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APRENDIZAGEM MOTORA
MUZAMBINHO
2007
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Chico Xavier
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SUMÁRIO
CAPÍTULO 01: Compreendendo a natureza do movimento 05
1.1 Fatores individuais que restringem o movimento
1.1.1 Movimento e Ação
1.1.2 Movimento e a Percepção
1.1.3 Movimento e Cognição
1.2 Restrições da tarefa em relação ao movimento
1.2.1 As habilidades podem ser classificadas como:
1.2.1.1 Classificações das Habilidades Motoras em Categorias Gerais
1.3. Capacidades
1.3.1 Capacidades x habilidades
1.3.2 Diferenças entre capacidades e habilidades
1.4 Diferenças Individuais
1.4.1 O que torna as pessoas bem-sucedidas em algumas tarefas e em outras não?
A Importância do Movimento
AÇÃO MOTORA
INTENÇÃO OBJETIVO
MOVIMENTOS
AÇÃO MOTORA
INTENÇÃO OBJETIVO
MOVIMENTOS
HABILIDADES
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EQUIVALÊNCIA MOTORA - refere-se à possibilidade de alcançar o
mesmo objetivo via diferentes meios
EQUIVALÊNCIA MOTORA -
(a) vias neurais variadas para o mesmo padrão de movimento (Hebb, 1949); razão de
inteligência
(b) redundância do sistema (Kawato, 1989);
( c) relação meio-fim flexível (Bruner & Bruner, 1968);
MOVIMENTO É
DESENVOLVIMENTO HIERARQUICO
Connolly, 1973; Tani et al, 1989; Manoel & Connolly, 1997
Padrões Padrões
Motores de Ação
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1.3. Capacidades
Capacidades Habilidades
Traços herdados Desenvolvidas com prática
Estáveis e permanentes Modificáveis com a prática
Poucas em número Muitas em número
Embasam a performance de muitas Dependem dos diferentes subconjuntos de
habilidades capacidades diferentes
Tabela 2.2 Algumas diferenças importantes entre capacidades e habilidades
Fator Exemplos
Capacidades Destreza de dedos, força física, força de tronco.
Atitudes Abertas, fechadas ou neutras para novas experiências.
Tipo corporal Compacto, alto, baixo, magro, musculoso.
Background cultural Etnia, raça, religião, status sócio-econômico.
Composição emocional Tédio, entusiasmo, medo, alegria.
Nível de aptidão física Baixo, moderado, alto.
Estilo de aprendizagem Visual, verbal, cinestésico.
Nível maturacional Imaturo, intermediário, maduro.
Nível motivacional Baixo, moderado, alto.
Experiências sociais prévias Um a um, pequeno grupo, grande grupo.
Experiências prévias de movimento Recreativo, de instrução, competitivo.
Tabela 1 Fatores de diferenças individuais que podem contribuir nas diferenças dos
movimentos das pessoas.
APRENDIZAGEM
2 Aprendizagem Motora
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2.1 Histórico
Resumindo:
São publicadas as biografias dos bebes – descrições das mudanças diárias ocorridas em recém-
1797 - 1906
nascidos.
1928 Gessel publica Infancy and Human Growth.
1935 Biografias de Jimmy e Johnny, desenvolvimento da Califórnia Infant Scale of Motor Development.
1937 Wild publica sua dissertação sobre o lançamento com o braço elevado.
1956 – 1962 São conduzidos estudos sobre crescimento, força e performance motora.
São publicados 4 livros sobre desenvolvimento motor, incluindo Mechanism of Motor Skill
1967 - 1973
Development, de Conolly.
1975 Malina publica livro sobre crescimento e desenvolvimento.
Thomas examina os fatores cognitivos no desenvolvimento da habilidade motora no Research
1980
Quarterly for Exercise and Sport.
1982 Kelso e Clark publicam um livro sobre aplicação dos sistemas dinâmicos para crianças.
Thomas e French publicam um documento no Psychological Bulletin sobre desenvolvimento das
1985
diferenças de gênero.
1989 Uma série de documentos são publicados no Quest sobre “O que é desenvolvimento motor”.
Thelen e Urich escrevem uma monografia sobre os sistemas dinâmicos aplicados ao
1991
desenvolvimento motor.
Thomas, Thomas e Gallagher examinam os fatores desenvolvimentistas na aquisição das habilidades
1993
de crianças.
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2.2 A Aprendizagem Motora tem como objetivos:
2.3 As definições
Qualquer que seja o objetivo (ensinar a ler, a chutar uma bola, a dançar)
sempre estará ocorrendo uma interação entre quem ensina e quem aprendi. Como esta
interação irá ocorrer, dependerá em grande parte de quem ensina, de como organizou o
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ambiente. Portanto nós professores temos a responsabilidade de entender como a
pessoa aprende e que condições afetam sua aprendizagem. Para começar a entender o
comportamento do ser humano passaremos a classificá-lo em categorias: os domínios do
comportamento humano, que são os domínios cognitivo, afetivo e motor.
Totalidade: Especificidade
Domínio motor – movimentar as peças
Domínio afetivo – jogar com outro, ganhar Irá predominar - o domínio cognitivo.
perder, emoções e sentimentos do jogo
Domínio cognitivo – decidir qual jogada
será utilizada, qual peça movimentar.
Diminuir o ruído;
Aumentar os níveis de sinais relevantes;
Aumentar a redundância da informação;
Repetição.
3.1 Feedback
A autora elaborou este modelo para que o aluno aprenda a fazer feedback
O OBJETIVO
OBTEVE A IDÉIA DO
FOI SIM SURPRESA
MOVIMENTO
ALCANÇADO?
3.2.1 Dislexia
b) Adquiridas - Na maioria dos casos, esse tipo de dislexia atinge idosos e adultos. É
provocada por trauma (lesão), AVC (acidente vascular cerebral) e doenças degenerativas
(como Mal de Alzheimer), além de tumores.
3.2.2 Disortografia
3.2.3 Discalculia
4.1 Modelos
Feedback: é uma das formas pelas quais o executante pode ter uma resposta
sobre como foi à execução de uma habilidade.
Há diversas formas de feedback (visual, verbal, sinestésica) e elas devem ser
aproveitadas pelo executante para melhorar a performance durante a execução ou após a
execução.
Feedback Intrínseco: informação fornecida como conseqüência natural do
movimento.
Ex. O jogador de basquete faz um arremesso na cesta. Ele próprio como uma
conseqüência do seu movimento irá ter uma informação – acertou ou errou a cesta.
O AMBIENTE DA APRENDIZAGEM
5.1 Definições
5.3 Transferência
Quantidade Qualidade
Objetivos Quantas sessões
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5.5 Tipos de Práticas
a) Prática Inicial: É o início da prática. Acontece quando o aluno tem o primeiro contato,
a idéia mais primitiva sobre a tarefa, onde será aprendido o aspecto rudimentar do
movimento (os principais aspectos para que se consiga a execução).
c) Prática em Blocos: Dividir a tarefa em partes, unidades, que podem ser isoladas. Em
seguida integrar as unidades uma a uma, até formar a habilidade total, ou seja, dividir a
tarefa em partes, ou unidades. Ensinar a primeira unidade, até que todos aprendam.
Passe então para a segunda, ensine até que todos aprendam. E assim por diante. Depois
que terminar todas as unidades forme o movimento total, de maneira global.
Das diversas maneiras de se organizar a prática, uma tem se destacado nos
últimos estudos sobre aprendizagem motora: a prática em blocos, pois resulta em uma
rápida aquisição, com alto nível de performance. Vale ressaltar que a prática em blocos
está relacionada com a baixa interferência contextual.
Na prática em blocos, o executante realiza repetidas execuções de uma
mesma tarefa, para então iniciar a prática da próxima tarefa (MAGILL, 1989; SCHMIDT,
1993).
Ex: em qualquer atividade passada pelo professor, primeiro ele vai ensinar
somente o primeiro movimento. O aluno treina esse movimento, e quando aprender deixa-
o de lado e começa a fazer o segundo movimento. Aprendendo o segundo, deixa-o de
lado também e aprenderá o terceiro movimento. Assim que o terceiro movimento for
aprendido, se junta todos os “blocos” (movimentos) formando assim o movimento geral,
que será então, a soma das partes.
A prática em blocos, é dividida por partes para um melhor entendimento dos
alunos e uma melhor execução, guardando movimento, por movimento.
Urna abordagem para o treinamento da função é dividir a tarefa em passos
provisórios, ajudando o aluno a dominar cada uma das etapas antes de aprender toda a
tarefa. Essa análise da tarefa é definida como o processo de identificação dos
componentes da tarefa ou do movimento depois para ordená-los em uma seqüência.
Como os componentes de uma tarefa são definidos? Eles são descritos em relação aos
objetivos da tarefa. Então, por exemplo, a abordagem da análise da tarefa para o
treinamento da mobilidade seria a divisão do padrão locomotor em componentes de
ocorrência natural, como a iniciação do passo, a estabilidade durante a postura vertical e
o impulso para obter a progressão. Durante o treinamento da mobilidade, o aluno deve
praticar cada um desses componentes isoladamente, antes de combiná-los para formar
um padrão inteiro da marcha. Porém, cada um deve ser praticado dentro do contexto
geral da marcha. Por exemplo, pedir ao aluno que pratique a extensão do quadril na
posição de decúbito ventral não aumenta necessariamente a sua capacidade de obter a
estabilidade na postura vertical, mesmo que ambas exijam a extensão do quadril. O
treinamento de partes da tarefa pode ser uma forma eficaz de retreinar algumas
habilidades, se a tarefa propriamente dita puder ser dividida com naturalidade em
unidades que reflitam os objetivos inerentes à tarefa (SCHMIDT, 1993).
f) Prática Variável: É a prática, como o próprio nome diz variável, ensaiando muitas
variações possíveis do movimento. Por exemplo, o arremesso no basquete, é uma classe
de movimentos, para o aluno ser eficiente, habilidoso, ele precisa produzir arremessos de
distancias muito diferentes, trajetórias variadas.
Nas últimas décadas, as formulações teóricas relacionadas ao processo de
aquisição de habilidades motoras, têm considerado superior a eficácia da prática variada
sobre a constante. Devido a essa alternância de plano motor a retenção em longo prazo é
evidenciada.
A capacidade de generalizar a aprendizagem nas situações novas é importante
na aprendizagem motora. Em geral, a pesquisa mostra que a prática variável aumenta a
capacidade de adaptar e generalizar a aprendizagem. Por exemplo, em um experimento,
um grupo de indivíduos praticou uma tarefa cronometradas (eles precisavam pressionar
um botão quando um padrão de luzes móveis chegava a um determinado ponto) e em
velocidades variáveis de oito, onze, quinze e dezoito quilômetros por hora, enquanto o
segundo grupo (prática constante) praticava em apenas uma dessas velocidades. Então,
todos os indivíduos executaram um teste de transferência, no qual a velocidade das luzes
móveis era diferente de todas as experiências prévias. Os erros absolutos foram menores
para o grupo de: prática variável do que para o grupo constante.
Assim, nesse exemplo a prática variável permitiu que o indivíduo apresentasse
um desempenho significativamente melhor em nossas variações da tarefa. A prática
variável aparece ser mais importante para as tarefas que provavelmente serão
executadas em condições variáveis. As tarefas que exigem variação mínima e serão
executadas em condições constantes podem ser submetidas a uma prática constante.
g) Prática para Automaticidade: é a prática que irá gravar o plano motor, a habilidade
no SNC, pois o aprendiz terá que passar por outras formas de prática para aprender o
movimento (elaborar o plano motor), somente quando este estiver pronto e correto é que
deve se iniciar o processo de automatização. É importante ressaltar que a automaticidade
acontece de maneira relativamente lenta, de forma que é necessária uma grande
quantidade de prática, antes que os padrões motores automáticos se manifestem.
De acordo com Schneider (1985) são necessárias 300 tentativas para
automatizar, e ainda este número será maior se a tarefa exigir precisão e complexidade.
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h) Prática Mental: segundo Magill (1984, p.116), “Quando a expressão prática mental é
usada na literatura de pesquisa, ela se refere à repetição cognitiva de uma habilidade
física na ausência de movimentos manifestos[...]”.
Para Schimidt (1993, p. 184), “[...] uma idéia antiga era que a prática mental
facilitava os elementos simbólicos cognitivos da habilidade. Outra teoria se preocupava
com a avaliação de movimentos possíveis e com as conseqüências de suas experiências
mentais[..]”.
É a repetição mental do movimento. O aluno pensa as habilidades que estão
sendo aprendidas. Usada para aumentar a eficiência
Segundo Richardson apud Magill (1984, p.233), “[...] salientou que a explicação
psiconeuromuscular postula que, durante a prática mental, o indivíduo está de fato
gerando correntes de ação nos grupos musculares [...]”, assim o feedback gerado
permitirá uma melhor correção das próximas tentativas. “Para Magill (1984, p. 233)”, [...]
outra explicação possível relaciona a prática mental com a teoria da memória e com o
modelo em três estágios de Fitts e Posner proposto para aprendizagem [...]”.
Para Magill (1984, p.101) “[...] a memória é um componente importante em
nosso processamento de informação para produzir a resposta desejada. [...] A memória
deve ser considerada em termos de sua estrutura e processos de controle. Estrutura
envolve características fixas e permanentes, que nunca mudam, qualquer que seja a
tarefa.
A prática mental de uma habilidade (o ato de executar essa habilidade apenas
com a imaginação, sem o envolvimento de nenhuma ação) pode produzir efeitos muito
positivos no desenvolvimento da tarefa. Por exemplo, Rawlings e colaboradores (1972)
ensinaram aos indivíduos uma tarefa de perseguição rotatória. No primeiro dia, todos os
indivíduos praticaram 25 tarefas. Do segundo ao nono dia, um grupo continuou com a
prática física, enquanto um segundo grupo executou apenas a prática mental; o terceiro
grupo não praticou nada. No décimo dia, todos os indivíduos foram testados e o grupo da
prática mental havia melhorado quase tanto quanto o grupo da prática física, enquanto o
grupo sem prática demonstrou pouca melhora. Por que isso acontece? Uma hipótese é
que os circuitos neurais subjacentes aos programas motores para os movimentos são, na
realidade, desencadeados durante a prática mental, e o indivíduo não ativa a resposta
muscular final, ou então a ativa em um nível muito reduzido, que não produz o
movimento.
RESUMO
1. A aprendizagem motora, como o controle motor, surge a partir de uma série complexa
de processos, incluindo a percepção, a cognição e a ação.
2. A Aprendizagem Motora resulta de uma interação entre o indivíduo, a tarefa e o
ambiente.
3. A aprendizagem não-associativa ocorre quando um organismo recebe um único
estímulo repetidamente. Como resultado, o sistema nervoso aprende as características
desse estímulo.
4.. Habituação e sensibilização são duas formas simples de aprendizagem não-
associativa. A habituação é uma redução na responsividade que ocorre como resultado
de uma exposição repetitiva a um estímulo indolor. A sensibilização é uma responsividade
elevada, após um estimulo ameaçador ou prejudicial.
5. Na aprendizagem associativa, o indivíduo aprende a prever as relações, sejam elas
entre estímulos (condicionamento clássico), sejam entre o comportamento e uma
conseqüência (condicionamento operante).
6. O condicionamento clássico consiste em aprender a emparelhar dois estímulos.
Durante o condicionamento operante, aprendemos a associar uma conseqüência a certa
resposta dentre as várias oferecidas.
7. A aprendizagem processual refere-se ao aprendizado de tarefas que possam ser
executadas sem atenção ou pensamento consciente, como um hábito.
8. A aprendizagem declarativa resulta no conhecimento que pode ser conscientemente
lembrado; portanto, requerem processos como consciência, atenção e reflexão.
9. As teorias do controle motor incluem a teoria do circuito fechado, a Teoria do Esquema,
a Teoria Ecológica da aprendizagem como exploração e numerosas teorias sobre os
estágios da aprendizagem motora.
BIBLIOGRAFIA