Você está na página 1de 314

I

fONTES DE INFORMAÇÃO PARA


" "
' ,:~' ,"'i0*'14:;:,"4'<~

PEsQUISADo ssl0NÀis

UNICAMP
S1BL\0TECA CENTH~L
SEÇÃO CIRCULAN I E
FoNTES DE INFORMAÇÃO
PARA PESQUISADORES E
PROFISSIONAIS

!
I
BERNADETE SANTOS CAMPELLO
BEATRIZ VALADARES CENDÓN
jEANNETTE MARGUERITE KREMER
'' .
ÜRGANIZADORAS

BELO HoRJZONl
EDITORA UFMI
~T,._.~ •.
~~---•• ~'

~ ' 1; !~i C_\ 4 ,- 200•


l t.~"~-~'"~- _:~~~~ --
Copyright ©2000 by Bemadete Santos Campello e outras.

Eçte livro ou pa11e dele nào pode ser reproduzido por qualquer meio sem autorização escrita do Ed1tor.

EDITORAÇÃO DE TEXTO: Ana Maria de Moraes


PROJETO GRÁFICO: Escritório de Design
CAPA Glória Campos
REVISÃO DE PROVAS: Lilian Valdercz Felicio, Maria Aparecida Ribeiro, Maria Stela Souza Reis e Rúbia
Flávia dos Santos
PRODUÇÃO GRÂFICA E FORMATAÇÃO: Jonas Rodrigues Fróis

EdJlora UFMG j liNIDAOE.i.B..e_~-=---=


Av. António Carlos, 6627
Biblioteca Central - sala 405 - Campus Pampulha
31270-901 Belo Horizonte/MG
Tel. (31) 499-4650
Fax. (31) 499-4768
i N.' CHAMADA.:
I ~· J ~S
~-:r-_6-::t:;
.....
Ci
v:·~-f-- 1:?__!,.~-
I TOMBO$.BC /·-z·l;/-!.=T,~
.ç.--;t / (;-_$--
--
l,
:

E-matl: Ed1tora@bu.ufmg.br 1
1 PROC... ... ~. /'!........'Q~_./.:0.-/: 1
httpJ/www.edltOras.com/ufmg
I c iT DI" I
UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS i PREGt~~ .'/.L_ '1_5- ~ -(:'.•
REITOR: Francisco César de Sá Barreto i DATA_ d JC./ Q.":ZLº-L J
VICE-REITORA: Ana Lúcia Almeida Gazzola N, CPO ··- ·- _ -~ ~
-~-- -------- ----"'-'"""'--~

CONSELHO EDITORIAL: ~_b o o ao 6'4_ !')'Fi _jot


- • I_
Titulares: Heloisa Maria Murgel Starling, Luiz Otávio Fagundes Amaral, Maria Helena Damasceno e Silva
Megale, Romeu Cardoso Guimarães. Silvana Maria Leal Cóser, Wander Melo Miranda (Presidente)
Suplentes: Cristiano Machado Gontijo, Maria da> Graças Santa Bárbara, Maurílio Nunes Vieira, Reinaldo
Martin1ano Marques

F683 Fontes de informação para pesquisadores e profissionais/ Bernadete Santos


Campello, Beatriz Valadares Cendón, Jeannette Marguerite Kremer,
Organizadoras.- Belo Horizonte: Ed. UFMG, 2000.
319p. - (Aprender)
I. Bibliografia especializada - Fontes de informação I. Carnpello, Bemadete
Santos 11. Cendón, Beatriz Valadares 111. Kremer, Jeannette Marguerite IV.
Título V. Série

CDD: 025.5
CDU: 025.5

Catalogação na publ•cação: DtVISao de PlaneJamento e Dtvulgaçiío da B1bl1oteca UmvcrSitána- UFMG


ISBN: 85-7041-209-6
SUMÁRIO

LISTA DE SiGLAS E ABREVIATURAS


"'
APRESENTA ÃO
"
A ciência, o sistema de comunicação cientlfica e a literatura científica
Suzana Pinheiro Machado Mueller.. ........................................ 21

2 Organizações como fonte de informação


13emadete Santos Campello ..... ······································ 35
1 Pesquisas em andamento
Bemadete Santos Campello ..... ...................................... 49

4 Encontros cie'ntíficos
Bemadete Santos Campello ....... ..................................... 55

s O periódico cientifico
Suzana Pinheiro Machado Mueller ... ...................................... 73

6 Literatura cinzenta
Sandra Lúcia Rebel Gomes
Man1ia Alvarenga Rocha Mendonça
Clarice Muhlethaler de Souza .. ...................................... 97

7 Relatórios técnicos
Bemadete Santos Campello .... , .................................... 105
a Publicações governamentais
Waldomiro Vergueiro .. ..................................... 111

9 Teses e dissertações
Bemadete Santos Campello ............................... ..................................... 121

1o Traduções
Bemadete Santos Campello .............................................. .................................. 129

11 Nonnas técnicas
Maria Matilde Kronka Dias .. _. ................................... 137
iDA patente
Ricardo Orlandi França ...... ...... I 53
Ti: Literatura comercial
Eduardo Wense Dias
Bemadete Santos Campello .. .... 183

li Revisões de literatura
Oaisy Pires Noronha
Sueli Mara Soares Pinto Ferreira ........................................................................................... 191
íS'Obras de referência
Eduardo Wense Dias ........ . ·················· 199
il Serviços de indexação e resumo
Beatriz Valadares Cendón ..... .... 217
ütlndices de citação
Oaisy Pires Noronha
Sueli Mara Soares Pinto Ferreira ...................... . ........ 249
!lil Guias de literatura
Paulo da Terra Caldeira ...... . ..... 263

!!:f A Internet
Beatriz Valadares Cendón ..... ....... 275
Anexo

Endereços na Internet .......... 301

t'ndice .. .... 307

Sobre os autores ........................ ···················· 315


LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS

ABDF Associação de Bibliotecános do Distrito Federal

ABERJE Associação Brasileira de Comunicação Empresarial

ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas

ABONG AssoCiação Brasilewa de ONGs

AFITEC Agênc1a Fornecedora de lnformaç6es T écn1cas e


ComerCiais

AFNOR Association Française de Normalisation

AGREP AGricultura! REsearch Projects in the European


Community

AGRICOLA Agricullural Online Acccss

AGRIS Agricullural lnrormalion System


Agmbase Base Bibliográfica da Agricultura Brasileira
ALA American Library Association

ANPI Associaçao Nacional de Provedores de Internet

ANSI American National Standards lnstitution

Anlarcs Rede de SerJiços de lnformaçâo em Ciência e


Tecnologia

ANUI Associação Nacional dos Usuários da Internet

APA American Psychological Association

API American Petroleum lnstitute

ARIST Annual Review of lnformation Science and Technology

ARL Assoe~ation of Research Libraries

ARPANET Advanced Research Projecls Agcncy Nclwork


ASIS American Society for lnformation Science
Aslib Association for lnformation Management
ASME American Society of Mechanical Engineers
ASTM American Society for T esting and Materiais
BIDTEC Biblioteca Técnica INPI
BINAGRI Biblioteca Nacional de Agricultura
BIOREP BIOtechnical REsearch Projects in the European
Communfty
BIREME Centro Latino-Americano e do Caribe de
Informação em Ciências da Saúde
BLDSC British Library Document Supply Centre
BLLD British Library Lending Division
BS British Standard
BSI British Standard lnstitution
CAB Commonwealth Agricultura! Bureau
CAICYT Centro Argentino de lnformación Científtca y
Tecnológica
CAS Chemical Abstracts Service
CCN Catálogo Coletivo Nacional de Publicações
Seriadas
CD-ROM Compact Disc Read Only Memory
CEC Commission of the European Communities
CEDIN Centro de Documentação e Informação
Tecnológica do INPI
CEE lnternational Commission on Rules for the
Approval of Electrical Equipment
CEMIG Companhia Energética de Minas Gerais

8
CEN Comité Européen de Normalisation
CENAGRI Coordenação de Informação Documental
Agrícola
CEPA L Comissão Econômica para a América Latina e
Caribe
CERN Centre Européen de Recherche Nucleáire
CETEC Fundação Centro Tecnológico de Minas Gerais
CEWIN Controle Eletrônico de Normas para Windows
CIN/CNEN Centro de Informações Nucleares/Comissão
Nacional de Energia Nuclear
CINDOC/ Centro de lnformación y Documentación
CSIC Cientítica/Consejo Superior de lnvestigaciones
Científicas
CIP Classificação Internacional de Patentes
CMN Comitê Mercosul de Normalização
CNPq Conselho Nacional de Desenvolvimento
Científico e Tecnológico
CNRS Centre National de la Recherche Scientifique et
Technique
COBEI, CB-03 Comitê Brasileiro de Eletricidade
CO DATA Committee on Data for Science and Technology
COMUT Programa de Comutação Bibliográfica
CONMETRO Conselho Nacional de Metrologia, Normalização
e Qualidade Industrial
COPANT Comissão Pan-Americana de Normas Técnicas
CPOB Comissão de Publicações Oficiais Brasileiras
CRC Chemical Rubber Company

9
DDC Defense Documentation Center
DeCS Descritores em Ciências da Saúde
DIDOC Divisão de Documentação INPI
DIN Deutsches lnstitut fur Normung
DINTEC Divisão de Informação Tecnológica INPI

DNPM Departamento Nacional de Produção Mineral


DVD-ROM Digital Versatile Disc Read Only Memory
EAGLE European_Association for Grey Literature
Exploitation
Embrapa Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuána
EMBRATEL Empresa Brasileira de Telecomunicações

EPC European Patent Convention

EPO European Patent Office


ERIC Educational Resources lnformation Center
ESDU Engineering Science Data Unit
EUA Estados Unidos da América
FAO Food and Agriculture Organization
FAPESP Fundação de Amparo à Pesqu1sa do Estado de São
Paulo
FAQ Frequently Asked Questions
FBIS Foreign Broadcast lnformation Service
FEDRIP Federal Research in Progress Database
FINEP Financiadora de Estudos e Projetos
FTP File T ransfer Protocol
FUCAPI Fundação Centro de Análise, Pesquisa e Inovação
Tecnológica

lO
GANA Grupo de Apoio à Normalização Ambiental
GPO Govemment Printing Office

GreyNet The Grey Literature Network Service


HMSO Her Majesty's Stationery Office

IAC lnformation Access Company

IAEA lntemational Atomic Energy Agency


IAS I lntemational Association for Sport lnformation
IBBD Instituto Brasileiro de Bibliografia e Documentação
IBBE Índice Brasileiro de Bibliografia Econômica-
Orientador - Adviser
IBICT Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e
Tecnologia

ICSU lnternational Council of Scientific Unions

IEC lnternational Electrotechnical Commission

IFLA lnternational Federation of Library Associations


and lnstitutions

IHS lnformation Handling Services Group

INEP Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas


Educacionais

lnfoterm lnternational lnformation Center for T erminology

INID lntemationaly-agreed Numbers for the


ldentification of Bibliographic Data on Patent
Documents

INIS lnternational Nuclear lnformation System

IN METRO Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e


Qualidade Industrial

li
INPADOC lnternational Patent Documentation Center
INPI Instituto Nacional da Propriedade Industrial

INSPEC The Database for Physics, Electronics and


Computing
INT Instituto Nacional de Tecnologia

INTec Setor de Informações sobre Normas Técnicas IPT


INTERCOM Sooedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares
de Comunicação

INTN Instituto Nacional de T ecnología y Normalización


IPT Instituto de Pesquisas Tecnológicas/São Paulo
IRAM Instituto Argentino de Normalización
ISBN lnternational Standard Book Number
ISDS lnternational Seriais Data System
ISI lnstitute for Scientitic lnformation
ISO Organização Internacional de Normalização

ISSN lnternational Standard Serial Number


ITC lnternational T ranslations Center
JUIS Jurisprudência Informatizada Saraiva
LANL Los Alamos National Laboratory
LILACS Literatura Latino-Americana e do Caribe em
Ciências da Saúde
LIS Legislação Informatizada Saraiva
LNCC Laboratório Nacional de Computação Científica
M.Sc Master of Science
MA Master of Arts
MBA Master of Business Administration

12
MCT Ministério de Ciência e T ecnolog1a
MD Medicai Doctor
MEC Ministério da Educação
Mercosul Mercado Comum do Cone Sul
~1ASA National Aeronautics and Space Administration
NBS National Bureau of Standards
NEI Noticiário de Equipamentos Industriais

NSRDS National Standard Reference Data System


NTC National T ranslations Center
NTIS National T echnical lnformation Service
OCLC Online Computer Library Center
OMPI Organização Mundial de Propriedade Intelectual
ou WIPO- World lntellectual Property Organization
OMS Organização Mundial da Saúde ou WHO - World
Health Organization
ONG Organização Não Governamental
ONU Organização das Nações Unidas
OPAC Online Public Access Catalog

OPAS Organização Pan-Americana da Saúde


OSRD Office for Scientific Research and Development

OSTI Office for Scientific and T echnical lnformation

P&D Pesquisa e Desenvolvimento

PADCT Programa de Apoio ao Desenvolvimento Científico


e Tecnológico

PADCT/ICT Subprograma de Informação em Ciência e


Tecnologia do Programa de Apoio ao
Desenvolvimento Científico e Tecnológico

13
Ph.D. Philosophy Doctor
PRODASEN Centro de Informática e Processamento de
Dados do Senado Federal
PROFINT Programa de Fornecimento Automático de
Informação Tecnológica
PTI Publicações Técnicas Internacionais

RENPAC Rede Nacional de Comunicação de Dados por


Comutação de Pacotes
RLG Research Libraries Group
RNP Rede Nacional de Pesquisa
SABI Subsistema de Administração de Bibliotecas/
PRODASEN
SADIVU Seção de Divulgação/INPI
SADTEP Seção de Documentação/INPI
SAOBUS Seção de Orientação e Buscas/INPI
SBPC Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência
Sei ELO Scientif1c Electronic Library Online

SEBRAE Sistema Brasileiro de Apoio a Micro e Pequenas


Empresas
SELAP Sistema em Linha de Acompanhamento de
Projetos
SEPIN Secretaria de Polftica de Informática e Automação
SESU Secretaria Nacional de Educação Superior
SIABE Sistema Integrado de Automação de Bibliografias
Especializadas
SIBRADID Sistema Brasileiro de Documentação e
Informação Desportiva

14
SIGLE System for lnformation on Grey Literature
in Europe

SINMETRO Sistema Nacional de Metrologia, Normalização e


Qualidade Industrial

SINORTEC Sistema Nacional de Informações sobre Normas


e Regulamentos Técnicos

SI RC Sport lnformation Research Center


SITE Sistema de Informações sobre Teses
SNIDA Sistema Nacional de Informação e
Documentação Agrícola
SRB Sistema de Registro Bibliográfico

SSIE Smithsonian Scientific lnformation Exchange

STN lntemational Scientific and T echnical lnformation


Network
TCP Tratado de Cooperação sobre Patentes
TCP/IP T ransmission Contrai Protocol/lnternet Protocol
TELE BRAS Telecomunicações Brasileiras S. A
TI OUSA EC T echnicallnformation Center/United States Atomic
Energy Commission

TMS The Minerais, Metais and Materiais Society


TRC T echonology Reports Centre
TRIPS Trade-related Aspects oflntellectual Property Rights
UFMG Universidade Federal de Minas Gerais
UFPa Universidade Federal da Paraíba
UFRGS Universidade Federal do Rio Grande do Sul
UFRJ Universidade Federal do Rio de janeiro

15
UIA Union of lnternational Associations
UKAEA United Kingdom Atomic Energy Agency

UMI University Microfilms lnternational

UNESCO Organização das Nações Unidas para a Educação,


Ciência e Cultura

Unisist Universal System for lnforrnation in Science


and T echnology
UNIT Instituto Uruguayo de Normas Técnicas
URL Uniform Resource Locator
USP Universidade de São Paulo
WAIS Wide Area lnformation Server

"
APRESENTAÇÃO

No início da década de 90, quando a profa. Carlita Maria Campos


e eu preparávamos a segunda edição do livro Fontes de Informação
Espedalizada, a lntemet constrtuía apenas uma palavra nova no extenso
vocabulário de siglas do universo da informática e estava disponível a
um número reduzido de pesquisadores brasileiros. Hoje a rede já faz
parte do cotidiano de um número significativo de pessoas e está
modificando inteiramente o paradigma da comunicação cientíka, incor-
parando novas práticas ao processo e introduzindo novas formas
de inter-relação entre os membros da comunidade de pesquisa.
Assim, uma revisão completa do livro se fez necessária, para permitir
um melhor entendimento dessa nova realidade.

Esta é uma nova versão bastante modificada de Fontes de Infor-


mação Especializada, que foi publicado em 1988 e 1993 (respectiva-
mente primeira e segunda edições) pela Editora UFMG. Além do novo
título, o livro aprofunda tópicos já abordados nas edições anteriores,
acrescentando mudanças que ocorreram nos últimos sete anos. Por
exemplo, passamos a utilizar o termo literatura cinzenta ao invés de
publicações não convencionais, pois acreditamos que a expressão já
foi devidamente incorporada ao vocabulário da biblioteconomia e da
ciência da informação no Brasil. Foi também acrescentado um capftulo
dedicado inteiramente à lntemet. e é claro que praticamente todos os
outros capítulos abordam a rede a partir de sua perspectiva particular.
Os professores que utilizaram Fontes de Informação Especializada
já estão familiarizados com a estrutura da obra (por tipo de material),
que foi aqui mantida, pois consideramos que é a maneira mais adequada
de facilitar ao estudante a compreensão da natureza, da dinâmica de
produção e do controle da literatura científica, que são peculiares a
cada um dos diversos tipos de documentos que a compõem. Cada
capítulo procura apresentar inicialmente uma visão histónca do tipo
de material que aborda, descrevendo em seguida suas características
e acrescentando as formas de acesso àquele material. Não houve a
preocupação de se esgotar as fontes de informação existentes,
mas de apresentar apenas as mais importantes como exemplos,
dando ênfase às obras brasileiras.
Os endereços da Internet mencionados no texto foram marcados
com um ícone (""àJ), e uma lista completa de URLs é apresentada no
Anexo.
Houve uma grande mudança com relação à autoria dos capftulos.
Esta nova edição é uma obra coletiva e constitui o resuttado do trabalho
de 13 autores, oriundos de quatro escolas e departamentos de
biblioteconomia e ciência da informação do Brasil. Essa empreitada
representa uma forma de trabalho conjunto que deveríamos realizar
cada vez mais (aproveitando os recursos da lntemet), reunindo compe-
tências e esforços para aperfeiçoar o ensino de biblioteconomia e
ciência da informação no Brasil.
O livro objetiva atingir principalmente o estudante de
biblioteconomia, mas pode ser de utilidade para qualquer pessoa
interessada em conhecer os meandros da comunicação científica e
o papel que os diferentes tipos de documentos representam nesse
un1verso.
Não é nossa expectativa que esta obra seja utilizada como
recurso didático único nas disciplinas de fontes especializadas. A nossa
pretensão é que, reunindo informações dispersas na literatura, ela
facilite o trabalho do professor, criando espaço nas disciplinas para a
exploração e aprofundamento de temas atuais e de elaboração de

18
trabalhos práticos, no qual o aluno possa, criativa e conscientemente,
construir seu conhecimento e, a partir de sua própria vivência, com-
preender a dinâmica de produção do conhecimento científico e
tecnológico. A síntese, que dará ao estudante a noção da
dinamicidade do processo de comunicação científica e tecnológica
e da variedade de formas que a compõem, será alcançada mediante
o trabalho do professor em sala de aula e preparará o aluno para
lidar de forma competente com esse universo informacional.
Agradecemos a todos os autores que atenderam com presteza
ao nosso convite para colaborar nessa tarefa, especialmente às profes-
soras Beatriz Valadares Cendón e Jeannette Marguerite Kremer que
mostraram enorme interesse e dedicação na organização e revisão
dos textos.
Especial menção deve ser feita à profa. Carlita Maria Campos,
co-autora da obra que serviu de base para a produção do presente
trabalho e que, mesmo não tendo participado diretamente da revisão,
sempre apoiou e estimulou o nosso esforço.
Esperamos que nossos leitores, principalmente aqueles que
utilizarem o livro como auxiliar didático, possam nos ajudar no apri-
moramento do mesmo com suas críticas e sugestões. Elas serão
sempre bem-vindas.

Bemadete Santos Campello


Belo Horizonte, maio de 1999
e-mail campello@eb.ufmg.br

19
A CIÊNCIA, O SISTEMA DE COMUNICAÇÃO
CIENTÍFICA E A LITERATURA CIENTÍFICA

SUZANA PINHEIRO MACHADO MUELLER

AprendemOs sobre o mundo e sobre nós mesmos de muitas


maneiras: observamos, ouvimos, lemos e experimentamos, e assim
aumentamos nosso conhecimento. No entanto, nem sempre a
percepção que obtemos da realidade é confiável. Mas quando o
conhecimento sobre determinado fenômeno é obtido segundo
uma metodologia científica, ou seja, é o resultado de pesquisas
realizadas por cientistas, de acordo com regras definidas e contro-
ladas, então aumentam muito as probabilidades de que nossa com-
preensão desse fenômeno seja correta. Chamamos ao conheci-
mento assim obtido de conhecimento científico ou ciência
(KERLINGER, 1979).
A confiabilidade é, portanto, uma das características mais
importantes da ciência, pois a distingue do conhecimento popular,
não cíentífico. Para obter confiabilidade, além da utilização de uma
rigorosa metodologia científica para a geração do conhecimento,
é importante que os resultados obtidos pelas pesquisas de um
cientista sejam divulgados e submetidos ao julgamento de outros
cientistas, seus pares.
A ampla exposição dos resultados de pesquisa ao julgamento
da comunidade científica e sua aprovação por ela propicia confiança
nesses resultados. Por essa razão, todo trabalho intelectual de
estudiosos e pesquisadores depende de um intrincado sistema
de comunicação, que compreende canais formais e informais, os
quais os cientistas utilizam tanto para comunicar os resultados
que obtêm quanto para se informarem dos resultados alcançados
por outros pesquisadores. Assim, toda pesquisa envolve atividades
diversas de comunicação e produz pelo menos uma publicação for-
mal. Na verdade, uma determinada pesquisa costuma produzir várias
publicações, geradas durante a realização da pesquisa e após o seu
término. Tais publicações variam no formato (relatórios, trabalhos
apresentados em congressos, palestras, artigos de periódicos, livros
e outros), no suporte (papel, meio eletrônico e outros), audiências
(colegas, estudantes, público em geral) e função (informar, obter
reações, registrar autoria, indicar e localizar documentos, entre
outras). O conjunto dessas publicações, que chamamos de lite-
ratura científica, permite expor o trabalho dos pesquisadores ao
julgamento constante de seus pares, em busca do consenso que
confere a confiabilidade. Em resumo, sem sua literatura, uma área
científica não poderá existir pois, sem o aval dos seus pares, o
conhecimento resultante da pesquisa conduzida pelos cientistas
não será validado e não será considerado científico (ZIMAN, 1968).
A produção da literatura de uma área científ1ca envolve muitas
e diferentes atividades de comunicação entre os pesquisadores,
algumas das quais antecedem e outras se seguem a sua publicação.
Conforme suas características, essas atividades costumam ser
chamadas de comunicação informal ou comunicação formal. A
comunicação informal utiliza os chamados canais informais e inclui
normalmente comunicações de caráter mais pessoal ou que se
referem à pesquisa ainda não concluída, como comunicação de
pesquisa em andamento, certos trabalhos de congressos e outras

ll
com característkas semelhantes. A comunkação formal se ut'diza
de canais formais, como são geralmente chamadas as publicações
com divulgação mais ampla, como periódicos e livros. Dentre
esses últimos, o mais importante, para a ciência, são os artigos
publicados em periód1cos científicos.
O conjunto dessas atividades constitui o sistema de comuni-
cação científica de uma determinada área da ciência. Esse sistema
inclui, portanto, todas as formas de comunicação utilizadas pelos
cientistas que pesquisam e contribuem para o conhecimento
nessa determ.1nada área, além das publicações formais. Com o
desenvolvimento da tecnologia de comunicação, especialmente
computadores e redes eletrônicas, as formas de comunicação
disponíveis à comunidade científica vêm se modificando, ampliando
e diversificando, tornando-se cada vez mais eficientes, rápidas e
abrangentes, vencendo barreiras geográficas, hierárquicas e finan-
ceiras. Essas mudanças estão ocon-endo tanto nos canais informais
como nos formais. Dentre esses últimos, os mais importantes.-
para a ciência, ainda são os artigos publicados em periódicos cientí-
ficos impressos.

1 .1 CARACTERÍSTICAS DA LITERATURA ESPECIALIZADA

Embora a literatura produzida por diferentes áreas do conhe-


cimento apresente diferenças e peculiaridades, pode-se dizer que a
literatura científica, como um todo, possui várias características
comuns e sofre influênCias de um conjunto comum de fatores.
O trabalho do profissional de informação é em grande parte
baseado no conhecimento e uso de fontes de informação sobre a
literatura científica, a qual reflete as características próprias da

23
ciência e tecnologia modernas. Algumas dessas características
afetam e dificultam bastante o trabalho profissionaL entre as quais
estão: o fenômeno da explosão bibliográfica, a diversificação de
formatos de apresentação e divulgação, a eliminação de barreiras
no acesso (geográficas, hierárquicas e outras), a aceleração do
avanço do conhecimento e conseqüente obsolescência mais rápida
das publicações, a intensificação da interdisciplinaridade (unindo áreas
científicas antes isoladas) e a tendência à pesquisa em colaboração.
A explosão bibliográfica, fenômeno comum a todas as áreas
do conhecimento e talvez a característica mais vis(vel das litera-
turas científicas, pode ser definida como a quantidade crescente
de documentos científicos produzidos e a rapidez com que esse
número aumenta. Esse fenômeno não é novo, pois vem ocor-
rendo de maneira exponencial desde o estabelecimento da ciência
moderna e da publicação dos primeiros periódicos, no fim do
século XVII (SOLLA PRICE, 1963).
Recentemente, com o desenvolvimento das tecnologias
eletrônicas de comunicação, especialmente da Internet, a questão
da explosão da literatura tomou-se ainda mais complexa. Novos
formatos e canais de comunicação se tornaram disponíveis, expan-
dindo de maneira nunca vista as possibilidades da comunicação
e eliminando barreiras geográficas. O fenômeno tem conseqüências
profundas na organização de centros de informação. Como jamais
será possível a qualquer centro possuir tudo o que interessa sobre
um assunto, chegou-se à conclusão que é melhor dirigir todos os
esforços no sentido de garantir acesso. A política de seleção do
acervo deve ser muito bem planejada e suplementada por esquemas
de cooperação com outras bibliotecas. Mas o desenvolvimento
das tecnologias de informação, ao mesmo tempo que aumentou

24
a quantidade de textos e informações disponíveis, abriu alternativas
muito eficientes para satisfazer demandas que ultrapassam as pos-
sibilidades do acervo local, entre as quais incluem-se a compra de
cópia ou de acesso ao documento específico em demanda, via
meio eletrônico. Isso implica, então, na necessidade de reserva de
recursos específicos nos orçamentos dos centros de informação
(ou no pagamento de tais serviços pelos usuários) e também na
necessidade de treinamento de profissionais capazes de reconhecer
as fontes e as maneiras mais eficientes e econômicas de acesso.
Os resultados alcançados por determinado pesquisador são
freqüentemente retomados por outros cientistas, teóricos ou
aplicados, que dão continuidade ao estudo, fazendo avançar a ciência
ou produzindo tecnologias ou produtos neles baseados. Tem sido
uma característica do mundo atual que o lapso do tempo, durante
o qual uma novidade científica permanece novidade, é cada vez
menor, ou seja, o tempo entre a publicação inicial de determinados
resultados da pesquisa e publicações que avançam em relação a
eles está encurtando cada vez mais. A velocidade com que o conheci-
mento é renovado, tomando ultrapassada a literatura ainda recente
- especialmente em algumas áreas do conhecimento - acarreta
problemas para todos os interessados: é difícil para o cientista
manter-se informado ou atualizado e é também difícil e caro para
os centros de informação manter suas coleções atualizadas, pois
o número de fontes aumenta com igual velocidade. Da mesma
forma, também o profissional encarregado de atender demandas e
administrar coleções encontra dificuldades. Torna-se assim impor-
tante saber o que está sendo pesquisado antes mesmo que a
pesquisa termine; conhecer as tendências e frentes de pesquisa;
conhecer grupos e centros de pesquisa que trabalham na área de

25
interesse. Tendo em vista esses problemas, este manual inclui
capítulos sobre pesquisas em andamento, encontros científicos,
literatura cinzenta, relatórios técnicos, teses e dissertações, além
de outros que se referem à informação já formalmente divulgada:
periódicos científicos, normas técnicas, patentes e literatura
comercial, e outros ainda que se referem à literatura secundária e
terciária, que têm por finalidade apresentar o conhecimento conso-
lidado e ajudar a encontrar o que se procura.
Diferentemente da literatura científica ou acadêmica, a lite-
ratura tecnológica nem sempre recebe divulgação ampla. Isso se
explica pelas suas finalidades: a ciência se baseia no consenso
dos cientistas, e os autores se destacam pela freqüência com que
são lidos e citados, portanto procuram ampla divulgação para seus
trabalhos. Por outro lado, as empresas e indústrias que patrocinam
a tecnologia visam o lucro e não lhes interessa ampla divulgação
de suas tecnologias, mas sim o domínio do mercado em que seu
produto se insere. Conseqüentemente, divulgação restrita é a
norma para a literatura tecnológica. Para o profissional que pre-
tende atender a demandas nessa área, esses fatos tornam difícil a
identificação e o acesso a documentos que potencialmente seriam
de interesse para seus usuários.
É tradição considerar a ciência como se fosse composta de
áreas diversas, cada qual com suas características e limites bem
estabelecidos. Assim, referimo-nos às ciências exatas e naturais, às
ciências sociais e humanidades, às áreas tecnológicas e engenharias
como se fossem realmente separadas. Mas todas as ciências e
tecnologias referem-se à natureza, e esta é uma só. As divisões
ajudam no esforço da pesquisa e na organização da literatura pro-
duzida, mas a verdade é que, à medida que nosso conhecimento

26
avança, diminui a clareza da divisão estabelecida. Chamamos a isso
de interdisciplinaridade da ciência ou de uma determinada área do
conhecimento. As conseqüências práticas desse fenômeno, que
tem ocotTido de mane1ra muito rápida, afetam fortemente a literatura
especializada, especialmente a literatura periódica: surgem novos
títulos, que se referem a novas áreas de pesquisa, novas especiali-
dades, gerando problemas de dispersão de artigos e dificultando o
trabalho de identificação e localização. Significa também a necessi-
dade de maiores investimentos na seleção de títulos e na habilidade
do profissional de Informação.
Paralelamente ao crescimento dos estudos interdisciplinares,
o trabalho em equipe também tem sido uma característica crescente
da ciência moderna. Isso é especialmente verdade para as chamadas
ciências exatas e da natureza, mas também ocotTe nas demais áreas
de conhecimento. O reflexo dessa característica na literatura
científica está na autoria múltipla de artigos e livros. Nas áreas
tecnológicas, por razões que incluem a sua natureza, é comum a
autoria institucional.

1 .2 ESTRUTURA DA LITERATURA ESPECIALIZADA

Esquemas de estruturação da literatura especializada têm


sido apresentados por diversos autores como GROGAN ( 1992)
e SUBRAMANYAN ( 198 I). Tais classificações se baseiam com
freqüência no fluxo da informação, isto é, os documentos são
classificados de acordo com o lugar e função que ocupam no
fluxo de informação. Este é um conceito que pretende representar
o caminho percorrido pela pesquisa, desde que nasce uma idéia
na mente de um pesquisador, passa pelo ponto mais alto que é a

27
publicação formal dos resultados, geralmente em um artigo cientí-
fico, e continua até que a informação sobre esse artigo possa ser
recuperada na literatura secundária ou apareça como citações em
outros trabalhos. Em alguns casos, continua até que os resultados
da pesquisa sejam integrados em um tratado sobre o assunto.
Durante o processo, a informação é veiculada por meios e canais
diversos.
O fluxo da informação científica é geralmente representado
através de um modelo. O mais famoso deles foi desenvolvido na
década de 70 por dois autores americanos, Garvey e Griff1th
(GARVEY e GRIFFITH, 1972; GARVEY, 1979), que observaram
como os cientistas da área de psicologia se comunicavam e divul-
gavam suas pesquisas.
O modelo resultante dos estudos desses dois autores fo1
logo adaptado para todas as áreas do conhecimento. Nele o pro-
cesso de comunicação aparece representado por um contínuo,
onde se situam, em sucessão e por ramificações, as diversas ativi-
dades cumpridas por um pesquisador e os documentos que tais
atividades geram. Por exemplo, o início da pesquisa é logo seguido
por relatórios preliminares e comunicações de pesquisas em
andamento; um pouco antes e logo após o término da pesquisa
há uma sucessão de seminários, colóquios, conferências e rela-
tórios, que geram trabalhos escritos completos ou resumos
(publicados geralmente em anais) e que já serão indexados em
fontes adequadas; ao submeter o seu original para publicação em
periódico científico, aparecem as versões preliminares (preprints),
distribuídas à comunidade de pares; após a publicação do artigo
em periódico haverá normalmente uma série de notícias sobre
ele, em veículos de alerta, índices e resumos e talvez, também,

28
-~,----- -------~--

MODELO TRADICIONAL DA COMUNICAÇÃO


CIENTÍFICA DE GARVEY E GRIFFITH (ADAPTADO)

I Apres<ntoçioomoomiml.ri"',rnlóqmlos I
O artigo f iaduado
Rebtório. Verdes pre~miures do em boletins de alerta
pro!iminm distribukl85 aos para

/
I lof<io do
....,.~
Tormiao

~~t~qo!..
Eo•iodoa

...
tditor(e
ovoliodoreo)
O ordgo ó
publieodoom
p<rlódioo
cieotifiro
-
O artigo é
iadeudo
em iadices e
.... Cibçioem
IYVisões
bibliogni6cu
O artigo
aparoee
citado na r---
Conteúdos aparuem
em te"'oo did,titos,
11111nuais, enciclopédias
ovalia~Jo
periódicos aauais(IIIIIIUQ/ llteratu.,.

""~'
deraumo
I
Rolttórios oJo R<~blro (meoçlo) om
oprooeatadosem lbtoo de trobollloo
tOOEreol<lo o<eltoo poro pobli<açlo

I
..,......
Pobli<açlo
no ADoio do
, t-
R<!lislroo em lodi«o
do tnbalboo
op.--...otodoo em

'""'"""'
TEMPO

Readaptação da versão apresentada. HURD, Julie M. Models ofscientific communication. In: CRAWFORD, S. Y., HURD, J. M.,
WELLER, A. C. From prin.t lo eleclron.ic; the transformation of scientific communication Medford: Information Today, Inc., 1996.
~ p.ll. (ASIS Monograph Series)
~
em obras que realizam ensaios bibliográficos sobre as tendênc1as
de pesquisa e desenvolvimento da área, tipo annuol reviews. Se a
pesquisa teve o impacto desejado pelo seu autor, citações ao
trabalho começam a aparecer assim que o artigo se toma disponível.
Nesse modelo é fácil perceber que a informação flui por muitos
canais e que diferentes tipos de documentos são produzidos, cujas
características variam conforme o estágio da pesquisa e tipo de
público a que se destina e o objetivo de quem a comunica. Com
base em modelos como esse, os canais de informação foram clas-
sificados como canais informais ou canais formais.
Os canais informais apresentam uma série de características
comuns: são geralmente aqueles usados na parte inicial do cont(nuo
do modelo; é o próprio pesquisador que o escolhe; a informação
veiculada é recente e destina-se a públicos restritos e, portanto,
o acesso é limitado. As informações veiculadas nem sempre serão
armazenadas e assim será difícil recuperá-las. Exemplos tradicionais
são os relatórios de pesquisa, os textos apresentados em seminários
ou reuniões pequenas e mesmo os anais de alguns simpósios.
Os canais formais também apresentam uma série de cara c-
terísticas comuns: permitem o acesso amplo, de maneira que as
informações são facilmente coletadas e armazenadas; essas infor-
mações são geralmente mais trabalhada$, correspondendo aos
estágios mais adiantados do contínuo do modelo. Ao contrário
dos canais informais, é o destinatário da mensagem e não o pes-
quisador que o escolhe e consulta. Enquanto os canais informais
permitem um bom nível de interação com o pesquisador, os canais
fOrmais tradicionais geralmente não prevêem isso (MEADOWS, 1974).
Da mesma forma, os documentos (ou fontes) produzidos
ao longo do processo de pesquisa podem ser classificados como

30
pnmános, secundários e terciários. 1 Documentos primários são
geralmente aqueles produzidos com a interferência direta do autor
da pesquisa. Considerando o contínuo do modelo de Garvey e
Griffith, estariam principalmente no início do processo, incluindo,
por exempío, relatórios técnicos, trabalhos apresentados em
congressos, teses e dissertações, patentes, normas técnicas e o
artigo científico. Segundo GROGAN ( 1992), as fontes primárias,
por sua natureza, são dispersas e desorganizadas do ponto de vista
da produção, divulgação e controle. Registram informações que
estão sendo lançadas, no momento de sua publicação, no corpo
de conhecimento científico e tecnológico. As fontes primárias são,
por essas razões, difíceis de serem identificadas e localizadas.
Esse fato gerou o aparecimento das fontes secundárias, que
têm justamente a função de facilitar o uso do conhecimento dis-
perso nas fontes primárias. As fontes secundánas apresentam a
informação filtrada e organizada de acordo com um arranjo definido,
dependendo de sua finalidade. São representadas, por exemplo, pelas
enciclopédias, dicionários, manuais, tabelas, revisões da literatura,
tratados, certas monografias e livros-texto, anuários e outras.
As fontes terciárias são aquelas que têm a função de guiar
o usuário para as fontes primárias e secundárias. São as bibliografias,
os serviços de indexação e resumos, os catálogos coletivos, os guias
de literatura, os diretórios e outras. Após a publicação do artigo
relatando a pesquisa em periódico científico, são principalmente as
fontes secundárias e terciárias que ocorrem no contínuo do fiuxo.

I. Embora aqui considerados como fontes terciánas, os serviços bibliográficos são também
chamados de serviços sewndários. com base em algumas classificações da literatura, cujos
autores consideram que há apenas dois tipos de fo11tes: primárias (a literatura propriamente
dita) e secundárias (os serviços bibliográf•cos).

31
Desde o desenvolvimento do modelo de Garvey e Grifftth,
quase trinta anos atrás, houve um avanço enorme das tecnologias
da informação, que mudaram de maneira dramática alguns aspectos
da comunicação científica, oferecendo alternativas inovadoras para
cada ponto daquele modelo. Por exemplo, o uso do computador na
editoração e publicação de documentos tradicionais impressos pro-
piciou a emergência de bases de dados online e textos legíveis por
máquina; em seguida apareceram também periódicos inteiramente
eletrônicos. O computador pessoal ligado em rede abriu novas
possibilidades de comunicação pessoal - o correio eletrônico e
suas variações- enquanto as redes, especialmente a Internet, colocou
à disposição de pesquisadores formas de comunicação e divulgação
nunca antes sonhadas, oferecendo ainda possibilidades de conexão
entre textos, de busca, localização e aquisição de informação.
Em resumo, o modelo inicial proposto por Garvey e Griffith
já não representa tão bem o processo de comunicação científica
moderno. Todas as fases desse processo foram e continuam s~ndo

afetadas pelo emprego da tecnologia (CRAWFORD, HURT e


WELLER, 1996). O quadro geral está mudando e já se antevêem
formas de comunicação que provavelmente colocarão o periódico
tradicional em cheque, num futuro próximo.
As mudanças causadas pela tecnologia têm sido tão
abrangentes e inovadoras que até mesmo conceitos estabelecidos
como canais informais e canais formais são questionados por alguns
autores, que alegam já não ser possível distinguir com clareza as
diferenças entre eles. De fato, tomou-se difícil definir o que seja
comunicação formal e informal, documento primário ou secundário.
Dada a importância da literatura especializada para uma deter-
minada área de conhecimento, a sua identificação, coleta, organização

32
e preservação estão entre as responsabilidades mais importantes do
profissional da informação. Não é uma tarefa muito fácil pois, como
foi dito, o volume de publicações é muito grande e continua a crescer,
e os formatos em que ocorrem estão também em evolução, com-
plicando a identificação do material pertinente. Faltam instrumentos
de busca adequados e abrangentes, especialmente quando a questão
envolve pesquisas produzidas no Brasil.
Apesar de toda a evolução tecnológica - e mesmo por
causa dela - a necessidade de se conhecer as fontes e saber
identificar e promover o acesso à informação pertinente continua
sendo tão importante quanto sempre foi para os profissionais
que se dedicam ao atendimento do usuário. A finalidade deste
manual é contribuir para isso.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CRAWFORD, S. Y., HURO, J. M., WELLER. A. C. From print to electronic:the


transforrnation of scientific communication. Medford: lnforrnation Today, 1996.
(ASIS Monograph Series).

GARVEY, W. O. Communication: the essence of science. Oxford: Pergamon


Press, 1979.

GARVEY, W. O, GRIFFITH, B. C. Communication and inforrnation processing


within scientific disciplines: empirical findings for psychology. /nformation
Storage and Retrieva/, v.8., n.3, p.l23-136, 1972.

GROGAN, O. Science and technology:an introduction to the literature. 2nd.ed.


London: C. Bingley, 1992. Cap. I: The literature, p.l4-19.

HURD,Julie M. Models of scientific communication.ln: CRAWFORD, S. Y., HURD,


J. M., WELLER. A. C. From pn'nt to eledronic the transformation of scientific
communication. Medford: lnformation Today, 1996. (ASIS Monograph Series). p.l I.

33
KERLINGER, F. N t1etodologia da pesquisa em ciências sociais: um tratamento
conceitual. São Paulo: EPU/ EDUSP, 1979.

SOLLA PRICE, O. j. Litt/e sdence, big science. New York: Columbia University
Press, 1993.

MEADOWS, A j. Communication in science. London: Butterworths, 1974.

MUELLER, S. P. M. O crescimento da ciência, o comportamento científico e a


comunicação científica: algumas reflexões. Revista da Escola de
Biblioteconomia da UFMG, v.24, n.2, p.63-84, jun./dez. 1995.

SUBRAMANYAN, K. Scientilic andtechnica/ information resources. New York:


M. Dekker, 1981.

ZIMAN, John. Public know/edge: the social dimension of science. London:


Cambridge University Press, 1968.

34
ORGANIZAÇÕES COMO FONTE DE
INFORMAÇÃO

BERNADETE SANTOS CAMPELLO

A palavra organização costuma ser usada com dois significados.


O primeiro está ligado à idéia de método, ordem, sistematização. O
segundo refere-se a uma entidade que reúne pessoas que desen-
volvem um trabalho coordenado, estruturado em torno de metas
definidas, consistindo de vários grupos ou subsistemas
inten"elacionados. É dirigida visando atingir metas estabelecidas, e as
regras para seu funcionamento são determinadas de forma clara e
regdradas por escrito. É sob este aspecto que se pretende discut'1r as
organizações neste capftulo.

2.1 CONCEITO

As organizações têm cada vez mais importância na sociedade


contemporânea. Caracterizam-se como um espaço de ações
econômicas no qual se concentram capital, gerência, mão-de-obra
e tecnologia, proporcionando um ambiente de convívio e de
mterações constantes entre os diversos atores envolvidos em
cada um dos setores acima mencionados. Constituem um ponto
de convergência da sociedade, pois geram empregos, desenvolvem
tecnologia e atraem investimentos. Para sobreviverem devem
estar constantemente ligadas a outras organizações e instituições.
Por necessitarem de recursos financeiros para manter seu nível
de produção, precisam relacionar-se com as instituições financeiras
e com o mercado de capitais. Para gerar produtos ou serviços
lucrativos (ou que tenham aceitação, no caso de empresas não
lucrativas) têm que estar constantemente atentas às tendências
do mercado consumidor e às necessidades de seus clientes.
Como consumidoras de matéria-prima e de serviços, dependem de
outras organizações e, finalmente, dependem também do governo,
devendo estar alertas para as políticas públicas e suas alterações,
principalmente no que diz respeito à legislação tributária, trabalhista,
de transferência de tecnologia e de patentes.
O desenvolvimento do capitalismo levou ao aparecimento
das grandes empresas transnacionais que, hoje, com seu poder
econômico e sua estrutura extremamente burocratizada, influenciam
governos e ditam políticas. O aparecimento das transnacionais e
das multinacionais, entretanto, não significou o fim das pequenas
empresas que têm um papel preponderante nas economias, prin-
cipalmente de países periféricos. A característica marcante das
pequenas empresas é a limitação de seus papéis sociais internos
que se resumem nos relacionamentos entre patrão e empregados,
muito diferente do que ocorTe nas grandes organizações. Nas
pequenas empresas o patrão desempenha várias funções e às
vezes chega a ombrear-se com os empregados na produção, sobre-
tudo se ele próprio foi um artesão ou um operário que por um
grande esforço criou sua própria empresa.
Na grande organização, os papéis tendem a diferenciar-se. Os
papéis de proprietário-acionista, empresário, gerente são exercidos
por pessoas diferentes e, além desses, existem os de especialistas,

36
técnicos, operános qualificados, pessoal de escritório etc. Em
conseqüência, os relacionamentos entre indivíduos e grupos nas
grandes organizações tornam-se extremamente complexos.
Os processos formais que ocorrem numa organização são
definidos em função da racionalização e da eficiência, sendo repre-
sentados em diversos tipos de documentos, tais como organogramas,
regulamentos e normas internas. Entretanto, existe toda uma gama
de relacionamentos não formais que podem influenciar as formas de
acesso à informação nas organizações. Esse aspecto informal resulta
dos processos sociais, dos relacionamentos humanos e das ten-
dências culturais. As chamadas amizades de escritório costumam ter
um papel importante no desempenho das funções formais, embora
não estando, é claro, refletidas no organograma formal da organi-
zação, e podem ter influência decisiva na obtenção de informações
junto a ela.

2.2 As ORGANIZAÇÕES E A INFORMAÇÃO

As organizações constftuem importante fonte de informação.


O acesso às informações de uma organização pode se dar através
dos indivíduos a ela ligados ou dos documentos que ela gera.
Algumas organizações, por sua natureza, têm na divulgação de
informações sua própria razão de ser. É o caso da maioria das
organizações não lucrativas que produzem uma variedade de docu-
mentos que podem ser facilmente obtidos, muitas vezes gratui-
tamente. As organizações que visam o lucro, embora não tor-
nem disponíveis as informações que consideram sigilosas, costumam
divulgar documentos úteis, tais como relatórios, catálogos de pro-
dutos e serviços, house orgons e outros.

37
Uma forma de se ter acesso aos documentos de uma organi-
zação é através de sua biblioteca ou centro de informação. Desse
modo, pode-se viabilizar permutas, doações ou aquisição de materiais
da própria organização ou utilizar-se de seus recursos bibliográficos,
através do empréstimo entre bibliotecas.

2.3 IDENTIFICAÇÃO DE ORGANIZAÇÕES

Os diretórios são as fontes tradicionais para a identificação


de organizações: essas obras listam os nomes das organizações
fornecendo em geral informações tais como endereço, telefone,
fax, e-moi/, produtos e serviços, nomes e cargos dos dirigentes e
outras do gênero. As listas telefônicas, com suas Páginas Amarelas,
constituem a forma mais primária de diretório, mas atualmente
uma grande variedade de diretórios tem sido publicada, cobrindo
organizações de áreas especificas, com diversas opções de for-
matos e com informações detalhadas sobre as organizações que
incluem. Como exemplos temos: o Guia dos Museus Brasileiros,
publicado em 1997 pela Comissão de Patrimônio Cultural da
Universidade de São Paulo (USP); o Guia de Bibhotecas de Instituições
Brasileiras de Ensino Superior, produzido pelo Sistema de Bibliotecas
e Informação da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ),
em disquete.
Existem grandes empresas especializadas na produção de
diretórios, atuando na área há muitos anos, como o Gale Group,
a Dunn & Bradstreet e a Europa Publications, que oferecem seus
produtos em várias opções: impressos, em CD-ROM ou on/ine.
Essas empresas possuem enormes bases de dados com informações
sobre milhões de organizações e divulgam e tornam disponíveis
seus produtos em s(tios na Internet.

38
Para identificação de diretórios, a fonte mais conhecida é o
Directories in Print, publicada pelo Gale Group """"·que, na sua 17ª
edição de 1999, reúne dados sobre mais de 15 mil diretórios cien-
tíficos, profissionais e comerciais de diferentes áreas, no mundo
inteiro, com ênfase para os Estados Unidos.
A natureza mutante das informações sobre organizações torna,
neste caso, a Internet a fonte mais adequada para buscas. Muitas
organizações têm seu próprio sítio, e esta é uma boa opção para
se obter informações sobre organizações que já foram identificadas
e que estão presentes na rede. O importante é verificar a corTeção
das informações, garantida pela data de atualização do sítio.

2.4 ÜRGANIZAÇÕES COMERCIAIS

Organizações comerciais são aquelas que trabalham com


finalidade de lucro. Podem ser empresas industriais que fabricam
produtos ou organizações que prestam serviços.
Uma fonte tradicional para identificação desse tipo de organi-
zação são as Páginas Amarelas das listas telefônicas que relacionam
as empresas pelo produto ou serviço que oferecem, indicando
simplesmente seu endereço e telefone. Fontes ma1s sofisticadas
são as publicações da Dunn & Bradstreet empresa multinacional
especializada em informação sobre empresas e que produz uma
série de diretórios com a finalidade de atender a diferentes necessi-
dades de informação. O sftio da Dunn & Bradstreet na Internet """"
lista seus produtos e serviços e informa que a base de dados da
empresa contém informações sobre mais de 53 milhões de compa-
nhias públicas e privadas do mundo todo.
Informações sobre organizações comerciais brasileiras na
Internet podem ser encontradas em sítios tais como o Brazilian

39
Business Connection ~,produzido pelo Grupo Quattro Digital Media,
que tem como objetivo informar sobre a presença de empresas
brasileiras na Internet.

2.5 ÜRGANIZAÇÕES EDUCACIONAIS E DE PESQUISA

Universidades, centros ou institutos de pesquisa, bibliotecas,


arquivos, museus e academias podem ser excelentes fontes de
informação, pois produzem um grande volume de documentos
técnicos em suas especialidades (ver, por exemplo, o Capítulo 9:
Teses e Dissertações).
A fonte mais tradicional para a identificação dessas organi-
zações é o diretório The World of Learning, editado anualmente
desde 1950 pela Europa Publications ~,tendo atingido em 1999
sua 49ª edição. Tem cobertura mundial e é organizado por país,
contendo um índice de organizações. A editora americana Gale
tem também uma longa tradição na publicação de diretórios e
produz alguns dos mais conhecidos, como, por exemplo, o
Associations Unlimited, disponível online e que dá informações sobre
cerca de quinhentas mil organizações não lucrativas no mundo
inteiro.
No Brasil, o Anuário Brasileiro de Educação, publicado em
disquete em 1999, contém informações sobre cerca de mil insti-
tuições brasileiras de ensino superior.
A identificação de organizações educacionais e de pesquisa
brasileiras via Internet pode ser feita através do Prossiga, que
constitui uma boa fonte para essas organizações, apresentando
diretórios como, por exemplo, Universidades e Programas de Pós-
Graduação e institutos de Pesquiso, Centros, Fundações e Laboratórios

40
de P & De do Universities.com ~, sítio que inclui links para home
poges de milhares de universidades e escolas do mundo todo.

2.6 ORGANIZAÇÕES GOVERNAMENTAIS

As organizações l1gadas ao governo em todos os n(vels


costumam publicar muitos documentos de interesse do cidadão.
O papel dessas organizações como produtoras de informação
será estudado no Capítulo 8: Publicações Governamentais.

2. 7 ORGANIZAÇÕES PROFISSIONAIS E SOCIEDADES CIENTÍFICAS

As organizações profissionais são criadas com a finalidade


de estimular o aperfeiçoamento de detenninada classe profissional.
São mantidas através de contribuições dos sócios e não têm fins
lucrativos, embora costumem cobrar pelos produtos que oferecem,
que consistem geralmente de documentos resultantes de eventos
que organ1zam.
As sociedades científicas têm uma característica que as dis-
tingue das associações profissionais, que é o fato de seu foco de
interesse ser normalmente uma área do conhecimento e não uma
classe profissional. Têm origem no século XII, quando a comunicação
científica passou a ter importância fundamental no desenvolvimento
da ciência. O principal veículo para essa comunicação eram as socie-
dades científicas, cujos membros se reuniam periodicamente para
discutir os resultados de suas pesquisas, estabelecer contatos,
trocar idéias. Muitas sociedades estabeleceram programas de pu-
blicações editando periódicos especializados e anais dos encontros
que realizavam. O papel das sociedades científicas continua basica-
mente o mesmo e, atualmente, além das atividades já mencionadas,

41
elas são as interlocutoras das comunidades científicas que representam
junto às agências financiadoras de pesquisa.
Na identificação de associações profissionais e de sooedades
científicas pode-se utilizar o diretório The World of Learning, já
mencionado, que cobre também essas organizações em âmbito
mundial, além do Research Centers and Services Directories, produzido
pela conhecida editora Gale e que lista aproximadamente 30 mil
organizações de pesquisa governamentais, acadêmicas e indepen-
dentes não lucrativas. Na Internet encontram-se inúmeros sítios
que possibilitam sua identificação. Sdentific Organizations and
Associations ~ e Scientiftc Societies ~ são alguns exemplos. Para enti-
dades brasileiras pode-se consultar o sítio Sociedades e Associações
Cientí(!cas e Tecnológicas, através da home poge do Instituto Brasileiro
de Informação em Ciência e Tecnologia (IBICT) ~ e do
Universities.com ~que inclui links para sítios de universidades do
mundo inteiro.

2. 8 ÜRGANIZAÇÕES INTERNACIONAIS

Muitas organizações internacionais foram criadas para pro-


mover a colaboração entre os Estados membros, eliminando
conflitos e estabelecendo esquemas de cooperação entre eles.
São organizações intergovernamentais baseadas em acordos outra-
tados formais, firmados entre os governos dos países membros.
Constituem importante instrumento de relações internacionais e
atuam em diferentes setores. A Organização das Nações Unidas
(ONU) ~é a maior e mais conhecida dessas organizações. Surgiu
em 1945, substituindo a Liga das Nações, com o objetivo de
resolver pacificamente as questões internacionais e de promover

42
o desenvolvimento econômico e social dos povos. É formada
por inúmeras agências que cobrem os mais variados assuntos,
incluindo, entre outros, alimentação (Food and Agriculture
Organization, FAO), saúde (Organização Mundial da Saúde, OMS),
educação e cultura (Organização das Nações Unidas para a Edu-
cação, Ciência e Cultura, UNESCO).
Outra categoria de organização internacional é aquela que
congrega pessoas e entidades particulares de vários países, sendo
mantidas por contribuições de seus associados, com a finalidade
de promover atividades em determinado setor cujos interesses
extrapolam as fronteiras de um país. É o caso da Organização
Internacional de Normalização (ISO) ~.que desenvolve atividades
de normalização técnica que vão afetar todas as nações industria-
lizadas e em processo de industrialização. Outro exemplo é a
Federação Internacional de Associações e Instituições Bibliotecárias
(IFLA) ~. que congrega pessoas e associações do mundo inteiro
interessadas no aperfeiçoamento das bibliotecas e das questões
da biblioteconomia.
As organizações internacionais constituem fontes de infor-
mação importantes, dada a vanedade de suas atividades que cobrem
os mais diversos assuntos e a quantidade de materiais que publicam.
Édifícil calcular a quantidade de documentos publicados pelas orga-
nizações internacionais, mas sabe-se que eles são produzidos em
grande número, resultantes das atividades típicas dessas organizações,
ou seja, estudos, encontros, conferências, pesquisas, trabalhos de
campo, dentre outros. Essa documentação é produzida para agilizar
a participação dos membros, sejam eles governos ou indivíduos no
trabalho da organização. O uso dessa documentação por pessoas não
pertencentes à instituição não está previsto. Assim, o conhecimento

43
da estrutura e das atividades das organizações internacionais é
fundamental para quem deseja obter seus documentos. Analisando
documentos das organizações intergovernamentais, WILLIAMS
( 1989) observa que, devido à diversidade do seu tamanho e a
abrangência de suas responsabilidades, a natureza e a qualidade
dos documentos que essas organizações geram também são bastante
diversificadas. O autor identifica os seguintes tipos de docljmentos
e sistema de informação das organizações intergovernamentais:
• publicações para distribuição externa
São documentos disponíveis para venda ou para distribuição
gratuita ao público externo. Podem variar em formato e
em número de cópias e serem adquiridos na própria organi-
zação ou em distribuidores autorizados. Esses documentos
podem, inclusive, ser publicados por editoras comerc1ais
privadas;
• documentos internos
São geralmente acessíveis apenas aos funcionários e aos
governos membros da organização. Podem estar listados
em bibliografias, catálogos ou índices publicados pela organi-
zação, com indicações tais como distribuição limitada, restrito
ou para uso intemo. Pessoas interessadas nesse tipo de docu-
mento podem contatar diretamente o setor que o produziu
ou o representante do seu governo naquela organização;
• documentos de arquivo
São quaisquer documentos produzidos pela organização,
mantidos permanentemente nos seus arquivos, para fins
administrativos ou históricos. O acesso a esses documentos
depende de critérios estabelecidos pela organização;

44
• bibliotecas/centros de informação
Quase todas as organizações internacionais mantêm biblio-
tecas ou centros de informação, e seus serviços estão, geral-
mente, disponíveis ao público externo. A biblioteca da ONU,
em Nova Iorque, por exemplo, fornece uma série de serviços
aos usuários externos, além de elaborar índices e outros
instrumentos bibliográficos para acesso à documentação da
organização;
• redes de informação
A abrangência de suas atividades, bem como o grande volume
de material sobre assuntos de seus interesses, tem levado
algumas organizações intergovernamentais a criar redes sofis-
ticadas de informação. Esses sistemas - algumas vezes em
cooperação com outras organizações - colecionam, resu-
mem, indexam e disseminam informações sobre os assuntos
de interesse da organização e são de grande utilidade para a
comunidade científica. Um exemplo desses sistemas é o
lnternational Nuclear lnforTnation System (INIS) da lntemational
Atomic Energy Agency (IAEA).
Essas categorias de documentos e recursos informacionais
são, de maneira geral, comuns às organizações internacionais,
embora possam variar em termos de acessibilidade de uma orga-
nização para a outra.
A entidade que congrega_ as organizações internacionais, a
Union of lnternational Associations (UIA), publica, já há algum
tempo, o Yearbook of lntemotíonal Orgonízations, já na 34-ª ed1ção
em 1997. O sítio da UIA "'ã';l na Internet contêm links para um
número enorme de organizações internacionais, facilitando sua

45
identificação e proporcionando o acesso a informações sobre as
mesmas. Nos sítios dessas organizações é possível encontrar as
últimas novidades sobre suas atividades (eventos, programas, ser-
viços de informação, publicações, quadro de associados etc.), além
de links para sítios de outras organizações,e documentos muitas
vezes em texto completo que podem ser de grande interesse.

2.9 As ONGs

Organização Não Governamental ou ONG é o termo usado


internacionalmente para designar organizações que realizam tra-
balhos voltados para o bem público, sem ligação com o Estado e
sem compromisso com as políticas oficiais. O termo foi criado na
década de 40 pela ONU que reconheceu a importância dessas
organizações como representantes da sociedade civil participativa.
Embora a concepção original da ONG suponha sua inde-
pendência política, muitas delas têm ligações com os governos
de seus países (como é o caso das ONGs na Suécia, que são
financiadas pelo Estado) e com organizações internacionais (isto
acontece com algumas que mantêm relações oficiais com a ONU,
atuando como membros do seu Conselho Econômico e Social e
servindo como porta-vozes de outras).
As ONGs surgiram no bojo dos movimentos sociais que
buscavam o reconhecimento dos direitos de setores excluídos
ou discriminados. A questão ecológica, em evidência a partir do
início da década de 90, também se constituiu num propulsor para
a criação de ONGs.
No Brasil, as primeiras ONGs surgiram na década de 60 como
uma reação ao regime militar, voltadas para a defesa de presos

46
políticos e para a anistia de exilados. A busca do reconhecimento
dos direitos à saúde, educação, moradia etc. dos setores sociais
excluídos foi o fator que levou ao aparecimento de muitas hoje
atuantes. Aquelas dedicadas às causas ecológicas também existem
em grande número. Das cinco mil que se estimavam haver no País, na
década de 90, cerca de 40% eram voltadas a questões ecológicas.
A democratização da sociedade brasileira na década de 90
reforça o papel das ONGs como promotoras da cidadania e sua
busca de articulação com outras Instituições que lutam por uma
sociedade democrática, ampliando o espaço das pessoas que, cada
vez mais, têm interesse em participar das soluções dos problemas
coletivos.
A identificação de ONGs pode ser feita nas mesmas fontes
utilizadas para. identificar organizações internacionais, pois muitas
delas atuam nesse nível. As brasileiras se congregam em torno da
Associação Brasileira de ONGs (ABONG) e podem ser
identificadas a partir de sítios mantidos por determ1nadas ONGs
na Internet, que fazem links para organizações congêneres. É o
caso do OCARA ~.sítio que promove o intercâmbio de infor-
mações e experiências entre ONGs, associações e mov1mentos
populares, indicando links para várias das organizações brasileiras.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BAV A. Snvio Caccia. As ONGs e as políticas públicas na construção do estado


democrático. Revista do Serviço Público, v.IS, n.3, p.97-l 00, 1994.

FERREIRA. Meireluce da Silva, MUSSI, Raimundo Nonato Fialho. Organismos


internacionais para ciência e tecnologia. Ciência da Informação, v.l7, n.2,
p.93-97, 1988.

47
KOMOROWSKI, Walter J. An analysis ofUnited Nations serial publishing pattems
and practices. The Sen'als Ltbrarian, v.l6, n. 1/2, p.205-223, 1989.

MONT Alll, Kátia Maria Lemos, CAMPELLO, Bemadete Santos. Fontes de infor-
mação sobre companhias e produtos industriais: uma revisão de literatura.
Ciência da Informação, v.26, n.3, p.321-326, 1997.
RIOS, José Arthur. Organizações. In: DICIONÁRIO de ciências sociais. Rio de
janeiro: Fundação Getúlio Vargas, 1986. p.848-850.

WILLIAMS, Robert V. Using the information resources ofthe global village: the
information systems ofinternational intergovernmental organizations. Specia/
Ltbran'es, v.BO, n. I, p.l-8, 1989.

48
PESQUISAS EM ANDAMENTO

BERNAOETE SANTOS CAMPELLO

O ritmo acelerado em que as mudanças Científicas e


tecnológicas ocorrem atualmente faz com que muitos dos resul-
tados de pesquisa divulgados nos canais formais de comunicação
(periódicos e livros, principalmente) já estejam ultrapassados quando
são publicados. Isso é mais evidente ainda no que se refere à
tecnologia e desenvolvimento industrial, quando o produto desen-
volvido hoje torna-se obsoleto amanhã.
A morosidade de publicação do periódico científico, que é
a1nda o principal veículo de divulgação da pesquisa em muitas
áreas do conhecimento, tem levado ao aparecimento de formas
alternativas de divulgação, sendo a ma1s recente delas a publicação
eletrônica (ver Capítulo 5: O Periódico Científico). A comunicação
entre pesquisadores, através de corre1o eletrônico e de listas de
discussão, via Internet, também vem possibilitando uma maior
rapidez no processo de divulgação da ciência (ver Capítulo 4:
Encontros Científicos).
Outras tentativas, que têm contribuído para agilizar o processo
formal de comunicação científica, incluem o lançamento de revistas
destinadas exclusivamente à publicação de resultados parciais de
pesquisas e o uso de relatórios técnicos como veículo de relatos de
pesquisa. No entanto, o ritmo em que a ciência e a tecnologia têm
evoluído exige mais do que a agilização dos me'1os de comunicação
formais, pressionando os pesquisadores a tomar conhecimento
do que está sendo pesquisado antes que os resultados atinjam a
fase de divulgação formal, ou seja, há uma demanda crescente
por informações sobre pesquisas em andamento.
Embora em algumas circunstâncias seja necessária a realização
de pesquisas sobre um mesmo tema por vários cientistas, como no
caso das investigações sobre AIDS, a maioria dos pesquisadores
deseja empreender trabalhos inéditos e originais. Isto ocorre princi-
palmente na área acadêm.1ca, onde o candidato à obtenção do grau
de doutor é obrigado a desenvolver pesquisa original como requi-
sito à obtenção do título.
Há também uma grande preocupação por parte dos órgãos
financiadores da pesquisa em divulgar amplamente os trabalhos que
estão financiando, de maneira a evitar pesquisas desnecessariamente
repetitivas, aproveitando melhor os recursos financeiros, geralmente
escassos.

3.1 FoNTES PARA IOENTIFICAÇÃO

A forma mais comum pela qual um pesquisador toma conheci-


mento das pesquisas que seus colegas estão realizando é através
do contato pessoal. Essa prática ocorre com intensidade na vida
de cientistas, que mantêm conversas freqüentes com colegas da
mesma área, através de telefonemas ou correio eletrônico, por
ocasião da realização de eventos como congressos ou seminários,
ou quando se reúnem em bancas de avaliação de teses e disser-
tações e de concursos docentes. Entretanto, para a maioria dos
pesquisadores é necessário recorrer a fontes formais, uma vez

50
que as oportunidades de contato pessoal com seus pares podem
ser restritas.
Instituições, tais como universidades, institutos e centros
de pesquisa e desenvolvimento geralmente divulgam os traba-
lhos que estão sendo realizados por suas equipes através de suas
próprias publicações: boletins, revistas, jornais ou mesmo listas
elaboradas especialmente para dar conhecimento de sua produção
científica. Mas essas iniciativas têm utilidade bastante limitada por
fornecer informações dispersas e fragmentadas. A natureza passa-
geira desse tipo de informação, que ex'tge atualização constante,
sempre foi um empecilho para que as fontes impressas se consti-
tuíssem em instrumentos adequados para identificação de pes-
quisas em andamento. Nesse sentido, a Internet provocou um
grande impacto na área científica, ao possibilitar a divulgação dessas
pesquisas em dois níveis: através do correio eletrônico, facilita os
contatos pessoais entre pesquisadores e, através das listas de
discussão, dos sítios de inst'ttuições de pesquisa e de serviços
específicos para este fim, possibilita o acesso formal aos dados
que têm uma atualização mais garantida.
As entidades financiadoras de pesquisa, geralmente órgãos
governamentais ou fundações, têm interesse em divulgar infor-
mações sobre as pesquisas que financiam (não os resultados pro-
priamente ditos) e mantêm bases de dados que constituem uma
excelente fonte para identificação de pesquisas em andamento.
A Federal Research in Progress Database (FEDRIP) é um exemplo.
Mantida pelo governo americano e disponível através de provedores
comerciais, é uma enotllle base de dados sobre projetos financiados
pelo governo federal dos Estados Unidos, incluindo título do projeto,
data de início da pesquisa, data provável do término, pesquisador

5I
principal, instituição onde se realiza a pesquisa, resumo da pesqu'1sa
e relatório do seu andamento (esses dados podem variar, depen-
dendo da origem da informação). A FEDRIP substituiu em parte a
função exercida pela Smithsonian Scientific lnformation Exchange
(SSIE), serviço especializado em divulgar pesquisas em andamento
e que funcionou desde 1949, incluindo, inicialmente, apenas pes-
quisas desenvolvidas na área de medicina. Atualmente, a FEDRIP
cobre as áreas de ciências físicas, engenharia e ciências da vida. É
um serviço que é cobrado e pode ser obtido através do National
Technicallnformation Service (NTIS) ~.

Existem bases de dados que cobrem determinado assunto,


como, por exemplo, a 8/0technica/ REseorch Projects in the European
Community (BIOREP) e aAGn'cultural REseorch Projects in the Europeon
Community (AGREP); como seus próprios nomes indicam, abrangem
projetos no âmbito da União Européia. Universidades e centros de
pesquisa costumam manter listas de pesquisas em andamento.
Essas listas encontram-se dispersas na Internet e são úteis apenas
quando o usuário já identificou as instituições que deseja consultar;
para buscas por assunto elas são bastante inadequadas. Outra
opção para identificação de pesquisas em andamento são os
diretórios de pesquisadores. Há na Internet um sítio que reúne
esses diretórios: o Directories ofScientists on the WWWfrom Micro
World ~. Nesse caso a busca é feita pelo nome do pesquisador,
sendo necessário identificá-lo para fazer contato e, então, obter
dados sobre seu projeto.
No Brasil, a fonte mais abrangente é o Diretório dos Grupos
de Pesquisa no Brasil ~, criado pelo Conselho Nacional de Desen-
volvimento Científico e Tecnológico (CNPq) em 1992. As infor-
mações a respeito estão disponíveis gratuitamente na Internet

52
através do Prossiga ""àJ e incluem o nome do grupo, pesquisadores
participantes, linhas de pesquisas em andamento, produção cien-
tífica e tecnológica e publicações. O Diretório representa a nova
filosofia de divulgação de dados do CNPq, que passa a trabalhar
não mais com base nos projetos de pesquisa, mas nos grupos de
pesquisadores existentes em universidades, instituições isoladas
de ensino superior, institutos de pesquisa Científica e tecnológica,
laboratórios e organizações não governamentais com atuação em
pesquisa. Os dados são fornecidos pelas próprias instituições de
pesquisa através de levantamentos realizados a cada dois anos.
O esforço do CNPq em sistematizar e divulgar dados de
pesquisas em andamento teve início em 1968, com a publicação
Pesquisas em Processo no Brasil, que teve mais duas edições, em
1969 e 1970. Em I976, foi criado o Sistema em Linha de Acompa-
nhamento de Projetos (SELAP) com a finalidade de acompanhar
programas, projetos e outras atividades do 11 Plano Básico de
Desenvolvimento Científico e Tecnológico. O SELAP, projetado
para constituir um sistema de informações para gerência de ativi-
dades em ciência e tecnologia, era também uma fonte de infor-
mações para pesquisas em andamento, mas as dificuldades rela-
cionadas à coleta de dados e à atualização das publicações levou
à sua desativação.
Alguns periódicos especializados costumam apresentar notí-
cias de pesquisas em andamento em suas seções de notas prévias.
Existem também periódicos dedicados exclusivamente à publicação
de resultados parciais de pesquisas: são os chamados /etters joumals
(ver Capítulo 5: O Periódico Científico). Essas publicações surgi-
ram especificamente para atender à necessidade que os pesquisa-
dores têm de garantir a prioridade de suas descobertas e idéias -

53
o que só ocotTe a partir do momento em que essa descoberta é
divulgada -, mas podem ser uma fonte importante para identifi-
cação de pesquisas em andamento. Durante algum tempo, esse
tipo de periódico gerou polêmica entre os pesquisadores: muitos
consideravam que a pesquisa só deveria ser divulgada após ter
sido finalizada e que os resultados deveriam ser publicados como
relatos completos, avaliados pelas comissões editoriais dos perió-
dicos aos quais fossem submetidos. A crítica feita aos letters journals
baseava-se no argumento de que a avaliação dos resultados parciais
não seria suficiente para garantir a qualidade e a seriedade da
pesquisa. As críticas, entretanto, não foram suficientes para evitar
o aparecimento de tais publicações e, atualmente, existe um número
significativo delas em todas as áreas do conhecimento, principalmente
naquelas em que a publicação é a garantia de prioridade da idéia.
Exemplos desse tipo de publicação são Letters in Mathematícal
Physics e Materiais Letters.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

FREEMAN, Robert R. Current research information in the USA. joumal of


lnformation Science, v.20, n.S, p.356-362, 1994.

LP.NCASTER, F. W. Acessibilidade da infom1ação na pesquisa cientifica em processo.


Ciência da Informação, v.4, n.2, p.l 09-1 17, 1975.

SAMAHA, E. La información sobre las investigaciones em curso de realización.


Boletin de la Unesco para las Bibliotecas, v.32, n.S, p.347-357, 1978.

54
ENCONTROS CIENTÍFICOS

BERNADETE SANTOS ÚMPELLO

A pesquisa científica é um processo complexo, e durante


sua execução o pesquisador assume diversas funções: a de líder
de equipe, a de captador de recursos, a de comunicador, dentre
outras. A função de comunicador é de fundamental importância
nesse processo, pois o pesquisador precisa estar constantemente
atualizado em relação aos avanços de sua área, inteirando-se do
que outros cientistas estão fazendo e, por outro lado, mostrando
o que ele próprio está realizando, como forma de ter seu trabalho
avaliado pelos seus pares e de garantir a prioridade de suas desco-
bertas.

4.1 CONTATOS PESSOAIS E ElETRÔNICOS

O processo de comunicação científica tem sido objeto de


inúmeros estudos que abordam tanto a comunicação formal, que
ocorre através da literatura, quanto a comunicação que acontece
informalmente, por meio de contatos pessoais. Esses estudos
indicam que os contatos pessoais individuais - face a face, por
correspondência, telefone e, hoje, cada vez mais freqüentemente,
através de correio eletrônico - são comuns no processo de
comunicação e ocorTem sempre entre os membros de determinada
comunidade científica.
Outra possibilidade de contatos pessoais entre pesquisadores
são os encontros ou eventos que reúnem, em um único local,
número significativo de membros de uma comunidade científica,
ampliando a comunicação pessoal, na medida em que permitem troca
de informações de maneira intensa, envolvendo maior número
de pessoas.
A grande quantidade de eventos de caráter científico que
ocorrem atualmente em todas as áreas do conhecimento mostra
que o encontro pessoal ainda é uma forma de comunicação que
muito agrada aos cientistas e pesquisadores. Mesmo com as novas
possibilidades trazidas pela tecnologia, como, por exemplo, as
teleconferências e as listas de discussão via correio eletrônico,
que permitem a comunicação rápida e a baixo custo, os encontros
continuam a ocorrer com freqüência, reunindo os membros de
uma comunidade científica e/ou técnica para exporem e d'rscutirem
seus trabalhos, envolvendo-os num processo de avaliação que
constitui o cerne da atividade de pesquisa.
A apresentação de trabalhos em encontros constitui a opor-
tunidade que o pesquisador tem de ver seu trabalho avaliado pelos
pares ou colegas, de forma mais ampla, diferentemente do que
ocorre, por exemplo, quando submete um artigo a um periódico
científico que é avaliado por uma comissão editorial composta
por um número restrito de membros e que, normalmente, demora
meses para completar o trabalho de julgamento. A apresentação
oral do trabalho no encontro tem a vantagem de possibilitar que
críticas e sugestões sejam feitas na hora, de forma a permitir uma
retroalimentação instantânea, podendo envolver vários pontos
de vista. A possibilidade de se comunicar pessoalmente com seus

56
pares é de fundamental importância para o cientista, constituindo
uma das maiores motivações para seu comparecimento a eventos,
e a impossibilidade de participar pode trazer uma sensação de
isolamento e frustração.
Esse processo tradicional de comunicação científica poderá,
aos poucos, ser substituído pelos encontros eletrônicos possibi-
litados pela tecnologia de redes. Em primeiro lugar, sabe-se que
o volume de comunicação via listas de discussão na Internet está
aumentando significativamente no âmbito da ciência. Algumas
vantagens desse tipo de comunicação já são visíveis e podem ser
assim resumidas: possibilidade de acesso informal a um número
enonne de informações, interação facilitada e rápida com os pares,
permitindo compartilhar idéias, obter uma variedade de sugestões
e críticas e oportunidade de descobrir pesquisadores com os
mesmos interesses. Além disso, existem outras vantagens da cha-
mada comunicação mediada por computador (computer mediated
communication) sobre os meios tradicionais de comunicação: o
receptor não precisa estar no local na hora em que a mensagem
está sendo transmitida, e essa pode ser transmitida a qualquer
hora, independentemente de fuso horário; não há o domínio da
discussão por um número pequeno de indivíduos, tendo todos
os participantes, até os mais tímidos, a mesma oportunidade de
expor suas idéias; há o nivelamento dos participantes em tennos de
titulação, pois a única identiftcação usada é o nome da instituição; e,
finalmente, há tempo suficiente para preparar os comentários.
O processo de participação em listas de discussão, via correio
eletrônico, é parecido com o que ocon-e em encontros pessoais:
sendo a utilização da linguagem cada vez mais informal nesse meio,
a comunicação assemelha-se à apresentação de um trabalho em

57
evento; é um meio de comunicação escrita que reproduz a
espontaneidade e a flexibilidade da conversação verbal. Essa
informalidade, embora benéfica no sentido de facilitar e agilizar a
comunicação, traz problemas no que diz respeito às citações, que
constituem um mecanismo essencial no processo de criação cien-
tífica e que não podem ser ignoradas. Nas listas de discussão, as
citações ao material existente na própria rede carecem de maior
normalização por estarem ainda incipientes as tentativas de padroni-
zação, e as citações ao material bibliográfico tradicional (periódicos,
livros etc.) são falhas, dificultando a recuperação.
Há uma política de auto-regulação que previne falhas nas dis-
cussões, tais como afastar-se do tópico do debate, fazer comentários
de natureza pessoal e chamar atenção utilizando-se de recursos
como pontos de exclamação ou maiúsculas. De qualquer forma, o
papel do mediador ou dono da lista é o de intervir para evitar
estes problemas, podendo tomar conhecimento das mensagens
antes de divulgá-las. Não há preocupação em fazer a síntese da
discussão, e isso também aproxima a lista de discussão da comu-
nicação verbal. Tudo indica que o correio eletrônico não precisa
ficar limitado à troca de informações curtas e factuais: sabe-se
que ele tem o potencial para veicular a troca de idéias mais elaboradas
e mensagens longas. A recuperação das informações contidas nas
listas é o ponto menos discutido; se a comunicação através do
correio eletrônico vier a substituir alguns dos registros formais
do conhecimento, transformando-se em uma forma definitiva de
registro, deve-se pensar em meios de recuperá-los de forma rápida
e segura.
Essas características da comunicação eletrônica levam à
conclusão de que, a partir do momento em que a tecnologia estiver

58
disponível a um maior número de pesquisadores, essa forma de
comunicação passará a ser cada vez mais utilizada.

4. 2 EVENTOS CIENTÍFICOS

Existem vários tipos de encontros científicos, cuja denomi-


nação varia em função de sua abrangência e de seus objetivos.
Alguns encontros voltam-se exclusivamente para a comunicação
de pesquisas e reúnem uma audiência empenhada em discutir
avanços de seu campo de conhecimento, sendo, normalmente,
organizados pelas associações científicas. Outros congregam partici-
pantes voltados para a prática profissional e são organizados pelas
entidades profissionais. Em cada um desses casos, a organização e
os trabalhos apresentados têm características distintas. De maneira
geral, os encontros apresentam uma estrutura semelhante, que pode
variar de acordo com o tamanho do evento.
O congresso é um evento de grandes proporções, de âmbito
nacional ou internacional, que dura normalmente uma semana e
reúne participantes de uma comunidade científica ou profissional
ampla. Hoje, praticamente todas as áreas do conhecimento rea-
lizam, através de suas sociedades e associações, pelo menos um
congresso de âmbito nacional ou internacional, que _ocorre a inter-
valos de dois ou mais anos. Um exemplo é o Congresso Brasileiro
de Biblioteconomia e Documentação, que vem se realizando desde
I954 a intervalos relativamente regulares, reunindo grande número
de participantes; o mais recente ocorreu em 1997.
As atividades que compõem o congresso são as mais variadas
e incluem conferências, palestras, painéis, mesas redondas e outras.
As conferências são um tipo fonnal de apresentação, feitas por convi-
dados especiais, geralmente uma figura de destaque na área. Podem

59
fazer parte de uma sessão solene de abertura ou encen-amento do
congresso. As palestras, feitas também por pessoas convidadas,
são apresentações formais e diferem da conferência apenas por
permitirem o debate do palestrante com a platéia. São chamadas
de plenárias, por reunirem todos os participantes do evento. As
mesas redondas e os painéis também são atividades que ocor-
rem durante os congressos, consistindo na apresentação, por um
número restrito de pesquisadores convidados (geralmente quatro
ou cinco), de um tema comum que, ao final, é debatido com a
platéia. Essas atividades compõem o conjunto de sessões de temas
oficiais, apresentadas por pesquisadores de renome, convidados
pelos organizadores do evento.
As sessões de temas livres são a alma do congresso; é o
momento em que os participantes, geralmente divididos em grupos
de interesse, apresentam os resultados de suas pesquisas para
serem discutidos. Os trabalhos apresentados nas sessões livres
são submetidos antecipadamente pelos autores à com1ssão
organizadora e julgados por uma comissão científica ou técnica.
A aceitação do trabalho dá ao autor o direito de apresentá-lo
nas sessões livres. Geralmente a participação de um pesquisador
em um congresso só é possível se ele tem seu trabalho aceito, já
que é condição essencial para que as agências financiadoras for-
neçam-lhe os recursos financeiros. Dados os elevados custos de
partidpação, não é comum que pesquisadores compareçam por
conta própria, principalmente os que estão em início de carreira.
Muitos organizadores aproveftam a oportunidade para oferecer
cursos de curta duração que podem ocotTer como atividades pré
ou pós-congresso e, em alguns casos, paralelamente ao evento.
Venda de publicações especializadas, exposição de equipamentos,

60
apresentação de filmes científicos e técnicos e demonstrações as
mais variadas ocon-em paralelamente ao evento e podem, muitas
vezes, desviar o participante do objetivo principal mas, ao mesmo
tempo, constituem excelente oportunidade de atualização.
Simpósio, jomada, seminário, colóquio, fórum, reunião, encon-
tro são denominações dadas a eventos científicos de âmbito menor
que o do congresso, tanto em termos de duração, quanto de
número de participantes, cobrindo campos de conhecimento mais
especializados. Algumas exceções ocorrem no uso dessa termi-
nologia: a Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da
Ciênoa (SBPq, por exemplo, é um evento de grandes proporções,
que reúne milhares de pesquisadores, especialistas e estudantes de
todas as áreas científicas.
A programação de um evento tem início muito tempo antes
de sua realização, e a escolha do próximo local é feita geralmente
durante a sessão de encerramento, em assembléia com a presença
de todos os participantes. A divulgação começa com a chamada de
trabalhos (cal/ forpapers), através de diversos meios de comunicação,
e consiste em convite aos pesquisadores para submeterem seus
trabalhos, na descrição dos temas a serem abordados, bem como
nas instruções para apresentação do texto. Com base nisso, os
pesquisadores preparam e enviam seus trabalhos e iniciam os
procedimentos a fim de obter recursos para sua participação junto
aos órgãos de fomento à pesquisa.

4.3 FUNÇÕES DOS ENCONTROS CIENTÍFICOS

Os encontros científicos têm sido bastante estudados por


pesquisadores interessados em definir melhor o seu papel no

61
contexto da comunicação científica. Os resultados desses estudos,
que vêm sendo realizados no ~mbito das mais variadas disciplinas,
mostram que os eventos podem desempenhar diversas funções:
• encontros como forma de aperfeiçoamento de trabalhos
Várias pesquisas mostram que cerca de metade dos traba-
lhos apresentados em encontros científicos foi modificada
substancialmente após a apresentação, tendo em vista as
sugestões feitas pelos participantes durante as sessões. Isso
indica que o encontro desempenha um papel de aperfeiçoa-
mento, contribuindo para melhorar a qualidade dos trabalhos;
• encontros como reflexo do estado-da-arte
Embora essa função tenha sido pouco estudada, há evidências
de que o encontro, através dos painéis ou do conjunto das
próprias apresentações, pode funcionar como uma opor-
tunidade de se traçar o estado-da-arte de determinada área,
permitindo examinar tendências e perspectivas, já que reúne
um volume significativo de Informações que normalmente
aparecem dispersas em periódicos diversos, ao longo do
tempo. O conjunto dos trabalhos apresentados, mais os
relatos dos painéis ocorridos durante o encontro, podem
refletir o panorama da área e o perlil dos seus membros;
• encontros como forma de comunicação informal
Os eventos oferecem aos participantes a oportunidade de
se comunicarem pessoalmente com seus pares, de maneira
informal: a troca de informações sobre projetos, o planeja-
mento de trabalhos conjuntos, a oportunidade de novos
pesquisadores conhecerem os membros mais antigos e inú-
meras outras interações ocorrem nos eventos, ilustrando o
papel que os contatos pessoais desempenham no processo

62
de comunicação científica. As chamadas conversas de corredor
constituem para muitos pesquisadores a parte mais importante
do encontro.

4.4 FONTES PARA IDENTIFICAÇÃO DE ENCONTROS CIENTÍFICOS

A maioria dos eventos científicos é bem divulgada, pois seu


sucesso depende fundamentalmente do número de participantes
que consegue atrair, embora haja alguns encontros de âmbito
restrito, com divulgação precária, sendo difícil obter informações
sobre os mesmos.
A divulgação é feita através de mala direta aos participantes
em potencial, de boletins de entidades científicas e técnicas, de
publicações especializadas, de sítios de instituições promotoras e
listas de discussão na Internet e, dependendo do tipo de evento,
da imprensa em geral. Já que os interessados precisam tomar conhe-
cimento da realização do evento com bastante antecedência, de
modo a poder preparar adequadamente suas apresentações e
buscar financiamento que viabilize sua participação, os
organizadores procuram atingir esse público logo que o encontro
começa a ser planejado.
Algumas instituições reúnem e sistematizam informações
sobre eventos, de forma a facilitar sua identificação. No Brasil, o
IBICT tem trabalhado nesse sentido e vem divulgando sistemati-
camente eventos brasileiros desde 1978, quando publicou a Listo
de Reuniões Técnico-Científicas Realizados no Brasil. A publicação
evoluiu e consolidou-se no Calendário de Eventos em Ciência e
Tecnologia, que vem sendo editado regularmente em forma impressa;
atualmente pode também ser consultado na Internet, no sítio da
instituição. Lista todo tipo de evento de interesse para pesquisadores

63
e para a indústria, no âmbito do Brasil e do Mercosul (Mercado
Comum do Cone Sul). Outra fonte que sistematiza informações
sobre eventos é o Prossiga, que permite a identificação de eventos
estrangeiros, apresentando informações sobre uma variedade de
encontros de todas as áreas.
Listas por assunto também estão disponíveis na Internet, como,
por exemplo, a Base de Dados de Eventos em C& T: Qualidade e Produ-
tividade ""'De a TMS World Meetings Calendar ""'D, que toma disponíveis
informações sobre eventos na área de engenharia e ciência dos mate-
riais e outras. Dada a transitoriedade desse tipo de informação, a
Internet é, sem dúvida, o meio ideal para sua identificação, e aí as listas
de discussão são as fontes mais úteis por sua agilidade e atualidade.

4.5 A LITERATURA ORIGINADA DE ENCONTROS CIENTIFICOS

Os documentos gerados em encontros científicos podem


aparecer antes, durante ou depois do evento, e sua natureza varia,
dependendo da área de conhecimento. São publicados
comumente na forma de anais, reunindo o conjunto dos trabalhos
apresentados e, às vezes, também as palestras e conferências que
ocorreram durante o evento.

4.5.1 FORMA DOS ANAIS

Os anais aparecem numa variedade de formas que vão desde


a publicação feita pela própria instituição organizadora, 1 até a

l.lsso ocorre quando o financiamento conced'1do pela agênóa financ'1adora do evento 1nclui a
publicação dos anais.

64
publicação por editoras comerciais profissionais, caso em que o
produto se apresenta na forma de volumes de excelente qualidade
editorial. No primeiro caso (publicação feita pela própria entidade
que organiza o evento), a tiragem costuma ser pequena, pois a
distribuição é restrita aos inscritos (geralmente a taxa de inscrição
dá direito ao recebimento dos anais) e, portanto, sem divulgação
ampla. A normalização pode ser deficiente, apresentando falhas
nos dados bibliográficos essenciais para a identificação do docu-
mento, tais como data, local de publicação ou entidade
organizadora, o que pode trazer dificuldades para tratamento e
recuperação dos anais em serviços bibliográficos e bibliotecas.
Caracterizam-se, portanto, como uma forma típica de literatura
cinzenta, apresentando os problemas disto decorrentes (ver Capí-
tulo 6: Literatura Cinzenta).
Hoje em dia, com as possibilidades da editoração eletrônica, a
publicação de anais ficou facilitada e não mais ocorrem os atrasos de
publicação que eram comuns anteriomente; em muitos casos o parti-
cipante recebe os anais durante a realização do encontro. Essa
agilidade é possível quando a impressão é feita diretamente dos
originais dos próprios autores, enviados em disquete, eliminando-se
a etapa da editoração; nesse caso, a comissão organizadora define
normas bem detalhadas para a digitação dos textos, de forma a
garantir um formato final previamente padronizado.
A publicação de anais por edrtoras comerciais e sua distribuição
através dos canais normais de venda (livrarias e distribuidoras) não
ocorre com freqüência no Brasil. Essa prática é mais comum em
países adiantados, que contam com um mercado consumidor de
informação mais amplo e consolidado. Nesse caso, a forma física
dos anais não difere da de um livro formalmente editado, e a

65
informação sobre o fato de que aquela publicação é composta
de trabalhos apresentados em determinado evento aparece nor-
malmente na folha de rosto.
Pode ocorrer também o caso de anais publicados em perió-
dicos. Isso acontece quando a entidade organizadora é responsável
por alguma publicação periódica e decide incorporar, em um fascículo
normal ou em um suplemento especial da revista, os anais do evento.
Essa prática pode facilitar a divulgação mas, ao mesmo tempo, acar-
retar problemas de aquisição para os não-assinantes da revista que
tenham interesse em obter os anais.

4.5.2 NATUREZA DOS ANAIS

Em algumas áreas do conhecimento, os trabalhos apresen-


tados em encontros científicos têm sido considerados como uma
forma intermediária de documento, sucedendo os estágios mais
informais do processo de comunicação científica- correspondência,
anotações de laboratório, cartas ao editor etc. - e precedendo a
fase de formalização final, que é o artigo de periódico. Nesse
modelo evolucionário da literatura científica, considera-se que
todos os trabalhos apresentados em encontros irão, mais cedo
ou mais tarde, transformar-se em artigos a serem publicados em
periódicos científicos, devendo, portanto, ser vistos como docu-
mentos provisórios que serão subst'rtuídos pelos permanentes
(artigos de periódicos). Entretanto, em outras áreas, os anais são
a única forma de disseminação desses trabalhos.
O anais podem conter os resumos ou os trabalhos na íntegra,
dependendo do objetivo do encontro, bem como da disponibilidade
de recursos financeiros para sua publicação, e isso varia em cada área

66
do conhecimento. Pesquisa recente (MELLO, 1996) mostra, por
exemplo, que na área de medicina veterinária no Brasil, a prática
mais comum é a publicação de resumos, e na de biblioteconomia/
ciência da informação é a de trabalhos completos. Isso, mais o
fato de que, na medicina veterinária, mais da metade dos trabalhos
é publicada posteriormente como artigo de periódico, enquanto
que na biblioteconomia/ciência da infonnação a publicação posterior
é nula - indica que, na primeira área, os anais representam um tipo
de documento preliminar, provisório, e na segunda ele deve ser
visto como um documento permanente. Conclui-se, portanto,
que a natureza do material (provisório ou permanente) difere de
área para área e, conseqüentemente, seu tratamento em bibliotecas
dependerá dessa característica.
A atividade - acadêmica ou profissional - exercida pelos
autores dos trabalhos é um ponto que ajuda a entender a natureza
dos anais como forma de comunicação científica. O estudo compa-
rativo dos anais das áreas de medicina veterinária e bibilioteconomia!
ciência da informação, acima mencionado, mostrou que, também
nesse ponto, os anais diferem, dependendo da área. Na primeira,
a maioria dos autores é ligada a instituições acadêmicas e de pesquisa,
enquanto que na segunda são profissionais atuantes no mercado
de trabalho. A atividade dos autores coincide com o tipo dos traba-
lhos apresentados (relatos de pesquisa ou relatos de experiência):
na medicina veterinária a maioria dos trabalhos consiste em relatos
de pesquisa, típicos da atividade acadêmica, enquanto que na
biblioteconomia/ciência da informação os relatos de experiência são
em maior número, refletindo a atividade dos profissionais.
Outro ponto importante que pode ajudar a compreender
melhor os anais é a forma pela qual os trabalhos submetidos são

67
selecionados pela comissão científica/técnica; isso tem relação
direta com a qualidade dos trabalhos aceitos. Na seleção de anais isso
deve ser levado em consideração, sendo que alguns critérios podem
auxiliar: a comissão avaliadora deve ser composta por pessoas de
reconhecida competência na área, oriundas de instituições diversas;
a revisão deve ser feita sem que o revisor conheça a identidade do
autor (blind review); e as críticas devem ser feitas por escrito, com
base em critérios claros, objetivos, definidos a priori e conhecidos
pelos autores. Esses cuidados irão garantir um julgamento imparci-
al e, ao mesmo tempo, permitirão àqueles que não tiveram seus
trabalhos aceitos conhecer as razões da recusa.

4.6 FONTES PARA IDENTIFICAÇÃO DE ANAIS

A identificação de anais pode ser feita através de catálogos


de editoras (no caso daqueles publicados comercialmente), de
boletins e revistas de associações que organizam eventos, de
periódicos de indexação e resumo e, finalmente, de listas especí-
ficas para indexação desse material.
Alguns serviços de indexação e resumo apresentam um
tratamento especial para anais de congressos. É o caso do
Zoologicol Record, publicado pela Zoological Society of London,
que tem no seu índice de assunto o cabeçalho Meetings, onde os
anais são listados, e onde é indicado se os trabalhos são indexados
separadamente.
Das listas específicas para divulgação existem aquelas
publicadas pela lnterDok Corp. ~, uma organização especializada
que trabalha exclusivamente com anais. Publica o Directory of

68
Published Proceedings, em quatro séries que abrangem diferentes
assuntos. A Series SEMT (Science!Engineering/Medicine/Technology)
é a mais antiga, publicada dez vezes por ano desde 1965. As outras
séries são: Series SSH (Social Sciences/Humanities), iniciada em 1968,
Series PCE (Pollution Controi/Ecology), iniciada em 1974, Series MLS
(Medicai/Life Sciences), desde 1990. Essas listas, também disponíveis
online através do Díalog '"'ã:l, são de âmbito internacional, mas
cobrem melhor os anais de encontros de entidades americanas. São
limitadas no sentido de divulgarem os anais no todo, não fornecendo
dados específicos sobre cada trabalho individual. A vantagem é que
também indicam o preço das publicações e fornecem, a pedido,
cópias dos anais que divulgam, facilitando a aquisição.
O lnstitute for Scientific lnformation (ISI) '"'ã:l, nos Estados
Unidos, conhecido principalmente pela publicação de índices de
citação, atua desde 1978 na comercialização de serviços de divul-
gação de anais. Publica mensalmente o lndex to Scientific & Technical
Proceedings, que indexa cerca de cinco mil anais por ano (represen-
tando mais de duzentos mil trabalhos). Existe versão em CD-ROM
e fita magnética, desde 1994, e online (lndex to Scientific & Technicol
Proceedings Search), sendo que a última fornece os resumos dos
trabalhos a partir de 1997.
A identificação de anais de encontros brasileiros é mais
complicada, já que não existem instrumentos de divulgação siste-
mática como os descritos acima. Indiretamente, pode-se usar os
calendários de eventos como fonte para identificação, embora não
se tenha a garantia de que os eventos ali divulgados geraram anais.
Nesse caso, a entidade organizadora tem que ser consultada para
se confirmar a existência dos anais.

.
O Catálogo Coletivo de Anais de Eventos coordenado, desde
1983, pelo Centro de Informações Nucleares da Comissão Nacional
de Energia Nuclear (CIN/CNEN) é outra fonte alternativa para a
identificação de anais de eventos brasileiros. Embora sua ftnalidade
principal seja a de possibilitar a localização de anais nacionais e
internacionais em bibliotecas do País, presume-se que inclua uma
quantidade signiftcativa de material nacional. É um trabalho coope-
rativo, contando com a participação de 185 bibliotecas, que ali-
mentam a base de dados, possuindo atualmente cerca de cinqüenta
mil registros. A cada ano aproximadamente três mil novos registros
são incorporados. A cobertura de assunto prioriza a ciência e a
tecnologia, mas não há uma rigidez na seleção dos dados recebidos,
de modo que assuntos de outras áreas são também incluídos. O
'I
",,, Catálogo tem uma versão em microficha e outra online, chamada
ANAIS ~. que pode ser acessada pela Internet.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BURTON, Paul F. Electronic mail as an academic discussion forum. journal of


Documentation, v.50, n.2, p.99-l IO, 1994.

COUTINHO, Odete Corrêa de Azevedo, BRAGA, Fabíane Reis. Bases de dados


de anais de congressos como instrumento de comutação bibliográfica. In:
SEMINÁRIO NACIONAL DE COMUTAÇÃO BIBLIOGRÁFICA, 2, 1994,
Campinas. Anais. Brasília: IBICT/CAPES, 1995. p.31-36.

D'ASSUNÇÃO, Evaldo Alves. Congressos, jornadas e reuniões:técnicas de orga-


nização e participação. Belo Horizonte: Coopmed Editora, 1992.

OROTT, M. Carl. Reexamining the role of conference papers in scholarly


communication. joumal ofthe Amenl:an Society for /nformation Science, v.46,
n.4, p.299-305, 1995.

70
MELLO, Lina Laura Crivellari Cardoso de. Os anais de encontros científicos
como fonte de informação: relato de pesquisa. Revista de Biblioteconomia
de Brast7ia, v.20, n.l, p.53-68, 1996.

MIYAMOTO, Massahiro. Administração de congressos cient/ficos e técnicos:


assembléia, convenção, painel, seminário e outros. São Paulo: Pioneira/Ed.
da Universidade de São Paulo, 1987.

71
0 PERIÓDICO CIENTIFICO

SUZANA PINHEIRO MACHADO MUELLER

Os periódicos científicos apareceram no século XVII na Europa,


em uma época marcada por mudanças em toda a sociedade, inclusive
no campo científico. Até o século XVI a ciência era feiTa por filósofos,
que usavam a argumentação e dedução para explicar os fenômenos
da natureza. A partir do século XVII há uma grande mudança no
meio científico: a dedução deixou de ser aceita como método
principal de pesquisa, e a comunidade científica começa a exigir
evidências baseadas na observação e na experiência empírica para
que os conhecimentos resultantes pudessem ser considerados
científicos. Esses acontecimentos, que caracterizaram o nascimento
da c1ência moderna, foram acompanhados por mudanças também
na forma da comunicação científica. Até então os filósofos-cientistas
se comunicavam pessoalmente ou por meio de cartas. A divulgação
formal e mais ampla de suas pesquisas era feita em livros e longos
tratados, que discorriam sobre o conhecimento acumulado sobre o
assunto. Com o advento da ciência moderna, o importante passou
a ser a comunicação rápida e precisa sobre uma experiência ou
observação específica, que permitisse a troca também rápida de
idéias e a crítica entre todos os cientistas interessados no assunto
em questão. Isso provocou a necessidade de um novo meio de
comunicação, de alcance mais amplo que a comunicação oral e a
con-espondência pessoal, bem mais rápido que os livros e tratados:
o periódico científico.

5.1 ÜS PRIMEIROS PERIÓDICOS

O primeiro periódico científico de que se tem notícia é o


joumol de Sçavons, fundado pelo francês Denis de Sallo e cujo
primeiro fascículo foi publicado em 5 de janeiro de 1665, em Paris.
De Sal lo justificou a publicação de seu Joumal "... para o alívio daqueles
que são muito indolentes ou muito ocupados para ler livros inteuus".
O Joumal anunciava como seu objetivo

catalogar e dar informações úteis sobre livros publicados na Euro-


pa e resumir seus conteúdos, divulgar experiências em física, quími-
ca e anatomia que possam servir para explicar os fenômenos natu-
rais, descrever invenções ou máquinas úteis e curiosas, registrar
dados meteorológicos, citar as principais decisões das cortes civis
e religiosas e censuras das universidades, e transmitir aos leitores
todos os acontecimentos dignos da curiosidade dos homens. (Ci-
tado por HOUGHTON, 1975, p. I 3 e 14- Tradução da autora.)

O joumol foi vítima de seu próprio sucesso e teve que inter-


romper a publicação várias vezes, por imposição da coroa francesa
que se sentia atingida e ofendida com algumas das maténas
publicadas. (HOUGHTON, 1975; McKIE, 1948)
Menos de três meses depois da publicação doJouma/ surgiu
um segundo periódico, desta vez em Londres. Fundado por um
grupo de filósofos ingleses ligados à Royal Society, tinha uma carac-
terística diferente do periódico francês: o novo periódico,
Philosophico/ Tronsactions, era dedicado exclusivamente ao registro
das experiências científicas, não incluindo outras matérias. Foi lançado

74
com a intenção de divulgar, entre os membros da Royal Society,
as cartas enviadas por seus colegas cientistas, ingleses e europeus,
relatando suas pesquisas. A exemplo do joumal des Sçavans, divulgava
matérias ern todas as áreas científicas. O conselho responsável pela
Royal Society decidiu que o Transactions deveria ser publicado na
primeira segunda-feira de cada mês, "se houvesse material suficiente".
Esse periódico sobrevive até hoje, publicado pela mesma Royal
Society.
O novo modelo de publicação científica foi muito bem aceito
pelos pesquisadores da época, e outros periódicos começaram a
ser publicados por sociedades científicas de vários países europeus,
com a finalidade principal de divulgar as pesquisas que estavam sendo
realizadas por seus membros.

5.2 FUNÇÕES DO PERIÓDICO CIENTÍFICO MODERNO

A divulgação dos resultados de pesquisa, no entanto, não


foi e não é a única função do periódico. Segundo a Royal Society,
seriam quatro as funções atuais do periódico científico:
• comunicação formal dos resultados da pesquisa original
para a comunidade científica e demais interessados
Essa era uma das funções originais do periódico, permane-
cendo praticamente inalterada até hoje;
• preservação do conhecimento registrado
Em conjunto, os periódicos servem como arquivo das idéias
e reflexões dos cientistas, dos resultados de suas pesquisas
e observações sobre os fenômenos da natureza; a preservação
e organização dos periódicos, nas bibliotecas do mundo

75
todo, garantem a possibilidade de acesso aos conhecimentos
registrados ao longo do tempo; tem sido uma das responsabi-
lidades mais importantes dos bibliotecários;
• estabelecimento da propriedade intelectual
Ao publicar seu artigo, tornando públicos os resultados de
suas pesquisas, o autor registra formalmente a sua autoria,
requerendo para si a prioridade na descoberta científica;
• manutenção do padrão da qualidade na ciência
A publicação em periódicos que dispõem de um corpo de
avaliadores respeitados confere a um artigo autoridade e
confiabilidade, pois a aprovação dos especialistas representa
a aprovação da comunidade científica; sem ela um pesquisador
não consegue publicar seu artigo em periódicos respeitados;
sem publicar não consegue reconhecimento pelo seu trabalho.

5.3 PROBLEMAS INERENTES AOS PERIÓDICOS

Embora antigo e universalmente aceito, há muitos problemas


com o modelo tradicional de periódico científico, problemas que
vêm se agravando à medida que se desenvolve a tecnologia e se
modifica a expectativa sobre os meios de comunicação científica.
Entre os problemas principais, os pesquisadores costumam destacar:
• demora na publicação do artigo que, às vezes, chega a ser
de um ano após o recebimento do original pelo editor;
• custos altos de aquisição e manutenção de coleções
atualizadas;
• rigidez do formato impresso em papel, quando se compara
com a versatilidade dos formatos eletrônicos;

76
• dificuldade, para o pesquisador, em saber o que de seu
interesse está sendo publicado, pois são muitos os periódicos
e pouco eficientes os instrumentos de identificação e busca;
• dificuldade, para o pesquisador, em ter acesso a artigos
que lhe interessam, pois mesmo sabendo que um novo artigo
de seu interesse foi publicado, nem sempre sua biblioteca
assina o periódico que o publicou ou consegue obter uma
cópia desse artigo com a rapidez suficiente.
Três fatores, bastante ligados entre si, costumam ser apontados
como causas desses problemas: a proliferação de periódicos, que causa
a dispersão de artigos sobre um mesmo assunto entre muitos títulos,
o que eleva em demasia o custo de atualização de coleções.
O primeiro, o fenômeno da proliferação de periódicos, reflete
o crescimento do número de artigos enviados para publicação,
que é muito grande e continua a crescer, e se explica, em parte,
como conseqüência do crescimento normal da ciência, isto é, do
crescente número de cientistas trabalhando e produzindo no
mundo todo. Mas não tem sido apenas a evolução natural da
ciência que vem causando esse fenômeno. As regras da própria
comunidade científica também são apontadas como responsáveis
pelo crescimento exagerado do número de periódicos. Os sistemas
de promoção na carTeira universitária e de concessão de prêmios e
financiamentos dos órgãos governamentais de fomento à pesquisa,
aos quais os cientistas e professores universitários atualmente são
submetidos, adotam o número de publicações como um dos critérios
mais importantes no julgamento do mérito científico. Isto é, a pro-
moção na carTeira, a possibilidade de conseguir financiamento para
desenvolver pesquisas, o prestígio individual que se traduz por

77
• dificuldade, para o pesquisador, em saber o que de seu
interesse está sendo publicado, pois são muitos os periódicos
e pouco eficientes os instrumentos de identificação e busca;
• dificuldade, para o pesquisador, em ter acesso a artigos
que lhe interessam, pois mesmo sabendo que um novo artigo
de seu interesse foi publicado, nem sempre sua biblioteca
assina o periódico que o publicou ou consegue obter uma
cópia desse artigo com a rapidez suficiente.
Três fatores, bastante ligados entre si, costumam ser apontados
como causas desses problemas: a proliferação de periódicos, que causa
a dispersão de artigos sobre um mesmo assunto entre muitos títulos,
o que eleva em demasia o custo de atualização de coleções.
O primeiro, o fenômeno da proliferação de penódicos, reflete
o crescimento do número de artigos enviados para publicação,
que é muito grande e continua a crescer, e se explica, em parte,
como conseqüência do crescimento normal da ciência, isto é, do
crescente número de cientistas trabalhando e produzindo no
mundo todo. Mas não tem sido apenas a evolução natural da
ciência que vem causando esse fenômeno. As regras da própria
comunidade científica também são apontadas como responsáveis
pelo crescimento exagerado do número de periódicos. Os sistemas
de promoção na catTeira universitária e de concessão de prêmios e
financiamentos dos órgãos governamentais de fomento à pesquisa,
aos quais os cientistas e professores universitários atualmente são
submetidos, adotam o número de publicações como um dos critérios
mais importantes no julgamento do mérito científico. Isto é, a pro-
moção na carreira, a possibilidade de conseguir financiamento para
desenvolver pesquisas, o prestígio individual que se traduz por

77
convites, prêmios, financiamentos, dependem bastante da quantidade
de trabalhos publicados. Sem publicação não há financiamento nem
promoção. Os pesquisadores, então, se esforçam para publicar
durante toda a sua vida ativa, ainda que os textos a serem publicados
não tragam muitas novidades. Assim, há um aumento no número de
artigos submetidos aos editores e de periódicos para acomodá-los.
Além de títulos novos, o número de periódicos aumenta também
pela subdivisão de títulos tradicionais, quer seja em séries inde-
pendentes ou em dois ou mais tftulos diferentes. Esse crescimento
da ciência escrita, considerado por muitos artificial e desnecessário,
aumenta o tempo de espera que um artigo leva para ser publicado.
Na outra ponta do processo de comunicação, aumenta ainda a
dificuldade do pesquisador em se manter informado sobre a sua
área e reconhecer o que lhe é potencialmente interessante.
Logicamente, aumenta também o custo de manutenção das coleções
de periódicos das bibliotecas, que já não suportam tantas assinaturas,
aumentando a dificuldade do pesquisador em obter textos que lhe
interessam.
O segundo, a dispersão de artigos sobre um determinado
tema em várias publicações, nem sempre espeCializadas, é causada
pelo esforço para publicar e pela conseqüente proliferação de
periódicos. Esse fato obriga o pesquisador, que quer se manter
atualizado, a despender muito tempo tentando se informar das
novidades em sua área e diminuindo as chances que tem de encon-
trar algo que realmente lhe interessa. Para o administrador da
biblioteca, confrontado com limitações orçamentárias, e para o
bibliotecário de referência, que deve localizar textos e informações
sob demanda, a dispersão dos artigos entre muitos títulos tem
implicações óbvias. Bradford estudou o problema da dispersão

78
da literatura periódica e formulou a lei da dispersão da literatura
(RAO, 1986), segundo a qual, de todos os artigos publicados sobre
um determinado assunto, um terço está concentrado em um número
pequeno de periódicos, que formam o núcleo daquele assunto,
outro terço está publicado em um número maior de periódicos
de assuntos correlatos, e o último terço se encontra em um número
muito grande de periódicos de áreas as mais diversas. É importante,
então, para o serviço de informação de uma biblioteca e para o
administrador de coleções, identificar os periódicos que fazem
parte do núcleo de um determinado assunto.
O terceiro fator, o custo de atualização de coleções está
cada vez mais alto. Além do aumento no número de títulos a
serem assinados, o preço de cada assinatura tem subido ao longo
dos anos. Na década de 80, o alto custo de manter coleções
atualizadas provocou o cancelamento de assinaturas até mesmo
em bibliotecas tradicionais americanas e européias, onde tal inicia-
tiva jamais havia sido considerada. No mundo Inteiro, bibliotecas
universitárias e de pesquisa, em maior ou menor grau, foram obri-
gadas a diminuir o número de assinaturas e impedidas de assinar
títulos novos de possível interesse de seus usuários, desistindo
de manter completas e atualizadas as suas coleções. Houve uma
mudança de comportamento, facilitada pela tecnologia de comu-
nicação, que começava a possibilitar o acesso remoto a artigos
com mais eficiência.
No Brasil, o problema crônico causado pelo custo dos perió-
dicos foi agravado no início da década de 90 por decisões políticas e
circunstâncias econômicas do País, cujas conseqüências foram
sentidas em toda a década. Os periódicos das áreas de ciências
puras, engenharia e medicina costumam ser mais caros que o das

79
áreas de ciências sociais e humanidades; algumas bibliotecas tiveram
que fazer escolhas, preservando certas áreas e prejudicando as
demais, enquanto outras bibliotecas cortaram despesas com coleções
de livros e materiais de tipos diversos para manter as assinaturas de
periódicos. Mas, seguindo uma tendência mundial, tem-se notado
também no Brasil mudal')ças na atitude dos bibliotecários. Ao mesmo
tempo em que as bibliotecas se viram forçadas a fazer cortes signifi-
cativos em suas coleções, intensificou-se a busca por alternativas
em oposição à meta tradicional da posse de grandes coleções.

5.4 ALTERNATIVAS AO PERIÓDICO

O descontentamento da comunidade científica, causado


pelas deficiências inerentes ao periódico científico tradicional, não
é fato recente e tem levado a várias tentativas para modificar o
seu formato. Entre as alternativas propostas, algumas deram certo,
outras não. Mas nada do que foi proposto conseguiu realmente
substituí-lo nas funções que lhes são atribuídas pela comunidade
çientífica. São, na verdade, complementação ao periódico. Esse
quadro parece estar mudando com o aprimoramento da
tecnologia de comunicação.
Talvez a iniciativa que obteve o maior sucesso tenha sido
um tipo de periódico conhecido como /etterjoumals, que foi idealizado
seguindo uma tendência observada nos periódicos tradicionais
de publicarem resultados parciais de pesquisas que chegavam às
redações em forma de cartas aos editores ou comunicações breves
e não como artigos convencionais. A idéia foi, então, abrir veículos
de comunicação para pesqu'1sas em andamento, muitas vezes
como divisão de um outro tftulo. Atualmente, há um grande número
de periódicos exclusivamente dedicados às comunicações prévias,

80
cuja característica principal é, ou era antes da Internet, a rapidez
de publicação. A matéria publicada sofre um processo de seleção
bem menos rigoroso que os artigos tradicionais. Hoje, as bases
de dados eletrônicas de preprints, descritas mais adiante, cumprem,
em parte, essa função.
Várias outras alternativas foram testadas, mas não sobrevi-
veram ou não conseguiram a aprovação ampla das comunidades
a que se destinavam. Dentre elas estão a distribuição de separatas
e o depósito de material suplementar do artigo em uma biblioteca,
acessível sob demanda (com isso diminuindo o volume do fascículo
e conseqüentemente o seu custo).

5.5 ALTERNATIVAS BASEADAS NO MEIO ELETRÔNICO

Nessa busca por alternativas inovadoras e mais satisfatórias,


o meio eletrônico foi vislumbrado como a esperança da solução
há muito buscada, já que oferece mais rapidez na comunicação e
flexibilidade de acesso, tem largo alcance e baixo custo relativo,
disponibilidade imediata, é capaz de diminuir a necessidade de
manutenção de coleções, barateando os custos. Várias propostas
estão surgindo (nem todas serão implementadas), mas duas delas
merecem menção espeoal por sua crescente aceitação e expansão
que, segundo alguns, já apontam para uma supremacia em relação
aos meios tradicionais, em futuro muito próximo: os periódicos
eletrônicos e as bases eletrônicas de preprints.

5.5.1 PERIÓDICOS ELETRÔNICOS

O desenvolvimento muito rápido da Internet e, em particular,


dos serviços d1sponíveis na rede desde 1994, modificaram

81
profundamente o acesso à informação. Pode-se dizer que estamos
em um período de transição na comunicação científica, passando
de um sistema de publicação tradicional, bastante rígido, para um
sistema eletrônico de publicação mais aberta, direta. Os dois
sistemas conviveram, no início, de forma quase independente,
mas mostram sinais cada vez mais fortes de convergência, com a
crescente introdução de periódicos eletrônicos, que conservam
certas características dos periódicos tradicionais. A situação, no
entanto, ainda é muito instável.
A expressão periódicos eletrônicos designa periódicos aos
quais se tem acesso mediante o uso de equ1pamentos eletrônicos.
Podem ser classificados em pelo menos duas categorias, de acordo
com o formato em que são divulgados: online e em CD-ROM. Os
periódicos on/ine diferem dos CD-ROMs por estarem disponíveis
via Internet, enquanto os CD-ROMs podem ser comprados ou
assinados para uso em microcomputadores isolados. Os periódicos
em CD-ROM não diferem muito dos periódicos impressos em
papel, mantendo o formato em fascículos, a numeração e a peno-
dicidade.
Além dos periódicos científ1cos eletrônicos propriamente
ditos, há publicações eletrônicas que podem ser fontes de infor-
mação úteis para •pesquisadores, tais como os boletins ou
newsletters, listas de discussões ou listserves, sítios de editoras e
outras tantas, que não serão considerados neste capítulo por não
possuírem as características exclusivas dos periódicos científicos.
Considerando apenas os periódicos científicos eletrônicos
do tipo on/ine, isto é, aqueles disponíveis nas redes eletrônicas,
há também diferenças de formato entre eles. Estão em franca
evolução, apresentando novas propostas. Alguns mantêm o formato

82
tradicional de um periócflco impresso, sendo na verdade apenas uma
versão eletrônica do periódico tradicional, enquanto outros apre-
sentam formatos inovadores, sem equivalente em papel, oferecendo
muitos recursos, tais como acesso aos documentos citados no texto
por meio de links ou elos de hipertextos, hnks para contato direto
com o autor e outras possibilidades de comunicação. Podem incluir
som, imagens e movimento.
Todos os tipos de periódicos eletrônicos têm algumas carac-
terísticas comuns: são um meio de comunicação extremamente
versátil e rápido, que perm'1te a divulgação da pesquisa imediata-
mente após sua conclusão, ignorando barreiras geográficas para
acesso (embora dependam de equipamentos e linhas de comu-
nicação eficientes), m1n1mizando barreiras hierárquicas e permi-
tindo a recuperação de Informações de várias maneiras. Mas, apesar
das inúmeras possibilidades oferecidas pela tecnologia, a maioria
dos periódicos científicos eletrônicos ainda é muito parecida com
os periódicos impressos, inclusive na periodicidade e na maneira
de identificar volumes e fascículos, especialmente aqueles que
são apenas a versão eletrônica de um periódico existente em
formato tradicional.
Embora apresentem tantas vantagens e possibilidades, ainda
há resistência na comunidade científica em aceitar o periódico
eletrônico como equivalente ao periódico tradicional. Isso parece
ser mais evidente quando os cientistas, na qualidade de autores,
escolhem o periódico para o qual enviam seu artigo. Na qualidade
de leitores a resistência é bem menor. Ora, se os periódicos tradi-
cionais impressos já não cumprem bem suas funções de divulgadores
da ciência (são lentos demais), se são caros, ultrapassados nos
recursos que oferecem, se o sistema adotado para certificar a

83
ciência recebe tantas críticas e se, por outro lado, os periódicos
eletrônicos são rápidos, acessíveis economicamente, fáceis de
editar e oferecem tantos recursos para consulta, por que não
são mais amplamente aceitos?
A verdade é que há ainda muitos pontos controvertidos
relacionados aos periódicos eletrônicos. O meio eletrônico ainda
não inspira confiança suficiente para substituir o periódico impresso
em papel na sua função de registro primário, confiável e autorizado
da ciência certificada e, paradoxalmente, também apresenta certas
dificuldades de acesso que os periódicos tradicionais não enfrentam.
Esses dois problemas - confiança e acesso - não decorrem da
tecnologia, mas de questões externas aos aspectos tecnológicos,
envolvendo hábitos da comunidade científica, interesses de editoras
comercia1s e questões tais como a precariedade de algumas biblio-
tecas, regiões ou países, que não dispõem de recursos materiais
ou humanos adequados. Em outras palavras, não são os eventuais
problemas tecnológicos que impedem a ampla aceitação do meio
eletrônico, mas problemas humanos e econômicos.
Do ponto de vista da comunidade científica, o maior empecilho
para a plena aceitação dos periódicos eletrônicos como equivalentes
aos tradicionais parece ser a falta da avaliação prévia dos artigos
veiculados. Em reação a essa objeção, um número crescente de
periódicos eletrônicos está publicando artigos devidamente avaliados,
isto é, que sofrem o mesmo processo de julgamento que os artigos
publicados de maneira tradicional. À medida que aumenta o número
de periódicos eletrônicos, cujos artigos são submetidos a essa ava-
liação, aumenta também a aceitação dos artigos neles publicados,
como parte relevante da literatura certificada de suas áreas.

84
Outro empecilho, bastante complexo, está na produção do
periódico científico como fonte de lucro, envolvendo, nesses
casos, grandes editoras comerciais. O acesso livre e remoto a
artigos não é, naturalmente, conveniente para essas editoras, que
têm muitos interesses comerciais no mercado de periódicos cien-
tíficos. Elas costumavam ter clientes certos: as bibliotecas univers1-
tár'1as em todo o mundo não titubeavam em pagar altas somas pela
renovação anual de assinaturas dos periódicos de suas coleções e
estavam sempre dispostas a aumentar o número de títulos assinados.
Essas editoras, prevendo o futuro, estão investindo pesadamente na
migração de seus títulos para o meio eletrônico mas, naturalmente,
o acesso a eles será mediante pagamento. Isso já está ocorrendo
de maneira bastante acelerada.
Um boa fonte de Informação sobre per'1ódicos eletrônicos
é a base de dados Directory of Electronic Journols, Newsletters and
Acode mie Discussion Lists ~, publicada anualmente pela
Association of Research Libraries (ARL), cuja versão eletrônica
para 1997 está disponível na Internet Outra fonte interessante é
a bibliografia publicada e atualizada freqüentemente por Charles
W. Bailey Jr., da University of Houston Libraries (EUA), Scholarly
Electronic Publishing Bibliography ~.
O Brasil não está de fora deste mov1mento. Organ1zações de
fomento à pesqu1sa, tais como a Fundação de Amparo à Pesquisa
do Estado de São Paulo (FAPESP) e o CNPq vêm atuando no
sentido de facilitar o acesso de pesquisadores a sítios tais como
o Web o(Science ~.que permite o acesso a diversos bancos de
dados e textos completos de artigos. Por outro lado, um número
crescente de periódicos tradicionais brasileiros está mantendo
versões eletrônicas de seus fascículos, publicando artigos completos,
facilmente acessíveis por meio de sítios na Internet.

85
Além dessas iniciativas individuais das revistas, estão
começando a surgir algumas fontes terciárias brasileiras, isto é,
sítios que informam e dão acesso a várias publicações. Uma
iniciativa interessante - o SciELO (Scientific Electronic Library
Online) '"'a) tem como objetivo a implementação de uma biblioteca
virtual capaz de fornecer acesso completo a vários títulos, aos fascí-
culos de um tftulo específico e a textos completos de artigos. O
acesso aos títulos de periódicos e aos artigos é possível por meio de
índices e formulários de busca. A concepção do ScieELO é parte
integrante de um projeto concebido e executado pela FAPESP e
pela BlREME (Centro Latino-Americano e do Caribe de Informação
em Ciências da Saúde). Até o início de 1999, o projeto já havia
incluído 27 revistas científicas brasileiras em várias áreas do conheci-
mento, com ênfase em revistas de ciências biológicas e da saúde. O
SciELO Brasil publica as edições integrais das revistas, incluindo os
textos completos dos artigos, que podem ser consultados online e,
em alguns casos, também no formato PDF. A interface das revistas
pode ser consultada nos idiomas inglês, português e espanhol. Traz
informações detalhadas sobre a revista, corpo editorial, instruções
aos autores e informações sobre assinatura. Os artigos estão dispo-
níveis no idioma em que foram originalmente escritos. As revistas da
área de ciências biológicas e da saúde estão disponíveis, em sua
maioria, desde 1997, mas já é possível encontrar algumas coleções
anteriores a essa data. Todas as revistas são correntes, sendo
atualizadas no SciELO de acordo com sua respectiva periodicidade.

5.5.2 BASES ELETRÔNICAS DE PREPR/NTS

Paralelamente ao desenvolvimento do periódico científico


eletrônico, as bases eletrôntcas de preprints vêm se desenvolvendo

86
e ganhando espaço como fonte de informação importante para
algumas áreas. Preprint é o nome dado à versão original de um
artigo ainda não publicado oficialmente. Um dos maiores problemas
na publicação de periódicos científicos é o longo tempo que o
artigo leva para se tornar disponível e, portanto, ter possibilidade
de ser lido e citado. A comun1dade de físicos sentia essa
inadequação de maneira muito aguda, o que levou ao surgimento
de uma nova forma de comunicação científica entre eles. Consiste
em fazer circular entre os membros de uma comunidade científica
trabalhos submetidos para publicação em periódicos tradicionais,
mas que ainda esperam avaliação. Esses trabalhos são depositados
em arquivos eletrônicos de livre acesso, podendo ser consultados
a qualquer momento até que sejam aceitos ou rejeitados pelas
revistas, quando então serão retirados da base. Deve-se notar
que um documento depositado pode não ser publicado como
artigo ou, ao ser aceito para publicação por um periódico científico,
pode ser obrigado a passar por muitas modificações exigidas pelos
avaliadores. Os documentos depositados nas bases de preprints
não são normalmente sujeitos à avaliação prévia. Apesar dessa
limitação, as bases de preprints vêm obtendo muito sucesso. Certa-
mente são um prenúncio de modificações profundas na comuni-
cação científica como um todo, em um futuro próx1mo. 1
Entre as bases mais conhecidas está a LANL Preprint Archive ~,

na área de física, mantida pelo Los Alamos National Laboratory


(LANL), nos Estados Unidos, que recebe e torna disponíveis

I. Esta base lembra a tentativa f11.1strada da American Associat1on o f Psychology (relatada em


GARVEY, 1979) qwe, nos anos 60, fez circular prepn'ntsde artigos nào avaliados. então em
papel.

87
trabalhos ainda não publicados oficialmente, enviados por físicos
no mundo inteiro. A base inclui (segundo dados de março de 1998)
mais de 70% da literatura mundial corrente na área de física, rece-
bendo cerca de quinhentos novos artigos por semana. Segundo
informações em seu sítio na Internet cerca de 75 mil visitas de
pesquisadores do mundo todo são registradas por dia. De maneira
geral, o LANL estabeleceu um modelo que está sendo seguido
por outras bases.

5. 6 PERIÓDICOS TÉCNICOS E COMERCIAIS

Diferentemente dos periódicos científicos, voltados para a


pesquisa, os periódicos técnicos e comerciais são dedicados aos
Interesses da indústria e do comércio e, nesse sentido, seus
conteúdos são menos acadêmicos. Sua função é interpretar e
comentar, bem como informar sobre o desenvolvimento de novos
processos, produtos, equipamentos e materiais, estando portanto
mais centrados nas áreas produtivas e comerciais. Diferem dos
periódicos científicos em vários pontos, estando voltados para o
profissional praticante e não para o pesquisador. Por exemplo,
nem sempre os artigos que publicam são pré-avaliados ou talvez
o sejam segundo critérios não acadêmicos. Os artigos têm, geral-
mente, um caráter prático, apresentando poucas notas complemen-
tares ou referências a outros autores, como é a norma no artigo
científico. Privilegiam a informação atualizada sobre a indústria e o
comércio e, freqüentemente, publicam dados estatísticos de inte-
resse para as áreas de atuação em que se inserem; trazem seções
com notícias especializadas e bastante publicidade de interesse
dos leitores a quem o periódico se destina. Diferem também na

88
aparência, usando mais cores e recursos gráficos atraentes, como
fazem as revistas populares. A importância como fonte retros-
pectiva é limitada, já que o conteúdo é de natureza transitória,
incluindo também, segundo SCHROEDER ( 1989), artigos sobre
aspectos gerenciais (tendências, prognósticos, marketing, finanças,
administração e recursos humanos). No entanto, seus conteúdos
podem interessar aos pesquisadores, especialmente das áreas
técnicas e das ciências ligadas à saúde.

5. 7 FONTES PARA IDENTIFICAÇÃO DE PERIÓDICOS

O grande número de periódicos publicados em todo o


mundo e sobre tantos assuntos levanta para os usuários e para
as bibliotecas várias questões: como identificar periódicos de inte-
resse? Como saber que artigos são publicados sobre determinado
assunto ou por determinado autor e em que periódicos? Como
ter acesso aos seus conteúdos? Todas essas indagações envolvem
o controle dos periódicos e artigos, expressão que significa conheci-
mento sobre as publicações, mediante instrumentos que pennitam
a obtenção de dados sobre publicação, localização física ou con-
teúdos. São vários os tipos de instrumentos que possibilitam esse
conhecimento e que são descritos a seguir.

5.7.1 IDENTIFICAÇÃO DE PERIÓDICOS COMO PUBliCAÇÃO

Informações sobre os periódicos no todo (não de cada


fascículo ou de seus artigos) são obtidas nas listas de periódicos,
das quais a mais conhecida é o U/rich's lnternational Periodicals
Directory. A versão impressa da 3&a edição, correspondente a 1998,

••
em cinco volumes, contém informações sobre mais de duzentos
mil títulos de publicações seriadas e jornais, de periodicidade regular
e irregular, oriundos de cerca de duzentos países, além de uma
lista de periódicos que deixaram de ser publicados nos últimos
três anos. Do total, cerca de I 3 mil são periódicos científicos que
atendem ao requisito de avaliação de artigos por especialistas.
Dos cinco volumes, dois constituem índices que oferecem várias
formas de acesso: assunto, ISSN (lnternational Standard Serial
Number, número identificador específico para cada periódico),
título, títulos modificados e Interrompidos, títulos disponíveis em
CD-ROM e on/ine, produtor e revendedor, seriados científtcos
(pré-avaliados), entre outros. Traz também informações sobre
os serviços de venda de artigos, que serão descritos mais adiante.
A versão impressa de 1998 se completa com um suplemento
publicado duas vezes ao ano, o Ulrich's Updote. Além da versão
tradicional, o Ulrich's é também publicado em CD-ROM, que inclui
diversos índices e possibilidades de busca que o meio permite,
uma versão online, atualizada mensalmente, e uma versão em frta que
permite adaptações para interfaces espeo'ficas. Esse tipo de lista, em
qualquer meio, é indispensável para a gestão de coleções de perió-
dicos em bibliotecas que possuem número significativo de assinaturas.
Embora as boas fontes internacionais, como o U/rich's,
incluam as principais publicações periódicas brasileiras, a sua
cobertura é limitada. No Brasil, o IBICT manteve por algum tempo
publicações que listavam periódicos brasileiros de maneira mais
ampla, mas a publicação dessas fontes foi interrompida.2 Em 1956, o

2. Agradeço a Regir~a Márcia de Castro Silva. da Biblioteca do IBICT em Bras1lia. as infonnações


sobre as publicações e serviços mantidos pelo IBICT. mencionados neste r::apítulo.

90
IBICT (então Instituto Brasileiro de Bibliografia e Documentação-
IBBD), recém-fundado, iniciou esforço para registrar a produção
científica brasileira, com a publicação Periódicos Brasileiros de Cultura,
cuja última edição data de 1968. Em 1977, editou Periódicos Bra-
sileiros em Ciência e Tecnologia e, em 1983, o /SSN: Publicações
Periódicas Brasileiras, incluídos títulos de periódicos aos quais havia
atribuído o número internacional normalizado de publicações
seriadas.
O trabalho de identificação e controle das publicações seriadas
em geral tornou-se mais eficiente com a criação do lnternational
Seriais Data System (ISDS), desenvolvido dentro do programa
Universal System for lnformation in Science and Technology
(Unisist) da UNESCO. O sistema utiliza um esquema de numeração,
o ISSN, que individualiza cada publicação periódica, facilitando
sua identificação. No Brasil, o IBICT é a agência encarregada de
atribuir o ISSN às publicações periódicas produzidas no País
(CAMPELLO e MAGALHÃES, 1997, Capítulo 8).

5.7.2 IDENTIFICAÇÃO DE ARTIGOS E SEUS CONTEÚDOS

A identificação de artigos de interesse e a obtenção de infor-


mações sobre seus conteúdos são feitas pelos serviços de
indexação e resumo que, embora mostrem uma tendência para
cobrir os mais variados tipos de material, ainda têm no periódico a
sua fonte principal. Esses serviços têm como critério de organização
não o título do periódico, mas o assunto do artigo, ou seu autor
e, às vezes, também o título (ver Capítulo 16: Serviços de
Indexação e Resumo).

91
5.7.3 LOCALIZAÇÃO DOS ARTIGOS

O acesso aos artigos propriamente ditos é possível mediante


instrumentos que identificam onde estão depositados e facilitam a
sua obtenção. Os catálogos coletivos são normalmente os instru-
mentos utilizados para isso. Listam os periódicos pelo título,
informando, para cada um, as bibliotecas que os possuem e quais
os fascículos existentes na coleção. No Brasil, o IBICT mantém o
Catálogo Coletivo Nacional de Publicações Seriadas (CCN) ~ que,
atualmente, está disponível para acesso das seguintes maneiras:
na Internet (onde o usuário tem acesso às bases de dados do
CCN que ainda estão disponíveis através da ferramenta T elnet,
além de informações gera1s sobre o CCN); CD-ROM (Bases de
Dados em Ciência e Tecnologia, IBICT); e microfichas. A obtenção dos
artigos identificados no CCN pode ser feita por meio do COMUT
(Programa de Comutação Bibliográfica) ~, também mantido pelo
IBICT. Criado em 1980, o COMUT conta com cerca de duzentas
bibliotecas-base, escolhidas para exercerem a função de forne-
cedoras em virtude da qualidade e abrangência de seus acervos.
Disponível online via Internet, o COMUT permite que qualquer
pessoa solicite e receba, por intermédio de uma biblioteca, cópias
de artigos publicados em periódicos técnico-científicos (revistas,
jamais, boletins etc.), teses e anais de congressos. As cópias solici-
tadas são pagas por meio de cupons, e o COMUT tem atendido
a uma média de cem mil transações anuais. O sistema online possi-
bilitou a redução do tempo de atendimento, e há expectativa de
aumento na sua utilização.
Há vários serviços internacionais, disponíveis na Internet, que
oferecem assinaturas de periódicos eletrônicos ou venda isolada
de artigos, constituindo um mercado que evolui constantemente.

92
Atuam nesse mercado online tanto editoras, oferecendo os títulos
que editam, quanto intermediários, que oferecem pacotes contendo
vários títulos. Todos buscam maneiras de aprimorar seus serviços,
agregando facilidades de busca e variedade de opções, tais como
índices e links de interesse potencial aos lertores, textos completos,
publicação à medida que os artigos ficam prontos (sem esperar pela
publicação do fascículo completo) e outros. Como exemplos,
dentre os serviços existentes hoje, pode-se citar o UnCover ~,

British Library Document Supply Centre (BLDSC) ~. University


Microflms lnternational (UMI) ~. Swets, ADONIS, Eng1neering
lnformation. O Ulrich's, em suas versões eletrônicas, mencionadas
anteriormente, inclui lista desses serviços com informações sempre
atualizadas.

5. 8 CoNcLusÃo
Mais de trezentos anos após o seu aparecimento, os periódicos
científicos, em seu formato tradicional, ainda constituem o meio
mais importante para a comunicação da ciência. Mas essa é uma
posição cada vez mais ameaçada pela tecnologia, que oferece van-
tagens que vão muito além das possibilidades da página impressa.
Os problemas da autoridade e integridade do texto parecem estar
se resolvendo. Resta o problema da preservação e do acesso
retrospectivo, problemas que envolvem, além de soluções técnicas,
interesses econômicos e pessoais. De qualquer forma, o
monitoramento constante da situação é tarefa essencial para os
profissionais interessados na comunicação científica, pois as opções
disponíveis aumentam e se aprimoram, o mercado evolve com rapi-
dez, o que é novo tem vida cada vez mais curta, sendo rapidamente

93
substituído por novos produtos e serviços, e a escolha é complexa.
Por outro lado, é bastante provável que o formato tradicional
permaneça ainda por muito tempo com uma opção viável, especial-
mente na sua função de registro e memória da ciência.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ALVARENGA, Lidia. Uma notícia eletrônica substituiria as revistas cientí~casl

Uma visão do campo de reflexões sobre o periódico científico na França.


Perspectivas em Ciência da Informação, Belo Horizonte, v.3, n.l, p.27-40,
jan./jun. 1998.

CAMPELLO, Bernadete Santos, MAGALHÃES, Maria Helena de Andrade. Intro-


dução ao controle btbliográfico. Brasil ia: Briquet de Lemos, 1997.

CUNHA, Leo. Publicações científicas por meio eletrônico: critérios, cuidados,


vantagens e desvantagens. Perspectivas em Ciência da Informação, Belo
Horizonte, v.2, n.l, p.77-92, jan./jun. 1997.

GARVEY, W. D. Communication:the essence of science: facilitating inforrnation arnong


librarians, scientists, engineers, and students. Oxford: Pergamon Press, 1979.

HOUGHTON, Bernard. Scientific periodicals: their historical development,


characteristics and contrai. Hamden: Linnet Books, 1975.

LIBRARIAN. Binghamton, N.Y., v.l7, n. 1/2, p.l 19-147, 1989.


McKIE, Douglas. The scientific periodical from 1665 to 1798. In: MEADOWS, A.J.
(Ed.). The scientific joumal London: Aslib, 1979. p.7-16. (Reprinted from
Philosophical Magazine Commemoration lssue, p.l22-132, I948).

MIRANDA, Dely Bezerra de, PEREIRA, Maria de Nazaré Freitas. O periódico


científico como veículo de comunicação: uma revisão da literatura. Ciência
da Informação, Brasilia, v.25, p.375-383, set./dez. 1996.

94
MUELLER, Suzana Pinheiro Machado. A seleção de artigos científicos para publicação
em revistas brasileiras: um levantamento de práticas e procedimentos
adotados pelas revistas científicas brasileiras financiadas pelo CNPq e FINEP,
1995-1996. Revista de Biblioteconomia de Bras1lia, Brasil ia, v.21, n.2, p.229-
250, jul./dez. 1997.

MUELLER, Suzana Pinheiro Machado. O crescimento da ciência, o comportamento


cientmco e a comunicação científica: algumas refiexões. Revista da Escola de
Biblioteconomia da UFMG, Belo Horizonte, v.24, n.l, p.63-84, jan./jun. 1995.

O impacto das tecnologias de informação na geração do artigo


científico: tópicos para estudo. Ciência da Informação, Brasília, v.23, n.3,
p.309-317, set./dez. 1994.

_ _ _ _.O periódico científico e as bibliotecas universitárias: velhos problemas,


novas soluções. In: SEMINÁRIO NACIONAL DE BIBLIOTECAS UNIVERSI-
TÁRIAS, 8, 1994, Campinas. Anais... Campinas: Unicamp, 1994. p.80-l OI.

_ _ _ _ .Realidade e controvérsias das publicações eletrônicas: o periódico


científico. Revista de Biblioteconomia de Bras1lia, Brasil ia, v.21, n.l, p.l 09-
130, jan./jun. 1997.

RAO, I. K. Ravichandra. !1étodos quantitativos em biblioteconomia e ciência da


informação. Brasília: ABDF; Washington: OEA. 1986. p.l 86-194.

SCHROEDER, Caro I F. A core collection of trade journals for manufacturing.


Seriais Ltbrarian, v.l7, n.l /2, p.l 19-147, 1989.

SILVA, Edna Lúcia da, ALMEIDA. Helena Moreira de, RODRIGUES, Mara Eliane
Fonseca, CAVALCANTI, IIce Gonçalves Milet. CORDEIRO, Rosa Lúcia N.
O periódico científico- formas alternativas; uma ameaça ao equil1brio do
sistema de comunicação científica. Revista da Escola de Biblioteconomia da
UF!1G, Belo Horizonte, v.IS, n.l, p.68-80, mar. 1986.

STUMPF, Ida Regina Chitto. Passado e futuro das revistas científicas. Ciência da
Informação, Brasília, v.25, n.3, p.383-386, set.!dez. 1996.

95
LITERATURA CINZENTA

SANDRA LúCIA REBEL GOMES


MARÍLIA ALVARENGA RocHA MENDONÇA
CLARICE MUHLETHALER DE SouZA

A expressão literatura cinzenta, tradução literal do termo inglês


grey literature, é usada para designar documentos não convencionais e
semipublicados, produzidos nos âmbitos governamental, acadêmico,
comercial e da indústria. T ai como é empregada, caracteriza docu-
mentos que têm pouca probabilidade de serem adquiridos através
dos canais usuais de venda de publicações, já que nas origens de sua
elaboração o aspecto da comercialização não é levado em conta
por seus editores. A expressão se contrapõe àquela que des1gna os
documentos convencionais ou formais, ou seja, a literatura branca.

A facilidade de identificação e/ou obtenção de um docu-


mento está relacionada à maneira como ele é divulgado e
comercializado. Documentos formais como livros e periódicos
são amplamente difundidos e estão disponíveis no mercado livreiro,
podendo ser adquiridos pelos mecanismos usuais de compra, ao
contrário daqueles que integram a literatura cinzenta, que são
distribuídos fora do circuito comercial.
A literatura cinzenta não é uma forma nova de divulgação
científica. Já no início do século XX, o meio científico recomendava
aos bibliotecários especial atenção em relação a essas publicações
(então chamadas de little literature), no sentido de incorporá-las
aos acervos das bibliotecas acadêmicas, diante de sua importância
para o avanço da ciência (SCHMIDMAIER, 1986). O termo gney litemture
foi consagrado em uma reunião ocorrida em 1978, conhecida como
Seminário de York, organizada pela antiga British Libraty Lending
Division (BLLD), durante a qual bibliotecários britânicos debateram
os problemas de aquisição, de controle bibliográfico e de acesso
à literatura cinzenta. Desde então, o termo tem sido usado corrente-
mente na literatura das áreas de biblioteconomia e ciência da
Informação, e seu correspondente em português está substituindo
rapidamente a antiga expressão literatura não-convencíonol.

6.1 CONCEITO E CARACTERÍSTICAS

Inicialmente, o conceito de literatura cinzenta compreendia


apenas os relatórios técnicos e de pesquisa, e a verdade é que
eles constituem, ainda hoje, o material predominante no conjunto
de documentos que a integram, a saber: publicações governamentais,
traduções avulsas, prepn'nts, dissertações, teses e literatura originada
de encontros científicos, como os anais de congressos. Esses docu-
mentos têm suas especificidades, tanto em relação à forma como
se apresentam quanto às fontes onde podem ser localizados, por
isso são tratados em diferentes capítulos deste livro, de modo a
aprofundar os aspectos peculiares de cada um. Assim, neste capítulo,
coube examinar as características e os problemas genéricos da
literatura cinzenta.
A não-disponibilidade em esquemas comerciais de venda é
sua principal característica, reforçada na def1nição revista e conso-
lidada pela Third lnternational Conference on Grey Literature,
organizada pela GreyNet ""ã)(Grey Literature Network Service):
"Aquela que é produzida em todos os níveis de governo, nas áreas

98
acadêmica, do comércio e da indústria, nos formatos impresso e
eletrônico, mas que não é controlada por editores comerciais."
(GREYNET, 1999) Esta ficou conhecida como a definição da
Luxembourg Convention on Grey Literature, referindo-se ao local
que sediou o encontro. Os organizadores da conferência reco-
nhecem que os editores das publicações cinzentas (instituições
acadêmicas, de pesquisa e governamentais) não têm a atividade
editorial como sua missão primária e quiseram, com essa definição,
desafiar os editores comerciais a repensarem sua posição em relação
à literatura cinzenta.
Outros aspectos observados na literatura cinzenta podem
contribuir para o entendimento de sua caracterização. São geral-
mente documentos de caráter provisório ou preliminar e repro-
duzidos em número limitado de cópias, normalmente 1nferior a
mil exemplares e algumas vezes muito menos. Não recebem nume-
ração padronizada (ISSN ou ISBN), além de não serem objeto de
depósito legal. Outras características acentuam a sua importância
para a comunicação da informação científica e tecnológica: em
muitos casos a informação que veiculam é ma1s detalhada do que
aquela que aparece nos artigos de periódicos e nos livros, além
de não aparecer comumente em outras fontes, ou seja, não é
publicada formalmente: é uma informação altamente atualizada,
disponível e não determinada apenas por interesses comerciais
(SIGLE, 1999).

6. 2 fONTES PARA IDENTIFICAÇÃO

A identificação e a localização da literatura cinzenta têm


sido facilitadas por um controle bibliográfico relativamente efic1ente
nos últimos anos, uma vez que sua importância como forma de

99
comunicação científ1ca passou a ser reconhecida em diversos
países e por inúmeras organizações internacionais.
Desde 1931, a literatura cinzenta vem sendo incluída na
Deutsche Nationalbibliographie, passando a aparecer sistemati-
camente também em sistemas de informação especializada, em
coleções de bibliotecas científicas e também em sistemas de infor-
mação criados especialmente para seu controle, como é o caso
do NTIS nos Estados Unidos.
Um fato marcante em relação ao controle bibliográfico de
literatura cinzenta européia foi a criação, em 1980, do SIGLE
(System for lnformation on Grey Literature in Europe), iniciativa
que se origina do Seminário de York, anteriormente citado, e que
recebeu apoio da Comission of the European Communities
(CEC). Administrado pela European Association for Grey
Literature Exploitation (EAGLE) ~. o SIGLE tem como missão
promover o acesso e o uso da literatura cinzenta produzida na
Europa Atualmente, opera através de uma base de dados online,
centralizada e multidisciplinar, alimentada por centros de 16 países. 1

A criação da GreyNet é outro fato que merece ser ressaltado.


Esta importante rede de âmbito internacional foi estabelecida
como um setor da editora MCB University Press, com sede na
Holanda, com a finalidade de promover e apoiar o trabalho de
autores, pesquisadores, bibliotecários e intermediários de infor-
mação no campo da literatura cinzenta. Esse objetivo é atingido
mediante o estímulo à cooperação internacional, treinamento,
organização de eventos e publicação de resultados de pesquisas,

I. Alemanha. Bélgica, Dinamarca, Eslováquia, Espanha, França. Holanda. Hungna, Irlanda, Itália,
Latvla, Luxemburgo, Portugal, Reino Unido, República Tcheca e Rússia.

100
bem como do estabelecimento de uma base de dados referencial
internacional. Nesse sentido, a GreyNet compila e distribui infor-
mação bibliográfica, documentária e factual sobre pessoas e orga-
nizações e seus respectivos produtos e serviços. Em seu sítio na
Internet, tais atividades são divulgadas, podendo-se citar, pelo con-
junto de informações atualizadas que veiculam, as conferências
internacionais voltadas para o incremento da literatura cinzenta.
Os temas focalizados nessas conferências refietem a importância
crescente da literatura cinzenta e atestam sua evolução rumo à
forma eletrônica. Na primeira ( 1993), enfatizou-se a produção
de literatura cinzenta em formato impresso. Na segunda ( 1995),
observou-se sua expansão em direção aos documentos eletrô-
nicos e, na terceira (I 997), discutiram-se novos usos da literatura
cinzenta e seu impacto nos processos de inovação, além de novas
formas e novos métodos de armazenamento e distribuição. A
quarta conferência, em 1999, em Washington, destaca três aspectos
em seu temário: avaliação global da literatura cinzenta (novos tópicos,
formatos e usos); arquivamento da literatura cinzenta eletrônica
(recuperação bibliográfica, armazenamento e distribuição eletrônica)
e copyright (autoria, posse e direitos de propriedade). Estes temas
atestam a primazia da forma eletrônica como registro preferencial da
literatura cinzenta e a necessidade de enfrentamento dos problemas
que daí derivam.
As mudanças decorrentes do novo ambiente informacional
representado pela Internet já ocasionam transformações em algu-
mas das características da literatura cinzenta e em seu próprio con-
ceito, indicando que, se as formas de comunicação da informação
científica estão evoluindo, com a literatura cinzenta não é diferente.
A comunicação informal, isto é, o contato direto com especia-
listas e pesquisadores, é igualmente fonte de informações relevantes

IOI
para a localização de literatura cinzenta. Assim, é muito importante
o contato permanente com o meio acadêmico - onde se produz
grande parte dessa literatura - para identificar documentos de
interesse para o pesquisador.
Cabe lembrar que a Internet propicia amplo acesso aos
produtores da literatura cinzenta através de seus mecanismos de
comunicação: e-moi/, chat (conversa em tempo real entre usuários
conectados em salas virtuais), as listas e os grupos de discussão.

6.3 CONCLUSÃO

A literatura cinzenta vem conquistando, cada vez mais, amplo


reconhecimento de um número expressivo de pesquisadores,
estudantes, bibliotecários e editores, em razão de sua importância
para a pesquisa científica e tecnológica.
O advento da Internet tem um significado especial para
aqueles que lidam com a produção, a organização e a transferência
da informação. No mundo do texto eletrônico, a edição e a distri-
buição de um documento estão interligados, ou seja, o produtor
de um texto pode ser ao mesmo tempo o editor, "no duplo sentido
daquele que dá forma definitiva ao texto e daquele que o difunde
diante de um público de leitores: graças à rede eletrônica, esta
difusão é imediata" (CHARTIER, 1998, p.l7). Resultam desses
aspectos as vantagens que a Internet oferece à literatura cinzenta:
pode beneficiá-la de maneira especial, uma vez que fornece, em
meio mais eficiente de publicação e acesso, a informação inédita,
muitas vezes relativa a pesquisas ainda em processo, atendendo
à demanda crescente por essa informação.

102
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ALMEIDA, Maria do Rosário Guimarães. Consideraciones sobre la literaturagris.ln:

SEMINÁRIO NACIONAL DE BIBLIOTECAS UNIVERSITÁRIAS, 8, 1994,


Campinas. Anais... Campinas: Biblioteca Centrai/UNICAMP, 1994. p.245-258.

CHARTIER, R A aventura do livro, do fedor ao navegador,· conversações com Jean

Lebrun. São Paulo: Unesp, 1998.

GREYNET. Definition of grey /iterature. http://www.konbib.nl/infolev/greynet/


definition.htm (capturado em abril de 1999).

POBLACIÓN, Dinah. Literatura cinzenta ou não convencional: um desafio a ser

enfrentado. Ciência da Informação, v.21, nJ, p.243-245, set./dez.l992.

SCHMIDMAIER. Dieter. Ask no questions and you'll be told no lies: or how we can
remove people's fear of "grey literature" Libn; v.36, n.2, p.98-l 12, 1986.

SIGLE. Jnput: how to make yourgrey documents avaJ!ab/e through SIGLE

http://www.konbib.nl/sigle/input.htm (capturado em abril de 1999).

I 03
RELATÓRIOS TÉCNICOS

BER.NADETE SANTOS CAMPELLO

Os relatórios técnicos são documentos que descrevem os


resultados ou o andamento de pesquisas para serem submetidos
à instituição financiadora ou àquela para a qual o trabalho foi feito.
São publicações características de entidades que desenvolvem
pesquisa, e seus processos de produção são os mais variados.

7.1 EvoLuçÃo

A história do relatório como meio de comunicação científica,


ou mais precisamente tecnológica, está ligada à evolução da indús-
tria aeronáutica. Os primeiros relatórios que surgiram, em 1909,
pertenciam a uma série chamada R&M-Reports and Memorando,
publicados pelo Advisory Committee for Aeronautics, atual
Aeronautical Research Council, órgão do govemo britânico. Coinci-
dentemente, nos Estados Unidos, a NASA foi a primeira a publicar
relatórios, em 1915. Ainda hoje, a indústria aeroespacial é uma das
que mais utilizam o relatório técnico como forma de veicular resul-
tados de pesquisa. Entretanto, a origem do relatório, na forma como
é conhecido atualmente, data de 1941. Nesse ano, foi criado o
Office for Scientific Research and Development (OSRD), órgão
do governo americano, encarregado de servir como centro de
administração dos recursos científicos do país e de buscar aplicação
para os resultados de pesquisas na defesa nacional, durante a
Segunda Guerra Mundial.
O principal fator para a expansão do relatório técnico como
veículo de comunicação foi a sua adequação para apresentar os
resultados dos milhares de projetos de pesquisa desenvolvidos
no período da guerra: atendiam à necessidade de divulgação restrita
e de rapidez de publicação. Com o término do conflito, o OSRD
foi extinto, mas as atividades de pesquisa e desenvolvimento não
cessaram, e a produção de relatórios continuou. Assim, foi neces-
sário buscar formas de se manter o sistema de controle bibliográfico
de relatórios que o OSRD adotava. Foram então criadas agências
com a finalidade específica de desenvolver esse trabalho. Nos
Estados Unidos, surgiram três dessas agências: o Defense
Documentation Center (DDC), o T echnical lnformation Center
da United States Atomic Energy Commission (TIC/USAEC) e o
NTIS. As duas primeiras eram especializadas em defesa militar e
energia nuclear, respectivamente, e o último era responsável pelo
controle de relatórios de diversas áreas. Na Grã-Bretanha, houve
mov1mento semelhante, sendo criados o Techonology Reports
Centre (TRC) e, na área de energia nuclear, a United Kingdom
Atom ic Energy Agency (UKAEA), destinados a colecionar e divulgar
relatórios técnicos. Hoje em dia, a produção de relatórios tende
a aumentar, e isto ocorre principalmente nos Estados Unidos, mas
França e Alemanha também aparecem como grandes produtores.
Existem três tipos de organizações que produzem relatórios
técnicos nos Estados Unidos: empresas privadas, órgãos governa-
mentais e instituições contratadas pelo governo. Os relatórios pro-
duzidos por empresas privadas, que desenvolvem pesquisa indus-
trial, não são normalmente distribuídos fora da companhia, sendo

106
portanto os mais difíceis de se obter. Órgãos ligados ao governo
federal são responsáveis por apenas um terço da atividade de
pesquisa no país e constituem outra fonte geradora de relatórios
técnicos. Dois terços dessa atividade são desenvolvidos por universi-
dades e institutos de pesquisa contratados pelo governo, produ-
zindo uma quantidade significativa de relatórios. O acesso aos
relatórios dessas últimas não apresenta problemas, sendo sua divul-
gação feita de forma adequada para atender às exigências do
contribuinte americano.

7. 2 CARACTERÍSTICAS

Originalmente destinados a servirem como meio de divulgação


confidencial de pesquisas tecnológicas e científicas nas áreas de
defesa, aeronáutica e energia nuclear, os relatórios apresentam-se
hoje como um veículo de comunicação usual em várias outras disci-
plinas: educação, economia, medicina, agricultura etc. Constituem
um exemplo típico de publicação não convencional ou literatura
cinzenta (ver Capítulo 6: Literatura Cinzenta).
Os relatórios são resultado de trabalho em equipe, e uma de
suas características é a autoria coletiva, ou seja, eles são mais conhe-
cidos e solicitados pela instituição onde foram gerados e não por
seus autores. Costumam ser produzidos em séries, caracterizadas
por códigos alfanuméricos, criados pelas entidades produtoras para
facilitar sua identificação. O código é geralmente formado pelos
seguintes elementos: a sigla da instituição produtora, a indicação
da categoria do relatório, a indicação do grau de sigilo, a data, o
título do projeto, a indicação do assunto e o número seqüencial
do relatório na série ou coleção à qual pertence. Existem fontes
para identificação desses códigos: Corporate Author Authority List

107
( 1987), publicado pelo NTIS; Report Series Codes Dictionory ( 1986),
entre outras.
Outra característica dos relatórios é o número reduzido de
cópias. Feitos para uma clientela restrita, o número de cópias é
geralmente pequeno. Entretanto, isso é minimizado pelo fato de
que as fontes de identificação sempre indicam a quem o relatório
pode ser solicitado, sendo que o fornecimento em microforma é
bastante comum. Refletindo a tendência do desenvolvimento
tecnológico, os relatórios apresentam alto grau de obsolescência,
isto é, seu conteúdo informacional fica desatualizado rapidamente.
A forma física de um relatório é geralmente a de uma publicação
não convencional: reprodução xerográfica e capa mole. Como
são produzidos sem a preocupação de atingir um grande público,
a linguagem utilizada nos relatórios não tem restrições de estilo, o
que constitui um fator de agilização para sua publicação. Essas duas
últimas características tornam o relatório muito mais ágil do que o
periódico como veículo de comunicação científica, colocando-o
como uma alternativa a essa tradicional forma de publicação. A
principal crítica feita ao relatório baseia-se no fato de que não passa
por um processo formal de avaliação e julgamento, ao contrário
do que ocorre com os artigos de periódicos que, para serem
publicados, devem passar pelo crivo das comissões editoriais das
revistas científicas, o chamado sistema de referee.
Há muita discussão sobre esse tipo de literatura, gerado de
maneira restrita, para uma clientela específica, sem julgamento,
constituindo, segundo alguns autores, um retrocesso com relação
à transparência e à abertura que ocorrem num processo de avaliação
pelos pares, prática considerada essencial ao progresso científico.
Opondo-se a esse ponto de vista, há autores que consideram

108
que os canais convencionais de comunicação - representados pelos
periódicos científicos - apresentam tantos problemas que passaram
a se constituir, eles própnos, em formidável barreira à abertura e à
transparência fundamentais no processo de comunicação científica.
Portanto, as formas não convencionais de divulgação, como os
relatórios, tornam-se essenciais para manter livre o fluxo de comu-
nicação. A verdade é que, considerando-se o volume de relatórios
hoje produzidos, cobrindo as mais variadas áreas do conhecimento,
bem como a estrutura existente para seu controle e divulgação, não é
possível ignorar esse veículo de comunicação científica.

7.3 FONTES PARA IDENTIFICAÇÃO

Os sistemas de informação organizados por diversos países


para controlar e preservar relatórios técnicos têm facilitado sua
identificação e aquisição, pelo menos no que diz respeito àqueles
produzidos por organizações mais conhecidas. Nos Estados Unidos,
o NTIS abriga uma coleção formada por quase três milhões de
relatórios, produzidos a partir de 1945, oriundos de cerca de duzentas
agências de pesquisa americanas e de países como Canadá, Japão,
antiga União Soviética, além da Europa Ocidental e Oriental. A
coleção recebe aproximadamente cem mil novos documentos
por ano e cobre praticamente todos os assuntos. A base de dados
do NTIS está disponível através de vários distribuidores comerciais,
como, por exemplo, o Dialog, havendo algumas partes disponíveis
em CD-ROM. O Educational Resources lnformation Center (ERIC) "'ff:l,

também mantido pelo governo americano, possui uma das maiores bases
de dados na área de educação, formada por cerca de um milhão de
referências, não só de relatórios técnicos como também de artigos
de periódicos, livros, anais e materiais instrucionais.

109
Algumas instituições americanas de pesquisa divulgam elas
próprias seus relatórios. É o caso da NASA, que mantém na
Internet um sítio, o Langley Technical Report Server ~. que torna
disponíveis resumos e textos completos de seus relatórios não
confidenciais.
Na Grã-Bretanha, o BLDSC. que tem como uma de suas
prioridades reunir literatura cinzenta na forma de relatórios, traduções
e teses, possui uma das maiores coleções de relatórios técnicos
do mundo. A divulgação é feita através de publicações como British
Repotts, Translotions ond Theses e por uma coleção de fascículos
que cobrem assuntos específicos, chamada The Focus on British
Reseorch Series.
No Brasil não existe uma fonte específica para divulgação
ou controle de relatórios técn1cos, mesmo porque essa não é
uma forma usual de apresentação de resultados de pesquisa, que
são mais comumente veiculados através de periódicos. Para identi-
ficar relatórios produzidos no País, é necessário entrar em contato
diretamente com as instituições que desenvolvem pesquisas ou
agências de fomento.

REFERÊNCIAS BIBliOGRÁFICAS

AUGER, C.P. (Ed.). Use ofreports /derature. London: Butterwoths, 1971. 226 p.

CALHOUN, Ellen. Techn"1cal reports demystif1ed. The Reference Librarian,


Binghamton, N. Y., n.32, p.l63-175, 1991.

CAPONIO, Josephy F., MACEOIN, Dorothy A The National Technical


lnformation Service: working to strengthen US information sources. The
Reference L1brarian, Binghamton, N. Y., n.32, p.217-227, 1991.

110
PUBLICAÇÕES GOVERNAMENTAIS

WALDOMIRO VERGUEIRO

Normalmente, os órgãos públicos em geral, no exercício


de suas atividades, são responsáveis pela publicação de um variado
número de documentos, que objetivam tanto orientar o público
na utilização dos serviços, como prestar contas à sociedade sobre
as atividades que desenvolvem. Nesse sentido, desempenham
importante papel na constituição de sociedades democráticas,
possibilitando aos cidadãos o controle das instituições pertencentes
ao Estado. De uma certa forma, as publicações governamentais
funcionam como "um espelho das funções de um governo e de suas
agências e seus instrumentos e suas subvenções" (CHILDS, 1973).
As publicações governamentais tiveram um incremento signi-
ficativo a partir do século XIX com a afirmação do Estado moderno
e o crescente reconhecimento, por parte tanto de governos como
da sociedade, da necessidade de difusão dos atos de seus
governantes, visando maior controle da máquina governamental.
As publicações oriundas de órgãos governamentais são
numerosas e apresentam-se em uma variedade de formatos. Com
o advento das publicações eletrônicas, governos de todos os países
têm utilizado o meio digital como ambiente para registro e dissemi-
nação de informação que desejam colocar à disposição do público.
8.1 DEFINIÇÃO

A World Encyclopedia of Librory and lnformotion Setvices


(HODUSKI, 1993) prefere o termo publicações oficiais, utilizando
a definição adotada pela Federação Internacional de Associações
e Instituições Bibliotecánas (IFLA), nos seguintes termos:

[Publicação oficial é] qualquer item produzido por meios


reprográficos ou outros, editado por uma organização que é um
organismo oficial, e disponível para uma audiência mais larga que a
daquele organismo.

A denominação organismo oficial, dependendo da prática


I de cada nação, irá englobar tanto as universidades, instituições
acadêmicas e de pesquisa, associações industriais e comerciais,
bibliotecas, museus e galerias de arte, como também institutos
independentes de pesquisa que não sejam receptores diretos de
fundos governamentais. Em geral, publicações oriundas de partidos
políticos são excluídas da definição acima, embora em países de
partido único esta distinção nem sempre seja muito fácil de ser
feita. Desta forma, verifica-se que a IFLA define uma publicação
governamental com base no organismo responsável por sua publi-
cação, independentemente de seu conteúdo ou formato físico.
Já no Brasil. ALVARENGA ( 1991) distingue duas vertentes,
ligadas à finalidade de produção dos documentos: a primeira relacio-
nada aos documentos "produzidos e emanados sob a responsabilidade
do governo, no desempenho das funções legais e administrativas dos
órgãos, refletindo a vontade e as atividades do governo, gerando
direitos e obrigações ou informando aos cidadãos", enquanto que
a segunda irá fazer referência àqueles "produzidos e editados pelos
órgãos públicos para comunicação de resultados de estudos e

112
pesquisas, desenvolvidos com o intuito de subsidiar o trabalho
governamental ou a tomada de decisão, nem sempre refletindo a
opinião oficial ou a vontade do governo".
Durante o VIl Seminário de Publicações Oficiais Brasileiras,
realizado em 1990, foi proposta uma definição, aparentemente
baseada na definição da IFLA acima transcrita, que buscou englobar
todas as possíveis características das publicações governamentais:

Documentos bibliográficos e não bibliográficos, produzidos por qual-


quer processo, editados sob a responsabilidade, a expensas, por
ordem ou com a participação dos órgãos da administração pública,
ou de entidades por ela controladas, com o objetivo de registrar a
atuação do Estado e de informar ou orientar a opinião pública sobre
a mesma (ALVARENGA, 1993).

8.2 PUBLICAÇÕES GOVERNAMENTAIS BRASILEIRAS

O Brasil, como a maioria dos países, é palco de uma variedade


de publicações governamentais, elaboradas seja com o intuito de
divulgar as atividades dos diversos governos em âmbito da Federação,
dos Estados e dos Municípios, seja como fruto de atividades especí-
ficas dos diversos órgãos governamentais. Nesse sentido, o resul-
tado é uma verdadeira babei de publicações de todos os tipos e
formatos, algumas apresentando um nível de qualidade similar ao
de suas congêneres em países mais desenvolvidos, enquanto que
as demais -talvez a grande maioria - sendo caracterizadas por
um processo rudimentar, quase amador de editoração. Já no final da
década de 50, MEYRIAT (1958) denunciava essa situação fazendo
uma descrição da realidade brasileira que, mais de quarenta anos
depois, ainda parece válida:

113
... num país em que os gastos públicos não são controlados, em
que os órgãos governamentais têm muitas vezes suas funções
desvirtuadas, em que o apadrinhamento e a política clientelística
ainda são dominantes, infelizmente não há critérios coerentes na
política de editoração oficial brasileira.

LOMBARDI ( 1974), na introdução ao guia Brozilian Serial


Documents, corrobora a descrição acima, afirmando que

através dos anos os órgãos da administração federal brasileira têm


sido criados, extintos e reorganizados sob um emaranhado de nomes,
o que tem complicado a identificação e localização de suas publicações.
Praticamente todos eles divulgam notas oficiais, relatórios de pesquisas
e legislação, através de publicações seriadas. Estas publicações são
vastas em número, variadas no tipo e no assunto. Podem ser jornais,
anuários, anais, boletins ou relatórios de atividades, e ter interesse
administrativo, artístico, legislativo, literán·o, de pesquisa, cient1'fico ou
técnico. O formato e a freqüência de publicação variam enormemente,
desde uma simples página mimeografada de periodicidade irregular
até um periódico cuidadosamente produzido.

Considerando as dimensões continentais do País, a baixa


padronização das publicações governamentais não pode ser vista,
no entanto, como mais um indicador do descaso das instituições
ligadas ao poder público em relação à consecução das atividades
para as quais foram legalmente constituídas. Mas é, deve-se reco-
nhecer, um elemento a mais a ser corrigido para que elas consigam
atender em plenitude a seus objetivos institucionais. Como diz
ainda ALVARENGA (1993),

a inexistência de "comitês editoriais" para avaliarem a pertinência do


conteúdo da publicação, dentre outras funções, faz com que sejam

114
publicados itens desvinculados da realidade da instituição e até mesmo
em desacordo com os programas vigentes, o que, seguramente, causa
no público externo grande perplexidade, devido à desarticulação
entre as funções e ações de uma entidade, ou mesmo entre o trabalho
das várias unidades que compõem uma instituição.

Em termos de normalização das publicações oficiais, pode-se


afirmar que muito pouco ainda se conseguiu caminhar no País,
apesar do trabalho meritório da Comissão de Publicações Oficiais
Brasileiras (CPOB) da Associação de Bibliotecários do Distrito
Federal (ABDF). Desde sua criação, na década de 70, a CPOB
vem realizando sistematicamente seminários para discutir a proble-
mática das publicações oficiais brasileiras.
Dois trabalhos visando auxiliar na normalização e processamento
técnico de publicações governamentais foram publicados durante a
década de 70, sendo de grande utilidade para os profissionais da
informação: Cabeçalhos Uniformes poro Entidades Coletivas Brasi-
leiras e Manual de Normas Mínimas de Editoração paro Publicações
Oftciois.
No que diz respeito ao controle bibliográfico das publicações
governamentais no Brasil, a Bibliografia de Publicações Oficiais Brasi-
leiros: Área Federal, organizada pelo Centro de Documentação e
Informação da Câmara dos Deputados, constitui, provavelmente,
a iniciativa mais ambiciosa já desenvolvida no território nacional.
Iniciada em 1981, teve seu sétimo volume publicado em 1990.
Para buscas retrospectivas, pode-se utilizar, além do guia de
Lombardi já mencionado, as publicações Guide to the Official Pub/icadons
of the Other American Republics 111 - Brazil, editado em 1948 pela
Library of Congress e o Lotin American Serial Documents, de autoria
de Rosa Mesa, publicado pela Universfty Microfilms, em 1968.

115
8.3 DIVULGAÇÃO E CONTROLE

Por serem produzidas diretamente pelos órgãos públicos,


grande parte das publicações governamentais constituem docu-
mentos de difícil localização e aquisição. Na maior parte das vezes,
a obtenção de documentos governamentais implica no conheci-
mento exato da instituição responsável pela sua publicação e na
realização de contatos diretos com os responsáveis por sua
veiculação. Nem sempre isso é uma tarefa muito fácil. As instituições
governamentais diferem quanto à importância que dão a suas publi-
cações; enquanto algumas se organizam de forma a fazer com
que sua produção chegue ao conhecimento do público e seja
.,
1·,,
por ele adquirida, outras simplesmente não têm qualquer preocu-
Ir pação com o estabelecimento de uma infra-estrutura mínima para
sua disseminação.
Em muitos países, a falta de uma política que designe biblio-
tecas para funcionarem como depositárias desse tipo de documento
acaba inviabilizando qualquer busca retrospectiva de publicações
governamentais. Produzidas em quantidade limitada, elas podem
ter suas edições rapidamente esgotadas, sem que qualquer preo-
cupação com sua reedição Jamais apareça e sem que exista, na
instituição produtora, sequer o cuidado de manter um ún1co
exemplar para fins de registro histórico. Dessa forma, fruto apenas
de imposições legais ou burocráticas, deixam de cumprir a função
de memória institucional e perdem sua razão de ser, representando,
em muitos casos, um injustificável desperdício de recursos públicos.
Nem sempre as publicações governamentais são alvo de
um bom trabalho de divulgação por parte dos organismos oficiais,
o que dificulta a população tomar conhecimento de muitos assuntos

'"
que lhe dizem respeito. Assim, embora grande parte das publicações
governamentais possa ser obtida de forma gratuita, seus destinatários
em potencial acabam não tendo acesso a elas, mesmo quando estão
disponíveis em bibliotecas e centros de documentação. Isso ocorre,
muitas vezes, por uma simples questão de desconhecimento. Por
outro lado, a muitas instituições oficiais não interessa realizar uma
atividade sistemática de divulgação de suas publicações, na medida
em que isso representaria um aumento de interesse por parte do
público e uma demanda maior pelas publicações, que talvez as
instituições produtoras não teriam condições financeiras ou infra-
estruturais para atender. Essas e outras questões acabam por fazer
com que a circulação das publicações governamentais seja bastante
restrita e, com certeza, sempre aquém do necessário.
O controle bibliográfico das publicações governamentais
tem tradicionalmente se constituído em uma atividade inglória.
Não obstante as iniciativas institucionais da IFLA visando a consti-
tuição de um esquema para controle bibliográfico universal de
publicações governamentais e buscando arregimentar Instituições
que, em cada país, ficariam responsáveis pela catalogação, segundo
padrões internacionais, das publicações oriundas de seus organismos
oficiais, murt.o ainda resta a ser feito. São poucos, na realidade, os
países que adotaram uma política permanente para adoção desses
padrões. Éo caso, por exemplo, da Inglaterra, onde o Her Majesty's
Stationery Office (HMSO) foi definido como a instituição responsável
pela edição, divulgação e comercialização das publicações governa-
mentais em nível federal, o que facilita enormemente o seu controle.
Também nos Estados Unidos a atividade de controle ocorre de
forma racionalizada, pois o Government Printing Office (GPO) "'ã),

em cooperação com a Library of Congress, realiza anualmente a

117
catalogação de milhares de publicações oficiais, efetuando um
trabalho que pode servir de modelo para os outros países. Entre
outras coisas, pode-se salientar, por exemplo, que o GPO publica
um Monthly Catalog of U S. Government Publications, que anual-
mente lista perto de cinqüenta mil publicações das áreas do
legislativo, executivo e judiciário do governo federal.
O advento da comunicação eletrônica traz enormes conse-
qüências para a produção, divulgação e controle de publicações
governamentais. Se, por um lado, sua produção e divulgação parecem
ser favoravelmente afetadas, possibilitando a redução de custos
e acesso facilitado aos interessados, por outro, o controle desses
documentos passa a enfrentar dificuldades maiores, pois aumenta a
probabilidade de aparecimento de publicações sem respeito a
normas e padrões universalmente aceitos. No entanto, aparente-
mente desatentas às implicações para o controle bibliográfico, cresce
cada vez mais o número de instituições governamentais que tornam
disponíveis suas produções bibliográficas na Internet, tornando-as
mais acessíveis ao público interessado.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ALVARENGA Lidia. Definição de publicações oficiais. Revista da Escola de


Btb!ioteconomia da UFNG, v.22, n.2, p.213-238, jul./dez. 1993.

CHANDLER, Helen E. Towards open government: official inforrnation on the


web. New L1brary WorlO: v.99, n.l 144, p.230-236, 1998.

CHILDS,James Bennett. Government publications (documents).ln: KENT, Allen,


LANCOUR, Harold, DAl LY, jay E. (Ed.). Encydopedia of l!brary and
infonnation science. New York: M. Dekker, 1973. v.l O. p.36-140.

118
HODUSKI, Bernadine E. Abbott. Official publications. In: Worfd encyclopedia of
/ibraryand information services. 3rd.ed. Chicago: American Library Association,
1993. p.634-636.

LOMBARDI, M. Braz1lian serial documents. Bloomington: Indiana University Press,


1974.

MEYRIAT, J. (Ed.). Étude de bibliographies courantes des publications officia!es


nationa/es. Paris: UNESCO, 1958.

RATZAN, Lee. Uncle Sam on the Net. Wli'son L1brary Bulletin, v.69, n.6, p.59-60,
Feb. 1995.

119
191
TESES E DISSERTAÇÕES

BERNADETE SANTOS ÚMPELLO

Teses e dissertações são documentos originados das atividades


dos cursos de pós-graduação. Esses cursos visam principalmente a
capacitar professores para o ensino superior, além de formar pesqui-
sadores e profissionais de alta qualificação em vários níveis. No nível
de mestrado, o aluno, para obter o título de mestre, deve, além de
completar um curso foiTllal, elaborar uma dissertação consistindo
em um trabalho de pesquisa que demonstre sua capacidade de
sistematização e domínio do tema e da metodologia científica. Já no
nível de doutorado, o aluno deve produzir uma tese que envolva
uma revisão bibliográfica adequada, sistematização das informações
existentes, planejamento e realização de trabalho necessariamente
original.
No Brasil, o termo dissertação está associado ao grau ou título
de mestre, e o termo tese ao grau de doutor. É importante observar
que em outros países os termos são usados de maneira diversa. Na
Grã-Bretanha, tese (thesis) é normalmente utilizado para descrever
todo o gênero, independentemente do grau acadêmico a que se
refere, enquanto que nos Estados Unidos e na Europa continental,
o termo mais utilizado é dissertação (dissertotion).
9.1 EVOLUÇÃO

As teses e dissertações tiveram origem nas universidades


medievais que, desde o século XII, conferiam graus acadêmicos.
As universidades, naquela época, eram muito diferentes das atuais,
formais e burocráticas, e consistiam de associações informais de
estudantes e professores. O emprego de professor em uma uni-
versidade medieval quase sempre implicava no estabelecimento de
um contrato direto com os estudantes, que pagavam determinada
quantia pelas aulas ministradas. Com o aumento do número de
comunidades universitárias, houve a necessidade de proteger a
reputação do ensino das melhores escolas, e isso forçou o apare-
1;. cimento de um sistema que pudesse assegurar a competência
dos novos docentes. Assim, os candidatos a professor nessas
comunidades deveriam submeter-se a um processo de avaliação
de conhecimentos, dirigido por um grupo de docentes mais antigos
do estabelecimento. No século XIII, na Universitá degli Studi di
Bologna, a avaliação era feita em duas etapas: um exame público
e outro privado; o primeiro era o verdadeiro teste de competência,
sendo o exame público uma mera formalidade. Para o exame
privado o candidato era apresentado por um patrocinador (isto é,
um professor que já lecionasse no estabelecimento) e deveria fazer
uma exposição oral sobre dois assuntos escolhidos no momento
pelo grupo de examinadores. O candidato tinha algumas horas para
preparar a apresentação dos temas, auxiliado pelo patrocinador. Em
seguida à apresentação, era argüido por dois professores escolhidos
pelo grupo, sendo que todos os outros poderiam propor questões.
O processo concluía-se com uma votação, e a maioria simples dos
votos era suficiente para a aprovação do candidato.

122
O título de mestre conferido ao candidato aprovado indicava
que ele dominava o assunto de sua área de conhecimento. O título
de doutor não tinha, na época, significado especial em termos de
nível de capacitação acadêmica, con-espondendo exatamente ao
de mestre. Em algumas universidades, esse título era conferido
aos membros dos órgãos da administração superior. O termo
doutor com seu atual significado, isto é, designando a titulação
do candidato que tenha se submetido a uma educação acadêmica
aprofundada, seguida de defesa de tese, surgiu no século XIX, na
Alemanha, e é usado hoje quase que universalmente.
Atualmente, as práticas para a atribuição de graus acadêmicos
variam de país para país e de universidade patã universidade; dentro
de uma mesma instituição de ensino superior pode haver variações
no processo, de uma escola para outra. Os cursos de pós-gtãduação
das universidades brasileiras conferem títulos de mestre e de
doutor que, na carreira acadêmica, permitem que o titulado exerça
as funções de professor assistente e adjunto, respectivamente.
Os títulos mais conhecidos conferidos por universidades nos Estados
Unidos e outros países de língua inglesa são: o MA, o MBA, o M.Sc. que
cotTespondem ao nível de mestrado. No nível de doutorado há o
Ph.D. e o MD, entre outros.
Em algumas universidades estrangeiras, que mantêm longa
tradição de conferir graus acadêmicos, a cerimônia de titulação tem
uma formalidade que repete as práticas de séculos passados, e as
vestimentas para a ocasião consistem em longas vestes pretas, com
detalhes de cores e decorações que correspondem a determinada
área do conhecimento.
A proliferação dos cursos de pós-gtãduação no mundo inteiro
reflete os esforços feitos para a formação de pesquisadores, e a

123
manutenção de cursos de pós-graduação stricto sensu, 1 isto é, nos
níveis de mestrado e doutorado, confere às universidades um
grande prestígio. No Brasil, a maioria delas despendeu muito esforço
nos últimos anos, não só criando novos cursos, como também
melhorando a qualidade dos já existentes, de forma a obter o
concerto mais alto nas avaliações da CAPES. Essa avaliação é reali-
zada periodicamente e termina com a atribuição, a cada curso ou
programa, de um conceito representado por uma nota. O processo
baseia-se em uma série de critérios que incluem, entre outros, os
seguintes aspectos: o impacto das atividades do curso na sociedade,
a qualificação e a produção científica do corpo docente, bem
como seu reconhecimento em nível internacional e a produção

!
de teses e dissertações. A obtenção de uma boa nota dá ao curso
li' maiores chances de receber as verbas destinadas pelo Governo
ltii I às atividades de pós-graduação.

9.2 CARACTERÍSTICAS

Teses e dissertações são consideradas um tipo de literatura


cinzenta (ver Capítulo 6: Literatura Cinzenta) no sentido de que
não contam, na maioria dos casos, com um sistema de publicação
e distribuição comercial. Poucas são as teses que atingem esse
estágio, devido principalmente ao seu conteúdo extremamente
especializado, que vai interessar a um público muito restrito. Teses
que abordam temas de interesse mais amplo podem ser publicadas
como livro e encontram, portanto, um canal de divulgação maior.

I. No Brasil os programas de pós-graduação se estruturam em três nlveis: especialização


(também r::hamado de lato sensu), mestrado e doutorado (stndo sensu).

124
A publicação da tese ou dissertação como artigo de periódico
é uma prática que tem sido estimulada no Brasil pela CAPES; isso
pode garantir melhor divulgação do documento, mas exige um
trabalho de compactação que, muitas vezes, o autor não está
disposto a empreender. Assim sendo, a maioria das teses e disser-
tações mantém-se na sua forma original: impressão xerografada,
número pequeno de exemplares, normalização deficiente. Essa
última tende a diminuir à medida que surgem os manuais de normali-
zação bibliográfica, muitas vezes publicados pelas próprias univer-
sidades, facilitando o trabalho de padronização e possibilitando uma
melhor qualidade na apresentação das teses e dissertações (ver
lista ao final deste capítulo).

9.3 FONTES PARA IDENTIFICAÇÃO

Embora consideradas como literatura cinzenta, teses e disser-


tações não apresentam grandes problemas no que diz respeito a
sua identificação e obtenção, pois sempre houve instituições inte-
ressadas na sua divulgação. As universidades e faculdades onde
são defendidas, os órgãos de fomento de pesquisas, ministérios de
educação e de ciência e tecnologia são entidades normalmente
empenhadas em tornar teses e dissertações acessíveis através de
publicações que, entretanto, têm distribuição restrita.
Uma forma de distribuição de teses e dissertações baseada num
esquema comercial é o serviço fomecido pela empresa americana
University Microfilms lnternational (UMl), que trabalha na divulgação
e venda de teses desde 1938. Originalmente, o autor da tese ou a
universidade interessada pagava para que a obra fosse
microfilmada e para que o resumo aparecesse na publicação

125
Microfilm Abstracts. Em 1952, o Microfilm Abstracts foi substituído
pelo Dissertation Abstracts que, por sua vez, refietindo a inclusão
de teses européias a partir de 1968, passou a chamar-se
Díssertation Abstracts lnternational. Atualmente, o Dissertation
Abstracts lnternational Online é uma enorme base de dados, com
cerca de um milhão e meio de referências, crescendo na proporção
de 180 mil registros por ano. A base, que cobre todos os assuntos,
incorpora os antigos serviços oferecidos pela UMI: Dissertation
Abstrocts lnternationo/, Arnerican Doctoral Dissertations,
Comprehensive Dissertation lndex e Moster Abstracts, incluindo teses
defendidas desde 1861. Cerca de um milhão das teses estão dispo-
níveis em texto completo. Além do serviço via Internet, que é
comercializado por diversos brokers (Ovid, Dialog, Online
Computer Library Center- OCLC, dentre outros), a base de
dados está disponível em CD-ROM. A venda é feita por solicitação
dos interessados e há um serviço- o Dissertation Express- que
vende cópias não encadernadas por um preço mais acessível.
As primeiras tentativas de divulgação sistemática de teses
no Brasil foram feitas na década de 70, quando ocorreu a ampliação
dos cursos de pós-graduação no País, e os primeiros cursos criados
começavam a se consolidar. O antigo IBBD, atuaiiBICT, colecionava
as teses brasileiras e as divulgava no suplemento Livro, do Jornal
do Brasil. Era uma forma de divulgação bastante precária, que se
manteve durante pouco tempo. A CAPES também desenvolveu um
processo de controle e divulgação, publicando, em 1974, a Lista de
Dissertações e Teses. Logo depois, em 1977, o próprio Ministério da
Educação (MEC) iniciou a edição do Catálogo do Banco de Teses,
interrompido em 1982, que teve cinco volumes publicados, incluindo
no total cerca de 15 mil referências. Houve também uma tentativa de
copiar a fótTTiula desenvolvida pela UM I, feita por uma empresa paulista,

126
a !MS-Informações, Microformas, Sistemas S/A que, em 1977, iniciou a
publicaç<ío do Índice Cenate, mas que teve vida curta.
Em 1986, o IBICT, já na sua fase de informatização e reto-
mando o trabalho iniciado pelo 1880, iniciou a publicação do Índice
de Teses, gerado a partir da base de dados Teses, que incluía dados
de quase todas as teses financiadas pelo CNPq e de outras que
eram enviadas ao IBICT por instituições de ensino superior do
País. Criada em 1984, a base Teses incluía aquelas defendidas desde
1982 e, na área de ciência da informação, mantinha registros desde
1971. Em 1996, o IBICT lançou o Sistema de Informação sobre
Teses (SITE ""'D), disponível na lntemet através do Prossiga, ampliando
sua atuação no controle e divulgação de teses brasileiras. É uma
rede formada inicialmente por 13 bibliotecas de instituições de ensino
superior do País e pela biblioteca do próprio IBICT, responsável pela
alimentação do sistema com as teses defendidas no exterior. O
sistema, que conta atualmente com cerca de sessenta mil registros,
vai funcionar com os documentos propriamente ditos descentrali-
zados (com exceção das teses defendidas no exterior que serão
mantidas na biblioteca do IBICT) e os registros centralizados. Assim,
as universidades devem manter em suas bibliotecas centrais ou
setoriais pelo menos um exemplar de cada tese ali defendida e
devem atender às solicitações de cópias pelo COMUT.
As teses e dissertações devem ser analisadas no contexto
da educação pós-graduada. Seu valor e qualidade vão depender
também da qualidade dos cursos onde são produzidas, além da
competência do orientador e, portanto, o processo de seleção
de teses para inclusão no acervo de bibliotecas deve levar em
conta esses aspectos. A área do conhecimento é outro fator que
tem influência no status das teses e dissertações. Em áreas com

127
grande volume de produção bibliográfica, tende-se a considerar esses
documentos como meros exercícios acadêmicos e a valorizar mais as
formas nobres de publicação, como os artigos de periódicos. Assim
sendo, os profissionais da informação precisam conhecer o contexto
de produção de teses e dissertações da área em que atuam, de maneira
a formar coleções que realmente sejam úteis para seus usuários.

REFERÊNCIAS BIBliOGRÁFICAS

DAVINSON, D. Theses and dissertations: as information sources. London: C.


Bingley, 1977.

RUTLEDGE, John B. European dissertations: production, access, and use. Collection


/'1anagement, v.l9, n.l /2, p.43-67, 1994.

VILAN FILHO, Jayme Leiro. Catálogo coletivo de teses: situação atual e pers-
pectivas. In: SEMINÁRIO NACIONAL DE COMUTAÇÃO BIBLIOGRÁFICA,
Campinas, 1994. Anais... Brasnia: IBICT, 1995. p.21-29.

MANUAIS PARA ELABORAÇÃO DE TESES E OIS5ERTAÇOE5

FRANÇA, júnia Lessa et ai. t1anual para nonnalização de publicações


técnico-cient/ficas. 4.ed. Belo Horizonte: Editora UFMG, 1998.
SILVA, Maria Virgínia dos Santos et ai. Estrutura da dissertação/tese e sua
apresentação gráfica. Santa Maria: Universidade Federal de Santa
Maria, 1985.
UNIVERSIDADE FEDERAL DO ESPÍRITO SANTO. Biblioteca Central. Nor-
malização e apresentação de trabalhos cienfl7icos e acadêmicos: guia
para alunos, professores e pesquisadores da UFES. Vitória, 1997.
UNIVERSIDADE DO ESTADO DE SÀO PAULO. Coordenadoria Geral de
Bibliotecas. Nonnas para publicações da UNESP. São Paulo: EdiT.ora
UNESP, 1994. v. 4. Dissertações e teses.
UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÂ. Biblioteca Central. Nonnaspara
apresentação de trabalhos. Curitiba: Editora UFPR, 1996. Parte 2: Teses.
dissertações e trabalhos acadêmicos.
SILVA Mário Carnarinha da, BRAYNER. Sonia. Nonnastécnicasde editoração:
teses. monografias, artigos e papers. 3.ed. Rio de Janeiro: UFRJ, 1995.
SOUZA, Francisco das Chagas de. Escrevendo e nonna!izando trabalhos
acadêmicos: um guia metodológico. Florianópolis: Edrtorada UFSC. 1997.

128
TRADUÇÕES

8ERNADETE SANTOS ÚMPELLO

Existem hoje no mundo cerca de seis mil línguas de importância


variada. Os 12 idiomas mais falados hoje são o mandarin (falado por
cerca de oitocentos milhões de chineses), o hindi, o espanhol e o
inglês (por mais de trezentos milhões de pessoas cada um), o bengali,
o árabe, o russo e o português (por aproximadamente duzentos
milhões cada um), o japonês e o alemão (falados por cerca de cem
milhões de pessoas cada um), o francês (setenta milhões) e o malaio
(cinqüenta milhões). Se considerarmos o inglês como segunda
língua, esse idioma passa a ser o segundo mais falado: cerca de
quatrocentos milhões de pessoas.
O mandarin e o hindi são línguas matemas de cerca de 25% da
população mundial; entretanto, menos de I% da literatura científica
e técnica do mundo é publicado nesses idiomas. O inglês, ao
contrário, sendo a língua materna de apenas 8% da humanidade,
é utilizado em mais de 50% da literatura dentífica e técnica. Apenas
cinco idiomas (inglês, russo, alemão, francês e japonês) são usados em
90% das publicações especializadas; os restantes I0% são escritos
nas demais línguas, incluindo o português. Muitas das línguas faladas
por um número pequeno de pessoas tendem hoje a desaparecer
e a serem substituídas por línguas de maior alcance. Calcula-se
que 90% das línguas faladas na década de 90 estarão extintas ou
condenadas ao desaparecimento até o final do século XXI.
Esses dados mostram a predominância de certos idiomas
na divulgação de pesquisas e a necessidade de tradução de traba-
lhos para que essa divulgação se dê de forma ampla. Mesmo com
a influência do inglês como idioma de publicação da literatura
científica e técnica, e levando-se em conta o número de pessoas
que o domina, uma parte dessa literatura é produzida em outras
línguas, geralmente pouco acessíveis, necessitando ser traduzida. A
atividade de tradução é complexa e lenta, e a produtividade de um
tradutor se compara à de um copista na Idade Média: cerca de mil a
seis mil palavras por dia, dependendo da complexidade do texto.

10.1 A TRADUÇÃO NA ÁREA DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA

O inglês tem sido a língua preponderante na comunicação


da pesquisa científica e tecnológica e, com o advento da Internet,
consolida-se cada vez mais como o idioma dos pesquisadores.
Há também, em praticamente todos os países em desenvolvi-
mento, uma pressão das instituições financiadoras de pesquisa e
das próprias universidades para que os cientistas publiquem em
revistas de prestígio internacional, que são geralmente em língua
inglesa. Aqueles que insistem em publicar em suas línguas pátrias
têm seus trabalhos desvalorizados nos processos de avaliação
Institucional e, conseqüentemente, acabam penal1zados na distri-
buição de recursos para a pesquisa.
Outra prática que se torna comum atualmente é a pressão
sobre os editores de periódicos científicos para publicar suas
revistas em inglês, de forma a alcançar uma maior visibilidade na
comunidade científica internacional. Tudo isso sinaliza para um
processo de homogeneização na linguagem científica, com o inglês
despontando como o idioma universal.

130
10.2 TRADUÇÀO AUTOMÁTICA

As pesquisas para desenvolvimento de tradução automática,


como recurso para agilizar a elaboração de traduções, sofreram
um incremento na década de 50, após a Segunda Gena Mundial.
Durante a Guerra, os Estados Unidos já tinham projetos sobre o
assunto, visando a tradução automática de documentos militares.
Na mesma época, também a França, a Inglaterra e a antiga União
Sovtética desenvolviam pesquisas na área.
Na década de 60, praticamente todos os projetos com
financiamento governamental foram suspensos, devido às dificul-
dades na soluçao de problemas lingüísticos, embora alguns traba-
lhos custeados pela iniciativa privada ainda continuassem. Hoje o
maior esforço de pesquisa em tradução automática é feito pelo
Japão, considerando o interesse comercial do país tanto na expor-
tação de seus produtos, quanto na absorção de conhecimentos
científicos e tecnológicos gerados em outros países.
A União Européia, que tem como princípio a igualdade de
tratamento para cada uma das línguas oficiais de seus países mem-
bros, desenvolve atualmente um grande projeto de tradução auto-
mática, o EUROTRA, envolvendo todos os países membros, num
total de nove idiomas oficiais (francês, italiano, alemão, holandês,
inglês, dinamarquês, grego, espanhol e português). O EUROTRA tem
dois objetivos: desenvolver um protótipo para tradução automática
entre as línguas da União Européia e estimular a pesquisa em
lingüística computacional nos países membros.
Pode-se observar que as motivações para o desenvolvi-
mento dos projetos de tradução automática variaram ao longo
do tempo, refietindo interesses militares, técnico-científicos, comer-
ciais e políticos.

131
10.3 FONTES PARA IDENTIFICAÇÃO DE TRADUÇÕES

As instituições que trabalham com tradução de documentos


científicos e técnicos geralmente não têm como objetivo a sua
publicação formal. Assim, é comum que essas traduções sejam
feitas sob encomenda, e o resultado é um serviço rápido que
permite ao solicitante entender o conteúdo geral do documento,
sendo secundárias as questões de estilo. Essa possibilidade de
um trabalho menos sofisticado barateia o custo da tradução e
tem sido utilizada, por exemplo, pelo Centro Argentino de
lnformación Científica y Tecnológica (CAICYT).
A fonte mais completa para a identificação de traduções
em todos os campos da ciência e da tecnologia é o World
Tronslotions lndex, uma base de dados de cerca de quinhentos mil
registros, que cresce na proporção de 2.500 registros por mês. A
base reúne referências de documentos cuja tradução é comunicada
ao lnternational Translations Center (ITC) "'ã'>, localizado em Delft,
Holanda, e ao Centre National de la Recherche Scientifique et
Technique (CNRS), na França, que são as organizações
mantenedoras da base de dados. O World Translations lndex, que
é também fornecido em versão impressa, inclui a referência biblio-
gráfica do documento original e do traduzido, e cópias podem
ser solicitadas diretamente à organização responsável pela tradução,
já que a referência inclui sempre a informação de onde pode ser
obtida. Cerca de metade dessas traduções é de documentos tradu-
zidos do russo para o inglês; outros 30% são do japonês e alemão
para o inglês.
Outra fonte de documentos traduzidos é o BLDSC, que os
divulga, juntamente com relatórios e teses do seu acervo, na publi-
cação British Repot1S Translations and Theses. Nos Estados Unidos,

132
o National Translations Center (NTC), criado em 1953, e que,
desde 1989, estava sediado na Library of Congress, fechou suas
portas em I993, devido aos altos custos de manutenção do pro-
grama. Funcionando como um centro de informações sobre tra-
duções, o NTC possuía cerca de um milhão de registros sobre
documentos traduzidos e mantinha um acervo próprio de mais
ou menos quatrocentos mil documentos traduzidos, nas áreas
de ciências físicas, médicas e sociais.
Alguns sítios na Internet podem ser úteis para identificação de
traduções: é o caso do English Language Translations: a Guide to
Se/ected Resources in the Duke University Libraries ~.Embora voltado
para os usuários de uma universidade, esse tipo de sftio pode servir
para identificação de fontes para traduções.
Existem também fontes especializadas que divulgam docu-
mentos traduzidos em determinadas áreas do conhecimento,
como é o caso do Translations lndex: a quarterly source and outhor
index to the available translations in to English of technical papers in
metais and materiais, publicado desde 1977 pela American Society
of Metais que, como o próprio nome indica, é voltado para a
metalurgia e ciência dos materiais.

10.4 TRADUÇÕES CAPA A CAPA

Instituições que fornecem serviços de tradução trabalham


geralmente com artigos de periódicos, trabalhos de congressos,
documentos de patentes e normas técnicas. Mais rara é a tradução
de teses e livros.
Alguns periódicos são traduzidos na sua totalidade para idiomas
mais conhecidos; são as chamadas traduções capa a capa. Grande

133
número desses periódicos constituem tradução de publicações em
russo e já têm aparecido algumas traduções de outros idiomas. A
grande vantagem dessas publicações é a facilidade de sua obtenção,
já que são produzidas dentro de esquemas comerciais. A identificação
desse tipo de periódico pode ser feita por meio de fontes específicas
para esse fim, como, por exemplo,Joumals in Translation (S.ed., 1991 ),
publicado pelo BLDSC. que lista principalmente periódicos russos,
seguidos dos alemães e japoneses. A cobertura, no que conceme
ao assunto, abrange ciência e tecnologia, mas alguns periódicos de
ciências sociais são incluídos.

1 0.5 FONTES PARA IDENTIFICAÇÃO DE TRADUTORES

O alto custo e o tempo necessário para se traduzir um docu-


mento exigem que se esgotem todos os meios disponíveis para
encontrar uma tradução já pronta, antes de encomendá-la a um
tradutor. Existem pessoas e serviços especializados nessa atividade
na maioria das capitais brasileiras, e as listas telefônicas são uma
opção para sua identificação.
Uma fonte mais abrangente é Tradução e Terminologia: Reper-
tório Biográfico Internacional, que reúne dados biográficos de cerca
de dois mil tradutores do mundo inteiro, com endereços e princi-
pais publicações traduzidas. A obra é publicada pela União Latina,
de Paris, e pelo lnternationallnformation Center for Terminology
(lnfoterm), de Viena, além de duas organizações privadas do Reino
Unido e Alemanha. Conta com o apoio da Federação Internacional
de Tradutores e de vários outros organismos internacionais. Na
Internet, encontram-se inúmeras listas e serviços de tradutores,
embora não se possa ter garantias sobre a qualificação dessas

ll4
pessoas. É o caso da lista da Universidade Federal do Rio Grande
do Sul (UFRGS) ""'D e da Webra: Índice do Mercosul ""'D.

A identificação de documentos traduzidos não se apresenta


como um problema signiftcativo nas bibliotecas brasileiras de pes-
quisa, já que a maioria dos pesquisadores do País domina o inglês. O
domínio do francês também é razoável, e o espanhol, pela similari-
dade com o português, não constitui problema para o cientista
brasileiro. Entretanto, considerando-se o custo e o tempo gastos
para se obter uma boa tradução, é necessário que o bibliotecário
conheça as fontes disponíveis.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BARANOW, Ulf G. Tradução automática hoje: uma visão panorâmica. In:

SIMPÓSIO LATINO-AMERICANO DE TERMINOLOGIA, 2, ENCONTRO

BRASILEIRO DE TERMINOLOGIA TÉCNICO-CIENTÍFICA. I, 1990, Brasnia.

Anais... Brasília: CNPq/IBICT, 1992. p.67-77.

GIETZ, Ricardo A. La información en la traducción técnico-científica: perspectivas

de la TAC e de la TA In: SIMPÓSIO LATINO-AMERICANO DE TERMI-


NOLOGIA. 2, ENCONTRO BRASILEIRO DE TERMINOLOGIA TÉCNICO-

CIENTÍFICA, I, 1990, Bras1lia. Anais .. Brasil ia: CNPq/IBICT, 1992. p.Sl-88.

KALIYAN, S., RAO, V. Kasi. lnformation dissemination through documenttranslation:


subject specialist o r translator? L1brary Review, v.4 2, n.6, p.4 7-55, I 993.

135
. .
íllli· ~;
NoRMAS TÉCNICAS

MARIA MATILDE KRONKA DIAS

A normalização é uma característica essencial da atividade


humana desde os primórdios da civilização, tendo sido essencial
no desenvolvimento da linguagem falada e escrita. Outros aspectos
de normalização da atividade humana em épocas passadas podem
ser observados quando o comércio entre os povos primitivos exigiu
o estabelecimento de medidas padronizadas de peso, dimensão e
formas de pagamento.
A padronização de produtos é outro tipo de normalização
empregada há muito tempo pelo homem. Uma das primeiras tenta-
tivas de normalização de produtos foi a British Phormacopaeio,
publicada inicialmente em 1864. Essa obra determinava a composição
ideal de drogas e de produtos químicos usados em medicamentos e,
desde então, tem sido editada regularmente (HOUGHTON,
1972). A necessidade da normalização na indústria foi sentida logo
que se iniciaram as atividades fabris e, a partir daí, a padronização
de componentes passou a ter uma função essencial em nossa
sociedade que é, basicamente, tecnológica. A economia propor-
cionada pelo emprego de normas técnicas na área industrial é
fundamental em economias baseadas no conceito de produtivi-
dade. As normas simplificam o processo de produção em massa,
asseguram a uniformidade do produto, eliminando uma variedade
desnecessária e antieconômica.
A normalização é uma atividade social e econômica a ser
promovida mediante a cooperação mútua de todos os elementos
envolvidos. O estabelecimento de uma norma deve ser baseado
no consenso geral:

A normalização é o processo de estabelecer e aplicar regras a


fim de abordar ordenadamente uma atividade específica, para o
benefício e com a participação de todos os interessados e, em
particular, de promover a otimização da economia levando em
consideração as condições funcionais e as exigências de segurança.
(REIS, [;.d.J.)

A normalização é de grande importância no comércio interna-


cional. Os países em desenvolvimento, interessados via de regra em
aumentar o volume de suas exportações, devem adotar normas de
fabricação e controle de qualidade aprovadas internacionalmente,
garantindo uma melhor aceitação de seus produtos.
O papel que a normalização desempenhou na década de 90
foi fundamental para o êxito das empresas brasileiras em função
de diversos fatores, a saber: a formação de blocos econômicos
como o dos países da União Européia, o dos chamados tigres asiáticos
e o norte-americano; a crescente organização do consumidor brasi-
leiro, mais exigente com a qualidade dos produtos; a exigência de
normalização de produtos e serviços, explicitada no Código de
Defesa do Consumidor e, finalmente, a necessidade de
competitividade no mercado internacional, aberto à concorrência
externa, que tem exigido especificações de alto padrão
tecnológico.
O número de normas técnicas que um país produz pode
ser um indicador do seu grau de desenvolvimento tecnológico.

138
O Brasil possuía, até 1998, cerca de dez mil normas, produzidas
pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) "'à:l e
registradas no Sistema Nacional de Metrologia, Normalização e
Qualidade Industrial (SINMETRO). Embora seja um número alto, é
pouco significativo se comparado com alguns países desenvolvidos,
não tendo o País uma tradição na utilização de normas. Entretanto,
a globalização da economia tem levado o Bras1l a desenvolver um
esforço maior na questão da normalização. Assim é que, na década
de 80, o País se mobilizou na busca da qualidade de produtos e
serviços, aderindo às normas da série ISO 9000. Essas normas
originaram-se do modelo de qualidade e produtividade do Japão,
país que desde a década de 50 tem investido no desenvolvimento
de uma industrialização voltada para a exportação - portanto,
altamente competitiva - e que, por isso mesmo, precisava oferecer
produtos mais baratos e de melhor qualidade. As normas ISO
9000 são adotadas por inúmeros países, principalmente os da
União Européia, e foram incorporadas, no início da década de
90, pela ABNT, ao conjunto de normas brasileiras. São normas
estruturais que se destinam a organizações que desejam implantar
sistemas de controle de qualidade, funcionando como comple-
mento aos requisitos para produtos e serviços definidos pelas
especificações técnicas, fornecendo diretrizes para a gestão e
garantia da qualidade.
Na metade da década de 90, sob o imperativo das exigências
ambientais, surgiram as normas da série ISO 14000. A série é um
conjunto de normas que se destinam a ajudar as empresas a se
adequarem ao paradigma do crescimento responsável, no qual a
economia do meio ambiente se desloca da visão do impacto
ambiental como um custo adicional, que se reflete negativamente

139
nos balanços das empresas, e passa a ser vista como um agente
competitividade e de novas oportunidades de negócios. Essas
<;também foram incorporadas ao conjunto de normas brasi-
0aís passa a contar com instrumentos de apoio à expor-
"'ndimento à pressão pública que exige não só pro-
<; com qualidade assegurada, mas também
'S e, ainda, que os recursos naturais sejam
·'l.ra manter as condições de vida adequadas
"'S (DEDDING e TANAKA, 1991 ).
· 'OS à normalização nos cum'culos
'r'lgenharia demonstra clara-
nos especialistas maior
'10rmas técnicas.

o· 1lãO
" .. entífico
e tecnológico. São as normas ou medidas de temperatura, tempo,
peso, massa, comprimento etc.
O formato físico de uma norma técnica varia muito: ela pode
aparecer como um folheto mimeografado ou impresso, sem capa,
ou como um volume encadernado, como é o caso das normas da
American Society for T ~sting and Materiais (ASTM) "'ã:> cuja edição
de I998 em papel se apresenta em 62 volumes.
Deve-se estar atento para o aspecto de atualidade das normas
técnicas que são documentos dinâmicos, sempre sujeitos a revisões
e que acompanham de perto o desenvolvimento tecnológico.
A solicitação de uma norma pelos técnicos é feita em geral
por um código alfanumérico, que indica a entidade produtora e o
número da norma específica dentro dessa entidade. Assim o profis-
sional da informação poderá ser solicitado a localizar a norma BS
3012, ou NBR 6023, ou DIN 1945, que são respectivamente uma
norma britânica, uma brasileira e uma alemã.
O termo norma técnica é usado em relação a publicações que
incluem especificações, códigos de prática, recomendações, métodos
de testes, nomenclaturas etc. A classificação dos diversos tipos de
normas brasileiras elaboradas pela ABNT pode ajudar na com-
preensão dos termos sob os quais uma norma técnica aparece, bem
como auxiliar na definição dos vários tipos de normas que existem.
Segundo o referido órgão, as normas são classificadas em:

• "classificação (CB): ordena, designa, distribui e/ou subdivide


conceitos, materiais ou objetos, segundo uma determinada
sistemática;

• especificação (EB): ftxa as condições exigíveis para aceitação e/

141
ou recebimento de matérias-primas, produtos semi-acabados,
produtos acabados;

• método de ensaio (MB): prescreve a maneira de verificar ou


determinar características, condições ou requisitos exigidos
de um material ou produto, de acordo com a respectiva
especificação; de uma obra, instalação, de acordo com o
respectivo projeto;

• procedimento (NB): fixa condições para: a execução de cál-


culos, projetos, obras, serviços, instalações; o emprego de
materiais e produtos industriais; certos aspectos das transações
comerciais (ex.: reajustamento de preços); a elaboração de
documentos em geral, inclusive desenhos; a segurança na
execução ou na utilização de uma obra, equipamento, insta-
lação, de acordo com o respectivo projeto;

• padronização (PB); restringe a variedade pelo estabelecimento


de um conjunto metódico e preciso de condições a serem
satisfeitas com o objetivo de uniformizar características geomé-
tricas, físicas ou outras, de elementos de construção, materiais,
aparelhos, produtos industriais, desenhos e projetos;

• simbologia (SB): estabelece convenções gráficas e/ou literais


para conceitos, grandezas, sistemas ou partes de sistemas;

• terminologia (TB): define, relaciona e/ou dá a equivalência


em diversas línguas de termos técnicos empregados em um
determinado setor de atividade, visando ao estabelecimento
de uma linguagem unifolllle". (BRASIL, 1978)

142
Essas definições, embora propostas pelo órgão brasileiro da
área, são aplicáveis a normas de outros países e mesmo a normas
internacionais.

11.2 ÜRGANIZAÇÕES PRODUTORAS

O grande número de normas técnicas usado em atividades


científicas e tecnológicas é produzido por uma variedade de organi-
zações tanto governamentais como privadas. Essas organizações
podem ser divididas em quatro categorias:
• organizações internacionais
O principal objetivo dessas organizações é a promoção de
atividades de normalização em nível internacional e o desenvol-
vimento de cooperação mútua entre os órgãos nacionais. As mais
conhecidas são a ISO e a lnternational Electrotechnical
Commission (I EC) "'ã::. A ISO é uma federação mundial1ntegrada
por organismos nacionais de normalização, contando com um
representante por país. É uma organização governamental (da qual
a ABNT é membro fundador) estabelecida em 1947, contando
atualmente com cerca de cem membros. A IEC é uma federação
constituída em 1906, nos moldes da ISO, atuando especificamente
na normalização internacional no campo da eletricidade. O Brasil
foi um dos primeiros países não europeus a associar-se à IEC e, como
conseqüência, fundou em 1908 o Comitê Eletrotécnico Brasileiro,
que se uniu à ABNT quando de sua criação, transformando-se no
atual Comitê Brasileiro de Eletricidade (CO BEl, CB-03).
As organizações regionais podem ser incluídas aqui. São
aquelas formadas por países membros localizados numa mesma
região e que trabalham para seu benefício mútuo. Podemos citar

143
como exemplos a Comissão Pan-americana de Normas Técnicas
(COPANT) e o Comité Européen de NorTnalisation (CEN) ~.Outro

exemplo é o do Comitê Mercosul de NorTnalização, que surgiu em


decotTência da criação do Mercosul, em 1991. Os projetos de norTna
Mercosul (NM) estão submetidos a votação pelos organismos de
normalização dos países integrantes do Mercosul: Instituto Argentino
de Normalización (IRAM), ABNT do Brasil, Instituto Nacional de
Tecnologia Y Normalización (INTN) do Paraguai e Instituto
Uruguayo de Normas Técnicas (UNIT);
• organizações naCionaiS
A maioria dos países possui órgãos que preparam e publicam
normas a n(vel nacional, a fim de beneficiar a indústria e o comércio
locais. Esses órgãos, via de regra, representam seus países na ISO
e em outras entidades internacionais;
• organizações governamentais
Alguns órgãos do governo também produzem normas apli-
cáveis às suas atividades específicas;
• outras organizações
Nesse grupo estão as sociedades técnicas, associações profis-
sionais e comerciais, instituições de pesquisas etc. Também aqui
deveriam ser incluídas as indústrias ou empresas privadas que pro-
duzem suas próprias normas ou adaptam às suas necessidades as
normas editadas por outras instituições. Algumas empresas ou
grupos de empresas mantêm atividades normalizadoras perTnanentes
com a finalidade de orientar compras, fabricação, vendas e outras
operações para a satisfação das necessidades de seus clientes.
Como exemplos temos a American Society of Mechanical
Engineers (ASME) "'ã:J, cujas normas são bastante conhecidas no

144
campo da engenharia mecânica, e a Companhia Energética de
Minas Gerais (CEMIG) ~.no campo da engenharia elétrica.
A multiplicidade das fontes produtoras pode dificultar as tarefas
de identificar, selecionar e adquirir as normas mais adequadas.

11.3 A NORMALIZAÇÃO NO BRASIL

No Brasil, o marco inicial da normalização foi a criação da


ABNT em setembro de 1940. A ABNT é uma sociedade civil,
sem fins lucrativos, reconhecida pelo Governo Federal como
entidade de utilidade pública pela Lei 4150/1962. Seu objetivo é
promover a elaboração de documentos normativos e colaborar nas
atividades relativas à normalização, fornecendo a base necessária ao
desenvolvimento tecnológico brasileiro. É representante no Brasil
das entidades de normalização ISO e IEC
A ABNT é constituída de 35 comitês, dois organismos de
normalização setorial e 12 órgãos especiais, atuando nas mais diversas
áreas. Essas comissões são integradas por produtores, órgãos de
defesa do consumidor, governo, entidades de classe, universidades,
escolas técnicas e outros, que analisam e discutem propostas de
projetos de normas. Obtido o consenso, o projeto é submetido à
aprovação nacional, para então passar à condição de norma técnica.
Além desses, conta com um Gr~po de Apoio à Normalização
Amb'1ental (GANA) e comitês ISO/TC Como exemplo, a área
de informação e documentação é representada pelo Comitê
Técnico, o ISO/TC 46 e o SC 9 que tratam especificamente de
normas para apresentação, identificaçdo e descrição de documentos.
Uma vez aprovada, a norma é encaminhada ao Instituto
Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial

145
(IN METRO) -ij) que a registra como norma brasileira. A partir daí,
a norma recebe um código de identificação formado pela abreviatura
NBR e por um número seqüencial que a Individualiza (exemplo:
NBR-1 0520). Da primeira reunião de uma Comissão de Estudo até
o registro da norma há um processo de elaboração que demora
de seis meses a dois anos.
Até 1973, a ação governamental na área de normalização
técnica limrtou-se ao apoio dado pelo Governo à ABNT, no sentido
de considerá-la como entidade de utilidade pública e de instituir
por lei a obrigatoriedade de observância de normas técnicas nos
contratos de obras e compras do Serviço Público. Naquele ano
foi criado o SINMETRO, com a finalidade de formular e executar
a política nacional nas referidas áreas. A ABNT passou a ser
identificada como Fórum Nacional, local de compatibilização dos
interesses públicos, das empresas industriais e do consumidor.
Seu objetivo principal é justamente garantir o consenso de todos
os envolvidos, direta ou indiretamente, na elaboração de normas
técnicas, através de seus comitês.
O SINMETRO, integrado por entidades públicas e privadas
que exercem atividades relacionadas com metrologia, normalização
industrial e certificação da qualidade de produtos industriais, visa
a defesa do consumidor, a conquista e a manutenção do mercado
externo, a racionalização do mercado industrial com a
compatibilização de todos os interesses comerciais, industriais e
do consumidor. O SINMETRO tem como objetivo dotar o País
de infra-estrutura de serviços tecnológicos para a qualidade e
produtividade com a criação de normas e regulamentos técnicos,
de redes de laboratórios de calibração e de ensaios e de um sistema
de certificação de conformidade.

146
O sistema é formado basicamente por dois órgãos, ambos
vinculados ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio,
com características e atribuições específicas. O Conselho Nacional
de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial
(CONMETRO) é um colegiado interministerial que exerce a função
de órgão normativo do SINMETRO e que tem como sua secretaria
executiva o IN METRO. O CONMETRO é responsável pela coor-
denação e diretrizes gerais executivas, coordenação internacional,
planos, programação e estudos do Sistema. O IN METRO é o órgão
executivo central do sistema. No âmbito de sua ampla missão
institucional, objetiva fortalecer as empresas nacionais, aumentando
sua produtividade por meio da adoção de mecanismos destinados
à melhona da qualidade de produtos e serviços. Sua missdo é
trabalhar decisivamente para o desenvolvimento socioeconômico e
para a melhoria da qualidade de vida da sociedade brasileira, contri-
buindo para a inserção competitiva, para o avanço científico e
tecnológico do País e para a proteção do cidadão, especialmente
nos aspectos ligados à saúde, segurança e meio ambiente. Além
disso, funciona como fórum de compatibilização dos interesses
governamentais com os seguintes comitês: químico, siderúrgico,
mecânico, naval, aeronáutico, eletroeletrônico, de veículos rodo-
viários, transportes ferroviários, transportes urbanos, construção
civil, alimentos e bebidas.
Para oferecer ao CONMETRO o adequado assessoramento
técnico, foram criados os seguintes comitês: Comitê Nacional de
Normalização; Comitê Brasileiro de Certificação; Comitê Nacional
de Credenciamento; Comitê Codex Alimentarius do Brasil; Comitê
Brasileiro de Metrologia e Comitê de Coordenação de Barreiras
Técnicas ao Comércio.

147
No Brasil, outras entidades governamentais, prefeituras, indús-
trias e institutos de pesquisas também elaboram suas normas técnicas,
como a CEMIG e o lnst1tuto Adolfo Lutz de São Paulo. Em alguns
casos, essas normas não estão restritas às fronteiras da entidade
que as gerou, mas se encontram disponíveis para uso de outras
organizações do mesmo ramo.

11 .4 FONTES PARA IDENTIFICAÇÃO

A maioria das organizações normativas publica catálogos,


periódicos, boletins e outros materiais de divulgação de grande
utilidade no trabalho de identificação de normas. A British Standard
lnstitution (BSI), por exemplo, tem diversas publicações de divul-
gação: 851 News, boletim mensal que registra as normas novas e
revistas; Sectional Lists, que são listas de normas de assuntos espe-
cíficos. A Association Française de Normalisation (AFNOR) ~

publica o Courrier de lo Normolisotion; a American National


Standards lnstitution (ANSI) ~, o ANSI Report.
A ABNT lança anualmente o Catálogo ABNT, incluindo a relação
de todas as normas por ela aprovadas, bem como a cotTespondência
numérica das normas ABNT com as normas aprovadas pelo
SINMETRO. O ABNT Boletim assegura uma atualização mensal,
divulgando as normas publicadas, as normas canceladas, projetos
em estudo, além de uma variedade de normas estrangeiras. Fornece
um banco de dados com informações referenciais de todas as
Normas Brasileiras e do Mercosul, o texto completo das normas
das séries ISO 9000, I0000 e 14000. Está disponível mediante a
assinatura do Sistema CENWIM 3.0 (Controle Eletrônico de
Normas para Windows- Versão 3.0). O aplicativo do sistema é

148
fornecido sem custo e é um programa multiusuário, podendo ser
Instalado em servidores de redes sem limitação de usuários.
Algumas empresas comerc1ais oferecem serviços de identi-
ficação e acesso a normas técnicas. É o caso do IHS Group
(lnformation Handling Services Group) ""ã:> que torna disponível,
por meio do Worldwide Standards Service Plus lndex, uma lista
contendo cerca de trezentos mil normas de mais de quatrocentas
organizações, além de documentos normativos escaneados de
cerca de oitenta organizações, tais como ANSI, ASTM, API
(American Petroleum lnstitute), ISO, BSI, DIN (Deutsches lnstitut
für Normung), AFNOR, dentre outras.
Criado em 1984, com o objet'1vo de auxil'lar o f1uxo de ·Infor-
mações tecnológicas básicas, principalmente entre pequenas, médias
e microempresas, o SINORTEC (Sistema Nacional de Informações
sobre Normas e Regulamentos Técnicos) procura ampliar o conheci-
mento e a conseqüente utilização das normas brasileiras. O sistema
é uma fonte para identificação e aquisição de normas através de
três núcleos básicos de normas técnicas que funcionam na ABNT,
no INMETRO e no Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) ~.

Esses núcleos desenvolvem uma variedade de serv'1ços que bus-


cam atender à demanda diversificada e ágil do setor industrial e
comercial por documentos normativos, tais como: especificação
de materiais, métodos de análise e de ensaio, normas de cálculo
e de segurança, terminologia técnica, simbologia, padronização
dimensional, gestão ambiental e da qualidade, normas de produtos.
Em 1986, foi implantado no Setor de Informação sobre
Normas Técnicas (INTec) do IPT o serviço Empresa-INTec, com a
final'1dade de fornecer às empresas interessadas - através de um

149
contrato de adesão - acesso aos serviços de documentação e
informação do INTec. Contando com um dos maiores e mais
completos acervos de normas técnicas da América Latina, possui
mais de oitocentos mil documentos normativos, entre normas
vigentes, históricas e duplicatas, de natureza industrial e/ou govema-
mental e de origem nacional, nacional-estrangeira e internacional
(DEDDING e TANAKA, 1991 ).

O periódico Science & Technology Libraries, em número dedicado


às normas técnicas, apresenta uma extensa relação de recursos
bibliográficos disponíveis sobre normas estrangeiras (SCIENCE &
TECHNOLOGY LIBRARIES, 1988).
A identificação de normas produzidas no âmbito de empresas
deve ser feita através de contato direto com as mesmas, já que não
existem instrumentos específicos para este fim.
À medida que a tecnologia avança, normas técnicas são
estabelecidas para cobrir novos campos, de modo a proporcionar
segurança e padronização. A importância adquirida por esse tipo
de material bibliográfico no processo de transmissão da informação
exige que se conheça a dinâmica de sua produção e se desenvolvam
meios eficientes para selecioná-lo e adquiri-lo.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BEZERRA, C. A. M., SÃO THIAGO, E. C. de. O Mercosul e as normas técnicas.


Ciência da Informação, Brasnia, v.21, n.l, p.68-70, jan./abr. 1993.

BRASIL. Ministério da Educação e Cultura. Departamento de Assuntos Uni-


versitários e Ministério da Indústria e Comércio. Secretaria Executiva do
CONMETRO. Normalização: histórico e informações. Brasília, 1978. 27p.

150
BRASIL. Ministério da Indústria e Comércio. Secretaria de Tecnologia Industrial.
Sistema Nacional de Metrologia, Normalização e Qual1dade lndustn"allegislação
e resoluções. 8ras1lia: MICISTI, 1976. Slp.

D'AVIGNON, A Nonnas ambientais ISO 14000:como podem innuenciar sua


empresa. Rio de Janeiro: CNI, 1995. 66p.

DEDDING, Anita Te reza, T ANAKA, Edmar Rinaldo. Informação sobre normas


técnicas no IPT: uma experiência de auto-sustentação. Ciência da lnfonnação,
Brasnia, v.20, n.l, p.69-73, 1991.

HOUGHTON, B. Technical information sources: a guide to patents,


specifications, standards and technical reports literature. London: C. Bingley,
1972. i19p.

MACEDO, L. T. Quando normalização técnica quer dizer interesse nacional.


Dados e Idéias, Sào Paulo, v.4, p.2-8, 1979.

REGAZZI FILHO, C L Nonnas técmCas:conhecendo e aplicando na sua empresa.


Rio de Janeiro: CNI, DAMPI, 1995. 60p.

REIS, M. J. L. ISO I 4000: gerenciamento ambiental, um novo desafio para a sua


competitividade. Sào Paulo: Qualitymark, [s.d.J. 200p.

SANTOS, M. V. R A norma como fonte de informação bibliográfica. Ciência da


lnfonnação, Brasnia, v. li, n.2, p.23-30, 1982.

SCIENCE & TECHNOLOGY LIBRARIES. The role of standards in sci-tech libraries.


Binghamton, N.Y.: Hatworth Press, v.9, n.2. 1988.

VEADO, J. T. A norma técnica. ABNT Not/cias, Rio de Janeiro, vJ, n.25, p.3,
1985.

ISI
{~
ftN/~

A PATENTE

RICARDO ÜRLANDI FRANÇA

A invenção é um ato intelectual que se configura por trazer


à consciência uma novidade, algo por ninguém ainda pensado a
respeito de assuntos de conteúdo técnico. A invenção muitas
vezes se materializa em produtos ou processos de fabricação e
provoca um avanço real nas atividades industriais, podendo ser por
isso bastante valorizada, tornando-se mesmo um bem econômico.
Entretanto, sendo formada por raciocínios e conhecimentos técnicos,
como uma síntese da experiência e das habilidades do inventor,
ela é, na verdade, uma propriedade intangível, volátil, impossível
de ser retida. Assim sendo, o meio elaborado pela sociedade para
assegurar a posse desse tipo de bem econômico é a patente.

12.1 DEFINIÇÃO, OBJETIVOS E CARACTERÍSTICAS

A patente de invenção é o instrumento legal destinado a


proteger a invenção aplicável à indústria, durante um prazo de tempo
definido, contra cópias e quaisquer outros usos não autorizados pelo
seu possuidor, de modo a permitir-lhe a exploração rentável dessa
nova idéia. A patente declara a existência de um monopólio
temporário, outorgado pelo Estado ao inventor ou a outrem por
ele indicado, reconhecendo-lhe o direito de propriedade e de
exploração da 1nvenção descrita nesse documento. A patente
pode ser concedida a pessoas físicas ou jurídicas, isoladamente
ou em grupo.
São dois os objetivos clássicos do sistema patentário. O
primeiro trata de recompensar o inventor de uma novidade técnica,
que tenha necessariamente uma aplicação industrial, através da
concessão pelo estado do direito de exclusividade para a exploração
dessa invenção por um prazo determinado. Como contrapartida,
o inventor (ou quem mais detenha os direitos de propriedade da
invenção) está obrigado a explorar a patente outorgada no território
desse estado. De acordo com a interpretação atual desse princípio,
a patente dá ao seu detentor o direito de excluir outras pessoas
de todos os atos relativos à invenção, ou seja, impede a fabricação,
uso, importação e venda do produto ou processo patenteado
sem a sua devida autorização.
O segundo objetivo é a plena e universal divulgação das
inovações tecnológicas geradas pelas invenções, para possibilitar
o seu uso no benefício geral da humanidade, desenvolvendo as
artes e a indústria.
O sistema patentário, na atualidade, tem a1nda outras caracte-
rísticas importantes internacionalmente reconhecidas. Uma delas é
que a patente será concedida a quem fizer o pedido (chamado
depósito de potente) pnmeiro, independentemente da data da
invenção. A exceção notória são os Estados Unidos, onde a autoria
de um invento é de quem provar tê-lo concebido primeiro. Na
maioria dos países presume-se que o depositante do pedido é o
real detentor dos direitos solicitados, seja ou não seu inventor.
Outra característica é que a invenção, para a qual se pede
patente, deve atender ao requisito de novidade absoluta, isto é,

154
não pode ser já conhecida em lugar nenhum do mundo. Como
esse critério é muito difícil de ser aferido, considera-se para a
pesquisa da novidade as fontes escritas. Concede-se um período
de graça de 12 meses anteriores ao pedido, no qual o inventor,
ou terceiros, podem divulgar o invento, inclusive com a sua apre-
sentação em exposições internacionais oficiais, sem quebra desse
requisito.
É fundamental também que a patente represente uma
invenção, ou seja, ela não deve ser naturalmente deduzida do estágio
atual da técnica. Do mesmo modo, a patente deve necessariamente
ter alguma aplicação industrial. Assim sendo, criações intelectuais, tais
como teorias científicas, métodos matemáticos, programas de
computador e as criações estéticas, não são patenteáveis. Em
geral, considera-se ainda como não patenteável o que for contrário
à segurança e à saúde públicas, bem como os seres vivos e materiais
biológicos como são encontrados na natureza. Em alguns países
também é vedado o patenteamento de ligas metálicas e materiais
resultante.s de transformações atômicas.
A questão da engenharia genética e das transformações
produzidas em seres vivos continua sendo polêmica. Algumas
nações preferem adotar uma legislação específica sobre alguns
aspectos da manipulação biológica que têm significativa repercussão
econômica, como fez o Brasil através da Lei 9.456/1997 que trata
dos cultivares vegetais.

12.2 A HISTÓRIA DO SISTEMA DE PATENTES

Desde a Antigüidade e através da Idade Média, algumas cidades


européias e da Ásia Menor especializaram-se na fabricação de artigos

ISS
que se tomaram reconhecidos em todo o mundo ocidental pela sua
originalidade, qualidade ou utilidade, resultando na transferência de
prestígio do artigo para a própria cidade. Assim foi com a produção de
vidro em Murano (Veneza), de porcelanas em SE:vres e Limoges, de
espadas em T oledo, de cutelaria em Solingen, de ourivesaria em
Florença, trazendo fama e riqueza para essas comunidades.
A conseqüência natural foi que os artesãos procuraram pro-
teger seus rentáveis negócios, agregando-se em corporações de
ofício ou guildas, de modo a obter as matérias-primas necessárias
sem sobressaltos e com uniformidade, e a escoar com maior renta-
bilidade e segurança sua produção. Eles terminaram por descobrir
que a condição sine qua non para manterem seu monopólio de
mercado, com base nos conhecimentos técnicos ímpares que
detinham, era o segredo profissional que só poderia ocorrer se
houvesse uma disciplina rígida na corporação.
Esse tipo de sociedade profissional tinha uma estrutura hierár-
quica peculiar, evoluindo o conhecimento do estágio de aprendiz
a artesão e a mestre-de-ofício, sempre baseado no sigilo sobre os
métodos de trabalho: cada aprendiz admitido tinha que jurar manter
segredo sobre as técnicas aprendidas e nunca discuti-las fora dos
limites da corporação. Nada era escrito -todas as fórmulas e
processos eram decorados, às vezes com a ajuda de cânticos e
versos mnemônicos (NICHOLAS, 1984).
A estrutura de produção das corporações constituiu-se num
importante estágio entre o artesanato e a produção industrial.
Entretanto, ao iniciar-se o modo de produção capitalista moderno,
as corporações de ofício passaram a representar um entrave ao
desenvolvimento econômico, já que os cidadãos de iniciativa, mas
fora do seu rígido esquema, quase sempre eram impedidos de

156
estabelecer sua indústria nas cidades. Além disso, a estrutura
corporativa burguesa conquistou uma total liberdade de ação em
relação ao sistema de poder político, na época feudal. Tornava-se
cada vez mais importante para os governantes, com a formação dos
grandes estados nacionais, ter novamente essa estrutura submetida
ao seu arbítno (HUBERMAN, 1977). Uma maneira de reduzir essa
liberdade de ação era justamente o rompimento do sigilo de fabn-
cação, desmantelando-se sua razão de ser.
Em 1474, a República de Veneza promulgou a primeira lei
específica sobre patentes, beneficiando os fabricantes independentes
de vidro de Murano (RIMMER e GREEN, 1985), proclamando através
de uma /itterae-patente, ou seja, uma carta-aberta, um compromisso
entre o Estado e um cidadão, pelo qual o governo manteria um
monopólio de manufatura para o segundo no seu ten-itório, durante
um período regular de tempo e, em troca, este divulgaria seus proce-
dimentos de fabricação. Note-se que esses procedimentos deveriam
ser recém-inventados, pois na época as corporações não abriam
mão dos seus segredos. Uma vantagem adicional para o Estado (e
também para a civilização), com a divulgação dos inventos, era o
próprio desenvolvimento da técnica, já que o regime de
autocontrole das corporações evitava a adoção de inventos que
pudessem representar um avanço de uma oficina em particular.
Assim, qualquer inovação só poderia ser posta em uso pelo consenso
dos mestres oficiais, o que era raro.
Seguindo o modelo veneziano, vários Estados passaram a
adotar esquemas semelhantes, e o direito de patentes foi sendo
aperfeiçoado. Em 1624, o Parlamento da Inglaterra promulgou o
Statute of Monopolies, que é a base do sistema contemporâneo
de patentes. A lei considerava como novidade inventiva qualquer

157
produto ou processo de manufatura não conhecido ainda no
Reino Unido, independentemente de já ser conhecido ou usado em
outros países, daí resultando diversos conflitos sobre os direitos da
novidade, cuja solução só foi possível a partir de 1714, quando a lei
passou a obrigar o inventor a providenciar a descrição completa da
sua invenção no pedido de patente, de modo a melhor esclarecer
o julgamento de pendências.
Em meados do século XIX, a prática de concessão de patentes
já estava desenvolvida e adotada como legislação nacional na maioria
dos países integrantes da Revolução Industrial. Entretanto, a proteção
aos direftos de estrangeiros não era ainda regulamentada, dificultando
a apresentação de invenções em exposições internacionais, tal
como sucedeu na Exposição de Viena de 1873, quando a negativa
dos estrangeiros em divulgar suas inovações, sem garantias de
proteção contra cópias não autorizadas, quase a 1nviabilizou. O
efeito imediato foi a realização do Congresso de Viena para a
Reforma das Patentes, que iniciou um entendimento sobre a
abrangência internacional da proteção legal. Continuado em Paris,
em 1878 e I 880, o movimento finalizou pela Convenção da
União de Paris para a Proteção da Propriedade Industrial de 1883,
apoiada inicialmente por apenas 14 países, mas evoluindo rapida-
mente até contar na atualidade, após dez revisões, 1 com mais de
140 países membros (OMPI, 1998).
No que diz respeito ao Brasil, já na Constituição imperial de
1824 foram incluídos alguns di'spositivos de forma a garantir ao
inventor nacional a propriedade das suas invenções. Em 1883, o

I A última revisão, feita em 1967. é conhecida como Ata de Estocolmo.

158
Brasil continuava atento ao assunto, tendo subscrito a Convenção
da União de Paris, estando entre os países que inicialmente a
apo1aram. Desde então a legislação pertinente tem evoluído, de
acordo com a importância dada à indústria e ao intercâmbio
comercial, até a recente promulgação da Lei 9.279/ I 996.

12.3 Ü SISTEMA DE PROPRIEDADE INDUSTRIAl

O instrumento de patente de invenção é um dos principais


componentes do sistema internacional de propriedade industrial.
Este sistema é considerado como o conjunto de leis e tratados que
tem o objetivo de proteger todas as formas de ativos intangíveis da
indústria, ou seja, a riqueza não-material gerada paralelamente à
fabricação de bens materiais, e representada por valores voláteis,
tais como a tecnologia utilizada, o conceito da empresa junto à
clientela, o seu reconhecimento frente aos concorrentes etc.
Uma outra modalidade de propriedade industrial, também
1mportante para a indústria e o comércio, é a marca de negócio,
geralmente conhecida como marca registrada ou através do símbolo
®, com a função de atestar que a mercadoria que se está comprando
foi fabricada por determinada indústria. A marca está associada à
conquista do mercado pelo fabricante e ao seu prestígio junto ao
consumidor, e daí seu valor Intrínseco.
Fazem parte também do sistema duas outras modalidades de
bens intangíveis, menos abrangentes e ma1s recentes em termos de
regulamentação. Uma delas é a patente de modelo de utilidade (ou
mero registro, dependendo do país), definido como a modificação
real1zada num objeto já conhecido ou numa parte dele, que tenha
uso prático e seja de aplicação industrial, capaz de melhorar seu

159
uso ou sua fabricação. Essa modalidade se aplica à evolução e
modernização de ferramentas, máquinas e objetos, ou ainda à
sua adaptação para novos usos.
A quarta modalidade é o registro de desenho industrial,
definido como o design (bi ou tridimensional) dos ornamentos
característicos de um objeto (como uma garrafa de refrigerante)
ou do conjunto de linhas e cores que podem ser aplicados ao
objeto (como um rótulo), de modo a destacá-lo visualmente, distin-
guindo o produto dos concotTentes.
A legislação de propriedade industrial, apesar de ser soberana
em cada país, tende a uniformizar seu teor e abrangência graças
aos tratados internacionais, já que o interesse econômico sobre
esse patrimônio transcende as fronteiras nacionais.
É interessante notar que o sistema de propriedade industrial
faz parte de um outro sistema mais abrangente, o da propriedade
intelectual, englobando todos os processos criativos humanos
em todos os campos de atividade, regendo também os direitos
sobre a divulgação das obras literárias, artísticas, arquitetônicas e
musicais. Os direitos sobre a propriedade intelectual na área
artística, conhecidos como direitos autorais ou copyright ou ainda
pelo símbolo ©, são delimitados em legislação específica nos países
e organizações internacionais, a partir da Convenção de Berna
de 1886.

12.4 A ORGANIZAÇÃO INTERNACIONAL DO SISTEMA DE PATENTES

É importante destacar os princípios básicos estabelecidos


pela Convençãp da União de Paris e o papel exercido pela OMPI
e pelo EPO na organização internacional do sistema de patentes.

160
12.4.1 A CONVENÇÃO DA UNIÃO DE PARIS

São três os princípios básicos acordados em 1883 na Con-


venção da União de Paris e chamados princípios unionistas. O
primeiro refere-se ao tratamento nacional, pelo qual os países- mem-
bros devem dar igualdade de tratamento aos inventores nacionais e
estrangeiros, na tramitação dos depósitos de patente, desde que
estes últimos sejam súditos unionistas, ou seja, originados de outros
países-membros da União. Normalmente exige-se que a documen-
tação esteja na língua do país onde se faz o depósito do pedido.
Esse status inclui tanto indivíduos como empresas.

O segundo princípio é o da prioridade unionista, pelo qual


fica garantido ao depositante de uma patente original, em qualquer
um dos países signatários, o direito de salvaguarda da novidade
em todos os demais países-membros pelo prazo de um ano, para
que tenha tempo suficiente de proceder ao depósito dessa patente
em qualquer outro país unionista que quiser. As solicitações pos-
teriores de depósito serão consideradas como tendo a mesma
data da primeira, a qual é denominada solicitação prioritária.
O terceiro princípio refere-se à independência legal, pelo
qual ressalva-se que a patente só tem validade no território do
país que a concede, mesmo sendo unionista. Cada país tem inteira
liberdade de legislar e organizar seu controle sobre a propriedade
industrial, mas na prática essa liberdade tem sido cada vez mais
restringida por tratados e por pressões políticas e econômicas.
A União de Paris estabeleceu também uma padronização
mínima dos procedimentos, requerendo dos países participantes
a organização de um escritório central para a tramitação e divulgação
das patentes. O escritório deve publicar regularmente um boletim

161
com os nomes dos detentores das patentes concedidas, bem como
um resumo das invenções patenteadas. A maioria dos países inclui
nessa publicação outras informações úteis, tais como índices, reivin-
dicações principais de cada patente, andamento dos protocolos etc.
A única grande modernização do sistema ocorreu recente-
mente. Até os anos 60, a descrição do invento depositado para
patenteamento (chamada especificação) ficava indisponível ao
público até que tivesse sido examinada pelo escritório nacional.
Às vezes, vários anos se passavam antes da publicação e, assim, os
inventos de patenteamento negado permaneciam desconhecidos.
Em 1964, a Holanda iniciou um novo proced1mento de exame
conhecido como exame adiado (deferred examinotion), ou publi-
cação prévia, no qual a especificação é invariavelmente publicada
18 meses após a data de depósito, acompanhada por um relatório
de busca quanto ao aspecto de novidade, compilado pelo escritório
de patentes. O solicitante tem então algum tempo para decidir
se requer ou não a continuidade do exame de patenteabilidade
(na prática, mais da metade das solicitações não prossegue, já que
não contém novidade). Se o inventor, porém, decide continuar o
processo, e sua invenção é patenteada, a especificação é publicada
pela segunda vez com as correções necessárias. Esses dois estágios
de publicação são diferenciados pela adição das letras A ou .6_ ao
número de série da publicação da patente (RIMMER e GREEN, 1985).
Em cada país unionista onde for feito o depósito da soliótação,
há que se cumprir todos os trâmites burocráticos previstos na
respectiva legislação nacional, principalmente quanto ao pagamento
de taxas e prazos a cumprir. Normalmente também é requerido
que o solicitante mantenha um domicílio local ou que constitua
ali um procurador. Para a redução da carga burocrática tem-se

162
buscado a implantação de organismos internacionais de controle
de patentes, com procedimentos centralizados e abrangentes para
a sua concessão.
A tendência atual é de que todas as nações acabem por aderir
à União, já que a criação da Organização Mundial do Comércio,
através do Tratado de Marrakech de 1994, toma obrigatório o cum-
primento das principais disposições unionistas por parte dos seus
estados-membros, através da convenção denominada TRIPS
(Trade-related Aspects oflntel/ectual Property Rights, ou assuntos de
propriedade intelectual relacionados com o comércio).

12.4.2 A ÜRGANIZAÇÃO MUNDIAL DE PROPRIEDADE INTELECTUAL

A Organização Mundial de Propriedade Intelectual (OMPI) é um


organismo da ONU com sede em Genebra, que tem a incumbência
de administrar o Tratado de Cooperação sobre Patentes (TCP),
assinado em Washington em 1970. O tratado unifica os procedi-
mentos para que uma solicitação depositada em qualquer país signa-
tário possa ser objeto de uma busca internacional quanto ao aspecto
da novidade. A especificação e o relatório de busca são publicados I 8
meses após a data de solicftação, sempre em inglês. Se o interessado
prosseguir no processo de patenteamento, a solicitação é encami-
nhada, para exame, aos escritórios dos países por ele designados. A
apresentação via TCP poderá estender os prazos de apresentação
nacional para até 30 meses. Esse tratado não interfere com a con-
cessão da patente, sempre afeta à soberania dos Estados e atua
apenas no que diz respeito à pesquisa quanto à novidade. Entretanto,
ele pode também viabilizar um exame preliminar nos aspectos de ati-
vidade inventiva e aplicação industrial, útil para os países emergentes,
que não têm uma estrutura completa de controle de patentes.

,.,
A OMPI criou o lnternational Patent Documentation Center
(INPADOC) em 1972, com sede em Viena. Esse organismo
gerencia a base de dados computadorizada CAPR/, contendo todos
os documentos de patentes anteriores a 1975 2 (cerca de 15 milhões),
além da documentação atualizada de propriedade industrial de
49 países e organizações, representando 95% das patentes em
vigor no mundo.

12.4.3 EuROPEAN PATENT ÜFFICE

O European Patent Offke (EPO) ""àJ administra os termos da


Convenção Européia de Patentes, também chamada de Convênio
de Munique, em vigor desde 1978, permitindo que uma única soli-
citação de depósito seja feita em um de seus escritórios (Munique,
Berlim ou Haia), ou ainda, pelo escritório nacional de qualquer país
europeu conveniado. O Convênio de Munique concede a proteção
patentária em todos os países-membros na Europa designados pelo
solicitante. Uma vez concedida, a patente européia é administrada
pelo escritório nacional de cada um dos países designados, como
se fosse uma patente nacional.

12.5 A ORGANIZAÇÃO DO SISTEMA DE PATENTES NO BRASIL

No Brasil, é importante destacar a lei relativa à propriedade


industrial e a atuação do INPI, fundamentais na organização de
seu sistema de patentes.

2. Antenor à padronização dos documentos definida pelo Acordo de Estrasburgo.

164
12.5.1 A LEI 9.279/1996
A atual lei de propriedade industrial (BRASIL, 1996) foi
promulgada para atender as exigências do acordo TRIPS sobre
o comércio internacional. Ela concede os quatro tipos de privi-
légios, conforme definido anteriormente neste capítulo. O mais
importante para este estudo é a patente de invenção, com
validade máxima de 20 anos, a partir da data de depósito, e não
menos de IO anos, a partir da concessão (para cobrir os casos de
tramitação demorada), sendo improrrogáveL Outro pnvilégio referente
a inovações é a patente de modelo de utilidade, com validade
máxima de I 5 anos, a partir da data do depósito, e não menos
de 7 anos, a partir da data de concessão, prazo também
improrrogável. Um outro prazo 1mportante é o da publicação do
pedido de patente pelo Instituto Nacional da Propriedade Industrial
(INPI) ~.feita 18 meses após a data de depósito, independentemente
da concessão (sistema de exame adiado). O requerimento de
continuidade do exame deve ser feito pelo interessado no prazo
máximo de 3 anos da data de depósito, caso contrário o proces-
so é arqu1vado.
A lei não considera patenteáveis, por não terem aplicação
industrial, as descobertas ou teorias científicas e métodos mate-
máticos; as obras literárias, artísticas ou qualquer criação estética;
os programas de computador; as técnicas cirúrgicas, bem como
métodos terapêuticos ou de diagnóstico, e ainda o todo ou parte
de seres vivos naturais e materiais e processos biológicos como
encontrados na natureza. Também são matérias não privilegiadas
com patente no Brasil (embora possam ser invenções originais)
qualquer produção atentatória à segurança e à saúde públicas, bem

165
como as matérias, elementos e produtos resultantes de transformação
do núcleo atômico.
Em relação à legislação preexistente, é importante notar
que a lei atual reconhece a patenteabilidade de produtos químicos,
alimentícios, farmacêuticos e medicamentos, bem como dos
microorganismos transgênicos, ou seja, aqueles que possuem alguma
característica inédita, introduzida mediante intervenção humana
e não alcançável em condições naturais (WOLFF, 1998). A lei
reconhece também a possibilidade de uso não-autorizado de uma
patente, desde que em caráter privado, sem ftns comerciais e que
não acarrete prejuízo econômico ao detentor.
A nova lei introduziu o dispositivo de certificado de adição,
para atender a casos de aperfeiçoamento feitos a posteriori numa
invenção que já está sendo objeto de exame de patente, quando
tal aperfeiçoamento não tenha condições, por si mesmo, de obter
uma patente independente.
A lei abriu ainda ao detentor a possibilidade de colocar a
patente em estado de oferta de licenciamento para terceiros,
durante o qual as taxas de anuidades reduzem-se em 50%.

12.5.2 Ü INSTITUTO NACIONAL DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL

O INPI, autarquia ligada ao Ministério do Desenvolvimento,


Indústria e Comércio, com sede no Rio de Janeiro, foi criado pela
Lei 5.648/1970, obedecendo às recomendações da União de Paris,
sendo portanto o escritório brasileiro encarregado do controle
da concessão de patentes e registro de marcas.
Para a concessão da patente, adotado o conceito de novidade
absoluta da invenção, torna-se necessária a consulta a coleções

166
especializadas para se avaliar o estágio de evolução da tecnologia
em âmbito mundial. O Centro de Documentação e Informação
Tecnológica (CEPIN) do INPI é o setor encarregado de propor-
cionar os serviços e programas para facilitar o acesso a essa infor-
mação especializada, sendo sua estrutura composta pela Divisão
de Documentação (DIDOC) e pela Divisão de Informação
Tecnológica (DINTEC).
A DIDOC tem como encargo a gestão da coleção de todos
os documentos de cunho tecnológico, em âmbito nacional e inter-
nacional, sendo, por sua vez, composta pela SADTEP-Seção de
Documentação de Patentes e pela BIDTEC-Biblioteca Técnica.
A primeira administra o Banco de Patentes que recebe mensal-
mente cerca de 30 mil documentos dos países e organizações com
os quais o Brasil mantém convênio. 3 Computando-se patentes
brasileiras, o banco tem um acervo de mais de 18 milhões de
documentos de patentes. A BIDTEC é uma biblioteca especializada
em propriedade industrial e tecnologia, com cinco mil volumes.
Está encarregada também de publicar trimestralmente o boletim
Tec Informe, destinado a divulgar artigos e trabalhos técnicos na
área. A DINTEC tem como tarefa a coordenação e execução
dos programas de recuperação, análise e disseminação da informação
tecnológica, sendo composta pela SAOBUS-Seção de Orientação e
Buscas e SADIVU-Seção de Divulgação. A SAOBUS é encarregada
de pesquisas e buscas de informação tecnológica seja no Banco de
Patentes do INPI, seja em bases de dados eletrônicas. Esta seção
pode também prestar serviços remunerados de busca para qualquer

3. Austrália. Canadá. EUA. França, Grã-Bretanha, Japão, Alemanha, Suíça. Espanha, Rú>sia.
Holanda. OMPI e EPO.

167
1nteressado. A SADlVU é responsável pela d1sseminação da
informação tecnológica. Administra o Programa de Fornecimento
Automático de Informação Tecnológica (PROFINT) encarregado
de fornecer cópias de patentes sobre temas específicos às empre-
sas brasileiras interessadas. Desenvolve ainda três programas de disse-
minação de informação tecnológica, denominados Monitoramento
Tecnológico, Prospecção Tecnológica e Radiografia Tecnológica,
sobre temas específicos, como, por exemplo, construção civil.
Para facilitar a pesquisa de patentes, o CEDlN está implantando
bancos de dados setoriais em diversas associações de classe e
pólos industriais. Já foram estruturados os bancos dos pólos de
eletroeletrônica, em Manaus; de fundição, em São Paulo; de couros
e calçados, em Porto Alegre, e de informática, em Brasnia. Além
disso, foi colocado à disposição o acesso online através da Internet
à base de patentes brasileiras a partir de 1992.

12.6 A PATENTE COMO FONTE DE INFORMAÇÃO TECNOLÓGICA

O documento de patente é, em tese, a mais importante fonte


pnmária de informação tecnológica, pois permite o conhecimento
de inovações fundamentais para a indústria, imediatamente e a partir
da descrição original do invento. Além disso, já que as patentes têm
restrição territorial (só vigoram nos países que as concederam),
cerca de 95% das patentes válidas nos países industrializados são
de domínio público nos demais, podendo ser livremente usadas
(ARAÚJO, 1984). Entretanto, tem sido constatado que raramente
a patente é levada em consideração no momento da busca de
informações técnicas.

168
12.6.1 POSSIBILIDADES DE USO

Várias possibilidades se apresentam no uso de patentes


como fonte de informação tecnológica. Por exemplo, patentes
recém-publicadas podem atuar como indicadores do estado-da-arte,
apresentando a informação mais recente num dado setor da técnica,
pois o pedido de patente deve necessariamente demonstrar o
que preexistia e o que está sendo reivindicado como novidade.
A patente apresenta a informação técnica bem antes que as demais
fontes bibliográficas: na maioria dos casos, ela já está disponível
antes do produto entrar no mercado. Ela informa detalhadamente
sua aplicação por meio da descrição da invenção e dos necessários
diagramas e desenhos explicativos, sendo mais abrangente e
minuciosa do que os artigos de penódicos ou a documentação
do fabricante.
No caso de uma negociação de transferência de tecnologia,
o conhecimento das patentes permite a identificação tanto de
alternativas técnicas para o atendimento das necessidades da
indústria, quanto de empresas capacitadas no setor considerado.
A informação das patentes cobre praticamente todos os setores
da técnica humana, sendo sempre a informação mais atualizada
em qualquer campo industrial.
Uma análise de cunho temporal pode ser realizada sobre um
conjunto de patentes de um determinado setor industrial, indicando
como tem sido sua evolução e apontando novos caminhos de
desenvolvimento, para os quais podem ser direcionados os esforços
de modernização da indústria. Já a análise de um conjunto de patentes
de um dado setor industrial, originadas de vários países, pode indicar
tendências na evolução desse setor, de acordo com as características

169
nacionais, em termos de economia, recursos naturais, mercado etc.,
podendo originar alertas tecnológicos para empresas e governos.
O documento de patente identifica com clareza as datas
de prioridade e de concessão da carta-patente, os inventores, os
titulares, seus endereços etc., possibilitando um conhecimento
imediato da sua situação legal e facilitando o contato direto com
o titular para negociações sobre licenciamento ou obtenção de
know-how específico.
Costumeiramente, as invenções de certa importância são
patenteadas em vários países, formando a família de patentes, ou
seja, o mesmo documento traduzido em diversas línguas, facili-
tando desse modo sua compreensão pela escolha da língua mais
apropriada, eliminando-se esse tipo de barreira.

12.6.2 RESTRIÇÕES AO USO

Algumas restrições podem ser observadas quanto ao uso


das patentes como fonte de informação técnica. A maior delas é
o desconhecimento do tipo e da estruturação da informação nelas
contida. Há também a tendência em acreditar-se que as informações
relevantes estarão disponíveis em periódicos técnicos, embora várias
pesquisas tenham demonstrado que apenas uma parcela diminuta
das informações contidas em patentes será divulgada em qualquer
outro meio, sem demora e integralmente. Além disso, o volume
de patentes é assombroso: são publiCados anualmente mais de
um milhão de solicitações de patentes, embora o número real de
invenções seja menor - cerca de trezentos mil - por causa das
familias de patentes. O total estimado até 1990 era de 35 milhões
de documentos.

170
Na busca de dados tecnológicos faz-se pouco uso das citações
de patentes. Isso pode ser atribuído a vários fatores, sendo impor-
tante lembrar primeiro que em poucos países as especificações
publicadas oficialmente contêm referências. Quando ocorrem, não
têm a mesma ftnalidade que as referências de artigos de periódicos,
sendo feitas pelo examinador do escritório nacional de propriedade
industrial para alertar o requerente sobre outras patentes que
podem afetar a novidade de sua invenção. Além disso, não existe
uma fonte de citações de patentes, como ocotTe com os artigos de
periódicos. O mais grave é que os artigos publicados em periódicos,
quando o fazem, citam deficientemente as patentes seJa deixando
de mencionar dados importantes, tais como a data de prioridade ou
o código de identificação internacional CIP (Classificação Interna-
cional de Patentes), seja citando esse código de modo incompleto.
Em vários setores industriais todas as inovações são paten-
teadas. Entretanto, em outros, tais como telecomunicações, energia
nuclear, química fina e farmacêutica, isso não ocotTe seja por falta
de interesse da própria indústria (que prefere a via do segredo indus-
trial), seja pela proibição legal de patenteamento de certas classes
de produtos. Desse modo, não se pode garantir que uma busca de
informação em patentes será exaustiva para toda a tecnologia em
certos campos.
Na maioria dos países, a localização física do escritório
nacional também contribui para dificultar o acesso aos bancos de
patentes, fato que tende a ser superado tanto pelo acesso remoto
via computador, quanto pela organização de coleções específicas
em bibliotecas regionais e centros industriais.
Quando se trata do Terceiro Mundo, há uma tendência em
ignorar-se os documentos locais de patenteamento, o que é um

171
erro, conforme aponta ARMIT AGE ( 1980), porque eles fornecem
dados sigl!ificativos, mostrando o tipo de tecnologia que é desen-
volvida domesticamente, bem como as invenções estrangeiras que
as indústrias consideram de valor para exploração local.
O interesse dos tecnologistas quanto ao uso de patentes
também é bastante restrito, por motivos um pouco diferentes
dos acima citados. Em primeiro lugar, é fato que as especificações
de patente são escritas e desenhadas pelos próprios solicitantes,
contendo o que eles querem dizer e não aquilo que os outros
estão interessados em conhecer, dificultando portanto a com-
preensão por terceiros. Mesmo sendo detalhado, o documento
de patente não contém tudo e, muitas vezes, é mais rápido e
barato colocar a invenção em uso com o auxílio do inventor do
que tentar interpretar sua descrição. Além disso, em setores
industriais de rápida evolução tecnológica, há o risco da
especificação estar superada já no momento da publicação.
Por último, sabendo-se que a patente é depos'rtada antes que
o invento possa ser comercialmente explorado, nada garante o
sucesso futuro de sua exploração, trazendo um importante elemento
de incerteza quanto à sua utilidade.

12.6.3 fACILJTADDRES DO USO

Visando contornar vários dos obstáculos acima apontados,


alguns tratados internacionais foram implementados desde a década
de 70, uniformizando certos aspectos da informação patentária e
facilitando assim sua consulta e recuperação.

• Padronização internacional do documento de patente


Para possibilitar o acesso mais rápido e de maneira uniforme

172
aos dados contidos nas patentes, o Acordo de Estrasburgo
de 1971 definiu um padrão de apresentação quanto ao seu
formato e conteúdo, bem como uma codificação por assunto,
para possibilitar sua rápida recuperação. Esse acordo foi posto
em uso desde 1975 na maioria dos países e organizações
internacionais, estando presente em quase 18 milhões de
documentos já em 1990 (SANTOS, [s.d.]).

A forma-padrão de identificação dos dados do documento


de patente é feita pelas normas ST da OMPl, divulgadas no Patent
lnformation and Documentation Hondbook, como, por exemplo:

- Norma ST.03 - código de país com duas letras;

- Norma ST.I O - apresentação de datas, unidades de


classificação, etc.;

-Norma ST.l6- código para identificação dos tipos de


documentos de patentes.

O documento de patente padronizado é formado pelas


seguintes partes:

- folha de rosto - contém dados bibliográficos essenciais,


tais como a classificação internacional, nomes do inventor
e do depositante, título da invenção, número da patente,
datas de depósito e de publicação, além do resumo;

-relatório descritivo- descrição pormenorizada do invento,


indicando o estado-da-técnica, o problema a ser resolvido
e como resolvê-lo. Demonstra ainda sua aplicação
industrial, podendo conter esquemas, diagramas e desenhos;

171
- reivindicações - delimita aquilo que va'1 ser protegido
pela patente, ou seja, os elementos distintivos do invento
em relação a outros;

- resumo da patente - descrição sucinta do invento, fazendo


parte da folha-de-rosto.

• Código internacional de identificação de dados bibliográficos


Para possibilitar a identificação uniforme dos dados biblio-
gráficos das patentes, foi criado o código INID (lnternationally-
agreed Numbers for the ldentification of Bibliographic Data on
Patent Documents), formado por dois algarismos. Alguns itens
dessa codificação são os seguintes:

li número do documento 43 data da publicação da


solicitação
12 designação do tipo 45 data da expedição da
de documento carta-patente
19 nome do país onde foi 51 código CIP do assunto
feito o depósito
21 número do depósito 54 título
22 data do depósito 57 resumo ou reivindicações
31 número de depósito 71 nome do depositante
da prioridade unionista
32 data de depósito 72 nome do(s) inventor(es)
da prioridade
33 nome do país de depós'1to 73 nome do(s) titular(es)
da prioridade

• Classificação Internacional de Patentes


Para a recuperação da informação em patentes de invenção
e modelos de utilidade, foi criada pelo Acordo de Estrasburgo
de 1971 a codificação CIP (Classificação Internacional de

174
Patentes) gerida pela OMPI. Para acompanhar a contínua
evolução da técnica, a CIP vem sendo revista regularmente a
cada cinco anos, e sua 6i! edição, adotada em 1995, tem
validade até 1999. Os temas estão distribuídos em mais de 64
mil entradas, sendo a classificação composta hierarquicamente
por seções (8 tipos), classes ( 118 tipos), subclasses (616 tipos),
grupos e subgrupos. As seções são as seguintes:

- necessidades humanas correntes;

- técnicas industriais diversas, operações de


processamento, transporte;

-química e metalurgia;

- têxteis e papel;

- construções fixas;

- mecânica, iluminação, aquecimento, armas e explosivos;

- física;

- eletricidade.

A simbologia completa da classificação compõe-se de:

Seção Classe Subclasse Grupo Subgrupo


Exemplo o 21 c 009/ 147

O exemplo acima representa o assunto branqueamento de


posto de celulose poro papel com uso de oxigênio.
Quando o assunto específico a ser coberto pela classificação
se divide entre dois ou mais conjuntos técnicos diferentes (por

175
exemplo: branqueamento de fibras de celulose para uso
em papel ou para uso em tecidos), o sistema usa remissivas,
mostrando onde o assunto está classificado; qualquer que
seja esse assunto, ele estará sempre num código único, sem
ambigüidade (SANTOS, [s.d.J).

A classificação CIP está disponível em CD-ROM, contendo


um guia de utilização, um índice de palavras-chave para pes-
quisa, úma tabela de concordância dos códigos entre suas
diversas edições e também uma lista de códigos válidos entre
as edições versus seu período de validade.

12.7 ACESSO ELETRÔNICO À INFORMAÇÃO DE PATENTES

Não há dúvida de que o esforço internacional continuamente


despendido para organizar e uniformizar a informação técnica contida
em patentes indica a necessidade de metabolizá-la desde a fonte
primária. Isso agora é possível através da sua estruturação lógica
computadorizada, resultando num nível otim1zado de coerência
e inteligibilidade para essa enorme massa de dados e aumentando
assim seu valor de uso.
A leitura isolada de uma patente certamente não trará o
esclarecimento total do assunto desejado pelo pesquisador. É
então imprescindível o uso intensivo de métodos computacionais,
pesquisando as bases de dados especializadas para possibilitar a
descoberta das inter-relações desses dados. Essas relações se
estruturam finalmente como conhecimento estratégico, para ser
aplicado seja em desenvolvimento técnico, seja para
monitoramento do estado-da-arte e ainda outros usos, como
indicam os trabalhos de ROSTAING ( 1996) e SANTOS ( 1997).

176
Há dois tipos de bases de dados que devem ser considerados
para a realização de pesquisas. Do primeiro tipo são as bases de
dados exclusivamente sobre patentes, pertencentes a organizações
internacionais, como o EPO e a OMPI, ou ainda a organizações
comerciais especializadas, como a Dervvent lnformation. Do segundo
tipo são as bases de dados de resumos de artigos de periódicos e
outros tipos de documentos, que cobrem também patentes,
como a Chemica/ Abstracts.
Geralmente, as patentes anteriores ao início dos anos 70,
época de surgimento dos primeiros bancos de dados em compu-
tador, não estão bem cobertas. As principais exceções são a base
Claims/Us Patent Abstracts, cobrindo patentes americanas em
geral, a partir de 1963; a base WPI, da Derwent, cobrindo patentes
farmacêuticas após 1963; a base USC/ass também de patentes
americanas, desde 1798, mas usando somente os códigos de classi-
ficação do US Patent Office, e a base CAPRI do INPADOC.
Nas bases de dados as buscas podem ser divididas, grosso
modo, em três categorias: por assunto, por nome ou ainda por
números ou datas de referência. Essa última é usual apenas para
estabelecer uma concordância entre a data de solicitação e a da
publicação, ou para montar a família de patentes.
Na busca por assunto, a maioria das bases exige o uso de
combinações de palavras-chave, termos ou classes de patentes,
concatenadas por operadores booleanos (and, or; not etc.) para gerar
referências relevantes. Algumas bases são pesquisadas usando-se
palavras ou termos definidos pela própria organização provedora,
enquanto outras usam as próprias palavras do título, das reivin-
dicações ou do resumo da patente. Portanto, é preciso conhecer o
sistema de indexação da base antes de realizar a pesquisa.

177
É importante notar que algumas bases cobrem campos
específicos da tecnologia e contêm referências de patentes, junta-
mente com outros assuntos denvados de periódicos de resumos,
sendo preferíveis quando são usados termos que, numa base
geral, produziriam recuperações indesejáveis.
Nas bases de dados exclusivos de patentes, o código de
classificação pode ser o nacional ou CIP, mas podem também
existir sistemas de códigos próprios adicionais para melhorar o
desempenho. O único código nacional que ainda é usual é o
americano; entretanto, é necessário cuidado com a sua escolha,
já que sua atualização, segundo a revisão periódica do Manual of
Classi(!cation, não acontece em todas as bases.
Ao se pesquisar pela CIP também é preciso ter atenção. A
identidade de um subgrupo pode ser perdida numa referência
descuidada, levando a sérias imprecisões, uma vez que a hierarquia
entre os seus grupos depende do número de pontos precedendo
o título do subgrupo, e não exclusivamente da numeração deste,
sempre que os títulos de grupos e subgrupos forem iguais (essa
codificação por pontos foi definida para economia de espaço de
armazenagem magnética). Por exemplo:

- D 21 C-003/00 (grupo): redução química em pasta de


celulose;
_ D 2\ C-003/04 (subgrupo):. com ácidos, sais ácidos ou
anidridos ácidos;
_ D 21 C-003/06 (subgrupo): • • anidridos ou ácidos
sulfurosos; bissulfitos;
_ D 21 C-003108 (subgrupo):. • • bissulf1to de cálcio.

I 18
A pesquisa exclusiva pela CIP deve também levar em conta
as idiossincrasias do examinador do escritório nacional em cada
país, ao definir o assunto da patente e, portanto, ao conferir-lhe
um código próprio. Esse efeito pode ser reduzido examinando-se
toda a famnia de patentes equivalentes.
Na busca por nomes, pode-se pesquisar o inventor, o reque-
rente ou a empresa na maioria das bases. Os números e datas de
depósito e de publicação também podem ser pesquisados, mas
podem ser encontradas dificuldades, pela natureza não uniforme
desses dados de referência. Há restrições de ordem comercial
em algumas bases para pesquisa a partir da data de prioridade
unionista, não se permitindo montar a família de patentes sem o
pagamento de uma taxa extra, como as bases INPADOC e INPI-3
(escritório central da França).
No Brasil, a SAOBUS realiza costumeiramente a recuperação
informatizada online nos bancos de dados Dialog "· Questei-
Orbit " e STN, acessando mais de 190 milhões de itens de infor-
mação em cerca de seiscentas bases de dados internacionais.
Algumas organizações, tais como o EPO e o INPADOC.
tornam disponíveis suas bases de dados em CD-ROM, permitindo
o acesso oftline. Cientes da principal desvantagem desse formato
- desatualização das informações - elas produzem reedições
periódicas dos discos, fornecendo-as por assinatura.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ALMEIDA. P. R. A nova ordem mundial das patentes. Ciência Hoje, v.IS, n.BS,
p.I2-IS,out 1992.(Encarte).

179
ARAÚJO, V. M. R H. A patente como ferramenta de informação. Ciência da
lnfonnação, v.l O, n.2, p.27-32, 1981.

____ . Uso da informação contida em paterrtes nos países em desenvolvimento.


Ciência da Informação, v.l3. n.l, p.53-56, 1984.

ARMIT AGE, E. Patent documents as a source ofinformation for the transfer of

technology. Wor!d Patent /n(ormation, v.2, n.l, 1980.

BRASIL. Lei n. 9.279- 14 maio 1996. Regula direitos e obrigações relativos à


propriedade industrial. Dtirio Oficial, Brasrlia, 15 maio 1996. Seção I, p.8353-
8366.

De la TORRE, C. T. Patentes y vigilancia tecnológica. Panorama da Tecnologia,


n.l2, p.26-28, maio 1994.

EISENSCHITZ, T. M., LAZARD,A. M., WILLEY, Cj. Patentgroups andtheirrelationship


with joumalliterature.joumalo(/nformation Science, v.l2, p.53-58, 1986.

FRANÇA. R. O. A patente como fonte de informação tecnológica. Perspectivas


em Ciência da Informação, Belo Horizonte, v.2, n.2, p.235-264, juildez. 1997.

HUBERMAN, L. História da n"queza do homem. 13.ed. Rio de Janeiro: Zahar, 1977.

INSTITUTO NACIONAL DA PROPRIEDADE INDUSTRIAL. Curso de proprie-


dade industrial na área de informação tecnológica. Rio de Janeiro: INPL 1994.

(Circulação interna).

LIEBESNY, F., HEWITI,J. W., HUNTER, P. S., HANNAH, M. The scientific and

technical information contained in patent specifications: the extent and time


factors ofits publication in otherforms ofliterature. The lnformation Scientist,
p.l65-177, Dec. 1974.

MONTERO, j. G. Requisitos y formalidades para la protección nacional e inter-

nacional de las patentes. Revista General de Derecho, Valencia, n.S70, p.IS39-

1570, 1992. (Separata).

180
NICHOLAS, D. The metamorphosis o(a medieval city:Ghent in the age ofthe
Arteveldes, I 302-1390. Lincoln: University o f Nebraska Press. 1984.

OPPENHEIM, C Recent changes in patent law and their implications for


information services and information scientists.jouma/ o(Documentation,
v.34, nJ, p.217-229, 1978.

____ . Patent novelty: proposals for change and their possible impact on
information scientists.jouma/ of/nfonnation Science, v. IO, p.l81-186, 1985.

ORGANIZACIÓN MUNDIAL DE LA PROPRIEDAD INTELECTUAL. E!

Convem'o de París para la protección de la propriedad industn'al. [s.I.J, 1998.


35p. (Seminario Nacional de la OMPI sobre Propriedad Intelectual para
Universidades, Belo Horizonte, abril de 1998).

RIMMER, B. M. Abstract journals: a survey of patents coverage. joumal of

Documentat!'on, v.44, n.2, p.l59-165, ]une 1988.

RIMMER, B. M., GREEN, A Patent information: a review of recent changes.jouma/


ofDocumentation, v.41, n.4, p.247-266, Dec. 1985.

ROST AING, Hervé. La bib/iométrie et ses techniques. Marseille: Sciences de la


Societé I Centre de Recherche Rétrospective de Marseille, I996. Cap.S: Les
brevets, p.89-l I I.

SANTOS, R. N. M. Rationa/isat1'on de l'usage de la c/assification intemational/e

des brevets par /'ana!yse fonctione/le, pour répondre a la demande de


J'infonnation industrielle. Marselha: Faculté des Sciences et T echniques de
Saint-jerome, de la Université de Droit. d'Economie e des Sciences d'Aix-

Marseille, [s.d.]. (Tese, doutorado em Ciência da Informação. Versão preli-


minar à defesa, provavelmente 1995).

____ .A propriedade industrial como fet~amenta de competitividade tecnológica.

TECBAHIA Rev. Baiana Tecnologia, v.l2, n.l, p.28-39, jan./abr. 1997.

181
SILVEIRA, Newton. A nova lei de propriedade industrial. TECBAH/A Rev. Baiana
Tecnologia, v.l2, n.l, p.l4-20, jan./abr. 1997.

WOLFF, Maria Teresa. La biotecnologJá y los procedimientos de patente en


Brast% [s.l.], I998. 13p. (Seminario Nacional de la OMPI sobre Propriedad
Intelectual para Universidades, Belo Horizonte, abril de 1998).

182
LITERATURA COMERCIAL

EDUARDO WENSE DIAS


BERNADETE SANTOS CAMPELLO

Literatura comercial (trade literature) é o nome utilizado por


profissionais da informação para designar o material produzido
por empresas e outras organizações, com o objetivo de promover
a venda de seus produtos e serviços. São catálogos de fabricantes
e de produtos, na forma de folhetos, folders ou brochuras e, mais
recentemente, de sítios na Internet
Empresas de projetos, de construção civil e indústrias neces-
sitam desse tipo de informação, pois suas atividades dependem do
conhecimento e da avaliação adequada de uma série de produtos
e serviços. Engenheiros e técnicos são obrigados a se manter
atualizados sobre novos produtos disponíveis no mercado pois, se
especificarem um produto obsoleto ou contratarem um serviço
inadequado, haverá certamente prejuízo para a empresa.
Outra função da literatura comercial é a de servir como fonte
de informação histórica. Uma boa coleção de catálogos de fabri-
cantes pode constituir um excelente instrumento de pesquisa para
historiadores que que1ram estudar o desenvolvimento
tecnológico, tomando como base os produtos industrializados.
Essa tendência tem levado muitas bibliotecas a darem um tratamento
bibliográfico mais sofisticado às suas coleções de catálogos de
fabricantes. Quando essas coleções são grandes, é comum a
existência de guias que as descrevem e orientam os interessados
em como usá-las. Em bibliotecas onde a função da literatura
comercial é atender usuários que necessitam fazer especificação de
materiais, as coleções são organizadas de forma a permitir a recu-
peração rápida e eficiente dos documentos.

13.1 CARACTERÍSTICAS

A literatura comercial aparece comumente sob a forma de


folhetos, folders ou brochuras, denominados de catálogos de fabri-
cantes ou catálogos de produtos, onde são descritas as caracterís-
ticas de um ou mais produtos de determinada empresa.
A quantidade de informação técnica contida nesse tipo de
material pode variar mas, de maneira geral, considerando-se que
o interesse ftnal é a venda, os catálogos procuram apresentar todas
as características importantes do produto anunciado, de modo a
facilitar a tarefa do técnico ou do administrador responsável pela
deCisão sobre qual produto será especificado. Algumas vezes,
tendo em vista a complexidade de certos produtos, as informações
dos catálogos têm que ser complementadas pessoalmente pelos
vendedores.
A natureza efêmera dessas informações e as rápidas mudanças
a que estão sujeitas fazem da Internet um canal excepcional para
sua divulgação. Embora planejada inicialmente como um canal de
informação acadêmica e de pesquisa, a Internet revelou enorme
potencialidade de aplicação comercial, hoje reconhecida por todos.
Com isso, a divulgação de produtos em sítios na rede tornou-se
uma prática comum a milhares de empresas.

184
A organização de uma coleção tradicional de literatura
comercial, na forma impressa, exige certos cuidados em todas as
etapas, desde a aquisição até o armazenamento. Embora seja gra-
tuito e considerando-se também o fato de que, quando solicitado,
os fornecedores têm sempre interesse em enviá-lo rapidamente,
a aquisição deste tipo de material exige um controle constante,
tanto do que foi pedido como do que foi efetivamente recebido.
Além disso, é necessário acrescentar sempre novos produtos ou
fabricantes, o que vai exigir uma constante monitoração do mer-
cado fornecedor.
A rápida desatualização que ocorre com uma coleção impressa
de literatura comercial, refletindo a obsolescência veloz dos pro-
dutos industriais na atualidade, exige uma constante renovação
da coleção. Entretanto, isso não significa que o descarte deva ser
feito tão logo o produto seja substituído por outro; em geral, o
catálogo que descreve um produto especificado em determinado
projeto deve ser mantido no acervo, mesmo que o produto tenha
saído de fabricação, pois ele constitui uma documentação
comprobatória em eventuais disputas judiciais relacionadas com
o projeto.
Finalmente, há a questão do armazenamento, que exige
cuidados especiais, tendo em vista a grande variedade de formatos
dos catálogos.

13.2 FONTES PARA IDENTIFICAÇÃO

A identificação e a localização de literatura comercial podem


ser feitas de diversas formas. Técnicos e especialistas constituem

185
a primeira fonte a ser consultada, pois estão constantemente
recebendo informações e em permanente contato com os forne-
cedores. Os periódicos especializados, que trazem publicidade
de produtos relacionados a sua área de especialização, são também
uma boa fonte, se a coleção estiver atualizada. Alguns facilitam o
trabalho de solicitação de catálogos, pois inserem em suas páginas
cartões de pedidos de informações suplementares sobre os pro-
dutos que anunciam. Feiras e exposições também são excelentes
fontes para obtenção de literatura comercial, considerando-se que
dão especial destaque às últimas novidades do setor de atuação.
Além dos catálogos produzidos pelas empresas para publici-
dade de seus próprios produtos, existem organizações especializadas
que reúnem informações sobre produtos de diversos fabricantes
em uma única publicação, facilitando o trabalho de identificação.
O Noticiário de Equipamentos Industriais (NEI) ~ é um exemplo.
Publicado desde 1960, pelo Grupo Lund, divulga todas as novidades
em produtos e equipamentos industriais brasileiros e internacionais.
Com o nome de NEI Brasil desde 1974, a publicação, em formato
tablóide, funciona também como um elo entre fabricantes e com-
pradores, fornecendo, a pedido dos interessados, informações
sobre os produtos que divulga. O NEI Sponish Latin Americo é a
versão em língua espanhola do NEI Brasil, sendo destinado aos
pa(ses hlspano-americanos.
Os diretórios ou listas de empresas ou de produtos comerciais
e industriais são fontes importantes para obtenção de literatura
comercial. Nos Estados Unidos, existem editoras que publicam
esses diretórios há mais de 80 anos, como é o caso da Thomas
Publishing Company ""'D. Atualmente, publica 24 guias de compras, 29

186
periódicos de novos produtos, dois serviços de troca de informação
sobre produtos, uma revista sobre automação de fábricas, três guias
de seleção de software, e uma publicação para ajudar compradores
a selecionar as modalidades mais eficientes de transporte, em
termos de custo-benefício, para seus fretes. Muitas dessas publi-
cações estão disponíveis tanto na forma impressa, quanto em
CD-ROM e em formatos Internet. A Thomas, aliás, está presente
na Internet, com um sítio onde é possível obter informações sobre
cerca de I,5 milhões produtos e serviços.
Um tipo diferente de serviço é oferecido por organizações
como o IHS Group, que especializou-se no fornecimento dos
próprios catálogos de fabricantes, através de microforma ou de
CD-ROM. A IHS possui uma base dados com cerca de 13 milhões
de páginas, incluindo mais de nove milhões de imagens e, diaria-
mente, atualiza esse enorme acervo, que cresce na proporção de
mais de trezentas imagens por mês.

13.3 PUBLICAÇÕES DE EMPRESAS

Há um conjunto de publicações de empresas que pode ser


considerado uma forma de literatura comercial, embora sua finalidade
seja bem diferente da dos catálogos de produtos. São publicações,
geralmente periódicas, destinadas a vender não o produto, mas a
imagem da empresa. Algumas são destinadas a um público interno,
ou seja, aos empregados ou membros da organização, enquanto
outras visam atingir ao público externo, que são os clientes e
fornecedores (atuais e potenciais), assim como pessoas a quem
a empresa deseja manter informadas a respeito de sua atuação.
Há ainda publicações h1bridas cuja finalidade é atingir esses dois

187
tipos de audiência. As publicações de empresa têm, portanto,
uma clara função de relações públicas e não diretamente de venda.
Há quem tenha ido buscar as origens desse tipo de publicação
no século 11 a.C., com as cartas régias da dinastia chinesa Han
(REDDICK & ROWELL, citados por WALKER, 1974), que tinham
a função de manter a corte Informada sobre as decisões do impe-
rador. Já no século XVII, durante a dinastia Tang, transformam-se
em jornais ofiCiais e assim podem ser consideradas precursoras dos
modernos house orgons, que é o tipo mais conhecido de publicação
de empresa. Um outro precursor, na modalidade de publicação
Interna, foi o Lowe/1 Offering, publicado de 1840 a 1847 pelas
funcionárias do Lowell Cotton Mills; entretanto, não se encaixa
perfeitamente no conceito moderno, porque não era patrocinado
pela empresa.
O house organ (ou housejoumo0 1 é uma espécie de magazine
ou rev1sta contendo material informativo sobre a empresa ou de
interesse para a imagem da mesma. O primeiro house orgon surgiu
nos Estados Unidos, em I 887; foi o NCR Factory News, da empresa
National Cash Register, voltado para os empregados e publicado
até a década de 80, já com o nome de NCR World. O primeiro jornal
de empresa destinado ao público externo foi também publicado nos
Estados Unidos, em 1865, pela The Travelers lnsurance
Companies, em Hartford, Connecticut. Chamava-se The Travelers
Record, e sua tiragem inicial de cinqüenta mil exemplares é um
indicador da importância desse tipo de publicação.

I. Parece não existir qualquer tradução aceitável para esse termo em língua portuguesa, sendo
praxe na literatura conservar-se o termo original inglês.

188
A expansão do chamado jornalismo empresarial é um fato
observado em diversos países. Essa evolução pode ser constatada
em relação a vários fatores: o crescimento do setor nas empresas;
a utilização de sofisticada tecnologia eletrônica na sua produção;
e a mudança na forma e conteúdo das publ.lcações, que de neutras
passam a assumir o papel de agentes de mudanças culturais para
seu público alvo, assumindo um papel abrangente de catalisador
de opiniões, posturas e imagens para as empresas. Essa ampliação
do papel do jornalismo empresarial levou ao aparecimento de
um profissional com conhecimentos mais amplos e à utilização
de novas formas e linguagens de comunicação, que abrangem a
multimídia e seus inúmeros recursos.
No Brasil, esse tipo de publicação teve origem no início do
século XX. Os primeiros jornais de empresa no Brasil seguiam o
modelo de seus congêneres europeus e americanos e foram, prova-
velmente, uma forma de reação do empresariado ao surgimento
do jornalismo operário, que constituía uma das formas de forta-
lecimento do movimento operário.
As publicações de empresas aparecem geralmente na forma
de publicação periódica e podem apresentar os mesmos problemas
que afetam o periódico científico, mas de maneira mais aguda: irregu-
laridade, atraso e intetTupção de publicação, mudanças ii"eqüentes de
título e formato, normalização bibliográfica falha e outras. As dificul-
dades de seleção e aquisição são as mesmas já mencionadas com
relação aos catálogos de fabricantes.
Os sítios de empresas na Internet podem também cumprir
um papel semelhante ao dos house organs. São veículos mais que
apropriados para divulgar todo tipo de informação sobre a empresa
que possa ser do interesse de suas várias clientelas, com as vantagens

189
já sobejamente conhecidas que o meio eletrônico tem sobre os
meios impressos como canal de comunicação.
A.s publicações de empresas têm algumas organizações repre-
sentativas, a maior delas sendo a lnternational Association of
Business Communicators, sediada em San Francisco, Califórnia
(Estados Unidos). No Brasil, foi fundada em 1987 a A.ssociação Brasi-
leira de Editores de Revistas e jornais de Empresas (ABERJE "'ã:>) que
atualmente denomina-se Associação Brasileira de Comunicação
Empresarial com sede na cidade de São Paulo. A ABERJE publica
trimestralmente a Revista de Comunicação Empresarial, considerada
no mercado como publicação de referência na área de comunicação
de empresas no Brasil. Quizenalmente, publica o Newsletter Ação Aberje,
veículo de divulgação das principais notícias da comunicação empre-
sarial, parcerias e programas de desenvolvimento, que traz ainda uma
seção dedicada à divulgação de cursos e palestras para o mês.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BARBOSA. Marialva.jornalismo de empresa: uma reação ao movimento operário?


lntercom -Revista Brasi/eira de Comunicação, São Paulo, n.SB, p.64-75, 1988.

KING, D. Market research reports, house journals and trade literature. As!tb
Proceedings, London, v.34, n.l II 12, p.466-472, 1982.

SCIENCE ANO TECHNOLOGY LIBRARIES. The role oftrade literature in sci-tech


libraries. Binghamton, N.Y.: Haworth Press, v.l O, n.4, 1990. 135p.

SUBRAMANYAN, K. Scientific andtechnica/ in(onnation resources. New York:


M. Dekker, 1981. Cap. 9: House journals, p.l49-154.

TRADE literature in British libraries. London: Science Reference Library, 1985.

WALKER, A. House joumals. In: KENT, Allen, LANCOUR. Harold (Ed.). Encydopedia
ofltbrary and infonnation science. New York: M. Dekker, 1971. v. I I. p.61-64.

190
14"
'
REVISÕES DE LITERATURA

DAI'>Y PIRES NoRONHA


SUELI MARA SOARES PINTO FF.P.REIRA

A necessidade de atualização e de aqu1s1ção de novos


conhecimentos ex1ge do pesquisador uma busca constante de
informações obtidas em variadas fontes. Dado o acúmulo de
informação existente hoje e sua dispersão física, este acompa-
nhamento se torna mais e mats difícil, não somente pela Impossi-
bilidade de se acessar tudo o que existe e controlar toda a biblio-
grafia, como principalmente pela própria impossibilidade física -
limitação humana - de absorver toda a informação relevante e
disponível. Vánas são as ferramentas de que os cientistas neces-
sitam e se utilizam hoje para identificar, conhecer e acompanhar
o desenvolvimento de pesquisas em suas áreas de atuação. Uma
dessas é a revisão.
Trabalhos de revisão são estudos que anal1sam a produção
bibliográfica em determ1nada área temática, dentro de um recorte
de tempo, fornecendo uma visão geral ou um relatório do estado-
da-arte sobre um tóp1co específico, evidenciando novas idéias,
métodos, subtemas que têm recebido maior ou menor ênfase na
literatura selecionada. Assim, a consulta a um trabalho de revisão
propÍCia ao pesquisador tomar conhecimento, em uma única fonte,
do que ocorreu ou está ocorrendo penod1camente no campo
estudado, podendo substituir a consulta a uma série de outros
trabalhos. As revisões podem também contribuir com sugestões
de idéias para o desenvolvimento de novos projetos de pesquisa.
Ao lado de bibliografias especializadas, índices e abstracts, servem
como fontes na identificação de trabalhos de interesse do pesqui-
sador.
Segundo BRUNNING, citado por VIRGO ( 1971. p.278),

uma boa revisão contém uma boa bibliografia: assim, as referências


citadas nas revis5es constituem-se, em larga escala, em uma biblio-
grafia de bibliografias e, como tal, representa um recurso adicional
para acesso a grande volume de literatura, sendo, muitas vezes, o
meio mais rápido para se identificar literatura específica de um
assunto específico.

A necessidade de uma produção sistemática de revisões é


indiscutível. A função dos revisores e compiladores~ de digerir,
consolidar, simplificar, analisar, comparar informações dispersas e
reempacotá-las de modo a torná-las úteis para dada categoria de
usuários ~ é uma atividade essencial para que ocorra o efetivo
uso da informação e do conhecimento e para que não se percam
itens relevantes.
A revisão só pode ser feita por especialistas que, além de
coletar a literatura, analisam o assunto, acrescentando o seu próprio
conhecimento ou domínio da área para o desenvolvimento da
mesma. A revisão desempenha importante papel na transferência
da informação entre cientistas e os seus pares, conforme atestam
algumas pesquisas realizadas sobre sua utilização (BUTKOVICH,
1996; SAYERS et ai., 1990).

192
14. 1 CARACTERÍSTICAS

As revisões podem ser classificadas segundo seu propósito,


abrangência, função e tipo de análise desenvolvida.
Quanto ao propósito podem ser:

• analíticas
São feitas como um ftm em si mesmas, por pesquisadores
que se dedicam a efetuar, esporádica ou periodicamente,
revisões sobre temas específicos, de modo que a somatória
desses estudos possa, a longo prazo, fornecer um panorama
geral do desenvolvimento de uma determinada área, com
suas peculiaridades, sucessos e fracassos. Seria como um
olhar por cima refletindo e agrupando os vários desenvolvi-
mentos ocorridos em uma área de assunto;

• de base
São aquelas cujo propósito não é ser um fim em si mesmo,
mas, ao contrário, servir de apoio, suporte para a comprovação
ou não de hipóteses e idéias em pesquisas científtcas. São as
revisões de literatura desenvolvidas como respaldo teórico
de teses, dissertações e projetos científicos.

Quanto à abrangência, podem ser:

• temporais
Quando tratam do assunto dentro de um período estipulado,
normalmente identificado nos trabalhos;

• temáticas
Nesse caso, todo o trabalho de revisão é calcado em um

193
recorte específico de um tema; quanto mais específico o
tema, mais profunda a abordagem de revisão.

Quanto à função, podem ser:

• históricas
À medida que arr'Oia literatura retrospectiva de forma com-
pacta, como parte integrante do desenvolvimento da ciência,
permite a comparação de informações de fontes diferentes:

• de atualização
Notifica sobre a literatura publicada recentemente, permi-
tindo a identificação de informações para o desenvolvimento
corrente do conhecimento. Assim, serve como um serviço
de alerta, tanto para aqueles que se aprofundam no tema
como para os pesquisadores inie~antes em um novo projeto,
chamando atenção para os trabalhos mais importantes sobre
o assunto coberto.

Quanto ao tratamento e abordagem dadas aos trabalhos


analisados:

• bibliográficas
Considerada como uma bibliografia anotada. Consiste em um
apanhado dos documentos selecionados, sem grandes análises
ou apontamentos crfticos. Embora com ressalvas, serve como
subsídio para comparação das abordagens dadas nos diferentes
trabalhos, permitindo uma seleção daqueles de maior interesse;

194
• críticas
A identificação dos trabalhos é feita de forma seletiva,
ref1etindo, para cada um deles, a opinião do revisor. Pelo
fato de emitir julgamento de valor sobre os documentos
selecionados, sua tmportància depende da autoridade de
quem a elabora.

14.2 FORMAS DE PUBLICAÇÃO

Os trabalhos de revisão podem aparecer como artigos em


publicações periódicas. Nesse caso o título ou subtítulo do artigo
comumente indica a natureza do trabalho. Existem também perió-
dicos dedicados exclusivamente a publicar artigos de revisão,
como, por exemplo, o Reviews of Modem Physics, do American
lnstitute of Physics e o Science Progress: a Review )ou mal of Current
Scientific Advance, editado pela Blackwell Scientific Publications.
Outra forma em que os trabalhos de revisão aparecem é através
de volumes anuais, comumente chamados de annual reviews, que
analisam o desenvolvimento de um assunto em determinado ano.
Esses volumes são compostos de vários artigos que enfocam temas
específicos dentro do assunto geral e são elaborados por especia-
listas. Exemplos desse t1po de publicação: o Annuol Review ar
lnformotion Science and Technology (ARIST) ~. editado pela
American Society for lnformation Science (ASIS), desde 1966, e o
Advances in Librorionship ~
da Academic Press, publicado anual-
mente, desde 1970. Ambos cobrem o estado-da-arte de maneira
Sistemática e contínua na área da biblioteconomia, documentação
e ciência da informação.
Normalmente essas publicações apresentam em seus títulos

195
as palavras state of the ort, onnuo/ review, progress, advonces, embora
existam exceções, como o Methods in Vírology, da Academic Press
(1967-), que é uma publicação especializada em revisões na área
de virologia.
A editora Annual Review Inc. "'<V é especializada nesse tipo
de trabalho e publica, desde 1932, volumes anuais dedicados à
revisão das mais variadas áreas do conhecimento, agrupadas em
28 séries (astronomia, medicina, psicologia, genética, ecologia,
nutrição, ciências políticas, entre outras).

14.3 FONTES PARA IDENTIFICAÇÃO

Tanto quanto outras formas de literatura, os trabalhos de


revisão são incluídos nos serviços de indexação e resumos
espeoal1zados que, em alguns casos, os identificam como tal. Essa
identificação aparece, com freqüência, subentendida na menção
do número de referências citadas no artigo indexado, ou pela não
inclusão de resumo (quando se trata de periódico de resumo), ou
mesmo pela sua reunião em uma seção especial da publicação.
Alguns serviços oferecem produtos especificamente desti-
nados à divulgação de trabalhos de revisão. São exemplos: a
Bibliography of Medicai Reviews, parte integrante do lndex Medicus,
publicada pela National Library of Medicine desde 1960; o lndex
to Scienti(ic Reviews, publicado pelo 151, desde 1975, na forma de
índice de citação, incluindo os artigos de revisão indexados no
Science Citation fndex.
Existem publicações específicas que têm a finalidade de
d1vulgar exclusivamente os trabalhos de revisão. Como exemplos
tem-se o Directory ofReview Seriais in Science & Technology: 1970- f 973,

196
compilado por A M. Woodward e editado pela Aslib (Association
for lnformation Management) em 1974, que é bastante
abrangente, relacionando cerca de quinhentas publicações sobre
trabalhos de revisão em ciência e tecnologia. A List of Annuol
Review of Progress in Science and Technology, 2.ed., 1969, editada
pela UNESCO, inclui cerca de duzentos trabalhos de revisão, e o
KWIC lndex to Some of the Review Publications in the English Language,
held at the BLLD, de 1996 e Some Current Review Series, 1964, ambos
elaborados pelo BLDSC, que divulga as publicações de revisões
existentes no acervo da British Library.

14.4 CoNSIDERAÇõEs FINAIS

A importância dos trabalhos de revisão, a sua utilidade e a


riqueza de sua bibliografia devem ser bem compreendidas pelo
bibliotecário para que possa dar a essas publicações um trata-
mento adequado na biblioteca, a fim de obter o melhor proveito
do seu potencial informativo.
Sintetizando, os trabalhos de revisão contribuem para o
desenvolvimento do conhecimento científrco, principalmente
porque comparam informação de fontes diferentes; compactam
o conhecimento existente; identificam especializações emergentes;
direcionam pesquisas para novas áreas; notificam os pesquisadores
periodicamente sobre a literatura publicada em dada época; pro-
movem um serviço de alerta para campos correlatos; dão suporte
à busca bibliográfica, constituindo-se em fonte inicial básica para
a elaboração de projetos de pesquisa; auxiliam indiretamente o
ensino, dando suporte a trabalhos acadêmicos e, finalmente, ofe-
recem um feedback através da avaliação do trabalho publicado.

197
Na sociedade contemporânea, chamada de sociedade da
informação, a mediação do conhecimento é um fator de fundamental
importância e para facilitá-la serão necessários produtos de
informação de alto valor agregado. Os trabalhos de revisão, com
seu grande teor analítico, precisam ser produzidos e oferecidos
crescentemente aos usuários, de modo a orientá-los, capacitá-los
e muni-los de ferramentas básicas para acompanhar o acelerado
desenvolvimento científico e tecnológico desta época.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BUTKOVICH, Nancy J. Reshelving study o f review literature in the physical sciences.


Ltbrary Resources and Technica/ Services, v.40, n.2, p.l39-144, 1996.

FIGUEIREDO, Nice. Da importância dos artigos de revisão da literatura. Revista


Brasileira de Btb!ioteconomia e Documentação, v.23, n.l-4, p.I31-13S, jan./
dez. 1990.

SA YERS, Mary, JOICE, John, BAWDEN, David. Retrieval ofbiomedical reviews:


a comparative evaluation of online databases for reviews of drug therapy.
journa/ of/nformation Science, v.l6, p.321-325, 1990.

STUART, R.D. Reviews and reviewing. In: KENT, Allen, LANCOUR, Harold (Ed.).
Encyc!opedia of!tbrary and in(ormation science. New York: M. Dekker, 1971.
v.25. p.J 14-323.
VIRGO, julie. A The review article: its characteristics and problems. L1brary
Quarlerly, v.41, n.4, p.275-291, Oct. 1971.

WOODWARD, Anthony M. The roles of review in information transfer.joumal


ofthe American Society (or/n(ormation Science, v.28, p.l75-180, May 1977.

198
ÜBRAS DE REFERÊNCIA

EDUARDO WENSE DIAS

Obras de referência, ou fontes de referência, são expressões


traduzidas diretamente do inglês (reference works e reference
sources, respectivamente) e designam aquelas obras de uso pontual
e recorrente, ao contrário de outras que são destinadas, normal-
mente, a serem lidas do princípio ao fim. Exemplo típico é o dicio-
nário, que ninguém lê do começo ao fim, mas a que se recorre, até
mesmo diariamente, para procurar pequenas parcelas de informação,
dentro do enorme conjunto de informações que esse tipo de
obra normalmente contém. Por isso, há quem utilize também a
expressão obras de consulta para se referir a essas fontes de refe-
rência; trata-se, por conseguinte, de uma expressão perfeitamente
apropriada.
Uma das principais finalidades das fontes de referência é
facilitar a localização da informação que se procura. Essa facilitação
é conseguida por meio do arranjo da obra. Por an-anjo se entende o
modo como as informações são organizadas dentro de uma obra
de referência. Um exemplo, novamente, é o dos dicionários, a
maioria dos quais apresenta o arranjo alfabético. Assim, qualquer
consulta a um dicionário é muito fácil e muito rápida, porque a
ordem alfabética leva diretamente ao lugar onde pode (ou não)
estar a palavra procurada.
Mas não apenas o arranjo é responsável pelo bom desem-
penho de uma obra de consulta. Um fator também importante,
mas talvez nem sempre lembrado, são os objetivos da obra. Assim,
dois dicionários especializados - que são os dicionários de que
estamos falando aqui - mesmo quando têm semelhanças de
especialização, podem ser bem diferentes um do outro, depen-
dendo do objetivo a que cada um se propuser.
Embora as obras de referência continuem a aparecer em
edições impressas, a tendência crescente é de sua disseminação
em suportes eletrônicos, on ou otfline. Ou seja, em bases de dados
1

acessíveis por meio de sistemas como a Internet, ou em formatos


como o CD-ROM ou o DVD-ROM. Muitos autores afirmam que
as obras de consulta, por sua própria natureza, são o tipo de docu-
mento que se adequa muito bem ao formato eletrônico, pois o
tempo de leitura frente ao terminal é muito menor se comparado
ao que seria necessário para ler uma monografia ou uma obra de
ficção. Como se sabe, muitos leitores não gostam de ler textos
muito extensos diretamente numa tela de computador.
Além do dicionário, outros tipos muito comuns e conhe-
cidos de obras de referência são as enciclopédias, os manuais e
as tabelas.

15.1 DICIONÁRIOS ESPECIALIZADOS

O dicionário de língua, ou comum, é uma das fontes de


referência mais conhecidas, com a qual as pessoas têm bastante

I. As fo11tes eletrônicas c1tadas neste texto foram escolhidas em fontes seletivas, como a base
NetFirst ~.que util1zam mtérios qualitativos na eleição dos sítios nelas incluídos.

200
familiaridade. No âmbito das fontes especializadas de informação
existem também dicionários, geralmente chamados de especializados.
O tipo mais conhecido é o dicionário temático ou de assunto (em
inglês, subject dictionary).
Os dicionários temáticos têm a finalidade de definir termos
de um assunto. Profissionais e especialistas, em qualquer área,
utilizam uma linguagem especial que, muitas vezes, é inteligível
apenas para os iniciados. Esse jargão torna-se, geralmente, uma
barreira para os leigos ou não especialistas da área, e o dicionário
pode ajudá-los na superação desse problema. Os termos técnicos
são símbolos adotados, adaptados ou inventados por especialistas
para facilitar a expressão precisa no registro de suas idéias, e uma
das funções do dicionário especializado é justamente a de dar
consistência a esses símbolos.
Os dicionários temáticos complementam os dicionários de
língua e o fazem de duas formas. Em primeiro lugar, pela inclusão
de termos altamente especializados, que dificilmente serão encon-
trados nesses últimos. Em segundo, as definições tendem a ser
mais completas no que diz respeito aos significados do termo na
especialidade.
É comum que os dicionários especializados façam referência
aos autores, escolas e teorias associadas às definições de um termo.
Podem ser considerados, portanto, uma condensação acumulativa,
fornecendo uma visão ampla dos conceitos de determinada disci-
plina. Esses dicionários podem ser de três níveis básicos: dtrigidos
ao público em geral, a estudantes e a especialistas.
Existe atualmente uma grande quantidade de dicionários de
assunto, cobrindo áreas cada vez mais específicas do conhecimento.
O Dicionário de Ecologia e Ciências Ambientais (Melhoramentos,

201
1998) é exemplo típico dessa categoria de obra, com defin1ções
sucintas dos termos utilizados nessa especialidade. O Vocabulário
de Porasitologio Médica, de Alberto Serravalle, de 1987, e o Dicio-
nário de Mineralogia, de Pércio de Morais Branco (3.ed., 1987),
também são exemplos de dicionários temáticos, embora alguns
verbetes recebam um tratamento enciclopédico, ou seja, são mais
extensos, extrapolando uma simples definição e incluindo infor-
mações biográficas e históricas. Aliás, esse é um fato comum no
que se refere aos dicionários temáticos - alguns deles ultrapassam
a sua função de fornecer definições e se assemelham a uma enci-
clopédia, apresentando longas explicações para um verbete: são os
chamados dicionários enciclopédicos. O Dicionário Enciclopédico de
Astronomia e Astronáutico, de Ronaldo Rogério de Freitas Mourão
(2.ed., 1995) é um exemplo.
Bons dicionários temáticos já estão sendo apresentados em
formato eletrônico, devendo ser mencionados como exemplos
o Dicionário Histórico-Biogrófíco Brasileiro '9õ:J, editado pela Fundação
Getúlio Vargas, e o BioTech; Life Science Dictionory '"'à:l.

Como de resto acontece em relação a todo tipo de publi-


cação, também os dicionános podem aparecer com títulos não
muito claros, sendo necessária certa atenção para identificá-los.
Disso é exemplo a publicação Trabalho e Tecnologia, organizada
por Antonio David Cattani (Vozes, 1997). O subtítulo- Dicionário
Crítico- ajuda a defini-lo melhor, mas só uma análise mais deta-
lhada permite descobrir que, além dos assuntos mencionados no
título, trata-se também de um dicionário de sociologia
organizacional e de globalização. Por outro lado, muitas vezes os
títulos podem dar uma idéia falsa da obra. Embora alguns se deno-
minem enciclopédia, não passam de dicionários. É o caso da

202
TechEncyc/opedio ~.que inclui termos relacionados com tecnologia:
apesar da palavra enciclopédia no título, não passa de um dicionário.
Considerando-se essas imprecisões é importante que, na
seleção e aquisição, não se detenha apenas no tftulo da obra, mas
que se examine a profundidade do tratamento dos verbetes, o nível
do leitor em potencial, a qualidade extrínseca e intrínseca da obra.
Existem outros tipos de dicionários especializados que,
embora com características diversas dos acima descritos, são de
grande utilidade: terminologias e glossários; dicionários poliglotas
especializados: dicionários de nomes; dicionários de abreviaturas;
e tesauros. Deles tratamos a seguir.

15.1.1 TERMINOLOGIAS E GLOSSÁRIOS

A necessidade de uniformizar produtos e procedimentos,


principalmente na área técnica e industrial, tem levado ao esta-
belecimento de sistemas de normalização em diversos países.
Dentro desses sistemas existem tipos variados de normas, e um
deles é a terminologia ou glossário. O CONMETRO define a termi-
nologia como" ... tipo de norma que se destina a definir, relacionar e/
ou conceituar termos técnicos empregados em um determinado
setor de atividade visando ao estabelecimento de uma linguagem
uniforme" (BRASIL, 1976). Esse material tem, portanto, uma função
fundamental na área de normalização técnica e se constitui em parte
importante de programas nacionais de padronização industrial,
embora não possa ser definido como dicionário, no sentido restrito
do termo. Alguns glossários e terminologias, dependendo da extensão
e do nível de tratamento dos verbetes, podem funcionar como
dicionários temáticos. Exemplo, em formato eletrônico, na

203
Internet, é o G/ossary ""â:l, preparado pelo Department ofChemistry
da University of Wisconsin (EUA), que apresenta um glossário
de termos de química.
A ABNT tem terminologias aprovadas em diversas áreas,
como, por exemplo, a TB-23 -Iluminação: Terminologia, e a NBR
6504- Piso Cerâmico; Terminologia. A ANSI, entidade nacional
norte-americana de normalização, também tem uma série de publi-
cações desse tipo cobrindo vários assuntos, como a American
National Standard Industrial Engineering Terminology: Biomechonics
(ANS/ 294.1 - 1972). A TELE BRAS publicou em 1990 o Glossário
de Termos Técnicos de Telecomunicações, com vistas à padronização e
consolidação de termos técnicos utilizados em telecomunicações.

15.1.2 DICIONÁRIOS BILiNGÜES E POLIGLOTAS ESPECIALIZADOS

Os dicionários bilíngües especializados são muito úteis para


os usuários da informação especializada. Um termo pode ter um
significado técnico diferente do significado ou significados registrados
nos dicionários bilíngües gerais, e o dicionário especializado pode
resolver o problema de tradução de termos específicos de uma área
de assunto, de um idioma para outro. Exemplos dessa categoria
de dicionários especializados são o Dicionário Inglês-Português para
Economistas, de José C. M. Cavalcante, publicado pela Freitas Bastos,
e o Glossário Bilíngüe de Tecnologia e Negócios, de Adelaide Mana
Coelho Baeta e Rosa Maria Neves da Silva (Edftora Nova Fronteira,
1998). Este último traz mais de cinco mil termos utilizados por
profissionais da área, além de expressões idiomáticas de uso cor-
rente e termos afins.

204
Embora os dicionários bilíngües sejam os mais comuns, há
também dicionários multilíngües, ou poliglotas. Exemplo é o A
Multilinguol Glossary of Biotechnological Terms (IUPAC
recommendations): in English, French, Germon, jopanese, Portuguese,
Russian, ond Sponish, editado por Hans Georg W. Leuenberger,
Bertrand Nagel e Heinz Kólbl (New York, VCH, 1995).

15.1.3 DICIONÁRIOS DE NOMES

Dicionários de nomes são comuns nas áreas de botânica e


zoologia, onde é enorme a quantidade de espécies existentes e
conhecidas, tornando-se essencial a correta identificação de tais espé-
cies. Alguns dicionários de nomes têm cobertura internacional, como
o Dictíonory ofPiants Nomes, de Gerth van Wojk, e o lndex ofGeneric
Nomes of Fossil Plants, com dados do US Geological Survey. Outros
têm cobertura mais restrita, como o Dicionário dos Plantas Úteis do
Brasil, de Gilberto L. Cruz (S.ed., Bertrand do Brasil, 1995) e o Dicio-
nário dos Peixes do Brasil, de Hitoshi Nomura, da Editerra, de 1984.
Obras clássicas desse tipo são o Nomenclator Zoologicus, de
Neave, publicado pela Zoological Society of London, e o lndex
Kewensis, da Clarendon Press. Este último registra cerca de qui-
nhentos mil nomes de gêneros e espécies de plantas, indicando
seu país de origem, Sinônimos, trabalhos onde foram Inicialmente
divulgados e os nomes dos autores desses trabalhos.

15.1.4 DICIONÁRIOS DE ABREVIATURAS

O ritmo da vida moderna, onde o tempo parece ser pouco


para tanto o que fazer, é certamente uma das principais explicações

205
para o surgimento de formas condensadas de expressão, tais
como as abreviaturas e as siglas. E com elas, a necessidade de
instrumentos que as decodifiquem.
As abreviaturas são uma forma de representar uma determi-
nada palavra por meio de s~abas ou letras da mesma. Existem dife-
rentes tipos de abreviaturas, cada um com peculiaridades próprias
que, pelo menos teoricamente, os distinguem dos demais. Na
prática, contudo, verifica-se que os diferentes tipos se superpõem
e se confundem a um ponto que fica difícil caracterizá-los.
As abreviaturas chamadas de contração constituem simples-
mente um encurtamento da palavra original, como as que se usam
para os nomes dos meses do ano e títulos de periódicos. Outro
tipo de abreviatura é o símbolo, usado principalmente na química,
para abreviar nomes de substâncias, por exemplo. Os dicionários
de língua, tanto gerais como especializados, costumam incluir
contrações e símbolos entre seus verbetes.
Existem dicionários específicos para a identificação de abre-
viaturas, como a obra editada por Crowley, Acronyms, lnitiolisms
& Abbreviations Dictionory: a Guide to Acronyms, Abbreviotions,
Controctions, Alphabetic Symbols, ond Similar Condensed Appellotions,
publicada pelo Gale Group. (22.ed., 1997).
As siglas podem ser definidas como o conjunto das iniciais
das palavras que constituem uma denominação ou título. Essa é
a regra geral, mas pode ocorrer que essa correspondência não
exista. Caso típico é aquele em que uma organização muda de
nome mas decide manter a sigla, que já é bem conhecida. Um
exemplo é a sigla do Conselho Nacional de Desenvolvimento
Científico e Tecnológico- CNPq, mantida de sua antiga denomi-
nação, Conselho Nacional de Pesquisa.

206
Siglas de organizações do mundo inteiro são apresentadas no
Diccionario lntemocional de Siglas, de Martinez de Sousa, que abrange
os mais diversos assuntos. O Buttress's World Guide to Abbreviations
of Orgonizations (I l.ed., 1997) também tem cobertura internacional.
Na Internet, um sítio recomendável é o Acronyms ""ij?, que em 1998 Já
registrava cerca de 18 mil siglas e continua crescendo.
Se o interesse está restrito a áreas continentais, é possível
também encontrar fontes apropriadas, de que é exemplo o Siglas
Latinoamericanas, publicado pela CEPAUComissão Econômica para
América Latina e Caribe (Santiago do Chile, 1992).
As siglas brasileiras podem ser identificadas através da publi-
cação Siglas de Entidades Brasileiras ( 1979), do IBICT, um
subproduto do cadastro básico de entidades. Essa publicação lista
mais de cinco mil siglas e tem a vantagem de apresentar, além
dos nomes completos das organizações, os seus endereços. Pode
funcionar também como um diretório de entidades. Mas como já
está desatualizada, não havendo obras mais recentes com a mesma
amplitude de escopo, deve-se recorrer adicionalmente a fontes
mais específicas, como por exemplo a Latin America Reference Aid:
Abbreviations and Acronyms Used in the Press of Brazil (Washington,
D.C, FBIS, 1995) e o Dicionário de Novos Termos de Ciências e
Tecnologias: Empréstimos, Locuções, Siglas, Cruzamentos e Acrônimos.
(São Paulo: Editora Pioneira, 1996), de autoria de Franco Vidossich.
Muito comuns também são os dicionários de siglas restritos
a determinadas áreas de assunto ou atividade. Exemplo é o
Diccionario de Acrónimos en lnformación y Documentación (2.ed.,
1995), publicado pelo Centro de lnformación y Documentación
Científica (CINDOC) do ConseJo Superior de lnvestigaciones
Científicas (CSIC), em Madrid, Espanha. Também, o Dicionário de

207
Siglas Médicas, de Barbanti (São Paulo: Maitiry, 1995). Disponível
via Internet, temos como exemplo o Nasa/Ksc Acronym List -e),
dicionário de siglas da NASA, listando termos de interesse do
setor aeroespacial.

15.2 TESAUROS 2

Os tesauros são listas de palavras de uma determinada área,


apresentándo o relacionamento entre os termos utilizados naquele
assunto ou área do conhecimento. Os relacionamentos entre os
termos, mais comumente apresentados nos tesauros, são do tipo
hierárquico (do geral para o específico) de equivalência (termos
sinônimos) e de associação (termos relacionados). Os tesauros
servem principalmente para a indexação de documentos em catá-
logos e bases de dados.
Existem diversos tesauros compilados nas mais variadas áreas
de assunto. São exemplos o Microtesauro Brasileiro de Educação
Especial: TESESPE, da Secretaria Nacional de Educação Básica,
publicado em 1990-1992, e o Tesouro para Estudos de Gênero e
sobre Mulheres, publicado pela Editora 34, em 1998.
A localização de tesauros pode ser feita por meio do guia Current
Thesauri; on Analytical Guide to Se/ected Stondardized To ois for lnformation
Retn·eval, publicado em 1985 pela CEC. O IBICT publicou, em 1983, o
Tesauros, Bibliografia; 19701/982, com informações acerca de tre-
zentos tesauros do mundo inteiro, com um suplemento em 1985,
Tesouros, Bibliogrofro 198311984 = Thesouri, Bibliogrophy 19831/984.

2. Embora com uma função diversa da dos d1ôonários, os tesauros são aqui incluídos por se
constituírem em listagens terminológicas.

208
15.3 ENCICLOPÉDIAS

A forma e a função das grandes enciclopédias gerais são


bem conhecidas do profissional da informação e dos estudantes
em geral. As enciclopédias temáticas, ou especializadas, têm a
mesma função das enciclopédias gerais, isto é, apresentar, de forma
concisa e facilmente acessível, informações a respeito do assunto
de sua especialização. Por isso, podem servir como ponto de
partida para um estudo e, nesse caso, a bibliografia que normal-
mente aparece no final dos verbetes é o instrumento apropriado
para que o consulente possa se aprofundar no assunto.
As diferenças entre enciclopédias gerais e especializadas são
basicamente duas. Em primeiro lugar, o âmbito de uma enciclopédia
especializada é claramente definido: física, psicologia, direito,
tecnologia química, por exemplo. Em segundo lugar, o nível de
tratamento do assunto na enciclopédia especializada costuma ser
altamente técnico. Por conseguinte, os verbetes das enciclopédias
especializadas são escritos por especialistas e geralmente assinados.
Da mesma forma, o corpo editorial da obra precisa ser constituído
de especialistas reconhecidos como autoridades na área de assunto
coberta pela obra. Esses aspectos todos, além das demais caracte-
rísticas mencionadas, são elementos importantes a serem obser-
vados no momento da seleção.
Exemplo típico de enciclopédia especializada na área de
ciência é a Van Nostrand's Scientific Encyclopedia (7.ed., New York,
Van Nostrand Reinhold, 2 volumes), publicada desde 1938 e consi-
derada a obra de referência científica mais consultada do mundo
(GROGAN, 1990. p.59). Na Internet, serve como exemplo a CRC
Encyc/opedia of Mathematics ""'ã:l.

209
Como outras formas de publicação, as enciclopédias
especializadas também apresentam o problema de títulos confusos
e pouco explicativos. Algumas não trazem a palavra enciclopédia
no título, como é o caso da Magill's Survey of Science.· Life Science
Series ( 1992), em seis volumes, ou do Handbuch der Physik, em 77
volumes, da editora Springer Verlag. O Thorpe's Dictionary o f Applied
Chemistry, da Longmans Green, 1937-1956, é uma enciclopédia
em 12 volumes, apesar da palavra dicionário no título, que pode
induzir as pessoas em en-o quanto à sua verdadeira natureza. O
oposto também pode ocorrer, ou seja, obras com a palavra enciclo-
pédia no título e que não passam de dicionários, como mostrado
anteriormente. Ou, às vezes, até mesmo outros tipos de obras.
Por exemplo, tanto a /nternational Encyclopedia of Physical Chemistry
ond Chemicol Physícs, da Pergamon Press, quanto a Enciclopédia
de Ecologia, da EPU ( 1992), são apenas monograftas, embora tragam
a palavra enciclopédia nos respectivos Htulos.
Na teoria, a diferença entre um dicionário e uma enciclopédia
é bem clara. Um dicionário basicamente fornece definições de pala-
vras ou sua tradução em outros idiomas, ao passo que a enciclopédia
trata de assuntos. Na prática, essa diferença nem sempre é tão óbvia,
pelos motivos já apontados. Entretanto, conforme observado, se a
obra tiver seus objetivos bem definidos e for bem planejada, não res-
tará dúvida quanto à sua natureza, após uma análise ainda que ligeira.

1 5.4 MANUAIS

O Glossory of Librory Terms, da ALA (American Library


Association) define um manual (hondbook, em tnglês) como uma
obra compacta, que trata concisamente da essência de um assunto,

210
tendo como finalidade principal servir como fonte de informações
correntes. Segundo GROGAN ( 1982), os manuais são os livros
de referência mais usados por cientistas e tecnólogos, quando
surge necessidade de informações objetivas no curso do desem-
penho profissional e, por isso mesmo, têm sido considerados instru-
mentos de trabalho. É nas áreas de ciência e tecnologia que se
encontra o maior número dessas obras, embora elas existam também
em outros campos do conhecimento, como, por exemplo,
biblioteconomia. O Handbook of Specio/ Librarianship and
lnformation Work, publicado pela Aslib, já em sua T edição ( 1997),
apresenta informações básicas sobre o planejamento, organização
e funcionamento de bibliotecas especializadas. Inclui, por exemplo,
orientações sobre o espaço necessário para os diversos setores,
número de estantes necessárias para uma determinada coleção,
distância entre as estantes e distribuição das mesas e cadeiras.
Grande parte da informação contida nos manuais é apresen-
tada de forma compacta, por meio de tabelas, gráficos, símbolos,
equações e fórmulas. Por isso, os manuais propiciam a conferência
de fórmulas, a obtenção de dados numéricos de vários tipos, defi-
nições e descrições de processos, materiais e peças de mecanismos,
entre outros.
O tratamento do assunto no manual costuma ser sistemático
ou lógico, isto é, segue o desenvolvimento natural da matéria,
exigindo, por conseguinte, um bom índice. Este vai permitir que os
leitores não familiarizados com o assunto possam localizar tópicos
específicos dentro do manual. Os manuais incluem os conhecimentos
já sedimentados e não as descobertas ou invenções, os avanços ou
progressos recentes. Entretanto, é desejável que se procure adquirir a
edição mais recente da obra.

211
A autoridade do editor e do autor deve ser elemento
determinante quando se seleciona um manual pois, além da facili-
dade de consulta, deve apresentar dados confiáveis. O CRC
Hondbook o( Chemrstry ond Physlcs, /998-1999, publicado pela
Chemical Rubber Co., e já na 79" edição, de I998, é conhecido
como a bíblia dos químicos porque sempre conseguiu manter um
alto nível de informação, desde a sua I" edição, de 1913.
Observa-se que nem sempre a palavra manual (handbook)
aparece no título desse tipo de obra, de que são exemplos os
títulos de manuais como Sourcebook on Atomic Energy, The Engineer's
Companion, Corrosion Guide e Primrose McConnell's the Agricultura/
Notebook.

15.5 TABELAS

Como já foi mencionado anteriormente, a apresentação de


dados em forma tabular é uma característica de muitos manuais.
E, quando aumenta a proporção de tabelas e diminui a de texto, a
obra passa a ser um livro de tabelas. A finalidade da apresentação
tabular é economizar tempo. A informação poderia ser apresentada
sob outra forma, mas a tabela, que vai exigir muito esforço, tempo
e paciêncra do compilador para localrzar a informação que está
dispersa na literatura primária, é de utilidade comprovada para
especialistas que dependem de dados numéricos. Nas ciências
físicas e tecnológicas as tabelas constituem parte importante da
literatura, já que áreas como matemática, termodinâmica e
cristalografia são basicamente dependentes de quantifrcação.
O trabalho mais conhecido em forma tabular é o lntemotionol
Critico/ Tobles, publicado pela McGraw Hill há mais de cinqüenta

212
anos e ainda hoje muito utilizado. O termo criticai, do título, indica
que os dados apresentados são aqueles considerados os mais
confiáveis na opinião dos trezentos consultores da obra. Outra
característica da obra é a apresentação das referências bibliográficas
dos documentos de onde os dados foram extraídos, permitindo
assim sua verificação. Outro exemplo é o Manual de Fórmulas,
Métodos e Tabelas Matemáticas, de Murray R. Spiegel (la edição
revista e ampliada, 1992), que é de utilidade para estudantes e
pesquisadores nos campos da matemática, física, engenharia e
outras ciências. É interessante observar que o problema da ban-eira
lingüística é praticamente inexistente nas compilações tabulares,
especialmente se o texto explanatório é multilíngüe, como é o
caso da lnternational Criticai Tobles, acima citada.
Muitas tabelas são publicadas na forma de artigos de periódicos,
ao invés da forma tradicional de livro, o que tem provocado o apareci-
mento de periódicos que se dedicam exclusivamente à divulgação
de dados em forma tabular. Como exemplo há o Journol of
Chemical and Engineering Data.
Outra tendência é o aparecimento de centros especializados
em coletar, organizar e disseminar dados. Nos Estados Unidos, o
National Standard Reference Data System (NSRDS), criado em
1963 e ligado ao National Bureau ofStandards (NBS), coordena uma
rede de 25 centros de dados espalhados por todo o país, localizados
em agências do governo, un'1versidades e centros particulares de
pesquisa. O NSRDS divulga seus trabalhos em diversas publicações,
das quais a mais conhecida é o periódico Journol o f Physical and
Chemica/ Reference Data, de periodicidade trimestral.
Na Inglaterra, o Office for Scientific and Techn1cal
lnformation (OSTI) é a entidade nacional, ligada ao Governo

213
Britânico, encarregada da compilação de dados. Nesse país também
o Engineerig Science Data Unit (ESDU), entidade privada, divulga
dados em áreas tecnológicas.
O CODAT A (Committee on Data for Science and
Technology) ~é um organismo do lntemational Council ofScientific
Unions (ICSU) "'â;l, criado em 1966 em nível mundial para promover
a produção, compilação, avaliação e disseminação de dados
numéricos relevantes para ciência e tecnologia. As áreas de assunto
cobertas pelo CODATA são: física pura e aplicada, química pura
e aplicada, biociências (bioquímica, nutrição, microbiologia, farma-
cologia, imunologia, biofísica, biotecnologia), geociências (geografia,
cristalografia, geologia, geofísica), astronomia e meio ambiente.
Cabe ao IBICT, como membro nacional. coordenar as atividades
do CODATA no Brasil, desenvolvendo ações que possibilitem a
disseminação de informações sobre bases de dados científicos e
tecnológicos existentes no País, estimulando sua criação, promovendo
a disseminação das referidas bases e dos documentos técnicos em
assuntos específicos de interesse da comunidade científica e tecnológica.

15.6 FONTES PARA IDENTIFICAÇÃO DE OBRAS DE REFERÊNCIA

Dicionários, enciclopédias, manuais e tabelas são identificados


principalmente através de guias de obras de referência, como o
Guide to Reference Material, de Walford, e outras obras do gênero.
Os guias de literatura constituem fontes mais seletivas para iden-
tificar obras de referência (ver Capítulo 18: Guias de Literatura).
Há também fontes dedicadas a tipos específicos de obras
de referência, de que são exemplos o World Dictionaries in Print.
1983: a Guide to General and Subject Dictionaries in World Languages

214
(New York: Bowker, 1983), o ARBA Guide to Subject Encyclopedias
and Dictionaries (2.ed., 1997), editado por Susan C. Awe e, na
Internet o sítio Enciclopédias e Dicionários "'€>, do Prossiga. Neste
registram-se enciclopédias e dicionários referentes a ciência e
tecnologia, que dão acesso ao texto integral, bem como fontes
de referência sobre esse tipo de material bibliográfico. O sítio
está dividido em fontes brasileiras e estrangeiras.
Muito comuns são as fontes dedicadas a áreas temáticas
específicas, de que é exemplo a Encyclopedia of Heo/th lnformation
Sources: o Bibliographic Guide to Over 13,000 Citotions for
Pubhcotions, Orgonizations, and Databases on Health-Reloted Subjects
(2.ed., 1993), editada por Alan M. Rees. Nela pode-se encontrar
referências a dicionários, enciclopédias, manuais e todos os demais
tipos de fontes de referência na área de saúde.
Sendo material comercializado no mercado livreiro, podem
ser utilizados também os catálogos de editoras, que são as fontes
mais adequadas na seleção das edições mais recentes. Como
qualquer obra de consulta, os dicionários, enciclopédias, manuais e
tabelas são obras caras, cuja aquisição pode sobrecarregar qualquer
orçamento. Assim, a seleção deve ser a mais criteriosa possível, para
evitar a aquisição de obras sem real utilidade.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BRASIL Ministério da Indústria e Comércio. Secretaria de Tecnologia Industrial.


Sistema Nacional de 1'1etrologia, Normalização e Qualidade lndustria/.·legis-
laçào e resoluções. Brasília: MIC/STI, 1976.81 p.

FERREIRA A. B. H. Novo dicionário da 1/ngua portuguesa. Rio de janeiro: Nova


Fronteira, 1997. 1838p.

215
GROGAN, D. Science and technology:an introduction to the literature. 4th.ed
London: C. Bingley, 1982. Cap. 3: Encyclopedias, p.37-46.

GROGAN, D. Subject encyclopedias. In: LEA. Peter W. (Ed.) Pdnted reference


maten3/," and related sources of information. 3rd.ed. London: The Library
Association, 1990. p.SS-81.

MARTINEZ DE SOUSA, José. Diccionan'o internaCJ'onal de siglas y acrónimos.


2.ed. Madrid: Pirámide, 1984.551 p.

SISTEMA Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial: legislação,


1973-79. Brasnia: Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade
Industrial, 1980. I08p. (Série Legislação I INMETRO; I)

SUBRAMANYAM, K. Scientific and technica! informatJ'on resources. New York:


M Dekker, 198 I. Cap. 15: Encyclopedias, p.231-241.

WHITI AKER, K.A. Dictionaries. In: LEA, Peter W. (Ed.). Pn'nted reiêrence mate-
rial,· and related sources of information. 3rd.ed. London: The Library
Association, 1990. p.l 1-34.

216
F

"'
-~,;·

'

ibl,
SERVIÇOS DE INDEXAÇÃO E RESUMO

BEl\TRIZ VALADARES CENDÓN

Os periódicos de indexação e resumo listam os trabalhos


produzidos em um detel1llinado assunto ou área com a finalidade
de facilitar a identificação e acesso à informação que se encontra
dispersa em um grande número de publicações. São, portanto, fontes
terciárias.
A função principal dos periódicos de indexação e resumo é
a identificação do conteúdo de publicações. Ou seja, ao invés de
listar referências bibliográficas de obras inteiras como livros, anais
de congressos ou periódicos, um periódico de indexação e resumo
procura representar mais detalhadamente o seu conteúdo,
indexando e resumindo partes específicas desses materiais, a saber:
capítulos, trabalhos de congressos e artigos.
Por ser a literatura especializada composta, principalmente,
de revistas e outras publicações periódicas, os periódicos de
indexação e resumo assumem importância fundamental nessa área.
Além de permitirem a identificação de artigos e outros trabalhos,
são instrumentos valiosos para o pesquisador, cientista, engenheiro
ou administrador, que têm necessidade de obter informações
recentes sobre tópicos ainda não incluídos em fontes secundárias
como livros-texto, enciclopédias e manuais ou verificar tendências
em um determinado campo de conhecimento.
Os periódicos de indexação e resumo costumam ser chamados
abreviadamente de índices, quando listam apenas as referências
bibliográficas, e de abstracts, quando incluem também os resumos
das publicações. No Brasil, são também chamados de bibliografias
especializadas, principalmente quando sua publicação não tem a
regularidade de um periódico. Podem ser produzidos em fonna de
bases de dados bibliográficos, as quais incluem, geralmente, as mes-
mas informações que suas versões impressas, mas apresentam maior
facilidade para pesquisa. Neste capítulo, para simplificar, referir-se-á
genen"camente aos periódicos de indexação e resumo como índices
e às bases de dados bibliográficas como bases de dados ou, às vezes,
apenas como bases. 1

Os índices e bases de dados são produzidos por organizações,


chamadas de serviços de indexação e resumo, que se responsabilizam
por sua divulgação e comercialização.

16.1 HISTÓRICO E EVOLUÇÃO

As bibliografias especializadas, que se transformaram nos


atuais periódicos de indexação e resumo, eram inicialmente compi-
ladas por tndivíduos preocupados com o controle e acesso à
informação científica. As primeiras foram publicadas logo após a
invenção da imprensa. Já em 1494 aparece o trabalho de Joham
T ritheim, Liber de Scriptoribus Ecclesiasticis. Em 1506 foi publicada

I Existe uma grande variedade de tipos de bases de dados. Elas podem conter Informações
11uméricas ou textuais; bibliográficas ou não bibliográficas; referências ou texto completo. A
ma1oria das bases de dados que serão objeto deste capítulo sao bases de dados de referências
bibliográfiCas. Algumas das bases de dados Citadas contêm as referências b1bliográftcas acompa-
nhadas do texto completo dos trabalhos.

218
a bibliografia De Medicinae Claris Scriptoribus, de Symphorien
Champier. Com o surgimento dos periódicos, gerais e
especializados, elas passaram a ser também publicadas como um
anexo a eles. Por exemplo, o )o uma/ des Sçavans, o primeiro perió-
dico científico do mundo, publicado a partir de 1665, possuía uma
seção de resumos, que serviu de modelo para empreendimentos
similares em muitos países da Europa.
Entretanto, foi com a intensificação do movimento científico,
a partir de 181 O e o conseqüente aumento do número de publi-
cações, que surgiu a necessidade de um esforço sistemático para
o controle da literatura. Associações profissionais e sociedades
eruditas substituíram as ações individualizadas na tarefa de resumir
a literatura específica da área, passando a oferecer mais um serviço
profissional a seus membros. Essas primeiras iniciativas, no final
do século XIX e início do século XX, deram origem aos grandes
serviços de indexação e resumo atuais. O drástico crescimento
da literatura científica e tecnológica no século XX, particularmente
depois da Segunda Guerra Mundial. fez com que o seu número
aumentasse significativamente.
As primeiras áreas cobertas pelos periódicos de indexação
e resumo foram as ciências básicas e apliCadas, tais como química,
engenharia, zoologia e medicina. Alguns exemplos desses primeiros
índices são o Pharmaceutisches Centrai-Biatt ( 1830), que depois se
transformaria no Chemisches Zentralblatt, publicado pela Akademie-
Verlag (de Berlim); o Engineering lndex ( 1884), editado pela
Association of Engineering Societies, e o Review of American
Chemical Research, iniciado em 1895 e substituído, em 1907, pelo
Chemical Abstracts da American Chemical Society.

219
Desde então novos índices têm surgido em outros ramos
do conhecimento, atendendo à evolução da ciência e ao apare-
cimento de novas áreas de pesquisa científica e tecnológica.
Exemplos mais recentes são Computer & Control Abstracts, Pollution
Abstracts, Enviroline®, Energy Science and Technology e Aerospace
Dotobase, que cobrem as áreas de ciência da computação, poluição
ambiental, meio ambiente, energia e engenharia espacial, respecti-
vamente. Da mesma forma que os novos ramos da ciência que
cobrem, esses índices também se caracterizam por serem
1nterdisci pl in ares.
Na década de 70, quando empresas do setor comercial
começaram a entrar no ramo de produção de periódicos de
Indexação e resumo, as ciências sociais, artes e ciências humanas
passaram também a ser contempladas pelos índices. Alguns
exemplos são Economic Literature lndex, Business Periodicallndex e
AB/1/nform® (economia e administração de empresas), Psyc/NFO®
(psicolog1a), Art Abstrocts (artes) e Philosopher's lndex (filosofia).
O desenvolvimento da tecnologia dos computadores na
década de 60 permitiu inovações nas formas como os serviços
de indexação e resumo atendiam sua clientela. Inicialmente os ser-
viços usaram computadores apenas para produzir fitas magnéticas
com os dados e para imprimir os seus índices. O primeiro índice
produzido por computador foi o Chemical Titles, do Chemical
Abstracts Service (CAS), em 1961. Os dados, registrados no compu-
tador em forma eletrônica, podem ser facilmente manipulados e
possibilitaram a geração de novos produtos, tais como boletins
de notificação corrente, bibliografias sobre tópicos específicos,
serviços de disseminação seletiva da informação e levantamentos
retrospectivos a pedido. Além disso, os serviços passaram a produzir

220
e comercializar os seus índices em forma de bases de dados. Hoje,
muitos dos serviços de indexação e resumo produzem índices tanto
em forma impressa como em versão eletrônica: por exemplo, BIOSIS,
uma organização produtora de bases de dados na área biológica
e médica, publica o Biologico/ Abstrocts (impresso) e B/OSIS
Previews® (base de dados).
Além de proporcionar mais eficiência na consulta, as bases
de dados possibilitaram outros meios de acesso à informação.
Inicialmente disponíveis apenas para consulta local, já na década
de 60 as bases de dados puderam ser acessadas remotamente,
via redes de computadores de comutação de pacotes. A partir
de 1985, passaram também a ser produzidas e disseminadas utili-
zando a tecnologia do CD-ROM. A difusão da Internet na década
de 90 facilitou ainda mais o acesso remoto às bases de dados.
Atualmente a produção de periódicos de indexação e resumo
constitui uma verdadeira indústria, com um grande número de empre-
sas produzindo uma variedade de índices. O diretório The lndex ond
Abstrocts Directory: an lntemotional Guide to Services ond Seriais
Coverage, por exemplo, fornece informações sobre cerca de mil
índices. Outro diretório, o Gole Directory of Dotoboses, lista, em sua
edição de 1995, mais de cinco mil bases online e quatro mil bases em
outros formatos, produzidas por quase quatro mil organizações.
Essas bases de dados são comercializadas por cerca de mil vende-
dores e distribuidores e colocadas à disposição para acesso online
por 825 empresas diferentes.
Essa indústria está em constante evolução. Os produtores
de índices têm procurado criar novos produtos, voltados para
as necessidades específicas de bibliotecas de diferentes tipos e
tamanhos. Com a finalidade de reduzir o intervalo de tempo entre

221
a publicação de um documento e sua divulgação, foram criados
os sumários correntes, um outro tipo de produto similar aos perió-
dicos de indexação e resumo. Os sumários correntes reproduzem
as páginas dos sumários de periódicos e, portanto, sua produção é
mais rápida por não envolver o trabalho de indexação e elaboração
de resumos. Por exemplo, desde 1958, o 151 produz a versão impressa
do Current Contents, que atualmente possui sete edições diferentes,
cobrindo agricultura, biologia, meio ambiente, medicina clínica,
engeriharia, computação e tecnologia, ciências da saúde, física e
química. Vários outros serviços de sumários apareceram recente-
mente, cobrindo tanto a literatura de interesse geral como perió-
dicos acadêmicos. Os serviços vêm aprimorando seus produtos,
passando a incluir resumos e não apenas referências bibliográficas,
às vezes colocando o texto completo dos artigos em suas bases
de dados e adicionando a indexação de jornais ao invés de se
limitarem a cobrir periódicos; para facilitar a obtenção do texto
completo, têm feito parcerias com serviços de fornecimento de
texto completo de documentos.

16.2 CARACTERiSTICAS

Os periódicos de indexação e resumos são produzidos atual-


mente por uma gama de diferentes organizações: grandes empresas,
operando em bases comerciais (por exemplo, BIOSlS, na área de
ciências biológicas), associações profissionais (por exemplo, a
American Chemical Society), órgãos governamentais (por exemplo,
a NASA) ou editoras comerciais (por exemplo, EBSCO Publishing).
Alguns são também produzidos por entidades internacionais, tais
como o INIS Atomindex, publicado pela lnternational Atomic

222
Energy Agency (IAEA), ou o Agrindex do Agricultura! lnformation
System (AGRIS), um sistema de informação em agricultura admi-
nistrado pela Food and Agriculture Organization (FAO), órgão
da ONU. Esses serviços internacionais funcionam, na maioria das
vezes, com base em redes cooperativas formadas por países
membros, que coletam e resumem sua produção bibliográfica,
reunida e colocada à disposição pela instituição central.
No processo de elaboração dos índices, um profissional
anal1sa o conteúdo dos documentos e cria sua representação, a
qual inclui não apenas a referência bibliográfica, mas também termos
de indexação. Muitas vezes utiliza-se um vocabulário controlado para
definição dos termos a serem usados para indicar o assunto dos
documentos. Dessa forma, agrega-se valor à informação. Parte-se
do pressuposto que esses esforços garantam uma melhor recupe-
ração, permitindo a identificação dos itens que melhor atendam
aos propósitos do usuário.
Como o próprio nome indica, a maioria dos periódicos de
indexação e resumo fornece, além da referência bibliográfica,
resumos dos trabalhos incluídos. Nesses casos, são chamados
abreviadamente de obstrocts. Os resumos, idealmente, contêm
informações suficientes para permitir a determinação da relevância
do trabalho. Podem ser simplesmente descritivos ou podem for-
necer uma avaliação crítica do item, embora isso seja menos
comum. Muitos obstrocts usam os resumos preparados pelo pró-
prio autor evitando, assim, o custo de pessoal para ler os artigos
e resumi-los, o que constitui um processo dispendioso.
Os índices apresentam cobertura variada quanto ao assunto,
tipo de material, número de publicações, área geográfica e idioma.

223
Diferem também quant.o à freqüência de publicação, cobertura
cronológica, pontos de acesso e formatação dos seus dados.
Devido a essas diferenças, nos índices impressos o material
introdutório é especialmente importante por fornecer informações
detalhadas sobre suas características, além de instruções sobre o
seu uso. No caso dos índices em formato eletrônico, deve-se con-
sultar as descrições das bases de dados contidas na documentação
fornecida pelo vendedor ou nos diretórios. Para o profissional da
informação, que adquirirá ou utilizará um índice, é imprescindível a
leitura dessas informações.
Embora existam índices cobrindo as mais variadas áreas,
algumas são melhor servidas que outras. Nas áreas mais bem ser-
vidas pode haver vários serviços, que contam com uma clientela
consolidada em vários países. Em agricultura, por exemplo, existem
a Bibliography of Agriculture. produzida pela National Agricultura!
Library dos Estados Unidos, o Agrindex da FAO, além de mais de
30 índices diferentes produzidos pela CAB lnternational ~ (orga-
nização produtora de bases de dados em agricultura e florestas,
anteriormente chamada de Commonwealth Agricultura! Bureau).
Nesses casos, quando existem vários índices em uma mesma área,
pode haver duplicação de cobertura. Mesmo que os serviços pro-
curem diferenciar os índices uns dos outros, é bastante freqüente
acontecer que dois serviços diferentes, dentro de uma mesma
área, cubram várias das mesmas revistas.
Índices que se destinam a indexar e resumir a IIT.eratura de uma
área especializada freqüentemente abrangem vários tipos de publi-
cações para assegurar uma cobertura extensa. Podem incluir artigos
de periódicos, trabalhos de congressos, relatórios ou capítulos de
livros, embora a maioria cubra principalmente artigos de periódicos.

224
As caracten'sticas específicas de alguns tipos de material, como
teses, dissertações, relatórios técnicos, publicações governamentais,
anais de eventos ou patentes, levaram ao surgimento de serviços
que indexam apenas um tipo de publicação. Por exemplo, o lndex
to Scientific ond Technicol Proceedings R é um índice multidisciplinar,
que se dedica exclusivamente a anais de congressos, indexando
mais de quatro mil anais de eventos por ano. já o controle dos
relatórios técnicos americanos é feito pelo NTIS, órgão do governo
americano. Patentes e normas técnicas são indexadas por insti-
tuições, como a OMPI e a ISO, respectivamente, as quais desen-
volveram sistemas cooperativos para controle destes matenais.
Uma empresa privada inglesa, a Derwent lnformation, também se
destaca na área de patentes.
Os índices diferem quanto ao número de trabalhos cobertos e
quanto à profundidade da cobertura. Em alguns casos cobrem todos
os itens publicados nas revistas que indexam, em outros, selecionam
apenas aqueles mais relevantes para o escopo do índice. Alguns
indexam até cartas ao editor e editoriais, enquanto outros se res-
tringem a artigos de pesquisas.
Alguns índices podem ter restrições quanto à área geográfica
e idioma das publicações que cobrem. Por exemplo, alguns cobrem
apenas publicações em língua inglesa, enquanto outros procuram
identificar material relevante para uma disciplina em qualquer idioma.
A cobertura cronológica dos índices nem sempre coincide
com o período de publicação. Por exemplo, o Science Citotion
lndex começou a ser publicado nos anos 60; no entanto, cobre a
literatura desde 1945.
Freqüência de publicação é outra característica que deve ser
também considerada quando da sua consulta ou aquisição. Alguns

225
índices são atualizados mensalmente outros, a cada trimestre. A
freqüência de acumulação indica a periodicidade com que as publi-
cações parciais são sintetizadas em um único volume. Por exemplo,
em um índice impresso com atualizações mensais e acumulações
anuais, o usuário teria que consultar vários fascículos separados, até
que a acumulação anual seja publicada. No caso de bases de dados
online ou em CD-ROM, o conteúdo é acumulado automaticamente,
o que é uma vantagem desses índices em forma eletrônica.
Quanto à sua organização, em geral esses índices contêm uma
lista hierárquica dos aspectos ou subdivisões de um assunto, onde
os itens são listados com um número de acesso, os dados bibliográ-
ficos e o resumo. Os pontos de acesso nos índices impressos são,
comumente, autor e assunto. No caso das bases de dados, podem
existir muitas outras opções para pesquisa, como palavras-chave do
título e resumo, título da revista ou instituição de afiliação do autor.
Os índices diferem também quanto à formatação das entradas.
Alguns fazem uso extensivo de abreviaturas, sendo necessáno
consultar as listas de abreviaturas e símbolos para leitura das refe-
rências. A forma como os nomes de autores são representados pode
também diferir de um índice para outro. Em alguns casos, apenas o
sobrenome e iniciais dos nomes dos autores são fornecidos.

16.3 BASES DE DADOS

As bases de dados produzidas pelos serviços de indexação


e resumos, na maiona das vezes, são vendidas na forma de fitas
magnéticas para outras organizações que se especializam no forneci-
mento de informação eletrônica. Essas empresas adaptam as f1tas
dos produtores de bases de dados de acordo com seus padrões e

226
vendem o acesso remoto ao conjunto de bases de dados para
bibliotecas, instituições de pesquisa, empresas e pessoas físicas.
No Brasil, essas empresas têm sido chamadas de bancos de
dados.
Existem várias empresas (bancos de dados) fornecedoras de
acesso online a bases de dados. A Dialog é a maior delas, oferecendo
mais de quinhentas bases de dados. Outros dos maiores forne-
cedores são STN lnternational (parte do CAS), OCLC, DataStar,
LEXIS/NEXIS, Questei-Orbit, Ovid Technologies e H. W. Wilson.
Algumas vezes os próprios serviços de indexação e resumo
se encarregam de vender diretamente suas bases de dados, ao
invés de fazer uso de uma empresa intermediária. Por exemplo, a
lnformation Access Company (IAC) e a National Library of
Medicine, além de produzir bases de dados, atuam também como
fornecedores.
O cliente pode escolher um ou vános fornecedores e
acessar todas ou algumas entre as centenas de bases disponíveis.
Algumas podem ser oferecidas por vários fornecedores; outras
por apenas um. O custo do acesso é determinado por diferentes
métodos, variando conforme o vendedor e o tipo de contrato
de fornecimento. O preço pode ser estabelecido com base em
assinaturas anuais, número de buscas realizadas ou número pet111itido
de usuários com acesso simultâneo ao sistema. Mas é sempre caro.
Por exemplo, uma instituição que assina o CitaDel, serviço da
Research Libraries Group (RLG), paga, pelo acesso a cada base
de dados, entre 750 a 18 mil dólares por ano para cinco usuários
simultâneos. Outro elemento que compõe o custo do acesso
online é o custo de telecomunicações. Devido às altas tarifas

227
praticadas no Brasil para ligações a distância, o acesso online a
bases de dados nunca foi muito utilizado no País.
Em um sistema online, um computador de um centro de
informações é usado para entrar diretamente em contato com o
computador hospedeiro das bases de dados, via linha telefônica
através de um modem. O termo online significa que tanto o compu-
tador do usuário como o computador hospedeiro estão se comuni-
cando no momento da busca. O acesso é feito através de redes
de comutação de pacotes como a Rede Nacional de Comunicação
de Dados por Comutação de Pacotes (RENPAC), do Brasil, e
T ymnet ou T elenet, dos Estados Unidos. É a forma mais rápida e
eficaz de acesso às bases de dados e a preferida por profissionais
da informação em países como os Estados Unidos. Nas bases
online, as informações são atualizadas mais freqüentemente que
nas versões 1mpressas ou em CD-ROM, garantindo o acesso a
informações mais recentes.
Entretanto, existem algumas desvantagens relacionadas com
o acesso online. A primeira delas é o custo, já mencionado antenor-
mente. Outro problema é a variedade dos sistemas, pois os detalhes
técnicos de utilização e pesqu1sa nas bases de dados variam de fome-
ceder para fornecedor. Por serem destinados a profissionais da
informação, o uso dos sistemas pode ser complexo, exigindo
treinamento e experiência. Em geral, os usuários finais têm dificuldade
em lidar com eles. Além disso, a constante evolução da tecnologia
de busca toma necessáno que o profissional da informação se atualize
constantemente, estudando a documentação tanto do sistema de
cada fornecedor, quanto da base de dados.
No final da década de 90, os vendedores de bases de dados
começaram a utilizar também a Internet para oferecer outra forma

228
de acesso remoto às bases. O acesso via Internet é similar ao
acesso online, mas neste caso a rede utilizada para acesso é, obvia-
mente, a Internet. e o custo de telecomunicações é menor, já
que as ligações são tarifadas como locais (caso exista um provedor
local de acesso à Internet). Como no caso dos sistemas on/ine,
uma vez acessado o sítio do fornecedor, é necessário o uso de
senhas para a pesqu1sa. Entretanto, pelas informações que con-
têm, esses sítios são importantes, mesmo para os não assinantes.
É possível verificar, geralmente, a lista das bases de dados
fornecidas e sua documentação. Além disso, pode-se usufruir de
alguns serviços grátis. O Dialog Web '"'ã:J, por exemplo, permite pes-
quisa grátis de palavras-chave nas bases disponíveis. O usuário pode,
desta forma, identificar quais bases de dados contêm maior número
de registros relevantes dentro do seu tópico - um ponto impor-
tante para uma decisão de compra de uma base -, mas não tem
permissão para consultar o conteúdo dos registros recuperados.
O fornecimento de acesso às bases dos grandes bancos de
dados via Internet ainda é uma novidade em experimentação e,
para o profissional da informação, apresenta várias desvantagens.
Ao contrário da conexão direta online, o acesso através da Internet
pode ser demorado, dependendo do tráfego na rede e do horário
de acesso. Normalmente os fornecedores tornam disponíveis via
Internet um leque menor de bases de dados do que o oferecido
pelo acesso direto online. A interface de pesquisa e o software
para busca costumam fornecer recursos menos sofisticados que
os dos sistemas online. Entretanto, para os usuários brasileiros
essa nova opção de acesso remoto elim1na um fator limitante,
que é o custo da ligação telefônica.
Além do acesso remoto, existe atualmente a opção de acesso

229
local às bases. Algumas bases são distribuídas em disquetes. É o
caso da base Current Contents on Diskette do ISI. Muitas das bases
estão também disponíveis em CD-ROM. Alguns dos produtores/
distribuidores de bases de dados em CD-ROM são: UMI. OCLC,
SilverPiatter e IAC. O CD-ROM tem a vantagem de oferecer um
custo fixo por uso ilimitado e de eliminar as dificuldades relacio-
nadas com o acesso remoto. Por isso é o meio de acesso a bases
de dados que tem tido maior penetração em países do terceiro
mundo. Outra vantagem é a simplicidade de sua Interface de pes-
quisa, que visa o usuário final e elimina a necessidade da presença
de um intermediário que conheça o sistema. Entretanto, da mesma
forma que nos sistemas online, existe, no caso dos CD-ROMs, uma
variedade de sistemas com detalhes técnicos de utilização dife-
rentes, o que representa um obstáculo para o usuário. Outras
desvantagens dos CD-ROMs em relação aos sistemas online são o
menor número de bases disponíveis nesse formato, informações
atualizadas com menor freqüência que nas bases online e recursos
de busca menos flexíveis que nos sistemas voltados para o profis-
sional.
Alguns vendedores de bases de dados como Ovid, IAC ou
H. W. Wilson podem fornecer também fitas magnéticas com o
conteúdo das bases de dados para que sejam montadas localmente.
Esse tipo de instalação exige grande capacidade de armazenagem
dos computadores. As bases de dados são adquiridas, processadas,
carregadas no sistema e colocadas à disposição para toda a insti-
tuição, geralmente mediante senha de acesso. Normalmente são
montadas junto com o catálogo online, como bases de dados
adicionais. No Brasil esse método é pouco usado, pois apenas

230
recentemente sistemas mais sofisticados para automação de catá-
logos de bibliotecas têm sido implantados.
Algumas bases de dados podem estar disponíveis em vários
formatos: a base AGR/COLJl., (AGRICultura! Online Access), que
corresponde ao índice impresso Bibliogrophy o( Agriculture, é pro-
duzida na versão impressa, online e em CD-ROM. Entretanto, nem
sempre as diversas versões oferecem cobertura idêntica. Algumas
bases podem combinar registros bibliográficos de vários índices
impressos e reuni-los em uma única base. Por exemplo, os mais
de 30 índices produzidos pelo CAB lnternational são reunidos em
uma única base, a CAB Abstrocts. Essas diferenças tornam necessário
o estudo da documentação sobre a base de dados para determinar
as diferenças entre os conteúdos da versão impressa e da eletrônica.
Como no caso dos índices impressos, as bases de dados
bibliográficas cobrem uma grande variedade de campos de conhe-
cimento. Algumas, como o Dissertation Abstrocts Online, são
multidisciplinares, porém limitadas a um único tipo de documento.
A maioria focaliza uma única área de conhecimento, mas 1nclui
em sua cobertura vários tipos de documentos. Outras bases de
dados cobrem as publicações de uma única fonte. Um exemplo é
a base de dados do GPO que cobre as publ1cações daquele órgão
desde 1976.
Quando da aquisição ou uso de bases de dados online e em
CD-ROM, é importante ter em mente o período coberto por
elas. Por serem um desenvolvimento recente, as bases de dados,
em geral, não cobrem a literatura publicada anteriormente à metade
da década de 60. A conversão de itens mais antigos para a forma
eletrônica é um processo caro e poucos produtores de bases de

231
dados o fizeram. Uma exceção é Dissertation Abstracts Online, cuja
cobertura atinge desde o ano de 1861. Por isso, para buscas
retrospectivas, na maioria dos casos, não se pode dispensar os
índices impressos.
Poucos índices existem apenas em forma eletrônica. A
maioria das bases de dados bibliográficas con-esponde a um índice
impresso e contém essencialmente as mesmas informações que
as suas versões em papel. Nas bases de dados bibliográficos cada
registro con-esponde a um artigo, livro, capítulo ou trabalho publi-
cado. A referência bibliográfica pode incluir, além de autor, título
do artigo e data de publicação, um resumo, bem como várias
outras informações adicionais sobre o item, como tipo de publi-
cação ou idioma. Para facilitar a recuperação de informações,
palavras que indicam o assunto são incluídas em campos chamados
descritores ou identificadores. Algumas bases de dados utilizam
vocabulários controlados ou tesauros para a defmição dos
descritores, os quais nem sempre estão disponíveis em forma eletrô-
nica para consulta no momento da pesquisa. Nesse caso, para
montar a estratégia de busca, o usuário deve consultar separada-
mente o tesauro impresso. Detalhes e especificidades, tais como
os campos disponíveis para pesquisa, o seu conteúdo ou o uso
de vocabulário controlado, variam de base para base. Essas infor-
mações são encontradas na documentação que acompanha a base
de dados e devem ser lidas pelo profissional da informação.
Devido às vantagens que as bases de dados oferecem em
relação aos índices impressos, seu uso tem se tornado cada vez
mais comum. As bases de dados oferecem mais pontos de acesso,
podendo-se, muitas vezes, pesquisar palavras-chave que aparecem

232
em qualquer ponto do registro, inclusive no resumo e no texto
completo (quando esses estão disponíveis). Além disso, permitem
realizar pesquisas mais complexas, nas quais vários conceitos neces-
sitam ser relacionados, pois pode-se combinar grande número
de termos de busca com lógica booleana, de maneiras que não
seriam possíveis nos índices impressos. Permitem também fazer,
rapidamente, buscas abrangentes cobrindo vários anos de publi-
cações. Essas e outras facilidades representam uma grande eco-
nomia de tempo para o usuário, permitindo que uma pesquisa,
que poderia tomar muitas horas de trabalho se realizada manual-
mente, seja executada bem mais rapidamente com o uso dos
computadores.

16.4 ACESSO AOS DOCUMENTOS

Refletindo a pressão do público por rápido acesso aos docu-


mentos, quando as bibliotecas locais não possuem os itens identi-
ficados, um número crescente de serviços de indexação e resumo
tem incluído faolidades para a obtenção do texto completo dos
documentos cobertos em seus índices. Em alguns casos, o texto
completo é fornecido na própria base de dados. 2 Muitos deles
oferecem também um serviço de fornecimento de documentos
mediante solicitação. The Genuine Article, do 151. CAS Document
Detective Service ~.doCAS, e Ask*IEEE do INSPEC (The Database

2. Nestes casos. a base de dados pode ser fornecida em duas versões: uma com as referênciaS
bibliográficas e outra contendo, além das referências bibliográficas. o texto completo do
doçUmento. Nesses casos, a versão com o texto completo é mais cara. Um exemplo de base
de dados oferecida nessas duas modalidades é a ABI/lNFORM.

233
for Physics, Electronics and Computing) são exemplos desses
serviços de fornecimento de documentos, oferecidos diretamente
pela empresa produtora de índices e bases de dados.
Os serviços de indexação e resumo utilizam também parce-
rias com serviços independentes de fornecimento de documentos.
Dois dos maiores e mais conhecidos são o BLDSC e o UnCover. O
BLDSC é, provavelmente, um dos maiores e mais antigos do mundo.
Existe desde 1961 e atende à comunidade Internacional através de
sua coleção de mais de 250 mil títulos de periódicos. O UnCover
existe há dez anos nos Estados Unidos, e sua coleção é composta
de 17 mil títulos de penódicos. Através do serviço UncoverWeb "'ã:l,

fornece sem custo via Internet uma base de dados contendo ma1s
de 15 milhões de citações de documentos, cujas cóp1as podem ser
solicitadas por usuários de todo o mundo.
Os serviços de fornecimento de documentos fazem amplo
uso da Internet e de fax, sendo extremamente eficientes. Após iden-
tificação dos documentos desejados, o usuário pode solicitá-los
med1ante preenchimento de formulário na Internet. Caso seja
selecionada a opção de envio por fax (ao invés de por correio), o
documento é, em geral, transmitido imediatamente, podendo
estar disponível para o solicitante em questão de minutos, mesmo
que ele esteja em outro país. Um artigo de 30 páginas, solicitado
por fax ao UncoverWeb, custa aproximadamente 15 dólares, um
preço que muitos dos usuários da informação especializada não se
importam de pagar, em vista da rapidez e conveniência do serviço.
Outros serviços de fornecimento de documentos são
SWETS, Faxon Finder e OCLC Contents First, cada um deles
cobrindo entre dez e 15 mil títulos de periódicos. No Brasil, o

234
serviço de fornecimento de documentos mais conhecido no meio
acadêmico é o COMUT (ver item 5.7.3, do Capftulo 5: O Periódico
Científico). Devido à ênfase no acesso a documentos, ao invés
de sua posse, política adotada por muitas bibliotecas atualmente,
é importante que os profissionais da informação estejam Infor-
mados sobre os serviços de fornecimento de documentos, a fim
de determinar qual deles oferece a melhor cobertura e condições
para atender aos seus usuários.

16.5 Uso DE BASES DE DADOS E PERIÓDICOS DE INDEXAÇÃO E


RESUMO ESTRANGEIROS NO BRASIL

Apesar de cobrirem de maneira limitada a literatura nacional,


os índ1ces e bases de dados estrangeiros são úteis para a comuni-
dade científica e tecnológica brasileira, devido à necessidade de
se acompanhar os desenvolvimentos tecnológicos que ocorrem, na
sua maior parte, nos países do primeiro mundo. Eles têm sido
fornecidos, em geral, de forma restrita, em centros de informação
e bibliotecas de universidades, organizações privadas e órgãos
do governo. Usuários e profissionais da informação preferem as
bases de dados (quando disponíveis) aos índices impressos, devido
à facilidade de consulta e economia de tempo que o seu uso
possibilita.
No esforço de promover amplo acesso a fndices e bases
de dados estrangeiros, destacam-se as iniciativas do IBICT. Desde
1977, o IBICT vinha utilizando sistemas online como o Dialog e
outros, fornecendo buscas bibliográficas a pedido de instituições
e pesquisadores Individuais. Inicialmente, o acesso aos fornece-
dores de bases estrangeiros era feito online via Empresa Brasileira

235
de Telecomunicações (EMBRATEL). Os pedidos dos usuános
eram feitos nos postos de serv1ço do IBICT, que d1vulgava siste-
maticamente no Informativo IBICT as bases de dados disponíveis
para consulta. Mais tarde, o IBICT passou a adquirir bases de dados
em CD-ROM, oferecendo serviços de buscas bibliográficas feitas
localmente.
Para melhorar o acesso às bases, tanto nacionais como estran-
geiras, foi criada, em 1993, a Rede Antares -1D (Rede de Serviços de
Informação em Ciência e Tecnologia). 3 Coordenada pelo IBICT,
a ANTARES foi desenvolvida no âmbito do PADCT/ICT. Seu obje-
tivo é articular instituições com potencial de informação, visando a
manutenção e o fornecimento de bases de dados referenciais.
Atualmente, cerca de duzentas instituições integram a Rede, que
oferece, no seu sítio na Internet, informações sobre as base de
dados produzidas e/ou disponíveis nos centros cooperantes e,
em alguns casos, fornece links para o acesso e a pesquisa. As bases
de dados descritas no sítio da ANTARES podem ser nacionais ou
estrangeiras, em CD-ROM ou acessíveis via Internet Algumas podem
ser acessadas sem necessidade de uma senha, outras exigem um
registro do usuário junto ao centro distribuidor. Outras, particular-
mente aquelas em CD-ROM, só estão disponíveis para consulta
nas instituições participantes.
Grandes fornecedores de acesso a bases de dados como
Dialog, DataStar, OCLC IAC e Ovid possuem representantes no
Brasil. Exemplos de empresas que representam estes fornecedores

3. Anteriormente chamada Sistema Público de Acesso a Bases de Dados (SPA).

236
no Brasil são a Publicações Técnicas Internacionais (PTI) ~, de
São Paulo, e Agência Fornecedora de Informações Técnicas e
Comerciais (AFITEC) ~.de Belo Horizonte.

16.6 BASES DE DADOS E PERIÓDICOS DE INDEXAÇÃO E RESUMO


BRASILEIROS

As primeiras bibliografias especializadas brasileiras foram


publicadas na primeira metade do século XX. Produzidas por órgãos
governamentais, caracterizavam-se por descontinuidade na pro-
dução e atrasos na publicação. São exemplos daquele período a
Bibliografia e Índice da Geologia do Brasil ( 1938), produzida pelo
Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM), o Índice
Catálogo Médico Brasileiro ( 1939), de Jorge de Andrade Maia, a
Bibliografia Cartográfica Brasileira ( 1951 ), de lsa Adonias e o Índice
Tecnológico ( 1953), de Bernadette Sinay Neves.
O esforço para a produção institucionalizada de bibliografias
especializadas brasileiras começa com a criação do 18BD em 1954.
Com relação às bibliografias, o 1880 adotou uma política de centrali-
zação de sua produção, possível na época devido ao então reduzido
tamanho da atividade científica brasileira. Nesse sentido, assumiu a
produção de bibliografias nas áreas de medicina e ciências sociais,
as quais já vinham sendo cobertas anteriormente e também de
outras áreas até então não cobertas, como matemática, frsica,
zoologia, química, botânica e documentação. Ainda no f1nal dos
anos 60, em um trabalho pioneiro, o IBBD passou a utilizar o compu-
tador para impressão das bibliografias que produzia, através do
seu Sistema Integrado de Automação de Bibliografias
Especializadas (SIABE).

237
A partir de 1976, o IBBD foi reestruturado como IBICT, que
passou a coordenar o setor de informação científica e tecnológica
no Brasil. Com relação às bibliografias especializadas, o IBICT tomou
duas decisões. Pnmeiro, reconhecendo que o controle bibliográfico
da literatura especializada é melhor exercido pelos setores espe-
cíficos, decidiu descentralizar sua produção. Segundo, optou pela
ênfase na produção de bases de dados, ou seja, o produto básico
do controle bibliográfico nacional seriam as bases eletrônicas de
dados, enquanto as bibliografias impressas poderiam ser um
subproduto opcional. A cargo do IBICT ficaria apenas a coorde-
nação das entidades produtoras e o fornecimento de apoio e incen-
tivo para a produção Independente, auto-sustentada e moderna das
bibliografias. O apoio técnico, prestado através do seu Sistema de
Reg1stro Bibliográfico (SRB), incluía o desenvolvimento de
metodologias para produção de bases de dados dentro de padrões
e formatos uniformes, que garantissem a compatibilidade com
outros sistemas e assistência para a elaboração de tesauros.
Assim, no início da década de 80, o IBICT passou a coordenar
uma rede de 18 instituições cooperativas, as quais coletavam os
dados bibliográficos relativos à literatura produzida no País e os
forneciam ao IBICT. As bases de dados eram mantidas na sede
do IBICT e compreendiam as seguintes áreas: geociências, química,
meio ambiente, zoologia, botânica, antropologia, desenvolvimento
regional. medicina tropical, tecnologia mineral, carvão mineral, carvão
vegetal, política científica e tecnológica e ciência da informação.
A partir de 1985, O IBICT tentou agilizar a transferência da
produção e manutenção daquelas bases de dados para entidades
representantes de diversos setores, por exemplo: DNPM (base de
dados sobre geociências e tecnologia mineral); Instituto Nacional

238
de Tecnologia (lNT) (química geral e tecnológica); UFRGS (meio
ambiente); UFPa (zoologia, biologia, antropologia, desenvolvimento
reg1onal e medicina tropical) e Coordenação de Informação Docu-
mental Agrícola - CENAGRl (ciências agrícolas). O IBlCT ftcou
responsável pela base de dados em ciência da informação e, tam-
bém, pela base de dados de política científica e tecnológica (esta
última, anteriormente, a cargo do CNPq).
Nessa fase, o IBICT passou também a limitar os serviços
oferecidos pelo SRB, concentrando-se em incentivar instituições
a assumirem a produção de bibliografias em suas áreas de com-
petência. Progressivamente, limitou ainda mais a sua atuação como
órgão incentivador e, atualmente, apenas elabora os editais que
contemplam a produção de bases de dados. Podem concorrer a
esses editais quaisquer instituições que se enquadrem nas exigências
previstas em cada um. Essas ações ocorrem em programas de
financiamento, como o Programa de Apoio ao Desenvolvimento
Científico e Tecnológico (PADCT).
Não se pode dizer que as diversas iniciativas para o controle
da literatura especial1zada no Brasil, seJa através de ações
centralizadoras ou descentralizadoras, tenham obtido, até o momento,
completo êxito. Enquanto os índices e bases de dados estrangeiros
são bastante eficientes no controle da literatura produzida em suas
áreas de atuação, de forma abrangente e regular, isso ainda não
acontece no Brasil. A produção de índices ainda é limitada a algumas
áreas e, mesmo nessas, ainda acontece o problema de
descontinuidades ocasionais.
Algumas das áreas que se destacaram no controle biblio-
gráfico, desde os anos 70, caracterizaram-se pela formação de
redes nacionais cooperativas e pela participação em redes

239
internacionais, que forneceram apoio financeiro e técnico. Uma
delas, com posição privilegiada, é a de informação em saúde devido,
pnncipalmente, às ações da BIREME (Centro Latino-Americano e
do Caribe de Informação em Ciências da Saúde) e das bibliotecas
da USP. A BIREME, ligada à Organização Pan-Americana da Saúde
(OPAS), produz a base de dados LILACS (Literatura Latino-Ameri-
cano e do Con"be em Ciências do Saúde) que cobre a literatura médica
da região desde 1982. Os dados que compõem a LILACS são resul-
tado de uma ação cooperativa de 23 países da América Latina e
Caribe, unidos em uma rede da qual a BIREME é o órgão central. A
BIREME produz também o tesauro DeCS: Descritores em Ciências
da Saúde. Fornecido em forma de base de dados, o DeCS contém
o vocabulário controlado, utilizado para a indexação e recuperação
de informação nas bases de dados LILACS e MEDLINE®.
A metodologia desenvolvida para produção da base de dados
LILACS em CD-ROM foi um trabalho pioneiro no Brasil, tendo sido
iniciado em 1987, por iniciativa da OPAS e do escritório regional
da Organização Mundial da Saúde (OMS). Essa metodologia é
usada atualmente também para produção das bases de dados BBO
(Bibliografia Brasileiro de Odontologia) e AdSaúde. A BBO, publicada
pela Faculdade de Odontologia da USP, inclui a literatura nacional
na área de saúde oral, a partir de 1986. A AdSoúde reúne a literatura
relativa à área de administração de serviços em saúde, desde 1986.
A Bibliografia Brasileiro de Medicina Veterinário e Zootecnia,
publicada pela Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da
USP, deverá ter sua produção, que foi interrompida em 1990,
retomada em CD-ROM.
Juntamente com a BIREME. o CIN/CNEN foi um dos pioneiros
na participação em redes cooperativas, nacionais e internacionais e

240
na absorção de tecnologia para produção de bases de dados no
Brasil. Desde 1981, produz a Bibliografia Brasileiro de Energia Nuclear.
Atualmente fornece também a base de dados FONTE que contém
literatura nacional e internacional na área de fontes alternativas de
energia. O CIN/CNEN integra o sistema cooperativo da IAEA,
alimentando sua base INIS (lntemational Nuclear lnformation System)
com a literatura produzida no Brasil na área de energia nuclear.
Outro setor que se destacou desde os anos 70 foi o de
informação agrícola. A Bibliografia Brasileira de Agricultura, publicada
pelo IBICT até 1978 e posteriormente pela Biblioteca Nacional
de Agricultura (BINAGRI), é apresentada hoje em forma eletrônica,
através da Agrobose (Base Bibliográfica da Agricultura Brasileira).
Essa base é, atualmente, gerenciada pela CENAGRI, órgão do
Ministério da Agricultura, do Abastecimento e da Reforma Agrária
e unidade central do Sistema Nacional de Informação e Docu-
mentação Agrícola (SNIDA). Cobre a literatura agrícola brasileira,
técnico-científica e de extensão rural desde 1870 até o momento,
contendo quase 180 mil referências bibliográficas. Seus dados são
usados para alimentar a base internacional AGR/S, mantida pela FAO,
que reúne a literatura dos países membros nas ciências agrárias. A
Agro base é também apresentada no CD-ROM Bases de Dados de
Pesquisa Agropecuário, produzido pela Embrapa, outro órgão atuante
na área de informação agrícola desde os anos 70. O CD-ROM tem
por objetivo a disseminação da informação agrícola, produzida e
colecionada pelas unidades de pesquisa da Embrapa e por outras
instituições agrícolas brasileiras, reunindo, além da Agrobase, as
bases de dados: Acervo Documental da Embrapo, com mais de 250
mil referências bibliográficas, Base de Dados Bibliográficos sobre

241
Cerrado, com dez mil documentos técnicos-científtcos e a Base
de Dados Bibliográficos de Recursos Naturais do Nordeste do Brasil.
Também dentro do modelo cooperativo, uma área que recen-
temente adquiriu novo ímpeto foi a de informação desportiva. Criado
em 1985, o Sistema Brasileiro de Documentação e Informação
Desportiva (SIBRADID) controla a produção nacional em ciências
do esporte, através de uma rede cooperativa. A rede funciona
com uma unidade central. sediada na Escola de Educação Física
da UFMG e dez universidades colaboradoras. A sua base de dados,
pesquisável via Internet cobre a literatura em Ciências do esporte,
educação física, fisioterapia, terapia ocupacional, lazer, recreação
e afins. Contém o registro de documentos publicados no Brasil,
Inclusive traduzidos, a partir de 1985. A produção científica dos
países de língua portuguesa é também alvo do conteúdo da base,
que inclui dissertações, teses, relatórios de pesquisa, relatórios
técnicos, livros, capítulos de livros e artigos de periódicos. Os
dados bibliográficos do SIBRADID são usados para alimentar a
base de dados SPORT COM, que reúne a produção bibliográfica
dos países íbero-americanos. Alimentam ainda a base de dados
SPORT INFO, produzida pela Sport lnformation Research Center
(SIRC), que reúne a literatura oriunda dos países membros da
lnternational Association for Sport lnformation (IASI).
A Bibliografia Brasileiro de Educação, editada semestralmente
desde 1954 pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educa-
cionais (INEP), atualmente é resultado do trabalho cooperativo de
uma rede de instituições. O Centro de Informações Bibliográficas
do MEC, as faculdades de educação da UFMG, da UFRGS e da
UFRJ e a Fundação de Desenvolvimento da Educação e Fundação
Joaquim Nabuco se encarregam de levantamentos sistemáticos

242
do que se publica sobre a educação brasileira, trabalhando com
documentação coletada em livros, folhetos, periódicos, catálogos e
outras publicações. Embora com a periodicidade atrasada (o último
volume publicado corTesponde a 1991 ), existem esforços para sua
atualização, bem como para sua veiculação em meio eletrônico.
A informação jurídica é uma das poucas áreas que alcançou
o estágio comercial, não mais se limitando a iniciativas governa-
mentais para seu controle e acesso. Um dos motivos que podem
ter levado a essa situação privilegiada é a peculiaridade desse tipo
de informação, mais dependente de fontes naciona1s que as Infor-
mações científicas e tecnológicas. Dentro da política de
descentralização do IBICT, em 1986, a Biblioteca do Senado, em
parceria com o Centro de Informática e Processamento de Dados
do Senado Federal (PRODASEN), assum1u a responsabilidade
pela edição regular da Bibliografia Brasileira de Direito. Disponível
em forma impressa, online e CD-ROM, a Bibliografia compõe-se
de referênoas bibliográficas de monografias e artigos de periódicos,
em português ou outros idiomas, editados no Brasil desde 1980
e de artigos de jornais publicados no Caderno Direito e justiça do
Correio Broziliense, desde 1992. É alimentada pela Biblioteca do
Senado Federal e por 15 bibliotecas do Distrito Federal que inte-
gram a Rede SABI (Subsistema de Administração de Bibliotecas
do PRODASEN). Outras bases oferecidas pela Biblioteca do Senado
são N]UR (normas jurídicas), DISC (discursos),JURI Ounspnudênm), MATE
(matérias em tramitação nas casas do congresso) e o Thesaurus,
um índice de palavras ou expressões que orientam a indexação e
as pesquisas nessas bases de dados.
Além do Senado Federal, vários serviços comerciais fornecem
informações sobre legislação fiscal, contábil, trabalhista e

243
jurisprudencial. Editoras comerciais que se especializam no forne-
cimento de informações JUrídicas, como a Lex Editora e a Editora
Saraiva, passaram a oferecer suas publicações também em CD-ROM.
A Editora Saraiva, por exemplo, produz a base de dados L/S (Legis-
lação Informatizada Saraiva), que contém praticamente toda a legis-
lação federal vigente desde 1850, abrangendo todas as áreas: civil
e processual civil, comercial, penal e processual penal, administrativa
pública federal, trabalhista, previdenciária, tributária e financeira. A
base JUIS Ourisprudência Informatizado Saraivo) contém a transcrição
integral das ementas JUrisprudenciais de vários tribunais de São
Paulo e Rio Grande do Sul.
Muitas outras empresas comerciais como o Sistema lnfolegis
e a empresa CD-GRAF produzem bases de dados com o objetivo
de simplificar, modernizar e agilizar a consulta à jurisprudência e
legislação. Sítios na Internet, como o da Ordem dos Advogados
do Brasil, listam várias outras empresas especializadas na produção
de bases de dados jurídicas.
Outra área, a de informação econômica, tem merecido a
atenção de empresas comerciais. A empresa Brasnia Computadores
e Sistemas Ltda. vem produzindo, desde 1993, a base de dados
IBBE (Índice Brasileiro de Bibliografia Econômica - Orientador -
Adviser). Disponível em disquete, abrange artigos sobre economia
publicados em revistas especializadas de 1970 até 1997, coletâneas
sobre economia publicadas no Brasil a partir de 1986, teses de
mestrado e doutorado aprovadas em universidades brasileiras, além
de publicações nacionais e internacionais dedicadas a estatísticas
e legislação econômicas.
Nas áreas onde não existe uma instituição que se responsa-
bilize pela produção de serviços de indexação e resumo de forma

244
regular, o usuáno não tem outra alternativa senão consultar
primeiro os índices brasilewos que, quando existem, podem estar
com a publicação interrompida há vários anos e, portanto,
desatualizados. Essa busca em um índice defasado pode ser útil
para um levantamento bibliográfico retrospectivo e também para
que o usuário identifique os periódicos nos quais freqüentemente
aparecem os tópicos de seu interesse. Para encontrar as publicações
mais recentes, nesses casos, o usuário deve fazer, manualmente,
uma pesquisa nos anos mais recentes desses periódicos e, assim,
identificar artigos de seu interesse.
Na ausência de índices atualizados, os catálogos de biblio-
tecas, disponíveis em forma de bases de dados acessíveis através
da Internet, podem ser uma importante fonte complementar. A
UFRGS e a USP, por exemplo, oferecem, além do seu catálogo, a
produção bibliográfica gerada nessas universidades incluindo teses,
dissertações, livros, capítulos de livros, artigos de periódicos nacio-
nais, artigos de periódicos estrangeiros, trabalhos de eventos nacio-
nais, trabalhos estrange~ros, entre outros. Embora não sejam exa-
tamente serviços de 1ndexação e resumo, podem funcionar como
instrumentos que suplementam as necessidades do usuáno brasileiro.
Além das bases de dados e dos índices com pretensão de
cobertura abrangente da literatura nacional, nota-se que tem surgido
nos últimos tempos um grande número de pequenas bases de
dados brasileiras. Essas bases de dados, em geral de menor porte
e abrangência, são geradas, muitas vezes, a partir dos acervos de
bibliotecas de determinados órgãos e do material bibliográfico por
eles produzidos e refletem a sua área de atuação específica. Apesar
de representarem mais uma alternativa para o usuário, devido à
fragmentação dos seus dados, essas pequenas bases locais não

245
são uma solução para as deficiências no controle da literatura
produzida no Brasil.
Com a carência de sistemas abrangentes, a informação
acessada via Internet tem sido de grande utilidade para o usuário
brasileiro, completando esse cenário de recursos informacionais
fragmentados. Um exemplo de um sítio útil é o do Prossiga, o
qual contém bibliotecas virtuais nas áreas de educação, economia,
estudos culturais, políticas públicas e pesquisa em C&T, energia,
competitividade, ótica e engenharia de petróleo. Essas bibliotecas
digitais congregam uma variedade de fontes de informações nacio-
nais e estrangewas, podendo dar acesso a bibliografias sobre tópicos
específicos, a listas de periódicos nacionais, às vezes com acesso
aos seus textos completos ou resumos.

16.7 fONTES PARA IDENTIFICAÇÃO

Para a identificação de índices e bases de dados podem ser


usados diretórios, revistas especializadas, livros didáticos sobre ser-
viços de referência ou guias de literatura especializada. Na escolha
de um índice, o profissional da informação deve selecionar aquele
que melhor refiita o conteúdo de sua biblioteca ou o que forneça
referências úteis para os seus usuários, mesmo que a biblioteca
não possua as fontes.
Os diretórios, em geral, fornecem descrições dos índices e
serviços de indexação e resumo, mas não os avaliam ou comparam.
Um exemplo de diretório que pode ser usado para identificação
de serviços de indexação e resumo é o U/rich's /nternational
Periodicals Directory Esse diretório possui uma seção sobre serviços
de indexação e resumo, com informações sobre índices gerais e

246
especializados que eles produzem. Além disso, para cada periódico
listado, o Ulrich's indica os índices que o incluem na sua cobertura. A
EBSCO Publishing edita The lndex and Abstrocts Directory: an
lntemotional Guide to Services and Seriais Coveroge que fornece Infor-
mações sobre índices impressos ou eletrônicos.
Existem diretórios que se especializam em bases de dados.
O Gole Directory of Dato bases é formado pela combinação de três
títulos (Computer Reodoble Databases, Directory ofOnline Dotoboses e
Directory ofPortable Datoboses), fornecendo uma cobertura extensa
de bases de dados em todos os formatos.
Para CD-ROMs, os diretórios CD-ROMs in Print e CO-ROM
Finder (anteriormente Optical Pub/ishing Oirectory) e The CD-ROM
Directory são algumas das principais fontes de informação. Nelas
pode-se encontrar mais de seis mil títulos de CD-ROM e cerca
de quatro mil empresas produtoras.
Outras publicações não são tão abrangentes na sua cobertura,
mas fornecem descnções avaliativas, comparativas e críticas dos
índices e bases de dados. Livros didáticos sobre serviços de refe-
rência (como, por exemplo, Business lnformotion: How to Find /t,
How to Use lt) e livros comerciais (como The Online IDO) fornecem
Informações que podem auxiliar na seleção de um índice ou base de
dados. Uma variedade de periódicos voltados para os profissionais
da informação como Librory )ournol, Magazines for Librories, Online &
CD-ROM Review, CD-ROM World e CD-ROM Professional oferecem
regularmente colunas e artigos analíticos sobre novos produtos
disponíveis. A revista Librory Journol publica desde 1997, no fascículo
da segunda quinzena de maio, uma revisão anual da situação dos
mais expressivos vendedores de bases de dados.

247
Não existem diretórios brasileiros, atualizados regularmente,
que compilem informações sobre os índices e bases de dados
nacionais. Alternativamente, pode-se consultar o Informativo /BICT
e a revista Ciência da Informação, que informam sobre os novos
lançamentos no setor.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BOPP, Richard E.. SMITH, Linda C Reference and information services: an


introduction. 2nd.ed. Englewood, CO.: Libraries Unlimited, 1995.

CAMPELLO, Bernadete Santos, MAGALHÃES, Maria Helena de Andrade. Intro-


dução ao controle bJb!iográfico. Brasil ia: Briquet de Lemos, 1997.

LANCASTER, F. Wilfrid, WARNER, Amy J. lnformation retn'evaltoday. Arlington:


lnformation Resources Press, 1993.

LAVIN, Michael R. Business information: howto find it. howto use ít. 2nd.ed. exp.
e rev. Phoenix: Oryx Press, 1992.

O'LEARY, Mick. The On!ine /OO:Online Magazines' field guide to the I00 most
important online databases. Wdton, CT: Pemberton, 1995.

PRITCHARD, Eileen, SCOTT, Paula R. Literature searching in science, technology


and agriculture. Ed. rev. Westport, Connecticut: Greenwood Press, 1996.

TENOPIR, Caro i, BARRY, Jeff. The data dealers. L1brary joumal, New York, v.l22,
n.9, p.28-36, May 1997.

VIEIRA, Anna da Soledade. Redes de /CT e a parlicipação brasileira. Brasília:


IBICT, SEBRAE, 1994.

248
'
INDICES DE CITAÇÃO

DAISY PIRES NoRONHA


SUELI MARA SOARES PINTO FERREIRA

Uma parte essencial de todo documento científico é a lista de


referências bibliográficas que o acompanha, a qual tem a finalidade
de indicar outras publicações relacionadas ao tema do documento.
Isso significa que um artigo científico não se faz sozinho, mas sempre
absorve a literatura já existente sobre aquele assunto. As refe-
rências são necessárias para identificar os pesquisadores cujos
conceitos, métodos ou teorias serviram de inspiração ou foram
utilizados pelo autor no desenvolvimento de seu próprio artigo,
estabelecendo-se assim um processo de referência e de citação.

1 7.1 REFERÊNCIA E ClT AÇÃO

Referência é o conhecimento que um documento fornece


sobre outro, e citação é o reconhecimento que um documento
recebe de outro. Esses processos implicam uma relação entre as
partes ou o todo do documento citado e a parte ou o todo do
documento que o está citando.
Dentre as várias razões que um autor tem para referenciar/
citar documentos podem-se mencionar (CARVALHO, 1973,
WEINSTOCK, 1971 ), entre outras:
• 1ndicar leituras para complementação do assunto;
• alertar para trabalhos relacionados;
• identificar publicações orig1nais nas quais uma idéia ou um
conceito foi discutido;
• dar crédito a trabalhos relacionados;
• autenticar datas e situações de descoberta de fatos.

Para a elaboração e ordenação das referências e citações,


os autores devem seguir normas nacionais ou internacionais,
utilizando padrões já estabelecidos por organizações dedicadas
especificamente a essa tarefa. Como exemplo dessas organizações
há a ISO e a ABNT, entidades dedicadas exclusivamente à ela-
boração de normas de todos os tipos, dentre elas as normas biblio-
gráficas. Algumas sociedades científicas especializadas, como a
American Psychological Assoc1ation e o Grupo de Vancouver,
que reúnem editores de revistas médicas, também estabelecem
padrões para uso de suas comunidades, sendo o resultado uma
variedade de normas de referenciação e citação. A partir da
década de 50, a prática da referenciação/citação começa a servir
também ao propósito de ordenar, preservar e controlar a litera-
tura de ciência e tecnologia, utilizando-se os índ1ces de citação.
Índice de citação é uma obra de referência especialmente
organizada para permitir observar o impacto que determinado
trabalho teve na literatura científica, através da verificação do
número de vezes que foi citado por outros autores. Esse tipo de
índice lista documentos citados - tanto em notas de rodapé
quanto em l1stas bibliográficas de final de texto - seguidos dos

250
trabalhos que os citaram. O índice de citação serve de base para
uma diversidade de estudos bibliométricos, que permitem verificar
vários aspectos da literatura científica.

17.2 ÜRIGEM DOS iNDICES DE CITAÇÃO

Existem algumas controvérsias sobre a origem desses índices.


O seu precursor parece ter sido a obra A Toble ofCoses in Californio
os Affirmed, Overruled, Modifted, Commented upon, ar Altered by Stotutory
EnoctmenC de Henry J. Labatt ( 1860). Nela estão arranjados, alfa-
beticamente, nomes de processos jurídicos com breves anotações
sobre o tratamento dispensado a casos similares, incluindo comen-
tários e decisões. Outra publicação, também na área jurídica, consi-
derada como precursora dos índices de citação, é o trabalho de
William Wait ( 1872), intitulado A Toble ofCoses Afftrmed, Reversed
orCited in Any ofthe Volumes ofthe Repotts ofthe Stote ofNew York
(SHAPIRO, 1992). O mais significativo sucessor dos índ1ces de
Labatt e de Wait foi o trabalho de Frank Shepard que iniciou, em
1873, a compilação das citações dos casos da Corte do Tribunal
Superior Americano, para distribuição a assinantes e interessados.
Essa compilação gerou uma publicação conhecida como Shepord's
Citations, que tem sido considerada efetivamente a primeira aplicação
prática do conceito de citação, conforme conhecido hoje. Esse
trabalho permitia acompanhar os ditames da doutrina que regia
tanto a lei americana como a lei inglesa, conhecida por Stare Oecisis,
que determinava que todos os processos jurídicos deviam ser
relacionados a processos similares ou correspondentes, inclusive
com anotações sobre suas respectivas soluções, ponderações e/
ou determinações (WEINSTOCK, 1971 ). O sistema de compilação

251
desenvolvido por Shepard expandiu-se com grande repercussão,
sendo ampliado com listagens suplementares das citações subse-
qüentes, incluindo diferentes tipos de fontes legais, como decisões,
estatutos e outras.
Foi somente após a Segunda Guerra Mundial que os índices
de citação surgiram no âmbito da ciência e da tecnologia, coinci-
dindo com um período em que o acesso à literatura dessas áreas
estava dificultado em decorrência de vários fatores. O pnmeiro
deles foi o aumento considerável da literatura. Nessa ocasião
surgiram os primeiros estudos e projeções sobre o fenômeno do
crescimento da literatura, emergindo o termo explosão da infor-
mação. As previsões da época estimavam, por exemplo, que em
1975 existiriam mais de dois milhões de cientistas no mundo, produ-
zindo um milhão de popers por ano. O seg!Jndo fator foi a escassez
de profissionais necessários para indexar todo o material publicado,
o que ocasionava demora no acesso a publicações, ocorrendo
inclusive perda de informações relevantes. O fenômeno da
multidisciplinaridade na ciência fo1 outro fator que colaborou para
dificultar o acesso à literatura. Finalmente, deve-se lembrar que
os tradicionais índices temáticos da época já sofriam do problema
de obsolescência, no que diz respeito aos termos de indexação
que utilizavam, como conseqüência das rápidas mudanças que a
ciência vinha sofrendo.
Esses problemas demonstraram a necessidade de um sistema
de indexação que fosse livre de dificuldades semânticas e indepen-
dente de indexadores especializados, agilizando o processo de
recuperação da Informação e melhorando o acesso à literatura.
Surgiu assim, em 1953, a idéia de se criar um índice de citação na

252
área científica. A sugestão partiu de William C Ada1r (vice-presidente
do tnbunal onde anteriormente Shepard trabalhara), que propôs
a Eugene Garfield (que, na época, trabalhava no Johns Hopkins
Welch Medicai Library lndexing Project) a criação de um índice
de citação para a área médica. Ampliando a idéia, Garfield criou,
em 1961, o Science Citation lndex, o maior exemplo de índice de
citação da atualidade.

17.3 Os íNDICES DE CITAÇÃO DO ISI


Hoje em dia, a produção de índices de citação concentra-se
no ISI, dirigido por Eugene Garfield, o pioneiro no desenvolvimento
desse tipo de índice. Criado em 1958, na Philadelphia (Pennsylvania,
EUA), o primeiro produto do ISI foi o Science Citation lndex, lançado
em 1961. Além dos índices de citação - seus produtos mais
conhecidos - oferece inúmeros outros serviços de informação. Ini-
cialmente foram lançados índices de citação multidisciplinares, como
o já citado Science Citation lndex, além do Social Science Citation lndex,
em 1972, e o Arts & Humanities Citation lndex, em 1978.
O Science Citation lndex cobre 3.500 tftulos de periódicos nas
áreas de ciência, tecnologia e medicina. O Social Science Citation lndex
cobre a literatura produzida em 1.600 títulos de periódicos nas
diversas áreas das ciências sociais. O Arts & Humanities Citation lndex
an-o la 1.1 00 títulos de periódicos em ciências humanas e artes.
O ISI produz também índices de citação em áreas
especializadas: o Biochemistry & Biophysics Citation lndex, o
Biotechnology Citation lndex, o Chemistry Citation lndex, o CompuMath
Citation lndex, o Materiais Science Citation lndex e o Neuroscience
Citation lndex. Em seu conjunto, esses índices de citação indexam

253
ma1s de oito mil periódicos. A cobertura das diversas bases de
dados varia: o Sóence Citation lndex, por exemplo, indexa uma
média de 17 mil novos artigos por semana, o que significa, apro-
ximadamente, uma média de trezentos mil novas citações por
semana, perfazendo um total de 14 milhões de papers por ano. Já
o Social Sciences Cítotion lndex inclui uma média de 2.800 novos
artigos por semana, com aproximadamente cinqüenta mil novas
citações por semana, o que perfaz um total aproximado de quase
três milhões de citações (lSl, 1998). To dos os índices de citação
do ISI estão dispon(veis, mediante assinatura, em formatos variados:
impresso, fita magnética, CD-ROM e, mais recentemente, na opção
online, através do sítio Intitulado Web of Science 1 "'€> na Internet.
Cada uma dessas publicações oferece recursos e vantagens diferen-
ciados, em função das características do suporte, com variações na
periodicidade de atualização, nos recursos de busca, no custo e
na disponibilidade de informações retrospectivas.
A opção via Internet oferece vantagens sobre as demais:
sua atualização é mais rápida, utiliza recursos extras para compo-
sição de opções de busca, oferecendo, por exemplo, a função
quick seorch (busca rápida) para usuários principiantes e a função
fui/ search (busca completa) para usuários experientes. Possibilita
ainda a pesquisa combinada entre todos os índices (possibilidade
inviável nos demais suportes), recurso de delimitação da pesqu1sa

I Disponível gratuitamente para instituições federais de ensino supenor brasileiras, em decor-


rência de corwêr11o firmado entre o ISI e a CAPESIFAPESP, o que possibilitará a realização de
pesquisas bibliográficas. como também de estudos cientométricos.

254
por período de tempo, idioma ou tipo de documento, utilizando
lógica booleana e operadores de proximidade. Os resultados das
buscas são apresentados classificados por data, relevância, autor ou
título do periódico. Através do recurso do hipertexto, é possível
navegar por entre todos artigos citados e citantes (linkados entre
si) atuais e retrospectivos, independentemente da base de dados
em que se encontrem indexados. Localiza todos os autores que
foram citados e não apenas os pnmeiros.
Outra possibilidade oferecida pelo sistema de busca on/ine é
o acesso aos acervos locais através de conexões entre as bases de
dados do ISI e sistemas OPACs disponíveis na Internet É possível
exportar os resultados da pesquisa diretamente para o software de
banco de dados do pesquisador, como Pro Cite ou Reference
Manoger, 2 ambos comeroalizados pelo ISI. O /SI Document Solution,
implementado há muitos anos para permitir acesso ao documento
primário, encontra-se agora disponível também eletronicamente.
Os índices de citação produzidos pelo ISI compõem-se basi-
camente das seguintes partes:

• citation index
Lista alfabética dos autores (prime1ro autor citado) cujos
trabalhos foram citados durante o período coberto, seguidos
do nome dos autores e artigos que os citaram, incluindo
apenas o volume, página e ano do artigo citante;

2. Pmgramas que petlllitem aos usuános a organização de suas bases de dados individuais
com inúmeras facilidades, tais como salda de referências bibliográficas em vanados fotlllatos
(ISO, ICMJE-Intemational Committee of Medicai Journal, APA etc), uso concomitante com
ed1tores de textos (como, por exemplo, o Word da Microsoft), Importação e exportação de
dados d•versos e de sít1os na Internet

255
• source index
Lista alfabética dos autores citantes, com dados bibliográficos
completos de cada item indexado. Permite descobrir o que
um autor em particular publicou durante o período coberto;

• permuterm subject index


Lista de palavras-chave ou frases retiradas dos títulos dos
artigos citantes. Este índice permite uma abordagem por
assunto, remetendo ao Source lndex, onde se encontram as
referências bibliográficas completas dos artigos citantes
cobertos no período;

• corporate index
Lista de entidades e instituições que permite recuperar
documentos a partir da filiação acadêmica ou institucional
dos autores citantes.

17.4 FUNÇÕES DOS iNDICES DE CITAÇÃO

Os índices de citação servem como fetTamentas de trabalho


tanto para a recuperação de informação (funcionando como um
índice convencional), como para uma variedade de estudos
bibliométricos, sendo a análise de citação um dos mais conhecidos.

17.4.1 RECUPERAÇÃO DA INFORMAÇÃO

Como instrumentos de recuperação da informação, os índi-


ces de citação mostram o que foi publicado sobre determinado
assunto, possibilitando a identificação de trabalhos correntes

256
e retrospectivos sobre temas de interesse. A recuperação da
informação nesses índices difere da dos índices e obstracts con-
vencionais: tipicamente, a busca no índice de citação é feita a
partir do nome de um autor cujo trabalho se conhece e, secun-
dariamente, pelas palavras-chave retiradas do título desses docu-
mentos.
Os índices de citação apresentam algumas vantagens sobre
os índices convencionais. Em primeiro lugar, são eliminados os pro-
blemas de terminologia, já que nos índices de citação a indexação
é feita pelo trabalho citado e não por termos que descrevem o
assunto e que podem não ser adequados, além de serem vulne-
ráveis à obsolescência científica e tecnológica. Os vínculos entre
os trabalhos dependem das citações do autor e não de descritores
de assunto, o que beneficia a cobertura interdisciplinar, eliminando
as barreiras rígidas de assunto. Outro ponto positivo decotTe de
sua elaboração exclusivamente por processos eletrônicos, resul-
tando em rapidez de produção, característica atualmente funda-
mental nos serviços terciários. Além disso, sua produção é mais
simples, não requerendo indexadores especializados, o que significa
custo menor que na indexação convencional.
Algumas desvantagens devem ser notadas no índice de ôtação.
O grande número de referências rapidamente recuperadas e a
inexistência de resumos dificultam a seleção dos trabalhos identifi-
cados. A relevância dos itens citados, ou seja, até que ponto esses
itens têm relação com o trabalho em que foram citados, é um ponto
que determina a sua utilidade. Também a falta de rigor por parte
dos autores na elaboração da referência bibliográfica, que pode
estar incorreta ou incompleta, é outro ponto que prejudica o
índice de citação.

257
17.4.2 ANÁLISE DE CITAÇÃO

Os índices de citação são ferramentas essenciais para a análise


de citações, possibilitando o exame da relação entre a unidade
produtora (citante) e a unidade produzida (citado), servindo como
instrumento para análise das atividades de pesquisa, especificamente
a avaliação da produtividade científica. A análise de citações tem
sido usada para medir o chamado fator de impacto da produção
de um cientista, constituindo-se em parâmetro para a
competitividade profissional. Permite também avaliar o impacto,
o crescimento e a obsolescência da literatura caracterizando as
publicações em relação a sua idade, às áreas mais ativas, à autoria
dos trabalhos publicados, além de identificar autores e periódicos
mais citados. Assim, a análise de citações permite a "avaliação dos
Cientistas, publicações e instituições de pesquisa; investigação de
hipóteses concernentes à história e sociologia da ciência e tecnologia;
e o estudo das características do desempenho das buscas de infor-
mação e os procedimentos de recuperação". (ZUNDE, 1971, citado
por PERITZ, 1992). Para GARFIELD ( 1983). ao se considerar apenas
o número de artigos produzidos em um país, tem-se o nfvel de produ-
tividade, mas se for considerado também o número de citações que
esses artigos receberam, tem-se a medido de utilidade ou impacto.
Com ISSO, o número de citações recebidas por um trabalho "supos-
tamente mede o progresso científico, agregando um atributo de
qualidade à produção científica" (VELHO, 1989).
Deve-se considerar, no entanto, que a utilização pura e sim-
ples da análise de citação para medir a produtividade na ciência
pode levar os autores, mesmo que inconscientemente, a utilizar o
processo de citação para aumentar o seu índice de produtividade,
através, por exemplo, da prática da autocitação. A investigação

258
das razões pelas quais um trabalho é citado, utilizando-se métodos
qualitativos e uma abordagem sociológica, é uma tendência que
se observa e que poderá enriquecer a análise da produtividade
através da citação, diminuindo os equívocos da simples contagem
de citações.
Mesmo sendo objeto de críticas e controvérsias quanto a
sua eficácia, a análise de citação continua a ser usada como meio
de estudo da produção científica, funcionando como um indicador
de impacto dos trabalhos dos pesquisadores e de periódicos,
como atesta a imensa literatura existente no campo da
bibliometria, da cienciometria e, mais recentemente, da
informetria. 3
Embora sendo uma ferramenta única para a análise de citação,
os índices produzidos pelo ISI devem ser considerados com cautela
quando se trata de avaliar a produtividade de autores e de publi-
cações de países periféricos, tendo em vista que a maioria dos
periódicos indexados é predominantemente oriunda de países
desenvolvidos: de mais de três mil itens analisados, menos de
uma centena corresponde a países do terceiro mundo e somente
uma dezena da América Latina e do Caribe (SPINAK, 1996).

3. A b1bllometria, como disciplina de alcance multidisciplinar. está associada a medidas quan-


titativas da comunicação impressa, com aplicação de métodos matemáticos e estatísticos para
estudar as características de uso e citação de documentos {SPINAK, 1996, SPINAK, 1998).
A cienciometria aplica as técn1cas bibl1ométricas para medir as características das investigações
científicas, d1sc1plinas, campos e áreas temáticas, a estn.Jtura da comunicaçào científica, conhe-
cendo a natureza e 1nfiuênc1a a que estao sujeitos {SPINAK, 1996).
A 1nfoiTlletr1a é um subcampo emergente da ciência da infonnaçào, baseado na combinaçào
de métodos bibliométricos aperl"eiçoados. aplicados não somente aos estudos C1e11ciométricos
e às aval1ações da pesquisa em ciência e tecnologia, mas também à a11álise de suas mútuas
relações sociais. econômicas etc. (WORMELL.1998).

259
A experiência do ISI é pioneira e ún1ca. Esparsas iniciativas
surgem e são abandonadas em vários países. No Brasil, por exem-
plo, já houve uma tentativa para elaboração de um índice de citação
em ciências agrárias, iniciada por um grupo de pesquisadores da
Escola Superior de Agricultura da Universidade de São Paulo, porém
sem continuidade (PERES, 1996).
Com a evolução da área de ciência da informação e, princi-
palmente, com a exigência de melhores serviços e de produtos
mais competitivos, os profissionais da Informação estão desper-
tando para diferentes caminhos de pesquisa a serem percorridos.
Para tanto, várias ferramentas, entre elas os índices de citação,
estão sendo buscadas.
O advento das publicações periódicas em suporte eletrÔniCO
(ver Capítulo 5: O Periódico Científico) está levando várias editoras
e organismos ligados à publicação científica de diversos países a
desenvolverem recursos tecnológicos que permitam o controle
automático do processo de citação. Dentre as iniciativas nessa
linha há a da editora Elsev1er, que vem desenvolvendo uma
metodologia para utilização nos milhares de títulos de periódicos
com os quais trabalha.
No Brasil, a BIREME, em parceria com a FAPESP, vem desen-
volvendo, desde 1997, o projeto Sei ELO, para a inclusão de perió-
dicos científicos brasileiros na Internet (PACKER, 1998). Um dos
módulos do projeto prevê a produção de indicadores
bibliométricos e relatórios de uso, partindo de estudos feitos na
própria publicação periódica, o que significa que estão surgindo
novas formas de elaboração e/ou organização para os índices de
citação. Os resultados e produtos desse projeto já estão sendo

260
testados e disseminados em várias publicações periódicas brasileiras
e de outros países da América Latina. Abre-se, assim, um grande
espaço para estudos da literatura efetivamente utilizada pelos
pesquisadores da América Latina, com possibilidade de identificação
do real impacto de sua produção científica.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

CARVALHO, Maria de Lourdes Borges de. Índice de citações: uma revisão da


literatura. Revista da Escola de Biblioteconomia da UFt1G, v.2, n.2, p.207-
216, set. 1973.

OUGAN, James A., MINKER. Jack. Automatic data processing, library and
information center applications.ln: KENT, Allen,LANCOUR, Harold (Ed.).
Encydopedia oflibrary and information science. New York: M. Dekker, 1971.
v.2, p.l84-230.

GARFIELD, Eugene. Mapping science in the Third World. Part 2. Science Publ.
Policy, v. I O, n.3, p. I 12- I27, ]une I983.

INGWERSEN, P., CHRISTENSEN, F. H. Data set isolation for bibliometric online


analyses ofresearch publications: fundamental methodological issues.joumal
ofthe American Society for lnformation Science, v.48, n.3, p.205-217,
1997.

ISI [online] Produds & Services. Available from <http://www.isinet.com/prodsel\l/


citation/citsci.html>. Acesso em 04.08. I998.

LIMA, Regina Célia Monte negro de. Bibliometria: análise quantitativa da litera-
tura como instrumento de administração em sistemas de informação.
Ciência da lnformaçiio, v.IS, n.2, p. I 27- I 33, jul./dez. I986.

PACKER, Abel Laerte et ai. SciELO: uma metodologia para publicação eletrônica.
Ciência da Informação, v.27, n.2, p. I09-121, 1998.

261
PERES, Fernando C et ai. Brazilian Agricultura! Science Citation lndex- IBCCAg:
'
preliminary results. Quarter!y Bul/etin ofthe lnternationa/ Association of
Agricultura/ lnformation, v.41, n.l, p.67-69, 1996.

PERITZ, B. 'i· On the objectives o f citation analysis: problems of theory and


method. )ouma/ o f the American Society for lnformation Science, v.4 3, n.6,
p.448-45 I, july 1992.

SHAPIRO, Fred. R. Origins of bibliometrics, citation indexing and citation analysis:


the neglected legalliterature. joumal ofthe AmenCan Society for !nformation
Science, v.43, n.S, p.337-339, 1992.

SMITH, Linda C. Citation analysis. L1brary Trends, v.30, n.l, p.83-l 06, 1981.

SPINAK, Ernesto. indicadores cienciométricos. Ciência da Informação, v.27, n.2,


p.l41-148, 1998.

- - - - · Los análisis cuantitativos de la literatura científica y su validez para


JUZgar la producción latinoamericana. Bo/etin de / 3 Oficina Sanitaria
Panamen'cana, v.l20, n.2, p.l39-147, 1996.

VELHO, Léa. Avaliação acadêmica: a hora e a vez do "baixo clero". Ciência e


Cultura, v.41, n.IO, p.957-968, out. 1989.

WEINSTOCK, Melvin. Citation index. In: KENT, Allen, LANCOUR, Harold (Ed.).
Encyc/opedia oflibrary and information science. New Yorlc M. Dekker, 1971.
v.S. p.6-40.

WORMELL, Irene. Online searching is 1/k:e gold-washing [Pape r presented at


The Online lnfomlation Scandinavia '98. Exhibition and Conference, May
12-14, 1998. Stockholm lnternational Fairs].

ZUNO E, P. Structural models of complex infotnlation sources. /nfonnation Storage


and Retrieva!, v.7, p.l O18, 1971.

262
GUIAS DE LITERATURA

PAULO DA TERRA CALDEIRA

A enorme massa de informação produzida diariamente por


professores e pesquisadores em inúmeras áreas do conhecimento
tem como destino, na maioria das vezes, algum veículo de divulgação
que, por sua vez, é analisado por determinado serviço de indexação
e resumo, planejado especialmente para facilitar a localização de um
item específtco demandado por um consulente. Com o objetivo
de simplificar o processo de busca, algumas instituições publicam
um tipo de obra denominado guia de literatura, organ1zado princi-
palmente para familiarizar o usuário com esse emaranhado mundo
das fontes de informação.
Esses guias pretendem abrir as portas da literatura para os
usuários, especialmente aqueles que necessitam de informação
para compreender as teorias e idéias que possam ser aplicadas
em seus trabalhos; são úteis também para pesquisadores, que
necessitam de orientação para desempenharem com mais desem-
baraço suas atividades no complexo mundo dessas fontes, e para
os bibliotecários, que devem ser especialistas no fornecimento
de informação para seus clientes.
Os guias de literatura são publicações que relacionam fontes
de informação relativas a um assunto, fornecendo uma visão geral
da área abrangida e comentános a respeito das obras incluídas.
Descrevem também as necessidades de informação dos usuários,
suas dificuldades na sua obtenção e as principais instituições de
ensino e bibliotecas da área.
Dada a natureza abrangente de seu conteúdo, os guias de lite-
ratura geralmente incluem uma descrição das principais instituições
de ensino da área, as bibliotecas, os sistemas de classificação utili-
zados, além de discutir os problemas enfrentados pelos usuários
na busca de infotmação. Os guias de literatura incluem infotmações
que ultrapassam uma simples listagem de obras: tratam do conjunto
de fontes que compõem a produção bibliográfica de detetm1nada
área, dos serviços de indexação e resumo impressos e online, além
de indicadores institucionais.

1 8.1 CARACTERÍSTICAS

Os guias de literatura, de modo geral, apresentam as seguintes


características: dedicam-se a uma área do conhecimento, incluem
capítulos que conceituam o assunto, as informações fornecidas para
cada tipo de obra, os problemas enfrentados no seu controle e as
principais instituições produtoras de fontes de informação. Entre-
tanto, alguns guias de literatura podem ser mais enumerativos,
isto é, apresentam as referências bibliográficas das obras arroladas,
acompanhadas de resumos, assemelhando-se a bibliografias, uma vez
que incluem um número bastante grande de títulos de obras e são
menos descritjvos. Assim, quando se examina essas obras é diflcil, muitas
vezes, definir com precisão a categoria a que pertencem, pois elas
podem mesclar as características que as distinguiriam uma da outra.
Para aclarar a diferença de tratamento apresentada para uma
mesma fonte em um guia de literatura textual e em um guia

264
enumerativo, são destacados os comentários a respeito do
Sociologica/ Abstrocts, encontrados no guia textual Use of Social
Sciences Literoture, de ROBERTS ( 1977), e no tradicional Walford's
Guide to Reference Materiais ( /982), enumerativo.
No guia de ROBERTS ( 1977), o Sociologícal Abstrocts é assim
apresentado:

Além das bibliografias especializadas no assunto, de caráter nacional,


tais como a seção Sociologie do Bulletin Signalétique e dos dois
principais índices gerais de literatura periódica, o lntemotionallndex
to Periodicals e o IBZ - lnternationol Bib/iographie der
ZeitschriftenliteraLur, existem dois instrumentos bibliográficos de
particular importância para o sociólogo. São o Sociological Abstracts
( 1952) e a internaiional Bib/iography of Socioiogy ( 1952). O
Sociological Abstracts tem crescido em tamanho e importância
através dos an'os, e a porcentagem de material em língua inglesa
cresceu de 15% a aproximadamente 30%. Com seis fascrculos
publicados ao ano, ele é inevitavelmente mais atualizado do que
a lnternational Bibliography of Sociology (anual) e, mesmo que a
qualidade dos resumos varie- alguns sendo retirados de outras
fontes, outros sendo redigidos por estudantes- há a grande inte-
gridade do veículo. O índice aparece no sexto fascículo, mas seu
formato e a ausência de classificação específica provavelmente
diminuem a sua utilidade como instrumento de recuperação de
informações a longo prazo. A lntemational Bibliography ofSociology
tem uma cobertura mais abrangente ...

O Gurde to Re(erence Materiais, de WALFORD ( 1982), fornece


os seguintes comentários a respeito do Sociological Abstrocts:

SOCIOLOGICAL ABSTRACTS: Brooklyn, N.Y. posteriormente San


Diego, Calif., Sociological Abstracts, Inc., 1952- v. I, no.l-5 fascículos

265
anuais.$ 145 a assinatura anual. Índice: $42. Cerca de seis mil
resumos indicativos e informativos a cada ano. Principais seções:
OI00 - Metodologia e tecnologia da pesquisa; 0200 - Sociologia:
história e teoria: 0300 - Psicologia social. .. ; 0800 - Fenômenos de
massa ... : I000- Diferenciação social ... ; 1900- Famnia e socialização .. :
2100- Problemas e bem-estar sociais ... ; 2400 - Política, planejamento,
estimativa e investigação ... , 2900- Estudos feministas; 3000- Socio-
logia márxista .. : 9000 - Trabalhos apresentados em encontros e
congressos. fndices de assunto, autor e periódicos. Base de dados
online, 1961- (atualizada trimestralmente).

A análise dos comentários incluídos em cada um dos dois


tipos de guia permite constatar que a obra de Roberts fornece
uma apreciação mais crítica do Sociologicol Abstrocts, relacionando-a
a outras semelhantes, mostrando a sua posição no contexto da
literatura da área, o percentual de material publicado em língua
inglesa, sua atualização em relação às demais publicações, a quali-
dade dos resumos e seus pontos fracos. O guia de Walford, de
caráter enumerativo, apresenta um conjunto de informações
objetivas sobre a fonte pesquisada, que visam a identificação da
instituição publicadora, sua sede, data inicial da publicação, sua
periodicidade, preço e assuntos abordados.
Exemplos conhecidos de guias de literatura são as obras
que compõem as séries How to Find Out, lnformotion Sources in ... e
Butterworths Guides to lnformation Sources, publicadas a partir da
década de 60 por tradicionais editoras científicas, demonstrando
suas preocupações com o problema do crescimento da literatura
nas diversas áreas do conhecimento. O aumento do número de
publicações a cada ano torna impossível para um pesquisador
ler todo o enorme volume de trabalhos publicados e arrolados

266
nos serv1ços de indexação e resumo de sua especialidade. Esse
fenômeno gera a necessidade de se preparar instrumentos que
facilitem o conhecimento de trabalhos publicados em áreas
abrangentes de assunto, em resposta à tendência da especialização,
que obriga o pesquisador a ficar cada vez mais restrito à literatura de
um campo específico do saber.
A série de guias de literatura denominada How to Find Out,
editada pela editora Pergamon Press, sediada em Oxford, inclui títulos
nas mais diversas áreas de assunto como How to Find Out in Architecture
ond Building, de Smith ( 1969), How to Fmd OutAbout the Arts, de Camck
( 1967), How to Find OutAbout Uteroture, de Chandler ( 1968). A séne
procura cobrir também áreas mais específicas como How to Find Out
About Children's Uteroture, de Ellis ( 1978), e How to Find Out About the
Wool Texti/e lndustry, de Lemon ( 1968). Esses guias geralmente
incluem capítulos que indicam ao leitor fontes que o ens1nam a
estudar, a pesquisar, a encontrar obras sobre o assunto procurado,
a escolher a futura profissão e a decidir sobre a realização de treina-
mento específico. Discorrem sobre as possibilidades da carreira na
área, as principais instituições educacionais, o uso de bibliotecas, os
sistemas de classificação bibliográfica mais utilizados, além das prin-
cipais fontes de informação da área abrangida.
De maneira semelhante, a séne Buttetwot1hs Guides to
lnformation Sources, da editora de mesmo nome, sediada em Lon-
dres, vem lançando volumes cobrindo os mais diversos campos
do conhecimento. Os guias dessa série apresentam como caracte-
rística serem editados por um ou mais autores, tendo a colaboração
de especialistas da área e bibliotecários. Estes últimos, responsa-
bilizam-se, de modo geral, pelos capítulos relativos à produção
bibliográfica. Na maioria das vezes, todos eles apresentam capítulos

267
que descrevem o sistema bibliográfico da área, o uso da biblioteca
como fonte de infonnação, como realizar uma pesquisa e recuperar
a informação de forma ágil nas principais obras de referência da
especialidade. São exemplos: lnformotion Sources in Economics, de
Fletcher ( 1984); lnformation Sources in Monogement and Business
Literature, de Vernon ( 1984); lnformotion Sources in Politics ond
Política/ Science, de Englefield e Drewry ( 1984). A colaboração
dos especialistas na elaboração de capítulos específicos garante
uma abordagem em profundidade, que será completada com a
visão de bibliotecários que possuem experiência em bibliotecas
especializadas, conhecem as necessidades de informação dos
usuários, como acessar e local1zar as obras e os problemas de
produção, controle e uso da literatura em cada área coberta.
A Bowker-Saur, do Reino Unido, vem lançando a série The
Guides to /nformation Sources que apresenta boa cobertura e riqueza
de detalhes em suas publicações. A série fo1 planejada para que o
usuáno conheça as fontes, de modo que recupere a informação
com facilidade. Os organizadores da série possuem grande expe-
riência na área de informação: um deles foi diretor da British Library
Science and Reference Library e o outro professor de biblioteconomia
da University College London. Os títulos lançados pela Bowker-Saur
mostram que, embora idealizados inicialmente com o objetivo de
cobrir áreas abrangentes, eles vêm apresentando uma tendência à
especialização, cobrindo áreas mais específicas do conhecimento.
Dessa editora, são exemplos de guias de literatura que abrangem
áreas mais amplas: lnformation Sources in Architecture and
Construction, de V. Nurcombe (1996), e lnformotion Sources in
Engineering. de K. Mildren e P. Hicks ( 1996). Como exemplos de
gu1as de literatura que abrangem áreas cada vez mais específicas

268
citamos: lnformotion Sources in Environmental Protection, de S. Eagle
e J. Deschamps ( 1997), lnformotion Sources in Finance ond Banking,
de R. Lester ( 1996); lnformotion Sources forthe Press ond Broadcost
Media, de S. Eagle ( 1991 ); e lnformotion Sources in Sport ond Leisure,
de M. Shoebridge ( 1992).
Também a Greenwood Press, de Westport, Connecticut (EUA),
vem publicando guias de literatura, destinados principalmente a estu-
dantes, com o objetivo de auxiliar o leitor na criação e manutenção
de coleções básicas e de como se atualizar na área. Exemplos de
guias dessa editora são o Social Science Reference Sources: o Proctico/
Guide, de Li (I 990), e lnformation Sources in Children's Literature, de
M. Meacham ( 1978), este último destinado a bibliotecários, profes-
sores do ensino fundamental, estudantes de literatura infantil e
de biblioteconomia. Esses guias discutem a natureza, as necessi-
dades dos usuários, o acesso e o uso das fontes de informação.
No Brasil, publicações similares aos guias de literatura são
representadas pela séne de guias lançados pelo IBICT a partir da
década de 80. Desde sua criação em 1950 como 1880, o Insti-
tuto esteve preocupado com o controle bibliográfico nas diversas
áreas do conhecimento, haja vista a variedade de títulos de biblio-
grafias por ele publicadas. Mais recentemente, o IBICT vem se
preocupando com o controle bibliográfico de uma forma mais
ampla, através da elaboração de bases de dados bibliográficos e
da publicação de fontes de informação que possam facilitar o traba-
lho do pesquisador e do estudioso de detet1111nada área. Assim, dentre
os fatores determinantes da elaboração dos guias de literatura no
País, podem-se destacar o aumento do volume de infotlllação gerada
nas diversas áreas do setor produtivo, as coleções existentes nas
diversas instituições de forma dispersa e o fato de serem elas, as

"'
instituições, também geradoras de informação, compartilhadoras
de acervos e controle bibliográfico e atuarem na localização e
obtenção de documentos, não disponíveis na biblioteca, para seus
usuários e pesquisadores. Para tentar minimizar esses problemas,
o IBICT desenvolveu uma metodologia para elaboração de guias
de fontes de informação mostrando que essas publicações cons-
tituem instrumentos de pesquisa importantes para apoiar o tra-
balho dos profissionais e pesquisadores e facilitar a identificação
de fontes básicas para a recuperação da informação (LOBO e
BARCELOS, 1992). Os guias produzidos pelo IBICT, em parceria
com diversas organizações, reúnem informações sobre instituições
de ensino superior e de pesquisa, laboratórios, escolas técnicas,
entidades associativas, normativas e certificadoras, unidades de
informação, bases de dados, além de obras como anais de eventos,
manuais, dicionários e as principais publicações periódicas relevantes
para as atividades de ensino e pesquisa. Dessa forma, esses guias, ao
agregarem dados até então dispersos ou inacessíveis, destinam-se
à melhoria da qualidade e da eficiência dos serviços de informação,
constituindo-se em mecanismos facilitadores de acesso às fontes
de informação, seJam elas de natureza institucional, pessoal ou
documentária, para uso de pesquisadores e técnicos das instituições
envolvidas, ampliando os limites da literatura da área ao oferecer
para a comunidade científica as informações sobre entidades,
eventos, leg'1slação, bases de dados etc.
Dessas parcerias resultaram os seguintes guias: Fontes de
Informação em Energia no Brasil ( 1982), Guia de Fontes de Informação
sobre Energia para o Setor Industrial (Núcleo Setorial de Informação
em Conservação de Energia do CETEC/Fundação Centro
Tecnológico de Minas Gerais), de 1992, Guia de Fontes de Informação

270
sobre Tecnologia de Controle Ambiental (Instituto Euvaldo Lodi,
1992); Gwa de Fontes de lnfonnação sobre Eletro-e/etrônica, (FUCAPI/
Fundação Centro de Análise, Pesquisa e Inovação Tecnológica,
Confederação Nacional da Indústria, FINEP e SEBRAE/Sistema
Brasileiro de Apoio a Micro e Pequenas Empresas, 1993), e o
Guia de Fontes de Informação sobre Gestão e Tecnologia da Qualidade
(Instituto de Tecnologia do Paraná, 1993), todos eles pretendendo
facilitar o trabalho de pesquisadores em áreas estratégicas para o
desenvolvimento do País.

18.2 fORMAS DE PUBLICAÇÃO

Os guias de literatura são publicados, geralmente, na forma


de livros, podendo aparecer também como artigos de periódicos.
Isso acontece quando o assunto é específico e a literatura da
área não alcançou, a1nda, grande volume em termos de trabalhos
publicados. Exemplos de guias publicados em periódicos são o
Researching Rock'n'ro/1: a Guide to Reference Sources, de P. Feehan
( 1987); The Lrterature of Dance, de S. N. Brownmiller e D. C
Dickinson ( 1988); Motion Pictures: an Update Survey of Reference
Sources 1982-1988, de E. S. Block ( 1989), publicados no Reference
Services Review. O guia Medica/ Reference Tools for the Layperson,
de B. Walters ( 1988/1989), foi publicado no periódico Reference
Books Bul/etin, e o Animais: o Selected List ofReference Too/s, de M.
E. Qu1nn ( 1992), apareceu na revista Booklist.
Os guias de literatura podem aparecer também na forma de
capítulos de livros ou como verbetes em enciclopédias. Exemplos
são o capítulo "Psychiatry", de M. Guha, incluído no guia lnformation
Sources in the Medica/ Sóences, de L. T. Morton e S. Godbolt

271
( 1991 ); os verbetes "Geological Literature", de G. Lea et ai, e
"Technical Literature", de K. Subramanyan, publicados na
Encyclopedia of Library and lnformotion Science, respectivamente
nos volumes 9 ( 1973) e 30 ( 1980).
Os guias podem ser concebidos ainda como projeto de dis-
sertação. Um exemplo é A Guide to the Literoture of Oceanography
and an Enquiry into the Density, Distribution, ond Use of Periodical
Literature ofthe Discipline, de C Freeman ( 1971 ), dissertação defen-
dida na University of Sheffield, Inglaterra.
Há casos também em que os guias de literatura, mesmo
mantendo as características descritas anteriormente, mudam a
ênfase na abordagem de seu objeto, isto é, de1xam de focalizar
um assunto determinado para abordar um tipo de material. São
exemplos: lnformation Sources in Grey Literoture ( 1998), lnformation
Sources in Potents ( 199 2) e Use of Reports Literoture ( 1975), todos
de um mesmo autor, C P. Auger. O primeiro, lnformation Sources
in Grey Literature, aborda publicações que não possuem um sistema
de distribuição formal, embora sejam fontes de informação vitais
para pesquisadores. Discute a natureza e o desenvolvimento desse
tipo de literatura, os métodos de aquisição, controle bibliográfico,
catalogação, Indexação e os diversos tipos de materiais das várias
áreas do conhecimento. O segundo, lnformotion Sources in Potents,
fornece um panorama do sistema de patentes na Europa e nos
Estados Unidos, mostrando como o mesmo pode ser melhor
compreendido e utilizado. O terceiro, Use of Reports Literoture, é
um guia de relatórios técnicos publicados nas mais diversas áreas
de assunto. Descreve a evolução dos relatórios como veículos
de informação, discute os problemas de controle bibliográfico,

272
catalogação e indexação desse material e apresenta as principais
fontes para sua identificação nas áreas abrangidas. Outros exemplos
de guias também dedicados a um tipo de material são: lnformotion
Sources in Cartogrophy, de C. R. Perkins e R. 8. Parry ( 1990), e
lnformation Sources in Officiol Publicotions, de V. Nurcombe ( 1997).
O tipo de leitor a que se destinam os guias de literatura
pode variar de acordo com os objetivos propostos pelos autores.
Existem aqueles escritos para facilitar o trabalho dos bibliotecários
em suas atividades de pesquisa e de atendimento aos usuários,
como o Science and Engineering Literature, de Malinowsky ( 1995),
e outros que se destinam especialmente a estudantes de
biblioteconomia, como o Science and Technology: an lntroduction to
the Literature, de Grogan ( 1982). O lnformation Sources in Science
and Technology, de Parker e T urley ( 1998), é um guia prático escrito
para profissionais e estudantes da área de ciência e tecnologia. O
lnformation Sources in Children's Literature ( 1978), citado anterior-
mente, destina-se tanto a professores como a bibliotecários e
estudantes de biblioteconomia e de literatura infantil.
Na utilização dos guias de literatura deve-se observar certos
aspectos que são importantes na avaliação de qiJalquer obra de
referência: sua atualidade, a cobertura das fontes de informação
para cada tópico, os países e línguas abrangidos, o grau de
seletividade dos itens incluídos, a tipologia do material abordado, a
inclusão de índices de autores e assuntos, a competência do
organizador, dos colaboradores, a seriedade da editora, entre outros.
Para atender a uma das necessidades da sociedade contem-
porânea - agilidade na obtenção da informação - o conheci-
mento e a destreza no manuseio dos guias de literatura permitirão

273
que o pesquisador adquira rapidamente conhecimento sobre as
principais fontes de informação em qualquer área, permitindo-lhe
desenvolver suas pesquisas com maior facilidade, embasamento
científico e, como resultado, ating1ndo os objetivos propostos
em sua pesqu1sa.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

FUNDAÇÃO CENTRO DE ANÁLISE, PESQUISA E INOVAÇÃO


TECNOLÓGICA, Manaus. Guia de fontes de informação sobre eletro-eletrônica.
Brasilia: IBICT, 1993. 146p.

GROGAN, D. Science and technology: an introduction to the literature. 4th.ed.


London: C. Bingley, 1982. Cap. 2: Guides to the literature, p. 30-36.

GUTTSMAN, W. L. The literature o f sociology and the pattern of research and


retrieval. In: ROBERTS, N. (Ed.). Use o(social sciences literature. London:
Buttervvorths, 1977. p.S6-79.

KENT, A, LANCOUR, H. (Ed.). Encyclopedia of/Jbrary and information science.


New York: M. Dekker, 1968-1992. 49V.

LOBO, M. de F. D., BARCELLOS, S. de O. Guias de fontes de informação:


metodologia para geração e automação. Ciência da Informação, v.21, n.l,
p.75-8 I, jan./abr. 1992.

MULLAT, M., SCHLICKE, P. (Ed.). Walford's guide to reference material 6th.ed.


London: Library Association, 1993. V.l: Science and technology.

ROBERTS, N. Use ofsocial science Jiterature. London: Buttervvorths, 1977. 326p.

SUBRAMANYAN, K. Scientific and technica/ information resources. New York:


M. Dekker, 1981. p.304-307.

WALFORD, A j. (Ed.). Cuide to reference material. 4th.ed. London: Library


Association, 1982. V. 2: Social & historical sciences, philosophy & religion, p. 95.

274
A INTERNET

BEATRIZ VALJ\DARES CENDÓN

A década de 90 marcou o início de uma expansão vertiginosa


do volume e variedade de informação disponível na Internet Atual-
mente, o número crescente de empresas, órgãos governamentais,
associações profissionais, universidades e indivíduos que oferecem
informações na Internet tornam-na uma ferramenta fundamental
para os profissionais da informação. É possível que a Internet
adquira ainda maior expressão pois acredita-se que, no futuro,
muitas informações só estarão disponíveis através da grande rede e
que, com base nas suas atuais taxas de crescimento, ela se tomará o
repositório da maior parte do conhecimento científico e comercial
do mundo (CRONIN e MCKIM, 1996).
To dos os que têm alguma experiência no uso da Internet
sabem que não é possível listar seus recursos de forma exaustiva
e atualizada. Alguns exemplos ilustrativos dos diferentes tipos de
fontes de informação especializada disponíveis através da rede
foram fornecidos nos capítulos anteriores. Portanto, o objetivo
deste capítulo será o de descrever a evolução e consolidação da
Internet como fonte de informação, os principais meios de publicação
e os mecanismos de identificação de recursos. Serão também discu-
tidas as características especiais que a diferenciam de outras fontes
e os meios de acesso à informação especializada que ela proporciona.
19.1 EvoLUÇÃO

A Internet é uma rede global de computadores ou, mais exa-


tamente, uma rede que interconecta outras redes locais, regionais e
internacionais. Para o usuáno final. a impressão que se tem é que se
trata de uma só rede, já que de qualquer ponto em que se está
pode-se comunicar com qualquer outro computador, independente-
mente de onde ele estiver ou de que tipo ele seja (supercomputador,
moinfrome, estações de trabalho UNIX, ou microcomputadores
pessoais). A interconectividade ampla entre os diferentes compu-
tadores é garantida pelo uso em toda a rede de um conjunto de
protocolos padrão, o TCP/IP (Tronsmission Contra/ Protoco/1/ntemet
Protoco0. Dessa forma, recursos informacionais que anteriormente,
apesar de acessíveis por redes, eram sistemas ilhados, podem, na
Internet, ser oferecidos de maneira integrada.
Outras características da Internet são a confiabil1dade e
interatividade. Caso algum sistema ou rede tenha problemas, os
dados transmitidos ainda podem atingw seus destinos através de
caminhos alternativos. Isso a torna um sistema confiável, do qual
dependem diariamente milhares de indivíduos e empresas. Além
disso, a sua interatividade permite que, além do con-eio eletrônico
e transferência de arquivos, sejam oferecidos uma variedade de
outros recursos informaciona1s que exigem a conexão direta entre
duas máquinas, a interação do usuário com outro computador ou
mesmo a comunicação entre programas.
O início do desenvolvimento dos conceitos e tecnolog1as,
que fazem da Internet o que ela é hoje, data do final da década
de 60 quando, durante a Guerra Fria, o Department of Defense
do governo americano tomou as primeiras iniciativas para a criação

276
de uma rede experimental de supercomputadores, a ARPANET
(Advanced Research Projects Agency Network). Para garantir a
comunicação entre computadores em caso de ataques nucleares,
procurou-se desenvolver uma rede descentralizada que
conectasse computadores híbridos e que permitisse, em caso de
perda de um deles, rotas alternativas de comunicação. A
ARPANET, que se tornou operacional em 1975, postenormente
foi subdividida em outras redes, substituída e finalmente desativada
em 1989. Do projeto ARPANET originaram-se, além das
tecnologias usadas na rede atualmente, o próprio termo Internet
que passou a ser utilizado como uma designação geral para todas
as redes conectadas pelo protocolo TCP/IP.
Até o final da década de 80, a Internet era utilizada princi-
palmente pela comunidade científica e acadêmica. Seu uso para
fins comerciais não era permitido, e o custo da conexão era pago
pelas instituições participantes. Para o usuário final a Internet era
totalmente grátis, o que estimulava seu uso. A cultura de livre
acesso e compartilhamento de recursos informacionais por mem-
bros da comunidade acadêmica tornou-se uma tradição vinculada
às origens históricas da Internet, diferenciando-a de outras redes,
tais como a RENPAC.
Entretanto, as restrições quanto ao seu uso comercial impu-
nham limites à quantidade de informação disponível. Em 1990,
LYNCH e PRESTON ( 1990) consideravam modesto o número
de recursos informacionais na Internet e classificaram como um
exagero retórico a literatura publicada sobre a importância das
redes como fontes de informação. A ausência de uma massa crítica
de recursos e usuários não permitia, naquele estágio, que a
Internet constituísse um acervo relevante para o pesquisador.

277
Em 1987, com a liberação do uso comercial da Internet nos
Estados Unidos, houve um aumento significativo do número de
usuários e computadores conectados (chamados hosts na linguagem
técnica). O sistema tomou novo ímpeto dois anos depois com a
criação da Wor/d Wide Web (ou simplesmente Web), um sistema
global para documentos multimídia. Finalmente, em 1993, o desen-
volvimento da versão para microcomputadores do Mosaic, um
programa para acesso aos recursos na Web, na University of lllinois
(EUA), adicionou mais um ingrediente fundamental para a ampla
disseminação do uso da Internet. Constituindo-se em um programa
para microcomputadores, ele tomou-se acessível a uma população
bem maior. Ao fornecer um ambiente gráfico que permitia a
interação com o sistema através de facilidades, tais como cliques
de mouse, menus, janelas e barras de rolamento, diminuiu a necessi-
dade de conhecimento técnico por parte do usuário, contribuindo
para aumentar o número de atores que poderiam participar da rede.
Assim, a Internet vem, quase, dobrando de tamanho a cada
ano. As pesquisas da empresa americana Network Wizards
contabilizaram I,3 milhões computadores conectados à rede em
1993,2,2 milhões em 1994, quase cinco milhões em 1995, cerca
de dez milhões em 1996 e mais de 19 milhões em julho de 1997.
Já em janeiro de 2000 havia mais de 70 milhões. Segundo informe
da ONU, no ano 2000 a Internet provavelmente superará os 200
milhões de usuários em ma1s de 200 países.
A ampliação do número de usuários, somada à ampla
interconectividade, robustez, 1nteratividade e facilidade com que
recursos informacionais podem ser criados e acessados fazem da
Internet um meio atraente para divulgação de uma variedade de

278
informação. Ao mesmo tempo, essa combinação de fatores faz
supor que o ritmo atual de expansão será mantido e que ela conti-
nuará a se consolidar como fonte de informação fundamental.

19.2 A INTERNET NO BRASIL

No Brasil, como no restante do mundo, o uso da Internet


iniciou e ganhou força no meio acadêmico. Desde 1988 algumas
instituições de ensino e pesquisa (FAPESP, Laboratório Nacional
de Computação Científica- LNCC e UFRJ) começaram a estabe-
lecer conexões com redes internacionais. Entretanto, foi com a
criação da Rede Nacional de Pesquisa (RNP) ""iil, em 1989, que se
introduziu no Brasil a tecnologia TCP/IP da Internet. A RNP, um
programa do Ministério de Ciência e Tecnologia (MCT), apoiado
pela Secretaria de Política de Informática e Automação (SEPIN) e
executado pelo CNPq, visa a apoiar e incentivar o uso educacional,
acadêmico e social da Internet. A implantação da sua primeira
espinha dorsal (ou backbone), em 1991, possibilitou a interligação
das principais universidades e centros de pesquisa do País e de
algumas organizações não-governamentais. O backbone da RNP
continua a se expandir e, atualmente, conecta todas as capitais
e, direta ou indiretamente, todas as universidades e centros de
pesquisa. 1

Até 1995, a quase totalidade das cerca de quinhentas insti-


tuições brasileiras com presença na Internet consistia de universi-
dades e institutos de pesquisa. Naquele ano, com a liberação para

I. Consultar o sítio da RNP para venficar a situação atual da Internet.

279
seu uso comercial no Brasil, a Internet deixou de ser um projeto
exclusivamente acadêmico. Começaram a surgir, também, outros
bockbones, além do da RNP, Implantados pela iniciativa privada.
Entre eles, cita-se o da EMBRATEL.
A exemplo do que vem acontecendo em outros países, o
crescimento da Internet no Brasil tem sido rápido: estatísticas mos-
tram que o número de hosts brasileiros passou de oito mil em janeiro
de 1995 para quase 500 mil no ano 2000. Com 4 milhões de usuários,
o Brasil está na IJa posição entre os mais de 200 países participantes
da Internet

19.3 ACESSO As FONTES DE INFORMAÇÃO NA INTERNET

Os recursos de informação existentes na rede estão arma-


zenados em computadores, chamados de servidores, que podem
servir essas informações para outros computadores, chamados
clientes. Os termos cliente e servidor são usados tanto para o
hardware (isto é, os computadores) como para o software (os
programas) que estão instalados nesses computadores e que
armazenam e tornam disponíveis informações, no caso dos ser-
vidores, ou as buscam e exibem, no caso dos clientes. Para ser
localizado, cada computador recebe um endereço, chamado
endereço IP, que o identifica de forma única entre os milhões
que existem.
Existem muitos serviços para fornecimento e acesso aos
recursos da Internet. Os mais relevantes como meios de publicação
e/ou acesso a fontes de informação especializada são o correio
eletrônico, a Usenet, o Telnet, o FTP (File Transfer Protocol), o

280
Gopher, o WAIS (Wide Area lnformation Server) e a Web. Cada um
desses serviços implica na existência de um programa servidor e
de um programa cliente. Por exemplo, Mosaic, Netscape e Internet
Explorer são programas clientes Web, necessários para acessar as
informações armazenadas por outros programas, os servidores Web.
Da mesma forma, usando-se um cliente FTP, é possível acessar e re-
cuperar informações armazenadas nos servidores FTP.
Neste capítulo pretende-se proporcionar apenas uma expli-
cação sobre a importância de cada um desses serviços. Para maiores
detalhes sobre os requisitos técnicos para conexão e sobre o uso
de cada um dos aplicativos, recomenda-se a consulta aos diversos
guias existentes sobre a Internet.

19.3.1 ACESSO A FONTES PESSOAIS DE INFORMAÇÃO: CORREIO


ELETRÓNICO, LISTAS E GRUPOS DE DISCUSSÃO

Usados para enviar e receber mensagens entre indivíduos ou


grupos de pessoas, o correio eletr6nico, listas e grupos de discussão
são serviços que facilitam e agilizam o processo de comunicação
informal entre especialistas.

• Correio eletr6nico e listas de discussão


Os programas de correio eletr6nico modernos permitem o
envio de documentos escritos em processadores de texto,
gráficos, clips de vídeo ou outros programas como um anexo
às mensagens. Os documentos recebidos via correio ele-
tr6nico (que, na linguagem da Internet, são chamados de
documentos atochados) podem ser abertos, gravados e
alterados no computador do recipiente. Este recurso, que

281
permite uma variedade de outras aplicações do correio
eletrônico, tem sido usado, por exemplo, para elaboração
de publicações em colaboração, reun1ndo autores que muitas
vezes se encontram em países diferentes.
Além da troca de mensagens entre indivíduos, o correio
eletrônico é também utilizado para formar listas de discussão.
Nestas, uma mensagem é copiada e reenviada para os assi-
nantes que podem enviar novas mensagens ou responder às
recebidas, contribuindo com novos argumentos. O assinante
pode também simplesmente acompanhar as discussões para
se manter a par dos novos eventos, problemas e questões
abordados na lista.
Como fonte de informação especializada, as listas são ainda
mais importantes que o correio eletrônico ao constituírem
pontos de encontro de especialistas, permitindo discussão
sobre uma ampla gama de tópicos. Existem milhares de listas
sobre praticamente qualquer tópico: ver, por exemplo, as
90 mil relacionadas pelo ser.; iço Liszt ""€>. As mensagens
trocadas entre os membros das listas costumam ser armaze-
nadas em arquivos que estão disponíveis para o público e, na
maioria das vezes, é possível acessar também a relação de
assinantes. Esses arquivos são uma valiosa fonte de infor-
mação para especialistas.

• Grupos de discussão- Usenet


A Usenet é um sistema de grupos de discussão chamados de
newsgroups. Possui alguma similaridade com as listas de dis-
cussão apresentadas acima, já que se destina à interação entre

282
grupos de pessoas que se interessam por um determinado
assunto. Entretanto, há algumas diferenças: a mais evidente
é a maneira como os usuários participam dos newsgroups.
Ao contrário das listas de discussão, não é preciso ser um
assinante de um dos newsgroups para receber e ler as men-
sagens. Qualquer pessoa pode usar um programa para
conectar-se a um sítio Usenet que oferece, geralmente, al-
guns milhares de newsgroups. Para melhor organização, os
grupos são classificados por assunto. Alguns exemplos das
categorias principais são: ciência da computação (comp),
notícias (news), recreação (rec), ciência (sei), questões sociais
(soe), debates sobre tópicos controversos (talk) e negócios
(biz). Cada categoria pode conter centenas ou milhares de
newsgroups. Cada grupo recebe um nome, cuja primeira
parte representa a categoria à qual ele está subordinado.
Por exemplo, um grupo para pessoas que estão aprendendo
a usar a Usenet chama-se news.newusers.questions.
Dezenas de milhares de páginas de texto são enviadas à Usenet
todos os dias. Obviamente, é impossível para um usuário acom-
panhar tudo o que é discutido em todos os newsgroups. Nor-
malmente seleciona-se alguns grupos de interesse que se pre-
tende acompanhar. Devido ao volume de informações, as
mensagens (chamadas artigos na linguagem da Usenet) são, na
maioria das vezes, armazenadas apenas alguns dias e, em
seguida, excluídas. Não servem, portanto, para pesquisas
restrospectivas, ao contrário das listas de discussão.
Além das mensagens em si, uma importante fonte de infor-
mação na Usenet são os artigos chamados FAQ (Frequently
Asked Questions), que contêm perguntas freqüentemente

283
apresentadas ao grupo. Em cada newsgroup, encontra-se um
artigo FAQ com informações básicas sobre o assunto do
grupo de discussão. Por exemplo, em um grupo sobre di-
reitos autorais, o FAQ fornece uma lista de respostas para
as perguntas ma1s apresentadas ao grupo. Como existem
newsgroups abrangendo inúmeros tópicos de interesse, os
FAQs podem ser usados como uma fonte para dirimir rapi-
damente as dúvidas mais comuns sobre uma variedade de
assuntos.

19.3.2 ACESSO A COMPUTADORES REMOTOS: TELNET

O serviço Telnet permite a conexão direta a outro compu-


tador. Ao conectar-se a um computador remoto (que pode estar
em qualquer lugar do mundo), o usuário pode executar qualquer
programa instalado naquela máquina, desde que haja permissão
para ISSO.

Por oferecer uma interface exclusivamente textual e pouco


amigável ou intuitiva, o Telnet é um aplicativo menos usado por
leigos. Normalmente, para se aproveitar dos recursos instalados
em outros computadores, é necessário conhecimento de alguns
comandos básicos de seu sistema operacional. Na maioria das
vezes, o sistema operacional é o UNIX, o mais usado pelos compu-
tadores conectados à Internet, que é bastante complexo.
Entre profissionais da informação, o T elnet é usado princi-
palmente para acesso a servidores de correio eletrônico, ou para
conexão a bases de dados e catálogos de bibliotecas. Quando se
acessa uma base de dados via T elnet, geralmente o computador

284
servidor oferece ao usuáno um sistema de menus ou indicações
dos comandos a serem utilizados para pesquisar a base, o que
facilita o uso dos recursos, exigindo menos conhecimento do
pesquisador. Mas, ainda assim, comparado com outros sistemas
atualmente disponíveis, o Telnet tem menos aceitação. É de se
esperar que a maioria das bibliotecas e outras instituições que
oferecem bases de dados pesquisáveis via Telnet, progressiva-
mente as migrem para a interface Web.

19.3.3 TRANSFERÊNCIA DE INFORMAÇÃO REMOTA: FTP

Se com o T elnet o usuário da Internet entro em um outro


computador remoto para usá-lo como se ele estivesse na sua
própria sala, com o uso do FTP os arquivos localizados remota-
mente podem ser transferidos para o computador do usuário.
Na Internet existem sítios de FTP que são repositórios públicos
de arquivos. Qualquer usuário da rede tem permissão para entrar
nesses sítios, observar o que oferecem, selecionar algum arquivo
desejado e transferi-lo para seu próprio computador. Uma vez
conectado, o usuário pode solicitar, por exemplo, a transferência
de artigos, livros, software, ou qualquer outro recurso armazenado.
Efetuada a transferência, desde que o usuário possua o programa
adequado, esses arquivos podem ser abertos, manipulados ou
1mpressos.
Nos primórdios da Internet, o uso do FTP costumava repre-
sentar alguma dificuldade para principiantes. Atualmente existem
interfaces gráficas que fazem da transferência de arquivos um
processo muito simples e amplamente utilizado. São exemplos de
alguns sítios especializados em armazenagem de software: Lemon ~.
SHAREWARE.COM-., e TUCOWS ~.

285
19.3.4 NAVEGAÇÃO POR MENUS: GoPHER

Originado na University of Minnesota (EUA) em 1991, o


Gopher foi a primeira ferramenta para navegação na Internet Ao
se conectar com um Gopher, que, como o Telnet, oferece uma
interface textual, o usuário recebe um menu, ou seja, uma lista
de tópicos para seleção. Cada tópico representa um recurso
informacional que pode estar sediado localmente ou em outros
computadores. Escolhendo-se uma das opções apresentadas, o
usuário acessa a fonte de informação desejada ou pode ser levado a
um novo menu com outras subopções. Ao navegar pela hierarquia de
menus em um Gopher, o usuário pode obter documentos textuais,
acessar repositórios de arquivos de FTP, entrar em uma sessão de
T elnet ou se conectar a um outro Gopher localizado remotamente.
O programa permite ainda que o usuário descarregue e salve os
arquivos acessados, ou os envie para outra pessoa, por correio
eletrônico. Dessa forma, além de facilitar a exploração de recursos,
o serviço Gopher oferece uma interface simples que integra vários
outros serviços.
Por representar uma grande melhoria de interface em relação
a serviços existentes, como o FTP e T elnet, o Gopher alcançou
extraordinário sucesso, quando de seu lançamento. Um grande
número de instituições criou coleções de recursos oferecidos
via Gopher. Entretanto, sua interface textual e a hierarquia rígida
de menus limitam a fiexibilidade do usuário, tendo o Gofher sido rapi-
damente substituído pela Web, o sistema de navegação introduzido
mais recentemente. Enquanto no exterior ainda existem sítios
de Gopher que congregam um grande número de recursos, no
Brasil, onde a Internet foi introduzida mais tarde, o Gopher não

286
chegou sequer a adquirir proeminência. A tendência é de que os
recursos oferecidos atualmente através de Gophers sejam paula-
tinamente migrados para sítios Web.

19.3.5 ACESSO A COLEÇÕES DE DOCUMENTOS TEXTUAIS: WAJS

Os servidores WAIS fornecem acesso a coleções de texto


completo de documentos, permitindo também a pesquisa por
palavras-chave. Na época em que foi lançado, o WAIS representou
um enorme desenvolvimento em relação aos sistemas existentes
anteriormente. Antes dele, os documentos estavam disponíveis
na Internet mas, na maioria das vezes, só podiam ser localizados
pelos títulos dos arquivos que os continham (que, normalmente,
podiam ter o máximo de oito caracteres) ou, caso estivessem
disponíveis em um Gopher, pelo título do menu que oferecia acesso
a ele. O programa WAIS 1ndexa uma coleção de document~s

textuais produzindo uma lista de todas as palavras nela contidas.


O usuáno de um cliente WAIS indica as coleções de documentos
que quer pesquisar e, a seguir, entra com palavras-chave para realizar a
busca. O cliente WAIS fomece, então, uma lista de documentos que
contêm as palavras-chave. Selecionando-se um documento, o
programa cliente o requisita ao servidor WAIS e, a seguir, exibe
na tela do usuário o seu texto completo.
Como o Gopher, o sistema WAIS de armazenagem e
indexação de coleções de documentos textuais foi uma idéia que
floresceu por pouco tempo no ambiente dinâmico da Internet. O
surgimento da Web implicou na rápida diminuição do entusiasmo
por esse sistema, antes que as informações acumuladas em suas
bases de dados atingissem um volume expressivo. A partir de

287
1996, novos serviços e produtos deixaram de ser oferecidos pela
companhia WAIS Inc. Embora não seja muito usado, existem ainda
algumas coleções ou bibliotecas WAIS disponíveis na Internet. O
sítio Res-Links: Search Tools- Veronica/Jughead/Wais ""' lista
alguns destes recursos.

19.3.6 NAVEGAÇÃO POR HIPERTEXTO: WORLD WíDE WEB

Desenvolvida por um laboratório suíço, o CERN (Centre


Européen de Recherches Nucléaires), a Web é um conjunto de
documentos, disperso em milhões de computadores ao redor
do mundo, que pode conter textos, imagens, sons e outros tipos
de dados. Tão importante quanto o conteúdo desses documentos
são os links (vínculos para outros documentos), que eles contêm
e que caracterizam a Web como um sistema de hipertexto ou
hipermídia. Esses links, combinados com a interligação dos com-
putadores na Internet. permitem que o usuário se locomova ra-
pidamente de um documento para outro, mesmo que esses es-
tejam em computadores situados em locais distantes um do ou-
tro. A Web rapidamente dominou a Internet ao combinar simplici-
dade de uso, facilidade de criar e fornecer documentos e a exibi-
ção de documentos em formatos multimídia, mais aceitáveis do
que longas páginas ininterruptas de texto.
Os programas clientes Web são conhecidos como navega-
dores ou browsers. Como o Gopher, eles integram em uma única
interface o acesso a uma variedade de outros recursos
informacionais. Ou seja, além dos documentos hipermídia, através
deles pode-se acessar recursos armazenados em servidores
Usenet, Telnet, FTP, Gophere WAIS. Para isso, a Web usa um sistema

288
de endereçamento, chamado de URL (Uniform Resource
Locator), capaz de fazer referência a recursos de todos os tipos.
Cada servidor, seja ele um Gopher, um sítio de FTP, Usenet ou
WAIS, recebe um URL que o identifica e permite acessá-lo. Por
exemplo, um servidor de FTP pode receber o URL ftp://
ftp.cecom.ufmg.br, e um servidor Gopher, o URL gopher://
gopher.micro.umn.edu/. Independentemente do tipo de programa
servidor que os armazena, os recursos podem ser acessados e
exibidos pelo cliente Web.

1 9.4 LOCALIZAÇÃO DE RECURSOS INFORMACIONAIS NA INTERNET

A Internet, com seus milhões de computadores contendo


uma vastíssima quantidade de documentos, pode ser comparada
a uma biblioteca de proporções gigantescas, onde bilhões de livros
estão empilhados sem qualquer organização ou indicação da loca-
lização dos volumes. Um usuário que entra em um sítio de FTP,
de Gopher ou em um documento na Web pode ser comparado a
alguém que cruza o patamar de entrada dessa biblioteca e folheia
alguns livros da pilha mais próxima à porta, sem poder ter a menor
idéia de como chegar à informação que procura. Ainda não foram
desenvolvidos meios para se organizar completamente uma biblio-
teca tão vasta e dinâmica quanto a Internet, mas as ferramentas de
busca aos seus recursos, descritas abaixo, visam proporcionar
meios de se localizar os arquivos que se deseja obter.

• Archie
Foi primeira ferramenta de pesquisa da Internet e permite a
busca de arquivos armazenados em repositórios de FTP.

289
Os servidores Archie pesqu1sam a intervalos regulares todos
os sítios conhecidos de FTP público e compilam em uma
base de dados a lista dos nomes de arquivos e diretórios
nesses sítios. Acessando-se um servidor Archie, pode-se
fazer uma busca na sua base de dados, entrando-se com
uma palavra que se supõe que o nome do arquivo ou
diretório conterá. O Archie fornecerá, então, os dados neces-
sários para se acessar o arqu1vo, ou seja, o endereço do
computador e a localização do arquivo ou diretório dentro
dele. Um recurso usado em conexão com o Archie é a base
de dados Whotis. A Whotis serve de ajuda ao usuário que
sabe o que deseja, mas não conhece o nome dado ao arquivo
procurado. Mantida pelos servidores Archie, essa base de dados
contém curtos textos descritivos dos conteúdos dos arquivos
de programas, dados ou documentos encontrados nos sítios
de FTP. Quando pesquisada, fornece uma lista de nomes de
arquivos cujas descrições contêm as palavras-chave usadas.
Uma lista de servidores Archie pode ser encontrada no sítio
da NEXOR.COM -.,,

• Veronica e Jughead
Para arquivos disponíveis no espaço Gopher, as ferramentas
de busca são Veronico e Jughead. Os servidores Veronica perio-
dicamente entram em contato com todos os servidores
Gopher e compilam uma lista dos títulos de seus itens de
menus. Uma busca no servidor Veronica proporcionará uma
relação de títulos de itens de menus em diferentes Gophers
que contêm a(s) palavra(s) pesquisada(s). O Jugheod funciona
de maneira similar ao Veronico. A diferença é que, enquanto

290
o último pesquisa Gophers em todo o mundo, o Jugheod é
usado para pesquisar uma seleção menor de sítios Gophers
ou, às vezes, apenas o Gopher ao qual se está conectado.
Uma lista de servidores Veronica e )ugheod pode ser encon-
trada no sítio Res-Links: Search Tools - Veronica/Jughead/
Wais, bem como no sítio da University of Nevada (EUA) "W.

oWAIS
Conforme explicado anteriormente, um cliente WAIS fornece
uma interface para pesquisa em bases de dados textuais dispo-
níveis por servidores WAIS. Apresenta um mecanismo mais
sofisticado de busca do que o Archie, o Veronico ou o Jugheod,
permitindo que o usuáno use linguagem natural para formular
a pergunta de busca (ou seja, ao invés de se usar palavras-
chave e operadores booleanos, pode-se entrar uma frase
em linguagem cotidiana), usando técnicas de recuperação
probabilística para ordenar os documentos recuperados de
acordo com sua provável relevância.

• Ferramentas de busca na Web


Como quase todos os recursos de informação existentes
na Internet são acessíveis via Web, as ferramentas de busca
utilizadas costumam ser consideradas como sinôn1mos de
ferramentas de busca na Internet em geral. Através delas
pode-se encontrar listas de discussão, pesquisar arquivos
de grupos de discussão da Usenet, ou recursos em servidores
de FTP, por exemplo. Existe hoje um grande número de
ferramentas de busca que podem ser classificadas em dois
tipos básicos: motores de busca que permitem a busca por

291
palavras-chave (por exemplo, Altavista "'€>) e catálogos que
compilam listas hierárquicas de assunto (das quais, prova-
velmente, a mais conhecida é o Yahoo! "'€>). Um terceiro tipo
consiste nas chamadas mega ferramentas ou mega motores
que executam, ao mesmo tempo, busca em vários motores.

Cada uma dessas ferramentas compila uma base de dados, que


contém os endereços de recursos na lntemet e suas descr'rções. As
ferramentas diferem entre sr pelo tamanho, especificidade e con-
teúdo de suas bases de dados, bem como pelo modo como os
sítios na Internet, que constituem as bases de dados, são identifi-
cados e indexados. Por exemplo, a base de dados dos motores
de busca é criada por programas automáticos - que recebem
nomes exóticos, tais como aranhas, robôs ou vermes - e que
percorrem a Web incessqntemente, rastreando os links dentro
de cada documento encontrado. Por isso os motores de busca
primam pela sua abrangência, incluindo em suas bases de dados
o maior número possível de sítios. Já a base de dados dos catálogos
é criada por pessoas que selecionam e classificam recursos na Internet
e, assim, são menores mas, provavelmente, contêm itens mais
relevantes. Devido a essas diferenças, o número e a qualidade dos
recursos recuperados podem variar enormemente, dependendo
da ferramenta utilrzada.

1 9. 5 CARACTERÍSTICAS E IMPLICAÇÕES

A informação na Internet difere da informação disponível


em outras fontes por sua acessibilidade via redes de computadores,
sua estrutura, seu dinamismo e seus métodos de publicação. As
peculiaridades da informação eletrônica em redes podem originar

292
tanto vantagens como barreiras e desafios. Assim, se por um lado,
o usuário tem na ponta dos dedos um acervo de vulto impressio-
nante, por outro, o uso da informação na Internet exige, além
dos aspectos técnicos de conexão, o conhecimento do funciona-
mento de vários aplicativos e, muitas vezes, de outros idiomas, o
que pode vir a ser um empecilho para muitos.
Uma das características mais marcantes da Internet é a facili-
dade para exploração de novas idéias e para interação imediata com
outros indivíduos e sistemas. Juntamente com o grande volume de
recursos e serviços, essa maximização do potencial para exploração
e descoberta torna a pessoa que usa a Internet mais que um leitor
passivo, estimulando sua criatividade (CRONIN e MCKIM, 1996).
Portanto, esse efeito sinergístico coloca a Internet um passo além
de um armazém de informações, distinguindo-a de outras fontes.
Para o Brasil e outros países emergentes, a principal vantagem
da lntemet talvez seja a possibilidade de acesso a informações que
antes eram demoradas de se conseguir, ou mesmo completa-
mente inacessíveis, exceto para uma elite. Muitas vezes a infor-
mação que se procura é encontrada em texto completo na rede
e, dessa forma, é superada a limitação dos acervos locais. Outras
vezes a Internet facilita e agiliza a identificação e obtenção de
fontes impressas, reduzindo a dependência de serviços de terceiros
para o acesso a documentos nacionais ou estrangeiros. Através
das livrarias virtuais, como a Amazon ~. ou de serv'1ços de forneci-
mento de documentos como o UnCover, é possível a identificação
e obtenção de publicações recentes nas mais diversas áreas de
conhecimento. Essa disponibilidade de informação representa,
portanto, um fator de aumento de competitividade para cientistas
e especialistas nas nações de economia periférica.

293
Conforto e economia de tempo para indivíduos e organizações
são outras vantagens potenciais. Com o uso da Internet pode-se
obter informações sem a necessidade de se deslocar e sem limi-
tações de horário. Um exemplo é o Prossiga, biblioteca digital do
CNPq, na qual um pesquisador pode obter informações tão varia-
das quanto: uma lista de pesquisadores brasileiros em sua área, o
endereço eletrônico de bibliotecas brasileiras com presença na
Internet, informações sobre mercado de trabalho, um ponto de
encontro virtual para interação com seus pares, informações sobre
fontes de financiamento para suas pesquisas ou sobre universidades
e programas de pós-graduação, dicionários e enciclopédias virtuais,
entre outras.
Algumas pessoas vêem a Internet como uma fonte estraté-
gica de informação, devido aos dados que são apresentados na
rede antes de sua publicação pelos canais formais. Por exemplo,
alguns documentos do Banco Mundial são oferecidos na Internet
bem antes de sua distribuição em cópia impressa. As informações
estatísticas ou infollllações sobre organizações também costumam
ser encontradas na rede antes de sua publicação em canais normais.
T odav1a, não se deve supor que todas as informações na Internet
são recentes, pois nem sempre as páginas da Web são atualizadas
com freqüência. Além disso, devido à lei dos direitos autorais,
muitos livros só são oferecidos em texto completo na rede muitos
anos após a data de sua publicação, quando expira o prazo estabe-
lecido na legislação para vigência dos direitos do autor. É o caso
da maioria da obras de referência disponíveis em texto completo
na rede. Desta forma, é importante que se procure verificar a
data, pertinência e atualidade dos dados obtidos.

294
Um dos maiores incentivos ao uso da Internet ainda é a
grande quantidade de informações disponíveis sem custo. Entre-
tanto, com a consolidação do caráter comercial da rede, alguns
serviços estão começando a exigir o pagamento de taxas ou assina-
turas para fornecer acesso às suas informações e é provável que,
progressivamente, a proporção de serviços pagos aumente. Esses
serviços costumam oferecer alguns recursos grátis para o público
em geral e um leque maior de opções para os que possuem assina-
turas pagas. É comum também o oferecimento de um período de
acesso grátis ou demonstrações para que o usuário experimente
os sistemas antes de decidir sobre a sua assinatura.
A determinação da confiabilidade da informação na Internet
representa um problema. Algumas vezes, pode-se avaliar a
confiabilidade de uma fonte pela reputação da instituição que a
fornece. Por exemplo, supõe-se que as informações estatísticas
obtidas na página do Comitê Gestor Internet/Brasil ~ sejam fide-
dignas. Porém, freqüentemente, os documentos não indicam datas,
autoria ou origem das informações e, além disso, são efêmeros e
voláteis. Um documento disponível na rede pode ser retirado a
qualquer momento. Em outros casos, os documentos podem
continuar disponíveis, porém modificados. Como não existe ainda
um mecanismo para controle de versões ou edições, o usuário
não tem meios de saber qual versão está acessando. A autenticidade,
na maioria das vezes, não pode ser facilmente comprovada. Na
ausência de qualquer processo de seleção para a informação que
é publicada, a qualidade das fontes varia de sítio para sítio. Para
auxiliar o usuário na determinação da qualidade das fontes na
lntemet, alguns serviços se especializam em avaliá-las e conferir-lhes
notas ou prêmios. Dois exemplos são o Argus Cleannghouse "'â)

295
e o Scout Reports ~. Alguns critérios usados por esses serviços
para determinação da qualidade dos sítios que recomendam são:
aspectos gráficos do sítio, organização da informação, facilidades para
exploração, atualização, conteúdo e autoridade das informações.
A organização, controle e recuperação da informação na
Internet são alguns dos maiores desafios atuais. As bases de da-
dos tradicionais, que, como a Internet são fontes eletrônicas,
contêm informações organizadas, indexadas através de vocabu-
lários controlados e/ou tesauros e disponíveis em sistemas bem
documentados. Mesmo com esses recursos, a recuperação efici-
ente da informação nessas bases é um problema ainda não solu-
cionado satisfatoriamente. Na Internet este problema se agrava
com o enorme volume e diversidade de informações que não
seguem uma estrutura definida de registros e campos. Além da
falta de estrutura, com o crescimento desordenado da rede, não
existe ainda perspectiva de padrões universais para a organiza-
ção dos documentos, como os que existem para bibliotecas e
arquivos. A indexação de páginas Web é feita de maneira precá-
ria (através de informações chamadas de metatags que são adici-
onadas ao documento pelo criador das páginas) ou, na maioria
das vezes, elas simplesmente não são indexadas. São poucos os
recursos organizados por profissionais com conhecimento de
técnicas de indexação e catalogação.
Alguns estudos para introdução de sistemas mais sofisticados
para indexação e catalogação dos recursos da Internet encon-
tram-se em andamento. O Dublin Core ""'ã'>, por exemplo, é um
conJunto de elementos de dados básicos para descrição e
indexação de páginas Web. Definido por especialistas de diversos

296
países, ele já está sendo usado como base para vários projetos
de indexação. Outros projetos que visam a classificação e catalo-
gação de recursos na rede são o Internet Cataloging Project ~,

coordenado pela OCLC nos Estados Unidos, e o projeto BUBL


lnformation Service ~, na University of Strathclyde, Escócia. Porém,
devido à quantidade de informação, talvez esses sistemas nunca
se viabilizem de maneira global.
A essas dificuldades somam-se as limitações das interfaces
para a busca de informação. As ferramentas de busca na Web, de
modo geral, oferecem recursos menos sofisticados para pesquisa
e recuperação que os sistemas computadorizados para acesso à
base de dados. Por exemplo, em um sistema de bases de dados
como o Dialog, podem existir opções como tesauros online ou
busca de palavras adjacentes que possibilitam um maior refinamento
da pesquisa e que nem sempre estão presentes nas ferramentas
da Web. Assim, se a quantidade e diversidade de informação são
pontos fortes da Internet, a falta de organização e estrutura e a
ausência de mecanismos eficientes de recuperação dificultam a
identificação das informações. Uma queixa freqüente dos usuários
da rede é o tempo gasto na busca de informações. Em uma pesquisa
feita com profissionais da informação atuando na área financeira,
82% das respostas indicaram o dispêndio de tempo como uma
das maiores desvantagens do uso da Internet (KELL Y e
NICHO LAS, 1996). O tempo de busca é afetado também pelo con-
gestionamento das linhas para transmissão dos dados. No momento,
os backbones brasileiros estão ainda subdimensionados para o tráfego
que sustentam, o que, em determinados horários, ocasiona grande
demora, especialmente para o carregamento de imagens. Este
problema não ocorre apenas no Brasil. Nos Estados Unidos, a World

297
Wide Web tem sido apelidada de World Wide Wait (ou seja, no
trocadilho em inglês, aTeia Mundial tem sido chamada de a Espera
Mundial). Com o objetivo de solucionar esses problemas, têm sido
lançadas iniciativas como a lnternet2 (norte-americana) ou a RNP2
(brasileira), que visam desenvolver redes acadêmicas de alta velo-
cidade, cerca de 2.500 vezes mais rápidas que a Internet comum.

19.6 FONTES DE INFORMAÇÃO SOBRE A INTERNET

Para encontrar informações gerais sobre o desenvolvimento


e a situação da Internet no Brasil, um sítio fundamental é o do
Comitê Gestor Internet/Brasil ~. 2 Nesse sítio pode-se encontrar
links com dados estatísticos sobre a Internet no Brasil e no mundo,
provedores dos bockbones federais e estaduais, catálogo de pro-
vedores de acesso à rede e texto completo de artigos e palestras
sobre o seu desenvolvimento. No sítio da Secretaria de Política de
Informática e Automação do Ministério da Ciência e Tecnologia
(SEPIN) ~ existem links para informações sobre a política e legislação
sobre a informática e redes no Brasil. Duas associações na área
são a Associação Nacional de Provedores Internet (ANPI) ~ e a
Associação Nacional dos Usuários da Internet Brasil (ANUI) ~.

Para os diversos serviços da rede, o sítio Internet Tools


Summary ~, mantido por John December, contém informações
sempre atualizadas. Uma relação de ferramentas brasileiras e

2. Esse Com1tê. que conta com representantes do Ministério das Comunicações, Sistema
TELEBRAS, CNPq, comunidades acadêmicas. provedores de serviços. empresas e usuários,
gerencia desde 1995 todas as atividades relativas à Internet no Brasil.

298
estrangeiras de busca na Internet é oferecida no Prossiga. Como achar.
Uma outra referência, bastante extensiva sobre ferramentas estran-
geiras é The Complete Search Engine lndex -v.
Algumas das ferramentas brasileiras são: Cadê? """ã>, Suri ""V,
Zeek """ã>, RADAR UOL ~. Bookmarks ""V e Lemon -v. Sítios
brasileiros também são cadastrados pelas ferramentas estran-
geiras, e elas não devem ser desprezadas quando se procura
informações nacionais. Por exemplo, entrando-se com palavras-
chave em português no Altavista ~ ou Yahoo Brazil ""V recupe-
ra-se, às vezes, mais informações que nas ferramentas brasileiras.

REFERÊNCIAS BIBliOGRÁFICAS

BATES, Mary Ellen. The Internet: part of a professional searcher's toolkit. On!ine,
Weston, CT, v.21, n.l, p.47-52,jan. 1997.

CAPLAN, Priscilla. To hel(sinki) and back forthe Dublin Core. The Public-Access
Computer Systems Review, v.8, n.4 , 1997 [onl!!?e]. Disponível na Internet
v1a WWW. URL: http://info.lib.uh.edu/pr/v8/n4/capl8n4.html. Arquivo captu-
rado em 22/12/1997.

CRONIN, Blaise, MCKIM, Geoffrey. Science and scholarphip on the world wide
web: a North American perspective. jouma/ o( Documentation, London,
v.52, n.2, p.l63-171, June 1996.

KASSLER, Helene S. Mining the Internet for competit1ve intelligence: how to track and
sift for golden nuggets. Online, Weston, CT, v.21, n.S, p.34-45, Sep. 1997.

KELL Y, Sarah, NICHOLAS, David. ls the business cybrarian a realityllntemet use in


business libraries. Aslib Proceed!!?gs, London, v.48, n.S, p.l36-146, May 1996.

LEINER, Barry M., CERF, Vintu,, Cõ., CLARK, David D. et ai. A bn'efhistory ofthe

Ú7temet[onllfle]. Disponível na Internet via WWW. URL: http://vvww.isoc.org/


internet-history/. Arquivo capturado em 22/12/1997.

299
LYNCH, Clífford A, PRESTON, Cecilia M. Internet access to information resources.
In: WILLIAMS, Martha E. (Ed.). Annual Revté>W of/nformation Science and
Technology Amsterdan: Elsevier, 1990. v.25, p.262-312.

POULTER, Alan. The design ofWorld Wide Web search engines: a criticai review.
Program, London, v.31, n.2, p. I 31-145, Apr. 1997.

5MITH, Alastair G. Testing the surf: criteria for evaluatíon Internet information
resources. The Public-Acccess Computer Systems Revtew, v.S, n.3, 1997
[ on!tl?e]. Disponível na Internet via WWW. URL: http://info.lib.uh.edu/pr/v8/
n3/smit8n3.html. Arquivo capturado em 15/09/1997.

VILLAS, Marcos Vianna, CAMPOS, Ricardo D'1as. A Internet no Brasil: h'1stórico,


descrição e orientação para utilização. In: LAQUAY, Tracy, RYER, Jeanne C.
O Manual da Internet: um guia introdutório para acesso às redes globais.
Rio de Janeiro: Campus, 1993.

300
ANEXO

ENDEREÇOS NA INTERNET

ABERJE http://vvvvw.aberje.com.br
ABNT http://www.abnt.org.br/
Acronyms http://www.ucc.ie/cgi-bin/acronym
Arivonces in Librarianship http://www.bubl.ac.uk!journals/lis/ae/ail/
Vl894.htm
AFITEC http://ww.rv.afitec.com.br
AFNOR http:/IVVYVW.a fn o r. fr
Alta vista http:l/ altavista. digital.com
Amazon http://www.amazon.com
ANAIS telnctcnen.lncc.br (login:cin)
Annual Review lnc http:/ /wwvv.Ann ual Revi ews. org/ari/
ARIST http://www .asis.org/ARI ST/ind e.htm I
ANPI http://www.anpi.org.br
ANSI http:/ /www.ansi.org/
ANTARES http://redean tares.ib ict.brI
ANUI h ttp:/IVVYVW.anu i.org.br
Argus Clearinghouse http :1/vvvvw.clearinghouse.net/
ASME http://www.asme.org/
ASTM http:/ /wvvw.astm.org/
Base de Dados de Eventos em
C & T, Qualidade e Produtividade http://www.ibict.br/-ibict/papOO I 38.htm
B1oTech: life science dictionary http://biotech.chem.indiana.
edu/ search/d ict-search. Phtm I
BLDSC http:/ /i caru s. b l.u ld d se/
Bookmarks http:/ /wvvw. boolmarks. com.br
Brazilian Business Conncrtion hltp:l/wvvw.brazilbiz.com.br/
BUBL lnformation Service http://bubl.ac.ukl
CAB lnternational http://VI!WW.cabi.org
Cadê? http://cade.eom.br/
CAD Document Detective Service http://info.cas.org/cgi-bin/AT-
VIfWW_c as_ orgsearch.cgi
CCN http://VIfWW.et.ibictbr:B 2/cc n/ admin/
CEMIG http://VIfWW .cemig.com .br/norl?ra_i .htm
CEN http://V\fWW.cenorm.be/
CODATA http://www.cisti.nrc.ca/
programs/codata/
Comitê Gestor lnternet/Brasi (http-.1/VI!WW.Cg.org.br)
COMUT http://www.ct.ibict.br:BOOO/comut/html/
CRC Encyclopedia ofMathematics http://'M'!W.astro.virginia.edu/-eww6n/math/
Dialog Web http://VIfWW.dialogweb.com
Dialog http://WVvW.dialog.com
Dicionário H'1stór'1co-
Biográfico Brasileiro http://www.fgv.br/cpdoc/dic/
Directories ofScientists on the
V'NV'W from Micro World hltp://VI!WW.mwmcom/feature/people.htm

Directory ofEiectronicjoumals,
Newsletters and Academic
Discussion Lists, Association of
Research Libraries, Office of
Scholarly Communication http://www.arl.org/scomm/edir/pr97.html.
Diretório dos Grupos de
Pesquisa no Brasil http:/ /VI!WW.pross iga.cn pq.br
Dublin Core http:l /purl.oclc.org/metadata/dublin _core/
Dunn & Bradstreet http://www.dnb.com/
EAGLE/SIGLE http://V1!WW.konb ib.n 1/ sigle/
Elsevier http://VIfWW.elsevier.com
Enciclopédias e Dicionários,
Prossiga http://WVvW.prossiga.br/referencia/dic.html

302
English Language Translations: a guide
to selected resources in the Ouke
University libraries http://www.lib.duke.edu/reference/
translations.html
EPO http://WNW.epo.co.at/index.htm
ERIC http://wwvv .askeric.org/Eric/
Europa Publications http://www.europapublications.eo.uk/
index.htm

Fundação Getúlio Vargas http://www.fgv.br/


Gale Group http:/ /www.gale.com/
Glossary, Department ofChemistry,
University ofWisconsin (EUA) http://genchem.chem.wisc.edu
GPO http://www.gpo.gov
GreyNet http://www.konbib.ni/infolev/greynet
IBICT http://www.ibict.br
ICSU http://www.lmcp.jussieu. fr/icsu/
IEC http://www.iec.ch/
IFLA http://www.ifla.org/
IHS http://www.ihs.com
IN METRO http://inmetro.gov.br/
INPI http://www.inpi.gov.br
lnterDok Corp. http://www.interdok.com
Internet Cataloging Project http://www.oclc.org/oclc/man/catproj!
Internet Tools Summary http://www.december.com/netltools/
IPT http://www.ipt.br
ISI http://WNW.isinet.com/
ISO http://www.iso.ch/
ITC http://www.wtm.netJitc/index.htm
Langley Technical Report Server http://techreports.larc.nasa.gov/ltrs/
ltrs.html
LANL Preprint Archive http://xxx.lanl.gov.
Lemon http://www.lemon.com.br
Liszt http://www.liszt.com/

303
Nasa/Ksc Acronym List http://zeno. ksc.nasa.gov /facts/
acronyms.html
NEI (http://wvvw.nei.eom.br/nei/index.htm)
NetFirst http://medusa.prod.oclc.org:3054/html/
fs _pswd.htm
NEXOR.COM http://wvvw.nexor.com/archie.html/
NTIS http://wvvw.ntis.gov.
O CARA wvvw.ocara.org.br/
OMPI http://www. wi po.org/

ONU http://www.unsystem.org/
Prossiga http://www.prossiga.cnpq.br
PTI http://www.pti.eom.br/
Questei-Orbit http://wvvw.questel.orbit.com/
RADARUOL http://wvvw.radaruol.eom.br/
Res-Links: Search Tools- Veronica/
Jughead/Wais http:/Jvvww.cam.orghntsci/infoser3.html

RNP http://www.mp.br
Scholarly Electronic Publishing Bibliography http://info.lib.uh.edu/sepb/sepb.html
Sei ELO http://www.scielo.br
Scientific Organizations and Associations http://alice.ibpm.serpukhov.su/friends/
scien ce/organizati ons.htm Io pt-unix-
english
Scientific Societies http://www.edoc.com/sources/soc.html
Scout Reports http:/I scout.cs.wisc.edu/
SEPIN http://www.mct.gov.br/sepin/
SHAREWARE.COM httpJ /www.shareware. com/
SITE http://www.ct.ibict.br:81 /site/admin/
Sccf http://wvvw.suricom.br/info.html
TechEncydopedia httpJ/"""""""'.Techweb.com/encyclopedia/
defineterm.cgi
The Complete Search Engine lndex http://members.aol.com/PRHopper/
Search.htm
Thomas Publishing Company http://www.thomaspublishing.com/

304
TMS World Meetíngs Calendar http://www .tms.org/M e e ti ngs/
Meetings.html
TUCOWS http:/ /www 3.bh net.com.br/tucows/
UFRGS, Lista de Tradutores http://www.sabi.ufrgs.br/trad/
UIA http://wwvv.uia.org
UnCover http://wwvv.carl.org/uncover/
unchome.html

UncoverWeb http://u ncweb.carl. org/


Universities.com http://wwvv.universities.com/
University Microfilms lntemational http://www.umi.com/
University ofNevada gopherJ/veronica.scs.unr.edu/ 11/veronica
Universo Online http://wwvv.uol.com
Web ofScience (ISI) http://wvvw.isinet.com/prodserv/
citation/websci.html
WEBRA- Índice do Mercosul http://www.webra.eom.br/
Yahoo Brazil http://www. yahoo.co m/Regi o na I_
lnformation/Countries!Brazil/
Yahoo! http://wwvv.yahoo.com
Zeek http://www.zeekcom.br

lOS
'
IN DI cE

Abstracts ver Periódicos de indexação e resumo

Acesso ao documento 9 I, 233-235

Acesso local 229-230

Acesso online 228

Acesso remoto 229

Anais 64-70
forma 64-66
identif1cação 68-70
natureza 66-68

Bancos de dados 226-227


definição 226-227

Bases de dados 226-233


brasileiras 237-246
identificação 246-248

Bibliografias especializadas ver Periódicos de indexação e resumo

Canais formais 30

Canais informais 30, 55-56. 281-284

Ca~álogos de fabricantes ver Literatura comercial

Catálogos de produtos ver Literatura comercial

CD-ROM 230

Comunicação científica 21-22, 55-59

Congressos 59

Ver também Enconlros científicos


Correio eletrônico 57-59, 281-282

Desenho industrial 160

Dicionários 200-208
abreviaturas 205-208
bilíngües 204-205
especializados 200-203
nomes 205
poliglotas 204-205
siglas 205-208

D'1retórios 38-39

Dissertações ver Teses

E-mail ver Correio eletrônico

Enciclopédias 209-21 O
especializadas 209-21 O

Encontros científicos 55-64


funções 61-63
identificação 63-64
literatura ver Anais

Eventos científicos ver Encontros científicos

FAQ (Frequently Asked Questions) 283-284

Fontes primárias 31

Fontes secundárias 31

Fontes terciárias 31

Fornecimento de documentos ver Acesso ao documento

FTP 280-281, 289-290

Glossários 203-204

Gopher 286-287, 290-291

308
Grupos de discussão 282-284

Guias de literatura 263-274


características 264-271
definição 263-264
formas de publicação 271-274

House organs ver Publicações de empresas

Índices ver Periódicos de indexação e resumo

Índices de citação 249-261


definição 250-25 I
funções 256-259
ISI 253-256
origem 25 1-253

Informação científica 28-30


fiuxo 28-30

Instituições ver Organizações

Internet 275-299
características 292-298
definição 276
evolução 276-279
Brasil 279-280
ferramentas de busç4 289-292
Leuers journals 53-54. 80-81

Listas de discussão 57-58,281-282

Literatura científica 12-16


conceito 12

Literatura cinzenta 97-102


Ver também Publicações Governamentais
Relatórios Técnicos

309
Teses
Traduções
características 98-99
conceito 98-99
identificação 99-102

Literatura comercial 183- I90


características I 84- I85
definição 183
identificação I85- I87

Literatura especializada 21-33


características 23-27
estrutura 27-33

Literatura não convencional ver Literatura cinzenta

Literatura tecnológica 26

Livros de referência ver Obras de referência

Localização de documentos ver Acesso ao documento

Manuais 2 I0-2 I2

Marca registrada I59

Modelo de utilidade I59-160

Newsgroups ver Grupos de discussão

Normalização 137- I38

Normas técnicas I 37-150


Brasil I45-148
características I40-143
definição 140
identificação I48-150
organizações produtoras I43-145

310
tipos 141-143

Obras de referência 199-215


dicionários- 200-208
enciclopédias 209-21 O
identificação 214-215
manuais 210-212
tabelas 212-214

ONGs 46-47

Organizações 35-47
comerciais 39-40
conceito 35
de pesquisa 40-41
documentos 43-45
educacionais 40-41
e informaçao 37-38
governamentais 4 I
identificaçao 38-39
internacionais 42-46
não governamentais ver ONGs
produtoras de normas técnicas 143-145
produtoras de relatórios técnicos I06-107
produtoras de serviços de indexação e resumos 222-223

Patentes I53-179
bases de dados 176-179
classificação 174- 17 6
definição 153-154
histórico 155-159
legislação 165-166
padronização 172-174

311
sistema 159-168
internacional 160-164
Brasil 164-168
uso 169-176

Periódico científico 73-94


custos 79-80
dispersão de artigos 78-79
funções 75-76
identificação 89-9 I
localização 92-93
origens 73-75
problemas 76-80
proliferação 77-78

Periódicos comerciais 88-89

Periódicos de indexação e resumo 217-248


brasileiros 237-246
características 222-226
definição 217-218
evolução 218-222
histórico 218-222
identificação 246-248

Periódicos eletrônicos 81-85


conceito 82
identificação 85-86

Periódicos técnicos 88-89

Pesquisas em andamento 49-54


identificação 50-54

Preprints 86-88

312
Propriedade industrial ver Patentes

Propriedade intelectual 160

Publicações de empresas 187-190


de~nição 187
origem I 88-189

Publicações governamentais I I 1-1 18


Brasil 113-116
controle I 16-1 18
definição I 12-1 I 3
divulgação I 16-1 18
identificação I I 6-1 18

Publicações oficiais ver Publicações governamentais

Relatórios técnicos I 05-1 I O


agências produtoras I 06-107
características I 07-109
definição I OS
evolução I OS-I 07
identiftcação I 09-1 I O
organizações produtoras I 06-107

Serviços de indexação e resumos ver Periódicos de indexação e resumos

Sociedades científicas 41-42

Sumários correntes 221-222

Revisões de literatura 19 1-198


características 193-195
deftniçâo 191-192
formas 195-196
identificaçâo 196-197
tipos 193-195

313
Tabelas 212-214

Te/net 284-285

Terminologias 203-204

Tesauros 208

Teses 121-128
características 124-125
definição 121
evolução 122-124
identificação 125-128

Trabalhos de congressos ver Anais

Tradução automática 13 I

Traduções 129-135
capa a capa 133-134
identificação 132-133

Tradutores 134-135
identificação I 34-135

URL (Uniform Resource Locator) 288-289

Usenet 282-284

WAIS 287-288

Web 288-289
definição 288
World Wide Web ver Web

314
SoBRE os AUTORES

Beatriz Valadares Cendón é doutora em Ciênc1a da


Informação pela Univcrsity o f Texas at Austin (EUA) e professora
da Escola de Bibliotecomia da Universidade Federal de M1nas
Gerais. Seus interesses de ensino e pesquisa estão nas áreas de
fontes de informação eletrônica: acesso, recuperação e uso, infor-
mação gerencial, CJentl'fica e tecnológica, e s1stemas, produtos e
serviços de informação. (cendon@eb.ufmg.br)
Bernadete Santos Campello é mestre em Biblioteconomia
pela Universidade Federal de Minas Gerais e professora da Escola
de Biblioteconomia da mesma Universidade. Foi editora da Revista
da Escola de Biblioteconomia do UFMG e de Perspectivas em Ciência
do lnfonnaçõo. Desenvolve e orienta pesquisas nas áreas de fontes
de informação e bibliotecas escolares. É autora dos livros Fontes
de Informação Especializado e Introdução ao Controle Bibliográfico e
organizadora das obras Recursos lnformocionois poro o Ensino Fundo-
mental; Guio de Produtores e Formos e Expressões do Conhecimento:
Introdução às Fontes de Informação. (campello@eb.ufmg.br)
Clarice Muhlethaler de Souza é mestre em Ciência da
Informação pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, professora
adjunta do Departamento de Documentação da Universidade
Federal Fluminense e Diretora do Núcleo de Documentação da
mesma Universidade. No âmbito do ensino e da pesquisa seus
interesses concentram-se na área das tecnologias da informação.
( csouza@ax.i base.org.br)
Daisy Pires Noronha é mestre e doutora em Saúde Pública
pela Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo, onde
também exerceu a profissão de bibliotecária. É professora do
Departamento de Biblioteconomia e Documentação da Escola de
Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo na área de
geração e uso da informação, e professora titular da Faculdade de
Biblioteconomia e Documentação da Fundação Escola Sociologia e
Política de São Paulo. Desenvolve pesquisas na linha de produção
científica. Ao longo de sua carreira tem publicado livros, capítulos e
artigos de periódicos em revistas técnico-científicas, além de comu-
nicações apresentadas em eventos. (daisynor@usp.br)
Eduardo Wense Dias é doutor em Ciênda da Informação
pela University of California at Los Angeles (EUA) e professor
titular da Escola de Biblioteconomia da Universidade Federal de
Minas Gerais. É pesquisador 11 do CNPq e seus interesses de ensino
e pesquisa estão nas áreas de tratamento da informação (classifi-
cação, indexação e catalogação) e informação nas ciências sociais.
(edias@eb.ufmg.br)
jeannette Marguerite Kremer é Ph.D pela University
of lllinois at Urbana-Champaign (EUA) e professora titular aposen-
tada da Escola de Biblioteconomia da Universidade Federal de
Minas Gerais. É consultora da CAPES e do CNPq.
Maria Matilde Kronka Dias é mestre em Ciências da
Comunicação pela Universidade de São Paulo e professora assis-
tente do Departamento de Ciência da Informação da Universidade
Federal de São Carlos. Atua na área de disseminação da informação
e necessidades de formação e informação científica e tecnológica.
(mmkd@power.ufscar.br)
Marília Alvarenga Rocha Mendonça é mestranda em
administração na Universidade Federal Fluminense e professora

316
auxiliar do Departamento de Documentação da mesma Univer-
sidade. No âmbito do ensino e pesquisa, seus interesses se con-
centram na área de gerência de sistemas de informação.
(ma ri Iia@interl.interclub.com.br)
Paulo da Terra Caldeira é mestre em Ciência da Infor-
mação pela Universidade Federal do Rio de Janeiro e professor
assistente da Escola de Biblioteconomia da Universidade Federal
de Minas Gerais. Vem realizando pesquisas nas áreas de estudo
de usuários, bibliometria e bibliotecas escolares. Dentre suas pu-
blicações destacam-se: Guia das Bibliotecas do Estado de Minas
Gerais ( 1978), Imigrantes Italianos e Portugueses no Brasil ( 1989),
Recursos lnformocionois para o Ensino Fundamental: Guia de Produ-
tores ( 1997) e Formas e Expressões do Conhecimento: Introdução às
Fontes de Informação ( 1998). (terra@eb.ufmg.br)
Ricardo Orlandi França é arquiteto e mestre em Ciência
da Informação pela Universidade Federal de Minas Gerais. Foi
membro da equipe de planejamento físico da mesma Universida-
de de 1976 a 1991. Trabalha atualmente no Departamento de
Tecnologia da Escola de Arquitetura onde coordena atividades
de extensão. Seus interesses de pesquisa estão nas aplicações
de tecnologia para a construção civil. (riofra@dedalus.lcc.ufmg.br)
Sandra Lúcia Rebel Gomes é professora do Departamento
de Documentação da Universidade Federal Fluminense e mestre
em Ciência da Informação pela Universidade Federal do Rio de
Janeiro, onde cursa doutorado, tendo como objeto de pesquisa
a informação científica e tecnológica através de bibliotecas virtuais.
É coordenadora do projeto Bibliotecas Virtuais Temáticas do pro-
grama Prossiga, membro do Núcleo Interdisciplinar de Estudos da

317
Informação da Universidade Federal Fluminense e vice-coordenadora
do Curso de Graduação em Arquivologia da mesma Universidade.
É autora de diversos artigos relacionados à informação científica
e tecnológica na Internet, bibliotecas virtuais e novas tecnologias
da informação, temas sobre os quais também orienta trabalhos
acadêmicos. (srebel@master. prossiga.br)
Sueli Mara Soares Pinto Ferreira é doutora em Ciências
da Comunicação, subárea biblioteconomia, pela Escola de Comuni-
cações e Artes da Universidade de São Paulo, tendo desenvolvido
parte de seu doutoramento na Vanderbild University e na School of
lnformation Studies da Syracuse University (EUA). É professora
do Departamento de Biblioteconomia e Documentação da Escola
de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo, pesqui-
sadora li do CNPq, com interesses de ensino e pesquisa na área
de design de sistemas virtuais de informação a partir de estudos
de comportamento de busca e uso de informação.
(smferrei@usp.br)
Suzana Pinheiro Machado Mueller é doutora em Ciência
da Informação pela University of Sheffield (Inglaterra) e professora
titular do Departamento de Ciência da Informação e Documen-
tação da Universidade de Brasíl1a. Seus interesses de pesquisa
estão nas áreas de comunicação científica, especialmente o periódico
científico, e também formação profissional e mercado de trabalho.
(mueller@pop.unb.br)
Waldomiro Vergueiro é doutor em Ciências da Comu-
nicação pela Escola de Comunicações e Artes da Universidade de
São Paulo e professor-doutor na mesma Instituição. Realizou estágio
de pós-doutoramento na Loughborough University (lnglatetTa), em

318
1994. É pesquisador 11 do CNPq e seus interesses de pesquisa
estão nas áreas de administração de serviços de informação, teoria
da qualidade e de serviços aos clientes em ambiente de informação
e desenvolvimento de coleções. (wdcsverg@usp.br)

319
COLEÇÃO APRENDER

I. fOLCLORE EM MINAS GERAIS (21. edição rev1sta e ampliada)


Sou/ Martins

2. ASTRONOMIA FUNOAMENTAL

Rodrigo Dias Tórsia

3. EDUCAÇÃO ARTÍSTICA- lntroduçOo à História da Arte (2' edição revista e


ampliada)
Sandra Loureiro de Fre1tas Reis

"1 ESCREVER SEM DOER- O(Icino de Redação (3~ reimpressao)

Ronald C/over

5 FONTES DE INFORMAÇÃO ESPECIALIZADA- Característicos e Ulil!zoçõo

(esgotado)
Bernadete Santos Campello e Carhta Maria Campos

6. I, 2, 3 DA SEMIÓTICA
)!Jiio Pinto

7. UM TOQUE DE CLÁSSICOS- Durkheim, Marx e Weber (2' reimpressão)


"( ônio Quintaneiro, Mana Lígia de O. Barbosa e Mó mo Gardênia de Oliveira

8. LATINA ESSENTIA- Preparação ao Latim (3• edição revista e ampliada)


Antônio Martinez de Re7ende

9. DESENVOLVIMENTO HUMANO E PSICOLOGIA- Generalidades, Conceitos,

Teorias
Vânia Brina Corrêa Lima de (orvalho

I O. O BELO AUTÔNOMO- Textos Clássicos de Estética

Rodrigo Duarte (Org.)


li. OS HETERÓPTEROS AQUÁTICOS DE MINAS GERAIS- Guia Introdutório

com Chave de Identificação para os Espécies de Nepomorpho e Gerromorpha

Nico Nieser e Alon lone de Melo

12. PRINCÍPIOS DE MORFOMETRIA DIGITAL- KSJOO para lniciantes

Marcelo Vidigal Caliari

13. SISTEMA DE ESGOTOS

Patrício Gallegos Crespo

14. TÉCNICAS ALTERNATIVAS DE CONSERVAÇÃO- Recuperação de Livros,

Revistos, Folhetos e Mapas (2-" ediçào revista)


Sônia de Conti Gomes e Rosemary Tofoni Motta

15. MANUAL PARA NORMALIZAÇÃO DE PUBLICAÇÕES TÉCNICO-

CIENTÍFICAS (4"- edição revista e aumentada)


Júnia Lessa França, Stella Maris Borges, Ana Cristina de Vasconcellos e
Mario Helena de Andrade Magalhães

16. INICIAÇÃO ESPORTIVA UNIVERSAL- do Aprendizagem Motora ao Trei-

namento Técnico (vol. I)

Pablo Juan Greco e Rodolfo Novellino Benda (Org.)

17. INICIAÇÃO ESPORTIVA UNIVERSAL- Metodologia do Iniciação Esportiva

na Escola e no Clube (vol. 2)


Pablo Juon Greco (Org.)

18. ESTRUTURAS MORFOLÓGICAS DO PORTUGUÊS ( 11 reimpressão)

Luiz Carlos de Assis Rocha

19. MÉTODOS DE PESQUISAS DE SURVEY

Eorl Bobbie

20. ASMA - a Resposta lnfiomatório Pulmonar e seu Controle Farmacológico

). N. Froncischi e O. M. Conroy
21. APRENDER CIÊNCIAS- um Mundo de Materiais
Maria Emília Caixeta de Castro Limo, Orlando Gomes de Aguiar Júnior e
Selma Ambrosina de Moura Braga

22. APRENDER CIÊNCIAS- um Mundo de Materiais (Livro do Professor)

Mario Emília Caixeta de Castro Limo, Orlando Gomes de Aguiar Júnior e


Selma Ambrosino de Mouro Braga

23. FONTES DE INFORMAÇÃO PARA PESQUISADORES E PROFISSIONAIS


Bernodete Santos Compelia, Beatriz Valadares Cendón e jeonneU.e Morguerite
Kremer (Org.)

Você também pode gostar