme e suas implicações filosóficas, porque, grávidos de conceitos, não estamos satisfeitos
com o uso de imagem para mero registro ou da produção fílmica como comunicação
científica linear. Nossa primeira experiência na produção de um DVD atendeu uma
demanda de prestação de contas para uma entidade financiadora, na urgência do prazo, na
emergência do produto. O resultado final reverberou em nossos afectos e inquietou nossos
perceptos e intelectos,   e nos catapultou para pensar em toda uma rede de implicações,
fazeres e saberes envolvendo o uso e abuso das imagens sonoras e fotográficas e de nossos
pensamentos desacelerados em conceitos. Nosso  questionamento aqui é sobre a
cartografiada produção visual, sua decomposição em diferentes platôs e linhas de força, o
transbordamento dos sentidos engessados na rostidade da imagem.
 
    Os rostos não são primeiramente individuais, eles definem zonas de
freqüência ou de probabilidade, delimitam um campo que neutraliza
antecipadamente como expressões e conexões rebeldes às significações
conformes. Do mesmo modo, uma forma da subjetividade, consciência
ou paixão, permaneceria absolutamente vazia se os rostos não
formassem lugares de ressonância que selecionam o real mental ou
sentido, tornando-o antecipadamente conforme a uma realidade
dominante. O rosto, é, ele mesmo, redundância "(DELEUZE,
GUATTARI, 1996, p. 343).
 
    Nossos primeiros passos na produção audiovisual  na pesquisa científica e filosófica
levaram uma análise do produto finalem um Corpo  sem Órgãos constituído por "ondas
doloríferas" (DELEUZE, GUATTARI, 1996a, p.12). Em  nossa gravidez conceitual as
dores produziram parto,   depressão puerperal, pesadelos e visões, tal qual um Rosemary
do filme de Roman Polanski. Uma moça ingênua, uma "noivinha que Gora" (ROLNICK,
2006,s: p), Que migração para um edifício no qual há uma seita de receptadores do
demônio, que, em um ritual inconsciente, fazem com que   Satanas em pessoa, ou
incorporado em seu marido, um fecunde, tornando-a uma barriga de aluguel. Prenhe do
filho do demo, uma personagem sofre com as dores da gravidez, acolhida por todos
nenhum prédio, ludibriada pelo próprio Obstetra.
    No entanto, ao descobrir que foi fecundada pelo demônio, ou por um devir-homem-
marido, pai,   Rosemary, confrontada com o horror da rostidade diabolica, reconhece o
monstrinho como seu produto, como agenciamento máquinico humano-satânico, já que o
diabo incorpóreo necessita da corporificação uterina, faça óvulo humano, da
presentificação em carne e sangue. O sonho apolíneo de ter uma criança é embriagado
pelo dionisíaco, o incerto, o dark side.
    Tal como um personagem de Mia Farrow encerra uma película embalando sua
produção demoníaca, Felinos de olhos, ao som de uma prece "Deus está morto, viva
satanas", produzimos este texto em um devir-Rosemary, balançando o berço entre os
pesadelos da besta e o amor ingênuo da mãe. Nossa proposta, é o discutir o audiovisual
como diálogo, expô-lo esquartejamento público, para multiversalizá-lo e traze-lo ao
público para canibalismo. Tal qual Rosemary, não Reconhecemos o rebento, mas o
embalaremos, o amaremos, o converteremos em publicação, nos alimentaremos das
proteínas de seu cadáver. Então, agora discutiremos o que é para nós a dor e a filosofia de
produzir um vídeo, para logo em seguida debatermos como possibilidades de
desorganizá-lo, No sentido de desmembrá-lo, torná-lo sem órgãos. Da mesma forma que,
em o "Anti-Édipo", obra-bomba que inaugura uma série "Capitalismo e esquizofrenia",
Deleuze & Guattari implodem uma cena edipiana em um complexo de mil cenários
possíveis, reinventam a psicanálise triádica cujo inconsciente é um Baú em uma
"Esquizoanálise" da usinagem do desejo, Pretendemos aqui pensar e discutir a produção
de vídeo na pesquisa da mesma forma que imaginamos uma ciência: mais desordem,
menos burocracia, mais provocação, menos invocação "e é assim que todos
somosbricoleurs,  cada um com suas pequenas máquinas ".
              E abrimos nosso brechozinho DE IDÉIAS pensando na própria técnica da
produção audiovisual, e nos surpreendemos em imaginar o quanto imanentemente
esquizoanalítico é o processo de captação, edição, recorte, renderização, Sincronização. O
quanto a multiplicidade ea unidade dançam e bailam, encontrando seu ápice na revolução
temporal na qual milhares de horas de terriorio são condensadas em 15 minutos que pode
ter infinitos sentidos.
 
Considerações sobre a matéria audiovisual em pesquisa:
    Como parte integrante do grande conjunto da pesquisa do projeto CIVITAS, esta seção
desdobra-se sobre o uso dos recursos audiovisuais, como os da Câmera digital, da
máquina fotográfica, do vídeo digital, como procedimentos de investigação e recursos
que subsidiam a experimentação e evolução do simulador, tanto na prática em sala de
aula, como na formação dos educadores, para a criação de novos sentidos de cidade.
    Em um breve recorte que articulação diferentes autores e percursos epistemológicos,
sublinha-se uma potência da matéria audiovisual para apreender, capturar e expressar
uma realidade ou um estado de coisas, não apenas como fonte, mas também como modo
de fazer pesquisa. Jonh Berger, centrado no sentido da visão, compõe alguns estudos que
articulam escritos e imagens fotográficas ou pictóricas, ou que centram-se nestas
imagens, para discorrer sobre diferentes temas - o modo de existência de um camponês,
Adão e Eva na arte, valores da sociedade moderna - ou para debatedor e criar conceitos -
uma nudez, uma religião, uma cidade (BERGER, 1972). Para o autor, uma pintura, a
fotografia, o cinema, o vídeo São modos de apreender e descrever uma realidade.
Canevacci, na antropologia da comunicação visual, articulação de uma etnografia
Bateson à filosofia de Benjamin para sublinhar a relação de uma forma de escritura 
como determinante de um "método" ou de um modo de fazer pesquisa (Canevacci, 2001).
Ambos recorrem à fotografia e ao filme, para seus estudos sobre diferentes sociedades ou
sobre uma metrópole, mas sobretudo o que aproxima os diferentes pesquisadores é o
modo como colecionam suas capturas (fotográfica ou fílmíca), sem uma direção
predeterminada que emoldure uma investigação, constituindo -se de fragmentos (fílmíco
ou fotográfico), como fragmentos de pensamento. Do fragmento à composição,
Eisenstein concentra suas pesquisas na potência da montagem Cinematográfica, como um
modo de escritura  e de criação de sentido a um acontecimento (EISENSTEIN,   2002a e
2002b). Assim o autor orienta-se à pesquisa-experimentação, traçando, Descobrindo e
criando um repertório de diferentes recursos de montagem. Para o autor, os diferentes
meios de expressão, dentre eles o cinema, são meios de dar corpo a uma concepção de
universo. 
    "Você está no escuro. Não pequeno rectângulo da moviola
imagens passam. Ligeiramente contraída sobre o comando, sua
mão sente uma imagem. Ela sente, sabe, acha que pode comandar
uma imagem. Sim, mas para que imagem? Em nome de que
imagem ? Há momentos em que uma mão esquece, e que uma
imagem vaga quase que para si mesma. Um poder. Um quadro.
Um Olhar. Fixidez que se torna insustentável. Os olhos muito
abertos, a boca à Beira de alguma coisa que já não E nem mesmo
imaginável, um rosto cai eo prende em sua queda. (...)Basta
voltar o olhar para este orifício de luz, no qual ele está ao
mesmo tempo muito presente e ausente, para que PAIRE uma
vertigem.  [grifo nosso] (...) Em poucas palavras: Você está por
um instante, que poderia DURAR uma vida, diante de uma
imagem inventada (...) cuja força se deve Aquilo de onde sai (...)
para não oferecer mais que uma energia latente (...) de linhas e
superfícies. "(BELLOUR, 1997,   p. 10-11)
    Com esta introdução, Bellour inicia um estudo da imagem que se mostra "entre-
images" não cinema, entre o movimento ou ângulo de Câmera eo congelamento de
Quadros, mas sobretudo, entre presente e passado, entre "interior" e "exterior",   entre 1 º
e 2 º planos, pois são imagens que afetam o tempo (BELLOUR, 1997, p. 12). Na
articulação da imagem-movimento com uma imagem fixa, própria ao cinema e aos
desdobramentos das outras formas audiovisuais como o vídeo, o autor assinala o
transbordamento da imagem fotográfica pela desfiguração, descortinando uma outra
imagem. A evolução das formas fazer fotográfico traça uma linha que chega ao vídeo
digital ea forma eletrônica.
    O ingresso na microinformática potencializa uma convergência das formas do desenho,
da pintura, da música, do "Vídeo" e fazer cinema. A microeletrônica, ao arranjar recursos
provenientes da pintura e do desenho a forma fotográfica, gera deslocamentos. Couchot
assinala uma ruptura com uma representação enquanto imagem que equivale diretamente
à coisa. Segundo o autor, uma ruptura com um "modelo perspectivista" de reprodução do
mundo visível e com o pensamento preso à representação. Nesse deslocamento, uma
imagem fotográfica transborda os limites da representação orientando-se à simulação
(COUCHOT, 1996, p. 41).
    Deleuze, em um estudo filosófico disparado pelo cinema, sublinha uma "potência
descritiva das cores e dos filhos" como modo de expressão de um pensamento, na medida
em que substitui, suprime e recria o próprio "objeto" (uma imagem fotográfica e sonora
captada ) (DELEUZE, 2005, p. 22). Trata-se da imagem composta de afectos e perceptos,
que se encontra em um entre-tempo, imanente a outras imagens. Esta imagem-
pensamento transborda os limites das formas de expressão.
    O agenciamento literatura, audiovisual que compõe e alimenta o projeto CIVITAS eo
simulador (software para a simulação de cidades virtuais), produzirá intercessões que
afetarão um e outro mutuamente. Literatura, audiovisual e palavra, produzem-se em
atravessamentos, visto que "existe uma pintura e uma música próprias da escritura, como
efeitos de cores e de sonoridades que se elevam por cima das palavras" (DELEUZE,
1997, p. 9) -- elas pintam e cantam. O audiovisual, como um modo de escrita, ao mesmo
tempo distante e próximo a literatura da palavra, como amplia possibilidades
investigativas e expressivas na articulação com as outras mídias (livro, dvd e simulador).
Entendendo, a partir de Deleuze, que a escritura (textuais ou audiovisuais) têm a ver com
a vida, com "algo da vida que  passa em nós "(Cf. DELEUZE, 2005), uma matéria
audiovisual como meio e forma de pesquisa cria efeitos na aprendizagem. A composição
audiovisual, assim como a literatura da palavra, produz uma língua estrangeira dentro da
língua (texto, sons e imagens visuais) fazendo com que se escapem dela "rasgos de
expressão" (DELEUZE, 1997, p. 9). Assim, uma simulação concebida como cópia ou
modelização de um referente, desloca-se ela própria da representação do existente para a
invenção de novas imagens e sentidos, possibilitando outros modos de apreensao de
mundo, nesta pesquisao mundo  da cidade.
 É com este intuito, contaminados pelas potências da imagem visual e sonora, que
Partimos para uma pesquisa-experimentação da matéria audiovisual não somente como
fonte ou forma deColeta de dados, Mas antes como modo de expressão importante tanto
no processo ensino-aprendizagem em escolas de ensino fundamental, quanto em uma
pesquisa acadêmica.    O que nos aterroriza, ao embalar estuma criança demoníaca  é que,
ainda inexperientes que somos, no esquadrinhamento da edição do produto final,
sejamos   protagonistas de uma segmentaridade dura, monocórdica, linear, lançando ao
vento algo do tipo "este é sobre nosso trabalho, nossa mensagem ". E é a partir deste
sentimento de terror que buscamos na cartografia o modo de análise e expressão da
produção audiovisual,  sendo ela não só  a  mera apresentação linear de imagens, mas
efeito de nossas leituras, angústias, questionamentos ou  mesmo daquilo que
transversaliza nossos territórios existenciais de pesquisadores e que não são
necessariamente linhas molares de pesquisa. Quando editamos um vídeo,  produzimos
vibrações nas músicas que escutamos, nos filmes que vimos,  nos livros que deixamos nas
cabeceiras. As imagens captadoas do Civitas, então são  transmidializadas,
hipertextualizadas na energia da bricolagem,  da reterritorialização e desterritorialização.
Visitamos  a complexidade da vida, a recortamos pela câmera e pelo microfone, 
territorializamos pelo roteiro e desterritorializamos  na bricolagem. A rostidade, então,
movimenta nosso olhar das partes ao todo, do complexo ao simples, a sabe-se-lá como
isso vai vibrar na platéia 
O vídeo constitui um processo de pós-produção e bricolagem, pela construção de uma obra
autoral, um agenciamento maquínico composto de múltiplos universos de referência (Guattari,
1992). Os universos de referência são fotografias de campo pré-escolhidas são categorizadas e
trabalhadas digitalmente para dar idéia de tempo e movimento, acopladas uma semióticas
metacodificadoras (teorias) e produções audiovisuais conectadas ao objeto de estudo.Os
diferentes textos e audiovisuais apresentados guardam uma relação singular, e encontram
dobras de sentido em sua integração com as demais transversalizadas pelo roteiro, pelo
agenciamento de enunciação, ou discurso.A obra em questão é a-significante (por isso é
apresentada como ficção científica). Não representa uma suposta realidade da escola, não tem
uma pretensão de ser um Documentário. È uma produção de uma bifurcações, agenciamentos
precários, implicações na complexidade de um observador, cuja cartografia é constituída de
uma pragmática (estudo de campo) e de uma metodologia ético (compreensão relacional em
universos de valo-estético (produção de uma obra a partir do desejo e da polifonia)-política que
implica em um posicionamento singular, radical e arranjado sobre uma máquina social, o filo
maquínico (Guattari, 1992). Um proposta é uma obra aberta que não explicativa diálogo com o
espectador na medida em que ele . O texto  audiovisual, utilizando uma edição e os recursos
transmídia, pode ser totalmente. Produzido em hipertexto, na internet (YouTube e ferramentas
de partilha de música) e nos arquivos pessoais do seu autor, operando com o conceito de
cosmopédia de Pierre Levy:
"No quarto espaço, denominamos, com Michel Serres, cosmopédia, um
novo tipo de organização dos saberes, repousando em grande parte nas
possibilidades   para a representação e gestão   Dinâmica dos
conhecimentos abertas recentemente pela informática. Por que dizer uma
soma de conhecimentos organizada pelo Cosmo, e não mais o círculo (de
Enciclopédia)? Mais do que com um texto de uma só dimensão, ou mesmo
com uma rede hipertextual, lidamos com um espaço multidimensional de
representações dinâmicas e Interativas. Ao confronto entre uma imagem
fixa eo texto, característico da Enciclopédia, um cosmopédia contrapõe um
grande número de   formas de expressão: imagem fixa, imagem animada,
som, simulações Interativas, mapas interativos, sistemas especialistas,
ideografias dinâmicas, realidades virtuais, vidas artificiais, etc No limite,
um cosmopédia   contém tantas semióticas e tipos de representação  
quanto se pode encontrar no mundo. Um cosmopédia   multiplica   como
enunciações não-discursivas "(p. 182). A seguir, o autor profere uma frase
sintética e definitiva: "Na cosmopédia, toda leitura é uma escrita".
 
 
    E é com uma sensação de frases truncadas e de um texto inacabado, que vamos
Encerrando essa Exibir escrita para nosso vídeo aqui e dialogar com ele, submetê-lo a
outros olhos e ouvidos que possam interceptar essa experimentação com novos sentidos.
A verdade da obra Cinematográfica, o audiovisual é exatamente o momento em que as
córneas, fóveas e retinas são transpostas pela luz, e os Neurônios tilintam como cordas
vocais ressonam. Assim, o desterritorializaremos   enquanto projeto, o esquartejaremos in
perceptos, afectos e conceitos   para seguirmos em direção a outras produções na
polifonia etérea do caos.   
Bibliografia:
Axt, Margarete.  Projeto CIVITAS. Material digitado, 2008, p. 1-8. 
BAKHTIN, Mikhail.Problemas da poética de Dostoiévski.  Tradução de Paulo Bezerra. 3.
ed. Rio de Janeiro: Forence Universitária, 2002.
BELLOUR, Raymond.Entre-imagens. Tradução de Luciana A. Penna, Campinas, SP:
Papirus, 1997.
BERGER, John (Org.).Modos de Ver. Lisboa: Edições 70, 1972.
BEZERRA, Paulo. Prefácio à segunda edição brasileira. In:Problemas da poética de
Dostoiévski. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2002. 3 ª ed.
 
Canevacci, Massimo.Antropologia da comunicação visual. Tradução de Alba Olmi. Rio
de Janeiro: DP & A, 2001.
COUCHOT, Edmond.Da representação uma simulação: Evolução das técnicas e das
artes da figuração. In: PARENTE, André (org.).Imagem Máquina. A era das
tecnologias do virtual.Rio de Janeiro: Ed. 34, 1996.
DELEUZE, Gilles.A imagem-tempo.  Tradução de Eloisa Araújo Ribeiro. São Paulo:
Brasiliense, 2005.
______.Crítica e clínica.  Tradução de Peter Pál Pelbart. São Paulo: Editora 34, 1997.
______.O abecedário de Gilles Deleuze.  Disponível em:
<http://www.oestrangeiro.net> Transcrição da íntegra da série de entrevistas dadas por
Gilles Deleuze um Claire Parnet in 1988-1989. Acesso em: 02 out. 2005 .= o ns = "urn:
schemas-microsoft-com: office: office" />.
______.Conversações.Tradução de Peter Pál Pelbart. Rio de Janeiro: Editora 34, 2000.
______; PARNET, Claire.Diálogos.  Tradução de Eloisa Araújo Ribeiro. São Paulo:
Editora Escuta, 1998.
 ______; GUATTARI, Felix.Mil Platôs - Capitalismo e esquizofrenia.  Tradução de
Aurélio Guerra Neto et alii. v.3. São Paulo: Editora 34, 1996a.
______.O que é filosofia?  Tradução de Bento Prado Jr. e Alberto Afonso Muñoz. Rio de
Janeiro: Editora 34, 1996b.
EISENSTEIN, Sergei.A forma do filme. Tradução de Teresa Ottoni. Rio de Janeiro: Jorge
Zahar Ed.., 2002a.
______.O sentido do filme. Tradução de Teresa Ottoni. Rio de Janeiro: Jorge Zahar
Ed.., 2002b.
ROLNIK, Suely.Cartografia Sentimental. Transformações contemporâneas do desejo.
Edição revista com novo prefácio. 2. ed. Porto Alegre: Sulina, 2006. v. 1.
Referência Cinematográfica
 O Bebê de Rosemary (Rosemary's Baby, Estados Unidos, 1968). 136 minutos
Direção:  Roman Polanski 
 
 
.
 
 
 
 
 
 
1.

[1] O CIVITAS, vinculado aoLaboratório de Estudos em Linguagem, Interação e


Cognição  (LELIC) da Faculdade de Educação da UFRGS, abrange propostas no âmbito
das tecnologias digitais e sua utilização por turmas de terceira série do ensino fundamental
de escolas municipais das cidades gaúchas de Venâncio Aires, de Mato Leitão, de
Cruzeiro do Sul e de Sobradinho.
 

Você também pode gostar