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CURSO DE INSTRUTOR DE VOO

AEROCON ESCOLA DE AVIAÇÃO CIVIL

CURSO DE INSTRUTOR DE VOO

ÁREA CURRICULAR DIDÁTICO-PEDAGÓGICA

PROCESSO ENSINO-APRENDIZAGEM

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ÍNDICE

CAPÍTULO 1: DISPOSIÇÕES PRELIMINARES.............................................3

1.1 FINALIDADE.............................................................................................3

1.2 OBJETIVOS OPERACIONALIZADOS....................................................3

CAPÍTULO 2: FUNDAMENTOS PSICOLÓGICOS DA APRENDIZAGEM ...5

2.1 INTRODUÇÃO.............................................................................................5

2.2 GENERALIDADES......................................................................................5

2.3 TRANSFERÊNCIA E RETENÇÃO .............................................................9

2.4 PROBLEMAS DE APRENDIZAGEM........................................................12

2.5 FATORES FACILITADORES DA APRENDIZAGEM ..............................13

CAPÍTULO 3: CONCLUSÃO..........................................................................16

BIBLIOGRAFIA ...............................................................................................17

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CAPÍTULO 1

DISPOSIÇÕES PRELIMINARES

1.1 FINALIDADE

A presente apostila tem por finalidade apresentar conhecimentos

relevantes ao desempenho da atividade de Instrutor. Refere-se à

Aprendizagem, apresentando alguns aspectos básicos para a compreensão

deste processo, do ponto de vista das contribuições psicológicas.

1.2 OBJETIVOS OPERACIONALIZADOS

(Va) Reconhecer o valor da Psicologia da Educação para o processo

ensino-aprendizagem;

(Cn) Definir Aprendizagem, citando suas características e principais

elementos;

(Cn) Citar as mudanças de comportamento que não se referem à

Aprendizagem;

(Cp) Explicar a diferença entre produtos e processos de

Aprendizagem, classificando os grupos de produtos existentes;

(Cn) Identificar as etapas de uma Aprendizagem complexa;

(Cp) Identificar os procedimentos utilizados pelo Instrutor para facilitar

a retenção da Aprendizagem;

(Cp) Explicar transferência de Aprendizagem;

(Cn) Descrever os fatores que levam ao esquecimento; e

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(Cn) Descrever os fatores que podem ser prejudiciais à

Aprendizagem.

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CAPÍTULO 2

FUNDAMENTOS PSICOLÓGICOS DA APRENDIZAGEM

1.1 INTRODUÇÃO

Aprender é um processo de desenvolvimento através do qual o

homem torna-se capaz de adaptar-se às exigências do meio.

Grande parte do comportamento humano adulto é aprendido; é difícil

pensar num aspecto da existência humana que não sofra influência da

aprendizagem: conhecimentos e habilidades, motivos e emoções, atitudes e

preconceitos, preferências e aversões.

A Psicologia Educacional, ramo da Psicologia que lida com aplicações

de princípios, técnicas e outros recursos da Psicologia na área educacional,

busca contribuir na compreensão e eficiência do processo ensino-

aprendizagem.

Aplicando conhecimentos da Psicologia na sua prática docente, o

professor estará procurando tornar a aprendizagem mais fácil, mais rápida e

com maiores possibilidades de sucesso para o educando.

2.2 GENERALIDADES

a) Definição

Aprendizagem pode ser definida como: mudança sistemática no

desempenho/ comportamento, resultado de prática ou experiência, quer

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visando progressiva adaptação ou ajustamento, quer a satisfação de motivos

e intenções.

Está, portanto, relacionada a um processo de mudança. As

características de mudança explicadas por tendências inatas de respostas,

maturação e estados temporários do organismo (fadiga, drogas, etc), no

entanto, não se referem à aprendizagem.

Tendências inatas se referem a reflexos que acompanham os

indivíduos e não são aprendidos. São naturalmente externados quando

ocorrem estímulos apropriados: tossir, respirar, espirrar, etc.

Maturação é atualização de estruturas herdadas, é condição para a

aprendizagem: o indivíduo só aprende algo quando está "maduro" para essa

aprendizagem. Também é responsável por mudança de comportamento,

mas esta é fruto de maturação biológica, e não de novas aquisições.

Estados temporários do organismo podem também levar a mudanças

no desempenho, mas estas são menos permanentes e, em geral, implicam

em deterioração do desempenho.

b) Características:

Aprendizagem é um processo:

• Dinâmico - só se faz através da atividade do indivíduo,

envolve sua participação direta;

• Contínuo - está presente desde o início da vida do indivíduo;

• Global - inclui aspectos motores, emocionais e intelectuais,

exigindo a participação do indivíduo como um todo;


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• Pessoal - a maneira de aprender e o próprio ritmo variam de

pessoa para pessoa;

• Gradativo - se realiza num crescendo de complexidade; e

• Cumulativo - tem um sentido de progressividade, as

experiências atuais se valendo das anteriores e se somando a elas.

c) Elementos Principais.

Para que se realize a aprendizagem, são necessários 03 (três)

elementos principais:

• Situação estimuladora - soma dos fatores que estimulam os

órgãos dos sentidos da pessoa que aprende;

• Aprendiz - indivíduo atingido pela situação estimuladora; e

• Resposta - ação do aprendiz que resulta da estimulação e da

atividade nervosa.

d) Produtos.

Quando se fala em aprendizagem, é preciso distinguir o que são

produtos de aprendizagem e os processos para obtê -los.

De uma maneira mais ampla, a Filosofia da Educação se encarrega

do estabelecimento dos produtos (objetivos): o que se pretende que os

indivíduos atinjam ao final da instrução/curso. A Psicologia da Educação, por

sua vez, é uma das indicadoras dos processos: maneiras de se conseguir

atingir os objetivos mais eficientemente.

Pode-se classificar os produtos de aprendizagem em 03 (três) grupos:

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• Aprendizagem cognitiva - predomínio dos elementos de

natureza intelectual (percepção, raciocínio, memória, etc);

• Aprendizagem afetiva - compreende atitudes, valores,

emoções, sentimentos e apreciações; e

• Aprendizagem de automatismos (psicomotora) - envolve o

desenvolvimento de habilidades manipulativas ou motoras.

Cabe ressaltar que não existe um produto de aprendizagem puro, mas

o predomínio de um sobre os demais.

e) Etapas.

A aprendizagem tanto pode ocorrer de maneira mais simples - por

condicionamento - como requerer maior complexidade. Neste último caso,

engloba as seguintes etapas:

• Motivação - sem ela, não há aprendizagem. É o indivíduo

"querer aprender", estar internamente interessado na aprendizagem;

• Objetivo - o "por quê" o indivíduo deseja aprender. Há

sempre uma intenção orientando para um objetivo, que satisfaça alguma

necessidade;

• Prontidão - é um estado de maturação, "preparação para a

ação". Envolve a maturação física e o interesse pelo que está sendo

aprendido;

• Obstáculo - barreira que se coloca ante o indivíduo e que ele

busca transpor. Deve-se transformar em um incentivo para o aprendiz;

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• Resposta - ação do indivíduo segundo sua interpretação da

situação, buscando a satisfação de suas necessidades. Seria a melhor

maneira que ele encontrou para vencer o obstáculo;

• Reforço - estímulo para que o indivíduo continue

apresentando a mesma resposta. Assim, futuramente, em situações

semelhantes, a resposta tenderá a ser repetida; e

• Generalização - integração da resposta correta ao repertório

do indivíduo. A nova aprendizagem passa a fazer parte dele e vai ser

utilizada sempre que for preciso.

2.3 TRANSFERÊNCIA E RETENÇÃO

a) Transferência.

As experiências educacionais, tanto dentro quanto fora da escola, têm

como objetivo auxiliar para que a pessoa enfrente, de modo eficiente,

situações novas.

As relações existentes entre as aprendizagens ocorridas

anteriormente e as desenvolvidas no momento são estudadas em

transferência de aprendizagem.

Transferência de aprendizagem é a influência de uma aprendizagem

em relação a outra: o indivíduo percebe os componentes idênticos nas duas

situações, e é estimulado a usar isso.

A influência pode ser positiva ou negativa: quando é positiva, ocorre

facilitação; quando é negativa, ocorre interferência ou inibição.

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Se as situações anterior e nova são semelhantes, a transferência

positiva é grande: uma aprendizagem facilita a outra; na medida em que a

situação estímulo continua a ser semelhante, mas a ação requerida vai se

tornando divergente da anterior, vai crescendo a possibilidade de

interferência: uma aprendizagem dificulta a outra.

b) Retenção.

Uma aprendizagem eficiente é aquela que se propõe a fazer com que

o indivíduo aprenda melhor, em menos tempo e esqueça mais devagar, isto

é, que retenha o que aprendeu.

Há fatores que favorecem a retenção, tais como:

• Semelhança entre a situação de aprendizagem e a avaliação

- quanto mais forem semelhantes as duas situações, mais facilidade terá o

indivíduo de obter um bom resultado na avaliação, retendo mais o que

aprendeu;

• Grau de domínio da aprendizagem - se a matéria formar um

todo coerente, se for bem organizada e se tiver significado para o aluno, será

retida por mais tempo;

• Superaprendizagem - não aprender somente o assunto

necessário, mas aprendê-lo num nível acima do mínimo indispensável para

ser retido, favorece a que se retenha pelo menos o essencial;

• Revisões periódicas - auxiliam a retenção, pois não permitem

que o assunto esfrie e fique esquecido; e

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• Intenção de memorização - o indivíduo deve ter

intencionalidade de reter aquilo que está aprendendo. É condição

indispensável para a retenção.

c) Esquecimento.

Mesmo que se lance mão dos fatores que favorecem a retenção, nem

sempre se pode garantir que ela ocorra. Ou ainda, após determinado

período de tempo, pode-se dar o esquecimento daquilo que anteriormente

estava retido.

O esquecimento pode ser relacionado a:

• Falta de uso - é uma explicação simplista, mas verdadeira.

Quando aquilo que foi aprendido não é utilizado, a tendência é que caia no

esquecimento;

• Interferência - mais comum no início de uma aprendizagem,

é a influência negativa de uma aprendizagem sobre outra;

• Reorganização - quando se aprende algo, não se armazena

exatamente da mesma forma como foi ensinado, não sendo incomum

lembrar das coisas diferentemente do que foi aprendido; e

• Esquecimento motivado - provocado por repressão, ou seja,

quando o que foi aprendido está associado a experiências desagradáveis

que o indivíduo quer esquecer.

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2.4 PROBLEMAS DE APRENDIZAGEM

É perigoso caracterizar um indivíduo numa situação de aprendizagem

como apresentando problemas. É necessário conhecer bem o contexto onde

tal está ocorrendo para fazer um julgamento mais imparcial e com mais

dados.

Não raro se observa colocar toda culpa dos problemas de

aprendizagem no aluno: é ele que tem dificuldades, carências, distúrbios.

Deve-se considerar, no entanto, todos os fatores que estão envolvidos

na aprendizagem e, após analisá-los, tomar as providências que a situação

requer.

Os fatores envolvidos na aprendizagem são:

a) Individuais - o nível de maturidade, o ritmo pessoal e as

preferências dos alunos devem ser considerados.

Os problemas individuais apresentados pelos alunos podem ter

origem: física (problema de vista, mal-estar passageiro, etc); emocional

(inibição, acentuada sensibilidade, etc);

b) Familiares - em geral esses fatores são percebidos no

indivíduo através de suas atitudes e reações emocionais: tipo de educação

recebida (autoritária, liberal, etc); relacionamento familiar (falta de carinho,

excesso de atenção, etc); e

c) Escolares - podem estar relacionados a diversas áreas, entre

elas: método de ensino (participação dos alunos, aula expositiva, etc);

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ambiente escolar (iluminação e ventilação da sala de aula, posição do aluno

na classe, etc); relação entre os alunos (competição, cooperação, etc);

professor (participante, autoritário, etc).

Cabe acrescentar que, ao professor, muitas vezes é difícil detectar

sozinho a origem do problema, não sendo raro encontrar um mesmo

comportamento relacionado a fatores diferentes.

No entanto, a criação de um ambiente de participação e bom

relacionamento é tarefa do instrutor, que consegue desse modo maior

entrosamento com seus alunos, afastando assim boa parte dos possíveis

problemas de aprendizagem.

2.5 FATORES FACILITADORES DA APRENDIZAGEM

Não seria incorreto afirmar que, a grosso modo, o fator mais

importante da aprendizagem é a capacidade do professor estimular seus

alunos.

Na aprendizagem, dois aspectos devem ser considerados pelo

instrutor: a interação com o aluno - suas particularidades, suas diferenças

individuais; e a matéria a ser aprendida - seqüência, extensão,

complexidade.

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Para facilitar a aprendizagem, alguns fatores devem ser levados em

conta, tais como:

a) Significado - quanto mais significativa a tarefa, mais fácil se torna

aprender. A matéria deve fazer sentido para o aluno, deve ser compreendida

por ele.

Cabe ao instrutor examinar as tarefas de aprendizagem,

preocupando-se em como aumentar-lhes o significado. Para isso, ele deve

relacionar a tarefa à experiência prévia e à seqüência de desenvolvimento

(apresentar aos alunos a matéria dividida em partes menores, seqüenciada e

ordenada, ressaltando os aspectos principais).

b) Grau de orientação - alguns alunos requerem estímulos e

apoio com mais freqüência, ao passo que outros não. Uma cuidadosa

observação ajuda o instrutor a descobrir os que precisam ou não de maior

orientação;

Como regra geral, pode-se dizer que nos estágios iniciais de qualquer

tarefa de aprendizagem, o instrutor deve dar a máxima orientação, retirando-

a gradualmente no decorrer da aprendizagem, sempre observando os alunos

individualmente.

c) Prática - algumas aprendizagens requerem, para que ocorra

realmente a retenção, ser acompanhadas de prática (exercícios, visitas, etc).

Por isso é importante que o instrutor introduza exemplos que exprimam o

significado essencial do que está transmitindo, bem como se preocupe em

fazer com que seus alunos exercitem o que aprenderam;


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d) Conhecimento de resultados - é bastante útil informar aos

alunos sobre os seus resultados na tarefa de aprendizagem, pois os alunos

devem saber o que está certo e o que está errado em sua atuação na

aprendizagem, para continuar ou corrigir. Ainda, o conhecimento dos

resultados pode aumentar a velocidade e o grau de aprendizagem dos

alunos; e

e) Reforço - a utilização de estímulos pode fortalecer um

comportamento (reforço positivo) ou suprimi-lo (reforço negativo). O

professor pode lançar mão deste fator, que em muito pode ajudá-lo em sala

de aula, mas lembrar-se que o uso exclusivo do reforço pode tornar seus

alunos dependentes de tais recursos e automatizados.

No aspecto da interação com os alunos, fatores como o

posicionamento do instrutor em sala de aula e os sentimentos que tem em

relação à tarefa de ensinar são igualmente importantes e devem ser

considerados, pois o gosto por ensinar e a segurança com que o faz refletem

na aprendizagem do aluno.

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CAPÍTULO 3

CONCLUSÃO

Nunca é demais reforçar que o processo ensino-aprendizagem é algo

bem mais complexo do que a simples transmissão de conteúdos. O instrutor

adquire um papel primordial nesse processo, devendo ser ele um orientador

da aprendizagem, consciente de seu papel de proporcionar ao aluno novas

experiências.

Tendo à sua disposição um campo de conhecimentos que se propõe

a auxiliá-lo nessa tarefa, o instrutor encontra na Psicologia subsídios para

que possa compreender melhor os aspectos do comportamento humano,

que servem como suporte teórico para que ele, consciente de sua

responsabilidade, aprimore seu trabalho.

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BIBLIOGRAFIA

ARAGÃO, Wanda M. Psicologia - Um Estudo Introdutório. Editora Rio. Rio de

Janeiro, 1976.

HUNTER, Madeline. Ensine Mais - Mais Depressa! 7a edição. Petrópolis,

Vozes, 1986.

KLAUSMEIER, Herbert J. Manual de Psicologia Educacional. Harper e Row

do Brasil. São Paulo, 1977.

MEDNICK, Sarnoff A. Aprendizagem. Editora Zahar, Rio de Janeiro, 1973.

MOULY, George J. Psicologia Educacional. Livraria Pioneira Editora. São

Paulo, 1979.

PILETTI, Nelson. Psicologia Educacional. Editora Ática, São Paulo, 1984.

SOUZA CAMPOS, Dinah M. Psicologia da Aprendizagem. Editora Vozes.

Petrópolis, RJ, 1972.

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