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AULA 5

CRESCIMENTO E
DESENVOLVIMENTO MOTOR

Profª Tatiane Calve


CONVERSA INICIAL

Nesta aula será abordado o processo de aprendizagem motora, bem como


os modelos teóricos que explicam a aquisição, desenvolvimento e controle motor
em diferentes fases da vida. Ademais, há uma explanação sobre os benefícios e
danos causados pela especialização esportiva precoce de crianças e
adolescentes.

TEMA 1 – MODELOS TEÓRICOS DA APRENDIZAGEM MOTORA

A aprendizagem motora é uma subárea do comportamento motor, que


estuda a emergência, aquisição, especialização e reabilitação de habilidades
motoras, assim como seu processo de ensino, aprendizagem e treinamento. Esse
objeto de estudo é de grande importância para as áreas de saúde, educação e
esportes.
Muitos fatores interferem no processo de aprendizagem motora, como
características individuais, tipo de habilidade motora a ser aprendida,
especificidades da tarefa e tipos de treinamento (sessões de prática e feedback).
Do início do processo de aprendizagem até a automatização,
aprimoramento ou diversificação das habilidades motoras, o indivíduo passa por
mudanças relativamente permanentes no organismo, influenciadas por fatores
orgânicos e ambientais.
Assim sendo, a Aprendizagem Motora ocorre por dois caminhos distintos
(mecanismos centrais e periféricos), que são explicados por duas teorias, a teoria
motora e a teoria da ação (Tani et al., 2004).

1.1 Teoria motora

A teoria motora enfatiza o uso do sistema nervoso central – SNC – para


receber informações providas do organismo ou do ambiente, processar a
informação recebida, integrá-la ao sistema nervoso, planejar e coordenar os
componentes para que ação seja realizada pelo sistema efetor. Além disso, o SNC
também é responsável pelo armazenamento das informações na memória de
curto, médio e longo prazo, permitindo a aprendizagem do movimento.
No início do século XX, a teoria motora foi explicada com base na
perspectiva representacional aplicada ao comportamento motor (Tani et al., 2010),
em que a produção e o armazenamento das informações eram controlados por

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um mecanismo denominado de servomecanismo, ou seja, os movimentos são
realizados pela utilização de referências padronizadas de movimentos
armazenados no cérebro anteriormente, como um programa de computador
(Glencross et al., 1994).
O uso de informações armazenadas no SNC para a comparação com o
movimento que será realizado foi chamado de Abordagem de Processamento de
Informação, por Schimidt (1988).
Com base nessa abordagem, o indivíduo deve utilizar as informações
ambientais e compará-las com as informações armazenadas no córtex cerebral,
para programar e executar a melhor ação possível, de acordo com as
características da tarefa e do contexto – Programa Motor Generalizado (Schmidt,
1975). Assim, nessa abordagem, o feedback se torna muito importante para que
as informações sejam corretamente armazenadas e possam ser utilizadas para a
realização de ações motoras futuras.

1.2 Teoria da ação

A teoria da ação, ao contrário da teoria motora, indica que o movimento é


planejado e realizado com base na interação do organismo (indivíduo) com as
características ambientais, para cada tarefa executada (Tani et al., 2010).
Tani et al. (2010) afirmam que a teoria da ação é explicada pela junção de
outras abordagens, como a da coordenação de motora e graus de liberdade de
Bernstein (1967), percepção e ação de Gibson (1979), auto-organização de
Kugler e Turvey (1988) e da sinergia da formação de padrões de sistemas
complexos de Schoner e Kelso (1988).
Assim, a teoria da ação propõe que a aquisição, ampliação e
especialização das habilidades motoras ocorram com base não somente das
características do SNC, mas também das informações do organismo como um
todo (grupos musculares envolvidos, ações coordenativas etc.), das condições do
ambiente (habilidades motoras abertas e fechadas, affordance) no qual a
habilidade será realizada e características da tarefa (habilidades motoras
balísticas, globais e finas) a ser executada.

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TEMA 2 – AQUISIÇÃO DE HABILIDADES MOTORAS ESPORTIVAS

Durante nosso ciclo vital, adquirimos, aprendemos e desempenhamos


inúmeras habilidades motoras, as quais são utilizadas nas tarefas do dia a dia, na
prática da dança, ginástica e esportes.
Habilidade motora é conceituada, segundo Magill (2000, p. 6), como sendo
“tarefa com uma finalidade específica a ser atingida”. Assim, habilidade motora é
a capacidade que o indivíduo tem de realizar tarefas motoras em que um objetivo
específico deve ser alcançado, com base na coordenação e controle motor de
diferentes grupos musculares.
Outra característica das habilidades motoras é a aprendizagem, ou seja, as
habilidades motoras precisam ser aprendidas para que o indivíduo possa alcançar
o objetivo desejado com sucesso (Schimidt; Lee, 2005).
Existem outros termos, como movimento e ação motora, que, muitas vezes,
são empregados com a mesma finalidade; porém, cada um deve ser utilizado de
maneira específica.
Movimento é um termo que deve ser utilizado para caracterizar o
comportamento de um membro específico ou de uma combinação de membros,
ou seja, ele é uma das partes que compõem uma habilidade motora (Magill, 2000).
Por exemplo, para executarmos a habilidade de chutar uma bola, devemos
movimentar pernas, braços e tronco.
Outro termo bastante utilizado na área da aprendizagem motora é a ação,
que significa um grupo de movimentos (Magill, 2000), muitas vezes empregado
como sinônimo de habilidade motora, por se tratar de uma ação muscular com um
objetivo específico a ser alcançado.
Para compreender melhor o uso, coordenação, controle e aprendizagem
das habilidades motoras, essas serão classificadas a seguir.

2.1 Classificações unidimensionais das habilidades motoras

As habilidades motoras são classificadas para que seja possível estudar e


melhorar o processo de aprendizagem, reabilitação e desempenho motor. Para
realizar a classificação, são levadas em consideração as características comuns.
As habilidades motoras são classificadas quanto às dimensões da musculatura
envolvida, distinguibilidade dos movimentos e estabilidade do ambiente.

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2.1.1 Classificação quanto às dimensões da musculatura envolvida

A classificação das habilidades feita em relação às dimensões da


musculatura envolvida leva em consideração o tipo de grupo muscular necessário
para executar uma ação motora (Schimidt; Lee, 2005). Dessa maneira, as
habilidades motoras são classificadas em habilidades motoras grassas e
habilidades motoras finas.

 Habilidades motoras grossas – são aquelas que utilizam grandes grupos


musculares para executar uma ação e necessitam de menor precisão.
Correr, caminhar, saltar, arremessar, são alguns exemplos de habilidades
motoras grossas.
 Habilidades motoras finas – são habilidades que exigem o controle e a ação
de pequenos grupos musculares. Tarefas que exigem maior coordenação
óculo-manual, controle e precisão do movimento, como escrever,
desenhar, abotoar, são consideradas habilidades motoras finas.

2.1.2 Classificação quanto à distinguibilidade dos movimentos

As habilidades motoras também podem ser classificadas quanto às


características de cada movimento realizado, ou seja, se ele possui início e fim
bem definidos (habilidade motora discreta), se sua execução necessita de uma
série de movimentos (habilidade motora seriada) ou se os movimentos são
repetitivos, sem início e fim bem definidos (habilidades motoras contínuas).
Como exemplos de habilidades motoras discretas, podem ser citados um
chute, um arremesso, pressionar a tecla do computador etc.
Quanto às habilidades motoras seriadas, por se tratarem de uma série de
habilidades discretas, podemos citar esportes como ginástica artística, saltos
ornamentais, ou tarefas do dia a dia, como dar partida em um carro (Magill, 2000).
Guiar uma bicicleta, utilizar o mouse do computador, nadar, caminhar são
alguns exemplos de habilidades motoras contínuas.

2.1.3 Classificação quanto à estabilidade do ambiente

Habilidades motoras, classificadas quanto à estabilidade do ambiente, são


relacionadas quanto aos objetos utilizados, influência dos adversários e
características contextuais em que são executadas (Magill, 2000).

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Magill (2000) sugere que, nesse sistema de classificação, as habilidades
motoras podem ser:

 Habilidades motoras fechadas – quando são realizadas em um ambiente


estável, ou seja, enquanto o indivíduo está desempenhando uma
determinada habilidade, não há alteração do ambiente. Nesse caso, os
objetos e adversários não interferem na tomada de decisão do indivíduo
que está realizando a tarefa.
 Habilidades motoras abertas – é a habilidade motora realizada em
ambiente não-estável, isto é, o indivíduo que está executando a tarefe sofre
influência direta dos objetos, adversários e companheiros de equipe e do
contexto em que a habilidade está sendo desempenhada.

Assim sendo, o tipo de habilidade motora a ser praticada deve ser levada
em consideração para que o professor/ técnico possa preparar as sessões de
treinamento em o objetivo de melhorar o processo de aprendizagem e
treinamento, seja do aprendiz ou do especialista.

TEMA 3 – FEEDBACK E APRENDIZAGEM MOTORA

A aprendizagem motora ocorre com base na prática e no processo de


ensino, o qual pode variar, dependendo da metodologia utilizada pelo professor/
técnico.
O processo de ensino e aprendizagem depende das instruções oferecidas
ao aprendiz, como a demonstração da técnica esportiva, uma das maneiras mais
utilizadas para ensinar um novo esporte. Porém, dicas verbais, vídeos
demonstrativos, uso de marcadores biomecânicos e efeito de posição serial são
algumas técnicas utilizadas durante as aulas ou treinamentos (Magill, 2000).

3.1 Dicas verbais

As dicas verbais são muito utilizadas para oferecer instruções para os


aprendizes. Essas dicas são, em sua maioria, frases curtas e objetivas para
chamar a atenção ou para indicar o padrão correto de movimento (Magill, 2000).
Dicas verbais podem apresentar problemas, como poucas informações
para que o aprendiz possa melhorar o movimento, ou, então, muitas informações,
causando confusão na programação e correção das habilidades motoras a serem
aprendidas.
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3.2 Demonstração e observação

A observação dos movimentos demonstrados, seja pelo professor/instrutor,


está diretamente atrelado ao uso da visão, que é o principal canal sensorial
utilizado no processo de aprendizagem motora.
O risco da demonstração durante o processo de ensino de uma nova
habilidade motora é a qualidade da demonstração, ou seja, se a pessoa que está
demonstrando realmente está fazendo com qualidade. Isso porque, se o
demonstrador estiver cometendo erros em relação ao padrão de movimento a ser
aprendido, a habilidade será aprendida erroneamente.

3.3 Marcadores biomecânicos

Essa técnica consiste em colocar marcadores reflexivos ou não, nas


articulações de uma pessoa habilidosa, com o intuito de obter um modelo
biomecânico da habilidade motora a ser ensinada. Então, esse indivíduo é filmado
e depois esse padrão de movimento é mostrado para o aprendiz. Essa técnica
também é muito utilizada em pesquisas biomecânicas, pois permite medir ângulos
e velocidade linear e angular nas diferentes posições da habilidade motora
executada em um determinado período de tempo.

3.4 Efeito da posição serial

A técnica de efeito da posição serial é utilizada em muitas modalidades


esportivas, as quais possuem sequências de movimentos (Magill, 2000). Além
disso, esse método de instrução exige memória de curto e longo prazo, pois os
aprendizes devem memorizar uma determinada sequência de movimentos que
compõem uma habilidade motora.

TEMA 4 – PREPARAÇÃO DO MOVIMENTO E ATENÇÃO

A realização de qualquer ação motora exige preparação, isto é, adequar o


sistema neuromotor para controlar o movimento desejado. Essa preparação é
feita pelo organismo momentos antes do início da ação motora.
Para medir o tempo que o organismo leva para preparar o controle do
movimento, é utilizado o tempo de reação, que mede o tempo entre o início do
estímulo até o início do movimento (Magill, 2000; Schimidt; Lee, 2005).

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Devido à presença do tempo de reação é possível inferir que todos os
movimentos voluntários necessitam de um tempo para que o organismo possa
receber, processar, planejar e coordenar as ações motoras.
As características de cada tipo de habilidade motora influenciam a
preparação do movimento. Magill (2000) cita alguns fatores que interferem no
tempo para a preparação do movimento:

 Número de opções de resposta – quanto maior o número de respostas


possíveis, maior o tempo de preparação do movimento.
 Previsibilidade da opção de resposta correta – se, entre as possíveis
respostas, uma for mais provável, o tempo de preparação do movimento
diminui. Por outro lado, se houver a probabilidade de a pista estar errada,
o tempo de preparação do movimento aumenta.
 Compatibilidade estímulo-resposta – quanto maior a compatibilidade entre
o estímulo e a resposta (ação motora), menor o tempo de preparação do
movimento.
 Regularidade do período prévio – quando existe um sinal prévio, que
antecede o sinal sensorial principal para dar início ao movimento, o tempo
de preparo para a realização da ação motora diminui.
 Complexidade do movimento – quanto mais complexo (maior o grau de
liberdade), o movimento a ser executado, maior o tempo para a sua
preparação.
 Precisão do movimento – ao realizar um movimento que exige maior
precisão, o tempo de preparação para a sua execução também aumenta.

4.1 Características do executante

A preparação do movimento, além de ser influenciada pelas características


da tarefa e do contexto, também depende das características do executante, as
quais determinam a qualidade e o tempo necessário para planejar e executar o
movimento.
Em tarefas que exigem tempo de reação (TR), como a largada de uma
corrida de 100 metros rasos, a reação ao sinal sonoro deve ser a mais rápido
possível; por isso, há a necessidade de prontidão durante a espera pelo sinal
sensorial (Schimidt; Lee, 2005).

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A prontidão do executante para reagir a um determinado estímulo depende
de informações prévias, ou seja, uma informação (sinal de alerta) sinalizando,
antecipadamente, que o estímulo principal irá ocorrer alguns segundos depois.
Outra situação importante é a que o indivíduo necessita de se manter
atento ou vigilante, durante um longo período de tempo, como dirigir ou um
operário que precisa detectar peças com defeito durante o período de trabalho
diário, por exemplo (Magill, 2000).
Dessa forma, é possível afirmar que o TR aumenta com o aumento do
tempo em que a pessoa precisa ficar em prontidão, ou seja, há déficit atencional,
podendo provocar tomadas de decisão errôneas.

4.2 Teorias da atenção

A atenção é determinada pelas capacidades perceptivas, cognitivas e


motoras para que o indivíduo possa detectar e selecionar informações providas
do ambiente do próprio organismo (Magill, 2000).
O estado atencional do indivíduo depende do tempo de prontidão, das
demandas da tarefa e do número de tarefas executadas ao mesmo tempo, ou
seja, divisão da atenção entre múltiplas tarefas.
A seguir, serão explicadas 3 teorias relacionadas aos recursos de atenção
necessários para tomadas de decisão e execução das tarefas.

4.2.1 Teoria da capacidade dos recursos centrais

A teoria dos recursos centrais explica a demanda e a divisão da atenção


com base em uma reserva central de atenção.
Para Magill (2000), para que uma pessoa consiga desempenhar duas
tarefas ao mesmo tempo com atenção dividida entre elas, é necessário que ambas
caibam, hipoteticamente, dentro de uma atenção maior, a reserva central de
atenção.

4.2.2 Teoria do gargalo

A teoria do gargalo ou do filtro propõe que o indivíduo recebe, ao mesmo


tempo, inúmeras informações proprioceptivas ou exteroceptivas, as quais devem
ser selecionadas de acordo com as exigências da tarefa a ser executada. Na

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prática, o indivíduo recebe várias informações visuais, auditivas, tátil sinestésica
e deve “escolher” a melhor informação para a realização da tarefa desejada.

4.2.3 Teoria dos recursos múltiplos

A teoria dos recursos múltiplos, proposta por Wickens, na década de 1980,


propõe a existência de uma reserva de recursos central (Wickens, 2002), assim
como na teoria dos recursos centrais de Kakneman (1973). Porém, na teoria de
Wickens, as informações provêm de três fontes diferentes:

 Modalidades de entrada e de saída – informações sensório-motoras;


 Estágios de processamento de informação – características perceptivas,
memória e sistema efetor;
 Códigos de processamento de informação – informações verbais, visuais,
espaciais etc.

A vantagem dessa teoria é a divisão das informações oferecidas para seu


processamento, facilitando a programação da ação.
Dessa forma, técnicos e professores devem identificar qual a melhor forma
de utilizar as informações oferecidas aos aprendizes, e estes devem detectar
quais informações são mais relevantes à tarefa.

TEMA 5 – TALENTO ESPORTIVO PRECOCE

Ao pensar no atleta de alto rendimento, muitos pesquisadores, professores,


técnicos e até mesmo empresários esportivos não deixam de dar atenção a
crianças e adolescentes talentosos.
O talento esportivo pode ser decorrente de características hereditárias e
influências ambientais e, quanto antes for detectado, maiores as chances desse
indivíduo chegar ao alto rendimento. De acordo com Guenther (2000), somente
uma parcela entre 2% e 5% da população mundial possui talento esportivo nato.
Em relação à hereditariedade, filhos de pais talentosos tendem a ser
talentosos também. Porém, isso não significa que serão atletas de alto rendimento
e da mesma modalidade esportiva que seus pais atletas. Isso ocorre, pois o atleta,
para se tornar um profissional de destaque, necessita de grande dedicação nos
treinamentos e orientação de uma equipe multiprofissional.
Assim, sobre o processo de desenvolvimento de um indivíduo talentoso,
Silva (2010) cita três termos importantes para a área. São eles:
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 Detecção de talentos – refere-se à tentativa de identificar características
morfofuncionais hereditárias nos jovens atletas.
 Seleção de talentos – está relacionada em identificar indivíduos que
possuem condições psicomotoras para atingir o alto rendimento esportivo.
 Promoção de talentos – são todas as medidas objetivas que trazem
benefícios ao desenvolvimento do jovem talento, para que ele possa chegar
e permanecer no alto rendimento.

Para Bloom (1985), para consolidar o talento e chegar ao alto rendimento,


é preciso que a equipe técnica proporcione apoio ao atleta no início da carreira,
principalmente se esse indivíduo for criança ou adolescente (Silva, 2010).
Já em anos intermediários, os jovens talentosos devem ser incentivados e
orientados a participar de treinamento mais intenso para que suas capacidades
físicas, habilidades técnicas e táticas sejam ainda mais desenvolvidas, até a
chegada ao alto rendimento.
Bohme (1995) cita quatro características a serem levadas em consideração
para a detecção de talentos esportivos e seleção de jovens para serem atletas de
alto rendimento:

 Indivíduos com bons resultados na infância ou adolescência tendem a ter


bons resultados na fase adulta;
 Indivíduos com resultados ruins na infância ou adolescência tendem a ter
resultados ruins na fase adulta;
 Indivíduos com bons resultados na infância ou adolescência podem
apresentar resultados ruins na fase adulta;
 Indivíduos com resultados ruins na infância ou adolescência podem
apresentar bons resultados na fase adulta.

Assim, há dificuldade em selecionar novos talentos, pois os múltiplos


fatores que interferem na chegada e permanência de altos desempenhos na fase
adulta e profissional são determinantes.
Durante o processo de formação de um atleta jovem, faz-se necessário
levar em consideração os seguintes aspectos (Silva, 2010):

 A importância dada à especialização do talento precoce, de acordo com a


modalidade esportiva e em diferentes fases da formação;
 Aprimorar as habilidades motoras em diferentes estágios da formação
esportiva;
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 Adaptação do atleta jovem ao treinamento, em relação às características
biológicas e psicossociais;
 Compensação em direção ao resultado final.

Por esses motivos, especializar precocemente jovens talentos é um risco


para pais, professores, técnicos e demais pessoas envolvidas no processo de
detecção, seleção e promoção de talentos esportivos.
Bloom (1985) afirma que, nos anos iniciais da aprendizagem esportiva, as
atividades oferecidas ao iniciante devem ser divertidas, de caráter lúdico, sem
comprar excessivamente o melhor desempenho do aprendiz em formação (Silva,
2010).
Dessa forma, a necessidade da criança, no início da aprendizagem, é que
seu professor/técnico entenda e respeite as características desenvolvimentistas
de cada faixa etária.

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REFERÊNCIAS

BOHME, M. Talento esportivo II: determinação de talentos esportivos. Revista


Paulista de Educação Física, São Paulo, v. 9, n. 2, 1995, pp. 138-146.

GLENCROSS, D. J.; WHITING, H. T. A.; ABERNETHY, B. Motor control, motor


learning and the acquisition of skill: Historical trends and future directions.
International Journal of Sport Psychology, 25, 1994, pp. 32-52.

GUENTHER, Z. C. Desenvolver capacidades e talentos: conceito de inclusão.


Petrópolis: Vozes, 2000.

KAHNEMAN, D. Attention and Effort. Prentice-Hall, Englewood Cliffs, New


Jersey, 1973.

MAGILL, R. A. Aprendizagem motora: conceitos e aplicações. 5. ed. São Paulo:


Edgard Blucher, 2000.

SCHMIDT, R. A.; LEE, T. D. Motor control and learning: A behavioral emphasis.


4. ed. Champaign, IL, US: Human Kinetics. 2005.

SILVA, L. R. R. Desempenho esportivo: treinamento com crianças e


adolescentes. 2. ed. São Paulo: Phorte, 2010.

TANI, et. al. Aprendizagem motora: tendências, perspectivas e aplicações. Rev.


paul. Educ. Fís., São Paulo, v. 18, p. 55-72, ago. 2004.

_____. Pesquisa na área de comportamento motor: modelos teóricos, métodos de


investigação, instrumentos de análise, desafios, tendências e perspectivas.
Revista da Educação Física – UEM, Maringá, v. 21, n. 3, pp. 329-380, 3. trim.
2010.

WICKENS, C. D. Multiple resources and performance prediction. Theor. Issues


in Ergon. Sci. v. 3, n. 2, 2002, pp. 159-177.

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