Você está na página 1de 37

DESENVOLVIMENTO

E ADAPTAÇÃO
MOTORA

Aprendizagem motora
Principais teorias
Abordagem Dinâmica Ecológica
Ana Paulo
ana.paulo@ulusofona.pt
Sara Pereira
p6163@ulusofona.pt
Carla Santos
p7122@ulusofona.pt
Abordagem Dinâmica Ecológica
Aprendizagem motora
Principais teorias

 Abordagem Cognitivista
 Abordagem Dinâmica Ecológica
O quotidiano…
O desporto…
Aprendizagem motora
Principais teorias

Perceção Memória Ação

Modelo de
Perceção Indireta
Abordagem Cognitivista
Modelo de
Perceção Direta
Abordagem Dinâmica Ecológica

Memória Perceção Ação


Aprendizagem motora
Principais teorias

1) Conceitos-chave
2) Processo: “O que é aprender?”
3) Produto: ”O que é aprendido?”
4) “Como medir aprendizagem?”
5) Fases de aprendizagem
6) Métodos: ”Como aprendemos?”
“Como ensinar?”
Aprendizagem motora
Abordagem Dinâmica Ecológica
1) Conceitos-chave

• Affordances

• Controlo prospetivo

• Auto-organização

• Transição (de estado)

• Exploração
Aprendizagem motora
Abordagem Dinâmica Ecológica
1) Conceitos-chave

A interdependência e complementaridade de cérebro, corpo e


envolvimento, no que concerne às possibilidades de acção:

Características corporais Características do envolvimento

Altura, peso, massa corporal, Tipo de piso, tamanho/peso/distância


proporções corporais,… dos objectos, …

Embodied Embedded
Aprendizagem motora
Abordagem Dinâmica Ecológica
1) Conceitos-chave

Acção:
Movimento funcional específico direccionado a um objecto
ou objectivo (Warren, 1988)

Constrangimentos da tarefa – Objectivo (G),


providencia os princípios organizadores da
percepção (P) e da acção (M) ao mesmo
P*M = f(G) tempo

Tempo
P(t)*M(t) = f(G) Bootsma & van Wieringen (1990)
Aprendizagem motora
Abordagem Dinâmica Ecológica
1) Conceitos-chave

Oportunidades para a acção (Fajen et al., 2009)

Reais
Específicas
do atleta Controlo
Ecossistema prospectivo
Indivíduo-ambiente da acção

Dinâmicas
Aprendizagem motora
Abordagem Dinâmica Ecológica
1) Conceitos-chave

Thelen (1986)
Aprendizagem motora
Abordagem Dinâmica Ecológica
1) Conceitos-chave

McLeod & Dienes (1996)


Aprendizagem motora
Abordagem Dinâmica Ecológica
1) Conceitos-chave

JAB

HOOK

UPPERCUT

Hristovski et al. (2006)


Aprendizagem motora
Abordagem Dinâmica Ecológica
2) Processo: “O que é aprender?”

Aprender é a passagem de um
estado de aprendizagem para outro
Aprendizagem motora
Abordagem Dinâmica Ecológica
2) Processo: “O que é aprender?”

Passagem de um estado de aprendizagem para outro


a) Como explicar essa transição?
b) Explorar (de forma segura) o comportamento expert
c) Multi-estabilidade = « equivalência funcional »
d) Influenciar a transição de estado
Aprendizagem motora
Abordagem Dinâmica Ecológica
2) Processo: “O que é aprender?”

Passagem de um estado de aprendizagem para outro


a) Como explicar essa transição?

A. Cognitivista A. Dinâmica ecológica

Contínuo, Descontínuo, não-linear e por

Performance
linear e transição abrupta
progressivo

Tendências espontâneas de
coordenação que é necessário
Tempo
destabilizar para que um novo
PMG padrão de coordenação se instale.
(Kelso, 1981)
Aprendizagem motora
Abordagem Dinâmica Ecológica
2) Processo: “O que é aprender?”

Passagem de um estado de aprendizagem para outro


a) Como explicar essa transição?

A. Dinâmica ecológica

Descontínuo, não-linear e por


transição abrupta

Tendências espontâneas de
coordenação que é necessário
destabilizar para que um novo
padrão de coordenação se
instale.
Swinnen (2002)
Aprendizagem motora
Abordagem Dinâmica Ecológica
2) Processo: “O que é aprender?”

Passagem de um estado de aprendizagem para outro


a) Como explicar essa transição?
Transição não tão abrupta… pode ser mesmo progressiva (várias semanas)
mantendo-se sempre não-linear.
1.5

A transição não se dá pela adoção de 1

comportamentos intermediários Comportamento


expert 0.5

entre as coordenações novato e 0

expert, mas pela exploração


Comportamento -0.5

alternada desses 2 modos de novato -1

coordenação… -1.5

Meta-estabilidade… estados Ensaio 37 Ensaio 91 Ensaio 335

dinamicamente estáveis.
Nourrit et al. (2003)
Aprendizagem motora
Abordagem Dinâmica Ecológica
2) Processo: “O que é aprender?”

Passagem de um estado de aprendizagem para outro


b) Explorar (de forma segura) o comportamento expert

50/50

Seifert et al. (2015)


Aprendizagem motora
Abordagem Dinâmica Ecológica
2) Processo: “O que é aprender?”

Passagem de um estado de aprendizagem para outro


c) Multi-estabilidade = « equivalência funcional »

Noppeney et al. (2004)


Aprendizagem motora
Abordagem Dinâmica Ecológica
2) Processo: “O que é aprender?”

Passagem de um estado de aprendizagem para outro


d) Influenciar a transição de estado

Resistência à mudança no novato…

… depende da distância entre a tarefa almejada e o


reportório inicial do sujeito.
Aprendizagem motora
Abordagem Dinâmica Ecológica
2) Processo: “O que é aprender?”

Passagem de um estado de aprendizagem para outro


d) Influenciar a transição de estado
Situações
Zanone & Kelso (1992)

Competição Convergência ou Cooperação

Competição com a dinâmica inicial. Convergência com uma situação espontânea


Construir e estabilizar um novo estado do sistema.
coordenativo não-presente no reportório inicial. Faz-se por ajustamento quantitativo dos
Fazer emergir um novo estado e estabilizá-lo. parâmetros do movimento (espaciais ou
Transição, bifurcação. temporais).
Aprendizagem motora
Abordagem Dinâmica Ecológica
2) Processo: “O que é aprender?”

• É um processo de adaptação contínua, ligada à nossa


experiência, aquando da exploração (através de estratégias
de procura variadas), mais ou menos condicionada e/ou
guiada.
• Este processo de adaptação constrói-se ao longo da vida, já
que ele visa o alcançar de objetivos: deslocar-se para
agarrar, agarrar para utilizar, etc.
• A perceção e atualização de affordances reflete este
processo de adaptação em função das intenções de cada
um.
Aprendizagem motora
Abordagem Dinâmica Ecológica
3) Produto: ”O que é aprendido?”

• Estrutura coordenativa
(n.º graus de liberdade)

• Acoplamento/Sinergia dos elementos

• Abandonados os graus de liberdade


inúteis à tarefa (< recrutamento)

• Coordenação mais eficaz e mais


eficiente

Bernstein (1967)
Aprendizagem motora
Abordagem Dinâmica Ecológica
4) “Como medir aprendizagem?”

Medida quantitativa:
número de erros

Medida qualitativa:
padrão coordenativo
Aprendizagem motora
Abordagem Dinâmica Ecológica
5) Fases de aprendizagem

Ênfase no controlo motor combinado


(auto-organização do sistema).

Newell (1986, 1991, 1996)


Aprendizagem motora
Abordagem Dinâmica Ecológica
5) Fases de aprendizagem

1º Estágio: Coordenação

2º Estágio: Controlo

3º Estágio: Habilidade

Newell (1986, 1991, 1996)


Aprendizagem motora
Abordagem Dinâmica Ecológica
5) Fases de aprendizagem

1º Estágio: Coordenação

− Estabilizar de um novo
padrão de coordenação não-
existente no reportório inicial
do aprendiz
Aprendizagem motora
Abordagem Dinâmica Ecológica
5) Fases de aprendizagem

2º Estágio: Controlo

− Adaptar dos
parâmetros da
coordenação aos
constrangimentos da
tarefa para a tornar
FLEXÍVEL.
Aprendizagem motora
Abordagem Dinâmica Ecológica
5) Fases de aprendizagem

3º Estágio: Habilidade

− Diminuição do custo energético – tornar-se mais eficiente.

− Explorar as forças externas, como por exemplo: a gravidade num


balanço nas parelelas (Delignières et al., 1998) ou num baloiço, ou
ainda na escalada (Cordier et al., 1996); o Princípio de Arquimedes
na natação (Seifert et al., 2007); a corrente de um rio no kayak, etc.

… mais do que essencialmente as forças internas (i.e., musculares).


Aprendizagem motora
Abordagem Dinâmica Ecológica
6) Métodos: ”Como aprendemos?”
“Como ensinar?”

 Estratégias de exploração
 Descoberta guiada
 Informação comportamental (intenção)
 Manipulação de constrangimentos
Aprendizagem motora
Comparação das Abordagens

Ab. Cognitivista Ab. Dinâmica Ecológica


• Explícito; • Implícito;
• Mais centrado nos meios que no • Mais centrado no objectivo, na coordenação
objectivo a alcançar com a acção; (i.e., no que RESUME a acção) e não numa
• Muitas instruções; série de instruções;
• Instruções baseadas num • Instruções baseadas na actividade do
conhecimento expert; praticante em contexto;
• Dar soluções; • Dar problemas (permite soluções individuais
e não apenas A SOLUÇÃO do professor) em
• Abordagem analítica que corta,
relação com o contexto;
decompõe o problema em sub-
tarefas, e depois junta os pedaços; • Abordagem global, holística (analogias)
feito frequentemente de forma • Simplificação em vez de decomposição e
descontextualizada; descontextualização;
• Prescrição. • Banir em lugar de prescrever;
• Prospectar em vez de predizer.
Aprendizagem motora

Vimos … 1) Conceitos-chave
2) Processo: “O que é aprender?”
3) Produto: ”O que é aprendido?”
4) “Como medir aprendizagem?”
5) Fases de aprendizagem
6) Métodos: ”Como aprendemos?”
“Como ensinar?”
Aprendizagem motora

Métodos: ”Como aprendemos?”


“Como ensinar?”

Depende da habilidade/tarefa…
Aprendizagem motora
Classificação das Habilidades motoras

Global/Grosseira Fina
+ musculatura implicada -
(Holding)

Aberta Fechada
+ Interferência contextual -
(Poulton, Knapp)

Discreta Seriada Contínua


Organização temporal da resposta
(Identificação do início/fim)
(Brown & Jenkins)
Referências
Bernstein, N. (1967). The co-ordination and regulation of movements. Pergamon Press.
Bootsma, R. J., & van Wieringen, P. C. W. (1990). Timing an Attacking Forehand Drive in Table Tennis. Journal of Experimental Psychology:
Human Perception & Performance, 16(1), 21-29.
Cordier, P., Dietrich, G., & Pailhous, J. (1996). Harmonic analysis of a complex motor behavior. Human Movement Science, 15(6), 789-807.
Delignières, D., Nourrit, D., Sioud, R., Leroyer, P., Zattara, M., & Micaleff, J. P. (1998). Preferred coordination modes in the first steps of the
learning of a complex gymnastics skill. Human Movement Science, 17(2), 221-241.
Fajen, B. R., Riley, M. A., & Turvey, M. T. (2009). Information, affordances, and the control of action in sport. International Journal of Sport
Psychology, 40(1), 79-107.
McLeod, P., & Dienes, Z. (1996). Do fielders know where to go to catch the ball or only how to get there? Journal of Experimental
Psychology: Human Perception and Performance, 22(3), 531-543.
Newell, K. M. (1986). Constraints on the development of coordination. In M. Wade & H. Whiting (Eds.), Motor development in children:
Aspects of coordination and control (pp. 341-360). Martinus Nijhoff.
Newell, K. M. (1991). Motor skill acquisition. Annu Rev Psychol, 42, 213-237. https://doi.org/10.1146/annurev.ps.42.020191.001241
Newell, K. M. (1996). Change in movement and skill: Learning, retention, and transfer. Dexterity and its development, 393-429.
Noppeney, U., Friston, K. J., & Price, C. J. (2004). Degenerate neuronal systems sustaining cognitive functions. Journal of Anatomy, 205(6),
433-442.
Nourrit, D., Delignières, D., Caillou, N., Deschamps, T., & Lauriot, B. (2003). On discontinuities in motor learning: A longitudinal study of
complex skill acquisition on a ski-simulator. Journal of motor behavior, 35(2), 151-170.
Seifert, L., Chollet, D., & Rouard, A. (2007). Swimming constraints and arm coordination. Human movement science, 26(1), 68-86.
Seifert, L., Boulanger, J., Orth, D., & Davids, K. (2015). Environmental design shapes perceptual-motor exploration, learning, and transfer in
climbing. Frontiers in Psychology, 6, 1819.
Swinnen, S. P. (2002). Intermanual coordination: From behavioural principles to neural-network interactions. Nature Reviews
Neuroscience, 3(5), 348-359. https://doi.org/10.1038/nrn807
Thelen, E. (1986). Treadmill-elicited stepping in seven-month-old infants. Child Development, 57(6), 1498-1506.
Zanone, P. G., & Kelso, J. A. (1992). Evolution of behavioral attractors with learning: nonequilibrium phase transitions. Journal of
Experimental Psychology: Human perception and performance, 18(2), 403.

Você também pode gostar