Você está na página 1de 13

MANUAL DE PSICOLOGIA

MÓDULO 5 (TOTAL 32 HORAS)


FATORES E PROCESSOS DE APRENDIZAGEM

Índice

Objetivos e conteúdos..................................................................................................................1
A aprendizagem............................................................................................................................2
A condicionamento operante e reforço........................................................................................3
Aprendizagem vicariante e modelação.........................................................................................6
Memória…………………………………………………………………………………………...8
Dificuldades de aprendizagem……………………………………………………………………………………………………9
Estilos de aprendizagem e métodos de estudo…………………………………………………………………………10
Bibliografia e webgrafia...............................................................................................................11
Objetivos
Compreender o processo da aprendizagem; reconhecer o impacto do condicionamento operante e do
reforço; problematizar; compreender a aprendizagem vicariante e o papel da modelação; articular
memorização, esquecimento, transferência da aprendizagem; caracterizar as dificuldades na
aprendizagem; reconhecer diferentes estilos de aprendizagem; reconhecer o papel da motivação;
relacionar estudo, gestão de tempo e concentração.

Conteúdos
A aprendizagem; condicionamento operante e reforço; aprendizagem vicariante e modelação;
memória; dificuldades de aprendizagem; estilos de aprendizagem e métodos de estudo.

Manual de Psicologia - Módulo 5 – Fatores e Processos de Aprendizagem

1 |12
 A aprendizagem

A socialização é o processo pelo qual uma pessoa aprende e interioriza regras, valores e normas
da sociedade onde está inserido. Este processo acontece ao longo da vida, mas a ênfase vai para
o período em que somos crianças. Um bebé quando cresce torna-se num ser cultural integrado
no sistema tradicional da comunidade onde nasceu.

A socialização dá-se através de três mecanismos distintos: aprendizagem (interiorizamos modos


de estar e automatismos de comportamentos), imitação (reprodução do que vemos) e
identificação (a identificação da criança com a mãe, por exemplo, fará significar, para ela, o que
quer dizer ser mulher, e com o pai o que significa ser homem, e com isto ela tenderá a
reproduzir os comportamentos/papéis sociais com os quais se identifica). Chamamos de
socialização primária o período inicial da vida em que convivemos com pessoas que nos são
próximas e com quem aprendemos as regras de higiene, de comportamento social, linguagem,
dieta alimentar, de estar à mesa, etc. É a interiorização dos costumes. Nesta fase, as
aprendizagens são mais intensas, mais marcantes, pois é nesta etapa que estamos
biologicamente mais abertos à assimilação de aprendizagens. A socialização secundária é
responsável por nos integrar num meio social específico que exige de nós novas competências
sociais. Acontece ao longo da vida, depois de o indivíduo já estar socializado. Trata-se da
interiorização de novas regras e costumes que se acrescentam ao já conhecido e integrado. A
socialização secundária assenta, portanto, na socialização primária.

No processo dinâmico que é a socialização temos aquilo que se designa por agentes de
socialização, ou seja, a família, os grupos de amigos, a escola, os grupos sociais e os meios de
comunicação de massas. São eles que nos vão transmitindo os costumes, tradições, regras e
valores. A socialização acompanha-nos toda a vida (até na velhice, já que na reforma iremos ter
que nos adaptar a novos hábitos).

A aprendizagem é um processo dinâmico, contínuo, pessoal, gradativo e cumulativo. Ela leva à


alteração dos comportamentos. Sempre que aprendemos alguma coisa nova, a consequência
disso é vermos o nosso comportamento alterado, já que integramos os novos conhecimentos

Manual de Psicologia - Módulo 5 – Fatores e processos de Aprendizagem

2 |11
nas nossas ações. A experiência leva-nos a consolidar as novas aprendizagens.

A motivação potencia muitíssimo a aprendizagem. Quanto mais motivados estivermos, mais


facilmente investiremos o nosso tempo e dedicação a um certo tema ou área da vida.

As experiências anteriores são também um aliado ou um fator limitante na aquisição de novas


aprendizagens, já que podem travar-nos (se configurarem algum tipo de trauma) ou
impulsionar-nos se nos trouxerem boas memórias e sensações.

 A motivação

A teoria de Herzberg é largamente conhecida e, com todas as suas fraquezas, o seu valor
duradouro está no reconhecimento que a verdadeira motivação vem do interior da pessoa e não
de fatores externos. Aplicada à formação em contexto real de trabalho, a teoria de Herzberg
identifica os fatores de motivação intrínseca e extrínseca. No primeiro caso, as pessoas podem
motivar-se a elas próprias através da procura, descoberta e execução de trabalho que lhes traz a
satisfação das necessidades. No segundo caso, as pessoas podem ser motivadas pela empresa
através de incentivos como salário, promoção, prémios, etc.

 Motivação intrínseca - é determinada por fatores gerados internamente e que fazem


com que as pessoas se comportam de uma forma ou de outra, ou que se movam numa
certa direção. Estes fatores incluem responsabilidade (o sentimento de que o trabalho é
importante), autonomia (a liberdade de ação), razão para usar e desenvolver
competências, trabalho interessante e aliciante, oportunidades de desenvolvimento e
progresso na carreira. Em termos de aprendizagem, os alunos motivados internamente
são os que procuram um sentimento de realização pessoal e aprendem pelo gosto de
aprender.

 Motivação extrínseca - é gerada por fatores externos à própria pessoa, como:


recompensas, aumento salarial, prémios ou promoções, punições, ações disciplinares,
críticas etc. Em formação ou educação, os alunos esperam um certo resultado do
processo de aprendizagem, como uma recompensa pelo esforço realizado.

Manual de Psicologia - Módulo 5 – Fatores e processos de Aprendizagem

3 |11
Os fatores extrínsecos podem ter um efeito imediato e poderoso, mas que não irá durar muito
tempo. Os fatores intrínsecos, relacionados com a "qualidade de vida do trabalho" (uma expressão
que surgiu deste conceito), têm um efeito mais profundo e de longa duração, por serem inerentes
aos indivíduos e não serem impostos pelo exterior.

Os alunos apresentam habitualmente, uma mistura dos dois tipos de fatores de motivação. A
prática sugere que os formandos com motivação intrínseca ou mista tendem trabalhar melhor e
atingir melhores resultados do que os com motivação extrínseca. Na pedagogia tradicional
considera-se que a motivação externa é importante durante a aprendizagem. As pessoas devem
ser obedientes e dóceis para aprenderem e isso consegue-se através de fatores positivos como
boas avaliações, elogios, recompensas, ou de fatores negativos como más avaliações, punições,
constrangimento. No ensino convencional, as necessidades individuais dos alunos são
praticamente ignoradas, partindo do princípio que a instituição e/ou o professor sabem melhor o
que os alunos precisam de aprender do que os próprios alunos. A formação profissional, por outro
lado, em vez de ser centrada no saber, tenta centrar-se mais no aluno e nas suas necessidades, nos
seus interesses e motivações pessoais em relação ao saber. O formador leva em conta estas
motivações, envolvendo e responsabilizando o aluno pelo processo de aprendizagem

 O condicionamento

Segundo a aprendizagem associativa para se aprender tem de se associar estímulos e respostas ou


associar estímulos. Existem dois tipos de aprendizagem associativa: o condicionamento clássico e o
condicionamento operante.

O condicionamento clássico foi o investigado russo Ivan Pavlov que, ao estudar os reflexos
digestivos do cão, descobriu uma forma de aprendizagem presente nos seres humanos e noutros
animais.

O condicionamento operante foi o investigador norte-americano Rufus Skinner que desenvolveu


uma experiência que o conduz à descoberta do modo como tantas das nossas aprendizagens se

Manual de Psicologia - Módulo 5 – Fatores e processos de Aprendizagem

4 |11
processam e se mantêm. Para controlar as variáveis da experiência, criou um dispositivo
experimental que tem o seu nome, a “caixa de Skinner”, que apresenta um dispositivo automático
que liberta o alimento quando acionado. Muitos dos nossos comportamentos foram adquiridos ao
longo do processo de socialização através da observação e imitação dos outros.

A aprendizagem por observação e imitação foi estudada por Albert Bandura que, numa das suas
experiências, ofereceu um boneco a uma criança e a criança não demonstrou nenhuma atitude
violenta. Contudo, depois da criança assistir a um adulto a bater ao boneco imitou este
comportamento. Bandura confirmou que a experiência dos outros pode conduzir à aquisição de
novos comportamentos. Contudo, notou que algumas crianças não reproduziam o
comportamento que observam. Concluiu que não basta observar e reter um comportamento para
o imitar e que a fase de execução implica fatores internos do próprio sujeito.

O condicionamento clássico, bem como os outros acabam por ter vantagens e limitações, porque o
comportamento é em função do estímulo, o ensino deve fornecer estímulos adequados, a
aprendizagem depende apenas dos estímulos. No condicionamento operante, dá-se um arranjo
das contingências de reforço, o formador faz surgir um comportamento ótimo usando os estímulos
e os reforços apropriados, diminui o papel do individuo enquanto construtor da própria
aprendizagem. Na aprendizagem por observação e imitação, a aprendizagem pode ocorrer em
situações sociais, o indivíduo não necessita de experimentar todos os passos para aprender,
muitos comportamentos podem ser facilmente ensinados por exposição ao modelo, os indivíduos
atuam no processo da aprendizagem.

Dos três tipos de aprendizagem existentes, o mais adequado para justificar o comportamento é a
aprendizagem por observação e imitação, porque muitas das coisas que aprendemos são fruto de
vermos alguém a fazer.

 O condicionamento operante

O condicionamento operante é o processo de aprendizagem em que a consequência de uma


resposta afeta a probabilidade da resposta ser repetida no futuro. O meio opera sobre as ações.

Manual de Psicologia - Módulo 5 – Fatores e processos de Aprendizagem

5 |11
Skinner e Thorndike criaram experiências com animais. Thorndike formulou a seguinte lei:
“qualquer ação que produza um efeito satisfatório será repetida”. Thorndike fechou gatos em
caixas-problemas que, quando descobriam a forma de destapar as caixas, aprendiam e repetiram o
movimento cada vez que fossem colocados naquele sítio.

Foi, no entanto, Skinner que desenvolveu o conceito. O condicionamento operante descreve a


correspondência entre o comportamento e as consequências. Será então um processo através do
qual aprendemos a dar respostas de forma a evitar algo desagradável.

O reforço é um acontecimento que resulta de um comportamento e que o desenvolve. O reforço


positivo é um estímulo que tem consequências positivas, agradáveis, e que se segue a um dado
comportamento (ex: a criança fez os TPC e a mãe recompensa-a com um brinquedo). O reforço
negativo é a eliminação do estímulo que permite evitar a situação dolorosa (ex: a criança fez os
TPC e a mãe diz que ela não tem que comer a sopa, já que não gosta).

Tanto o reforço positivo como o reforço negativo têm as mesmas consequências, como fortalecer,
aumentar a ocorrência de um comportamento. Estes dois tipos de reforços aumentam a
probabilidade que a resposta ocorra.

As consequências de um comportamento podem ser desagradáveis para o sujeito, o


comportamento tenderá a desaparecer. Ou seja, também se consegue verificar o comportamento
através dos efeitos negativos. É o caso do castigo.

Existem dois tipos de castigos. O castigo de tipo I, que consiste na apresentação de um estímulo
negativo depois de emitido o comportamento que se quer que desapareça. O castigo de tipo II
traduz a eliminação de um estímulo agradável. Ao contrário do reforço, que implica sempre
desenvolvimento no comportamento, o castigo ensina a não fazer algo e a eliminar uma resposta.

No entanto o castigo deve ser imediato, não combinado. Não deve ser fraco nem forte, mas sim o
suficiente. Deve-se ser proporcional à falta em causa e fazer algo sempre que esta ocorra. Os
critérios devem ser claros para que o sujeito saiba claramente porquê está a ser castigado e para
que não o volte a repetir. Deve-se acabar com o castigo assim que ele tenha o efeito desejado.

Manual de Psicologia - Módulo 5 – Fatores e processos de Aprendizagem

6 |11
Caixa de Skinner
Skinner realizou a maior parte das suas experiências com animais inferiores, principalmente com o rato branco.
Desenvolveu o que se tornou conhecido por "Caixa de Skinner" como aparelho adequado para estudo animal.
Tipicamente, um rato é colocado dentro de uma caixa fechada que contém apenas uma alavanca e um
fornecedor de alimento. Quando o rato carrega na alavanca sob as condições estabelecidas pelo
experimentador, uma bolinha de alimento cai na tigela de comida, recompensando assim o rato. Depois de o
rato ter fornecido essa resposta o experimentador pode controlar o comportamento do rato através de vários
estímulos. O comportamento pode ser gradualmente modificado ou modelado até aparecerem novas repostas
que não fazem parte dos comportamentos habituais do rato. Êxito nesses esforços levou Skinner a acreditar que
as leis de aprendizagem se aplicam a todos os organismos.
O comportamento pode ser modelado pela apresentação de materiais em cuidadosa sequência e pelo
oferecimento das recompensas ou reforços apropriados. A aprendizagem programada e máquinas de ensinar
são os meios mais apropriados para realizar aprendizagem escolar. O que é comum ao homem, a pombos e a
ratos é um mundo no qual prevalecem certas contingências de reforços.

A aprendizagem por observação foi estudada por Albert Bandura (1925-1998), que desenvolveu
várias experiências para fundamentar a sua teoria. Segundo Bandura, a aprendizagem social
ocorre pela observação dos comportamentos daqueles com quem convivemos (pais, amigos,
professores). Bandura designa por modelação ou modelagem vicariante o processo
de aprendizagem social feito com base na observação e imitação sociais. É observando e imitando
que as crianças aprendem a falar e a brincar. Brincar às casinhas ou aos polícias e ladrões é
exemplo disso. O adolescente aprende com os outros a gostar da roupa que quer comprar e ganha
hábitos de fumar ou ir à discoteca. Também o adulto imita os outros nas roupas que escolhe, na
preferência por determinadas marcas de automóvel, no tipo de férias que escolhe e na forma
Manual de Psicologia - Módulo 5 – Fatores e processos de Aprendizagem

7 |11
como educa os filhos. A ideia-chave das perceções de Bandura é que as pessoas podem aprender
tão bem diretamente como indiretamente. Por exemplo: um empregado que ganha um prémio
pelo seu desempenho profissional está a ser reforçado pelo seu comportamento positivo e
tenderá a mantê-lo no futuro (aprendizagem por reforço direto). Os colegas de trabalho tenderão
a proceder como ele porque viram que o bom desempenho é apreciado (aprendizagem por
reforço indireto). Isto significa que aprender com o que acontece aos outros é uma via de
aprendizagem de grande número de comportamentos, atitudes e sentimentos sociais (boneco
Bobo – as crianças que assistiram adultos maltratar o boneco, maltrataram-no também).

 Processamento de informação

A memória é um processo cognitivo pelo qual adquirimos, retemos e recordamos conteúdos


apreendidos. Aquisição é a fase em que novos conteúdos são introduzidos na memória (estes são
codificados em acústicos, visuais ou semânticos); a retenção trata do armazenamento da
informação; e a recordação é a evocação de conteúdos retidos.

Há três tipos de memória:

 A memória sensorial (serve para reter as informações que nos chegam pelos sentidos,
isto é, a visão, a audição, o tato, o olfato e o paladar). A informação que nos chega
pelos sentidos é processada, analisada, interpretada e guardada no cérebro em menos
de 2 segundos. É como se fosse uma memória imediata. Quando o cérebro precisa de
mais tempo, recorre ao próximo tipo de memória.
 A memória de curta duração. Quando o nosso cérebro entende que a informação que
está a receber é importante, a informação é transferida da memória sensorial para a
memória de curta duração. Nela, podemos memorizar até 7 informações durante
cerca de 30 segundos. Se necessário um armazenamento durante mais tempo, o
cérebro recorre ao último tipo de memória.

Manual de Psicologia - Módulo 5 – Fatores e processos de Aprendizagem

8 |11
 A memória de longa duração. Quando a memória ultrapassa os primeiros dois tipos, a
informação pode ser guardada no espaço de longa duração. Esta é a parte da memória
mais interessada que nos permite guardas as informações de várias formas, mas
sempre de uma maneira cronológica, já que é o tipo de organização a que estamos
habituados.

O esquecimento pode não ter um lado negativo se percebermos que ele permite uma seleção de
conteúdos que sejam relevantes para as funções que queremos realizar. De qualquer modo, pode
haver falhas no processamento da memorização. Na fase de aquisição, confundimos nomes ou
imagens que queríamos reter e então guardamos informação errada; não conseguimos lembrar de
certas coisas que achávamos bem assimiladas. Estes desajustes podem dever-se ao facto de que
novas aprendizagens podem interferir em conteúdos antigos e inibi-los. Por exemplo, uma inibição
pró-ativa acontece quando não te recordas do teu novo número na turma nova, porque vem-te à
cabeça sempre o teu número antigo. Uma inibição retroativa dá-se quando acontece o inverso,
isto é, quando, ao aprenderes uma nova língua (por exemplo, italiano) as palavras que te surgem
numa viagem a Espanha são em italiano, em vez de serem em espanhol, porque o que mais tem
ocupado o teu cérebro recentemente é a aprendizagem do italiano. As motivações inconscientes
também explicam o esquecimento, já que inconscientemente tentamos bloquear memórias
dolorosas. Para Freud, o recalcamento é a forma de impedir a manifestação na consciência de
eventos antigos perturbadores do equilíbrio psíquico.

Podemos também falar em transferência de aprendizagem, que consiste em transferir uma


aprendizagem de uma experiência anterior para uma nova experiência, facilitando a nova
aprendizagem. Assim, pode haver transferências positivas (quando, por exemplo, aprendemos a
andar de bicicleta e isso vai ser-nos útil quando aprendemos a andar de mota, porque já temos o
equilíbrio trabalhado) e negativas (quando tiras a carta de condução em Portugal sabes que os
carros circulam pela direita, mas se guiares em Inglaterra, os carros circulam pela esquerda, o que
te vai dificultar a aprendizagem).

 Dificuldades de aprendizagem

Manual de Psicologia - Módulo 5 – Fatores e processos de Aprendizagem

9 |11
Há várias situações em que podem ocorrer dificuldades no processo de aprendizagem. A dislexia é
um caso desses, já que é uma desordem de aprendizagem que tem como consequência a
dificuldade em reconhecer e compreender palavras, em soletrar os escrever sem erros
ortográficos (ex: omissão de sílabas ou letras, adições de sílabas ou letras, leitura lenta,
dificuldades, etc). Outras situações referem-se a uma capacidade cognitiva diminuída, ter uma
situação socioemocional frágil, entre outros.
O insucesso escolar é multifatorial. Ele está relacionado com questões familiares (ambientes
desestruturados/negligenciadores), escolares (falta de disciplina, currículos muito extensos, etc)
ou ainda um local de residência ou escolar com altas taxas de criminalidade. As estratégias para
superar este insucesso passam por um estudo acompanhado, currículos alternativos, apoios
psicopedagógicos, planos de tutoria e atividades extra curriculares.
Robert Sternberg faz uma categorização das pessoas relacionando a sua organização interna com
formas externas de organização social. Diz então que as pessoas de tipo legislativo gostam de ter
controlo sobre as suas ações e de decidir o que fazer; as pessoas executivas gostam de seguir as
regras preestabelecidas e de implementar procedimentos definidos por outras pessoas; as pessoas
judiciais gostam de avaliar regras e procedimentos. Também distingue as pessoas em função do
seu estilo de pensamento e diz então que as pessoas podem ser monárquicas (focam-se num
objetivo de cada vez, são impulsivas e determinadas); hierárquicas (analisam os problemas sob
diferentes perspetivas, estabelecendo prioridades); oligárquicas (resolvem um grupo de questões
ao mesmo tempo, mas têm dificuldade em definir prioridades) ou anárquicas (abordagem pouco
sistematizada das questões e tarefas).
David Kolb entende a aprendizagem como algo cíclico que tem quatro fases: a experiência
concreta, que é a base da aprendizagem, já que traduz uma situação nova; a observação reflexiva,
que traduz a análise das experiências; a concetualização abstrata, criamos ou corrigimos teorias de
modo a integrar e explicar o papel da experiência; e a experimentação ativa, onde se aplicam as
teorias desenvolvidas a novas situações. Kolb concebeu quatro estilos de aprendizagem que
traduzem quatro tipos de indivíduos: os divergentes (têm explicações inovadoras sobre as
situações); os assimiladores (privilegiam o conhecimento sistematizado, gostam de construir
teorias e conceitos); os convergentes (procuram aplicar as teorias na prática, preferem a resolução
de problemas concretos); e os acomodadores (preferem a realidade concreta e não lidam tão bem
com conhecimento teórico).
John Keller fala ainda de quatro fases, as ARCS, na motivação da aprendizagem: Atenção (deve ser
mantida através de perguntas regulares e clima de incerteza que estimule a curiosidade),
Relevância (deve ser mostrada a importância do que se ensina), Confiança (aluno deve poder
aplicar com sucesso os conhecimentos ensinados) e Satisfação (o aluno deve sentir-se satisfeito
com as aprendizagens e seu progresso).
Os métodos de estudo são importantes para o sucesso escolar. A gestão do tempo é importante,
quanto mais tarde, mais cansados estaremos. Devemos fazer intervalos pequenos de hora em
hora. Ter hábitos regulares de estudo, tal como devemos praticar exercício físico regularmente.
Fazer resumos da matéria obriga a selecionar o mais importante e a distinguir conteúdos. O espaço
deve estar organizado e limpo. A música por norma desconcentra. Não se deve estudar duas
disciplinas ao mesmo tempo. Deve-se dormir bem para ter o cérebro descansado e com
capacidade para reter informação. Devem fazer-se esquemas concetuais com o “esqueleto” das
matérias.
Manual de Psicologia - Módulo 5 – Fatores e processos de Aprendizagem

10 |11
Manual de Psicologia - Módulo 5 – Fatores e processos de Aprendizagem

11 |11
Bibliografia e webgrafia

Guerra, Alexandre; Lopes, Nuno (2019), Psicologia – Cursos Profissionais – Volume 2. Lisboa:
Plátano Editora.
https://elearning.iefp.pt/
https://notapositiva.com/

Manual de Psicologia - Módulo 5 – Fatores e processos de Aprendizagem

12 |11

Você também pode gostar