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Delineadores Final
Delineadores Final
net/publication/307182446
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All content following this page was uploaded by Ricardo Alexandre Zavanelli on 30 August 2016.
INTRODUÇÃO
O sucesso e a longevidade da reabilitação protética com prótese parcial removível (PPR)
estão intimamente relacionados ao:1-4
§ adequado planejamento da prótese (desenho e delineamento do seu caso clínico);
§ estado de saúde dos dentes pilares (inserção óssea adequada, sem mobilidade ou
inflamação periodontal);
§ controle da higiene mantida pelo paciente;
§ controle das forças oclusais geradas e transmitidas da prótese aos dentes e tecidos de
suporte.
A PPR confeccionada não deve ser iatrogênica, ou seja, não deve gerar traumas aos
tecidos moles e duros remanescentes, mas, sim, preservá-los.2,5 Por si só, a PPR causa um
sobrecontorno, que é um elemento adicional de acúmulo de placa bacteriana. Assim, cabe
aos profissionais o estabelecimento de um desenho simples, eficiente e que gere o mínimo
de desconforto ao paciente.3
A trajetória de inserção (TI) consiste no percurso ou caminho que a PPR faz desde o
contato inicial dos elementos da estrutura metálica com os dentes pilares até o as-
sentamento final dessa prótese. Com a mesma direção, mas no sentido contrário,
tem-se a trajetória de remoção.
O uso dos implantes osseointegrados e a confecção de próteses fixas sobre implantes têm
aumentado de forma significativa. O uso das próteses removíveis vem diminuindo, no en-
tanto a PPR ainda possui amplo alcance social. Essa deve ser planejada e executada de forma
a proporcionar longevidade com saúde ao tratamento executado, gerando o mínimo de
desconforto possível aos pacientes.
ESQUEMA CONCEITUAL
Métodos para delineamento dos modelos de estudo
Conclusão
Neste artigo, será descrita, de forma aprofundada, uma simplificação do método das ten-
tativas, denominada TDTCZ. Essa técnica – utilizada para o delineamento com fixação da
TI paralela ao plano oclusal, considerando o desenho prévio da futura estrutura metálica
– baseia-se no equilíbrio de quatro pilares, apresentados sob a forma mnemônica PIRE,
conforme segue:
§ P = planos-guia
§ I = interferência óssea
§ R = retenção dentária
§ E = estética
DELINEADORES
Os delineadores foram inicialmente utilizados em 1918, e tornaram-se um marco de efe-
tividade da confecção das PPRs, sendo capazes de auxiliar na identificação de superfícies
paralelas e pontos de máximo contorno.1,2,20-23
O delineador possibilita:7-11
§ identificar as áreas retentivas e expulsivas em dentes ou rebordo;
§ distinguir as superfícies dentárias comuns e paralelas ou não entre si;
§ avaliar a necessidade de recontorno do perímetro dentário;
§ aferir a presença de áreas necessárias à retenção dos grampos da PPR;
§ calibrar as áreas retentivas de acordo com a flexibilidade da liga metálica a ser utiliza-
da para a confecção da estrutura metálica da PPR.
PONTA ANALISADORA
A ponta acessória denominada analisadora (Figura 3) fará a análise do PIRE, ou seja, anali
sará os quatro fatores para o delineamento do modelo de estudo da PPR (essa avaliação não
necessita de marcação ou desenhos sobre o modelo de gesso).
Essa ponta tem aplicação bastante versátil e pode ser utilizada para análises diversas quanto
à presença ou não de área retentiva nos elementos dentários e de interferência óssea no
rebordo alveolar, além de poder ser utilizada como ponta acessória auxiliar na fixação da TI.
Figura 5 – A e B) Pontas calibradoras, utilizadas para aferir a presença ou não de retenção dentária: (a) reten
ção de 0,25mm; (b) retenção de 0,50mm e (c) retenção de 0,75mm.
Fonte: Arquivo de imagens dos autores.
Cada tipo de retenção está indicado a um tipo específico de liga metálica. O Quadro 1 traz
os graus de retenção e as respectivas indicações de ligas.
Quadro 1
LIGAS INDICADAS PARA CADA TIPO DE RETENÇÃO
PONTA PORTA-GRAFITE
A ponta acessória porta-grafite (Figura 6), junto com o grafite, é utilizada para o delinea
mento propriamente dito, ou seja, o grafite contido nessa ponta é que irá delinear ou marcar
o equador protético que divide todos os dentes em área retentiva (abaixo do equador pro-
tético) e área expulsiva (acima do equador protético), quando todos os dentes do modelo
de gesso forem analisados como um todo e simultaneamente.
PONTA PORTA-ENCAIXE
Outras pontas acessórias ou de trabalho também podem ser utilizadas para posicionar os
encaixes calcináveis que deverão ficar paralelos à TI da PPR, como, por exemplo, a ponta
porta-encaixe do tipo encaixe resiliente extracoronário (ERA, do inglês extra resilient at-
tachment) da empresa Sterngold (Figura 7).
D E F
G H I
J K L
M N O
Figura 8 – A) Situação clínica inicial; presença de PPF insatisfatória do ponto de vista estético. B-D) PPF pro-
visória confeccionada em laboratório, para ser instalada após remoção da PPF insatisfatória. E e F) Presença
de núcleos metálicos nos dentes pilares da PPF e necessidade de repreparo desses. G-I) Nova estrutura me-
tálica confeccionada sobre o modelo de trabalho, já com os encaixes do tipo ERA calcináveis, posicionados na
face distal da estrutura da PPF, paralelos entre si, cujo eixo de inserção irá seguir a TI e remoção da futura PPR.
J) Modelo de trabalho e troqueis obtidos, sobre os quais a estrutura da PPF foi confeccionada. K-N) Outras
vistas da estrutura da PPF em posição sobre o modelo de trabalho. O e P) Presença de desajuste e báscula da
estrutura, o que requer o corte.
S T U
V W X
Figura 8 (continuação) – O e P) Presença de desajuste e báscula da estrutura, o que requer o corte (Q); união
com resina acrílica do tipo duralay vermelha (R) e obtenção de novo modelo para a realização de soldagem
(S); estrutura soldada provada em boca (T), ajustada e registrada (U), transferida com auxílio de moldeira de
estoque e silicone de adição (V) para aplicação da porcelana do tipo feldspática (W e X).
Fonte: Arquivo de imagens dos autores.
D E F
G H I
J K L
Figura 9 – A e B) Estrutura metálica da PPR confeccionada sobre o modelo de trabalho e já com o plano de
cera sobre a sela da PPR. C-H) Dentes montados em cera após registro maxilomandibular com a respectiva
prova funcional que aferiu a dimensão vertical de oclusão, corredor bucal e possíveis interferências foné-
ticas; presença dos grampos de retenção (usados provisoriamente durante as provas) que foram cortados
no momento da acrilização da base protética. I-L) Como não houve relato da paciente queixando-se das
questões funcionais e estéticas, as PPRs foram encaminhadas ao laborátório de prótese dentária (LPD) para
procedimento de inclusão e polimerização. As PPRs foram “acrilizadas” com os machos de processamento de
coloração preta já capturados em posição.
P Q R
Figura 9 (continuação) – M) A PPF foi cimentada de forma adesiva junto aos preparos dentários com auxílio de
cimento resinoso autocondicionante e autoadesivo U-200 (3M® Espe) e, em seguida, inserida a PPR e aguar-
dada a polimerização do agente cimentante. N-O) Chaves necessárias para eventual troca dos machos de
retenção do sistema de encaixe ERA. P-R) Imagens extrabucais do trabalho protético instalado e a satisfação
demonstrada pela paciente.
Fonte: Arquivo de imagens dos autores.
Todo esse trabalho de confecção de nichos e planos-guia na estrutura metálica da PPF foram
prescritos e planejados previamente ao envio ao LPD. Para que haja um único eixo de inser-
ção e remoção da PPR, a estrutura da PPF foi fresada (ver Figura 12).
Este artigo não tem a intenção de esgotar o tema sobre desenho da estrutura, mas,
sim, direcionar os leitores a criar uma rotina de desenho e seguir seu desenho de acor-
do com suas convicções científicas, sabendo que o desenho prévio ditará o sucesso da
etapa de delineamento.
Há muitas escolas que preconizam diferentes formas de se obter o desenho da futura es-
trutura metálica. Aqui, será descrita uma forma didática e simples, com aplicação imediata,
que seguirá a seguinte ordem:
1) desenho dos apoios;
2) desenho dos grampos ou retentores diretos;
3) desenho dos conectores menores;
4) desenho dos conectores maiores;
5) desenho das selas.
O desenho dos retentores diretos também seguirá o tipo de espaço protético presente,
conforme segue.
EXTREMIDADE LIVRE
Para os espaços protéticos de extremidade livre, são indicados os grampos de Roach (tam-
bém conhecidos por ação de ponta), pois esse tipo de grampo apresenta maior flexibilidade
em relação aos grampos circunferenciais.
Dentre os grampos circunferenciais mais usados, podem-se citar os grampos: simples, re-
verso, em anel, em anzol, do tipo Ottolengui e do tipo meio a meio. Esses, assim como
os grampos por ação de ponta, serão selecionados de acordo com a área retentiva, o tipo
de equador protético presente e, principalmente, a simplicidade do desenho do elemento.
ATIVIDADE
11. Dentro dos princípios de desenho da estrutura metálica da prótese parcial removível
(PPR) (desenho prévio), qual é o espaço necessário para a barra lingual?
A) De 4 a 6mm.
B) De 6 a 8mm.
C) De 8 a 10mm.
D) De 10 a 12mm.
Resposta no final do artigo
Após o preparo prévio da cavidade bucal para eliminar eventuais focos de infecção, cáries e
doença periodontal, o paciente deve ser moldado com hidrocoloide irreversível de boa quali-
dade, como, por exemplo, o Hydrogum® (Zhermack SpA, Itália) e o Cavex® (Color Changes,
Holanda) (Figuras 14A e B) ou algum elastômero do tipo silicone de condensação (na técnica
da moldagem única ou simultânea, em que o pesado e o leve são manipulados e levados em
posição em uma única etapa) para se obter um modelo de gesso que será vazado em
gesso pedra (Figuras 15A-I).
D E F
G H I
O vazamento do molde com gesso comum ou com gesso especial deve ser evitado
para não comprometer o delineamento, pois o gesso comum poderá se desgastar
com facilidade e o especial pode dificultar a confecção de planos-guia, caso esse
procedimento seja necessário no delineamento.
A base do modelo pode ser obtida em gesso comum, sem problemas. Muito cuidado deve
ser tomado para a obtenção de moldes em silicone de condensação, pois, após sua presa e
o vazamento do gesso, o modelo poderá fraturar. Exige-se cuidado na remoção do modelo
e recomenda-se remover a moldeira, deixando o material de moldagem para sua posterior
remoção (Figuras 16A-D).
C D
Figura 16 – A-D) Exemplo de remoção do conjunto moldeira. Material de moldagem do tipo silicone que,
normalmente, gera a quebra dos dentes por se tratar de material rígido. Recomenda-se a remoção da mold-
eira e, em pedaços, a remoção do material de moldagem, sem danificar o modelo.
Fonte: Arquivo de imagens dos autores.
A B
C D
Figura 17 – A) Modelo de estudo posicionado sobre uma fotocopiadora. B) Resultado obtido. C) Início do
desenho prévio e modelo de estudo. D) Exemplo de outra forma de se realizar o desenho prévio em folha
de papel à parte.
Fonte: Arquivo de imagens dos autores.
A classificação topográfica da arcada, de acordo com Kennedy, também poderá trazer bene-
fícios ao desenho e ao seu planejamento, considerando as implicações biomecânicas de
cada Classe de Kennedy.
É evidente que, antes de se colocar o plano oclusal dos dentes do modelo de gesso para-
lelos em relação ao solo, deve-se realizar uma análise prévia da presença de dentes
inclinados, girovertidos ou extruídos, que poderão requerer maior recontorno de seu
perímetro. Sempre se deve ter em mente que o desenho sobre o caso clínico priorizará a sim-
plicidade em todos os sentidos (desenhos menos rebuscados e com menos componentes,
mas, sem deixar de lado o aspecto biomecânico e o conforto dos pacientes).
Os autores criticam o padrão de posicionar o plano oclusal do modelo paralelo à TI, defen-
dendo que sempre se deve equilibrar o PIRE, sendo possível inclinar a TI para favorecer a
obtenção de uma trajetória.20
ESQUEMA: PLANOS-GUIA
O Quadro 2 apresenta o esquema para se delinear o modelo, considerando o plano-guia.
Diante da ausência dos planos-guia – ou seja, das áreas retentivas que serão marcadas
como negativas (-) no esquema – o operador do delineamento deverá realizar o desgaste
dessas áreas posteriormente, a fim de conseguir superfícies paralelas entre si e em rela-
ção à TI, para:
§ favorecer a entrada e a saída da PPR;
§ diminuir o espaço morto e a impacção alimentar;
§ prover um único eixo de inserção e remoção sem traumatizar os dentes r emanescentes.
Esse desgaste proporcionará uma retenção friccional que diminuirá a necessidade de reten-
tores, principalmente em espaços intercalares anteriores, nos quais a presença de grampos
será antiestética e desconfortável aos pacientes.
Quadro 3
ESQUEMA DE DELINEAMENTO DO MODELO – RETENÇÃO DENTÁRIA
ESQUEMA: ESTÉTICA
A partir do desenho prévio (ver Figura 18), será feito o uso de duas placas proximais re-
tentivas na região mesial dos dentes 13 e 23 – a análise da área estética mais evidente do
esquema. Caso a situação clínica exigisse a colocação de grampos nessa região, poderia se
optar pelo uso de grampos mais estéticos e menos evidentes.
Essa análise seguirá para todos os dentes, conforme o desenho prévio. O operador irá co-
locar os sinais (+) ou (-), de acordo com sua análise, sendo que as áreas assinaladas como
(+) não irão requerer modificações e áreas (-) precisarão ser modificadas e ou readequadas.
ANÁLISE: PLANOS-GUIA
Ainda considerando o desenho prévio (ver Figura 18) e o esquema realizado, inicia-se a
análise, conforme segue:
§ Dente 17 (face mesial e palatina): evidencia-se com a faca de corte (Figura 19) a pre-
sença de área retentiva, e esse local (face proximal e mesial) receberá um conector
menor (de acordo com o desenho prévio) que, se for deixado dessa forma, poderá
causar abalo do dente durante a inserção e a remoção da prótese.
§ Área da face mesial: será marcada no esquema como (-) e irá requerer uma planifica-
ção para a obtenção de plano-guia e retenção dentária e a eliminação desse ângulo
morto.
§ Área da face palatina: será marcada no esquema como (+) e não irá requerer qual-
quer modificação de seu contorno (Figura 20). A faca de corte posicionada denota
uma área expulsiva e esse local, que receberá o braço de oposição, não sofrerá com
qualquer vetor lesivo.
Figura 19 – Faca de recorte posicionada na face Figura 20 – Faca de recorte posicionada na super-
mesial do dente 17. Há formação de um triângulo fície palatina do dente 17. Não há formação de
cervical retentivo, demonstrando que essa área, que triângulo retentivo, demonstrando que não existe a
receberá um conector menor, não deverá receber necessidade de se planificar essa área para receber
uma planificação para favorecer a inserção e re- o braço de oposição do grampo previamente desen-
moção da PPR. hado.
Fonte: Arquivo de imagens dos autores. Fonte: Arquivo de imagens dos autores.
No exemplo do dente 17, ilustrado na Figura 22, pode-se observar a presença da ponta
calibradora de 0,25mm em posição, formando um ângulo e um triângulo retentivo. Assim,
deve-se marcar essa região com a sigla (+), ou seja, haverá retenção ao grampo selecionado
previamente.
Caso não haja retenção e a sigla anotada seja (-), pode-se lançar mão dos seguintes recursos:
§ Criar área retentiva com o desgaste do esmalte (dimple) ou com o acréscimo de re-
sina composta.
§ Mudar o tipo de grampo. No caso em questão, analisar a outra face (V/C/M) e se há
ou não retenção, podendo ser mudado o desenho para favorecer o PIRE e não se ter
que desgastar ou acrescentar resina composta.
§ Mudar a TI. A literatura cita esse recurso; contudo, esse será utilizado em último caso,
pois se preconiza uma TF.
Em algumas situações, apenas o anel de calibração tocará o dente, demonstrando que não
há retenção adequada ao grampo e indicando a necessidade de se criar área retentiva,
quer seja por desgaste ou por acréscimo de resina composta. A técnica da TI, preconizada
pelos autores, não indica a modificação da inclinação dessa trajetória como forma de obter
retenção, principalmente porque atenderá esse quesito, mas prejudicará outros fatores do
PIRE (Figura 23).
Com uma lapiseira, deve-se estabelecer a posição do terminal retentivo como for-
ma de orientar o TPD na etapa de escultura em cera da futura estrutura metálica
(Figuras 24A-C). Deve-se observar o posicionamento correto da ponta porta grafite
ao nível da margem gengival como forma de se evitar a marcação de linhas errô-
neas que possam determinar áreas incorretas.
A B
A B C
D E F
Figura 25 – A) Posicionamento da ponta acessória faca de corte demonstrando a presença de triângulo cervi-
cal retentivo, ausência de planos-guia e, consequentemente, a necessidade de se planificar essa face mesial
para receber mais adequadamente o componente previamente desenhado (conector menor que irá auxiliar
na inserção e remoção da PPR). B) Início do desgaste dessa face com a ponta acessória faca de recorte que
deverá contornar toda face mesial e palatina (-). Um recorte realizado de forma reta poderá comprometer
a adaptação do componente metálica da estrutura. C-F) Desgaste realizado nas superfícies dentárias (faces
mesial e palatina do dente 17 e distal e palatina do dente 14). A identificação das faces pós-realização dos
desgastes facilitará a confecção e desgastes dos casquetes ou matriz de transferência desses planos-guia para
a boca do paciente.
Fonte: Arquivo de imagens dos autores.
A base do sucesso e da longevidade do tratamento com PPR está baseada na correta iden-
tificação das áreas retentivas e na adequada confecção dessas superfícies paralelas entre si
(“P”), o que irá beneficiar o desempenho biomecânico da prótese.
Após a finalização dos desgastes nos dentes do modelo de gesso, é prudente que
se realize uma marcação da área do plano-guia obtido para facilitar a confecção
dos casquetes e o seu desgaste posterior.
A C
D B E
F G H
Figura 26 – Confecção dos casquetes para se obter o plano-guia no modelo e transferir essa mesma quanti-
dade de desgaste para as faces dentárias na boca do paciente. O processo inicia pós-realização do plano-guia
e isolamento com vaselina dessas áreas (A), com posterior confecção dos casquetes em resina acrílica em
forma de “tijolo” (B-F). Todo cuidado deve ser tomado para não empurrar a resina acrílica para regiões reten-
tivas e que possam quebrar ou danificar o modelo de estudo. Decorrido o processo de polimerização dos cas-
quetes, esses são levados para o delineador para serem desgastados seguindo a mesma TI fixa previamente
estabelecida na primeira etapa do delineamento. Para isso, a peça reta conectada ao micromotor e com a
broca minicut de número 1502 será fixada à haste vertical móvel com auxílio da braçadeira e irá promover o
desgaste do casquete até que se alcance o plano-guia já obtido pela ponta acessória faca de recorte (G-K).
Sugere-se que todo casquete seja identificado em relação ao elemento dentário e à face de inserção (L).
Somente os casquetes irão assegurar um correto desgaste dos dentes na boca do paciente,
cujas superfícies proximais mesial, distal, lingual ou palatina estarão paralelas entre si e,
consequentemente, paralelas ao eixo e à TI da PPR.
D E
Figura 27 – Fixação da TI. Esse procedimento será realizado ainda com o micromotor e peça reta em posição
e com auxílio da broca minicut de número 1502, que realizará uma perfuração na parte posterior do modelo
de gesso (A e B); em seguida, será inserida a ponta analisadora ou algum prego que será fixado com resina
acrílica e manterá a mesma posição da TI (C-E).
Fonte: Arquivo de imagens dos autores.
Esse processo (ver Figuras 27A-E) é de fundamental importância, pois possibilitará o retorno
do modelo de gesso na mesma TI previamente escolhida pelo profissional e, em um segundo
momento, poderá rever o delineamento ou continuar uma etapa ainda não concluída. A fixa-
ção da TI também auxiliará o TPD na verificação do delineamento realizado pelo profissional.
A B C
a b
c d
ATIVIDADE
13. Considerando as cinco primeiras etapas da técnica de delineamento proposta pelos auto-
res a serem seguidas com rigor, faça a correlação entre a primeira e a segunda colunas.
(1) Etapa 1 ( ) Desenho prévio da estrutura metálica – a partir da fotocópia do
(2) Etapa 2 modelo ou de um desenho em folha separada.
(3) Etapa 3 ( ) Elaboração do esquema do PIRE com base no desenho prévio.
(4) Etapa 4 ( ) Moldagem e obtenção do modelo de estudo.
(5) Etapa 5 ( ) Recorte do modelo de estudo.
( ) Determinação da TI.
15. Sobre o recorte do modelo de estudo, após quanto tempo o conjunto moldeira de es-
toque e material de moldeira deverá ser separado do gesso endurecido?
A) 20 minutos.
B) 30 minutos.
C) 60 minutos.
D) 120 minutos.
Resposta no final do artigo
CONCLUSÃO
Considerando o assunto abordado e as limitações deste artigo, e sob a luz da literatura
científica, pode-se concluir que:
§ o desenho prévio da futura estrutura metálica da PPR (realizado com base na simplici-
dade do desenho e no conforto gerado ao paciente, sem comprometer o d esempenho
biomecânico) facilitará a elaboração do esquema do PIRE e, consequentemente, o
desenvolvimento do delineamento;
§ o estabelecimento e a fixação da TI da PPR com o plano oclusal o mais paralelo
possível ao plano oclusal é capaz de trazer simplicidade à execução técnica do de-
lineamento, aproximando-se do eixo real de oclusal e melhorando o desempenho
biomecânico da prótese;
§ a transferência do plano-guia do modelo de gesso para os dentes pilares na boca do
paciente (por meio dos casquetes ou das guias de transferência) deve ser realizada
com critério, o que se constitui na base do sucesso dessa técnica.
Atividade 3
Resposta: C
Comentário: Na presença de espaços protéticos de qualquer topografia – dos quatro tipos
de Classe de Kennedy e suas modificações – os dentes adjacentes e antagonistas passarão
por processos de movimentações fisiológicos como extrusões, giroversões, mesializações
ou distalizações que dificultarão a entrada e saída da PPR. Uma possibilidade de identificar
as inclinações indesejáveis dos dentes pilares diretos e adjacentes aos espaços protéticos,
que podem prejudicar o eixo de inserção e remoção das PPRs, é utilizar o delineador, que
auxiliará o profissional na elaboração de um planejamento com base em critérios biomecâ-
nicos, estabelecendo um único eixo de entrada e saída da prótese, sem que haja trauma aos
dentes remanescentes ou aos tecidos moles. Existem vários métodos para a realização do
delineamento dos modelos de estudo: método das bissetrizes, método de Roach ou dos três
pontos e método de Applegate ou das tentativas.
Atividade 4
Resposta: B
Comentário: A partir da definição de uma TI, a ponta analisadora é capaz de identificar as
áreas retentivas e as expulsivas, em que os elementos constituintes da PPR deverão estar lo-
calizados. A ponta acessória do tipo cinzel se presta para o mesmo fim que a faca de recorte;
elas são selecionadas de acordo com a preferência pessoal de cada operador durante o de-
lineamento. Os calibradores de retenção são utilizadas para determinar o grau de retenção
de determinada área retentiva, abaixo do equador protético.
Atividade 5
Resposta: C
Comentário: A determinação e a calibração de uma retenção de 0,25mm é de fundamen-
tal importância para o funcionamento biomecânico adequado das PPRs, em especial dos
grampos de retenção. Assim, o profissional deverá verificar a presença de retenção para os
grampos de acordo com a liga a ser empregada na confecção da estrutura da PPR. A liga à
base de Co-Cr é bastante utilizada e requer uma retenção de 0,25mm. Caso não haja reten-
ção, a prótese ficará comprometida em relação à sua estabilização em boca. Além disso, a
presença de retenções de 0,50 ou 0,75mm para as ligas de Co-Cr poderão atuar iatrogeni-
camente, causando dificuldade de inserção e remoção e fratura ou deformação permanente
dos grampos, levando ao fracasso do tratamento com PPR.
Atividade 7
Resposta: B
Comentário: O grupo de autores preconiza a realização de um desenho prévio da futura
estrutura metálica da PPR, que deve seguir dois princípios básicos: simplicidade e confor-
to aos pacientes. Desenhos menos rebuscados, grampos mais simples, menor quantidade
de componentes, uso de placas proximais retentivas e estabilizadoras devem ser sempre o
objetivo final do planejamento, além, é claro, de efetividade biomecânica à estrutura e o
menos desconforto possível ao paciente. É a partir desse desenho prévio que o esquema do
delineamento será elaborado, analisado e realizado.
Atividade 8
Resposta: D
Comentário: Há muitas escolas que preconizam diferentes formas de se obter o desenho da
futura estrutura metálica, no entanto será descrita uma forma didática e simples com aplica-
ção imediata, que seguirá o seguinte esquema e ordem: (1) desenho dos apoios: o desenho
dos apoios determinará as linhas de fulcro da PPR, também chamadas de eixo de rotação
da prótese (eixos reais sobre os quais a prótese terá a tendência de se movimentar ao redor
desse eixo); (2) desenho dos grampos ou retentores diretos: de acordo com o tipo de espaço
desdentado presente (extremidade livre ou espaço intercalar), deve-se indicar um grampo
com potencial de maior ou menor retenção, a fim de se minimizar as prováveis movimenta-
ções. Em casos de espaços de extremidade livre, devem ser utilizados grampos com maior
potencial de retenção; em espaços intercalares, devem ser indicados grampos com menor
potencial de retenção; (3) desenho dos conectores menores: a partir dos apoios o do uso
dos conectores menores, estará atuando nas áreas de planos-guia e unindo os retentores
ao conector maior; (4) desenho dos conectores maiores: os conectores maiores irão prover
estabilidade e rigidez ao conjunto. Desenhos mais confortáveis ao paciente devem ser prio-
rizados em função de desenhos mais rebuscados que apresentam maior probabilidade de
problemas durantes os processos de execução laboratorial; (5) desenho das selas: as selas
darão suporte aos dentes artificiais de resina acrílica e à base protética da PPR, porém seu
desenho não deverá interferir na estética ou comprometer os tecidos de suporte.
Atividade 9
Resposta: B
Comentário: O conector maior em formato de letra “U” é o conector universal indicado para
todas as Classes de Kennedy. Possui duas barras laterais e uma barra anterior (mais delgada,
porém mais extensa, com cerca de 10 a 12mm). Esse conector é o preferido pelos autores,
pois, apesar de possuir menos rigidez estrutural, proporciona mais conforto ao paciente.
Atividade 11
Resposta: C
Comentário: O conector maior do tipo barra lingual é indicado para todas as classes de Ken-
nedy. É uma barra de aproximadamente 3 a 4mm de espessura, que fica distante da margem
gengival lingual em até 3mm e distante do assoalho bucal em 3mm, requerendo, assim, um
espaço entre 8 e10mm da margem gengival até o assoalho bucal.
Atividade 12
Resposta: C
Comentário: O conector maior do tipo placa lingual é o mais indicado nos casos em que não
há espaço para a barra lingual (de 8 a 10mm) e também na presença de mobilidade dental
que requer a esplintagem dos dentes inferiores remanescentes. A diferença entre a barra lin-
gual e a placa é a espessura do conector que, na placa, é mais delgada, porém mais extensa.
Atividade 13
Resposta: B
Comentário: As dez etapas da técnica de delineamento, proposta pelos autores, a serem
seguidas com rigor são: (1) moldagem e obtenção do modelo de estudo; (2) recorte do mo-
delo de estudo; (3) desenho prévio da estrutura metálica (a partir da fotocópia do modelo
ou de um desenho em folha separada); (4) determinação da TI e (5) elaboração do esquema
do PIRE com base no desenho prévio.
Atividade 14
Resposta: C
Comentário: O vazamento do molde com gesso comum ou gesso especial deve ser evitado
para não comprometer o delineamento, pois o gesso comum poderá se desgastar com faci-
lidade. Já o modelo com gesso especial pode dificultar a confecção de plano-guia, caso esse
procedimento seja necessário no delineamento.
Atividade 16
Resposta: D
Comentário: A TI é definida como o percurso ou caminho que a PPR faz desde o contato
inicial dos elementos da estrutura metálica com os dentes pilares até o assentamento final
da PPR. Com a mesma direção, mas no sentido contrário, tem-se a trajetória de remoção. Na
literatura, são descritos alguns métodos para se determinar a TI: método de Roach (também
conhecido como método dos três pontos); método das bissetrizes e método de Applegate
(também conhecido como método das tentativas).
Atividade 17
Resposta: B
Comentário: A retenção aos grampos é atribuída na face vestibular dos dentes pilares da
PPR e, nessa face, não há necessidade de se confeccionar o plano-guia. Nas demais faces
(proximais mesial ou distal, linguais ou palatinas), haverá contato friccional dos componen-
tes, diminuição do ângulo morto, menor impacção alimentar e estabelecimento de uma
única TI e remoção à PPR. Todos esses fatores são fundamentais para o sucesso, em longo
prazo, do tratamento com PPR, e a obtenção de plano-guia pode ser considerada a base
fundamental ao sucesso da PPR.
REFERÊNCIAS
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2. Bohnenkamp DM. Removable partial dentures: clinical concepts. Dent Clin North Am. 2014
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