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EDUCAMINAS

NOME COMPLETO DO AUTOR

IMPORTÂNCIA DO NEUROPSICÓLOGO E AS FUNÇÕES EXECUTIVAS

CIDADE - ESTADO

2022
EDUCAMINAS

NOME COMPLETO DO AUTOR

IMPORTÂNCIA DO NEUROPSICÓLOGO E AS FUNÇÕES EXECUTIVAS

Artigo Científico apresentado à Educaminas,


como parte das exigências para a obtenção
do título de Pós-graduação em Psicologia.

CIDADE - ESTADO

2022
IMPORTÂNCIA DO NEUROPSICÓLOGO E AS FUNÇÕES EXECUTIVAS

Nome Completo do Autor

RESUMO

Este trabalho tem como objetivo discutir os cuidados que devem ser tomados com os pacientes com
síndrome disexecutiva, com o objetivo de melhorar sua adaptação a uma nova tarefa e, assim,
esperar uma melhor transferência de seu progresso na vida diária. Apresentaremos primeiro as
funções executivas e as teorias que as modelam, bem como os diferentes meios de avaliá-las. Em
seguida, vamos nos concentrar nos protocolos de reabilitação mais comumente usados. Em segundo
lugar, apresentaremos nosso protocolo e os resultados que observamos. Depois de feita uma análise,
apresentaremos a discussão resultante.

Palavras chave: Neuropsicólogo. Reabilitação. Adaptação.


Introdução

As funções executivas desempenham um papel importante no ajuste do


comportamento humano, especialmente em situações novas ou complexas que
requerem uma adaptação rápida e estruturada. A ocorrência de dano cerebral pode
afetar seu funcionamento. Essas funções cobrem vários processos executivos que
foram objeto de vários estudos, mas ainda não encontraram um consenso unânime
sobre o esquema operacional.
A maioria dos modelos publicados até agora propunha uma organização
dividida das funções executivas, cada uma ativada durante uma tarefa específica.
Assim, com base nessas teorias, uma chamada reabilitação analítica, baseada na
restauração, pôde ser implementada e hoje é utilizada no manejo das síndromes
disexecutivas. Vários estudos têm demonstrado a eficácia desse treinamento,
principalmente em termos de qualidade, mas também em termos da especificidade e
durabilidade da evolução observada nos pacientes.
No entanto, a transferência dessas melhorias para a vida diária tem sido
menos evidenciada. Na verdade, o tipo de tarefas oferecidas aos pacientes é muito
específico e tem pouca semelhança com as situações cotidianas. Existe também
outro tipo de gestão baseada na reorganização e mais focada na metacognição.
Esses são protocolos diferentes, como o treinamento de gerenciamento de metas.
Este último oferece ao paciente um trabalho em etapas que lhe permite organizar
sua ação para controlar os diferentes níveis. O paciente deve, portanto, julgar sua
estratégia e sua eficácia levando em consideração o objetivo a ser alcançado.
Mais recentemente, outros trabalhos demonstraram uma organização
unitária dos processos executivos. As funções executivas não seriam
independentes, mas sim inter-relacionadas e dirigidas por uma única entidade: o
córtex pré-frontal. Isso estaria na origem da adaptação de nosso comportamento e,
diante de uma nova tarefa, geraria por si só um plano de ação que resultaria na
ativação deste ou daquele processo executivo. Essas descobertas lançam uma nova
luz sobre o manejo de síndromes disexecutivas.
Com efeito, se a origem do comportamento executivo não se situa mais ao nível dos
próprios processos, mas sim ao nível de um gestor que decide sobre o plano de
ação a implementar, podemos pensar que a reeducação destes distúrbios seria ser
igualmente eficaz se treinar o paciente para traçar estratégias sobre uma nova
tarefa. Assim, afetaria a origem do funcionamento executivo.

Desenvolvimento

A noção de funções executivas é um conceito polimórfico que cobre um


conjunto de processos neuropsicológicos de alto nível necessários para o
planejamento, iniciação, regulação e verificação de comportamentos complexos e
finalizados. Eles se referem a um conjunto de processos cognitivos cujo papel
principal é facilitar a adaptação do sujeito a situações novas ou complexas,
especialmente quando rotinas de ação super-aprendidas ou habilidades cognitivas
não podem ser suficientes. (CAPOVILLA, 2008)
Com efeito, enquanto a maior parte das nossas atividades diárias podem ser
realizadas de forma rotineira e sem atenção especial, um grande número de
situações requer a intervenção de mecanismos de controle para produzir um
comportamento eficaz e adaptado ao contexto. Uma das principais dificuldades
desta definição é circunscrever o âmbito das tarefas ou situações que podem ou não
estar incluídas no âmbito deste conceito. apresenta oito situações e critérios que
normalmente envolvem funções executivas (CAPOVILLA, 2008):

- Critério de novidade que requer controle executivo quando o indivíduo não possui
planos de ação ou rotinas na memória. Observe que uma tarefa complexa não
requer necessariamente controle executivo, principalmente se essa tarefa já for
conhecida, automatizada pelo sujeito e não requer controle atencional;

- Busca deliberada de informações na memória, ou seja, uma busca ativa e


planejada de informações específicas, em oposição à recuperação automática de
informações na memória de longo prazo;

- Alocação de recursos atencionais, para passar de uma sequência de


comportamentos a outra de acordo com as demandas do ambiente;
- Inibição da produção de respostas inadequadas em um determinado contexto;

- Coordenação da execução simultânea de duas tarefas e controle dos requisitos


específicos de cada uma delas; - Acompanhamento da ação para detectar e corrigir
erros, modificar um plano quando se verificar que não vai dar o resultado esperado,
identificar oportunidades para atingir um objetivo mais favorável e, se necessário,
colocar em prática uma nova ação;

- Manutenção da atenção sustentada por longos períodos de tempo, o que ajuda a


controlar o desdobramento de longas sequências de comportamento;

- Acessibilidade à consciência, ao contrário dos processos não executivos. Esses


critérios não precisam necessariamente estar presentes simultaneamente para
apelar às funções executivas. Assim, mesmo que o critério da novidade muitas
vezes seja considerado essencial pela maioria dos autores, ele não está
necessariamente presente nas tarefas que envolvem a busca deliberada de
informações na memória ou que requerem a manutenção de diferentes níveis de
alocações.
As funções executivas são a base de comportamentos sociais, profissionais
e pessoais construtivos e adaptados. Portanto, é compreensível que qualquer
transtorno que afete essas funções superiores gere consequências significativas
tanto no nível estritamente cognitivo quanto no comportamento como um todo.
(ARAÚJO, 2004)
Muitas patologias (acidente vascular cerebral, traumatismo craniano,
demências frontotemporais, subcorticais, demências do tipo Alzheimer), portanto,
têm consequências muito incapacitantes na vida diária (apatia, desinibição,
distração, digressões, abulia, inércia, labilidade emocional, etc.). Esses transtornos
executivos são agrupados sob o termo síndrome disexecutiva, agora preferido ao da
síndrome frontal, em particular porque distúrbios dessas funções também foram
observados em pacientes com lesões não frontais. Assim, a abordagem anátomo-
clínica evoluiu para uma abordagem funcional que tenta determinar as operações
cognitivas envolvidas e sua arquitetura. (ARGOLLO, 2008)
A interpretação dos déficits executivos foi feita com base em diferentes
modelos, como a teoria da síndrome frontal de Luria, o modelo de controle da
atenção de Norman e Shallice (1980), a memória de trabalho de Baddeley (1986), a
teoria dos marcadores somáticos na apraxia frontal. Esses primeiros estudos
forneceram uma visão unitária das funções executivas, fosse o sistema de atenção e
supervisão de Shallice ou o administrador central de Baddeley. Mas, já em 1996,
Baddeley propôs uma divisão do administrador central do modelo de memória de
trabalho em quatro componentes: foco da atenção, divisão da atenção,
deslocamento da atenção e a conexão entre a memória de trabalho e a memória de
longo prazo. Em um trabalho mais recente, Miyake et al (2000) tentaram determinar
até que ponto certas funções executivas podem ser consideradas independentes, a
fim de desenvolver uma teoria válida sobre a organização das funções executivas e
seu papel em tarefas cognitivas complexas. Os autores observaram que as
correlações fracas entre os diferentes processos executivos podem ser devidas à
falta de clareza quanto à análise das funções executivas no desempenho de tarefas
complexas.
Os autores concentram-se nas três funções mais frequentemente citadas na
literatura: - deslocamento entre diferentes conjuntos cognitivos, permitindo a
passagem voluntária de um processo cognitivo para outro, - manutenção e
atualização de informações na memória de trabalho, permitindo que o conteúdo da
memória de trabalho ser modificada em função de novas entradas, - inibição de
respostas dominantes, tornando possível descartar informações ou respostas
irrelevantes. (ARGOLLO, 2008)
Esses mecanismos são relativamente circunscritos e podem ser definidos
com bastante precisão, ao contrário, por exemplo, do planejamento. Os autores
investigaram até que ponto essas funções são separáveis ou, ao contrário,
constituem diferentes facetas de um único processo abrangente dentro das funções
executivas. Os resultados de seu estudo mostram uma correlação relativa entre
essas três funções. Eles podem ser separados, mas têm bases comuns. Esses
resultados, portanto, confirmam parcialmente as observações clínicas que mostram
a existência de dissociações de funções executivas em pacientes com lesão
cerebral e apoiam a teoria do fracionamento do sistema de supervisão atencional de
Shalice e Burgess e do administrador central de Baddeley. (ARAÚJO, 2004)
Questionando as ligações que esses três mecanismos parecem ter entre
eles, há propôs duas explicações: - a memória de trabalho seria um dos elementos
que ligariam essas três funções; - Atenção também é necessária em todas as
situações que requerem processos controlados (seleção de informações e
resistência a distratores, manutenção de metas, etc.). Além disso, não foi
encontrada nenhuma correlação entre uma tarefa dupla e essas três funções. Eles
então levantam a hipótese de que a atenção dividida chamaria outra função
executiva que é bastante diferente das três anteriores e que ainda não foi
identificada. Embora essa abordagem analítica tenha ajudado a avançar nosso
conhecimento do funcionamento executivo, seus limites são agora conhecidos, pois
alguns pacientes podem apresentar distúrbios de conduta social em particular, na
ausência de um déficit de flexibilidade, por exemplo, em testes tradicionais.
(COUTINHO, 2007)
Assim, esses modelos não são mais suficientes para explicar todos os
déficits cognitivos apresentados por pacientes com lesão cerebral, nem a forma
como os indivíduos constroem seu plano de ação. Para superar essas deficiências,
outros tipos de modelos teóricos de funcionamento executivo têm sido
desenvolvidos, em particular modelos representacionais que, ao contrário dos
anteriores, colocam no cerne de sua arquitetura a regulação de comportamentos
complexos, sejam sociais ou não, a noção de esquemático. representação.

Teorias globais

Os modelos globais desenvolvem esquemas mais atraentes para explicar a


diversidade de déficits cognitivos apresentados por pacientes com lesão cerebral e a
maneira como indivíduos saudáveis planejam suas ações. Duncan (2001), em seu
modelo de codificação adaptativa, propõe que o córtex pré-frontal contém um
espaço operacional temporário que pode, dependendo da tarefa e do contexto, gerar
memória de trabalho, atenção seletiva e / ou inibição. Allain e Le Gall (2008) também
expressaram reservas sobre os modelos analíticos. Não os rejeitando, entretanto,
eles propõem a ideia de um modelo mais abrangente das funções do córtex pré-
frontal. Dois outros trabalhos em particular descreveram essa ideia, segundo a qual
as funções executivas são, de fato, compostas de processos que, entretanto, não
estão na origem da mobilização do conhecimento, mas sim em sua consequência.
Assim, Grafman (2003) explica que é difícil falar em déficits pré-frontais sem
falar em algum tipo de "biblioteca". Na verdade, o comportamento seria guiado por
uma representação feita de estímulos, e não pelos próprios estímulos. Ele
argumenta que o córtex pré-frontal (CPF) armazena elementos de conhecimento
que constituem um conjunto de eventos (Grafman 1995). Em seu modelo, essas
unidades de conhecimento contêm Structured Event Complexes (SEC). Para
gerenciar nosso comportamento cognitivo, existem SECs especiais, a Unidade de
Conhecimento Gerencial (UCG).
Eles estão envolvidos no planejamento de ações, comportamento social e
gestão do conhecimento. Os UCG’s são compostos por vários eventos que, quando
colocados juntos, formam uma unidade de conhecimento como um plano ou um
diagrama. Eles podem ser ativados simultaneamente porque alguns estão
aninhados um dentro do outro. Cada UCG reage a um evento inicial que contém a
estrutura, a meta a ser alcançada e as ações necessárias para isso. Finalmente, há
um último evento que faz com que o UCG seja desativado. Grafman também
especifica que os UCG são ordenados de forma hierárquica, com no topo os UCG
relativos a novas situações, depois os UCG independentes do contexto (eles se
relacionam a comportamentos específicos). Finalmente, no nível mais baixo, os
UCGs são compostos de representações menores, como regras de uso, respostas
condicionais, procedimentos, habilidades. Observe que quanto mais frequentemente
esses UCGs são usados, mais baixo é o seu limite de ativação.

Reabilitação

Em primeiro lugar, recorde-se a definição de reabilitação de acordo com a


Convenção sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência elaborada pela ONU.
Trata-se de capacitar as pessoas com deficiência a alcançar e manter o máximo de
autonomia, a realizar todo o seu potencial físico, mental, social e profissional e a
atingir a integração e a participação plena em todos os aspectos da vida”. Em uma
adaptação de sua meta-análise, aponta que o cuidado holístico abrangente pode
melhorar a reintegração da comunidade, a independência funcional e a
produtividade. O objetivo do gerenciamento cognitivo é melhorar o aspecto
funcional, restaurando padrões de comportamento previamente aprendidos ou
estabelecendo novos modelos compensatórios (Harley et al. 1992). Para isso,
existem em particular dois métodos globais que podem ser encontrados nos
métodos de reabilitação: restauração e reorganização.
As diferentes abordagens de reabilitação foram analisadas e avaliadas
estatisticamente. Incluindo para cada área, as reabilitações tradicionalmente
implementadas e a sua eficácia. Vários programas de reabilitação provaram sua
eficácia nos últimos anos. Estes são baseados em particular no treinamento
específico das funções cognitivas. Esses métodos são baseados em modelos
analíticos de organização das funções executivas (Baddeley, Miyake, etc.) propondo
uma organização unitária dessas funções. A eficácia dos diferentes métodos de
restauração foi medida em particular no contexto da primeira meta-análise. O
objetivo é extrair recomendações de tratamento em diversas áreas, incluindo a
reabilitação de déficits de atenção, memória e funcionamento executivo. É baseado
em vários estudos que têm demonstrado a eficácia da gestão desses processos.

Conclusão

Queríamos poder observar se o progresso deles era igual ao observado após


o tratamento convencional e se esse progresso poderia ser generalizado na vida
diária. De fato, vimos uma progressão nesses pacientes, tanto analiticamente quanto
globalmente.
É importante notar, mesmo assim, que a progressão nos testes
neuropsicológicos dos pacientes foi mais evidente após um período de reabilitação
clássica. Parece, portanto, que os cuidados comumente utilizados pelos
fonoaudiólogos são essenciais e eficazes, porém, podemos dizer que seria
interessante para o paciente poder se beneficiar de um cuidado como o instituído em
nosso protocolo.
De fato, os sujeitos foram capazes de relatar os efeitos da terapia na
transferência para suas atividades diárias muitas vezes. Os efeitos de duas ou mais
terapias parecem ser complementares e permitem que o paciente progrida
analiticamente e globalmente. Essas observações, entretanto, merecem ser
aprofundadas, pois nosso protocolo só poderia ser oferecido a dois pacientes e um
estudo maior objetivaria melhor os efeitos.
REFERÊNCIAS

ARAÚJO, C. (2004). Avaliação neuropsicológica das disfunções executivas. Em:


Sociedade Brasileira de Neuropsicologia. (2004). Temas multidisciplinares de
neuropsicologia e aprendizagem (pp. 209-216). São Paulo: Robe.       

ARGOLLO, N. (2008). Avaliação Neuropsicológica da discalculia do


desenvolvimento com o Nepsy II: avaliação neuropsicológica do desenvolvimento. In
A. Sennyey, F. C. Capovilla & J. M. Montiel (Orgs.), Transtornos de Aprendizagem:
da avaliação à reabilitação (pp. 115-124). SP: Artes Médicas.       

BAHIENSE, Raquel. Comunicação escrita: orientações para redação. 4. ed. Rio de


Janeiro: Senac Nacional, 2011.

CAPOVILLA, A. G. S., & Dias, N. M. (2008). Desenvolvimento de habilidades


atencionais em estudantes da 1ª à 4ª série do ensino fundamental e relação com
rendimento escolar. Psicopedagogia, 25(78), 198-211.         

COUTINHO, G., Mattos, P., Araújo, C., & Duschene, M. (2007). Transtorno do déficit
de atenção e hiperatividade: contribuição diagnóstica de avaliação computadorizada
de atenção visual.Revista Psiquiatria Clínica, 34(5), 215-222.         

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