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Além disso, a TCC exige uma análise detalhada do comportamento, da cognição e das emoções do
paciente, além de considerar ser fundamental uma determinação precisa dos objetivos do tratamento,
permitindo suposições sobre alterações neuroanatômicas e processos funcionais que ocorrem durante
uma atividade em particular do cérebro. Ou seja, a TCC tem tudo a ver com o entendimento do
funcionamento do nosso cérebro. Por isso, hoje, vamos falar sobre as contribuições das Neurociências
para a Terapia Cognitivo-Comportamental.
As características da TCC a aproxima tanto do campo das Neurociências que pode orientar as pesquisas
para a busca de evidências de correlatos neurobiológicos das mudanças observadas após o tratamento
Cognitivo-Comportamental. Não à toa, o número de estudos empíricos sobre a eficácia da TCC,
mensurada por meio de alterações neurobiológicas, está aumentando constantemente.
A Neurociência, com uma abordagem integrativa e multidisciplinar, surgiu no final dos anos de 1970 pela
necessidade de convergir contribuições de diversas áreas da pesquisa científica e clínicas para
compreensão do funcionamento do sistema nervoso de forma completa.
Os métodos de investigação mais comuns na Neurociência contemporânea são constituídos por meio de
técnicas que possibilitam o estudo morfológico, funcional, preciso, objetivo e replicável do sistema
nervoso central (SNC), periférico (SNP) e autônomo (SNA). Alguns ramos da Neurociência estão mais
relacionados à TCC, como a Neurociência comportamental, a Neurociência cognitiva, a Neurociência do
desenvolvimento e a Neurociência social.
E onde entra o nosso cérebro nessa história? O nosso cérebro é caracterizado por neuroplasticidade –
uma propriedade fundamental, complexa e multifacetada – que o faz ser adaptável às mudanças nas
condições ambientais e internas. É um recurso que possibilita modificar, compensar, gerar e ajustar as
funções neurais fundamentais à vida, como o aprendizado e a memória. As conexões individuais dentro
do cérebro estão constantemente sendo removidas ou recriadas, dependendo, em grande parte, da
forma como são usadas.
Uma das maneiras de o cérebro modificar-se por meio da neuroplasticidade é pela criação de
interconexões entre os neurônios com base em seu disparo simultâneo durante um período de tempo. A
Neurociência tem demonstrado que um comportamento pode ser aprendido e aperfeiçoado pela
experiência, promovendo a formação de novos circuitos neurais e novas memórias, que podem ser
acessadas em ocasiões futuras. Bingo! Estamos diante da grande relação da TCC com a
Neurociência, já que nessa abordagem o terapeuta procura, junto ao paciente, produzir, de várias
formas, uma mudança/flexibilização cognitiva no paciente, de modo que possa viver de uma forma mais
“saudável”, não repetindo padrões indesejáveis.
Vamos simplificar: quanto mais algum tipo de comportamento é utilizado, mais alterações na anatomia e
funções do cérebro podem ocorrer, aumentando, assim, a probabilidade de o mesmo comportamento
ser utilizado novamente. Ou seja, se uma estrutura anatômica cerebral é cada vez mais recrutada em
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19/06/2023, 16:33 Compreenda a relação das Neurociências com a Terapia Cognitivo-Comportamental
algum tipo de comportamento, não haverá competição para o espaço cortical disponível, que será
ocupado pela função mais frequentemente utilizada.
O intercâmbio da TCC com a Neurociência é o diálogo entre mente e cérebro. Podemos considerar
que mente e cérebro são integrados e interdependentes. As pesquisas em Neurociências colaboraram,
então, para potencializar nosso conhecimento sobre as bases neurobiológicas das psicopatologias e da
TCC, assim como em auxiliar no refinamento de intervenções, revelar os circuitos neurais associados à
melhora dos sintomas em decorrência do tratamento bem sucedido com a Terapia Cognitivo-
Comportamental a fim de aumentar a eficácia do tratamento.
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