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O sócio interacionismo de Lev Vygotsky


por

(/images/200005341-d4d42d6c82/Lev Vygotsky.jpg?s3=1)

Alexsandro M. Medeiros

lattes.cnpq.br/6947356140810110 (http://lattes.cnpq.br/6947356140810110)

postado em out. 2016

Vygotsky é um famoso psicólogo russo que, apesar de sua formação em Direito, pela
Universidade de Moscovo em 1918, destacou-se mais no campo da arte e da psicologia, cuja
tese de doutorado defendida em 1925 versava sobre Psicologia da Arte. O seu interesse pela
Psicologia levou-o a uma leitura crítica das teorias em voga como o Behaviorismo, a Gestalt, a
Psicanálise, além das ideias de Jean Piaget. As obras desses autores e escolas são citadas e
comentadas em seus diversos trabalhos.

Foi graças a uma conferência proferida no "II Congresso de Psicologia" em Leningrado


que Vygotsky foi convidado a trabalhar no Instituto de Psicologia de Moscou, revelando
interesses pelo estudo das funções mentais superiores, da cultura, da linguagem e dos
processos orgânicos cerebrais pesquisados por neurofisiologistas russos com quem conviveu,
especialmente Alexander Luria e Alexei Leontiev, sendo considerado hoje em dia como o
grande fundador da escola soviética de psicologia histórico-cultural (CABRERA. VILLALOBOS,
2007; OLIVEIRA, 2012).

O contexto em que viveu Vygotsky ajuda a explicar o rumo que seu trabalho iria tomar.
As suas ideias foram desenvolvidas na União Soviética saída da Revolução Russa de 1917 e
refletem o desejo de reescrever a psicologia, com base no materialismo marxista (filosofia-
politica/filosofia-contempor%c3%a2nea/karl-marx/), e construir uma teoria da educação
(educa%c3%a7%c3%a3o%20e%20politica/) adequada à nova realidade social emergida da
revolução. “Su genio estribó en sentar las bases de un nuevo sistema psicológico a partir de
materiales tomados de la filosofía y de las ciencias sociales de su época” (BEATRIZ;
MAZZARELLA, 2001, p. 41).

Vygotsky, ao lado de seus colaboradores diretos, Luria e Leontiev, propõe um


estudo sócio-genético do ser humano, assim como estabelece relações com as
condições biológicas, principalmente nos aspectos neurológicos, na tentativa de
evitar reducionismos e simplificações de qualquer espécie (LUCCI, 2006, p. 2).
Molon (1995 e 2003) e Bonin (1996) destacam como os interesses de Vygotsky pela
psicologia estão relacionados com aspectos culturais: gênese e desenvolvimento cultural do
ser humano, com ênfase nos estudos sobre a linguagem, considerada como instrumento do
pensamento humano. A ênfase no estudo da linguagem também é dada por Marta Kohl
Oliveira (2006), considerada uma autoridade em estudos vygotskianos: a linguagem é
instrumento do pensamento. Shuare (1990) ressalta que o historicismo é a chave para
entender a teoria de Vygotsky. Souza e Andrada (2013) destacam que, embora a teoria de
Vygotsky esteja comumente associada aos temas da educação, os fundamentos da Psicologia
Histórico-Cultural ou da Teoria Sócio-Interacionista possibilitariam compreender o ser
humano de modo sistêmico, articulando as dimensões psíquicas e sócio culturais.

Diferente das escolas de psicologia existentes até o momento, de orientação


comportamentaista ou mentalista, Vygostky acentua a relação dialética existente entre sujeito
e cultura, sujeiro e história, sujeito e meio social, como uma forma de explicitar a gênese das
funções psicológicas dos seres humanos. Entende o homem como um ser histórico-social, ou
ainda histórico-cultural, moldado pela própria cultura que ele cria, determinado pelas
interações sociais cuja atividade mental se torna resultante da aprendizagem social, da
interiorização da cultura e das relações sociais, mas não de forma passiva e sim, ativa. Em
outras palavras, o desenvolvimento mental para Vygotsky, além de um processo filogenético e
ontogenético (ligado à gênese da espécie e do indivíduo) é também um processo sociogenético,
em que tanto o organismo quanto o psiquismo são ativos e estabelecem uma contínua
interação com as condições do meio em que vive.

Sua doutrina, também conhecida como Sócio-Interacionismo, ou mais precisamente,


Teoria Sócio-Histórica, postula uma dialética das interações com o outro e com o meio, como
desencadeador do desenvolvimento.

Diante de tal quadro, ele propôs, então, uma nova psicologia que, baseada no
método e nos princípios do materialismo dialético, compreendesse o aspecto
cognitivo a partir da descrição e explicação das funções psicológicas superiores, as
quais, na sua visão, eram determinadas histórica e culturalmente. Ou seja, propõe
uma teoria marxista do funcionamento intelectual humano que inclui tanto a
identificação dos mecanismos cerebrais subjacentes à formação e desenvolvimento
das funções psicológicas, como a especificação do contexto social em que ocorreu
tal desenvolvimento (LUCCI, 2006, p. 4).

O método dialético materialista desenvolvido pelo filósofo alemão Karl Marx (filosofia-
politica/filosofia-contempor%c3%a2nea/karl-marx/) analisa o movimento dos contrários em
que o resultado final, a síntese, se dá a partir de uma dinâmica entre uma tese e uma antítese,
aqui neste caso, o outro e o meio. Desta forma, na teoria de Vygotsky, o homem é visto como
alguém que transforma e é transformado pelas relações sociais. O que ocorre é uma interação
(dialética) entre o ser humano e o meio social e cultural onde está inserido, ou seja, o
desenvolvimento humano é compreendido como o produto de fatores biológicos, e fatores
ambientais que agem sobre o organismo, determinando seu comportamento.

Ele rejeita os modelos baseados em pressupostos inatistas que determinam


características comportamentais universais do ser humano [...] Discorda também
da visão ambientalista, pois, para ele, o indivíduo não é resultado de um
determinismo cultural, ou seja, não é um receptáculo vazio, um ser passivo, que só
reage frente às pressões do meio, e sim um sujeito que realiza uma atividade
organizadora na sua interação com o mundo (DAMIANI; NEVES, 2006, p. 07-08).
O conceito de síntese pode ser encontrado largamente na sua obra. O autor define a
síntese não apenas como a soma ou a justaposição de dois ou mais elementos, e sim como a
emergência de um produto totalmente novo gerado a partir da interação entre elementos
anteriores. Em certo sentido, Vygotsky está mais próximo do empirismo do que do inatismo.
Para o psicólogo, primeiro somos seres sociais e depois nos individualizamos. Mas o sujeito
não é um mero receptáculo passivo que absorve e contempla o real, mas um sujeito ativo que
em sua relação com o mundo se reconstrói neste mundo.

Disponível em: Slideshare (http://pt.slideshare.net/ronnymm/gnese-do-pensamento-e-da-


linguagem-l-s-vygotsky), slide 19 (Acessado em 27/09/2016)

Vygotsky e seus colaboradores acreditam que a estrutura dos estádios descrita por
Piaget seja correta, porém diferem na concepção de sua dinâmica evolutiva. Enquanto Piaget
defende que a estruturação do organismo precede o desenvolvimento, para Vygotsky é o
próprio processo de aprender que gera e promove o desenvolvimento das estruturas mentais
superiores. Assim, podemos ver como a visão de Vygotsky dá importância à dimensão social,
interpessoal, na construção do sujeito psicológico.

Se por um lado o conceito de subjetividade é tratado muitas vezes em Psicologia como


algo interno ao sujeito, o sócio interacionismo de Vygotsky destaca a dialética entre o sujeito e
o meio como o principal responsável pela sua formação. Este debate, em torno dos aspectos
sociais inerentes ao desenvolvimento da subjetividade, recebeu diferentes aportes teóricos
nos debates soviéticos Luria e Leontiev (1991), Leontiev (2004), e também fora da união
soviética, com o psicólogo marxista francês Wallon (1975) e outros teóricos como Zinhenko
(1998).
Além disso, Vygotsky toma como ponto de partida as funções psicológicas dos
indivíduos, as quais classificou em elementares e superiores. A partir das estruturas orgânicas
elementares do processo de maturação é que se formam novas e complexas funções mentais
que inclui também o elemento sociocultural. As funções psicológicas superiores são de origem
social, mas só são possíveis porque existe uma base biológica, cerebral, que permite tais
atividades. Dito de outro modo, as funções psicológicas superiores não tem origem no
cérebro, mas não existem sem ele. “Vygotsky considera que o modo de funcionamento do
cérebro é moldado ao longo da história da espécie (base filogênica) e do desenvolvimento
individual (base ontogênica), como produto da interação com o meio físico e social (base
sociogênica)” (LUCCI, 2006, p. 8).

As funções psicológicas superiores que estão na base do desenvolvimento ontogênico


não ocorrem de forma linear e retilínea, mas a partir de uma série de transformações
qualitativas e dialéticas, no qual a linguagem (primeiro a linguagem oral e depois a escrita)
constitui o elemento mais significativo do desenvolvimento cognitivo, representando um salto
de qualidade nas funções psicológicas superiores.

O processo evolutivo do elementar ao superior não é paralelo ou sobreposto, mas


resultado de combinações e nexos entre as funções, formando uma imbricada rede
de sínteses entre elas [...] As Funções Psicológicas Superiores (FPS), como memória,
consciência, percepção, atenção, fala, pensamento, vontade, formação de conceitos
e emoção, se intercambiam nesta rede de nexos ou relações e formam, assim, um
sistema psicológico, em que as funções se relacionam entre si (SOUZA; ANDRADA,
2013, p. 357).

Linguagem e Aprendizagem
Para Vygotsky e seus colaboradores, o desenvolvimento é impulsionado pela linguagem.
A linguagem é fundamental e capaz de transformar decisivamente os rumos de nossa
atividade. Por entender que a linguagem representa um elo de ligação muito importante entre
o mundo sócio cultural e oo processos mentais dos indivíduos, Vygotsky qualifico a linguagem
como a pedra angular do desenvolvimento cognitivo do ser humano. Quando aprendemos a
linguagem específica do nosso meio sociocultural, transformamos radicalmente os rumos de
nosso próprio desenvolvimento.

De acuerdo con la teoría sociocultural de Vygotsky (1978), el conocimiento es un


fenómeno profundamente social. La ex­p eriencia social moldea las formas que el
individuo tiene disponibles para pensar e interpretar el mundo, y en esta
experiencia, el lenguaje juega un papel fundamental en una mente formada
socialmente porque es nuestra primera vía de contacto mental y de comunicación
con otros, sirve como el instrumento más importante por medio del cual la
experiencia social es representada de manera psicológica y, a la vez, representa
una herramienta indispensable para el pensamiento (Leont’ev, 1959; VYGOTSKY,
1987 apud CABRERA. VILLALOBOS, 2007, p. 412)

Vygotsky defende que o meio social é determinante do desenvolvimento humano e que


isso acontece fundamentalmente pela aprendizagem da linguagem, que ocorre por imitação e
mediado através da interação com o outros (BRUNER, 1987): “el lenguaje es una actividad
social y es aprendido a través de la interacción con otros” (WELLS, 1986 apud CABRERA.
VILLALOBOS, 2007, p. 413). A premissa básica da teoria de Vygotsky é a de que toda forma de
atividade mental humana de ordem superior é derivada de contextos sociais e culturais. Todas
as atividades mentais de ordem superior são inicialmente criadas através da interação social e
só posteriormente se convertem em processos mentais internos. “Como lo afirma Vygotsky
(1979), ‘la dimen­sión social de la conciencia es lo primero en tiempo y en hecho. La dimensión
individual es derivativa y secundaria’” (apud CABRERA. VILLALOBOS, 2007, p. 413). Toda função
mental superior necessariamente atravessa uma etapa externa de seu desenvolvimento que
corresponde ao aspecto social, ou seja, toda função mental superior foi externa porque foi
social em algum momento antes de converter-se em uma função interna (VYGOTSKY, 1981).
Para compreender o desenvolvimento dos indivíduos, é necessário compreender as relações
sociais das quais o indivíduo faz parte. O psicólogo russo

concebe o homem como um ser histórico e produto de um conjunto de relações


sociais. Ele se pergunta como os fatores sociais podem modelar a mente e construir
o psiquismo e a resposta que apresenta nasce de uma perspectiva semiológica, na
qual o signo, como um produto social, tem uma função geradora e organizadora
dos processos psicológicos. O autor considera que a consciência é engendrada no
social, a partir das relações que os homens estabelecem entre si, por meio de uma
atividade sígnica, portanto, pela mediação da linguagem. Os signos são os
instrumentos que, agindo internamente no homem, provocam-lhe transformações
internas, que o fazem passar de ser biológico a ser sócio-histórico. Não existem
signos internos, na consciência, que não tenham sido engendrados na trama
ideológica semiótica da sociedade (DAMIANI; NEVES, 2006, p. 06).

Para Vygotsky, o mundo da aprendizagem infantil é assistida ou mediada pelos


professores e pelo seu ambiente, e a maior parte desta comunicação é orientada pela
linguagem, em outras palavras, o psicólogo acreditava que o desenvolvimento cognitivo
ocorre por meio da linguagem, das conversas e interações das crianças com os adultos
(família, professores etc.)

Outra contribuição vygotskiana de relevo


foi a relação que estabelece entre Pensamento
e Linguagem, desenvolvida no seu livro de
mesmo título. Em Pensamento e Linguagem,
Vygotsky expõe com profundidade sua visão
sobre a relação entre cognição e linguagem e
a importância do seu pensamento se revela
do fato de que em praticamente todos os
manuais de história da Psicologia a figura de
Vygotsky ocupa um papel de destaque
(GONZÁLEZ, 2010). A relação entre cognição e linguagem tem sido estudada por vários
autores, como Souza e Andrada (2013) que procuram abordar esta relação a partir da ideia de
que a fala é expressão do psiquismo e contribui para o seu desenvolvimento. Quando uma
criança se comunica com o meio vai construindo as condições para que a fala organize a
função do pensamento e é por volta dos dois anos que há um grande salto no
desenvolvimento do sujeito quando, a partir do desenvolvimento da fala, a criança pode
explorar a relação entre signo e significado.

A palavra é o signo que conceitua e, ao mesmo tempo, representa o objeto, dando-


lhe sentido como um predicado do pensamento. À medida que a fala fica mais
complexa, o pensamento também se torna mais desenvolvido. Cada estágio do
desenvolvimento do significado das palavras representa também um novo estágio
de desenvolvimento na relação entre pensamento e fala (2013, p. 358).

O signo é aquilo que permite a transferência de conhecimento do plano social para o


plano individual. Antes da escrita, a mediação das relações entre as pessoas ocorre através do
signo que são internalizados ajudando no desenvolvimento de processos mentais.

Vygotsky enfatizou que os signos constituem o nexo entre o plano social e o plano
psíquico e os seres humanos geram uma ampla variedade de instrumentos simbólicos como a
obra de arte, sistemas simbólicos algébricos, compreensão e produção de textos, diagramas e
mapas, entre outros. Utilizando uma analogia com um instrumento ou ferramente como o
martelo poderíamos dizer que, da mesma que o martelo é um meio para obter controle sobre
objetos físicos e transformá-los, assim funciona a linguagem por meio dos signos.

Aprendizagem Assistida e Zona de desenvolvimento


proximal
As obras de Vygotsky incluem alguns conceitos que se tornaram incontornáveis na área
do desenvolvimento da aprendizagem. Dois destes conceitos mais importantes são o de
Aprendizagem Assitida e o de Zona de Desenvolvimento Proximal (ZDP), que se relaciona com
a diferença entre o que a criança consegue aprender sozinha e aquilo que consegue aprender
com a ajuda de um adulto. A ZDP é, portanto, tudo o que a criança pode adquirir em termos
intelectuais quando lhe é dado o suporte educacional devido. Este conceito será,
posteriormente desenvolvido por Jerome Bruner, sendo hoje vulgarmente designado por
etapa de desenvolvimento.

A aprendizagem assistida visa, em última análise, fazer com que os alunos trabalhem
cada vez mais sozinhos, mas que requer uma orientação (assistência) prévia, no sentido de
fornecer informações, pistas, lembretes, incentivos no momento certo etc. Desta forma, o
professor assiste a aprendizagem conduzindo os alunos pelos passos de um problema
complicado, permitindo que o aluno gradualmente alcance a aprendizagem. Como saber que
tipo de ajuda oferecer e quando oferecê-la é algo que está diretamente relacionado com o
conceito de ZDP.

A ZDP define a distância entre o nível de desenvolvimento real, determinado pela


capacidade de resolver um problema sem ajuda, e o nível de desenvolvimento potencial,
determinado através de resolução de um problema sob a orientação de um adulto ou em
colaboração com outro companheiro (a aprendizagem acontece no intervalo entre o
conhecimento real e o conhecimento potencial.). Quer dizer, é a série de informações que a
pessoa tem a potencialidade de aprender mas ainda não completou o processo,
conhecimentos fora de seu alcance atual, mas potencialmente atingíveis. Em outras palavras, a
ZDP é a distância existente entre o que o sujeito já sabe e aquilo que ele tem potencialidade de
aprender. Seria neste campo que a educação atuaria, que se daria a aprendizagem assistida,
estimulando a aquisição do potencial, partindo do conhecimento da ZDP do aprendiz, para
assim intervir. O conhecimento potencial, ao ser alcançado, passa a ser o conhecimento real e
a ZDP redefine-se a partir do que seria o novo potencial.
O nível de desenvolvimento real é dinâmico, aumenta dialeticamente com os movimentos
do processo de aprendizagem. O desenvolvimento potencial é determinado pelas habilidades
que o indivíduo já construiu, porém encontram-se em processo. Isto significa que a dialética
da aprendizagem que gerou o desenvolvimento real, gerou também habilidades que se
encontram em um nível menos elaborado que o já consolidado. Desta forma, o
desenvolvimento potencial é aquele que o sujeito poderá construir. Nessa concepção, as
interações têm um papel crucial e determinante.

Para definir o conhecimento real, Vygotsky sugere que se avalie o que o sujeito é capaz
de fazer sozinho, e o potencial aquilo que ele consegue fazer com ajuda de outro sujeito.
Segundo Vygotsky, em qualquer ponto do desenvolvimento existem certos problemas que
uma criança está prestes a ser capaz de resolver. Ela precisa apenas de alguma estrutura
como pistas e lembretes, ajuda para recordar detalhes ou passos, incentivo para continuar
tentando etc. Por outro lado, alguns problemas estão além da capacidade da criança mesmo
que cada passo seja explicado claramente. Pode acontecer inclusive, de que os melhores
“professores” sejam os outros alunos que acabaram de compreender um determinado
problema, no sentido de que estes “professores” podem estar operando na ZDP do aprendiz
Assim determina-se a ZDP e o nível de riqueza e diversidade das interações determinará o
potencial atingido. Quanto mais ricas as interações, maior e mais sofisticado será o
desenvolvimento.

A ZDP muitas vezes é tomada como um dos níveis de desenvolvimento, porém, trata-se
precisamente do campo intermediário do processo. Sendo o desenvolvimento potencial uma
incógnita, já que não foi ainda atingido, Vygotsky postula sua identificação através do
entendimento da ZDP. Tomando-se como premissa o desenvolvimento real como aquilo que o
sujeito consolidou de forma autônoma, o potencial pode ser inferido com base no que o
indivíduo consegue resolver com ajuda. Assim, a zona proximal fornece os indícios do
potencial, permitindo que os processos educativos atuem de forma sistemática e
individualizada. O esforço pedagógico deve se situar no sentido de

criar Zonas de Desenvolvimento Proximal (ZDP's), isto é, atuando como elemento de


intervenção, de ajuda. Na ZDP, o professor atua de forma explícita, interferindo no
desenvolvimento dos alunos, provocando avanços que não ocorreriam
espontaneamente. Vygotsky, dessa forma, resgata a importância da escola e do
papel do professor como agentes indispensáveis do processo de
ensinoaprendizagem. O professor pode interferir no processo de aprendizagem do
aluno e contribuir para a transmissão do conhecimento acumulado historicamente
pela Humanidade. É nesse sentido que as idéias de Vygotsky sobre a Educação
constituem-se em uma abordagem da transmissão cultural, tanto quanto do
desenvolvimento (DAMIANI; NEVES, 2006, p. 09).
Disponível em: Blog Jean Piaget e Lev Vygotsky (http://alunosdeletrasuerj.blogspot.com.br/)
(Acessado em 27/09/2016)

Alexander Luria
Alexander Romanovich Luria foi um famoso neuropsicólogo russo, nascido na
pequena cidade de Kazan, a leste de Moscou. Em 1924, Luria conheceu Vygotski, que o
influenciou profundamente. Juntamente com Alexei Leontiev, Luria e Vygotski desenvolveram
um novo tipo de Psicologia, relacionando os processos psicológicos com aspectos culturais,
históricos e instrumentais, com ênfase no papel fundamental da linguagem. Luria interessou-
se também pelo estudo da influência da cultura nos processos mentais, que os pesquisadores
soviéticos chamaram de mediação cultural.

Disponível em: Slideshare (http://pt.slideshare.net/ronnymm/gnese-do-pensamento-e-da-


linguagem-l-s-vygotsky), slide 2

Acessado em 27/09/2016

Luria dividiu o cérebro humano em 3 unidades básicas e funcionais: (1) a unidade de


atenção, localizada na substância reticulada e cerebelo; (2) a unidade de codificação e
processamento, localizada nos lobos occipital, temporal e parietal; (3) a unidade de
planificação, localizada no lobo
frontal. A abordagem
neuropsicológica de Luria veio a
dar origem a diversas teorias,
entre as quais a teoria de
processamento cognitivo PASS,
de Das, Kirby e Naglieri.

Referências
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