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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ – UECE

PRÓ-REITORIA DE GRADUAÇÃO - PROGRAD


CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE – CCS
CURSO DE TERAPIA OCUPACIONAL

DISCIPLINA NEUROCIÊNCIA APLICADA À REABILITAÇÃO

Atividade para NPC 1: Resenha do Artigo “Neuroplasticidade, variação interindividual


e recuperação funcional em neuropsicologia”

Docente: Prof.° Carlos Hermano da Justa Pinheiro

Aluna: Kalyne Luise Alencar Soares Cardoso

Como foi visto no artigo “Neuroplasticidade, variação interindividual e


recuperação funcional em neuropsicologia” o trabalho buscou revisar modelos
conceituais sobre os mecanismos de lesão e recuperação funcional após lesões do
sistema nervoso central, explorando suas implicações para a reabilitação
neuropsicológica a partir de uma perspectiva dinâmica da correlação estrutura-
função no cérebro.

A neuroplasticidade pode ser definida como a capacidade do sistema nervoso


modificar sua estrutura e função em decorrência dos padrões de experiência De
acordo com Dennis (2000) a neuroplasticidade pode ser concebida e avaliada a
partir de uma perspectiva estrutural (configuração sináptica) ou funcional
(modificação do comportamento).

Todo o processo de reabilitação neuropsicológica, assim como as psicoterapias de


um modo geral (vide Kandel, 1998, 1999) se baseiam na convicção de que o cérebro
humano é um órgão dinâmico e adaptativo, capaz de se reestruturar em função de
novas exigências ambientais ou das limitações funcionais impostas por lesões
cerebrais.
1. Concepções dinâmicas sobre neuroplasticidade e organização
neurofuncional

É fato que a unidade funcional do sistema nervoso não é mais centrada no neurônio
mas concebida como uma imensao rede de conexões sináptica entres unidades
neuronais, além de células gliais, que podem ser modificáveis em função da
experiência individual, ou seja, do nível de atividade e do tipo de estimulação
recebida. A reabilitação neuropsicológica assim como qualquer processo
psicoterápico, pode ser tratada como uma forma de aprendizagem.

Uma representação psicológica desse processo pode ser representada de como o


cérebro humano pode funcionar, é dada pelas redes neurais conexionistas.
Trabalhos de diferentes pesquisadores mostram que o mapeamento de diversas
partes do corpo no córtex sensorial primário de primatas não humanos pode ser
modificado em função de lesões ou de experiências de aprendizagem. O mesmo
tipo de evidência foi obtido com seres humanos, o que indica que a aquisição de
determinadas habilidades sensoriais ou motoras, bem como amputação de partes do
corpo, podem induzir o remapeamento destes órgãos ao nível do córtex sômato-
motor.

Foram realizados trabalhos na Universidade de Munique, que desde a década de 70


indicam que a estimulação visual seletiva e específica pode reverter quadros de
perda das funções visuais relacionados a hemianopsias. Isso pode mostrar que o
cérebro humano parece apresentar uma capacidade plástica e de recuperação
funcional muito maior do que anteriormente suspeitada.

É importante ressaltar que o papel dos microcomputadores é importante quando


falamos dos mecanismos de neuroplasticidade nos processos de reabilitação, dando
a possibilidade de controlar automaticamente o oferecimento de estímulos e o
registro das respostas obtidas. Tendo em vista que essas novas abordagens
possibilitam uma nova perspectiva do sistema nervoso como um órgão dinâmico
constituindo uma unidade funcional com o corpo e com o ambiente.

É possível dizer que o fenótipo, incluindo o corportamental, é o resultado de um


processo de equilibração entre o genótipo e o ambiente. A atividade do Organismo,
na tentativa de resolver os problemas colocados pelo ambiente, induz modificações
na expressão gênica, individualizando o potencial genético. Da mesma forma, ao
mesmo tempo o organismo modifica o ambiente, procurando adequar as
contingências às suas necessidades.

2. Mecanismos de recuperação funcional após lesões cerebrais

Os modelos de reabilitação em neuropsicologia fundamentam-se nos mecanismos


de recuperação funcional após lesões cerebrais, abordando conceitos como
diasquise, supersensibilidade pós-sináptica, reativação de aferências, restituição por
brotamento regenerativo, representação vicária e substituição comportamental.
Estes mecanismos envolvem processos neurobiológicos complexos, como a sinapse
de Hebb, e podem impactar a recuperação funcional de áreas cerebrais
comprometidas. Além disso, variáveis como sexo, idade, educação e outros fatores
individuais influenciam o prognóstico da recuperação funcional após lesões
cerebrais.

3. Variáveis que afetam a recuperação funcional

É possível observar no artigo que o texto aborda variáveis que influenciam a


recuperação funcional após lesões cerebrais, destacando fatores como a localização
da lesão, extensão e severidade do comprometimento neuropsicológico, etiologia e
curso da patologia, idade de início, tempo decorrido desde o início do quadro,
variações na organização cerebral, condições ambientais, sócio-demográficas, estilo
de vida e fatores agravantes internos ou externos.

Destacando-se a importância da neuroplasticidade na recuperação após lesões


cerebrais adquiridas, ressaltando que fatores individuais, como a localização da
lesão, influenciam significativamente o prognóstico. O autor também menciona a
mudança de conceitos ao longo do tempo, citando evidências recentes que desafiam
ideias antigas, como a recuperação de afasias adquiridas na infância.

O artigo aponta para a complexidade da recuperação em doenças progressivas,


como Alzheimer e Esclerose Múltipla, destacando que intervenções cognitivas e
comportamentais podem melhorar a qualidade de vida. Além disso, fatores como
idade de início, tempo decorrido desde a lesão e condições sócio-demográficas são
considerados na análise do prognóstico do paciente.

A interação entre fatores subjetivos, como percepções do paciente, e o processo de


recuperação é discutida, sugerindo que as intervenções neuropsicológicas devem
começar precocemente. O texto também menciona o papel de fatores agravantes,
como o uso de substâncias e psicopatologia prévia, na complicação do quadro
clínico após lesões cerebrais.

Em resumo, o autor oferece uma visão abrangente e atualizada sobre os fatores que
afetam a recuperação funcional após lesões cerebrais, destacando a importância da
compreensão desses elementos na prática clínica e na implementação de
intervenções eficazes.

4. Modelos conceituais para a reabilitação neuropsicológica

O tópico discute a importância do conhecimento sobre plasticidade sináptica e


recuperação funcional na formulação de princípios e modelos de reabilitação
neuropsicológica. Destaca os três princípios fundamentais de Zangwill: restituição,
substituição e compensação. Aborda o desenvolvimento de compensações por Luria
e as correntes contemporâneas de restituição funcional, como a reabilitação
cognitiva e a neuropsicologia cognitiva.

Menciona os métodos sofisticados e a base teórica sólida da neuropsicologia


cognitiva, ressaltando suas limitações de tempo e mão de obra. Explora os princípios
da reabilitação cognitiva de Sohlberg e Mateer, enfatizando a individualização do
processo. Destaca o uso de técnicas com microcomputadores e evidências de
eficácia na reabilitação de traumatismos cranianos. Aborda a não exclusividade das
abordagens de restituição funcional e compensação, destacando a importância da
avaliação cuidadosa para um plano de reabilitação individualizado.

O texto também menciona o trabalho de Barbara Wilson com sujeitos amnésicos e o


uso de compensações, divididas em internas e externas. Conclui destacando o
papel do terapeuta ao longo do tempo, da esperança inicial de restituição funcional
às estratégias compensatórias para melhorar a qualidade de vida. Apresenta o
modelo SOC de desenvolvimento bem-sucedido na idade adulta como uma
abordagem para otimizar o funcionamento e compensar déficits.

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