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1 INTRODUÇÃO
2 REVISÃO DE LITERATURA
condições, os participantes eram instruídos a olhar para frente. Cada sujeito realizou
3 tentativas para cada condição. As condições experimentais foram
contrabalançadas entre os participantes. Os resultados mostraram que não houve
diferença entre os grupos. No experimento 2, foram utilizados os mesmos
equipamentos, tarefas e procedimentos do experimento 1. Participaram do estudo 24
estudantes universitários, e nenhum destes tinha participado do experimento 1. O
diferencial do experimento 2 foi que os participantes deveriam realizar a tarefa
tentando se equilibrar sobre apenas um dos pés, aumentando assim a dificuldade de
execução. Os resultados apontaram um melhor controle do equilíbrio para o grupo de
foco externo, enquanto nos grupos de foco interno e controle não foram detectadas
diferenças significativas. Os autores concluíram que, com o aumento da exigência da
tarefa, o foco externo mostra-se mais eficaz.
Parr e Button (2009) realizaram um estudo com objetivo de comparar a
influência dos focos interno e externo de atenção na aprendizagem de uma
habilidade motora. A tarefa utilizada foi o remo. Os participantes, todos iniciantes,
foram divididos em dois grupos, que participaram de 24 sessões de treinamento
durante um período de seis semanas; na sétima semana, foram realizados testes de
transferência e retenção. Para o grupo 1, foi fornecida uma instrução sobre o
momento de entrada da lâmina do remo na água (foco externo) e para o grupo 2 foi
fornecida uma instrução sobre o movimento do remador (foco interno). Os resultados
demonstraram que o grupo de foco externo demonstrou melhorias na técnica, e foi
mais eficiente em comparação ao grupo de foco interno. Os autores sugeriram que o
fornecimento de instruções sobre o foco externo é benéfico para iniciantes.
Verificando a influência dos focos de atenção sobre o desempenho, foram
realizados alguns estudos como o de McNevin e Wulf (2002), que investigaram se o
foco de atenção tem influência no desempenho de uma tarefa de equilíbrio, através
de uma tarefa de toque em uma plataforma de força. Em frente à plataforma de
equilíbrio, foi colocada uma plataforma de força onde os participantes apoiavam-se
de acordo com a instrução fornecida. Um grupo recebeu instrução de foco interno
(manter a ponta do dedo sobre a plataforma de força) e outro grupo recebeu
instrução de foco externo (segurar uma folha que estava sobre a plataforma de
força). O estudo contou com 19 participantes (11 mulheres e 8 homens), com idade
12
mais eficiente para a aprendizagem; porém, com o decorrer das sessões de prática,
os autores sugerem que os participantes passam pelo processo de automatização,
diminuindo a margem de erro e assim direcionando sua atenção para o foco externo
de atenção.
Wulf et al. (2004), examinaram a influência do foco de atenção em uma tarefa
de equilíbrio. Participaram do estudo 32 estudantes sem nenhuma experiência com a
tarefa de equilíbrio, os quais foram divididos em 4 grupos. A tarefa era equilibrar-se
sobre um disco de borracha com as mãos segurando em uma barra de PVC. Todos
os participantes recebiam a instrução de ficar em pé e segurar na barra. Foram
realizadas 3 séries de 15 segundos. Cada série era executada com 4 tipos de foco
de atenção, sendo uma instrução de foco interno (efeito dos pés sobre o disco), uma
de foco externo (atenção no movimento do disco), outra de foco interno (manter as
mãos imóveis) e outra de foco externo (manter a barra imóvel). Os participantes eram
induzidos a utilizar um dos focos de atenção. A ordem das condições era
contrabalançada entre os participantes. Os resultados apontaram melhor
desempenho quando os participantes dirigiam sua atenção para o efeito do
movimento disco ou barra (foco externo) do que quando se concentravam nos
movimentos do corpo pé ou mãos (foco interno).
Vance et al. (2004), estudaram o efeito do foco de atenção sobre o resultado
do desempenho. Foi utilizado o EMG (eletromiografia) para determinar as diferenças
entre o foco externo e o foco interno sobre o nível de manifestação neuromuscular.
Foram realizados 2 experimentos. No experimento 1, participaram 11 estudantes
universitários do sexo masculino, com idade média de 26 anos. A tarefa utilizada foi
um exercício de musculação bilateral para o bíceps. O peso utilizado foi estabelecido
através de um teste de carga máxima em um dinamômetro, e na execução da tarefa
os participantes utilizaram uma carga correspondente a 50% da carga máxima. Para
o foco interno, a instrução era direcionar a atenção para a contração do músculo
bíceps. Já para o foco externo, os participantes eram instruídos a prestar atenção ao
movimento feito pela barra do equipamento. Os participantes realizaram 2 séries com
10 tentativas para cada foco, de forma contrabalançada. Os resultados mostram que
o grupo foco externo obteve melhor desempenho comparado com o grupo foco
interno, principalmente nas primeiras repetições. O experimento 2 demonstrou os
14
para praticar e conhecer a tarefa antes da fase de aquisição (este comentário será
justificado mais à frente).
Wulf et al. (2000), realizaram um estudo para investigar se o foco externo de
atenção era mais eficaz quando direcionado para o efeito do movimento ou para uma
ação que não estivesse relacionada ao efeito do movimento, como a antecipação ou
dicas do movimento. Foram realizados dois experimentos. No primeiro foi utilizada a
tarefa do forehand do tênis. O estudo foi realizado em uma quadra oficial de tênis.
Participaram do estudo 36 estudantes universitários (21 mulheres e 15 homens), com
idade entre 16 e 33 anos. Os participantes recebiam instruções sobre a técnica
correta de como realizar o forehand, e praticavam 10 tentativas antes de iniciar a
pesquisa. Posteriormente, os participantes foram divididos em dois grupos
experimentais: grupo de antecipação do movimento, que tinha sua atenção
direcionada para a trajetória da bola que ia em direção do sujeito, e grupo efeito do
movimento, que direcionava sua atenção ao alvo. Os participantes eram
posicionados de um lado da quadra e rebatiam a bola que era lançada por uma
máquina para o outro lado da quadra, buscado acertar áreas predeterminadas que
recebiam pontuações de 1 a 5 (caso a bola não chegasse às zonas de pontuação,, o
valor atribuído era zero). Na fase de prática, foram realizados 10 blocos com 10
tentativas cada (com 1 minuto de intervalo entre cada bloco), e após 50 tentativas foi
realizado um tempo maior de descanso para recarregar a máquina de lançar bolas.
Após um dia, os participantes realizavam o teste de retenção, no qual eram
realizados 3 blocos de 10 tentativas, sem qualquer instrução ou lembrete sobre as
situações de foco. Após a análise dos resultados, verificou-se que o grupo de efeito
do movimento obteve melhor desempenho no teste de retenção, pois sua situação
experimental tinha uma meta, que era acertar o alvo.
No experimento 2, foi utilizada a tarefa da tacada do golfe, similar àquela
utilizada por Wulf et al. (1999). O experimento foi realizado em um campo de golfe,
onde os participantes utilizaram um taco 9 de golfe para acertar a bola em um alvo
com 45 centímetros de diâmetro em seu centro e outros 4 círculos (com 1,45 metros,
2,45 metros, 3,45 metros e 4,45 metros, respectivamente). O participante era
posicionado a 15 metros do alvo e tinha como objetivo acertar a bola no alvo com
uma tacada. A pontuação era aferida de acordo com o local onde a bola parasse,
17
submetidos a dois dias de prática, com 10 blocos de 5 tentativas. No terceiro dia foi
realizado o teste de retenção, com 10 blocos de 3 tentativas. O alvo era dividido em
quatro áreas: para o centro do alvo eram computados 4 pontos, para a segunda área
3 pontos, para a terceira 2 pontos, e para a quarta 1 ponto (caso a bola parasse fora
do alvo, o valor atribuído era zero). A cada bloco de cinco tentativas, os grupos de
foco interno recebiam informações sobre a técnica do movimento, e os grupos de
foco externo recebiam informações sobre o efeito do movimento. Os resultados
apontaram melhor desempenho dos grupos de foco externo em relação aos grupos
de foco interno nos testes de retenção. O grupo de experientes, como já era
esperado, demonstrou melhor desempenho do que o grupo de iniciantes.
No experimento 2, foi investigado o efeito da frequência de feedback em
relação ao tipo de foco de atenção. Participaram do estudo 52 estudantes com idade
entre 18 e 25 anos, experientes e iniciantes. A tarefa foi o chute do futebol, com o
objetivo de acertar um alvo de 80 x 80 centímetros divididos em dois (centro e
extremidade). Os participantes foram divididos aleatoriamente em 4 grupos (foco
interno com 33% de feedback, foco interno com 100% de feedback, foco externo com
33% de feedback e foco externo com 100% de feedback), sendo que o grupo de foco
interno recebia informações sobre a técnica do movimento, e o grupo de foco externo
recebia informação sobre o efeito do movimento. Foi seguido o mesmo delineamento
do experimento 1. Os resultados mostraram que o grupo de foco externo com 100%
de feedback obteve melhor desempenho. Comparando o nível de experiência com a
frequência, nos testes de retenção, o grupo foco externo com 100% de feedback foi
melhor que o grupo foco externo com 33%, entre os experientes; já para os
iniciantes, o grupo foco interno com 33% de feedback obteve melhor desempenho
que o grupo foco interno com 100%.
Ceccato, Passmore e Lee (2003) examinaram a influência das instruções de
foco interno e externo de atenção sobre o desempenho de uma tacada no golfe,
realizada por golfistas habilidosos e não habilidosos. Participaram deste estudo 8
homens e 2 mulheres, e a meta era aproximar a bola o máximo possível do alvo. A
tarefa foi realizada em um campo de golfe, e os participantes podiam optar entre usar
o taco fornecido pelo experimentador ou o taco particular. Antes de iniciar o
experimento, os participantes praticaram algumas tentativas em cada uma das 4
19
com a tarefa. Os grupos de foco interno recebiam instrução sobre a mão, e os grupos
de foco externo tinham sua atenção direcionada para a bola. O estudo consistiu de
pré-teste, aquisição (que foi realizada em quatro aulas), pós-teste e retenção. Os
resultados mostraram que os participantes aprenderam a tarefa, porém não foram
encontradas diferenças entre os grupos. Os autores sugeriram que os resultados
podem ter sido em função da capacidade dos participantes em manter o foco de
atenção.
Lohse et al. (2010), investigaram os efeitos dos focos interno e externo de
atenção no controle e na aprendizagem de uma habilidade motora. A tarefa utilizada
foi o arremesso de dardo de salão. O erro foi mensurado através da distância linear
do centro do alvo para o dardo, e serviu como a medição de desempenho
comportamental. O experimento contou com 12 participantes, e foi realizado em três
fases. A primeira fase (aquisição) teve como objetivo familiarizar os participantes com
a tarefa, mas sem instrução explicita – embora em todas as fases os participantes
tenham sido instruídos a atirar os dardos com a maior precisão possível. Na segunda
e terceira fases, os participantes foram divididos aleatoriamente em dois grupos: um
grupo recebia instrução sobre o movimento do braço (foco interno) e outro recebia
instrução sobre a trajetória do dardo (foco externo). O estudo combinou
eletromiografia de superfície (tríceps), com análise de movimento, sendo este o
primeiro estudo que incluiu uma análise abrangente das mudanças no desempenho
motor em função do foco atencional. Os resultados apresentaram vantagem para o
foco externo de atenção no controle motor e na aprendizagem, onde os participantes
apresentaram melhor desempenho (menor erro absoluto), uma diminuição no tempo
de preparação entre os lances, e diminuição da atividade EMG do tríceps braquial.
Estes resultados sugerem que a adoção do foco externo resultou em uma economia
de movimento. Concluiu-se que a adoção do foco externo de atenção leva a uma
melhor precisão e desempenho no arremesso de dardo de salão e também a uma
economia de movimento, demonstrando que mesmo mudanças sutis na estrutura de
uma tarefa podem ter efeitos profundos sobre o comportamento motor.
26
2.4 Síntese
durante a fase inicial da aquisição das habilidades motoras, a adoção do foco externo
promove menor sobrecarga na memória de trabalho.
Um aspecto que chama a atenção é que apenas dois estudos procuram
investigar a hipótese explicativa da automatização (WULF & MCNEVIN, 2003;
POOLTON et al., 2006). Entretanto, a falta de rigor nos delineamentos (em
específico, a falta de grupo controle e a falta de interpretação restrita aos resultados)
compromete as conclusões dos autores.
Diante disso, o experimento 1 foi realizado com o objetivo de investigar os
efeitos dos focos interno e externo de atenção na aprendizagem de habilidades
motoras em função da automatização da habilidade.
Outra inquietude incitada pela revisão da literatura revisada é que, em 14 dos
29 estudos contemplados, os participantes receberam instruções sobre a técnica
correta para execução da tarefa anteriormente ao início da fase experimental, e em
parte desses estudos os participantes ainda tiveram tempo para se familiarizar
(praticar) com a tarefa (WULF et al., 2000; WULF et al., 2002; CECCATO,
PASSMORE & LEE, 2003; WULF & MCNEVIN, 2003; ABES, 2004; ZACHRY et al.,
2005; WULF et al., 2007; EMANUEL, JARUS & BART, 2008; WULF, 2008; BELL &
HARDY, 2009; BARROS et al., 2009; MENDONÇA et al., 2010; OELKE & CLAUDIO,
2010; LOHSE et al., 2010). Considerando que a instrução sobre a técnica correta
para a execução da tarefa diz respeito ao foco interno (WULF, 2007a), perguntou-se:
os efeitos “superiores” do foco externo de atenção seriam dependentes daqueles de
foco interno anteriores na instrução inicial ou, ainda, na fase de aquisição? Essas
perguntas foram investigadas, respectivamente, nos experimentos 2 e 3.
3 EXPERIMENTO 1
3.1 Objetivo
3.2 Método
3.2.1 Participantes
3.2.2 Tarefa
A tarefa foi a tacada do golfe, especificamente a última tacada. Essa tarefa foi
escolhida por se tratar de uma habilidade descrita na literatura e, por isso, com algum
conhecimento acumulado (WOOLFOLK, PARRISH & MURPHY, 1985; DELAY et al.,
1997; WULF, LAUTERBACH & TOOLE, 1999; WULF et al, 2000; THILL & CURY,
2000; SKEHAN & FOSTER, 2002; CECCATO, PASSMORE & LEE, 2003; ROSS et
al., 2003; POOLTON et al., 2006), sem riscos para os participantes, e pouco
praticada entre a população.
3.2.3 Materiais
5 metros
3 metros
aquisição / retenção
taco
1,5 metros
pedido aos participantes para pronunciar, em voz alta, o nome de um ente querido,
simultaneamente à execução da tacada.
Ao final do teste da fase de aquisição, todos os participantes responderam a
um questionário referente ao direcionamento de sua atenção (Anexo II) durante o
experimento. Procurou-se saber se os mesmos realmente direcionaram sua atenção
de acordo com a solicitação do experimentador.
Ao término dos trabalhos, o experimentador agradecia a participação dos
participantes, e sanava-lhes eventuais dúvidas. O tempo aproximado para a fase de
aquisição foi de 30 minutos e do teste de retenção, 10 minutos.
Os aspectos do método como instrução de foco interno e externo, quantidade
de tentativas, distância do alvo, intervalo entre tentativas e intervalo entre blocos de
tentativas foram baseados em estudo piloto (Anexo III).
Fases
Aquisição Retenção
Grupos
4 RESULTADOS
0
Aq.1 Aq.2 Aq.3 Aq.4 Aq.5 Aq.6 Aq.7 Aq.8 Aq.9 Aq.10 Ret.
5 DISCUSSÃO
6 EXPERIMENTO 2
6.1 Objetivo
6.2 Método
6.2.1 Participantes
10 blocos de 10 tentativas cada e com intervalo de até 1 minuto após cada bloco.
Logo após a aquisição, foi realizado o teste de transferência que envolveu a
execução da tacada de uma nova distância (3,5 metros), em 2 blocos de 10
tentativas e a instrução foi, faça o seu melhor. O teste de retenção foi realizado sete
dias após, com a execução de 2 blocos de 10 tentativas. Foi seguido o mesmo
procedimento do teste de transferência.
O experimento foi realizado na Escola de Educação Física e Esporte – EEFE-
USP, na cidade de São Paulo (SP) e na Escola Superior de Educação Física –
ESEF, na cidade de Jundiaí (SP).
Conforme ilustrado no Quadro 2, os participantes foram distribuídos
aleatoriamente entre quatro grupos: G1 - foco interno (FI); G2 - foco externo (FE); G3
- foco interno (instrução no vídeo) seguido de foco externo; e G4 - foco interno
(instrução no vídeo) seguido de foco interno.
Grupo 1
(n=15) X X X
Grupo 2
(n=15) X X X
Grupo 3
(n=15) X X X
Grupo4
(n=15) X X X
38
A hipótese levantada foi que o grupo com instrução de foco interno seguido de
foco externo na aquisição possibilitaria desempenho superior aos demais grupos nos
testes de transferência e retenção.
Todos os participantes eram recepcionados, recebiam o termo de
consentimento livre esclarecido e, após o seu preenchimento, era mais uma vez
perguntado sobre seu desejo de participação. Todos os participantes que estavam de
acordo e aceitaram participar da pesquisa recebiam uma instrução genérica: “você
ira participar de um experimento sobre a aprendizagem da tacada do golfe”. Em
seguida, eles tomavam conhecimento da tarefa assistindo a um vídeo, no qual um
especialista realizava três tacadas. Para os grupos 1 e 2, era dada a instrução
genérica: “você irá assistir a um vídeo no qual um indivíduo realiza três tacadas, em
seguida iniciaremos a pesquisa”. Para os grupos 3 e 4, durante a apresentação do
vídeo era dito: “veja como é importante movimentar seu tronco numa trajetória reta”.
Ao término do vídeo, os participantes eram convidados a subir na plataforma,
e se posicionar da maneira mais confortável para executar a tacada. Somente ao
iniciar a fase de aquisição os participantes recebiam a instrução específica, e tinham
sua atenção dirigida para um determinado ponto de execução da tacada. No caso do
foco interno (FI) a orientação era a mesma, ou seja: “direcione sua atenção
especificamente para o movimento do tronco, tente manter uma trajetória reta”. Em
relação ao foco externo, a instrução fornecida foi: “direcione sua atenção
especificamente para a cabeça do taco, tente manter uma trajetória reta”.
Ao final do teste da aquisição, todos os participantes responderam a um
questionário referente ao direcionamento de sua atenção (Anexo II) durante o
experimento. Procurou-se saber se os participantes realmente direcionaram sua
atenção de acordo com a solicitação do experimentador.
Ao terminar o estudo, o experimentador agradecia a participação, e sanava
eventuais dúvidas dos participantes. O tempo aproximado para a realização da fase
de aquisição e o teste de transferência foi de 35 minutos e, para o teste de retenção,
de 10 minutos.
Os aspectos do método como instrução de foco interno e externo, quantidade
de tentativas, distância do alvo, intervalo entre tentativas e intervalo entre blocos de
tentativas foram baseados no estudo piloto (Anexo III).
39
7 RESULTADOS
TukeyHSD apontou diferenças entre primeiro bloco e o quarto, quinto, sétimo, oitavo,
nono e décimo bloco de tentativas (p≤0,05). Foram verificadas diferenças, também,
entre o segundo bloco e o quinto, sétimo, oitavo, nono e décimo bloco de tentativas
(p≤0,05), e, entre o terceiro bloco e os dois últimos blocos (p≤0,01). Por fim, foram
mostradas diferenças entre o sexto e os dois últimos blocos de tentativas (p≤0,05).
E, para o grupo foco interno seguido de foco externo (FI-FE), a ANOVA
2
verificou diferenças estatisticamente significantes: F(9; 126)=18,75, =0,57,
p≤0,01 . O teste TukeyHSD apontou diferenças entre o primeiro e os seis últimos
blocos de tentativas (p≤0,01). Foram identificadas diferenças, também, entre o
segundo bloco e o quinto, sexto, oitavo, nono e décimo bloco; entre o terceiro e o
quinto, oitavo, nono e décimo bloco (p≤0,05); entre o quarto e o quinto, oitavo, nono e
décimo bloco (p≤0,01); entre o quinto bloco e o décimo bloco (p≤0,01); entre o sexto
e o décimo bloco (p≤0,01); e, entre o sétimo e o nono e décimo bloco (p≤0,01).
Esses resultados permitem inferir que, com exceção do grupo foco externo, os
demais grupos melhoraram o desempenho na fase de aquisição.
(p>0,05). Foram apontadas diferenças para o grupo foco interno seguido de foco
externo, no sentido de o grupo ser diferente do último dessa mesma fase e do
segundo bloco de tentativas do teste de transferência e do teste de retenção
(p≤0,01). O post hoc identificou, também, diferenças entre o último bloco da fase de
aquisição e o primeiro bloco de tentativas do teste de transferência e do teste de
retenção (p≤0,01).
4
Quantidade de acertos
0
Aq.1 Aq.2 Aq.3 Aq.4 Aq.5 Aq.6 Aq.7 Aq.8 Aq.9 Aq.10 Tr. 1 Tr.2 Ret.1 Ret.2
Blocos de 10 tentativas
FI FE FI - FI FI - FE
8 DISCUSSÃO
9 EXPERIMENTO 3
9.1 Objetivo
9.2 Método
9.2.1 Participantes
Grupo 1
(n=15) X X X
Grupo 2
(n=15) X X X
Grupo 3
(n=15) X X X
Grupo 4
(n=15) X X X
10 RESULTADOS
primeiro e o segundo bloco de tentativas foram diferentes dos três últimos blocos
(p≤0,01). O post hoc mostrou, também, diferenças entre o terceiro e os dois últimos
blocos de tentativas (p≤0,05).
2
Para o grupo de foco externo, a ANOVA encontrou F(9; 126)=12,10, =0,46,
p≤0,01 . O teste de TukeyHSD indicou diferenças entre o primeiro e os cinco últimos
blocos de tentativas (p≤0,01). Foram reveladas, também, diferenças entre o terceiro
e quarto blocos e os três últimos blocos de tentativas (p≤0,05); e, entre o quinto e os
quatro últimos blocos de tentativas (p≤0,05).
Com relação ao grupo foco interno seguido de foco externo, a ANOVA
2
encontrou F(9; 126)=23,13, =0,62, p≤0,01 . O teste de TukeyHSD indicou
diferenças entre o primeiro e segundo bloco de tentativas e os seis últimos blocos
(p≤0,01). Foram verificadas diferenças, também, entre o terceiro e quarto blocos e os
cinco últimos blocos de tentativas (p≤0,01); e, entre o quinto e os três últimos blocos
de tentativas (p≤0,01).
Para o grupo foco externo seguido de foco interno, a ANOVA encontrou F(9;
2
126)=27,25, =0,58, p≤0,01 . O teste de TukeyHSD indicou diferenças entre o
primeiro e terceiro bloco de tentativas e os últimos seis blocos (p≤0,01); entre o
segundo os sete últimos blocos de tentativas (p≤0,01); e, entre o quarto e o oitavo e
décimo blocos (p≤0,05); e, entre o quinto e sexto blocos e o último bloco de
tentativas (p≤0,01).
Estes resultados permitem inferir que todos os grupos melhoraram o
desempenho na fase aquisição.
diferenças entre o grupo foco interno seguido de foco externo e os grupos foco
externo, e foco externo seguido de foco interno (p≤0,05). Esses resultados indicam
que o grupo de foco interno seguido de foco externo obteve melhor desempenho do
que os demais grupos. E que o grupo foco interno obteve o pior desempenho.
5
Quantidade de acertos
0
Aq.1 Aq.2 Aq.3 Aq.4 Aq.5 Aq.6 Aq.7 Aq.8 Aq.9 Aq.10 Tr.1 Tr.2 Ret.1 Ret.2
Blocos de 10 tentativas
FI FE FI - FE FE - FI
11 DISCUSSÃO
2000; WULF et al., 2002; CECCATO, PASSMORE & LEE, 2003; WULF & MCNEVIN,
2003; ABES, 2004; ZACHRY et al., 2005; WULF et al., 2007; EMANUEL, JARUS &
BART, 2008; BELL & HARDY, 2009; LOHSE et al., 2010), esclarecendo a nossa
inquietude. Conforme colocamos, nesses estudos os participantes tiveram
oportunidade de se familiarizar com a tarefa com ênfase em sua técnica, portanto,
com foco interno.
De acordo com os resultados, podemos sugerir que somente a prática com
foco interno anterior ao foco externo promoveu aprendizagem.
As explicações desses resultados são similares àquelas do experimento 2, ou
seja, a prática com foco interno anterior possibilitou aos aprendizes a compreensão
da meta da tarefa (FITTS & POSNER, 1967) e/ou a obtenção da ideia do movimento
(GENTILE, 1972). Diante disso, quando o foco externo foi introduzido, o aprendiz
conseguiu associar as informações advindas dela com aquelas do padrão de
movimento (foco interno) necessário para alcançar a meta da tarefa.
estratégia referida por esse autor diz respeito à utilização de dicas. No presente
estudo, nos referimos à utilização de focos interno e externo.
Em conjunto, os resultados dessa dissertação permitem sugerir que a
aprendizagem de habilidades motoras ocorre mediante o direcionamento da atenção
para um foco interno na instrução inicial ou na fase de aquisição, com posterior
direcionamento para um foco externo nessa mesma fase. Logicamente, essa
sugestão baseia-se apenas nos resultados do presente trabalho e, portanto, sua
generalização é condicionada à realização de outros estudos.
Algo que poderia ser considerado em futuras pesquisas diz respeito a, por
exemplo, os itens focalizados como interno e externo. Neste trabalho, foi utilizado,
respectivamente, o movimento do tronco e a trajetória da cabeça do taco. Entretanto,
conforme mostra a literatura, outros focos poderiam ser colocados sob investigação
como, por exemplo, o posicionamento da mão no taco, a trajetória da bola, o balanço
dos braços e o controle de força (WULF, LAUTERBACH & TOOLE, 1999; WULF et
al., 2000; CECCATO, PASSMORE & LEE, 2003; POOLTON et al., 2006; WULF &
SU, 2007; BELL & HARDY, 2009).
Outro aspecto importante a ser abordado na presente discussão refere-se à
característica da tarefa. A análise dos desempenhos permite notar que a tacada
putter do golfe não é uma tarefa de fácil execução. Pôde-se perceber que o
desempenho médio dos aprendizes esteve em torno de 50% do máximo possível.
Vale ressaltar que a variável dependente foi escolhida em razão da própria a
natureza dessa tarefa de “acerto”. Apesar disso, verifica-se na literatura a existência
de estudos que têm utilizado, além de acerto, o erro radial (MENDES, 2010).
Por fim, de acordo com os experimentos 1, 2 e 3 pode-se concluir,
respectivamente, que:
(1) a hipótese de que o foco externo conduziria os aprendizes à automatização
da habilidade não foi confirmada.
(2) a hipótese de que o grupo com instrução de foco interno seguido de foco
externo na fase de aquisição possibilitaria superior aprendizagem foi
confirmada.
(3) a hipótese de que o grupo foco de interno seguido de foco externo na fase
de aquisição apresentaria superior aprendizagem foi confirmada.
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WULF, G.; MCCONNEL, N.; GÄRTNER, M.; SCHWARZ, A. Enhancing the Learning
of Sport Skills through External-Focus Feedback. Journal of Motor Behavior. v. 34,
n. 2, p. 171-182, 2002.
WULF, G.; MCNEVIN, N. H.; FUCHS, T.; RITTER, F.; TOOLE, T. Attentional Focus in
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and reduced EMG activity as the result of adopting an external focus of attention.
Brain Research Bulletin. v. 67, p. 304-309, 2005.
ANEXOS
1. NOME DO INDIVÍDUO:
Documento de identidade Nº: Sexo: M F
Data de nascimento:
Endereço: Nº APTO
2. RESPONSÁVEL LEGAL:
Natureza (grau de parentesco, tutor, curador, etc.)
Documento de identidade Nº: Sexo: M F
Data de nascimento:
Endereço: Nº APTO
Pesquisador responsável: Umberto Cesar Corrêa; Av. Prof. Mello Moraes, 65;
(11) 30913135.
Pesquisador gerente: Thiago Augusto Costa de Oliveira; Av. Prof. Mello Moraes,
65; (11) 30913135.
São Paulo, de de 20 .
Nome:____________________________________________________Suj:_______
Sim ( ) Não ( )
____________________________________________________________________
____________________________________________________________________
____________________________________________________________________
____________________________________________________________________
____________________________________________________________________
61
1. NOME DO INDIVÍDUO:
Documento de identidade Nº: Sexo: M F
Data de nascimento:
Endereço: Nº APTO
2. RESPONSÁVEL LEGAL:
Natureza (grau de parentesco, tutor, curador, etc.)
Documento de identidade Nº: Sexo: M F
Data de nascimento:
Endereço: Nº APTO
Pesquisador gerente: Thiago Augusto Costa de Oliveira; Av. Prof. Mello Moraes,
65; (11) 30913135.
São Paulo, de de 20 .
G. Aq.1 Aq.2 Aq.3 Aq.4 Aq.5 Aq.6 Aq.7 Aq.8 Aq.9 Aq.10 Ret.
1 0 0 1 2 2 2 1 2 4 1 2
1 0 0 1 1 2 3 4 2 4 0 2
1 0 0 1 2 0 2 0 1 2 1 1
1 0 0 0 2 0 0 1 1 1 0 0
1 0 0 1 2 2 3 4 2 4 1 2
1 0 0 0 1 0 1 1 0 2 0 0
1 1 0 0 0 0 1 0 1 1 0 0
1 0 0 0 0 0 1 0 1 0 0 0
1 0 1 0 0 1 0 2 2 2 0 0
1 2 2 2 4 5 3 6 4 5 1 2
1 1 2 2 1 0 1 1 4 3 0 1
1 0 0 0 0 0 1 4 0 2 1 0
2 2 1 2 1 1 1 0 2 3 4 2
2 0 0 1 5 2 5 7 5 7 6 2
2 2 1 2 0 1 3 2 2 4 1 0
2 0 1 1 1 0 0 1 5 2 2 1
2 2 1 1 5 2 5 2 2 4 1 3
2 0 0 0 1 1 0 4 1 2 0 0
2 0 0 1 0 0 3 0 1 1 2 1
2 0 0 0 0 0 0 1 1 0 0 0
2 2 0 1 2 0 1 2 2 2 1 1
2 1 0 0 3 0 1 2 0 2 0 1
2 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
2 2 1 0 2 4 0 3 3 3 1 2
3 1 0 1 3 1 3 2 3 3 2 3
3 0 0 1 2 2 2 3 3 4 2 2
3 1 1 0 5 6 2 4 5 3 3 3
3 2 1 1 3 1 2 3 4 4 2 2
3 1 0 1 3 1 2 3 3 4 2 2
3 0 0 0 0 0 0 1 2 0 1 0
3 0 0 0 1 0 3 1 1 1 0 0
3 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
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3 0 0 0 0 0 1 3 1 2 1 0
3 1 2 2 1 0 1 1 4 3 0 1
3 0 0 0 0 0 1 4 0 2 1 0
4 0 0 0 1 4 2 2 3 4 1 2
4 2 1 1 2 1 3 1 3 5 2 3
4 0 0 0 0 3 1 2 1 2 2 0
4 0 0 0 1 4 3 1 3 5 2 3
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4 1 0 1 2 0 0 0 0 1 1 0
4 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0
4 0 0 0 0 0 3 1 2 3 1 1
4 2 1 1 2 4 0 3 2 4 1 2
4 0 2 0 1 2 0 1 4 0 0 1
4 1 0 2 1 0 1 1 2 0 3 0
4 2 1 0 2 4 0 3 3 3 1 2
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