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EDUCAMINAS

TAMISI REIS OLIVEIRA

IMPORTÂNCIA DO NEUROPSICÓLOGO E AS FUNÇÕES EXECUTIVAS

MAIRIPORÃ- SÃO PAULO

2022
EDUCAMINAS

TAMISI REIS OLIVEIRA

IMPORTÂNCIA DO NEUROPSICÓLOGO E AS FUNÇÕES EXECUTIVAS

Artigo Científico apresentado à Educaminas,


como parte das exigências para a obtenção do
título de Pós-graduação em Neuropsicologia.

MAIRIPORÃ- SÃO PAULO

2022
IMPORTÂNCIA DO NEUROPSICÓLOGO E AS FUNÇÕES EXECUTIVAS

TAMISI REIS OLIVEIRA

RESUMO

Este trabalho tem como objetivo discutir os cuidados que devem ser tomados com os pacientes com
síndrome disexecutiva, com o objetivo de melhorar sua adaptação a uma nova tarefa e, assim, esperar
uma melhor transferência de seu progresso na vida diária. Apresentaremos primeiro as funções
executivas e as teorias que as modelam, bem como os diferentes meios de avaliá-las. Em seguida,
vamos nos concentrar nos protocolos de reabilitação mais comumente usados. Em segundo lugar,
apresentaremos nosso protocolo e os resultados que observamos. Depois de feita uma análise,
apresentaremos a discussão resultante.

Palavras chave: Neuropsicólogo. Reabilitação. Adaptação.


Introdução

As funções executivas desempenham um papel importante no ajuste do


comportamento humano, especialmente em situações novas ou complexas que
requerem uma adaptação rápida e estruturada. A ocorrência de dano cerebral pode
afetar seu funcionamento. Essas funções cobrem vários processos executivos que
foram objeto de vários estudos, mas ainda não encontraram um consenso unânime
sobre o esquema operacional.
A maioria dos modelos publicados até agora propunha uma organização
dividida das funções executivas, cada uma ativada durante uma tarefa específica.
Assim, com base nessas teorias, uma chamada reabilitação analítica, baseada na
restauração, pôde ser implementada e hoje é utilizada no manejo das síndromes
disexecutivas. Vários estudos têm demonstrado a eficácia desse treinamento,
principalmente em termos de qualidade, mas também em termos da especificidade e
durabilidade da evolução observada nos pacientes.
No entanto, a transferência dessas melhorias para a vida diária tem sido
menos evidenciada. Na verdade, o tipo de tarefas oferecidas aos pacientes é muito
específico e tem pouca semelhança com as situações cotidianas. Existe também outro
tipo de gestão baseada na reorganização e mais focada na metacognição. Esses são
protocolos diferentes, como o treinamento de gerenciamento de metas. Este último
oferece ao paciente um trabalho em etapas que lhe permite organizar sua ação para
controlar os diferentes níveis. O paciente deve, portanto, julgar sua estratégia e sua
eficácia levando em consideração o objetivo a ser alcançado.
Mais recentemente, outros trabalhos demonstraram uma organização unitária
dos processos executivos. As funções executivas não seriam independentes, mas sim
inter-relacionadas e dirigidas por uma única entidade: o córtex pré-frontal. Isso estaria
na origem da adaptação de nosso comportamento e, diante de uma nova tarefa,
geraria por si só um plano de ação que resultaria na ativação deste ou daquele
processo executivo. Essas descobertas lançam uma nova luz sobre o manejo de
síndromes disexecutivas.
Com efeito, se a origem do comportamento executivo não se situa mais ao nível dos
próprios processos, mas sim ao nível de um gestor que decide sobre o plano de ação
a implementar, podemos pensar que a reeducação destes distúrbios seria ser
igualmente eficaz se treinar o paciente para traçar estratégias sobre uma nova tarefa.
Assim, afetaria a origem do funcionamento executivo.

Desenvolvimento

A noção de funções executivas é um conceito polimórfico que cobre um


conjunto de processos neuropsicológicos de alto nível necessários para o
planejamento, iniciação, regulação e verificação de comportamentos complexos e
finalizados. Eles se referem a um conjunto de processos cognitivos cujo papel
principal é facilitar a adaptação do sujeito a situações novas ou complexas,
especialmente quando rotinas de ação super-aprendidas ou habilidades cognitivas
não podem ser suficientes. (CAPOVILLA, 2008)
Com efeito, enquanto a maior parte das nossas atividades diárias podem ser
realizadas de forma rotineira e sem atenção especial, um grande número de situações
requer a intervenção de mecanismos de controle para produzir um comportamento
eficaz e adaptado ao contexto. Uma das principais dificuldades desta definição é
circunscrever o âmbito das tarefas ou situações que podem ou não estar incluídas no
âmbito deste conceito. apresenta oito situações e critérios que normalmente envolvem
funções executivas (CAPOVILLA, 2008):

- Critério de novidade que requer controle executivo quando o indivíduo não possui
planos de ação ou rotinas na memória. Observe que uma tarefa complexa não requer
necessariamente controle executivo, principalmente se essa tarefa já for conhecida,
automatizada pelo sujeito e não requer controle atencional;

- Busca deliberada de informações na memória, ou seja, uma busca ativa e planejada


de informações específicas, em oposição à recuperação automática de informações
na memória de longo prazo;

- Alocação de recursos atencionais, para passar de uma sequência de


comportamentos a outra de acordo com as demandas do ambiente;

- Inibição da produção de respostas inadequadas em um determinado contexto;


- Coordenação da execução simultânea de duas tarefas e controle dos requisitos
específicos de cada uma delas; - Acompanhamento da ação para detectar e corrigir
erros, modificar um plano quando se verificar que não vai dar o resultado esperado,
identificar oportunidades para atingir um objetivo mais favorável e, se necessário,
colocar em prática uma nova ação;

- Manutenção da atenção sustentada por longos períodos de tempo, o que ajuda a


controlar o desdobramento de longas sequências de comportamento;

- Acessibilidade à consciência, ao contrário dos processos não executivos. Esses


critérios não precisam necessariamente estar presentes simultaneamente para apelar
às funções executivas. Assim, mesmo que o critério da novidade muitas vezes seja
considerado essencial pela maioria dos autores, ele não está necessariamente
presente nas tarefas que envolvem a busca deliberada de informações na memória
ou que requerem a manutenção de diferentes níveis de alocações.
As funções executivas são a base de comportamentos sociais, profissionais e
pessoais construtivos e adaptados. Portanto, é compreensível que qualquer
transtorno que afete essas funções superiores gere consequências significativas tanto
no nível estritamente cognitivo quanto no comportamento como um todo. (ARAÚJO,
2004)
Muitas patologias (acidente vascular cerebral, traumatismo craniano,
demências frontotemporais, subcorticais, demências do tipo Alzheimer), portanto, têm
consequências muito incapacitantes na vida diária (apatia, desinibição, distração,
digressões, abulia, inércia, labilidade emocional, etc.). Esses transtornos executivos
são agrupados sob o termo síndrome disexecutiva, agora preferido ao da síndrome
frontal, em particular porque distúrbios dessas funções também foram observados em
pacientes com lesões não frontais. Assim, a abordagem anátomo-clínica evoluiu para
uma abordagem funcional que tenta determinar as operações cognitivas envolvidas e
sua arquitetura. (ARGOLLO, 2008)
A interpretação dos déficits executivos foi feita com base em diferentes
modelos, como a teoria da síndrome frontal de Luria, o modelo de controle da atenção
de Norman e Shallice (1980), a memória de trabalho de Baddeley (1986), a teoria dos
marcadores somáticos na apraxia frontal. Esses primeiros estudos forneceram uma
visão unitária das funções executivas, fosse o sistema de atenção e supervisão de
Shallice ou o administrador central de Baddeley. Mas, já em 1996, Baddeley propôs
uma divisão do administrador central do modelo de memória de trabalho em quatro
componentes: foco da atenção, divisão da atenção, deslocamento da atenção e a
conexão entre a memória de trabalho e a memória de longo prazo. Em um trabalho
mais recente, Miyake et al (2000) tentaram determinar até que ponto certas funções
executivas podem ser consideradas independentes, a fim de desenvolver uma teoria
válida sobre a organização das funções executivas e seu papel em tarefas cognitivas
complexas. Os autores observaram que as correlações fracas entre os diferentes
processos executivos podem ser devidas à falta de clareza quanto à análise das
funções executivas no desempenho de tarefas complexas.
Os autores concentram-se nas três funções mais frequentemente citadas na
literatura: - deslocamento entre diferentes conjuntos cognitivos, permitindo a
passagem voluntária de um processo cognitivo para outro, - manutenção e atualização
de informações na memória de trabalho, permitindo que o conteúdo da memória de
trabalho ser modificada em função de novas entradas, - inibição de respostas
dominantes, tornando possível descartar informações ou respostas irrelevantes.
(ARGOLLO, 2008)
Esses mecanismos são relativamente circunscritos e podem ser definidos
com bastante precisão, ao contrário, por exemplo, do planejamento. Os autores
investigaram até que ponto essas funções são separáveis ou, ao contrário, constituem
diferentes facetas de um único processo abrangente dentro das funções executivas.
Os resultados de seu estudo mostram uma correlação relativa entre essas três
funções. Eles podem ser separados, mas têm bases comuns. Esses resultados,
portanto, confirmam parcialmente as observações clínicas que mostram a existência
de dissociações de funções executivas em pacientes com lesão cerebral e apoiam a
teoria do fracionamento do sistema de supervisão atencional de Shalice e Burgess e
do administrador central de Baddeley. (ARAÚJO, 2004)
Questionando as ligações que esses três mecanismos parecem ter entre eles,
há propôs duas explicações: - a memória de trabalho seria um dos elementos que
ligariam essas três funções; - Atenção também é necessária em todas as situações
que requerem processos controlados (seleção de informações e resistência a
distratores, manutenção de metas, etc.). Além disso, não foi encontrada nenhuma
correlação entre uma tarefa dupla e essas três funções. Eles então levantam a
hipótese de que a atenção dividida chamaria outra função executiva que é bastante
diferente das três anteriores e que ainda não foi identificada. Embora essa abordagem
analítica tenha ajudado a avançar nosso conhecimento do funcionamento executivo,
seus limites são agora conhecidos, pois alguns pacientes podem apresentar distúrbios
de conduta social em particular, na ausência de um déficit de flexibilidade, por
exemplo, em testes tradicionais. (COUTINHO, 2007)
Assim, esses modelos não são mais suficientes para explicar todos os déficits
cognitivos apresentados por pacientes com lesão cerebral, nem a forma como os
indivíduos constroem seu plano de ação. Para superar essas deficiências, outros tipos
de modelos teóricos de funcionamento executivo têm sido desenvolvidos, em
particular modelos representacionais que, ao contrário dos anteriores, colocam no
cerne de sua arquitetura a regulação de comportamentos complexos, sejam sociais
ou não, a noção de esquemático. representação.

Teorias globais

Os modelos globais desenvolvem esquemas mais atraentes para explicar a


diversidade de déficits cognitivos apresentados por pacientes com lesão cerebral e a
maneira como indivíduos saudáveis planejam suas ações. Duncan (2001), em seu
modelo de codificação adaptativa, propõe que o córtex pré-frontal contém um espaço
operacional temporário que pode, dependendo da tarefa e do contexto, gerar memória
de trabalho, atenção seletiva e / ou inibição. Allain e Le Gall (2008) também
expressaram reservas sobre os modelos analíticos. Não os rejeitando, entretanto, eles
propõem a ideia de um modelo mais abrangente das funções do córtex pré-frontal.
Dois outros trabalhos em particular descreveram essa ideia, segundo a qual as
funções executivas são, de fato, compostas de processos que, entretanto, não estão
na origem da mobilização do conhecimento, mas sim em sua consequência.
Assim, Grafman (2003) explica que é difícil falar em déficits pré-frontais sem
falar em algum tipo de "biblioteca". Na verdade, o comportamento seria guiado por
uma representação feita de estímulos, e não pelos próprios estímulos. Ele argumenta
que o córtex pré-frontal (CPF) armazena elementos de conhecimento que constituem
um conjunto de eventos (Grafman 1995). Em seu modelo, essas unidades de
conhecimento contêm Structured Event Complexes (SEC). Para gerenciar nosso
comportamento cognitivo, existem SECs especiais, a Unidade de Conhecimento
Gerencial (UCG).
Eles estão envolvidos no planejamento de ações, comportamento social e
gestão do conhecimento. Os UCG’s são compostos por vários eventos que, quando
colocados juntos, formam uma unidade de conhecimento como um plano ou um
diagrama. Eles podem ser ativados simultaneamente porque alguns estão aninhados
um dentro do outro. Cada UCG reage a um evento inicial que contém a estrutura, a
meta a ser alcançada e as ações necessárias para isso. Finalmente, há um último
evento que faz com que o UCG seja desativado. Grafman também especifica que os
UCG são ordenados de forma hierárquica, com no topo os UCG relativos a novas
situações, depois os UCG independentes do contexto (eles se relacionam a
comportamentos específicos). Finalmente, no nível mais baixo, os UCGs são
compostos de representações menores, como regras de uso, respostas condicionais,
procedimentos, habilidades. Observe que quanto mais frequentemente esses UCGs
são usados, mais baixo é o seu limite de ativação.

Reabilitação

Em primeiro lugar, recorde-se a definição de reabilitação de acordo com a


Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência elaborada pela ONU.
Trata-se de capacitar as pessoas com deficiência a alcançar e manter o máximo de
autonomia, a realizar todo o seu potencial físico, mental, social e profissional e a atingir
a integração e a participação plena em todos os aspectos da vida”. Em uma adaptação
de sua meta-análise, aponta que o cuidado holístico abrangente pode melhorar a
reintegração da comunidade, a independência funcional e a produtividade. O objetivo
do gerenciamento cognitivo é melhorar o aspecto funcional, restaurando padrões de
comportamento previamente aprendidos ou estabelecendo novos modelos
compensatórios (Harley et al. 1992). Para isso, existem em particular dois métodos
globais que podem ser encontrados nos métodos de reabilitação: restauração e
reorganização.
As diferentes abordagens de reabilitação foram analisadas e avaliadas
estatisticamente. Incluindo para cada área, as reabilitações tradicionalmente
implementadas e a sua eficácia. Vários programas de reabilitação provaram sua
eficácia nos últimos anos. Estes são baseados em particular no treinamento específico
das funções cognitivas. Esses métodos são baseados em modelos analíticos de
organização das funções executivas (Baddeley, Miyake, etc.) propondo uma
organização unitária dessas funções. A eficácia dos diferentes métodos de
restauração foi medida em particular no contexto da primeira meta-análise. O objetivo
é extrair recomendações de tratamento em diversas áreas, incluindo a reabilitação de
déficits de atenção, memória e funcionamento executivo. É baseado em vários
estudos que têm demonstrado a eficácia da gestão desses processos.

Conclusão

Queríamos poder observar se o progresso deles era igual ao observado após


o tratamento convencional e se esse progresso poderia ser generalizado na vida
diária. De fato, vimos uma progressão nesses pacientes, tanto analiticamente quanto
globalmente.
É importante notar, mesmo assim, que a progressão nos testes
neuropsicológicos dos pacientes foi mais evidente após um período de reabilitação
clássica. Parece, portanto, que os cuidados comumente utilizados pelos
fonoaudiólogos são essenciais e eficazes, porém, podemos dizer que seria
interessante para o paciente poder se beneficiar de um cuidado como o instituído em
nosso protocolo.
De fato, os sujeitos foram capazes de relatar os efeitos da terapia na
transferência para suas atividades diárias muitas vezes. Os efeitos de duas ou mais
terapias parecem ser complementares e permitem que o paciente progrida
analiticamente e globalmente. Essas observações, entretanto, merecem ser
aprofundadas, pois nosso protocolo só poderia ser oferecido a dois pacientes e um
estudo maior objetivaria melhor os efeitos.

REFERÊNCIAS
ARAÚJO, C. (2004). Avaliação neuropsicológica das disfunções executivas. Em:
Sociedade Brasileira de Neuropsicologia. (2004). Temas multidisciplinares de
neuropsicologia e aprendizagem (pp. 209-216). São Paulo: Robe.

ARGOLLO, N. (2008). Avaliação Neuropsicológica da discalculia do desenvolvimento


com o Nepsy II: avaliação neuropsicológica do desenvolvimento. In A. Sennyey, F. C.
Capovilla & J. M. Montiel (Orgs.), Transtornos de Aprendizagem: da avaliação à
reabilitação (pp. 115-124). SP: Artes Médicas.

BAHIENSE, Raquel. Comunicação escrita: orientações para redação. 4. ed. Rio de


Janeiro: Senac Nacional, 2011.

CAPOVILLA, A. G. S., & Dias, N. M. (2008). Desenvolvimento de habilidades


atencionais em estudantes da 1ª à 4ª série do ensino fundamental e relação com
rendimento escolar. Psicopedagogia, 25(78), 198-211.

COUTINHO, G., Mattos, P., Araújo, C., & Duschene, M. (2007). Transtorno do déficit
de atenção e hiperatividade: contribuição diagnóstica de avaliação computadorizada
de atenção visual.Revista Psiquiatria Clínica, 34(5), 215-222.

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