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1 INTRODUÇÃO

A atenção está presente em nosso cotidiano. Deparamo-nos com inúmeras


situações nas quais precisamos optar sobre como, quanto, onde e quando focar a
atenção. Ela está presente desde o início de nossa vida escolar, em que uma das
frases mais frequentemente ouvidas é “preste bem a atenção”. A falta de
direcionamento da atenção pode interferir na aprendizagem e causar dificuldades em
inúmeras atividades da vida diária. Pode ser citado, como exemplo, o ato de dirigir,
em que a mudança do foco de atenção é uma das principais causas da ocorrência de
acidentes.
A atenção tem sido abordada na literatura de diversas formas: é caracterizada
como o mecanismo que permite a seleção eficiente das informações (NORMAM,
1968); ela direciona a vigília quando as informações são captadas pelos sentidos;
pode, também, ser vista como um mecanismo que consiste na estimulação da
percepção seletiva e dirigida através dos sentidos, das memórias armazenadas e de
outros processos cognitivos; é um estado de alerta (MARTENS, 1987; GUALLAR &
PONS, 1994; MAGILL, 2000; STERNBERG, 2000; SAMULSKI, 2002).
A capacidade de atenção dos seres humanos é limitada (SCHNEIDER &
SHIFFRIN, 1977). Essa constatação tem permitido a interpretação de os seres
humanos não serem capazes de direcionar a atenção para as fontes mais relevantes
de informação durante todo o tempo ou, dependendo do estado, não conseguirem
selecionar as informações mais relevantes. Essas interpretações têm estimulado
inúmeras pesquisas sobre a atenção, dentre as quais podem ser destacadas aquelas
sobre os efeitos do foco de atenção no desempenho e na aprendizagem motora
(SCHMIDT & WRISBERG, 2001; WULF, 2007a).
Essas investigações têm sido realizadas em duas principais abordagens de
pesquisa. A primeira é aquela proposta por NIDEFFER (1993), a qual envolve quatro
dimensões: (1) ampla-externa (análise de situação complexa), (2) ampla-interna
(análise de informações passadas), (3) estreita-externa (atenção exigida no momento
da resposta) e (4) estreita-interna (concentração). Nessa abordagem, a preocupação
é investigar o desempenho e a aprendizagem em função de dicas (LANDIN, 1994;
PASETTO, 2004).
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Na segunda abordagem de pesquisa, a preocupação está na compreensão da


aprendizagem de habilidades motoras em função do direcionamento da atenção a
aspectos do padrão de movimento (foco interno) e ambientais (foco externo). Nessa
abordagem, as conclusões dos estudos têm se remetido à adoção do foco externo
promover melhor aprendizagem do que a adoção do foco interno em virtude de o
primeiro – externo – possibilitar com que os aprendizes cheguem mais rapidamente à
automatização da habilidade do que o primeiro – interno (Wulf, 2007a).
Na presente dissertação, essas conclusões e explicações foram questionadas
por meio de três experimentos: no primeiro, a hipótese explicativa foi colocada a
prova; e, no segundo e no terceiro, foi questionada a conclusão de superioridade do
foco externo.

2 REVISÃO DE LITERATURA

2.1 Aprendizagem motora

A Aprendizagem Motora teve sua origem na Psicologia Experimental e na


Neurofisiologia (SCHMIDT e WRISBERG, 2001). Nessa abordagem, a Aprendizagem
Motora tem procurado investigar os processos internos e os fatores que interferem na
aquisição de habilidades motoras (TANI, 1992; CORRÊA, PEROTTI JR. &
PELLEGRINI, 1995; SCHMIDT & WRISBERG, 2001). De acordo com Schmidt (1988)
as investigações mais antigas sobre habilidades motoras teriam sido feitas por volta
de 1820 pelo astrônomo Bessel.
Um importante marco na história da Aprendizagem Motora ocorreu entre o
final dos anos de 1960 e início dos anos de 1970, influenciado pela Psicologia
Cognitiva. Ele se referiu à mudança de abordagem, de uma “orientação à tarefa”, a
qual focalizava os efeitos de variáveis no desempenho de certas tarefas motoras,
para uma “orientação ao processo”, a qual enfatizava aspectos neurais ou mentais
básicos para explicar a produção de movimentos (CORRÊA, PEROTTI JR. &
PELLEGRINI, 1995).
Mas, afinal, o que é aprendizagem motora? Em uma síntese das definições
existentes, Barros (2006) sugeriu que ela diz respeito às mudanças internas na
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capacidade de executar habilidades motoras, sendo tais mudanças no sentido de


execuções cada vez mais eficientes, relativamente permanentes, e fruto da prática e
experiência.
Para que se investigue a aprendizagem, pelo fato de referir-se a mudanças
internas, faz-se necessária a utilização de um método que seja capaz de inferir que
esteja ocorrendo a produção de movimento. Observar o desempenho é um dos
métodos mais utilizados para inferir a aprendizagem de uma determinada habilidade
motora.
Outra importante consideração sobre a aprendizagem motora diz respeito à
distinção entre desempenho e aprendizagem. Magill (2000) sugere que o
desempenho refere-se ao comportamento observável. Por exemplo: quando uma
pessoa caminha por um saguão, observa-se o desempenho da habilidade caminhar.
Quando utilizado dessa forma, o termo desempenho se refere à execução de uma
habilidade num determinado instante e numa determinada situação. Por outro lado, a
aprendizagem não pode ser observada diretamente: somente poderá ser inferida a
partir das características do desempenho da pessoa, e deverá ser avaliada por
demonstrações de desempenho relativamente estáveis.
A aprendizagem de habilidades motoras demonstra uma considerável
característica que sugere que todos os indivíduos passam por diferentes estágios à
medida que adquirem novas habilidades. Existem vários modelos que descrevem a
aprendizagem por estágios, tais como: verbal-cognitivo e motor (ADAMS, 1971);
obtenção da ideia do movimento e fixação/diversificação (GENTILE, 1972); dinâmica
intrínseca, transição de fase e nova dinâmica intrínseca (ZANONE & KELSO, 1992);
restrição, descobrimento e exploração dos graus de liberdade (NEWELL, 1996;
VEREIJKEN & BONGAARDT, 1999); estabilização e adaptação (TANI, 2005).
Dentre os diversos modelos, um que pode ser considerado clássico é o de
Fitts e Posner (1967). Nesse modelo, a aprendizagem é descrita em três estágios:
cognitivo, associativo e autônomo. No estágio cognitivo, o aprendiz concentra-se nos
problemas de natureza cognitiva, tentando compreender os objetivos da tarefa, o que
faz com que os mecanismos de atenção sejam sobrecarregados e levem a um
desempenho inconsistente.
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No estágio associativo, a atividade cognitiva que caracterizava o estágio


cognitivo é alterada, visto que o aprendiz começa a associar certas informações
ambientais com o movimento necessário para atingir a meta da habilidade. É
possível cometer um menor número de erros, desde que se tenha adquirido os
fundamentos básicos ou mecânicos da habilidade, embora os mesmos precisem ser
aperfeiçoados. A demanda atencional nesse estágio decresce significativamente,
como decorrência da variabilidade do desempenho.
Depois de muita prática e experiência, os aprendizes passam para o terceiro e
último estágio (autônomo). Nesse ponto a habilidade torna-se automatizada ou
habitual. Ela torna-se independente das demandas de atenção, isto é, requerem
menos controle cognitivo. Como consequência, o aprendiz é capaz de direcionar a
sua atenção a outros aspectos relevantes para o controle da habilidade,
apresentando padrão de movimento mais estável. Nesse estágio a variabilidade do
desempenho é pequena.
Schmidt e Wrisberg (2001) descrevem quatro características do desempenho
relativas à aprendizagem de habilidades motoras: a primeira refere-se ao
aperfeiçoamento; nela, o desempenho é melhorado ao longo do tempo, o que
significa que, em um dado momento, o aprendiz estará desempenhando certa
habilidade melhor do que antes. A segunda diz respeito à consistência, a qual
demonstra que, de uma tentativa para outra, o desempenho do aprendiz deve tornar-
se mais semelhante. A terceira, a persistência, sugere que a capacidade melhorada
de desempenho se estende por períodos maiores. Na última, a adaptabilidade, o
desempenho se adapta a uma grande diversidade de características do contexto.
Como se pode perceber, dentre as diversas características de cada estágio,
ocorre nos processos da atenção uma importante mudança decorrente da prática
(LADEWING, 2000), foco do tópico seguinte.

2.2 A atenção em aprendizagem motora

Os estudos sobre atenção vêm da Psicologia, com a utilização dos métodos


de introspecção e de tarefas duplas (dual task), os quais investigavam os estágios de
desenvolvimento da automatização de uma nova tarefa.
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A atenção é um fenômeno que está presente na maioria de nossas atividades


diárias. No entanto, embora o significado da palavra seja conhecido, há grande
dificuldade em conceituá-la. Isso é evidenciado nas clássicas palavras de Willian
James (1890): “todo mundo sabe o que é atenção; é o tomar posse pela mente, de
forma clara e vívida, de informações onde vários objetos e linhas de pensamentos
estão presentes simultaneamente; focalização e concentração são a sua essência;
ela implica na seleção de algumas informações e pensamentos de maneira
ordenada, para lidar eficazmente com as outras” (JAMES, 1890).
A atenção tem sido utilizada para definir vários processos que variam da
concentração à vigilância (ABERNETHY, 1993). Schwartzman (2001) sugere que a
atenção é o processo que torna consciente um determinado estímulo. Já para
Schmidt e Wrisberg (2001), ela relaciona-se às capacidades de processamento de
informação que colocam limites sobre o desempenho humano habilidoso.
Em síntese, de acordo com o exposto, pode-se sugerir que a atenção envolve
seleção de informação, vigília/estado de alerta, consciência, concentração e, ainda,
processos complexos que englobam várias estruturas, processos perceptivos e
capacidades de processar informação.
Ao longo dos anos, algumas teorias têm sido propostas na tentativa de
explicar os mecanismos da atenção. Uma das primeiras foi a teoria do filtro ou
gargalo (WELFORD, 1952; BROADBENT, 1958; DEUTSCH & DEUTCH, 1963;
KEELE, 1973), considerando que as pessoas teriam dificuldade em realizar várias
tarefas ao mesmo tempo e que, em algum lugar, as informações não selecionadas
seriam filtradas. A hipótese básica era que os mecanismos de atenção possuíam
capacidade fixa para processar informações e, cada vez que a capacidade fosse
ultrapassada, o desempenho seria afetado, o que faria com que as informações
transcorressem através de um canal que permitisse a passagem de apenas uma
informação ou operação estímulo-resposta por vez. Desses filtros em diante, as
informações que fossem selecionadas receberiam os recursos de atenção e
passariam a ser processadas de modo seriado, o que faria com que o
processamento dessas informações fosse concluído. Acrescenta-se que não há um
consenso na literatura sobre onde ou em que momento ocorreria esse filtro.
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De acordo com a teoria da capacidade dos recursos centrais (KAHNEMAM,


1973), haveria uma reserva de recursos ou um reservatório de atenção, onde as
atividades ou informações disputariam entre si para usufruir desses recursos. Essa
competição ocorreria de acordo com as características da pessoa, da atividade ou da
situação. O reservatório seria subdividido de modo que a demanda de atenção
suprisse todas as necessidades; entretanto, se as demandas ultrapassassem a
capacidade da reserva atencional, o sistema poderia ser prejudicado e uma das
“situações” não seria executada com a atenção devida, e desta forma a atividade
poderia não ser concluída.
A teoria de recursos múltiplos (WICKENS, 1976) sugere que o ser humano
dispõe de diversos mecanismos de atenção, mas cada um com seus respectivos
recursos limitados. Os recursos para o processamento da informação viriam de três
fontes diferentes: modalidades de entrada e de saída (visão e audição), estágios de
processamento de informação (percepção, codificação da memória, saída de
respostas) e o código de processamento de informação (códigos verbais, códigos
espaciais). Para realizar duas ou mais tarefas ao mesmo tempo com boa qualidade,
seria necessário que a solicitação da atenção não necessitasse compartilhar do
mesmo recurso; caso os recursos fossem compartilhados, a tarefa poderia ter um
desempenho inferior em relação à utilização de recursos diferentes.
Todas as definições, estudos e teorias deixam claro que a atenção ou a
capacidade de atenção é limitada. Uma pergunta que pode ser feita em relação a
isso é a seguinte: como diminuir os efeitos dessa limitação? De acordo com Magill
(2000), uma possível resposta remete ao processo de focalização da atenção. Trata-
se do ato de direcionar a atenção para determinadas fontes de informação (MAGILL,
2000; SCHMIDT & LEE, 1999; SCHMIDT & WRISBERG, 2001). Ao contrário das
solicitações da atenção, que se referem à distribuição de recursos da atenção para
várias tarefas que precisam ser desempenhadas simultaneamente, focalizar a
atenção significa organizar os recursos disponíveis para dirigi-los a determinadas
fontes de informação.
Conforme apresentado anteriormente, uma das abordagens de pesquisa que
tem se desenvolvido nos últimos anos refere-se aos efeitos dos focos interno e
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externo de atenção no desempenho e aprendizagem de habilidades motoras, que


será apresentada a seguir.

2.3 Estudos sobre foco de atenção

O foco interno refere-se ao direcionamento da atenção a aspectos da própria


execução ou padrão de movimento, bem como a pensamentos e sentimentos
relativos ao desempenho. O foco externo, por sua vez, diz respeito ao
direcionamento da atenção para informações relacionadas ao resultado da ação no
ambiente (WULF, 2007a). A busca pela compreensão dos efeitos de ambos os focos
de atenção no desempenho e na aprendizagem de habilidades motoras tem
envolvido a realização de muitas pesquisas.
Em termos de aprendizagem, Wulf, Hoß e Prinz (1998) investigaram os efeitos
de diferentes tipos de instrução na aprendizagem de habilidades motoras complexas,
por meio dos movimentos de uma tarefa similar ao slalom (modalidade do esqui),
realizada em um simulador de esqui. No experimento 1, participaram 33 estudantes
universitários, 20 mulheres e 13 homens, com idade entre 19 e 35 anos. Os
participantes foram divididos em três grupos: foco interno, que recebia instrução para
tentar exercer força na parte externa do pé; foco externo, que recebia instrução
similar ao outro grupo, para colocar a força na parte externa do pé, mas na direção
do movimento da plataforma; e controle, o qual não recebia nenhuma instrução. Os
participantes tiveram dois dias de prática, e no terceiro dia foi realizado o teste de
retenção. Nos três dias foram realizadas vinte e duas tentativas, sendo oito no
primeiro dia, oito no segundo dia e seis no terceiro dia. Nesse experimento, os
resultados mostraram que o grupo de foco externo teve, no teste de retenção, melhor
desempenho do que os grupos de foco interno e controle.
No experimento 2, com a tarefa de equilíbrio, 16 dos 33 participantes do
experimento 1 foram divididos em dois grupos: um de foco interno e outro de foco
externo, tendo o mesmo delineamento do primeiro experimento; dois dias de prática
e um terceiro dia de teste de retenção. O resultado mostrou o grupo de foco externo
com melhor desempenho que o grupo de foco interno.
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Wulf, Lauterbach e Toole (1999) realizaram um estudo para verificar a


influência dos focos interno e externo de atenção na aprendizagem da tacada do
golfe. O experimento contou com 22 estudantes universitários, 9 mulheres e 13
homens, com idade entre 21 e 29 anos, sem experiência no golfe. O experimento foi
conduzido em um gramado ao ar livre onde cada sujeito realizava uma tacada de
golfe, com o objetivo de acertar um círculo (alvo) com raio de 45 centímetros. Dez
bolas eram fornecidas para cada bloco de 10 tentativas, para que não houvesse
interrupção da prática. O alvo circular estava localizado a 15 metros de distância de
onde os participantes estavam posicionados. Os participantes foram divididos em 2
grupos: foco interno, que recebeu informação sobre a técnica do movimento
(posicionamento da mão no taco), e foco externo, que recebeu informação sobre o
clube (campo de golfe e o alvo). O experimento consistiu de 8 blocos de 10
tentativas. Após o oitavo bloco foi realizado o teste de retenção, que consistia de 30
tentativas com as mesmas situações experimentais. O desempenho dos
participantes foi medido através da somatória de pontos (acerto no alvo). Foram
analisados 3 blocos de 10 tentativas para os 2 grupos. Após a análise dos
resultados, verificou-se que o grupo de foco externo se mostrou mais eficiente que o
grupo de foco interno no teste de retenção.
Totsika e Wulf (2003) investigaram a influência do foco de atenção sobre uma
nova situação de uma habilidade motora. Com a tarefa do pedalo (um aparelho
similar a um pedal de bicicleta), os participantes tinham que percorrer uma distância
de 7 metros. Para o foco interno, os participantes eram induzidos a direcionar sua
atenção para os pés; já para o foco externo, os participantes direcionavam sua
atenção para a plataforma onde eram colocados os pés. O estudo foi realizado com
22 estudantes universitários (12 mulheres e 10 homens), com idade entre 19 e 36
anos. Após análise da aquisição, os resultados evidenciaram que o grupo de foco
externo teve melhor desempenho que o grupo de foco interno.
Wulf et al. (2003), realizaram outro estudo com o objetivo de verificar se o foco
de atenção teria influência sobre a aprendizagem de uma tarefa de equilíbrio. No
experimento 1, o objetivo foi verificar se o foco de atenção adotado poderia afetar o
desempenho e a aprendizagem. Participaram do estudo 18 estudantes universitários
sem experiência com a tarefa. Os participantes ficavam sobre uma plataforma de
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equilíbrio (stabilomiter) e tinham que manter um tubo de madeira no plano horizontal


o máximo possível durante noventa segundos. Dentro do tubo havia uma bolinha de
tênis de mesa. Os participantes foram divididos em dois grupos, um com a atenção
direcionada para o foco interno (a instrução era sobre as mãos) e o outro grupo com
a atenção dirigida para foco externo (a instrução era sobre o tubo de madeira). Os
resultados apontaram para um melhor desempenho do grupo que teve sua atenção
direcionada para o foco externo.
No experimento 2, participaram 29 estudantes universitários. A tarefa foi a
mesma utilizada no primeiro experimento; apenas a bolinha de tênis de mesa foi
retirada do tubo, e foi acrescentado o grupo controle, que não recebia instrução
sobre foco algum. Os resultados também apontam para a eficiência do foco externo.
Em ambos os experimentos, o grupo foco externo mostrou-se mais eficiente em
relação aos grupos foco interno e controle, na fase de aquisição e nos testes de
retenção e transferência. Os autores sugeriram que esses resultados também
demonstram que a aprendizagem de habilidades motoras poderia ser influenciada
diretamente pela manipulação de foco de atenção do participante em relação a uma
determinada tarefa.
Poolton et al. (2006), investigaram os efeitos do foco de atenção na
aprendizagem de habilidades motoras complexas. Participaram do primeiro
experimento 30 estudantes universitários, sendo 7 homens e 23 mulheres, todos sem
experiência com a habilidade motora complexa da tacada do golfe. Os participantes
foram distribuídos entre 2 grupos: um de foco externo, que focava sua atenção para
a “cabeça” do taco do golfe, e outro de foco interno, que foi instruído a direcionar sua
atenção para o movimento das mãos. A tarefa foi realizada em uma esteira de grama
artificial de 4 metros de comprimento e 36 centímetros de largura, e as tacadas eram
realizadas a 3 metros de distância do alvo. Foram usadas bolas de golfe padrão que
eram colocadas 2 metros à frente do buraco (tamanho padrão) e a 15 centímetros
para a esquerda do centro do buraco. Todos os participantes usaram o mesmo taco.
A aprendizagem envolvia 10 blocos de 30 tentativas. No começo de cada bloco, os
participantes eram lembrados sobre o foco de atenção e, após a aprendizagem, um
questionário foi administrado sobre qualquer método, movimento ou técnica que eles
tivessem lembrado para utilizar na tarefa. Foram realizados, ainda, um teste de
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retenção e um teste de transferência, ambos com 30 tentativas. No teste de


transferência, foi exigido dos participantes que, durante a execução das tacadas,
contassem simultaneamente a quantidade de tons (agudos) que eram produzidos a
cada 900 milissegundos, por um computador. Foi considerado o número total de
tacadas realizadas com sucesso por bloco de 30 tentativas. Desse modo, um mínimo
de 0 e um máximo de 30 pontos poderiam ocorrer. Os resultados mostraram que
para o teste de retenção ambos os grupos mantiveram o nível de desempenho, e não
foi detectada diferença entre os grupos; porém, no teste de transferência, com a
introdução de uma nova tarefa, o desempenho do grupo foco interno foi afetado,
enquanto o grupo foco externo manteve a robustez em seu desempenho.
O experimento 2 teve como objetivo verificar se a quantidade de informação
sobre um foco de atenção poderia influenciar no desempenho de uma habilidade
motora. Participaram desse experimento 39 estudantes universitários, sendo 15
homens e 24 mulheres, com idade média de 20 anos. Os participantes foram
divididos em 2 grupos, baseados no protocolo verbal do experimento 1: o grupo de
foco interno recebia 6 informações sobre o processo mecânico da tarefa, e o grupo
de foco externo recebia 6 informações sobre os efeitos do movimento. A tarefa foi
realizada sobre a mesma superfície do experimento 1 (tacada do golfe em um campo
menor) e sobre o mesmo delineamento. A análise dos resultados não demonstrou
diferenças significativas entre os grupos. Para o experimento 1, foi justificado que a
adoção do foco externo reduzia a carga sobre a memória de trabalho, possibilitando
melhor desempenho e aprendizagem. Para o segundo experimento, os autores
concluíram que a quantidade de informações fornecidas para os participantes não
influenciou no desempenho das habilidades.
Wulf, Tollner e Shea (2007) tiveram como objetivo investigar as vantagens
para o aprendizado quando a atenção está voltada para o foco externo ou para o
foco interno. Foram realizados 2 experimentos. No primeiro, foi utilizada a tarefa de
equilíbrio. Participaram do estudo 18 estudantes universitários, com idade média de
23 anos, sem nenhuma experiência prévia na tarefa. Os participantes realizaram o
experimento em 3 condições: foco externo (direcionar a atenção para triângulos
colocados sobre a plataforma), foco interno (direcionar a atenção para os pés), e
controle (era solicitado apenas que tentassem manter o equilíbrio). Em todas as
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condições, os participantes eram instruídos a olhar para frente. Cada sujeito realizou
3 tentativas para cada condição. As condições experimentais foram
contrabalançadas entre os participantes. Os resultados mostraram que não houve
diferença entre os grupos. No experimento 2, foram utilizados os mesmos
equipamentos, tarefas e procedimentos do experimento 1. Participaram do estudo 24
estudantes universitários, e nenhum destes tinha participado do experimento 1. O
diferencial do experimento 2 foi que os participantes deveriam realizar a tarefa
tentando se equilibrar sobre apenas um dos pés, aumentando assim a dificuldade de
execução. Os resultados apontaram um melhor controle do equilíbrio para o grupo de
foco externo, enquanto nos grupos de foco interno e controle não foram detectadas
diferenças significativas. Os autores concluíram que, com o aumento da exigência da
tarefa, o foco externo mostra-se mais eficaz.
Parr e Button (2009) realizaram um estudo com objetivo de comparar a
influência dos focos interno e externo de atenção na aprendizagem de uma
habilidade motora. A tarefa utilizada foi o remo. Os participantes, todos iniciantes,
foram divididos em dois grupos, que participaram de 24 sessões de treinamento
durante um período de seis semanas; na sétima semana, foram realizados testes de
transferência e retenção. Para o grupo 1, foi fornecida uma instrução sobre o
momento de entrada da lâmina do remo na água (foco externo) e para o grupo 2 foi
fornecida uma instrução sobre o movimento do remador (foco interno). Os resultados
demonstraram que o grupo de foco externo demonstrou melhorias na técnica, e foi
mais eficiente em comparação ao grupo de foco interno. Os autores sugeriram que o
fornecimento de instruções sobre o foco externo é benéfico para iniciantes.
Verificando a influência dos focos de atenção sobre o desempenho, foram
realizados alguns estudos como o de McNevin e Wulf (2002), que investigaram se o
foco de atenção tem influência no desempenho de uma tarefa de equilíbrio, através
de uma tarefa de toque em uma plataforma de força. Em frente à plataforma de
equilíbrio, foi colocada uma plataforma de força onde os participantes apoiavam-se
de acordo com a instrução fornecida. Um grupo recebeu instrução de foco interno
(manter a ponta do dedo sobre a plataforma de força) e outro grupo recebeu
instrução de foco externo (segurar uma folha que estava sobre a plataforma de
força). O estudo contou com 19 participantes (11 mulheres e 8 homens), com idade
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entre 26 e 54 anos. Os participantes realizaram três tentativas de trinta segundos


cada. Ambas as posições resultaram em um melhor controle postural, mas a
frequência de resposta foi melhor para o foco externo.
Considerando que os indivíduos podem ter melhor desempenho ao escolher
determinado tipo de foco, Wulf, Shea e Park (2001) examinaram as diferenças
individuais para os efeitos e o tipo de foco de atenção para a aprendizagem motora.
No experimento 1, participaram 17 estudantes (10 mulheres e 7 homens), todos
alunos universitários. A tarefa foi de equilíbrio, realizada com o stabilomiter
(plataforma de equilíbrio de madeira, medindo 65 por 105 centímetros, com
inclinação máxima de 15º, 2 marcas redondas da cor laranja com 3 centímetros de
diâmetro cada, uma a 18 centímetros e outra a 25 centímetros do plano sagital da
plataforma). No primeiro dia, foram apresentados aos participantes 2 tipos de foco de
atenção. Para o foco interno, os participantes recebiam instruções sobre a força
exercida nos pés e, para o foco externo, as instruções eram sobre o posicionamento
dos pés nas marcações feitas sobre a plataforma. No primeiro dia, os participantes
praticavam os 2 focos de atenção, e no segundo dia de prática os participantes eram
questionados sobre o foco que iriam utilizar para a tarefa, sendo que 9 participantes
optaram pelo foco interno e 8 participantes pelo foco externo. Foram realizadas 8
tentativas por sujeito. No terceiro dia, foi realizado o teste de retenção. Após o
término do experimento, os participantes foram questionados sobre o foco que
utilizaram durante a tarefa. Dentre os participantes, 5 utilizaram o foco interno e 12 o
foco externo. Os resultados mostraram que os participantes que optaram pelo foco
externo obtiveram melhor desempenho no teste de retenção em relação aos
participantes que optaram pelo foco interno.
No experimento 2, participaram 20 estudantes (10 mulheres e 10 homens
universitários). O aparato utilizado foi o mesmo do experimento 1, com única
variação para a inclinação máxima, que chegou a 30º. Durante a prática, os
participantes foram questionados sobre o seu ponto de concentração (no pé ou nas
marcas feitas sobre a plataforma). Durante cada tentativa, o sujeito era questionado
sobre onde estava direcionando sua atenção. No terceiro dia, foi realizado o teste de
retenção. Os resultados mostraram que 16 participantes utilizaram o foco externo e 4
participantes utilizaram o foco interno. Os autores concluíram que o foco interno foi
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mais eficiente para a aprendizagem; porém, com o decorrer das sessões de prática,
os autores sugerem que os participantes passam pelo processo de automatização,
diminuindo a margem de erro e assim direcionando sua atenção para o foco externo
de atenção.
Wulf et al. (2004), examinaram a influência do foco de atenção em uma tarefa
de equilíbrio. Participaram do estudo 32 estudantes sem nenhuma experiência com a
tarefa de equilíbrio, os quais foram divididos em 4 grupos. A tarefa era equilibrar-se
sobre um disco de borracha com as mãos segurando em uma barra de PVC. Todos
os participantes recebiam a instrução de ficar em pé e segurar na barra. Foram
realizadas 3 séries de 15 segundos. Cada série era executada com 4 tipos de foco
de atenção, sendo uma instrução de foco interno (efeito dos pés sobre o disco), uma
de foco externo (atenção no movimento do disco), outra de foco interno (manter as
mãos imóveis) e outra de foco externo (manter a barra imóvel). Os participantes eram
induzidos a utilizar um dos focos de atenção. A ordem das condições era
contrabalançada entre os participantes. Os resultados apontaram melhor
desempenho quando os participantes dirigiam sua atenção para o efeito do
movimento disco ou barra (foco externo) do que quando se concentravam nos
movimentos do corpo pé ou mãos (foco interno).
Vance et al. (2004), estudaram o efeito do foco de atenção sobre o resultado
do desempenho. Foi utilizado o EMG (eletromiografia) para determinar as diferenças
entre o foco externo e o foco interno sobre o nível de manifestação neuromuscular.
Foram realizados 2 experimentos. No experimento 1, participaram 11 estudantes
universitários do sexo masculino, com idade média de 26 anos. A tarefa utilizada foi
um exercício de musculação bilateral para o bíceps. O peso utilizado foi estabelecido
através de um teste de carga máxima em um dinamômetro, e na execução da tarefa
os participantes utilizaram uma carga correspondente a 50% da carga máxima. Para
o foco interno, a instrução era direcionar a atenção para a contração do músculo
bíceps. Já para o foco externo, os participantes eram instruídos a prestar atenção ao
movimento feito pela barra do equipamento. Os participantes realizaram 2 séries com
10 tentativas para cada foco, de forma contrabalançada. Os resultados mostram que
o grupo foco externo obteve melhor desempenho comparado com o grupo foco
interno, principalmente nas primeiras repetições. O experimento 2 demonstrou os
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mesmos procedimentos do experimento 1, ressaltando que os participantes não


recebiam nenhuma instrução sobre os focos de atenção. Participaram do
experimento 12 universitários (10 homens e 2 mulheres). Os resultados não
mostraram diferenças significativas entre os participantes.
Ford, Hodges e Williams (2005) investigaram a influência do foco interno de
atenção no desempenho de uma habilidade motora e a relevância desse foco para
iniciantes e avançados. Foi utilizada a tarefa do drible do futebol. Os participantes
passavam driblando (conduzindo) uma bola através de uma fileira de cones. O
estudo contou com 20 participantes, sendo 10 avançados (mais habilidosos) com
idade média de 21 anos, e 10 iniciantes (menos habilidosos) com idade média de 22
anos. Todos os participantes foram submetidos a quatro situações experimentais:
direcionar a atenção para o pé dominante (foco interno considerado relevante); foco
direcionado para os braços (foco interno considerado irrelevante); foco para o pé não
dominante; e, por último, sem direcionamento do foco. Os resultados não
demonstraram diferença significativa entre as situações manipuladas. Os autores
concluíram que mais estudos precisam ser realizados, verificando a influência e a
relevância do foco interno de atenção.
Stanley, Pargman e Tenenbaum (2007) realizaram um estudo em que o
objetivo foi verificar a influencia dos focos interno e externo de atenção sobre a
percepção subjetiva de esforço de ciclistas. Participaram do experimento 13
estudantes universitárias, que foram divididas em dois grupos. No grupo 1, as
participantes eram convidadas a se concentrar em seus corpos (respiração,
transpiração e músculo), e no teste de retenção as participantes eram convidadas a
assistir a um vídeo de sua escolha durante a execução da tarefa. No grupo 2, as
participantes tinham sua atenção direcionada para uma tela que exibia informações
sobre a duração do exercício, a distância e a quantidade de calorias, e no teste de
retenção a bicicleta era posicionada em frente a um ginásio, ao mesmo tempo em
que era solicitado às participantes contar quantos homens e mulheres passavam em
frente ao ginásio. Foram realizadas cinco sessões de prática, sendo que a primeira
consistia de um teste de VO2 destinado a avaliar a capacidade aeróbia das
participantes. Após as cinco sessões, as participantes pedalaram em um ciclo
ergômetro (ciclismo estacionário), a 75% VO2 max. por 10 minutos, onde foi avaliada
15

a percepção de esforço. Os resultados não apontaram diferença significativa entre os


grupos.
Wulf e Su (2007) realizaram um estudo para verificar se a adoção de uma
instrução de foco externo melhoraria a precisão da tacada de golfistas iniciantes e
experientes. Foram realizados dois experimentos. O primeiro contou com 30
estudantes universitários sem nenhuma experiência com a tarefa, e foi conduzido em
um campo de golfe. Os participantes tinham que realizar a tacada a quinze metros do
alvo, e o objetivo era aproximar a bolinha o mais próximo possível do centro. Os
participantes foram distribuídos aleatoriamente em três grupos: foco interno, que
recebia instrução sobre o movimento de balanço dos braços; foco externo, que
recebia instrução sobre o movimento de balanço do taco; e grupo controle, que não
recebia informação sobre nenhum foco. Cada sujeito realizou seis blocos de dez
tentativas no primeiro dia, e no segundo dia foi realizado o teste de retenção com dez
tentativas. Os resultados apontaram melhor desempenho do grupo que recebeu
instrução de foco externo, através do teste de retenção. No segundo experimento, os
procedimentos foram semelhantes aos do primeiro experimento, com a participação
de 6 golfistas experientes. Cada sujeito realizou vinte tentativas para cada condição.
Os resultados apontaram melhor desempenho para o grupo de foco externo. Os
autores sugeriram que, tanto para iniciantes quanto para experientes, a adoção do
foco externo melhora a precisão da tacada do golfe.
Oliveira, Apolinário e Tertuliano (2008) realizaram uma pesquisa com o
objetivo de investigar qual seria o foco de atenção preferido, e se haveria diferença
entre a preferência de nadadores másteres de 50 metros e 400 metros livre. O
estudo foi desenvolvido por meio de um questionário aberto, no qual constava a
pergunta: “em que você direciona sua atenção quando realiza a prova de 50/400
metros livre”? Os resultados mostram que 42,5% dos nadadores de 50 metros livre
preferiam foco externo e 7,5% preferiam foco interno, enquanto 30% dos nadadores
de 400 metros livre preferiam foco externo e 20% preferiam foco interno. Os autores
concluíram que os nadadores de 50 metros livre preferem foco externo, enquanto os
nadadores de 400 metros livre não denotam preferência significativa.
Dentre os estudos realizados, parte deles fornece instrução sobre a técnica
correta para a execução da tarefa e permitem que os participantes tenham tempo
16

para praticar e conhecer a tarefa antes da fase de aquisição (este comentário será
justificado mais à frente).
Wulf et al. (2000), realizaram um estudo para investigar se o foco externo de
atenção era mais eficaz quando direcionado para o efeito do movimento ou para uma
ação que não estivesse relacionada ao efeito do movimento, como a antecipação ou
dicas do movimento. Foram realizados dois experimentos. No primeiro foi utilizada a
tarefa do forehand do tênis. O estudo foi realizado em uma quadra oficial de tênis.
Participaram do estudo 36 estudantes universitários (21 mulheres e 15 homens), com
idade entre 16 e 33 anos. Os participantes recebiam instruções sobre a técnica
correta de como realizar o forehand, e praticavam 10 tentativas antes de iniciar a
pesquisa. Posteriormente, os participantes foram divididos em dois grupos
experimentais: grupo de antecipação do movimento, que tinha sua atenção
direcionada para a trajetória da bola que ia em direção do sujeito, e grupo efeito do
movimento, que direcionava sua atenção ao alvo. Os participantes eram
posicionados de um lado da quadra e rebatiam a bola que era lançada por uma
máquina para o outro lado da quadra, buscado acertar áreas predeterminadas que
recebiam pontuações de 1 a 5 (caso a bola não chegasse às zonas de pontuação,, o
valor atribuído era zero). Na fase de prática, foram realizados 10 blocos com 10
tentativas cada (com 1 minuto de intervalo entre cada bloco), e após 50 tentativas foi
realizado um tempo maior de descanso para recarregar a máquina de lançar bolas.
Após um dia, os participantes realizavam o teste de retenção, no qual eram
realizados 3 blocos de 10 tentativas, sem qualquer instrução ou lembrete sobre as
situações de foco. Após a análise dos resultados, verificou-se que o grupo de efeito
do movimento obteve melhor desempenho no teste de retenção, pois sua situação
experimental tinha uma meta, que era acertar o alvo.
No experimento 2, foi utilizada a tarefa da tacada do golfe, similar àquela
utilizada por Wulf et al. (1999). O experimento foi realizado em um campo de golfe,
onde os participantes utilizaram um taco 9 de golfe para acertar a bola em um alvo
com 45 centímetros de diâmetro em seu centro e outros 4 círculos (com 1,45 metros,
2,45 metros, 3,45 metros e 4,45 metros, respectivamente). O participante era
posicionado a 15 metros do alvo e tinha como objetivo acertar a bola no alvo com
uma tacada. A pontuação era aferida de acordo com o local onde a bola parasse,
17

sendo atribuídos 5 pontos para o centro do alvo e 4, 3, 2 e 1 para os respectivos


arcos seguintes (caso a bola não atingisse nenhum dos objetivos, o valor atribuído
era zero). Participaram do estudo 26 estudantes universitários (14 homens e 12
mulheres). Os participantes não tinham nenhuma experiência com a tarefa. Todos
recebiam instruções sobre a técnica para realizar a tacada, e praticavam 5 tentativas
antes de iniciar a tarefa. Foram criados 2 grupos para o experimento. O primeiro
grupo tinha como foco sua atenção dirigida para o campo (noção espacial), e antes
de realizar a tarefa os participantes eram questionados sobre como realizariam o
movimento da tacada para o referido campo. O segundo grupo direcionava sua
atenção para a trajetória da bola, e antes de realizar a tarefa era perguntado aos
participantes sobre a trajetória que eles imaginavam para o percurso da bola. Os
participantes realizaram 8 blocos com 10 tentativas na fase de prática. Um dia depois
realizavam o teste de retenção, no qual eram realizadas 30 tentativas e não era
fornecida instrução alguma sobre os focos de atenção. Os resultados mostraram que
o grupo com foco no campo obteve melhor desempenho em relação ao grupo com o
foco de atenção na trajetória da bola. Após os dois experimentos, concluiu-se que
direcionar a atenção para o efeito do movimento leva a um melhor aprendizado.
Conforme os autores, provavelmente o foco de atenção direcionado para o efeito do
movimento pode estar relacionado ao nível do processo de controle motor dos
participantes, ou ainda ao tipo de instrução que é fornecido aos participantes.
Wulf et al. (2002) estudaram ainda os efeitos da frequência de feedback e do
tipo de foco de atenção na aprendizagem de habilidades motoras complexas do
voleibol. No experimento 1, participaram 48 estudantes universitários, sendo um
grupo de iniciantes com idade entre 15 e 30 anos e outro grupo de experientes com
idade entre 16 e 23 anos. Os participantes foram selecionados através de
observação das aulas. O grupo de experientes treinava periodicamente o jogo de
voleibol, enquanto os iniciantes praticavam aulas de tênis e não tinham experiência
com a modalidade do experimento. A tarefa era realizar o saque por cima do voleibol.
Antes de iniciar o experimento, os participantes recebiam instruções sobre a técnica
do movimento (foco interno) para realização da tarefa. O objetivo era acertar um alvo
demarcado na quadra. Foram formados 4 grupos (iniciantes-foco interno, iniciantes-
foco externo, experiente-foco interno e experiente-foco externo), os quais foram
18

submetidos a dois dias de prática, com 10 blocos de 5 tentativas. No terceiro dia foi
realizado o teste de retenção, com 10 blocos de 3 tentativas. O alvo era dividido em
quatro áreas: para o centro do alvo eram computados 4 pontos, para a segunda área
3 pontos, para a terceira 2 pontos, e para a quarta 1 ponto (caso a bola parasse fora
do alvo, o valor atribuído era zero). A cada bloco de cinco tentativas, os grupos de
foco interno recebiam informações sobre a técnica do movimento, e os grupos de
foco externo recebiam informações sobre o efeito do movimento. Os resultados
apontaram melhor desempenho dos grupos de foco externo em relação aos grupos
de foco interno nos testes de retenção. O grupo de experientes, como já era
esperado, demonstrou melhor desempenho do que o grupo de iniciantes.
No experimento 2, foi investigado o efeito da frequência de feedback em
relação ao tipo de foco de atenção. Participaram do estudo 52 estudantes com idade
entre 18 e 25 anos, experientes e iniciantes. A tarefa foi o chute do futebol, com o
objetivo de acertar um alvo de 80 x 80 centímetros divididos em dois (centro e
extremidade). Os participantes foram divididos aleatoriamente em 4 grupos (foco
interno com 33% de feedback, foco interno com 100% de feedback, foco externo com
33% de feedback e foco externo com 100% de feedback), sendo que o grupo de foco
interno recebia informações sobre a técnica do movimento, e o grupo de foco externo
recebia informação sobre o efeito do movimento. Foi seguido o mesmo delineamento
do experimento 1. Os resultados mostraram que o grupo de foco externo com 100%
de feedback obteve melhor desempenho. Comparando o nível de experiência com a
frequência, nos testes de retenção, o grupo foco externo com 100% de feedback foi
melhor que o grupo foco externo com 33%, entre os experientes; já para os
iniciantes, o grupo foco interno com 33% de feedback obteve melhor desempenho
que o grupo foco interno com 100%.
Ceccato, Passmore e Lee (2003) examinaram a influência das instruções de
foco interno e externo de atenção sobre o desempenho de uma tacada no golfe,
realizada por golfistas habilidosos e não habilidosos. Participaram deste estudo 8
homens e 2 mulheres, e a meta era aproximar a bola o máximo possível do alvo. A
tarefa foi realizada em um campo de golfe, e os participantes podiam optar entre usar
o taco fornecido pelo experimentador ou o taco particular. Antes de iniciar o
experimento, os participantes praticaram algumas tentativas em cada uma das 4
19

posições. Os participantes foram posicionados a uma distância de 10, 15, 20 e 25


metros do alvo. Para o foco interno, os participantes recebiam instrução para se
concentrarem no balanço dos braços e no controle da força, enquanto para o foco
externo os participantes foram orientados a se concentrarem em acertar a bola o
mais próximo possível do alvo. Os participantes realizavam 40 tentativas em cada
situação experimental para cada distância, de forma contrabalançada, somando 80
tentativas para cada sujeito. Os resultados mostraram que os participantes mais
habilidosos obtiveram melhor desempenho para o foco externo de atenção, enquanto
para o foco interno não foi encontrada diferença significativa.
Wulf e McNevin (2003) tiveram como objetivo investigar os benefícios dos
focos de atenção na aprendizagem de uma tarefa de equilíbrio, comparando o foco
externo com o foco interno de atenção, utilizando ainda um grupo controle (sem
instrução de foco) e um grupo sombreamento (que tinha sua atenção distraída
durante a execução da tarefa). Foi utilizada a tarefa de equilíbrio, realizada sobre
uma plataforma (stabilometer). Participaram do estudo 41 estudantes universitários
de ambos os sexos, sendo que nenhum dos participantes tinha experiência prévia na
tarefa. O objetivo era manter-se equilibrado o máximo possível sobre a plataforma,
por noventa segundos. Todos recebiam a informação de que deveriam manter a
plataforma na horizontal. Os participantes tinham um tempo para se familiarizar e se
posicionar sobre o aparelho, com os pés atrás de uma marcação feita sobre a
plataforma. Os participantes foram divididos aleatoriamente entre os grupos, sendo o
primeiro orientado sobre a condição de foco interno, com a instrução de direcionar
sua atenção para os pés e tentar manter-se na horizontal. O segundo grupo foi
orientado sobre a condição de foco externo, e tinha sua atenção direcionada para o
efeito dos movimentos produzidos ao tentar posicionar os pés sobre a marcação feita
na plataforma. O terceiro grupo (controle) não recebia nenhuma instrução sobre os
focos. E, por fim, os participantes do quarto grupo (sombreamento) deveriam prestar
a atenção em uma história que era contada durante a execução da tarefa. Foram
realizados dois dias de prática, e no terceiro dia foi realizado o teste de retenção, no
qual não havia marcação para o posicionamento dos pés. Os resultados obtidos nos
testes de retenção mostraram que o grupo de foco externo obteve melhor
desempenho do que os demais grupos.
20

Considerando a premissa de que a adoção do foco externo de atenção tem


sido associada à diminuição da frequência cardíaca e a um melhor desempenho, se
comparada à adoção de foco interno, Abes (2004) realizou um estudo com objetivo
de avaliar a influência dos tipos de foco de atenção sobre a frequência cardíaca e o
desempenho no primeiro saque do tênis. O estudo contou com 12 participantes, com
idade entre 14 e 45 anos. Estes participantes foram selecionados de forma não
aleatória, de acordo com o seu nível e experiência de competição: iniciantes (n=4),
intermediários (n=4) e avançados (n=4). Os participantes foram divididos em dois
grupos, sendo que um grupo recebia instrução de foco externo (acertar a bolinha em
uma área pré-determinada do lado oposto da quadra) e o outro grupo recebia
instrução de foco interno (técnica de pegada da raquete e mecânica do golpe).
Foram realizadas 3 coletas com 20 tentativas cada. Os resultados apontam que os
participantes que receberam instrução de foco externo obtiveram melhor
desempenho e uma diminuição da frequência cardíaca, em comparação aos que
receberam instrução de foco interno. Sendo assim, os autores sugeriram que o foco
de atenção externo aparenta ser mais indicado antes da execução do saque, e que a
frequência cardíaca pode servir como indicador do nível de atenção dos jogadores.
Zachry et al. (2005), tiveram como objetivo investigar o efeito da utilização de
um foco de atenção no desempenho de uma habilidade motora de precisão, bem
como registrar as atividades musculares através da eletromiografia. A tarefa utilizada
foi o arremesso de lance livre do basquetebol. Participaram do estudo 14 estudantes
universitários (8 homens e 6 mulheres) com idade média de 26 anos, com pelo
menos um ano de prática no basquetebol. Foram fornecidas instruções sobre a
técnica correta e a posição inicial (foco interno) antes que a coleta fosse iniciada. Os
sensores do aparelho de EMG foram colocados no bíceps, tríceps e deltóide de cada
indivíduo. Os participantes eram livres para praticar a tarefa enquanto se sentissem
confortáveis com o aparelho e a técnica. Os participantes realizavam dois blocos com
10 tentativas em cada condição, as quais foram contrabalançadas entre os
indivíduos. Na condição de foco interno, os participantes recebiam informação para
direcionarem sua atenção sobre o movimento do punho. Já sobre a condição de foco
externo, os participantes tinham que direcionar sua atenção diretamente à cesta
21

(aro). Os resultados apontam para um melhor desempenho para a condição foco


externo.
Wulf et al. (2007), realizaram um estudo com o objetivo de avaliar os
benefícios do foco externo em relação aos do foco interno de atenção. No primeiro
experimento, foi utilizada a tarefa do salto vertical com o objetivo de saltar e atingir
um determinado ponto o mais alto possível. Participaram do estudo 10 estudantes
universitários (1 homem e 9 mulheres), com idade média de 23 anos. Antes de iniciar
a tarefa, os participantes recebiam instruções sobre a posição inicial para realizá-la.
Todos os participantes realizaram os três tipos de situações experimentais: primeiro
todos realizavam a situação “controle”, na qual não era fornecido nenhum
direcionamento sobre o foco de atenção; depois, de forma contrabalançada, os
participantes realizavam a tarefa sobre condições de foco externo (direcionar a
atenção para as marcações de altura e tentar alcançar o mais alto possível), e de
foco interno (direcionar a atenção para a ponta dos dedos). Foram realizadas 5
tentativas sobre cada condição. Os resultados mostraram que o foco externo
possibilitou melhor desempenho comparado com as condições de foco interno e
controle. Para o experimento 2, foi utilizado o mesmo procedimento e delineamento
do primeiro experimento, com o diferencial de ser instalada uma plataforma de força
na qual os participantes realizavam a tarefa. As três situações experimentais – foco
externo, foco interno e controle – foram contrabalançadas entre si, formando a
seguinte ordem: controle-interno-externo, interno-externo-controle e externo-controle-
interno. Participaram do segundo experimento 12 estudantes universitários (5
homens e 7 mulheres), com idade média de 23 anos, sendo que nenhum dos
participantes havia participado do primeiro experimento. Os resultados mostraram
que, sobre a condição de foco externo, os participantes tiveram melhor desempenho
em relação à altura alcançada do que as condições de foco interno e controle; no
entanto, em relação às medidas de força não foram encontradas diferenças
significativas. Com relação a este tipo de tarefa, foi concluído que o foco de atenção
pode interferir na execução, dificultando um melhor desempenho sobre a condição
de foco interno.
Emanuel, Jarus e Bart (2008) investigaram os efeitos do foco de atenção no
desempenho de participantes de diferentes idades. A tarefa utilizada foi o arremesso
22

de dardo de salão. Participaram do experimento 20 meninas e 14 meninos com idade


média de 9 anos, os quais foram divididos de forma randômica em dois grupos: um
com 17 participantes para foco interno, e outro com 17 participantes para foco
externo. Os adultos foram 32, sendo 16 mulheres e 16 homens, com idade média de
29 anos, os quais também foram divididos de forma randômica em dois grupos: 16
para grupo de foco interno e 16 para o grupo de foco externo. Antes de iniciar o
experimento, os participantes recebiam instruções sobre a técnica correta para
executar o movimento (foco interno) para a realização da tarefa. Os grupos de foco
interno recebiam instrução para direcionar a atenção para a técnica, como por
exemplo, posição do braço e dos dedos. O grupo de foco externo, por sua vez,
recebia instrução para direcionar sua atenção para o alvo ou a trajetória do dardo.
Todos os participantes recebiam na fase de prática informações básicas sobre a
técnica do arremesso. O experimento foi realizado em 5 blocos de 10 tentativas na
fase de aquisição, e após esta fase os participantes eram questionados sobre o
direcionamento de sua atenção. Houve também uma fase de retenção, que contou
com 2 blocos de 10 tentativas, e outra de transferência, com 2 blocos de 10
tentativas. Os resultados mostraram que, o foco externo foi mais eficiente entre os
adultos, enquanto entre as crianças não foram encontradas diferenças significativas.
Wulf (2008) realizou um estudo com o objetivo de verificar os efeitos dos focos
de atenção em uma tarefa de equilíbrio. Participaram do estudo 10 homens e 2
mulheres, os quais eram artistas profissionais do Cirque du Soleil e estavam
trabalhando no show “Mystère,” em Las Vegas. A tarefa exigia que os participantes
se equilibrassem sobre um disco de borracha inflado, medindo 13 polegadas e 33 cm
de diâmetro. Foram propostas três condições experimentais de foco de atenção,
distribuídas aleatoriamente entre os participantes: foco externo (minimizar os
movimentos do disco), foco interno (minimizar os movimentos dos pés) e controle
(sem condições de foco). Antes da coleta de dados, os acrobatas foram estimulados
a familiarizar-se com a tarefa. O objetivo da tarefa era permanecer por pelo menos
dez segundos em cima do disco (que estava sobre uma plataforma de força). Os
resultados não mostraram diferenças significativas entre os grupos.
Bell e Hardy (2009) realizaram um estudo que teve como objetivo comparar a
eficácia de três diferentes tipos de foco de atenção no desempenho de golfistas
23

habilidosos em condições de alta ansiedade. Para realização do estudo, participaram


33 golfistas com idade entre 15 e 59 anos, que foram divididos de forma aleatória em
quatro grupos: foco interno (atenção direcionada para o movimento dos braços), foco
externo estreito (atenção dirigida para o movimento, trajetória do taco), foco externo
amplo (atenção dirigida para o voo ou a trajetória da bola) e controle (sem
direcionamento da atenção). A tarefa foi a tacada do golfe realizada a uma distância
de vinte metros do alvo, em um campo oficial, com o objetivo de aproximar a bolinha
do alvo. Para gerar a condição de ansiedade, os golfistas eram informados de que
seria feita uma análise dos vídeos por um especialista da confederação dos golfistas,
com intuito de avaliar o desempenho individual dos atletas. Cada um dos atletas
recebeu incentivo financeiro para participar do estudo. Os participantes tiveram
tempo para praticar e se familiarizar com as condições experimentais. Cada sujeito
realizou 3 blocos de 30 tentativas. Os resultados demonstraram que o grupo de foco
externo amplo obteve melhor desempenho quando comparado aos outros grupos.
Para garantir a adoção das situações experimentais, a cada 10 tentativas os
participantes eram lembrados sobre o direcionamento, e antes das tentativas era
solicitado que eles dissessem a situação ou para onde estaria direcionada sua
atenção. Após o teste, foi aplicado um questionário com intuito de verificar a adoção
das situações propostas pelos participantes. Os autores sugeriram que, mesmo em
condições de ansiedade, a adoção do foco externo amplo foi mais eficiente para
golfistas profissionais.
Barros et al. (2009) realizaram um estudo examinando os efeitos da instrução
de foco de atenção na aprendizagem do arremesso de disco. Sugere-se que a
maioria dos estudos tem empregado tarefas que parece privilegiar o uso do foco
externo. O estudo também se preocupou em investigar se os participantes haviam
seguido as instruções, por meio de questionário. Participaram do estudo 24
estudantes universitários do sexo masculino, que foram divididos aleatoriamente em
3 grupos: G1 (foco externo, que recebia instrução sobre a trajetória do disco), G2
(foco interno, que recebia instrução sobre o movimento do quadril) e G3 (controle,
que recebia a instrução, “faça o seu melhor”). Todos os participantes receberam
instruções básicas sobre a técnica do lançamento do disco, e assistiram a um vídeo
sobre a execução da tarefa. O estudo contou com uma fase de aquisição, que
24

consistia de quatro blocos de 10 tentativas, e 24 horas depois foi realizado o teste de


retenção com 10 tentativas. Os resultados não revelaram diferenças significativas
entre os grupos. No entanto, a análise dos questionários revelou que os participantes
dos grupos 1 e 2 utilizaram uma combinação das instruções de foco interno e externo
durante a aquisição e o teste de retenção. A discussão sugeriu que os participantes
poderiam espontaneamente usar vários diferentes tipos de foco durante a
aprendizagem de habilidades motoras.
Mendonça et al. (2010) investigou o efeito do foco de atenção sobre o
desempenho do arremesso no handebol. Participaram do experimento 40 atletas,
sendo vinte mulheres e 20 homens, com idade entre 14 e 16 anos. Os sujeitos foram
divididos aleatoriamente entre quatro grupos: G1 (controle), G2 (foco interno, que
recebia instrução para direcionar sua atenção para a mão buscando gerar maior
velocidade possível), G3 (foco externo proximal, que recebia instrução para
direcionar sua atenção sobre a bola) e G4 (foco externo distal, que recebia instrução
para direcionar sua atenção para o gol). O grupo controle não teve prática. O
desempenho foi analisado por meio de análise de vídeo, onde foi feito um scoute
técnico especifico com análise qualitativa do arremesso, em cindo tentativas de cada
fase. O estudo consistiu de pré-teste, pós-teste e retenção. A medida de resultado foi
realizada em função do número de acertos ao alvo de 30 centímetros de diâmetro
posicionado no centro do gol. A análise dos resultados não encontrou diferença
significativa entre os grupos. Os resultados foram justificados em função da
quantidade de prática e da complexidade do arremesso analisado.
Oelke e Cláudio (2010) realizaram um estudo com objetivo de analisar o efeito
do foco de atenção interno e externo sobre a aprendizagem de uma tarefa de driblar,
verificando se as características desenvolvimentistas influenciariam no desempenho.
O experimento contou com 60 participantes de ambos os sexos, com idade entre 5 e
21 anos de idade, todos iniciantes. Os participantes foram divididos em seis grupos:
grupo NI (5-6 anos com foco interno), grupo NE (5-6 anos com foco externo), grupo
VI (9-10 anos com foco interno), grupo VE (9-10 anos com foco externo), grupo AI
(19-21 anos com foco interno) e grupo AE (19-21 anos com foco externo). A tarefa foi
driblar uma bola em um tempo de 20 segundos, considerando o número total de
batidas na bola. Antes de iniciar a pesquisa, os participantes foram familiarizados
25

com a tarefa. Os grupos de foco interno recebiam instrução sobre a mão, e os grupos
de foco externo tinham sua atenção direcionada para a bola. O estudo consistiu de
pré-teste, aquisição (que foi realizada em quatro aulas), pós-teste e retenção. Os
resultados mostraram que os participantes aprenderam a tarefa, porém não foram
encontradas diferenças entre os grupos. Os autores sugeriram que os resultados
podem ter sido em função da capacidade dos participantes em manter o foco de
atenção.
Lohse et al. (2010), investigaram os efeitos dos focos interno e externo de
atenção no controle e na aprendizagem de uma habilidade motora. A tarefa utilizada
foi o arremesso de dardo de salão. O erro foi mensurado através da distância linear
do centro do alvo para o dardo, e serviu como a medição de desempenho
comportamental. O experimento contou com 12 participantes, e foi realizado em três
fases. A primeira fase (aquisição) teve como objetivo familiarizar os participantes com
a tarefa, mas sem instrução explicita – embora em todas as fases os participantes
tenham sido instruídos a atirar os dardos com a maior precisão possível. Na segunda
e terceira fases, os participantes foram divididos aleatoriamente em dois grupos: um
grupo recebia instrução sobre o movimento do braço (foco interno) e outro recebia
instrução sobre a trajetória do dardo (foco externo). O estudo combinou
eletromiografia de superfície (tríceps), com análise de movimento, sendo este o
primeiro estudo que incluiu uma análise abrangente das mudanças no desempenho
motor em função do foco atencional. Os resultados apresentaram vantagem para o
foco externo de atenção no controle motor e na aprendizagem, onde os participantes
apresentaram melhor desempenho (menor erro absoluto), uma diminuição no tempo
de preparação entre os lances, e diminuição da atividade EMG do tríceps braquial.
Estes resultados sugerem que a adoção do foco externo resultou em uma economia
de movimento. Concluiu-se que a adoção do foco externo de atenção leva a uma
melhor precisão e desempenho no arremesso de dardo de salão e também a uma
economia de movimento, demonstrando que mesmo mudanças sutis na estrutura de
uma tarefa podem ter efeitos profundos sobre o comportamento motor.
26

2.4 Síntese

Os efeitos dos focos interno e externo de atenção sobre o desempenho e a


aprendizagem de habilidades motoras foram investigados em 29 estudos, os quais
envolveram um total de 37 experimentos. Dentre as pesquisas revisadas, doze
investigaram os efeitos do foco de atenção na aprendizagem (WULF, HOß & PRINZ,
1998; WULF, LAUTERBACH & TOOLE, 1999; WULF et al., 2000; TOTSIKA &
WULF, 2003; WULF & MCNEVIN, 2003; WULF et al., 2003; POOLTON et al., 2006;
WULF, TOLLNER & SHEA, 2007; PARR & BUTTON, 2009; BARROS et al., 2009;
OELKE & CLAUDIO, 2010; LOHSE et al., 2010); quatorze estudos verificaram a
influência dos focos de atenção no desempenho (WULF, SHEA & PARK, 2001;
MCNEVIN & WULF, 2002; CECCATO, PASSMORE & LEE, 2003; WULF et al., 2004;
VANCE et al., 2004; ABES, 2004; FORD, HODGES & WILLIAMS, 2005; ZACHRY et
al., 2005; STANLEY, PARGMAN & TENENBAUM, 2007; WULF & SU, 2007; WULF
et al., 2007; EMANUEL, JARUS & BART, 2008; WULF, 2008; BARROS et al., 2009);
a pesquisa de Bell e Hardy (2009) investigou a influência dos focos de atenção em
uma situação de ansiedade no desempenho; Wulf et al. (2002) investigaram os
efeitos do foco de atenção através da frequência de feedback; e, Oliveira, Apolinário
e Tertuliano (2008) verificaram através da aplicação de um questionário, qual o foco
de atenção preferido para nadadores em diferentes provas de natação.
A maioria dos estudos aponta, em seus resultados, superioridade da condição
de foco externo quando comparada com as condições de foco interno e controle. De
acordo com Wulf (2007a), quando um indivíduo adota o foco externo em detrimento
do foco interno, o processo de aprendizagem é acelerado, e alcança-se mais cedo
um estado de automaticidade. Sugere-se, ainda, que os primeiros estágios de
aprendizagem são encurtados pela utilização do foco externo (WULF et al., 1998;
MCNEVIN & WULF, 2002; WULF & MCNEVIN, 2003; WULF, 2007b; BELL &
HARDY, 2009).
Outra hipótese explicativa sobre a superioridade dos efeitos do foco externo
sobre aqueles do foco interno, com pouca aceitação na comunidade científica, foi
elaborada por Poolton et al. (2006). Eles sugeriram que, ao invés de automatização,
27

durante a fase inicial da aquisição das habilidades motoras, a adoção do foco externo
promove menor sobrecarga na memória de trabalho.
Um aspecto que chama a atenção é que apenas dois estudos procuram
investigar a hipótese explicativa da automatização (WULF & MCNEVIN, 2003;
POOLTON et al., 2006). Entretanto, a falta de rigor nos delineamentos (em
específico, a falta de grupo controle e a falta de interpretação restrita aos resultados)
compromete as conclusões dos autores.
Diante disso, o experimento 1 foi realizado com o objetivo de investigar os
efeitos dos focos interno e externo de atenção na aprendizagem de habilidades
motoras em função da automatização da habilidade.
Outra inquietude incitada pela revisão da literatura revisada é que, em 14 dos
29 estudos contemplados, os participantes receberam instruções sobre a técnica
correta para execução da tarefa anteriormente ao início da fase experimental, e em
parte desses estudos os participantes ainda tiveram tempo para se familiarizar
(praticar) com a tarefa (WULF et al., 2000; WULF et al., 2002; CECCATO,
PASSMORE & LEE, 2003; WULF & MCNEVIN, 2003; ABES, 2004; ZACHRY et al.,
2005; WULF et al., 2007; EMANUEL, JARUS & BART, 2008; WULF, 2008; BELL &
HARDY, 2009; BARROS et al., 2009; MENDONÇA et al., 2010; OELKE & CLAUDIO,
2010; LOHSE et al., 2010). Considerando que a instrução sobre a técnica correta
para a execução da tarefa diz respeito ao foco interno (WULF, 2007a), perguntou-se:
os efeitos “superiores” do foco externo de atenção seriam dependentes daqueles de
foco interno anteriores na instrução inicial ou, ainda, na fase de aquisição? Essas
perguntas foram investigadas, respectivamente, nos experimentos 2 e 3.

3 EXPERIMENTO 1

3.1 Objetivo

Investigar os efeitos dos focos interno e externo de atenção na aprendizagem


de habilidades motoras em função da automatização.
28

3.2 Método

3.2.1 Participantes

Foram convidados a participar do experimento 48 adultos jovens de ambos os


sexos (23♀ e 25♂), com idade de 18 a 35 anos (±26 anos). Os participantes não
tinham experiência na tarefa de aprendizagem e foram distribuídos aleatoriamente
nos grupos experimentais. A participação foi condicionada ao preenchimento de
formulário de participação livre e esclarecida (Anexo I). O presente projeto foi
aprovado pelo Comitê de Ética na Pesquisa da Escola de Educação Física e Esporte
da USP (Anexo V).

3.2.2 Tarefa

A tarefa foi a tacada do golfe, especificamente a última tacada. Essa tarefa foi
escolhida por se tratar de uma habilidade descrita na literatura e, por isso, com algum
conhecimento acumulado (WOOLFOLK, PARRISH & MURPHY, 1985; DELAY et al.,
1997; WULF, LAUTERBACH & TOOLE, 1999; WULF et al, 2000; THILL & CURY,
2000; SKEHAN & FOSTER, 2002; CECCATO, PASSMORE & LEE, 2003; ROSS et
al., 2003; POOLTON et al., 2006), sem riscos para os participantes, e pouco
praticada entre a população.

3.2.3 Materiais

Um campo de mini-golfe (Figura 1) com 5 metros de comprimento e 1,5 metros


de largura, com um buraco (alvo-10,8 cm) no final do “campo”, semelhante ao
utilizado no estudo de Poolton et al. (2006); dois tacos de golfe (um taco masculino e
um taco feminino – modelo putter) para iniciantes; 10 bolas oficiais (Spirit Titanium
Core); e um laptop para anotação dos resultados.
29

Alvo – 10,8 centímetros

5 metros

3 metros
aquisição / retenção

taco

1,5 metros

Figura 1 – Representação do mini campo de golfe utilizado para coleta de dados

3.3 Delineamento e procedimentos

O estudo envolveu duas fases experimentais: aquisição e teste de retenção.


Todos os grupos praticaram a tarefa durante a fase de aquisição (tacada realizada a
3 metros do alvo), com execução de 100 tentativas divididas em 10 blocos de 10
tentativas cada, com intervalo de até 1 minuto após cada bloco. O teste de retenção
foi realizado quarenta e oito horas após a fase de aquisição, e envolveu a execução
de 10 tentativas.
O experimento foi realizado na Faculdade Veris Metrocamp, na cidade de
Campinas (SP), e no Clube Atlético Valinhense, na cidade de Valinhos (SP).
30

Conforme ilustra o Quadro 1, os participantes foram distribuídos em dois


grupos (n=24): foco interno (FI) e foco externo (FE), ambos com a introdução de uma
nova tarefa no último bloco de tentativas da fase de aquisição. A tarefa adicional foi
os participantes falarem, em voz alta, o nome de um ente querido (exemplo: João),
simultaneamente à execução da tacada. Após a fase de aquisição, os grupos foco
interno e foco externo foram subdivididos em dois cada (n=12), para o teste de
retenção: G1 (foco interno, com teste de retenção realizado com a execução da
tarefa que foi introduzida no último bloco de tentativas da fase de aquisição); G2
(foco interno, com teste de retenção sem a tarefa adicional); G3 (foco externo, com o
teste de retenção realizado com a execução da tarefa que foi introduzida no último
bloco de tentativas da fase de aquisição); G4 (foco externo, com o teste de retenção
sem a tarefa adicional).
A seguinte hipótese foi levantada em relação desempenho dos grupos no teste
de retenção: G3 e G4 obteriam melhor desempenho no teste de retenção do que G1
e G2; e, G2 obteria melhor desempenho no teste de retenção que G1.
Todos os participantes eram recepcionados, recebiam o termo de
consentimento livre esclarecido, e após o preenchimento do termo era verificado se
eles queriam participar. Todos os participantes que estavam de acordo e aceitaram
participar da pesquisa recebiam instrução básica: “você ira participar de um
experimento sobre a aprendizagem da tacada do golfe”. Em seguida, os participantes
tomavam conhecimento da tarefa assistindo a um vídeo, no qual um especialista
realizava três tacadas. Ao término do vídeo, os participantes eram convidados a subir
na plataforma, e se posicionar da maneira mais confortável para executar a tacada.
Ao iniciar a fase de aquisição, os participantes recebiam a instrução específica
e tinham sua atenção dirigida para um determinado ponto de execução da tarefa.
Para os participantes do grupo de foco interno (FI) era dito: “direcione sua atenção
especificamente para o movimento do tronco, tente manter uma trajetória reta”. Já
para os participantes do grupo de foco externo a instrução fornecida foi: “direcione
sua atenção especificamente para a cabeça do taco, tente manter uma trajetória
reta”.
No último bloco de tentativas, nenhum dos grupos recebia instrução sobre o
foco de atenção, e tinham que realizar a tacada com uma nova tarefa (distratora): era
31

pedido aos participantes para pronunciar, em voz alta, o nome de um ente querido,
simultaneamente à execução da tacada.
Ao final do teste da fase de aquisição, todos os participantes responderam a
um questionário referente ao direcionamento de sua atenção (Anexo II) durante o
experimento. Procurou-se saber se os mesmos realmente direcionaram sua atenção
de acordo com a solicitação do experimentador.
Ao término dos trabalhos, o experimentador agradecia a participação dos
participantes, e sanava-lhes eventuais dúvidas. O tempo aproximado para a fase de
aquisição foi de 30 minutos e do teste de retenção, 10 minutos.
Os aspectos do método como instrução de foco interno e externo, quantidade
de tentativas, distância do alvo, intervalo entre tentativas e intervalo entre blocos de
tentativas foram baseados em estudo piloto (Anexo III).

Quadro 1 – Delineamento do experimento 1, contendo grupos (G1 = foco interno com


tarefa distratora na retenção; G2 = foco interno com retenção sem tarefa
distratora; G3 = foco externo com tarefa distratora na retenção; G4 = foco
externo com retenção sem tarefa distratora), quantidade de participantes
por grupos, fases experimentais (aquisição e retenção) e quantidades de
tentativas.

Fases
Aquisição Retenção
Grupos

FI G1 - 10 tentativas com tarefa


90 tentativas com foco + 10 distratora
tentativas com a introdução
de uma tarefa distratora G2 – 10 tentativas sem tarefa
distratora

FE G3 - 10 tentativas com tarefa


90 tentativas com foco + 10 distratora
tentativas com a introdução
de uma tarefa distratora G4 – 10 tentativas sem tarefa
distratora
32

3.4 Tratamento dos dados

A variável dependente foi a quantidade de acertos no alvo. Os resultados


foram analisados em blocos de dez tentativas, considerando-se duas etapas. Na
primeira, buscou-se verificar o desempenho na fase de aquisição, sendo
considerados dez blocos de tentativas. Na segunda análise, procurou-se identificar a
ocorrência de aprendizagem e os efeitos da variável independente. Essa análise
envolveu o primeiro, o nono e o último bloco de tentativas da fase de aquisição e o
bloco relativo ao teste de retenção.
O desempenho na fase de aquisição foi analisado por meio de uma análise de
variância (ANOVA) one-way para cada grupo. A localização das diferenças
encontradas foi efetuada pelo teste de TukeyHSD. A aprendizagem foi analisada por
meio de uma análise de variância (ANOVA) two-way (4 grupos X 4 blocos). A
localização das diferenças encontradas foi efetuada pelo teste de TukeyHSD.

4 RESULTADOS

4.1 Análise da fase de aquisição

Os desempenhos dos grupos em ambas as fases do experimento encontram-


se ilustrados na figura 2.
Para o grupo foco interno com tarefa distratora, a ANOVA encontrou
2
diferenças estatisticamente significantes: F(9; 99)=8,55, =0,44, p≤0,01 . O teste de
TukeyHSD mostrou que o primeiro bloco de tentativas da fase de aquisição foi
diferente do sexto, sétimo, oitavo e nono blocos (p≤0,05). Foram identificadas
diferenças, também entre o segundo bloco e o sétimo, oitavo e nono blocos (p≤0,05).
O post hoc apontou também diferenças entre o terceiro bloco e o sétimo e nono
blocos (p≤0,01), e entre o quarto e quinto blocos e o nono bloco de tentativas
(p≤0,05). O post hoc apontou também diferença entre o oitavo e nono blocos e o
último bloco de tentativas (p≤0,05).
33

Para o grupo foco interno sem tarefa distratora, a ANOVA encontrou


2
diferenças estatisticamente significantes: F(9; 99)=4,55, =0,29, p≤0,01 . O teste de
TukeyHSD mostrou que o primeiro bloco de tentativas foi diferente do nono bloco
(p≤0,05). Foram apontadas diferenças, também, entre o segundo bloco e o sétimo,
oitavo e nono blocos de tentativas (p≤0,05). O post hoc evidenciou também
diferenças entre o terceiro e quinto blocos e o nono bloco de tentativas (p≤0,05).
Além disso, foram mostradas diferenças entre o sétimo, oitavo e nono blocos e o
último bloco de tentativas (p≤0,05).
Para o grupo foco externo com tarefa distratora, a ANOVA encontrou
2
diferenças estatisticamente significantes: F(9; 99)=8,55, =0,40, p≤0,01 . O teste de
TukeyHSD mostrou que o primeiro, segundo e o terceiro blocos de tentativas foram
diferentes do sétimo, oitavo e nono blocos (p≤0,05). Foram apontadas diferenças,
também, entre o quinto bloco e o oitavo e nono blocos de tentativas (p≤0,05). Por fim,
post hoc evidenciou diferença entre o oitavo e nono blocos e o último bloco de
tentativas (p≤0,05).
E, para o grupo foco externo sem tarefa distratora, a ANOVA encontrou
2
diferenças estatisticamente significantes: F(9; 99)=4,96, =0,31, p≤0,01 . O teste de
TukeyHSD mostrou que o primeiro, segundo e terceiro blocos de tentativas foram
diferentes do oitavo e nono blocos (p≤0,05). Foram verificadas diferenças, também,
entre o quarto bloco e o nono bloco de tentativas (p≤0,05).
Estes resultados permitem inferir que os grupos melhoraram o desempenho
na fase de aquisição, sendo que tal melhora foi evidente até o nono bloco de
tentativas. Pode-se inferir, também, que todos os grupos pioraram o desempenho do
nono para o décimo bloco de tentativas, ou seja, com introdução da tarefa distratora.

4.2 Análise de aprendizagem e dos efeitos da variável independente

A ANOVA encontrou diferenças estatisticamente significantes no fator blocos


2
de tentativas F(3; 132)=36,04, =0,45, p≤0,01 . Não foram encontradas diferenças
2
para o fator grupo F(3; 44)=1,81, =0,05, p>0,05 e para a interação entre grupos e
2
blocos de tentativas F(6; 88)=0,64, =0,04, p>0,05 .
34

0
Aq.1 Aq.2 Aq.3 Aq.4 Aq.5 Aq.6 Aq.7 Aq.8 Aq.9 Aq.10 Ret.

FI-Ret.c/ tar. distratora FI-Ret.s/ tar. distratora


FE-Ret.c/ tar. distratora FE-Ret.s/ tar. distratora

Figura 2 – Média da quantidade de acertos em blocos de dez tentativas, na fase de


aquisição (Aq1 a Aq10) e no teste de retenção (Ret.), para os quatro
grupos (FI – Ret. com tarefa distratora; FI - Ret. sem tarefa distratora; FE
– Ret. com tarefa distratora e FE - Ret. sem tarefa distratora).

No que concerne às diferenças entre blocos de tentativas, o teste de TukeyHSD


indicou diferenças entre o primeiro e o nono bloco de tentativas da fase de aquisição
(p≤0,01). Foram apontadas diferenças, também, entre o nono bloco e os blocos
subsequentes (último bloco de tentativas da fase de aquisição e o bloco do teste de
retenção) (p≤0,01).
Esses resultados permitem inferir que, apesar de os participantes melhorarem
a quantidade de acertos no alvo durante os nove blocos da aquisição, não houve
aprendizagem, pois durante o teste de retenção o desempenho de todos os grupos
caiu ao nível daquele do primeiro bloco de tentativas da fase de aquisição. Parece
que a introdução de uma nova tarefa afetou de maneira negativa o desempenho, pois
no nono bloco de tentativas o desempenho se mostrou melhor em relação aquele do
último bloco da fase de aquisição e do teste de retenção.
35

5 DISCUSSÃO

O objetivo do presente experimento foi investigar os efeitos dos focos internos


e externos na aprendizagem de habilidades motoras, considerando-se a hipótese de
que a aprendizagem com o foco externo conduziria os aprendizes à automatização
da habilidade (WULF, 2007b). A partir disso, era esperado que ao final da fase de
aquisição, com a introdução da tarefa distratora, os grupos de foco externo fossem
menos perturbados do que aqueles de foco interno ou, ainda, não fossem
perturbados. Isso se deveria às próprias características da automatização, ou seja,
os aprendizes teriam maior capacidade de direcionar a atenção para aspectos além
de sua execução (FITTS & POSNER, 1967).
Em termos de aprendizagem, as considerações de caráter “relativamente
permanente” do desempenho levaram ao pensamento de que no teste de retenção
haveria superioridade dos desempenhos dos grupos de foco externo.
Contudo, verificou-se que além de não haver diferenças entre os grupos no
final da fase de aquisição, com a introdução da tarefa distratora, o desempenho
assemelhou-se àquele no início da fase. Observou-se, ainda, que isso foi mantido no
teste de retenção.
O fato de ter havido uma queda no desempenho com a introdução de uma
nova tarefa já era esperado, pois, segundo a teoria da capacidade de recursos
centrais (KAHNEMAN, 1973), quando duas atividades disputam entre si os recursos
atencionais, o sistema poderia ser lesado e uma das “condições” (tacada ou
pronunciar o nome de um ente querido em voz alta) não seria cumprida com a
atenção devida, e a atividade poderia não ser concluída com o devido sucesso.
Porém, o que não era esperado é que não fossem encontradas diferenças entre o
estado inicial (bloco um da fase aquisição) e o final da fase de aquisição (bloco dez),
levando em conta que os participantes apresentaram uma melhora de desempenho
até o nono bloco.
Mas, por que o sistema teria sido lesado a tal ponto de retornar ao estado
inicial? Uma possível explicação é que ele não teria atingido o estado
(automatização) que lhe permitiria lidar com a atenção dividida. Dessa forma, poderia
36

ser concluído que o foco externo não conduziu o aprendiz à automatização da


habilidade. Mais ainda, os resultados mostraram que a prática sobre ambos os focos,
interno e externo, não levou à aprendizagem, contrariando a literatura vigente (WULF
et al., 1998; MCNEVIN & WULF, 2002; WULF & MECNEVIN, 2003; WULF, 2007b;
BELL & HARDY, 2009).

6 EXPERIMENTO 2

6.1 Objetivo

Investigar se os efeitos do foco externo de atenção seriam dependentes


daqueles do foco interno anteriores na instrução.

6.2 Método

6.2.1 Participantes

Foram convidados a participar do experimento 60 adultos jovens de ambos os


sexos (34♀ e 26♂), com idade entre 18 e 32 anos (±22 anos). Os participantes não
tinham experiência na tarefa de aprendizagem e foram distribuídos aleatoriamente
nos grupos experimentais. A participação foi condicionada ao preenchimento de
formulário de participação livre e esclarecida (Anexo IV). O presente projeto foi
aprovado pelo Comitê de Ética na Pesquisa da Escola de Educação Física e Esporte
da USP (Anexo V).
Os demais aspectos do método (tarefa e material) foram semelhantes aos do
primeiro experimento.

6.2.2 Delineamento e procedimentos

O estudo envolveu três fases: aquisição, teste de transferência e teste de


retenção. Todos os grupos praticaram a tarefa durante as sessões de aquisição
(tacada realizada a 3 metros do alvo), com execução de 100 tentativas divididas em
37

10 blocos de 10 tentativas cada e com intervalo de até 1 minuto após cada bloco.
Logo após a aquisição, foi realizado o teste de transferência que envolveu a
execução da tacada de uma nova distância (3,5 metros), em 2 blocos de 10
tentativas e a instrução foi, faça o seu melhor. O teste de retenção foi realizado sete
dias após, com a execução de 2 blocos de 10 tentativas. Foi seguido o mesmo
procedimento do teste de transferência.
O experimento foi realizado na Escola de Educação Física e Esporte – EEFE-
USP, na cidade de São Paulo (SP) e na Escola Superior de Educação Física –
ESEF, na cidade de Jundiaí (SP).
Conforme ilustrado no Quadro 2, os participantes foram distribuídos
aleatoriamente entre quatro grupos: G1 - foco interno (FI); G2 - foco externo (FE); G3
- foco interno (instrução no vídeo) seguido de foco externo; e G4 - foco interno
(instrução no vídeo) seguido de foco interno.

Quadro 2 – Delineamento do experimento 2, contendo grupos (foco interno - FI, foco


externo - FE, foco interno seguido de foco interno FI-FI e foco interno
seguido de foco externo FI-FE), quantidade de participantes por grupos,
fases experimentais (Aquisição, Transferência e Retenção) com as
respectivas e quantidades de tentativas.
Inst. Genérica Inst. Genérica Inst. FI Inst. FI Sem foco Sem foco
Iniciantes FI FE FI FE Transferência Retenção
Aquisição Aquisição Aquisição Aquisição (20 tentativas) (20 tentativas)
(100 tentativas) (100 tentativas) (100 tentativas) (100 tentativas)

Grupo 1
(n=15) X X X

Grupo 2
(n=15) X X X

Grupo 3
(n=15) X X X

Grupo4
(n=15) X X X
38

A hipótese levantada foi que o grupo com instrução de foco interno seguido de
foco externo na aquisição possibilitaria desempenho superior aos demais grupos nos
testes de transferência e retenção.
Todos os participantes eram recepcionados, recebiam o termo de
consentimento livre esclarecido e, após o seu preenchimento, era mais uma vez
perguntado sobre seu desejo de participação. Todos os participantes que estavam de
acordo e aceitaram participar da pesquisa recebiam uma instrução genérica: “você
ira participar de um experimento sobre a aprendizagem da tacada do golfe”. Em
seguida, eles tomavam conhecimento da tarefa assistindo a um vídeo, no qual um
especialista realizava três tacadas. Para os grupos 1 e 2, era dada a instrução
genérica: “você irá assistir a um vídeo no qual um indivíduo realiza três tacadas, em
seguida iniciaremos a pesquisa”. Para os grupos 3 e 4, durante a apresentação do
vídeo era dito: “veja como é importante movimentar seu tronco numa trajetória reta”.
Ao término do vídeo, os participantes eram convidados a subir na plataforma,
e se posicionar da maneira mais confortável para executar a tacada. Somente ao
iniciar a fase de aquisição os participantes recebiam a instrução específica, e tinham
sua atenção dirigida para um determinado ponto de execução da tacada. No caso do
foco interno (FI) a orientação era a mesma, ou seja: “direcione sua atenção
especificamente para o movimento do tronco, tente manter uma trajetória reta”. Em
relação ao foco externo, a instrução fornecida foi: “direcione sua atenção
especificamente para a cabeça do taco, tente manter uma trajetória reta”.
Ao final do teste da aquisição, todos os participantes responderam a um
questionário referente ao direcionamento de sua atenção (Anexo II) durante o
experimento. Procurou-se saber se os participantes realmente direcionaram sua
atenção de acordo com a solicitação do experimentador.
Ao terminar o estudo, o experimentador agradecia a participação, e sanava
eventuais dúvidas dos participantes. O tempo aproximado para a realização da fase
de aquisição e o teste de transferência foi de 35 minutos e, para o teste de retenção,
de 10 minutos.
Os aspectos do método como instrução de foco interno e externo, quantidade
de tentativas, distância do alvo, intervalo entre tentativas e intervalo entre blocos de
tentativas foram baseados no estudo piloto (Anexo III).
39

6.2.3 Tratamento dos dados

A variável dependente foi a quantidade de acertos no alvo. Os resultados


foram analisados em blocos de dez tentativas, considerando-se duas etapas. Na
primeira buscou-se verificar o desempenho na fase de aquisição, sendo
considerados dez blocos de tentativas. Na segunda análise procurou-se identificar a
ocorrência de aprendizagem e os efeitos da variável independente. Essa análise
envolveu o primeiro e o último bloco de tentativas da fase de aquisição e os dois
blocos de tentativas dos testes (transferência e retenção).
O desempenho na fase de aquisição foi analisado por meio de uma análise de
variância (ANOVA) one-way para cada grupo. A localização das diferenças
encontradas foi efetuada pelo teste de TukeyHSD. A aprendizagem foi analisada por
meio de uma análise de variância (ANOVA) two-way (4 grupos X 6 blocos). A
localização das diferenças encontradas foi efetuada pelo teste de TukeyHSD.

7 RESULTADOS

7.1 Análise da fase de aquisição

Os desempenhos dos grupos ou cada fase experimental encontram-se


ilustrados na Figura 3.
Para o grupo foco interno (FI), a ANOVA encontrou diferenças
2
estatisticamente significantes: F(9; 126)=4,38, =0,24, p≤0,01 . O teste de
TukeyHSD mostrou diferenças entre o primeiro bloco de tentativas e o quarto, quinto,
sexto, oitavo, nono e décimo bloco (p≤0,01). Foram apontadas diferenças, também,
entre o terceiro e o nono bloco (p≤0,05).
Para o grupo de foco externo (FE), a ANOVA não identificou diferenças
2
estatisticamente significantes: F(9; 126)=1,75, =0,11, p>0,05 .
Para o grupo foco interno seguido de foco interno (FI–FI), a ANOVA identificou
2
diferenças estatisticamente significantes: F(9;126)=8,31, =0,37, p≤0,01 . O teste
40

TukeyHSD apontou diferenças entre primeiro bloco e o quarto, quinto, sétimo, oitavo,
nono e décimo bloco de tentativas (p≤0,05). Foram verificadas diferenças, também,
entre o segundo bloco e o quinto, sétimo, oitavo, nono e décimo bloco de tentativas
(p≤0,05), e, entre o terceiro bloco e os dois últimos blocos (p≤0,01). Por fim, foram
mostradas diferenças entre o sexto e os dois últimos blocos de tentativas (p≤0,05).
E, para o grupo foco interno seguido de foco externo (FI-FE), a ANOVA
2
verificou diferenças estatisticamente significantes: F(9; 126)=18,75, =0,57,
p≤0,01 . O teste TukeyHSD apontou diferenças entre o primeiro e os seis últimos
blocos de tentativas (p≤0,01). Foram identificadas diferenças, também, entre o
segundo bloco e o quinto, sexto, oitavo, nono e décimo bloco; entre o terceiro e o
quinto, oitavo, nono e décimo bloco (p≤0,05); entre o quarto e o quinto, oitavo, nono e
décimo bloco (p≤0,01); entre o quinto bloco e o décimo bloco (p≤0,01); entre o sexto
e o décimo bloco (p≤0,01); e, entre o sétimo e o nono e décimo bloco (p≤0,01).
Esses resultados permitem inferir que, com exceção do grupo foco externo, os
demais grupos melhoraram o desempenho na fase de aquisição.

7.2 Análise de aprendizagem e dos efeitos da variável independente

A ANOVA encontrou diferenças estatisticamente significantes nos fatores


2
grupo F(3; 56)=3,84, =0,17, p≤0,01 , blocos de tentativas F(5; 280)=27,62,
2
=0,33, p≤0,01 e na interação entre grupos e blocos de tentativas F(15; 280)=2,03,
2
=0,10, p≤0,01 .
Com relação ao fator grupo, o teste de TukeyHSD indicou diferenças entre o
grupo foco interno e os grupos foco interno seguido de foco externo e foco interno
seguido de foco interno (p≤0,05).
Para o fator blocos de tentativas, o teste de TukeyHSD indicou diferenças entre
o primeiro bloco da fase de aquisição e os demais grupos (p≤0,05) e o último bloco
da fase de aquisição e os demais grupos (p≤0,01). O post hoc identificou diferença,
também, entre o primeiro e o segundo blocos do teste de retenção (p≤0,05).
Com relação à interação, nas comparações intragrupo o teste de TukeyHSD
não verificou diferença para o grupo foco interno e para o grupo foco externo
41

(p>0,05). Foram apontadas diferenças para o grupo foco interno seguido de foco
externo, no sentido de o grupo ser diferente do último dessa mesma fase e do
segundo bloco de tentativas do teste de transferência e do teste de retenção
(p≤0,01). O post hoc identificou, também, diferenças entre o último bloco da fase de
aquisição e o primeiro bloco de tentativas do teste de transferência e do teste de
retenção (p≤0,01).

4
Quantidade de acertos

0
Aq.1 Aq.2 Aq.3 Aq.4 Aq.5 Aq.6 Aq.7 Aq.8 Aq.9 Aq.10 Tr. 1 Tr.2 Ret.1 Ret.2
Blocos de 10 tentativas

FI FE FI - FI FI - FE

Figura 3 – Média de quantidade de acertos em blocos de dez tentativas, na fase de


aquisição (Aq1 a Aq10) e nos testes de transferência (Tr.1 e Tr.2) e
retenção, (Ret.1 e Ret.2), dos quatro grupos experimentais (foco interno -
FI, foco externo - FE, foco interno seguido de foco interno FI-FI e foco
interno seguido de foco externo FI-FE).

Já para o grupo foco interno seguido de foco interno, foram observadas


diferenças entre o primeiro e o último bloco de tentativas da fase de aquisição
(p≤0,01); e, entre este último e o primeiro bloco de tentativas do testes de
transferência e ambos os blocos de tentativas do teste de retenção (p≤0,01).
42

No tocante às comparações entre grupos, o teste de TukeyHSD indicou que, no


último bloco de tentativas da fase de aquisição, os grupos foco interno e foco externo
foram diferentes dos grupos foco interno seguido de foco externo e foco interno
seguido de foco interno (p>0,05).
Em suma, em que pese as diversas diferenças observadas, o fato de apenas
o grupo de foco interno seguido de foco externo ter obtido, nos testes, desempenho
superior àquele do início da aquisição, permite inferir que esse foi o único grupo que
efetivamente aprendeu.

8 DISCUSSÃO

A constatação de que vários estudos cujos resultados mostraram


superioridade da aprendizagem com foco externo em comparação com foco interno
envolveram na instrução inicial um direcionamento de foco interno (WULF et al.,
2000; WULF et al., 2002; CECCATO, PASSMORE & LEE, 2003; WULF & MCNEVIN,
2003; ABES, 2004; ZACHRY et al., 2005; WULF et al., 2007; EMANUEL, JARUS &
BART, 2008; BELL & HARDY, 2009; LOHSE et al., 2010), levou-nos a perguntar se
seria o foco interno algo essencial para a aprendizagem, ou melhor, um pré-requisito
para os efeitos do foco externo na aprendizagem motora.
Os resultados permitem sugerir que sim, uma vez que o grupo com foco
interno na instrução seguido de foco externo na aquisição foi o único grupo mostrou
aprendizagem.
Uma possível explicação para esses resultados está relacionada aos estágios
de aprendizagem, mas não no sentido de Wulf (2007b), de o foco externo possibilitar
uma aceleração do processo de aprendizagem, mas sim de o foco interno anterior
possibilitar um avanço em tais estágios, principalmente no que concerne ao primeiro.
Em outras palavras, quando o foco externo foi introduzido, o foco interno na instrução
já havia possibilitado a compreensão do que estava para ser feito, ou seja, da meta
da tarefa (FITTS & POSNER, 1967) ou, ainda, a aquisição da ideia do movimento
(GENTILE, 1972).
43

Dessa forma, é possível pensar que o aprendiz tenha conseguido associar as


informações advindas do foco externo àquelas do padrão de movimento (foco
interno) necessário para alcançar a meta da tarefa.
Esses achados fazem com que a outra inquietude descrita anteriormente se
intensifique: em vários estudos, os participantes tiveram oportunidade para se
familiarizar com a técnica da tarefa em algumas tentativas de prática (WULF et al.,
2000; WULF et al., 2002; CECCATO, PASSMORE & LEE, 2003; WULF & MCNEVIN,
2003; ABES, 2004; ZACHRY et al., 2005; WULF et al., 2007; EMANUEL, JARUS &
BART, 2008; WULF, 2008; BELL & HARDY, 2009; BARROS et al., 2009;
MENDONÇA et al., 2010; OELKE & CLAUDIO, 2010; LOHSE et al., 2010). Isso
remeteu a terceira questão: a superioridade do foco externo seria dependente da
prática com a condição de foco interno anteriormente?

9 EXPERIMENTO 3

9.1 Objetivo

O objetivo desse experimento foi investigar se a “superioridade” dos efeitos do


foco externo seria dependente daqueles do foco interno na aquisição.

9.2 Método

9.2.1 Participantes

Foram convidados a participar do experimento 60 adultos jovens de ambos os


sexos (21♀ e 39♂), com idade de 18 a 33 anos (±23 anos). Os participantes não
tinham experiência na tarefa de aprendizagem e foram distribuídos aleatoriamente
nos grupos experimentais. A participação foi condicionada ao preenchimento de
formulário de participação livre e esclarecida (Anexo IV), sendo que o presente
projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Escola de Educação
Física e Esporte da USP (Anexo V).
44

Os demais aspectos do método (tarefa e material) foram semelhantes ao do


primeiro experimento anteriores.

9.3 Delineamento e procedimentos

O estudo envolveu três fases experimentais: aquisição, na qual ocorreu a


prática, teste de transferência e teste de retenção. Todos os grupos praticaram a
tarefa durante a sessão de aquisição (tacada realizada a 3 metros do alvo), com
execução de 100 tentativas divididas em 10 blocos de 10 tentativas cada e com
intervalo de 1 minuto após cada bloco. Logo após a aquisição foi realizado o teste de
transferência, que envolveu a execução da tacada de uma nova distância (3,5
metros), com 2 blocos de 10 tentativas. O teste de retenção envolveu a execução de
2 blocos de 10 tentativas sete dias após o teste de transferência, seguindo os
mesmos procedimentos dessa última.
O experimento foi realizado na Universidade Metropolitana de Santos –
FEFIS-UNIMES, na cidade de Santos (SP).
Conforme ilustra o Quadro 3, os participantes foram distribuídos
aleatoriamente entre quatro grupos: foco interno (FI), foco externo (FE), foco interno
nas primeiras cinquenta tentativas seguido de foco externo nas últimas cinquenta
tentativas, e foco externo nas primeiras cinquenta tentativas seguido de foco interno
nas últimas cinquenta tentativas. Os demais procedimentos foram iguais aos dos
experimentos anteriores.
A hipótese foi que o grupo foco interno seguido de foco externo apresentaria
melhor desempenho que os demais grupos nos testes de transferência e retenção.

9.4 Tratamento dos dados

A variável dependente foi a quantidade de acertos no alvo. Os resultados


foram analisados em blocos de dez tentativas, considerando-se duas etapas. Na
primeira, buscou-se verificar o desempenho na fase de aquisição, sendo
considerados dez blocos de tentativas. Na segunda análise, procurou-se identificar a
ocorrência de aprendizagem e os efeitos da variável independente. Essa análise
45

envolveu o primeiro e o último bloco de tentativas da fase de aquisição e os dois


blocos de tentativas dos testes (transferência e retenção).

Quadro 3 – Delineamento do experimento 3 contendo grupos (FI, FE, FI-FE e FE-FI),


quantidade de participantes por grupos, fases experimentais (Aquisição,
transferência e retenção) e respectivas quantidades de tentativas.
FI FE FI – FE FE – FI Sem foco Sem foco
Iniciantes Aquisição Aquisição Aquisição Aquisição Transferência Retenção
(100 tentativas) (100 tentativas) (50+50tent.) (50+50 tent.) (20 tentativas) (20 tentativas)

Grupo 1
(n=15) X X X
Grupo 2
(n=15) X X X
Grupo 3
(n=15) X X X
Grupo 4
(n=15) X X X

O desempenho na fase de aquisição foi analisado por meio de uma análise de


variância (ANOVA) one-way para cada grupo. A localização das diferenças
encontradas foi efetuada pelo teste de TukeyHSD. A aprendizagem foi analisada por
meio de uma análise de variância (ANOVA) two-way (4 grupos X 6 blocos). A
localização das diferenças encontradas foi efetuada pelo teste de TukeyHSD.

10 RESULTADOS

Os desempenhos dos grupos em ambas as fases do experimento encontram-


se ilustrados na Figura 4.

10.1 Análise da fase de aquisição

Para o grupo foco interno, a ANOVA encontrou diferenças estatisticamente


2
significantes: F(9; 126)=4,78, =0,25, p≤0,01 . O teste de TukeyHSD mostrou que o
46

primeiro e o segundo bloco de tentativas foram diferentes dos três últimos blocos
(p≤0,01). O post hoc mostrou, também, diferenças entre o terceiro e os dois últimos
blocos de tentativas (p≤0,05).
2
Para o grupo de foco externo, a ANOVA encontrou F(9; 126)=12,10, =0,46,
p≤0,01 . O teste de TukeyHSD indicou diferenças entre o primeiro e os cinco últimos
blocos de tentativas (p≤0,01). Foram reveladas, também, diferenças entre o terceiro
e quarto blocos e os três últimos blocos de tentativas (p≤0,05); e, entre o quinto e os
quatro últimos blocos de tentativas (p≤0,05).
Com relação ao grupo foco interno seguido de foco externo, a ANOVA
2
encontrou F(9; 126)=23,13, =0,62, p≤0,01 . O teste de TukeyHSD indicou
diferenças entre o primeiro e segundo bloco de tentativas e os seis últimos blocos
(p≤0,01). Foram verificadas diferenças, também, entre o terceiro e quarto blocos e os
cinco últimos blocos de tentativas (p≤0,01); e, entre o quinto e os três últimos blocos
de tentativas (p≤0,01).
Para o grupo foco externo seguido de foco interno, a ANOVA encontrou F(9;
2
126)=27,25, =0,58, p≤0,01 . O teste de TukeyHSD indicou diferenças entre o
primeiro e terceiro bloco de tentativas e os últimos seis blocos (p≤0,01); entre o
segundo os sete últimos blocos de tentativas (p≤0,01); e, entre o quarto e o oitavo e
décimo blocos (p≤0,05); e, entre o quinto e sexto blocos e o último bloco de
tentativas (p≤0,01).
Estes resultados permitem inferir que todos os grupos melhoraram o
desempenho na fase aquisição.

10.2 Análise da aprendizagem e dos efeitos das variáveis independentes

A ANOVA encontrou diferenças estatisticamente significantes nos fatores


2
grupo F(3; 56)=11,53, =0,38, p≤0,01 , blocos de tentativas F(5; 280)=51,70,
2
=0,48, p≤0,01 e na interação entre grupos e blocos de tentativas F(15; 280)=1,77,
2
=0,09, p≤0,05 .
Com relação ao fator grupo, o teste de TukeyHSD indicou diferenças entre o
grupo foco interno e os demais grupos (p≤0,05). Foram identificadas, também,
47

diferenças entre o grupo foco interno seguido de foco externo e os grupos foco
externo, e foco externo seguido de foco interno (p≤0,05). Esses resultados indicam
que o grupo de foco interno seguido de foco externo obteve melhor desempenho do
que os demais grupos. E que o grupo foco interno obteve o pior desempenho.

5
Quantidade de acertos

0
Aq.1 Aq.2 Aq.3 Aq.4 Aq.5 Aq.6 Aq.7 Aq.8 Aq.9 Aq.10 Tr.1 Tr.2 Ret.1 Ret.2
Blocos de 10 tentativas

FI FE FI - FE FE - FI

Figura 4 – Média de acertos em blocos de dez tentativas, nas fases de aquisição


(Aq.1 a Aq.10) e nos testes de transferência (Tr.1 e Tr.2) e retenção
(Ret.1 e Ret.2), dos quatro grupos experimentais (FI, FE, FI-FE e FE-FI).

Com relação ao fator blocos de tentativas, o teste de TukeyHSD indicou


diferenças entre o primeiro bloco de tentativas da fase de aquisição e os demais
blocos (p≤0,01). Foram encontradas diferenças, também, entre o último bloco de
tentativas da fase de aquisição e os blocos subsequentes (p≤0,01). O post hoc
verificou diferença, também entre o primeiro bloco de tentativas do teste de
transferência e o segundo bloco de tentativas do teste de transferência e o segundo
bloco de tentativas do teste de retenção (p≤0,05). Além disso, houve diferença entre
o segundo bloco do teste de transferência e o primeiro bloco de tentativas do teste de
retenção (p≤0,05). E por fim, post hoc identificou diferença entre o primeiro e o
segundo bloco do teste de retenção (p≤ 0,01).
48

Para a análise entre grupos o teste de TukeyHSD não indicou diferenças


estatísticas significantes (p>0,05).
Com relação à interação entre grupos e blocos de tentativas, a análise
estatística permitiu entender que, para o grupo de foco interno, houve melhora do
desempenho do início para o final da aquisição, e que houve queda do desempenho
desse último para o primeiro bloco de tentativas do teste de transferência e para o
primeiro bloco de tentativas do teste de retenção (p≤0,01).
Para o grupo de foco externo, a análise estatística demonstrou que houve
melhora do desempenho do início para o final da fase de aquisição (p≤0,01) e que
houve queda do desempenho desse último para os demais blocos de testes (p≤0,01).
A análise estatística exibiu que, para o grupo foco interno seguido de foco
externo, houve melhora de desempenho do início para o final da aquisição e para os
dois blocos finais dos testes (transferência e retenção) (p≤0,01), e que houve piora
do final da aquisição para os dois primeiros blocos dos testes (transferência e
retenção).
E, para o grupo de foco externo seguido de foco interno, houve melhora do
desempenho do início para o final da aquisição e houve queda do desempenho
desse último para o primeiro bloco de tentativas do teste de transferência e para o
primeiro bloco de tentativas do teste de retenção (p≤0,01).
Em síntese, os resultados permitem inferir que os grupos foco interno, foco
externo, e foco externo seguido de foco interno melhoraram o desempenho na fase
de aquisição; porém, nos testes os mesmo retornaram aos níveis iniciais. Já o grupo
foco interno seguido de foco externo foi o único que conseguiu apresentar um
desempenho que permitisse a inferência de alguma aprendizagem.

11 DISCUSSÃO

O presente experimento teve como objetivo investigar se a prática com foco


interno anterior ao foco externo promoveria melhor aprendizagem em comparação
com a prática com outras condições de foco de atenção.
Os resultados nos auxiliam a re-interpretar as conclusões sobre os superiores
benefícios do foco externo a aprendizagem de habilidades motoras (WULF et al.,
49

2000; WULF et al., 2002; CECCATO, PASSMORE & LEE, 2003; WULF & MCNEVIN,
2003; ABES, 2004; ZACHRY et al., 2005; WULF et al., 2007; EMANUEL, JARUS &
BART, 2008; BELL & HARDY, 2009; LOHSE et al., 2010), esclarecendo a nossa
inquietude. Conforme colocamos, nesses estudos os participantes tiveram
oportunidade de se familiarizar com a tarefa com ênfase em sua técnica, portanto,
com foco interno.
De acordo com os resultados, podemos sugerir que somente a prática com
foco interno anterior ao foco externo promoveu aprendizagem.
As explicações desses resultados são similares àquelas do experimento 2, ou
seja, a prática com foco interno anterior possibilitou aos aprendizes a compreensão
da meta da tarefa (FITTS & POSNER, 1967) e/ou a obtenção da ideia do movimento
(GENTILE, 1972). Diante disso, quando o foco externo foi introduzido, o aprendiz
conseguiu associar as informações advindas dela com aquelas do padrão de
movimento (foco interno) necessário para alcançar a meta da tarefa.

12 DISCUSSÃO GERAL E CONCLUSÕES

Para realizar a tacada, o aprendiz necessita controlar inúmeras informações,


como o movimento do tronco, a pegada da mão no taco, a trajetória da bola, a força
empregada para realizar a tacada, o alvo entre outros fatores.
A tacada do golfe, especificamente a última (Putter), segundo Piekarzievcz
(2004), é uma habilidade difícil de ser executada. A dificuldade não estaria
exclusivamente relacionada à mecânica da tacada, mas sim em organizar e utilizar
as informações disponíveis para executar a tacada com eficiência (VICKERS, 2004).
Diante disso, pode-se sugerir que os resultados do presente estudo apontam um
caminho que pode facilitar a aprendizagem, no sentido de o aprendiz adquire
competência para lidar com essas informações.
Ladewing (2000) discute as alterações que ocorrem nos processos de atenção
em relação aos diferentes estágios de aprendizagem. Ele sugere a utilização de
estratégias de atenção seletiva visando aprimorar a seleção de informações
relevantes à execução da tarefa e, consequentemente, facilitar a aprendizagem. A
50

estratégia referida por esse autor diz respeito à utilização de dicas. No presente
estudo, nos referimos à utilização de focos interno e externo.
Em conjunto, os resultados dessa dissertação permitem sugerir que a
aprendizagem de habilidades motoras ocorre mediante o direcionamento da atenção
para um foco interno na instrução inicial ou na fase de aquisição, com posterior
direcionamento para um foco externo nessa mesma fase. Logicamente, essa
sugestão baseia-se apenas nos resultados do presente trabalho e, portanto, sua
generalização é condicionada à realização de outros estudos.
Algo que poderia ser considerado em futuras pesquisas diz respeito a, por
exemplo, os itens focalizados como interno e externo. Neste trabalho, foi utilizado,
respectivamente, o movimento do tronco e a trajetória da cabeça do taco. Entretanto,
conforme mostra a literatura, outros focos poderiam ser colocados sob investigação
como, por exemplo, o posicionamento da mão no taco, a trajetória da bola, o balanço
dos braços e o controle de força (WULF, LAUTERBACH & TOOLE, 1999; WULF et
al., 2000; CECCATO, PASSMORE & LEE, 2003; POOLTON et al., 2006; WULF &
SU, 2007; BELL & HARDY, 2009).
Outro aspecto importante a ser abordado na presente discussão refere-se à
característica da tarefa. A análise dos desempenhos permite notar que a tacada
putter do golfe não é uma tarefa de fácil execução. Pôde-se perceber que o
desempenho médio dos aprendizes esteve em torno de 50% do máximo possível.
Vale ressaltar que a variável dependente foi escolhida em razão da própria a
natureza dessa tarefa de “acerto”. Apesar disso, verifica-se na literatura a existência
de estudos que têm utilizado, além de acerto, o erro radial (MENDES, 2010).
Por fim, de acordo com os experimentos 1, 2 e 3 pode-se concluir,
respectivamente, que:
(1) a hipótese de que o foco externo conduziria os aprendizes à automatização
da habilidade não foi confirmada.
(2) a hipótese de que o grupo com instrução de foco interno seguido de foco
externo na fase de aquisição possibilitaria superior aprendizagem foi
confirmada.
(3) a hipótese de que o grupo foco de interno seguido de foco externo na fase
de aquisição apresentaria superior aprendizagem foi confirmada.
51

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Beginners and Experts. Research Quarterly for Exercise and Sport. v. 78, n. 4, p.
384-389, 2007.

WULF, G.; TOLLNER, T.; SHEA, C. H. Attentional Focus Effects as a Function of


Task Difficulty. Research Quarterly for Exercise and Sport. v. 78, n. 3, p. 257-264,
2007.

WULF, G.; WEIGELT, M.; POULTER, D.; MCNEVIN, N. Attentional focus on


suprapostural tasks affects balance learning. The Quarterly Journal of
Experimental Psychology. v. 56, n. 7, p. 1191-1211, 2003.

WULF, G.; ZACHRY, T.; GRANADOS, T.; DUFEK, J. Sincreases in jump-and-reach


height through an external focus of attention. Manuscript Submitted for
publication, 2007.

ZACHRY, T.; WULF, G.; MERCER, J.; BEZODIS, N. Increased movement accuracy
and reduced EMG activity as the result of adopting an external focus of attention.
Brain Research Bulletin. v. 67, p. 304-309, 2005.

ZANONE, P.; KELSO, J. A. S. Learning and transfer as dynamical paradigms for


behavior changes. In: STELMACH, G. E.; REQUIN, J., eds. Tutorial in motor
behavior II. Amsterdam, North Holland, 1992.
57

ANEXOS

Anexo I: termo de consentimento livre e esclarecido (experimento 1).

ESCOLA DE EDUCAÇÃO FÍSICA E ESPORTE DA UNIVERSIDADE DE SÃO


PAULO

Comitê de Ética em Pesquisa

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO


(Instruções para preenchimento ao final)

I - DADOS DE IDENTIFICAÇÃO DO SUJEITO DA PESQUISA OU RESPONSÁVEL


LEGAL

1. NOME DO INDIVÍDUO:
Documento de identidade Nº: Sexo: M F
Data de nascimento:
Endereço: Nº APTO

Bairro: Cidade: CEP:


Telefone:

2. RESPONSÁVEL LEGAL:
Natureza (grau de parentesco, tutor, curador, etc.)
Documento de identidade Nº: Sexo: M F
Data de nascimento:
Endereço: Nº APTO

Bairro: Cidade: CEP:


Telefone:

II - DADOS SOBRE A PESQUISA CIENTÍFICA


1. Título do Projeto de Pesquisa
Efeitos dos focos interno e externo de atenção na aprendizagem de habilidades
motoras.
2. Pesquisador Responsável
Prof. Dr. Umberto Cesar Corrêa
3. Cargo/Função
Professor Associado
4. Avaliação do risco da pesquisa:
RISCO MÍNIMO RISCO BAIXO RISCO MÉDIO RISCO MAIOR
(probabilidade de que o indivíduo sofra algum dano como conseqüência imediata ou
tardia do estudo)
58

5. Duração da Pesquisa: 2 dias

III - EXPLICAÇÕES DO PESQUISADOR AO INDIVÍDUO OU SEU


REPRESENTANTE LEGAL SOBRE A PESQUISA, DE FORMA CLARA E
SIMPLES, CONSIGNANDO:

INFORMAÇÕES SOBRE O EXPERIMENTO

- Esta é uma pesquisa sobre a aprendizagem da tacada do golfe.


- Você realizará a tarefa em um mini-campo de golfe, e o seu objetivo consistirá
em realizar uma tacada de um ponto pré-determinado e acertar a bolinha no
alvo.
- Um vídeo será apresentado com um golfista realizando a tacada.
- Você utilizará um taco oficial de golfe para realizar a tarefa.
- Você deverá se posicionar de maneira confortável, de frente para o ponto
onde a bola estará.
- Antes de iniciar a tarefa, você receberá informações em relação a qual ponto
você deverá se concentrar, essas informações serão repetidas até 3 vezes.
- Hoje você fará 100 tacadas, divididas em 10 blocos de 10, e descansará até 1
minuto (pausa de descanso necessária devido à realização das tacadas) entre
os blocos. E daqui a quarenta e oito horas repetiremos a tarefa com apenas
10 tentativas.
- A cada 10 tacadas, você receberá instrução verbal sobre determinado aspecto
da execução.
- Participando da pesquisa, você aprenderá uma nova habilidade, com alto nível
de complexidade, aumentando seu repertório motor.

IV - ESCLARECIMENTOS DADOS PELO PESQUISADOR SOBRE GARANTIAS


DO SUJEITO DA PESQUISA:

Você pode, em qualquer momento, ter a informação que desejar a respeito de


procedimentos, eventuais riscos e benefícios relacionados à pesquisa;
Você tem a liberdade de retirar seu consentimento e de deixar de participar do
estudo, sem nenhum prejuízo;
Nenhuma informação a respeito da sua identidade será tornada pública;
Será providenciada assistência (gratuita) em caso de eventual dano à saúde
decorrentes da pesquisa, no Hospital Universitário da USP (HU) localizado na:
Av. Professor Lineu Prestes, nº.: 2565, Butantã, Universidade de São Paulo,
CEP 05508-000, telefone: (11) 3091-9200.

V - INFORMAÇÕES DE NOMES, ENDEREÇOS E TELEFONES DOS


RESPONSÁVEIS PELO ACOMPANHAMENTO DA PESQUISA, PARA CONTATO
EM CASO DE INTERCORRÊNCIAS CLÍNICAS E REAÇÕES ADVERSAS.
59

Pesquisador responsável: Umberto Cesar Corrêa; Av. Prof. Mello Moraes, 65;
(11) 30913135.
Pesquisador gerente: Thiago Augusto Costa de Oliveira; Av. Prof. Mello Moraes,
65; (11) 30913135.

VI. - OBSERVAÇÕES COMPLEMENTARES

VII - CONSENTIMENTO PÓS-ESCLARECIDO


Declaro que, após convenientemente esclarecido pelo pesquisador e ter entendido o
que me foi explicado, consinto em participar do presente Projeto de Pesquisa.

São Paulo, de de 20 .

assinatura do sujeito da pesquisa assinatura do pesquisador


ou responsável legal (carimbo ou nome legível)
60

Anexo II: questionário sobre direcionamento da atenção.

Nome:____________________________________________________Suj:_______

1 – Durante a execução da tarefa (tacada do golfe), você seguiu as instruções


dadas? Caso a resposta for “não”, responda em que você prestou a atenção?

Sim ( ) Não ( )

____________________________________________________________________

____________________________________________________________________

____________________________________________________________________

____________________________________________________________________

____________________________________________________________________
61

Anexo III: estudo piloto.

O objetivo do estudo piloto foi investigar os aspectos referentes às condições


experimentais, à utilização da plataforma, aos procedimentos, ao delineamento e à
forma mais segura e eficaz de se coletar dados com a tacada do golfe (putter).
Para a realização da tarefa (tacada do golfe) foi construído um campo de mini-
golfe com gramado sintético, próprio para a prática do golfe, com 5 metros de
comprimento e 1,5 metros de largura, com um buraco (alvo- com raio de 10,8 cm) no
final do “campo”, semelhante ao utilizado no estudo de Poolton et. al. (2006).
O estudo piloto consistiu de 6 experimentos com a colaboração de 12
participantes, sendo 2 colaboradores para cada experimento, distribuídos em
diferentes condições e delineamentos.
Foram testadas as distâncias de 2; 3; 3,5; e 4 metros. Em relação à
quantidade de tentativas, testou-se 50; 100; 150; e 300 tentativas. As condições de
foco de atenção foram testadas da seguinte forma: foco interno, pegada da mão no
taco; swing do braço; movimento do tronco. Para foco externo: trajetória da cabeça
do taco; movimento do taco; alvo.
Para investigar estas variáveis, no experimento 1 os colaboradores realizaram
cinqüenta tentativas divididas em cinco blocos de dez tentativas cada, com um
minuto de intervalo entre cada bloco, à uma distancia do alvo de dois metros. Um
sujeito recebeu instrução sobre foco interno (sobre a pegada da mão no taco) e o
outro sujeito recebeu instrução sobre foco externo (sobre o alvo). A distância foi
considerada pequena, o que fez com que os participantes tivessem uma quantidade
de acertos muito alta já nos primeiros blocos de tentativas.
No experimento 2 foram realizadas trezentas tentativas, também divididas em
blocos de dez. O tempo de descanso entre os blocos foi mantido (um minuto), a
tacada foi realizada à uma distância de três metros do alvo, e o primeiro sujeito
recebia a instrução de foco interno (sobre o movimento de “swing” dos braços) e o
segundo sujeito recebeu instrução sobre foco externo (movimento do taco). Sobre o
desempenho foi verificado que a partir de sessenta tentativas os participantes
começam a demonstrar uma curva de aprendizagem que se mantém por volta das
cento e cinqüenta tacadas. A partir de cento e sessenta até o final (trezentas
62

tacadas) os participantes demonstram uma queda de desempenho, que pode ser


relacionada à fadiga e/ou à falta de motivação.
No experimento 3 os participantes executaram cento e cinqüenta tentativas,
também divididas em blocos de dez tentativas, à uma distância de quatro metros do
alvo. Um sujeito recebeu instrução sobre foco interno (sobre o posicionamento da
mão no taco) e o outro sujeito recebeu instrução sobre foco externo (sobre a
trajetória do taco, especificamente sobre a cabeça do taco). O desempenho dos
participantes apresentou uma queda de desempenho considerável e foi observado
que a distância de quatro metros deixou a tarefa mais difícil.
No experimento 4 foram realizadas cem tentativas dividas em blocos de dez, à
uma distância de três metros e meio do alvo. O primeiro sujeito recebeu instrução
sobre foco interno (movimento do braço) e o segundo sujeito recebeu instrução sobre
foco externo (alvo). Foi verificado que a partir de cinqüenta tentativas os participantes
apresentam uma melhora em relação ao desempenho inicial e este desempenho se
mantém até as últimas tentativas.
Os participantes que receberam instrução de foco interno, sobre o
posicionamento da mão no taco e sobre o movimento dos braços (experimentos 1; 2;
3; e 4), relataram que, com a prática, começaram a prestar a atenção no movimento
do taco. Para tentar evitar a transferência de foco, optamos por testar uma instrução
de foco interno sobre o movimento do tronco.
Sobre o foco externo, os participantes que receberam instrução sobre o alvo
(experimentos 1 e 4) disseram que esta informação não foi relevante para a
execução da tarefa; já os que receberam instrução sobre o movimento do taco
(experimentos 2 e 3) relataram que esta informação foi importante para realização da
tarefa.
No experimento 5 o primeiro colaborador recebia instrução sobre foco interno
(para direcionar sua atenção especificamente para o movimento do tronco, e tentar
manter uma trajetória reta); o segundo recebia instrução sobre foco externo (para
direcionar sua atenção especificamente para a cabeça do taco, e tentar manter uma
trajetória reta). Foram realizadas cem tentativas divididas em blocos de dez. A
distância do alvo foi de três metros. Quarenta e oito horas depois os participantes
realizaram o teste de retenção, com dez tentativas. Foi possível verificar
63

aprendizagem, pois o desempenho do teste de retenção foi superior ao estagio inicial


da aquisição (primeiro bloco de tentativas).
No experimento 6 os colaboradores foram testados sobre condições
semelhantes ao experimento 5, o único fator que difere do estudo anterior é a
distância que foi de três metros e meio.
Com base nos experimentos, definiu-se a distância inicial da tacada em
relação ao alvo, baseada no nível de dificuldade, optando-se em utilizar três metros
para a fase de aquisição e três metros e meio para os testes de aprendizagem
(transferência e retenção).
No que diz respeito ao número de tentativas, os resultados do desempenho
dos participantes mostraram que cem tentativas divididas em blocos de dez
pareceram ser adequadas para verificar indícios de aprendizagem, sem causar
cansaço ou falta de motivação.
64

Anexo IV: termo de consentimento livre e esclarecido (experimentos 2 e 3).

ESCOLA DE EDUCAÇÃO FÍSICA E ESPORTE DA UNIVERSIDADE DE SÃO


PAULO

Comitê de Ética em Pesquisa

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO


(Instruções para preenchimento ao final)

I - DADOS DE IDENTIFICAÇÃO DO SUJEITO DA PESQUISA OU RESPONSÁVEL


LEGAL

1. NOME DO INDIVÍDUO:
Documento de identidade Nº: Sexo: M F
Data de nascimento:
Endereço: Nº APTO

Bairro: Cidade: CEP:


Telefone:

2. RESPONSÁVEL LEGAL:
Natureza (grau de parentesco, tutor, curador, etc.)
Documento de identidade Nº: Sexo: M F
Data de nascimento:
Endereço: Nº APTO

Bairro: Cidade: CEP:


Telefone:

II - DADOS SOBRE A PESQUISA CIENTÍFICA


1. Título do Projeto de Pesquisa
Efeitos dos focos interno e externo de atenção na aprendizagem de habilidades
motoras.
2. Pesquisador Responsável
Prof. Dr. Umberto Cesar Corrêa
3. Cargo/Função
Professor Associado
4. Avaliação do risco da pesquisa:
RISCO MÍNIMO RISCO BAIXO RISCO MÉDIO RISCO MAIOR
(probabilidade de que o indivíduo sofra algum dano como conseqüência imediata ou
tardia do estudo)

5. Duração da Pesquisa: 2 dias


65

III - EXPLICAÇÕES DO PESQUISADOR AO INDIVÍDUO OU SEU


REPRESENTANTE LEGAL SOBRE A PESQUISA, DE FORMA CLARA E
SIMPLES, CONSIGNANDO:

INFORMAÇÕES SOBRE O EXPERIMENTO

- Esta é uma pesquisa sobre a aprendizagem da tacada do golfe.


- Você realizará a tarefa em um mini-campo de golfe, e o seu objetivo consistirá
em realizar uma tacada de um ponto pré-determinado e acertar a bolinha no
alvo.
- Um vídeo será apresentado com um golfista realizando a tacada.
- Você utilizará um taco oficial de golfe para realizar a tarefa.
- Você deverá se posicionar de maneira confortável, de frente para o ponto
onde a bola estará.
- Antes de iniciar a tarefa, você receberá informações em relação a qual ponto
você deverá se concentrar, essas informações serão repetidas até 3 vezes.
- Hoje você fará 120 tacadas, divididas em 12 blocos de 10, e descansará até 1
minuto (pausa de descanso necessária devido à realização das tacadas) entre
os blocos. E daqui a uma semana repetiremos a tarefa com apenas 20
tentativas.
- A cada 10 tacadas, você receberá instrução verbal sobre determinado aspecto
da execução.
- Participando da pesquisa, você aprenderá uma nova habilidade, com alto nível
de complexidade, aumentando seu repertório motor.

IV - ESCLARECIMENTOS DADOS PELO PESQUISADOR SOBRE GARANTIAS


DO SUJEITO DA PESQUISA:

Você pode, em qualquer momento, ter a informação que desejar a respeito de


procedimentos, eventuais riscos e benefícios relacionados à pesquisa;
Você tem a liberdade de retirar seu consentimento e de deixar de participar do
estudo, sem nenhum prejuízo;
Nenhuma informação a respeito da sua identidade será tornada pública;
Será providenciada assistência (gratuita) em caso de eventual dano à saúde
decorrentes da pesquisa, no Hospital Universitário da USP (HU) localizado na:
Av. Professor Lineu Prestes, nº.: 2565, Butantã, Universidade de São Paulo,
CEP 05508-000, telefone: (11) 3091-9200.

V - INFORMAÇÕES DE NOMES, ENDEREÇOS E TELEFONES DOS


RESPONSÁVEIS PELO ACOMPANHAMENTO DA PESQUISA, PARA CONTATO
EM CASO DE INTERCORRÊNCIAS CLÍNICAS E REAÇÕES ADVERSAS.
Pesquisador responsável: Umberto Cesar Corrêa; Av. Prof. Mello Moraes, 65;
(11) 30913135.
66

Pesquisador gerente: Thiago Augusto Costa de Oliveira; Av. Prof. Mello Moraes,
65; (11) 30913135.

VI. - OBSERVAÇÕES COMPLEMENTARES

VII - CONSENTIMENTO PÓS-ESCLARECIDO


Declaro que, após convenientemente esclarecido pelo pesquisador e ter entendido o
que me foi explicado, consinto em participar do presente Projeto de Pesquisa.

São Paulo, de de 20 .

assinatura do sujeito da pesquisa assinatura do pesquisador


ou responsável legal (carimbo ou nome legível)
67

Anexo V: carta de aprovação deste projeto de pesquisa pelo CEP da Escola de


Educação Física e Esporte da Universidade de São Paulo.
68

Anexo VI: média da somatória de acertos em blocos de 10 tentativas de cada


participante do experimento 1 (1=foco interno, retenção com tarefa distratora;
2=foco interno, retenção sem tarefa distratora; 3=foco externo, retenção com
tarefa distratora; 4=foco externo, retenção sem tarefa distratora).

G. Aq.1 Aq.2 Aq.3 Aq.4 Aq.5 Aq.6 Aq.7 Aq.8 Aq.9 Aq.10 Ret.
1 0 0 1 2 2 2 1 2 4 1 2
1 0 0 1 1 2 3 4 2 4 0 2
1 0 0 1 2 0 2 0 1 2 1 1
1 0 0 0 2 0 0 1 1 1 0 0
1 0 0 1 2 2 3 4 2 4 1 2
1 0 0 0 1 0 1 1 0 2 0 0
1 1 0 0 0 0 1 0 1 1 0 0
1 0 0 0 0 0 1 0 1 0 0 0
1 0 1 0 0 1 0 2 2 2 0 0
1 2 2 2 4 5 3 6 4 5 1 2
1 1 2 2 1 0 1 1 4 3 0 1
1 0 0 0 0 0 1 4 0 2 1 0
2 2 1 2 1 1 1 0 2 3 4 2
2 0 0 1 5 2 5 7 5 7 6 2
2 2 1 2 0 1 3 2 2 4 1 0
2 0 1 1 1 0 0 1 5 2 2 1
2 2 1 1 5 2 5 2 2 4 1 3
2 0 0 0 1 1 0 4 1 2 0 0
2 0 0 1 0 0 3 0 1 1 2 1
2 0 0 0 0 0 0 1 1 0 0 0
2 2 0 1 2 0 1 2 2 2 1 1
2 1 0 0 3 0 1 2 0 2 0 1
2 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
2 2 1 0 2 4 0 3 3 3 1 2
3 1 0 1 3 1 3 2 3 3 2 3
3 0 0 1 2 2 2 3 3 4 2 2
3 1 1 0 5 6 2 4 5 3 3 3
3 2 1 1 3 1 2 3 4 4 2 2
3 1 0 1 3 1 2 3 3 4 2 2
3 0 0 0 0 0 0 1 2 0 1 0
3 0 0 0 1 0 3 1 1 1 0 0
3 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
3 1 2 2 1 0 1 1 4 3 0 1
3 0 0 0 0 0 1 3 1 2 1 0
3 1 2 2 1 0 1 1 4 3 0 1
3 0 0 0 0 0 1 4 0 2 1 0
4 0 0 0 1 4 2 2 3 4 1 2
4 2 1 1 2 1 3 1 3 5 2 3
4 0 0 0 0 3 1 2 1 2 2 0
4 0 0 0 1 4 3 1 3 5 2 3
4 1 1 2 3 0 4 1 6 7 3 2
4 1 0 1 2 0 0 0 0 1 1 0
4 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
4 0 0 0 0 0 3 1 2 3 1 1
4 2 1 1 2 4 0 3 2 4 1 2
4 0 2 0 1 2 0 1 4 0 0 1
4 1 0 2 1 0 1 1 2 0 3 0
4 2 1 0 2 4 0 3 3 3 1 2
69

Anexo VII: média da somatória de acertos em blocos de 10 tentativas de cada


participante do experimento 2 (1=foco interno; 2=foco externo; 3=foco interno
seguido de foco interno; 4=foco interno seguido de foco externo).
G. Aq.1 Aq.2 Aq.3 Aq.4 Aq.5 Aq.6 Aq.7 Aq.8 Aq.9 Aq.10 Tr.1 Tr.2 Ret.1 Ret.2
1 1 1 1 0 1 3 0 1 3 3 1 1 0 2
1 0 1 4 2 1 3 2 2 2 2 0 2 1 1
1 0 2 0 0 2 2 1 1 2 0 2 2 3 3
1 0 1 2 3 2 3 0 1 1 1 2 2 4 3
1 2 1 1 1 4 4 3 3 3 5 2 1 0 2
1 0 3 3 4 4 2 1 4 4 2 2 1 1 1
1 1 2 1 3 1 0 3 3 3 3 1 0 2 3
1 0 2 1 1 2 2 5 2 3 2 2 3 2 1
1 1 1 0 1 3 2 0 2 5 1 1 2 0 1
1 0 1 0 4 3 3 1 3 2 0 0 3 0 0
1 1 2 0 3 0 1 3 2 2 2 1 1 0 1
1 0 1 2 3 2 3 0 1 1 1 2 2 4 3
1 2 1 1 1 4 4 3 3 3 5 2 1 0 2
1 0 3 3 4 4 2 1 4 4 2 2 1 1 1
1 1 2 1 3 1 0 3 3 3 3 1 0 2 3
2 0 1 2 1 0 3 3 3 3 0 0 2 1 0
2 4 2 1 2 5 1 2 4 2 1 1 1 3 2
2 1 1 1 2 0 3 4 4 5 5 0 3 1 4
2 3 5 5 4 4 3 3 2 5 6 4 3 5 3
2 0 1 5 0 2 2 3 3 2 3 0 3 0 1
2 1 2 3 2 0 3 3 2 2 3 2 1 0 2
2 3 2 1 4 4 2 3 2 1 3 4 1 1 3
2 3 1 2 2 1 1 3 2 3 4 2 2 4 4
2 2 2 2 2 5 1 2 3 1 2 4 1 3 1
2 0 0 1 1 4 3 0 0 0 3 1 0 1 0
2 1 5 1 0 3 0 1 1 0 2 2 0 1 1
2 3 5 5 4 4 3 3 2 5 6 4 3 5 3
2 0 1 5 0 2 2 3 3 2 3 0 3 0 1
2 1 2 3 2 0 3 3 2 2 3 2 1 0 2
2 0 1 2 1 0 3 3 3 3 2 0 2 1 1
3 0 1 4 1 5 3 5 2 2 5 0 2 3 4
3 0 1 0 0 2 1 1 3 3 5 4 1 1 2
3 2 3 2 0 1 2 2 4 3 5 2 3 0 3
3 0 0 3 1 4 2 2 5 4 3 3 3 1 3
3 0 0 0 0 2 4 1 3 4 2 2 3 1 2
3 0 0 1 1 1 0 1 2 5 3 4 2 3 5
3 0 2 1 1 4 5 3 4 3 5 0 2 3 1
3 0 0 0 1 2 2 1 2 2 4 3 3 0 2
3 1 1 3 5 6 3 2 5 3 4 4 6 1 3
3 1 1 0 2 2 1 1 2 3 3 2 3 3 5
3 0 0 1 1 2 3 2 3 5 4 0 4 1 2
3 0 1 1 2 2 2 3 2 3 4 0 3 2 4
3 0 1 3 1 2 2 1 3 3 3 1 2 0 3
3 1 1 1 3 3 2 3 3 3 5 1 1 1 3
3 1 1 2 1 2 2 2 1 4 6 3 3 2 3
4 5 0 3 6 3 1 2 6 8 6 2 2 0 0
4 0 2 1 1 1 1 2 2 1 1 2 1 0 2
4 0 0 1 0 1 3 1 0 1 1 3 3 3 0
4 1 2 1 4 2 2 5 3 5 4 3 4 2 3
4 0 0 0 2 1 1 3 4 4 5 1 3 2 3
4 2 2 0 2 5 1 1 2 1 2 0 4 0 3
4 0 0 2 3 4 1 3 1 3 7 0 1 2 4
4 0 2 4 2 4 4 3 2 2 5 2 4 4 4
4 0 2 1 4 1 2 1 1 1 3 4 2 0 4
4 3 3 4 1 4 2 4 5 6 5 4 3 2 1
4 0 2 3 6 8 3 6 5 5 5 3 1 0 1
4 2 1 3 2 3 3 1 4 5 2 2 2 0 1
4 0 0 2 2 2 2 2 3 6 6 0 3 2 2
4 0 0 0 1 2 2 3 2 4 3 1 2 4 3
4 0 2 1 2 2 2 5 4 4 5 0 2 3 2
70

Anexo VIII: média da somatória de acertos em blocos de 10 tentativas de cada


participante do experimento 2 (1=foco interno; 2=foco externo; 3=foco interno
seguido de foco externo; 4=foco externo seguido de foco interno).
G. Aq.1 Aq.2 Aq.3 Aq.4 Aq.5 Aq.6 Aq.7 Aq.8 Aq.9 Aq.10 Tr.1 Tr.2 R.1 R.2
1 1 1 2 5 5 2 5 4 3 3 1 1 1 2
1 1 0 1 2 1 3 2 1 1 1 1 2 0 0
1 0 0 0 1 2 0 0 0 3 3 0 1 1 2
1 2 0 1 1 1 2 1 4 4 0 0 2 0 1
1 2 1 2 2 1 0 2 0 0 4 0 3 1 1
1 2 1 2 2 1 0 2 0 0 4 3 0 1 1
1 1 1 1 3 2 1 3 3 2 1 0 3 2 1
1 0 0 0 1 2 2 2 3 6 4 0 1 1 3
1 0 0 1 1 0 1 3 6 5 5 2 1 0 3
1 1 1 0 1 1 2 2 4 5 3 0 2 1 1
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