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Alexsandro M. Medeiros
lattes.cnpq.br/6947356140810110 (http://lattes.cnpq.br/6947356140810110)
Vygotsky é um famoso psicólogo russo que, apesar de sua formação em Direito, pela
Universidade de Moscovo em 1918, destacou-se mais no campo da arte e da psicologia, cuja
tese de doutorado defendida em 1925 versava sobre Psicologia da Arte. O seu interesse pela
Psicologia levou-o a uma leitura crítica das teorias em voga como o Behaviorismo, a Gestalt, a
Psicanálise, além das ideias de Jean Piaget. As obras desses autores e escolas são citadas e
comentadas em seus diversos trabalhos.
O contexto em que viveu Vygotsky ajuda a explicar o rumo que seu trabalho iria tomar.
As suas ideias foram desenvolvidas na União Soviética saída da Revolução Russa de 1917 e
refletem o desejo de reescrever a psicologia, com base no materialismo marxista (filosofia-
politica/filosofia-contempor%c3%a2nea/karl-marx/), e construir uma teoria da educação
(educa%c3%a7%c3%a3o%20e%20politica/) adequada à nova realidade social emergida da
revolução. “Su genio estribó en sentar las bases de un nuevo sistema psicológico a partir de
materiales tomados de la filosofía y de las ciencias sociales de su época” (BEATRIZ;
MAZZARELLA, 2001, p. 41).
Diante de tal quadro, ele propôs, então, uma nova psicologia que, baseada no
método e nos princípios do materialismo dialético, compreendesse o aspecto
cognitivo a partir da descrição e explicação das funções psicológicas superiores, as
quais, na sua visão, eram determinadas histórica e culturalmente. Ou seja, propõe
uma teoria marxista do funcionamento intelectual humano que inclui tanto a
identificação dos mecanismos cerebrais subjacentes à formação e desenvolvimento
das funções psicológicas, como a especificação do contexto social em que ocorreu
tal desenvolvimento (LUCCI, 2006, p. 4).
O método dialético materialista desenvolvido pelo filósofo alemão Karl Marx (filosofia-
politica/filosofia-contempor%c3%a2nea/karl-marx/) analisa o movimento dos contrários em
que o resultado final, a síntese, se dá a partir de uma dinâmica entre uma tese e uma antítese,
aqui neste caso, o outro e o meio. Desta forma, na teoria de Vygotsky, o homem é visto como
alguém que transforma e é transformado pelas relações sociais. O que ocorre é uma interação
(dialética) entre o ser humano e o meio social e cultural onde está inserido, ou seja, o
desenvolvimento humano é compreendido como o produto de fatores biológicos, e fatores
ambientais que agem sobre o organismo, determinando seu comportamento.
Vygotsky e seus colaboradores acreditam que a estrutura dos estádios descrita por
Piaget seja correta, porém diferem na concepção de sua dinâmica evolutiva. Enquanto Piaget
defende que a estruturação do organismo precede o desenvolvimento, para Vygotsky é o
próprio processo de aprender que gera e promove o desenvolvimento das estruturas mentais
superiores. Assim, podemos ver como a visão de Vygotsky dá importância à dimensão social,
interpessoal, na construção do sujeito psicológico.
Linguagem e Aprendizagem
Para Vygotsky e seus colaboradores, o desenvolvimento é impulsionado pela linguagem.
A linguagem é fundamental e capaz de transformar decisivamente os rumos de nossa
atividade. Por entender que a linguagem representa um elo de ligação muito importante entre
o mundo sócio cultural e oo processos mentais dos indivíduos, Vygotsky qualifico a linguagem
como a pedra angular do desenvolvimento cognitivo do ser humano. Quando aprendemos a
linguagem específica do nosso meio sociocultural, transformamos radicalmente os rumos de
nosso próprio desenvolvimento.
Vygotsky enfatizou que os signos constituem o nexo entre o plano social e o plano
psíquico e os seres humanos geram uma ampla variedade de instrumentos simbólicos como a
obra de arte, sistemas simbólicos algébricos, compreensão e produção de textos, diagramas e
mapas, entre outros. Utilizando uma analogia com um instrumento ou ferramente como o
martelo poderíamos dizer que, da mesma que o martelo é um meio para obter controle sobre
objetos físicos e transformá-los, assim funciona a linguagem por meio dos signos.
A aprendizagem assistida visa, em última análise, fazer com que os alunos trabalhem
cada vez mais sozinhos, mas que requer uma orientação (assistência) prévia, no sentido de
fornecer informações, pistas, lembretes, incentivos no momento certo etc. Desta forma, o
professor assiste a aprendizagem conduzindo os alunos pelos passos de um problema
complicado, permitindo que o aluno gradualmente alcance a aprendizagem. Como saber que
tipo de ajuda oferecer e quando oferecê-la é algo que está diretamente relacionado com o
conceito de ZDP.
Para definir o conhecimento real, Vygotsky sugere que se avalie o que o sujeito é capaz
de fazer sozinho, e o potencial aquilo que ele consegue fazer com ajuda de outro sujeito.
Segundo Vygotsky, em qualquer ponto do desenvolvimento existem certos problemas que
uma criança está prestes a ser capaz de resolver. Ela precisa apenas de alguma estrutura
como pistas e lembretes, ajuda para recordar detalhes ou passos, incentivo para continuar
tentando etc. Por outro lado, alguns problemas estão além da capacidade da criança mesmo
que cada passo seja explicado claramente. Pode acontecer inclusive, de que os melhores
“professores” sejam os outros alunos que acabaram de compreender um determinado
problema, no sentido de que estes “professores” podem estar operando na ZDP do aprendiz
Assim determina-se a ZDP e o nível de riqueza e diversidade das interações determinará o
potencial atingido. Quanto mais ricas as interações, maior e mais sofisticado será o
desenvolvimento.
A ZDP muitas vezes é tomada como um dos níveis de desenvolvimento, porém, trata-se
precisamente do campo intermediário do processo. Sendo o desenvolvimento potencial uma
incógnita, já que não foi ainda atingido, Vygotsky postula sua identificação através do
entendimento da ZDP. Tomando-se como premissa o desenvolvimento real como aquilo que o
sujeito consolidou de forma autônoma, o potencial pode ser inferido com base no que o
indivíduo consegue resolver com ajuda. Assim, a zona proximal fornece os indícios do
potencial, permitindo que os processos educativos atuem de forma sistemática e
individualizada. O esforço pedagógico deve se situar no sentido de
Alexander Luria
Alexander Romanovich Luria foi um famoso neuropsicólogo russo, nascido na
pequena cidade de Kazan, a leste de Moscou. Em 1924, Luria conheceu Vygotski, que o
influenciou profundamente. Juntamente com Alexei Leontiev, Luria e Vygotski desenvolveram
um novo tipo de Psicologia, relacionando os processos psicológicos com aspectos culturais,
históricos e instrumentais, com ênfase no papel fundamental da linguagem. Luria interessou-
se também pelo estudo da influência da cultura nos processos mentais, que os pesquisadores
soviéticos chamaram de mediação cultural.
Acessado em 27/09/2016
Referências
Bibliográficas
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Clemen. Vygotsky: enfoque
sociocultural
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Acessado em 24/09/2016.
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A Política e suas Interfaces (a-politica-e-suas-interfaces/)→ Psicologia e Política (psicologia-e-
politica/) → Psicologia Social → O sócio interacionismo de Lev Vygotsky
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