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FUNÇÕES

EXECUTIVAS
Profº Doutorando Pablo
Silva de Lima
CONCEITOS
Estão relacionadas, de forma geral, à capacidade do sujeito
de engajar-se em comportamento orientado a objetivos,
ou seja, à realização de ações voluntárias, independentes,
autônomas, auto-organizadas e orientadas para metas
específicas

Estão entre os aspectos mais complexos da


cognição e envolvem seleção de informações,
integração de informações atuais com informações
previamente memorizadas, planejamento,
monitoramento e flexibilidade cognitiva.
As FEs são fundamentais para a adaptação e para a vida
civilizada, pois permitem ao indivíduo refletir sobre si mesmo,
suas habilidades, potencialidades e fraquezas, estabelecer
sequência comportamental ligando objetivo a método e pensar a
respeito do impacto das próprias ações sobre outras pessoas.

VIDA DIÁRIA
Comprometimentos nas FEs aparecem em diversos quadros
clínicos, seja por uma lesão cerebral adquirida, seja por um
transtorno do desenvolvimento do sistema nervoso.

Em tais condições, os pacientes apresentam déficits


importantes em questões de planejamento, solução de
problemas, tomadas de decisão e controle geral de
comportamentos prepotentes e distratores.
São um conjunto de processos mentais que, de forma integrada, permitem
que o indivíduo direcione comportamentos, abandone estratégias
ineficazes, de médio e de longo prazo

Teóricos mais estudados : MIYAKE (2000) e DIAMOND (2013)

Diamond
(2013)

Descrevem três domínios


nucleares das funções
executivas
COMPONENTES DAS FUNÇÕES EXECUTIVAS
CONTROLE INIBITÓRIO
OU INIBIÇÃO DE SWITCHING OU
RESPOSTA FLEXIBILIDADE COGNITIVA

MEMÓRIA OPERACIONAL DEVEMOS


OU DE TRABALHO COMPREENDER AS
(ATUALIZAÇÃO DA FUNÇÕES EXECUTIVAS DE
INFORMAÇÃO) MODO DIMENCIONAL OU
MULTIDIMENCIONAL

SÃO HABILIDADES MAIS FREQUENTEMENTE


ENCONTRADAS E MENCIONADOS EM ESTUDOS
FE – TERMO GUARDA CHUVA
controle tomada de flexibilidade
Planejamento
inibitório decisão cognitiva

memória
Atenção Categorização Fluência
operacional

criatividade.
ENTÃO AS FUNÇÕES
EXECUTIVAS NÃO IRÃO
SE RELACIONAR COM AS
QUESTÕES
AFETIVAS/EMOCIONAIS?
Damásio (1994) e (1996)

Integração do
Interagindo com
funcionamento
aspectos afetivos-
executivo e ativação
emocionais.
do SNA
COM O AVANÇO NAS PESQUISAS...

Zelazo et al • QUENTE E FRIAS


(2005), propõe • Frias – relacionadas mais ao córtex pre-
frontal lateral
a dicotomia • Quentes – relacionadas circuito
entre funções orbitofrontal e regiões mediais –
executivas phinas gage
RUSSELL BARKLEY
Compreende a funções executivas como capacidade de
autorregulação

Comportamentos autodirecionados para modificar um


comportamento

Conceito de Self
PROCESSAMENTO
DAS
FE
CORRELATO NEUROBIOLÓGICO
NEUROBIOLOGIA E GENÉTICA
Sabe-se, por exemplo, que os sistemas monoaminérgicos (dopamina,
noradrenalina e serotonina) modulam fortemente o córtex pré-frontal e
influenciam aspectos específicos das FEs de forma sinérgica (Robbins &
Roberts, 2007).

Dessas monoaminas, a serotonina e a dopamina são particularmente


importantes para as FEs (Barnes et al., 2011). Alguns dos genes comumente
associados ao funcionamento executivo são: DAT1, DRD4, COMT, MAO-A, 5-
HTT e 5-HTTLPR.
VAMOS ESTUDAR ...

CONTROLE MEMÓRIA DE FLEXIBILIDADE


INIBITORIO TRABALHO COGNITIVA
CONTROLE INIBITÓRIO
O controle inibitório (uma das principais FEs) envolve a capacidade de controlar
a atenção, o comportamento, os pensamentos e/ou as emoções de alguém para
anular uma forte predisposição interna ou atração externa e, em vez disso, fazer
o que é mais apropriado ou necessário.

Sem o controle inibitório estaríamos à mercê de impulsos, velhos hábitos de


pensamento ou ação (respostas condicionadas) e/ou estímulos do ambiente
que nos puxam para um lado ou para o outro.

Assim, o controle inibitório nos permite mudar e escolher como reagimos e


como nos comportamos, em vez de sermos criaturas impensadas de hábitos.
O controle inibitório da atenção (controle de interferência no nível da
percepção) nos permite atender seletivamente, focando no que
escolhemos e suprimindo a atenção a outros estímulos.

Precisamos dessa atenção seletiva em um coquetel quando queremos


filtrar todas as vozes, exceto uma.

Um estímulo saliente, como um movimento visual ou um ruído alto, atrai


nossa atenção, quer queiramos ou não.
Também podemos optar voluntariamente por ignorar (ou inibir a
atenção a) determinados estímulos e atender a outros com base em
nosso objetivo ou intenção.

Além de ser chamada de atenção seletiva ou focada, isso tem sido


denominado controle atencional ou inibição atencional.
Outro aspecto do controle de interferência é a supressão de
representações mentais prepotentes (inibição cognitiva).

Isso envolve resistir a pensamentos ou memórias estranhas ou


indesejadas, incluindo o esquecimento intencional (Anderson & Levy
2009), resistindo à interferência proativa de informações adquiridas
anteriormente (Postle et ai. 2004), e resistindo à interferência retroativa de
itens apresentados posteriormente.

A inibição cognitiva geralmente serve para auxiliar a MO


IMPULSIVIDADE...
O autocontrole é o aspecto do controle inibitório que envolve o controle sobre o
próprio comportamento e o controle sobre as próprias emoções a serviço do
controle do próprio comportamento.

Autocontrole é resistir às tentações e não agir impulsivamente.

A tentação resistida pode ser entregar-se a prazeres quando não se deve (por
exemplo, entregar-se a uma aventura romântica se for casado ou comer doces se
estiver tentando perder peso), exagerar ou desviar-se do caminho estreito e estreito.
(por exemplo, trapacear ou roubar).

Ou a tentação pode ser reagir impulsivamente (por exemplo, rebater reflexivamente


alguém que feriu seus sentimentos) ou fazer ou pegar o que você quer sem levar em
conta as normas sociais (por exemplo, entrar na fila ou agarrar o brinquedo de outra
criança).
Outro aspecto do autocontrole é ter disciplina para permanecer na tarefa
apesar das distrações e concluí-la apesar das tentações de desistir, de
passar para um trabalho mais interessante ou de se divertir.

Isso envolve obrigar-se a fazer algo ou manter-se em algo, embora prefira


fazer outra coisa.

Está relacionado ao aspecto final do autocontrole - adiar a gratificação


(Mischel et ai. 1989) — obrigando-se a abrir mão de um prazer imediato
em troca de uma recompensa maior mais tarde.
MEMÓRIA OPERACIONAL / TRABALHO
Difere da memória de curto prazo por ir além do simples
armazenamento de informações.

A proposta de Baddeley e Hitch está dentre as mais


proeminentes e ultilizadas

Modelo chamado de executivo central


EXECUTIVO CENTRAL
Neste modelo, a memória operacional ou de trabalho é
compreendida como um sistema de capacidade limitada que
permite a armazenamento temporário e a manipulação de
informações necessários para o desempenho em tarefas
complexas.

Ou dito de outra forma, trabalhar com informações que não


estão mais presentes na percepção
MT VERBAL/NÃO VERBAL
Fazer qualquer conta matemática em sua cabeça requer MT,
assim como reordenar itens mentalmente (como reorganizar
uma lista de tarefas), traduzir instruções em planos de ação,
incorporar novas informações em seu pensamento ou planos de
ação (atualização), considerar alternativas e relacionar
mentalmente informações para derivar um princípio geral ou
para ver relações entre itens ou ideias.

O raciocínio não seria possível sem MT.


MT depende mais do córtex pré-frontal dorsolateral, enquanto
manter a informação em mente, mas não manipulá-la [desde
que o número de itens não seja grande (supralimiar)] não
precisa do envolvimento do córtex pré-frontal dorsolateral
O controle
A memória de
inibitório suporta
trabalho suporta o
a memória de
controle inibitório.
trabalho.
Você deve manter seu objetivo em mente para saber o que é
relevante ou apropriado e o que inibir.

Concentrando-se especialmente nas informações que tem em


mente, você aumenta a probabilidade de que essas
informações guiem seu comportamento e diminui a
probabilidade de um erro inibitório
O controle inibitório também pode auxiliar o WM, ajudando a
evitar que nosso espaço de trabalho mental fique muito confuso,
suprimindo pensamentos estranhos (ou seja, eliminando
informações irrelevantes do espaço de trabalho do WM),
resistindo à interferência proativa, excluindo informações não
mais relevantes dessa capacidade limitada área de trabalho
(Hasher & Zacks 1988,Zacks & Hasher 2006).
FLEXIBILIDADE COGNITIVA
Se baseia nos outros dois (MT e CI) e vem
muito mais tarde no desenvolvimento.

Um aspecto da flexibilidade cognitiva é ser capaz


de mudar as perspectivas espacialmente (por
exemplo, “Como seria se eu visse de uma direção
diferente?”) ou interpessoal (por exemplo, “Deixe-
me ver se consigo ver isso do seu ponto de vista).
Para mudar as perspectivas, precisamos inibir (ou desativar) nossa
perspectiva anterior e carregar no WM (ou ativar) uma perspectiva
diferente.

É nesse sentido que a flexibilidade cognitiva requer e se baseia no


controle inibitório e na MO.

Outro aspecto da flexibilidade cognitiva envolve mudar a forma como


pensamos sobre algo (pensar fora da caixa). Por exemplo, se uma maneira
de resolver um problema não está funcionando, podemos encontrar uma
nova maneira de atacá-la ou concebê-la que não tenha sido considerada
antes?
A flexibilidade cognitiva
também envolve ser
flexível o suficiente para
Suponha que você
se ajustar a novas
esteja planejando fazer
demandas ou
X , mas surgiu uma
prioridades, para
oportunidade incrível
admitir que você estava
de fazer Y : Você tem
errado e para tirar
flexibilidade para
proveito de
aproveitar o acaso?
oportunidades
repentinas e
inesperadas.
Annual Reviews
PORQUE AVALIAR
FUNÇÕES EXECUTIVAS?
São pertinentes não apenas
Orientam comportamentos a cognição, mas habilidades
Permitem o monitoramento
fundamentais a situações de fundamentais ao
e a regulação destes
aprendizagem e desempenho nós domínios
comportamentos
funcionamento cotidiano cognitivos comportamentais
e socioemocional

Soluções de problemas de
Interações sociais
ordem social
DESENVOLVIMENTO
Entre 3 e 7 anos, há rápido e estável desenvolvimento dessas habilidades, incluindo inibição,
alternância, abstração e flexibilidade mental (Jacques & Zelazo,2001; Smidts, Jacobs & Anderson,
2004).

No período pré-escolar, as FEs continuam com seu rápido desenvolvimento. Tarefas de memória
de curto prazo (um subcomponente da memória operacional)se desenvolvem de maneira linear
dos 12 aos 36 meses (Alp, 1994).

Aos 3 anos, já é possível observar melhor desempenho em tarefas de memória operacional em si


(Hughes, 1998).

3 aos 5 anos para as habilidades de controle inibitório, flexibilidade cognitiva, postergação do


reforço e tomada de decisão.

Em tarefas de postergação do reforço, crianças de 4 anos já conseguem apresentar um padrão de


escolha menos imediatista (Mischel, Shoda, & Rodriguez, 1989).
Na adolescência, estão presentes aumento da impulsividade,
falha no controle inibitório e padrão de escolhas mais
imediatistas.
Os circuitos que envolvem conexões entre o cíngulo anterior e
estruturas subcorticais, quando comprometidos, geralmente
promovem manifestações comportamentais como apatia,
desmotivação, dificuldade no controle atencional e desinibição
de respostas instintivas.
Já o acometimento no
circuito envolvendo a
região dorsolateral
pré-frontal resulta em
dificuldades cognitivas
relacionadas a
estabelecimento de
metas, planejamento e
solução de problemas,
memória operacional,
monitoração da
aprendizagem e
atenção, flexibilidade
cognitiva, abstração e
julgamento.
lesões envolvendo os
circuitos pré-frontais
orbitofrontais são
marcados por alterações
abruptas da
personalidade e do
comportamento,
estando presentes
dificuldades em inibir
comportamentos
impróprios e tomar
decisões que impliquem
suprimir tendências
imediatistas e considerar
consequências de longo
prazo.
REFERÊNCIAS
Diamond A. (2013). Executive functions. Annual review of psychology, 64, 135–168.
https://doi.org/10.1146/annurev-psych-113011-143750

Associação, AP (2023). Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais -


DSM-5-TR: Texto Revisado (5ª ed.). Grupo A.
https://app.minhabiblioteca.com.br/books/9786558820949

Malloy-Diniz, Leandro F. Avaliação neuropsicológica. Disponível em: Minha Biblioteca,


(2nd edição). Grupo A, 2018.

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