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05/12/2022 21:23 Descomplica

Reabilitação neuropsicológica:
avanços e perspectivas futuras

N a ciência, há uma pirâmide das evidências científicas, em que a


base representa as evidências mais fracas e o topo, as mais
fortes. Da base ao topo, as evidências seriam: opinião de
experts/estudos com animais/estudos in vitro; relato de caso;
estudos de caso-controle; estudos de coorte; ensaios clínicos
randomizados; revisão sistemática; e metanálise. As revisões sistemáticas
e a metanálise reúnem diferentes evidências de ensaios clínicos e outros
estudos científicos a fim de buscar um denominador comum entre os
resultados, sendo a metodologia que apresenta maior nível de evidência
científica.

Na Psicologia, a primeira revisão foi realizada por Hans Eysenck,


em 1952, com o objetivo de avaliar a eficácia das psicoterapias. Os
resultados não foram promissores e isso incentivou pesquisadores à
produção de novos dados empíricos para sustentar suas hipóteses
teóricas. Desde então, muitos estudos foram propostos e diferentes
metodologias testadas. Nesse ínterim, desenvolveu-se um movimento
dentro da Psicologia que defendia o uso de técnicas e modelos que
fossem asseguradas como evidências científicas de qualidade,
constituindo a “Psicologia Baseada em Evidências”.

As primeiras tentativas de revisar a eficácia desta prática datam de


30 anos, muito embora não tenham apresentado dados fortes devido à
heterogeneidade de metodologias, instrumentos e rigor científico dos
estudos revisados. No século XXI, diversos esforços estão sendo

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conduzidos no sentido de avaliar a eficácia dos diferentes modelos e


abordagens propostos para intervenção cognitiva e neuropsicológica.
Apesar das dificuldades de homogeneizar os resultados, a reabilitação
cognitiva apresentou eficácia estaticamente significativa, sobretudo nas
funções de atenção, memória e funções executivas. Além disso, a
intervenção mostrou-se vantajosa para pacientes se recuperando de
Acidente Vascular Cerebral/Encefálico (AVC/AVE) e Traumatismo
Cranioencefálico (TCE).

As últimas décadas vem presenciando o crescente uso de inovações


tecnológicas na avaliação e reabilitação neuropsicológica, tanto na
neuropsicologia enquanto disciplina básica, quanto na neuropsicológica
clínica, de maneira aplicada. Tais tecnologias vêm auxiliando o
desenvolvimento de estratégias compensatórias e aumentando a validade
ecológica da intervenção neuropsicológica, a partir de situações mais
próximas da realidade super tecnológica em que estamos inseridos.
Contudo, é preciso estar atento ao caso e às necessidades do paciente,
pois há vantagens e desvantagens na utilização de tecnologias na
reabilitação neuropsicológica.

Dentre as principais novidades no campo da intervenção cognitiva, a


estimulação cerebral não-invasiva vem gerando bons resultados. Três
principais técnicas se destacam, sendo elas: a Estimulação Magnética
Transcraniana (EMT) e a Estimulação Transcraniana por Corrente
Sanguínea (ETCC). A EMT é uma técnica que utiliza uma espécie de
bobina posicionada sobre a cabeça da pessoa, de forma a estimular ou
deprimir alguma área específica a partir de correntes elétricas. A técnica é
descrita na literatura científica desde 1987 e atualmente está em pleno
desenvolvimento, bastante em voga entre os pesquisadores da Medicina
e das Neurociências. Já na ETCC são utilizados dois eletrodos, um em
cada lado da cabeça da pessoa, a partir dos quais é aplicada uma
corrente elétrica. Esta técnica data de 1998 na literatura científica e desde
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então foi muito utilizada dada o baixo custo (CAVENAGHI et al., 2013).
Ainda, o neurofeedback é uma técnica amplamente estudada nos últimos
anos, que consiste na utilização da técnica de condicionamento operante
a partir da indução de alterações cerebrais, buscando melhoras em
quadros clínicos correlacionados a frequências cerebrais específicas.

Jacqueline Abrisqueta-Gomez, um dos principais nomes da


reabilitação neuropsicológica no Brasil, indica um itinerário para a terceira
geração de neuropsicólogos, que está vivendo seu auge. Primeiro, a
autora aponta a necessidade de estudos prospectivos, longitudinais e
multifatoriais. Ressalta-se a importância de estudos que se debruçam
sobre aspectos biológicos, cognitivos, psicossociais e do desenvolvimento
envolvidos no tratamento de pessoas com rebaixamentos e/ou sequelas
cognitivo-comportamentais. Por exemplo, a autora cita o neurocientista
canadense Bryan Kolb, que vem se dedicando à investigação das
alterações estruturais no córtex de embriões, drogas e hormônios que
afetam o comportamento.

Em segundo lugar, Abrisqueta-Gomez fala da importância de


estudos sobre os instrumentos que serão utilizados nos estudos
longitudinais citados no primeiro tópico do itinerário. Um dos principais
problemas das revisões e dos estudos longitudinais é a modificação das
medidas utilizadas e a diversidade de metodologias, o que resulta em
comparações falaciosas. Em muitos casos, a flutuação nos escores pode
ser devido às propriedades psicométricas diferentes entre os testes
utilizados.

Em terceiro lugar, deve-se estar atento às novas possibilidades e


tecnologias, como os progressos das pesquisas em neurociência
cognitiva comportamental, técnicas de neuroimagem e novas técnicas
comportamentais. Estas são áreas correlatas à reabilitação

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neuropsicológica e é de interesse do neuropsicológico, sob uma


abordagem holística, inseri-las em sua prática clínica, quando pertinente.

Também, a autora discute que modelos alternativos de desenho de


pesquisa podem ser úteis para a compreensão de diferentes aspectos
envolvidos nos processos cognitivos e comportamentais. A pesquisa das
desordens é essencial para compreender e tratar adequadamente estas
condições. Contudo, também se interessar pelo desenvolvimento típico
pode trazer bons frutos. Tornam-se pertinentes modelos que privilegiem
fatores como período crítico, localização específica da lesão, a função
como foco, etc. Por fim, a autora chama a atenção para a necessidade de
cooperação entre os profissionais, sendo um dos principais aspectos para
uma intervenção de sucesso.

Atividade Extra

O Dr. Milton C. R. Medeiros apresenta os principais objetivos e


fundamentos práticos da Estimulação Transcraniana por Corrente
Contínua.

Fonte: Dr. Milton C. R. Medeiros

Assista ao vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=Wa6TGSPxnXk

Referência Bibliográfica

ABRISQUETA-GOMEZ, J.; SANTOS, F. H. Reabilitação neuropsicológica:


da teoria à prática. SP: Artes Médicas, 2006. Disponível em:
https://www.researchgate.net/publication/277587337_Reabilitacao_Neuropsico

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CAVENAGHI, V. B. et al. Estimulação cerebral não-invasiva na prática


clínica: atualização. Arquivos Médicos dos Hospitais e da Faculdade
de Ciências Médicas da Santa Casa de São Paulo, v. 58, n. 1, p. 29-33,
2013. Disponível em:
https://arquivosmedicos.fcmsantacasasp.edu.br/index.php/AMSCSP/article/view

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