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Copyright © 2018 Fernanda Terra

Capa: Lizandra Carvalho


Revisão: Cécile Nogueira Alonso
Diagramação Digital: Kel Costa

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artigo 184 do Código Penal.
Linda Marilyn

— Mamãe, ele me beijou.


Ainda estava em choque com a declaração que ouvi logo pela manhã.
Apesar de estar preparada, já que Sophie, agora com quinze anos, não
escondia de ninguém seu amor pelo principezinho de Mônaco.
Oh, meu Deus!
Minha bebê estava se tornando uma mocinha. Meus olhos se encheram de
lágrimas, mas algo veio em minha mente fazendo meu corpo se contrair.
Como eu contaria para Artur que sua primogênita havia beijado pela
primeira vez seu grande amigo Jamie?
Balancei a cabeça lembrando quais foram as primeiras palavras do meu
marido quando descobriu que Sophie havia se tornado a companhia
inseparável do menino no colégio.

***

— Que mal eu fiz para ter um príncipe no pé da minha filha? — Artur


ergueu as mãos para cima, teatralmente nos fazendo gargalhar.
— Papai, ele é meu melhor amigo.
— Homens não são amigos de mulher, Sophie Marie.
— Claro que são, filha. — Chutei a canela do meu marido por debaixo da
mesa. — Continue contando, meu amor.
— Ele quer que nós passemos um dia na casa dele.
— Mas nem por cima do meu cadáver que você vai entrar naquele castelo.
— Artur! — Eu o repreendi. — Eles têm nove anos.
— Não quero saber.
— Tudo bem. — Pisquei para Sophie, que sorriu sabendo que quem
mandava ali éramos nós três.
— E não me venham com esses sorrisinhos. Minha filha não vai se
deslumbrar facilmente com um castelo.
— Claro que não, papai. Eu nasci na Casa Branca. — Ele sorriu
abertamente, orgulhoso da resposta da nossa filha. Porém foi minha vez de
bufar, repetindo a frase de anos.

***

E lá se foram mais de cinco anos e nesse tempo o ciúme doentio do filho


do Presidente dos EUA por suas filhas e esposa continuava o mesmo.
Sim, quem diria. Artur Scott depois de se tornar o Presidente mais amado
de todos os tempos, hoje era o filho dele.
Após uma campanha maravilhosa, George e Emma adentraram a Casa
Branca e as boas línguas diziam que a residência oficial do comandante dos
EUA já era parte integrante do Clã Scott, pois mesmo não estando lá durante
os quatro anos que se sucederam a entrega do cargo de Artur, ele havia
deixado seu aliado em seu lugar apenas à espera da volta dos Scott ao
governo pelas mãos do meu sogro.
E a pergunta de toda nata política era: Será que pararia por ali ou meus
filhos herdariam a gana de governar o povo do pai?
Poderia dizer categoricamente que por Sophie teríamos a primeira
presidente mulher daquele país, pois com apenas quinze anos ela já sabia o
que queria. Porém, vendo sua vida se emaranhar com a de Jamie, o sucessor
do trono do Principado, ficava difícil saber se minha filha se tornaria a
princesa de Mônaco ou a política mais esperada de todos os tempos nos
EUA.
Já meus pequenos estavam cada vez mais parecidos comigo, apesar de
Sebastian ter a divisão exata entre o pai e a mãe. Sendo carinhoso, brincalhão,
porém determinado no que queria. Isso o deixava ainda mais parecido com
Sophie e Artur, principalmente quando estava bravo.
Já minha princesinha Estele com dez anos, amava ler, escrever e desenhar.
Até então era calma, tímida e não gostava de aparecer, assim como eu.
— Amiga... — Mary estalou os dedos em minha frente. — Está tudo bem?
Estou te chamando há tempo.
— Sim.
— Eu te conheço, Linda Marilyn. — Estreitou os olhos pra mim.
— Preciso te contar uma coisa, mas me prometa que não irá surtar?
— Oh, meu Deus! Você está me deixando nervosa.
— Já está surtando... — Balancei a cabeça, mas precisava de ajuda e Mary
com certeza seria a melhor pessoa para isso.
— Não me diga que está grávida novamente. — Me analisou de cima em
baixo. — Você sabe que pelas contas já está na hora do quarto filho do clã vir
ao mundo, já que Artur emplaca de cinco em cinco anos.
— Nem brinca. Eu amo ser mãe, mas três já está de bom tamanho.
— E seu marido e os métodos anticonceptivos sabem disso? Porque pelo
jeito que ainda se pegam como coelhos, sei não... E olha que dizem por aí que
a paixão ameniza depois dos anos. Isso não aconteceu com vocês.
— E nem com você, não é, Mariani?
— Graças a Deus. — Levantou as mãos pro céu. — Mas me conte logo o
que está acontecendo.
— Sophie...
— O que há com minha afilhada? — Disse neurótica.
Mary não havia mudado em nada.
— Posso falar?
— Deve. Pelo amor.
— Ela me contou hoje pela manhã que Jamie a beijou.
— O QUÊ? COMO ASSIM BEIJOU? — Levantou da cadeira em um
pulo, começando a andar de um lado pro outro.
— Mariani, você prometeu não surtar.
Jesus me ajude! Se Mary havia ficado desse jeito, meu marido enfartaria.
— Até ontem ela era um bebê.
— Sim, mas não podemos esquecer que estamos organizando sua festa de
quinze anos. — Ergui o projeto da recepção que estávamos trabalhando desde
cedo.
— É verdade. — Ela sentou novamente. — Mas como foi isso?
— Você sabe que os dois são ligados desde quando viemos morar aqui.
— Sim. Isso já nos rendeu várias gargalhadas por conta de Artur... Oh,
meu Deus! É isso que está te preocupando, certo? — Assenti escondendo o
rosto entre as mãos.
— Se você surtou, Artur vai enfartar e pelo jeito as coisas vão começar a
ficar sérias.
— Ai amiga, nem sei o que te dizer.
— Se eu que acompanho atentamente o desenvolvimento de Sophie,
percebendo dia a dia a mulher maravilhosa que está se transformando estou
em choque, imagine o pai dela que a vê ainda como aquela menininha?
— Vamos com calma, foi só um beijo.
— Eu conheço o Jamie, Mary, é questão de tempo para pedi-la em
namoro.
— Será?
— Tenho certeza. E digo mais. Esse primeiro amor será forte e duradouro.
Os dois não têm jeito que vão se jogar na vida em busca de inconsequências,
me entende? Eles são centrados, apesar da pouca idade, além de terem os
mesmos objetivos para qual foram criados.
— Herdar o império de suas famílias.
— Sim. Isso os uniu desde sempre e sinto que os manterão ligados.
— Como se fossem feitos um pro outro.
— Exato. Mas para meu marido, Sophie foi feita para ser seu bebezinho
para sempre, assim como Estele.
— Em compensação Sebastian... — Revirei os olhos.
— Você sabe que Artur nunca foi mulherengo, por isso creio que apesar
dos seus cinco anos, meu filho não dá indícios que será um pegador. E
Estele...
— Já está com casamento marcado com o Will, ela me contou. Tão linda.
— Apertou minha bochecha. — Você tem filhos muito parecidos com você,
mulher.
— E me orgulho disso, amiga, apesar de achar que Sophie está começando
muito cedo.
— Se você tivesse encontrado Artur aos quinze anos também teria
começado cedo.
— Por isso mesmo. Com vinte e dois eu já senti a intensidade do nosso
amor. Tenho que conversar com ela, mas não sei nem por onde começar...
— Mamãe! — Seb adentrou meu escritório sem bater como sempre fazia,
vindo diretamente para meu colo.
— O que foi, meu amor? — Beijei seus cabelos loiros.
— O Ford não quer mais brincar.
— Oh, meu anjinho, e onde está seu priminho? — Mary perguntou pelo
filho ao mesmo tempo em que ele passava pela porta aberta.
— Mamãe!
— Acho que nossa conversa vai ter que ser adiada.
Era a hora das mães entrarem em ação.
— Calma que nós vamos dar um jeito.
— Mamãe! — Escutei mais um grito vindo do corredor.
— Se ganhássemos um dólar por cada vez que ouvimos essa palavra nos
últimos anos estaríamos mais ricas que meu próprio marido.
— Por falar nisso, eles devem estar chegando. Vamos deixar esse projeto e
a solução desse pequeno problema para amanhã, amiga.
— Teremos muito que resolver até essa festa de aniversário.
— Com toda certeza, mas no final teremos aquele lindo Gran Finale que
estamos acostumadas.
— Eu espero. — Levantei com Sebastian no colo enquanto via Estele
entrar no cômodo também.
— O papai chegou. — Acariciei seus cabelos.
— Ótimo. E Sophie onde está?
— No quarto, mamãe, quer que eu a chame?
— Você pode fazer esse favor para mim, meu amor? Avise que seu pai
chegou.
— Pode deixar.
— Vou aproveitar e ir para casa também, amiga. Meu Jar deve ter
chegado. — Seb pulou do meu colo indo atrás da irmã.
— Vai sim e obrigada por tudo.
— Eu que agradeço. Nós vamos conseguir dobrar o poderoso.
— Deus te ouça, Mary. — Caminhamos até a sala.
— O que Deus tem que te ouvir, princesa? Algum problema? — Aquela
voz mesmo depois de quase vinte anos me causava arrepios.
Sorri caminhando até Artur, lhe dando um selinho. Ele não perdia a mania
de achar que conseguiria resolver todos os problemas do mundo.
— Nada demais. Que bom que chegou.
— Bem, estamos indo.
Nos despedimos de Mary e Ford e enquanto as crianças não desciam
aproveitei para tirar uma casquinha do meu marido.
— Estava com saudades.
— Linda Marylin, você está me provocando.
— Não estou não. Só que tem dias que demoram mais para passar. — Me
esfreguei discretamente nele, pois estávamos no meio da sala de estar com
três filhos e muitos empregados em casa.
— Tratarei dos seus problemas mais tarde, mas agora me conte como foi
seu dia? — Artur já havia tirado o paletó e afrouxou a gravata, então o puxei
para o sofá.
— Produtivo. A festa de aniversário dos quinze anos de Sophie está
ficando magnífica.
— Quinze anos. Eu ainda não acredito que já se passou todo esse tempo.
— Você não imagina o quanto, amor. — Parei analisando sua expressão.
Eu também não havia perdido minhas manias, principalmente de pensar
em voz alta. Por isso teria que tomar o máximo de cuidado enquanto não
conversasse com ele.
— Mas para mim, ela ainda é aquela menininha que amava aquele bicho
roxo horroroso.
— Papai, o Barney é lindo ainda. — Nossa primogênita entrou na sala e
sorri orgulhosa da minha princesa de mãos dadas com os irmãos.
— Agora minha felicidade está completa.
Como sempre fazia assim que chegava em casa, mesmo que fosse de um
dia normal de trabalho, Artur nos colocou em sua volta no sofá, necessitando
daquele contato físico com sua família.
— A melhor hora do meu dia.
— A nossa também, pode ter certeza. — Lhe dei um selinho depois de
beijarmos o topo da cabeça de cada um deles. — Filha, o projeto está ficando
lindo, mas quero sua opinião sobre alguns detalhes específicos amanhã, ok?
— Pode deixar, mãe, mas sei que será a festa mais linda de todas. Você e a
dinda são as melhores.
— Nisso eu tenho que concordar. Por que escolheram jornalismo?
— Pra encontrarmos o amor das nossas vidas, Senhor Scott. — Sorri
vendo meu marido me puxar pela nuca, me dando mais um beijo.
— Parem de se beijar, é nojento. —Seb gritou e rimos, ainda com nossas
bocas grudadas. Estele e ele ainda estavam na fase de saírem correndo
quando nos beijamos, já Sophie...
Olhei para ela que retribuía o olhar encantada, como se desejasse ou até
idealizasse algo assim para ela. Nesse aspecto, minha filha era parecida
comigo. Pelo menos. Apesar de que Artur também era muito romântico
quando queria.
— Boa noite, meus queridos. O jantar já vai ser servido. — Miranda
avisou entrando na sala.
— Então levantem e vão lavar as mãos. Isso vale para o senhor também.
— Apontei para meu marido, que riu levando as crianças para o lavabo, como
fazia todos os dias.
E sempre quando observava aquelas cenas típicas de uma família normal,
suspirava.
— Vocês criaram uma linda história, minha filha. — Miranda me abraçou
à caminho do banheiro também.
— Eu me orgulho tanto deles.
— Eu sei. Nós também. Principalmente pela transformação do meu
menino. — Apontou para Artur que vinha com Sebastian no colo.
— Ele é o melhor pai do mundo.
— Com certeza, meu amor. — Ela beijou o topo da minha cabeça e seguiu
pra cozinha.
Nesses últimos cinco anos nada de tão radical havia acontecido em nossas
vidas. Apesar de meu sogro ter se tornado o Presidente dos EUA.
Em Mônaco levávamos uma vida normal, com as crianças na escola, Artur
no comando do império Scott, eu me desdobrando entre cuidar deles, dos
livros, que haviam se tornado minha paixão e da casa. Mas essa parte eu
deixava nas mãos de Miranda e Jean que engataram um romance discreto,
com meus filhos não os dando sossego e de Lupe e Liah, que continuaram
conosco mesmo com as crianças crescendo.
Ethan e Lizzy ainda continuavam em Nova York, mas nossa rotina fazia
com que nos víssemos bastante, principalmente para que Will, filho deles,
marcasse a data do seu casamento com Estele, pois não aguentavam mais
namorar à distância.
Sim, eu ouvi isso de uma menina de dez anos e agradeci a todos os santos
que não havia sido seu pai, pois com certeza Artur proibiria Ethan de pisar na
Vila Leopoldina para sempre. — Balancei a cabeça, sorrindo.
O jantar foi maravilhoso e como de costume, assistimos um pouco de TV,
levando as crianças para dormir pouco depois das dez. E enquanto Artur
cuidava dos menores resolvi conversar um pouco com Sophie.
— Posso entrar? — Bati na porta do seu quarto e ela assentiu receosa.
— Mamãe, você não está brava comigo?
— Claro que não. De onde tirou isso? — Sentei ao seu lado a vendo deitar
com a cabeça no meu colo.
— Fiquei com medo de te decepcionar. — Sua voz era tensa.
— E porque eu ficaria decepcionada com você, filha? Você está amando e
isso é a coisa mais linda que podemos sentir na vida. Mas me conte como foi
no colégio hoje?
— Assim que Jamie me viu correu até mim, entrelaçando nossos dedos e
caminhamos em direção à sala de aula. — Ela sentou na cama empolgada. —
E no intervalo ele...
— Te beijou. — Aquilo não era uma pergunta.
— Sim. E disse que me quer ao seu lado pra sempre.
— Ah, meu amor! Estou tão feliz por você. — A abracei.
— Com você e o papai também foi assim?
Meu Deus!
Se soubesse que precisaria contar para minha filha como foi o primeiro
encontro com seu pai não teria o deixado me comer logo de cara.
Respirei fundo tentando encontrar as palavras certas.
— Lembra que eu te disse que sempre fui apaixonada por Artur?
— Sim, assim como eu. — Sorrimos cúmplices.
— É. A diferença é que ele nunca soube, quer dizer, até nos conhecermos
de verdade.
— E ele foi romântico?
— Muito. Desde o primeiro momento. É claro que não detalharei aquele
jantar para ela nem sob tortura, principalmente o que Artur me contou que
estava pensando no momento que praticamente me possuiu em cima do capô
do seu Lamborghini Aventadore.

“Beijei-a intensamente, pedindo passagem com minha língua em sua


boca, enquanto com meu joelho no meio de suas pernas pedia sutilmente
para você ser apenas minha.”

Se concentre, Linda Marilyn!


— Mas o Vovô Stevens também era muito ciumento? — Sophie fez uma
careta e não deu para conter o riso.
— Filha, no meu caso foi diferente. Eu já tinha uma certa independência,
além de morar sozinha há alguns anos e... Seu avô não chega aos pés de Artur
no quesito ciúme.
— Fui sincera.
— O que vai ser de mim, mamãe? — Cobriu o rosto, nervosa. — Ele vai
me matar.
Mais fácil ele matar Jamie. — Pensei.
— Calma, meu amor. Eu vou falar com seu pai. Só preciso de um tempo.
— Tirei suas mãos do rosto, beijando-o.
— Só você consegue amansar aquela fera, Senhora Scott. — Sorri da sua
constatação.
— Você e seus irmãos não ficam atrás. Mas me prometa uma coisa... —
Ela assentiu. — Não tenha medo e muito menos vergonha de me contar o que
quer que seja da sua relação com Jamie. Sei que hoje já está tarde, mas temos
muito ainda que conversar.
Sim, eu estava falando de sexo.
Meu Deus! Precisava me preparar psicologicamente.
— Agora relaxe, pois amanhã cedo você tem aula. — Levantei, beijando o
topo da sua cabeça
— Obrigada, mamãe.
— Pelo quê?
— Por ser minha melhor amiga. — A coloquei em meus braços e senti
lágrimas teimosas querendo espaçar dos meus olhos.
— Eu que agradeço, filha, não existe gratidão maior para uma mãe. Eu te
amo.
— Também te amo.
— Boa noite, querida.
— Boa noite.
Artur
Se me perguntassem naquele momento onde se encontrava o paraíso,
afirmaria categoricamente sua localização exata.
Mônaco.
Mais precisamente, Vila Leopoldina.
Cinco anos depois de deixar minha carreira política para trás, optando por
viver em paz ao lado da minha família na França, muitas pessoas ainda me
indagavam se sentia falta daquela adrenalina de ter o poder do mundo nas
mãos, principalmente depois que meu pai resolveu se candidatar à
presidência do nosso país, único cargo que não havia ocupado ainda.
E minha resposta sempre foi e será a mesma.
Eu não poderia estar mais feliz. E trabalho não me faltava.
Já que estar à frente da Scotts Corporation era como ter, não só os EUA e
sim o mundo inteiro aos meus pés. Então vendo pelo lado econômico e
trabalhoso, eu não tinha mais o título oficial, porém ainda comandava tudo e
todos ao meu redor.
Já em casa, meus filhos estavam lindos, saudáveis e inteligentes.
Os três eram meu maior orgulho, começando por Sophie, nossa
primogênita, cada dia mais parecida comigo, tanto fisicamente, como
profissionalmente. Pois apesar dos seus quinze anos, observávamos
claramente sua tendência para governar.
Já Estele era como Linda, sem tirar nem pôr. Seu gênio doce dobrava
qualquer um, além da tendência que tinha para as artes, desde escritas,
desenhos e cênicas.
Por fim, meu único menino, por enquanto, era a mistura exata de nós dois.
Sebastian tinha o gênio forte, porém não deixando de lado o jeito apaixonante
herdado da mãe, que os três tinham. Até Sophie, que era a mais geniosa da
casa, mas também a que mais demonstrava amor e cuidado por todos. Muito
parecida comigo.
— Ufa! Mais um dia. Pensei que não teria fim. — Como sempre minha
esposa entrou em nosso quarto retirando seus saltos altos, enquanto eu a
observava atentamente da cama.
— Demorou. Estava quase indo atrás de você. Aconteceu alguma coisa
com Sophie?
— Não. Estávamos apenas conversando. Nossa filha está crescendo tão
rápido, amor.
— Sim, estava pensando sobre isso agora. Sophie está se tornando cada
vez mais responsável...
— E parecida com você. — Linda veio até mim, selando nossos lábios.
— Os três são a mistura certa de nós, princesa. — Apertei seu queixo
carinhosamente.
— Com certeza. Bem, como o senhor não me esperou para o banho agora
terei que me ensaboar sozinha. — Sorri, balançando a cabeça, sabendo muito
bem onde ela queria chegar. Mas eu tinha outros planos para aquela noite.
— Linda Marilyn, hoje eu quero você nessa cama e como já sou um
senhor com uma certa idade não sei se daria conta do seu fogo embaixo do
chuveiro.
— Meu amor, fique tranquilo que desse mal você não sofre. Mas já que
prefere assim vou tomar uma ducha rápida e já venho. Deseja algo especial
hoje?
— Sim. Meu desejo é você nua em cima do meu corpo. — Minha esposa
esfregou as pernas descaradamente.
— Seu desejo é uma ordem. — Saiu andando para o closet, despindo-se
pelo caminho. — Tranque a porta. Não queremos interrupções, certo? —
Piscou entrando no banheiro.
— Certo, minha devassa. — Corri passando a chave na porta esperando-a
ansioso.
E com Linda sempre seria assim, mesmo com quarenta e cinco anos e
quase vinte de casados, o desejo um pelo outro só aumentava.
Não demorou muito e seu cheiro de morangos adentrou nosso quarto,
assim como seu corpo que foi se aproximando da cama vestido apenas por
um robe de seda vermelho. Minha cor predileta.
— Como ordenou, senhor. Mas ainda acho que temos alguns empecilhos.
Está muito vestido.
Linda engatinhou sobre meu corpo deixando rastros de fogo por onde seus
seios tocavam e sem pensar duas vezes apertou meu membro com aquela
mão que seria para sempre minha perdição.
— Isso. Ele estava sedento por suas mãos.
— Só das mãos? — Perguntou despindo minha calça do pijama
lentamente.
— Você sabe que não. Eu preciso entrar em você agora, Linda Marilyn. —
Sorri maliciosamente.
— Mas que pervertido esse meu marido... — Brincou e sem perder tempo
virei nossos corpos ficando sobre ela.
— Você me viciou, sua devassa. Agora, trate de alimentar meu vício.
— O farei com muito gosto, amor. Pro resto da vida.
Sem muita demora, tirei o tecido fino do seu corpo descendo beijos por
sua barriga lisa, que mal aparentava ter tido três filhos e quando cheguei onde
tanto ansiava, não resisti investindo um dedo dentro de Linda, sentindo sua
pulsação quente me dando a certeza que não duraria muito tempo quando
meu pau adentrasse ali.
— Oh, céus! — Ela gritou.
— Shiu! Quer acordar a casa inteira, gostosa?
— Você precisa isolar esse quarto de sons... Meu Deus! Eu não consigo
me controlar com você me tomando assim. — Abri um pouco mais suas
pernas, tendo uma visão excelente da sua intimidade que clamava por alívio.
E não me fazendo de rogado dedilhei seu clitóris inchado, subindo um pouco
para atacar sua boca com fúria antes dos próximos urros. — Vem, amor. Eu
preciso de você.
— Com pressa? — Perguntei sacana. — Depois eu que sou o viciado.
— Admito. Eu não vivo sem você. — Enquadrou meu rosto com suas
pequenas mãos, olhando-me com intensidade e aquilo me fez parar.
— Tudo bem?
— Sim. Só não pare. — Mordeu meu lábio inferior.
— Nunca.
Linda gemeu alto quando comecei a esfregar seu sexo em meu membro
duro. Aquela fricção era extremamente excitante e eu já não podia mais
esperar. Segurei seus quadris com um pouco mais de força e os ergui,
fazendo com que ela deslizasse facilmente sobre meu pau. Cada milímetro
alcançado era mais um passo ao céu. Meus movimentos começaram lentos,
mas percebi que não duraria muito, então acelerei indo cada vez mais fundo.
— Oh... — Apertei ainda mais suas coxas.
—Eu não vou durar muito. Vem comigo, princesa.
— Estou quase. — Suas paredes foram me pressionando e aquele era o
meu fim.
Nosso amor era intenso, quente... Por isso não resisti, atacando mais uma
vez minha esposa em um beijo desesperado. Saí e voltei a penetrando com
toda força fazendo seu corpo quicar no colchão. Linda gemeu alto, que fiquei
com medo de acordar as crianças.
Com sua ajuda fomos aumentando os movimentos, até ficar praticamente
insuportável segurar as ondas de prazer e espasmos em nossos corpos. E
quando vi minha devassa tremer por inteiro sabia que havia chegado a hora
de me derramar todo nela.
— Jesus Amado! Você ainda vai me matar... — Ela sorriu e me joguei ao
seu lado na cama.
— Ou pode ser o contrário. Não se esqueça que o velhinho aqui sou eu. —
Aninhei-a no meu peito.
— Você é forte, amor. — Beijou meu pescoço preguiçosamente.
— Eu te amo, princesa.
— Eu também. — Ela fechou os olhos, totalmente satisfeita e ali meu dia
havia se encerrado.
No dia seguinte acordei sozinho na cama. Aquilo era realmente estranho,
principalmente por ter o hábito de madrugar para fazer meus exercícios, me
inteirando dos jornais matinais. E apesar de Linda fazer questão de arrumar
as crianças para a escola, além de tomarmos café juntos, naquela manhã ela já
havia saído.
Deixei minhas atividades de lado e fui direto para o banho, me
preparando para mais um dia de trabalho e chegando à sala avistei Miranda
arrumando a mesa de café da manhã.
— Bom dia, meu querido. Dormiu bem?
— Muito bem. — Beijei o topo da sua cabeça. Tinha um carinho muito
especial por ela, principalmente depois que meus filhos nasceram e seu amor
se estendeu a eles também. — Onde estão as crianças?
— Já foram para escola. Linda fez questão de levá-los.
— E por que foram mais cedo?
— Sophie tinha um trabalho muito importante na primeira aula e não
queria se atrasar.
— Ok!
— Quer tomar seu café agora?
— Arrume-o no jardim. Vou esperar Linda.
— Como quiser, meu filho.
Dei alguns telefonemas antes da volta da minha esposa, mas quando seu
carro adentrou nossa propriedade segui para o lado de fora a fim de encontrá-
la. Porém Linda saiu do carro completamente agitada falando ao telefone com
alguém.
E naquele momento me lembrei da noite anterior onde ela enquadrou meu
rosto, olhando-me profundamente. Havia alguma coisa errada.
— Eu não poderei adiar mais isso, Mary. Só que também não sei como
contar...
— Contar o que, Linda Marilyn? O que está acontecendo? — Me coloquei
na sua frente vendo minha esposa empalidecer.
— Artur?
— Sim. Acho que sou eu. — Revirei os olhos esperando impaciente por
sua resposta.
— Amiga, eu te ligo mais tarde... Não... Não se preocupe, está tudo bem.
— Linda desligou dando dois passos em minha direção até praticamente
grudar nossos corpos. — Bom dia. — Me deu um selinho.
— Vamos para o jardim. Pedi para Miranda preparar nosso café da manhã
lá, pelo visto estava adivinhando. Temos algo muito sério para conversar,
certo, Senhora Scott?
— Artur, não é nada importante, eu...
— Você não rejeitaria um café da manhã ao lado do seu marido, não é? —
Meu olhar era frio.
Nunca soube pacificamente lidar direito com problemas, nem que fossem
domésticos. E ali estava eu mais uma vez em cheque mate observando
atentamente minha mulher remexer nos cabelos e como conhecia Linda
Marilyn como ninguém sabia que estava me escondendo alguma coisa.
Assim que chegamos à mesa pedi para Miranda nos deixar sozinhos e
comecei meu interrogatório da melhor forma que encontrei.
— Desde o começo do nosso relacionamento você lutou para que eu não
lhe escondesse nada. E essa regra ainda é válida para ambas as partes. —
Cruzei meus dedos por cima da mesa aguardando seu relato.
— Amor...
— Estou esperando, Linda.
— Tenho uma coisa pra te contar, mas você precisa ter calma. — Aquilo
estava me corroendo por dentro e por um triz não explodi com ela.
— E sobre o que seria?
— Sophie...
— O que aconteceu com minha filha? — Levantei, mas Linda tocou
minha mão e apenas com um olhar me fez sentar novamente.
— Eu vou te contar.
— Fale logo... — Eu estava ficando louco só de pensar no que poderia
estar acontecendo com minha bebê.
— Sophie está apaixonada.
— O quê? — Aquilo foi pior que o tiro que levei anos atrás. — Não pode
ser. Ela só tem quinze anos.
— Sim. Mas lembre-se que eu te amo desde os doze.
— Mas só te comi com vinte e dois. — Disse sem filtro a vendo revirar os
olhos.
— Em primeiro lugar, não estamos falando de sexo. Sobre isso devo
concordar com você, ela é apenas uma menina, mas Jamie...
— Eu vou matar aquele principezinho de meia pataca. Quem ele pensa
que é para... — Levantei tendo que afrouxar a gravata, pois não estava
conseguindo respirar direito. — O que ele fez com minha filha? — Minha
voz saiu entrecortada.
— Eles se beijaram.
— E você fala isso com essa naturalidade? — Esbravejei.
— O que quer que eu faça? Que surte como você afastando Sophie de
mim? — Linda levantou apontando seu dedo no meu peito.
— Eu não estou passando bem. — Meu rosto estava pegando fogo e não
conseguia mais levar o ar para meus pulmões.
— Amor, fala comigo! O que está sentindo?
— Me deixa. — Tentei me desvencilhar das suas mãos, agora em volta da
minha cintura, mas não consegui.
— Jonathan. Miranda. Jean... Alguém me ajude! — Escutei Linda gritar.
— O que aconteceu, senhora? — Meu segurança foi o primeiro a aparecer.
— Chame um médico. Agora!
Tudo estava muito nebuloso para mim. Vi minha mulher começar a chorar
e uma movimentação se instalou ao nosso redor. Mas não conseguia dizer
nada. Estava mudo. Só pensava em como o tempo estava passando e o que
faria para não perder minha filha para aquele merdinha do castelo.
— Vamos levá-lo pro quarto. O doutor já está vindo pra cá. — Jonathan
voltou já apoiando meus braços em seus ombros. — Ajudem aqui. — Ele
gritou para os outros seguranças, enquanto Miranda e Vânia acalmavam
Linda.
—... Esse calmante vai deixá-lo mais calmo, Senhora Scott. O que ele teve
foi uma crise nervosa e sua pressão subiu um pouco.
Ele já teve algum indício de hipertensão? — Escutava o que o médico
falava um pouco mais calmo. Acho que aquela porra do remédio já tinha feito
efeito.
— Não, doutor. Ele nunca teve nada parecido. Artur é uma fortaleza.
— Então foi um quadro de estresse isolado que precisa ser investigado
com mais clareza. Por enquanto a medicação o manterá estável, mas
marquem um check up. Na sua idade isso pode ser bem perigoso.
— Eu não preciso de nada. — Disse embolado com Linda me olhando
feio, como fazia quando as crianças aprontavam.
— Nós vamos fazer, doutor. Muito obrigada. — Eles apertaram a mão e
vieram até mim, que estava jogado na cama.
— Esperarei você no meu consultório. — O médico tocou meu ombro. —
Se cuide e tente manter a calma.
— Ele vai, doutor.
— Principalmente se conseguir matar quem está tirando meu sossego.
O homem voltou o olhar pra mim já da porta, mas minha esposa balançou
a cabeça sorrindo como se eu fosse um débil mental.
— Estou falando sério. — Disse de olhos fechados sentindo-a afundar o
colchão ao meu lado.
— Você precisa se controlar, isso sim. E vamos fazer todos os exames,
pois se ficar desse jeito toda vez que algo sair do seu controle, te perderei
logo. E não estou disposta a isso.
— Você não enxerga que ela é uma criança?
— Sim, eu sei que Sophie é muito nova, mas também percebo dia a dia
sua evolução. Ela e Jamie sempre se gostaram, amor, e juntos estão
descobrindo o real sentido desse sentimento. — Escutei atentamente, já que o
remédio não me deixava esbravejar.
— Eu vou mudá-la de colégio. Melhor, vamos voltar para os EUA. —
Linda diferente do que eu pensei sorriu, acariciando meu rosto.
— Se meu pai tivesse proibido nosso namoro o que você teria feito, Artur?
— Levado você comigo, é claro!
— E se Jamie tiver a mesma ideia? — Piscou ainda tocando meu queixo.
— Ele não seria louco, Linda Marilyn. Eu o mataria.
— O Chefe do Pentágono poderia ter pensado assim também, não acha?
— Mas, porra! Você não tinha quinze anos. — Tentei me alterar, mas só o
que consegui foi ficar mais tonto.
— Amor, olha pra mim! — Enquadrou meu rosto em suas mãos. — Eles
não vão transar como nós no primeiro encontro. — Fiz uma careta não
conseguindo imaginar uma filha minha na situação em que Linda estava há
quase vinte anos. — Os dois foram criados do mesmo jeito. Tudo acontecerá
no tempo certo. O que temos que fazer agora é tê-la ao nosso lado, sermos
amigos de Sophie, entende? — Beijou minha mão.
— Eu quero falar com esse moleque e com a família dele também. —
Linda sorriu e percebi que estava amolecendo.
O que um calmante não faz na vida de um homem.
— Concordo com você. Vamos chamá-los aqui, mas antes precisamos
falar com nossa filha, não acha?
— Como falarei com ela sobre esse assunto, princesa? Para mim Sophie
ainda é aquela menininha que corria atrás de Maggie pra cima e pra baixo.
— Pra você ver, amor. Hoje Maggie nem corre mais, está tão velhinha que
se deixar só fica no quarto das meninas. — Sorrimos cúmplices.
— Eu vou falar com nossa filha.
— Promete que não vai surtar com ela, Artur? Por favor, amor. — Uniu
nossas mãos. — Ela só quer nossa benção. Eu fui a primeira saber e isso
poderia ter sido ao contrário. Hoje em dia os pais são sempre os últimos.
— Prometo tentar, nem que para isso tenha que tomar mais um sossega
leão desses. — Apontei para a cartela de remédio na cabeceira da cama.
— Vai dar certo, amor. Pra mim também não foi fácil quando ela me
contou ontem.
— Você ficou sabendo ontem? — Senti um alívio sem tamanho.
— Sim. E estava em pânico, com medo da sua reação, que digamos, não
foi das melhores. — Foi sua vez de torcer o nariz. — Mas eu preciso de você
comigo, amor. Sempre fizemos tudo juntos e por isso deu tão certo. Se você
for brigar com ela eu vou ter que defendê-la. — Seus olhos se encheram de
lágrimas.
— Eu nunca dividiria nossa família, Linda Marilyn, mesmo surtando com
essa notícia. Ela é minha filha e vou sempre estar ao seu lado.
— Eu sei e te agradeço por isso. — Deitou ao meu lado, colocando a
cabeça no meu peito. — Agora descanse.
— Eu não sou homem de dormir no meio do dia. — Tentei levantar, mas
ela não deixou.
— É sim. Principalmente depois desse pico de pressão. Vou marcar seu
médico ainda essa semana. Se quiser faço os exames com você.
— Obrigado. — Beijei o topo da sua cabeça. — Mas eu não tenho nada.
— Eu sei disso, meu homem de ferro, mas precisamos sempre nos
prevenir.
— Ok! Farei para não deixar você mais aflita. Quero falar com Sophie
assim que chegar do colégio.
— Vou buscá-la pessoalmente, pode deixar. Agora descanse um pouco.
— Não vou dormir.
— Relaxe, amor. Estou aqui com você.
Acordei meio zonzo de um sonho que mais me parecia um pesadelo.
Porém ao abrir os olhos me deparei com a claridade do meio do dia entrando
pela janela e percebi que estava vestido com calça e camisa social.
Porra! Não foi um pesadelo.
Sophie estava de namorico com aquele principezinho.
Aos poucos fui me lembrando de tudo e principalmente da conversa que
tive com Linda. Se surtasse ou ameaçasse mandar Sophie para o outro lado
do mundo, ficaria sem ela. Se fossemos todos nós, ela nunca me perdoaria. O
jeito era aceitar aquela nova e dolorosa realidade com minha filha se tornando
uma mulher.
Linda, com certeza, havia ido buscar nossos filhos no colégio, mas antes
mesmo de pensar em levantar meu celular começou a berrar da mesa de
cabeceira. Por isso me estiquei o alcançando e sem me dar o trabalho de ver
quem era atendi a ligação por vídeo.
— E aí, irmão, tudo bem? — Ethan gritou do outro lado da linha como se
eu não estivesse escutando.
— Dá pra falar mais baixo. Eu não sou surdo. — Esfreguei minhas
têmporas com a mão livre, ajeitando-me na cama.
— Você está deitado, Artur? Não me diga que atrapalhei alguma
brincadeirinha com a primeira dama? — Seu olhar era sacana.
— Eu não sei por que ainda insisto em ter você como meu funcionário,
McCartney.
— Porque sou mais que seu braço direito, irmãozinho. Além de ser a
pessoa que você mais confia para cuidar das suas coisas por aqui, também
tenho um lugar reservado nesse coração de ouro aí. — Apontou. — Além
disso, estamos ligados pelas nossas famílias.
— Ok! Pare com esse papo furado e me diga por que ligou. — Abanei a
mão impaciente, sentindo o peso do calmante na minha cabeça.
— Antes me diga o que te derrubou? Foi ressaca, ou gripe?
— Eu tive um surto. — Falei de uma vez.
— Surto? Como assim? — Seu tom era de preocupação agora.
— Filhas, Ethan. Você irá entender quando os gaviões começarem a
rodear Alice. Esse é meu maior desejo.
— Você não ficou bravo por Will ter pedido Estele em casamento, certo?
— O quê? — Gritei descontrolado.
Era só essa que me faltava. Já não bastava o principezinho de merda
rodeando minha Riviera, agora teria que lidar também com meu afilhado?
— Ué! Não era disso que estava falando? Não se preocupe, amigo, eles só
têm dez anos. Foi uma brincadeira. Temos alguns anos ainda para organizar
essa celebração eterna para nossa família.
— Você só pode estar de brincadeira. Que história é essa? — Levantei me
sentindo zonzo, mas mesmo assim comecei a andar de um lado para o outro.
Não era homem de ficar deitado.
— Você não estava falando dos nossos filhos?
— Não. Estava me referindo a Sophie e aquele menino metido a príncipe
de Mônaco.
— Ele é o príncipe, amigo.
— O cacete! Não quero nem príncipe e muito menos esse moleque que
tratei com o maior carinho até hoje e agora quer roubar minha filha, ciscando
por aqui. Vocês estão proibidos de pisar na Vila Leopoldina, me entendeu? E
outra coisa, pense muito bem no que está ensinando pro seu filho, porque
Sebastian já está com cinco anos e até sua filha completar dezoito anos, ele
estará pronto para dar o bote.
— Ele ainda terá treze. Nem brinca com uma coisa dessas, minha Alice é
só um bebê.
— Tem a mesma idade de Estele, que já foi pedida em casamento por seu
predador. Pimenta no olho dos outros é refresco, não é, amigo? Estamos
entendidos... — Sorri sabendo que mesmo com aquele jeito brincalhão, o
ponto fraco de Ethan McCartney, assim como o meu, era os filhos e a esposa,
principalmente sua menininha, que haviam adotado com quatro anos, no
mesmo ano em que viemos pra França.
Olhei para a porta e vi Linda de braços cruzados me olhando feio.
— O que foi?
— Quem deixou você trabalhar?
— Não estou trabalhando e sim sabendo dos detalhes do casamento da
nossa filha mais nova.
— Ethan! — Minha esposa bufou pegando o telefone das minhas mãos. —
Quer matar o meu marido?
— Claro que não, Primeira Dama, — ele insistia em lhe chamar assim
mesmo depois de cinco anos fora da Casa Branca. — A culpa foi dele que
começou a contar do surto. Eu lá ia imaginar que tinha mais gavião rondando
por aí?
— Eu vou desligar.
— Antes... — Passei o braço por cima dela, pegando meu celular
novamente. — Não esqueça que estão proibidos de pisar aqui. É uma ordem
extrema que será enviada ainda hoje para a equipe de segurança. Não me faça
acabar com seu filho ainda no começo da vida. — Meu amigo gargalhou. —
Estou falando sério, McCartney!
— Ok, amigo. Também te amo. Até mais, Linda, beijos nas crianças... —
Desligou.
—Você sabia desse absurdo também? — Sentei na cama, puxando meus
cabelos com força.
— Como você mesmo disse, é um absurdo que não adiantaria nem tentar
te explicar.
— E com isso vai começar a esconder as coisas de mim, Linda Marilyn?
Ou concorda com esse despautério?
— Foi uma brincadeira, Artur. Você mais do que ninguém sabe que
Willian é a miniatura do pai. Não se preocupe. Ainda temos alguns anos até
nos preocuparmos com Estele. — Acariciou meu rosto.
— Eu não vou admitir isso. — Esbravejei.
— Ok, amor! Agora voltando à nossa filha mais velha, ela está nos
esperando lá embaixo. Devo cancelar nossa conversa ou você está preparado?
— Acho que vou precisar de mais um calmante. E juro que vou educar
Sebastian para comer a filha dele. — Linda abriu e fechou a boca.
— Amor, além da diferença de idade ser gritante, Alice é como se fosse
nossa filha também.
— Antes disso, ela é filha daquele filho da puta que está se divertindo às
minhas custas. A vez dele irá chegar e quem ri por último ri melhor. — Essa
praga eu rogaria com gosto. — E digo mais, se depender de mim farei mais
alguns meninos em você só para inverter esse jogo.
— Meu Deus! Isso foi tão machista. — Ela balançou a cabeça, indo até a
mesa de apoio que tinha ali, despejando água e açúcar em um copo. — Beba
antes de descer, por favor. E lembre-se do que conversamos. Se não se sentir
preparado converse com Sophie mais tarde.
— Eu não sou homem de fugir da raia, vamos logo com isso.
— Só peço que não assuste nossa filha. — Coloquei o copo na mesa
olhando-a mexer no cabelo, sinal que estava uma pilha de nervos. Aquele dia
não estava sendo fácil para minha esposa.
— Pode deixar, Senhora Scott. Podemos ir?
— Sim. Que Deus nos ajude.
— Onde estão as crianças? — Perguntei enquanto descemos as escadas.
— As deixei com Mary. Achei que esse momento teria que ser
exclusivamente com Sophie.
— Ok! — Assim que adentramos a ampla sala de estar nossa filha
levantou vindo em nossa direção. E foi ali que percebi que ela estava uma
moça.
Minha vontade foi de chorar e pedir à Deus que o tempo parasse naquele
momento, mas sei que não seria possível, então o que me restou fazer foi
encará-la de frente.
— Papai, eu...
— Vamos para a sala de TV. — Apontei e as duas me seguiram abraçadas.
Pensei em irmos até a sala de reunião, ou o escritório, mas estávamos
falando da minha filha, porra! Não tinha nada formal naquilo.
— Então por onde podemos começar, Sophie Marie? — Cruzei os braços
a encarando depois que fechei a porta.
— Nós estamos apaixonados.
— E o que você entende de amor, me diga? — Estendi a mão para ela
esperando a resposta.
— Eu nasci do amor mais lindo dessa vida, papai. Não tem como não
saber o que significa esse sentimento sendo filha de vocês. — Ok! Seus
argumentos começaram pesados. — Você e a mamãe nos mostram
diariamente como é bom amar alguém e tê-lo ao seu lado.
— Mas isso não é para meninas da sua idade. Você só tem quinze anos,
po... — Parei de falar recebendo um olhar fulminante de Linda.
— A mamãe te ama desde os doze. A diferença é que sempre tive Jamie
ao meu lado, como meu melhor amigo.
— Eu deveria ter cortado esse mal pela raiz ainda quando você era uma
criança.
— Mas não o fez e agora nós nos declaramos. — Me afrontou.
— E o que espera que eu diga ou faça?
— Que nos abençoe. — Sophie veio em minha direção e aquela
fisionomia eu conhecia como ninguém. Ela estava tentando me convencer de
algo. — Sem a sua benção eu não vou conseguir ser feliz. E aceito todas as
regras, desde que não me afaste dele. Eu o amo e quero viver um amor tão
bonito quanto o de vocês. — Ela terminou de falar parando na minha frente
com lágrimas nos olhos. Não tive alternativa a não ser lhe abraçar.
— Minha menininha. — Beijei o topo da sua cabeça. — Esse era o meu
maior medo. O dia que chegasse alguém e lhe tirasse de mim.
— Papai, eu sempre serei sua filha. — Levantou os olhos molhados me
encarando.
— Eu sei, mas já que você comentou vamos às regras...
— Artur! — Linda que até aquele momento se manteve calada advertiu-
me.
— O quê? Nós já conversamos sobre isso.
— Vá com calma.
— Vocês estão me assustando. — Foi a vez de Sophie se pronunciar.
— Sentem-se.
— Lembre-se que não está em seu escritório. — Minha esposa revirou os
olhos e pegou a mão da nossa filha dirigindo-se até o sofá.
— Fique tranquila, princesa. — Sorri sarcasticamente para ela.
— Mamãe, será que eu devo ter medo? — Nossa primogênita sussurrou
em seu ouvido.
— Claro que não. Eu estou aqui. Ande logo com isso, amor.
— Vamos lá... Em primeiro lugar sua mãe vai marcar um jantar aqui em
casa para esse principezinho de merda...
— Papai! — Ela me repreendeu.
— Ok! Desculpem-me. — As duas mulheres da minha vida me olhavam
feio. — Voltando... Marquem esse jantar o mais rápido possível e já avise
seu... Seu... — Gaguejei.
— Jamie, papai.
— Esse aí... — Abanei a mão. — Que se quiser namorar minha filha tem
que vir pedir a mim.
— É tudo que ele mais quer.
— Então o reizinho é corajoso? Bom saber. — Cocei o queixo andando de
um lado para o outro.
— Amor, por favor.
— Mas o que estou fazendo, Linda Marilyn? Vai querer me adestrar
agora?
— Não. Mas se comportar perto da família de Jamie. Não esqueça que
vocês são amigos e têm negócios em comum.
— Mais do que eu imaginava, não é, Sophie Marie? Outra coisa, — ergui
o dedo. — O namoro será aqui dentro desta casa sob minha supervisão.
— Certo. — Ela limitou-se a dizer.
— Deixando claro que qualquer outro programa, digo cinema, sorvetes, ou
passeios em parques também serão supervisionados por alguém da minha
confiança.
— Papai, nem eu ou Jamie sabemos o que é andar sozinhos.
— E vão continuar assim. Pra finalizar, como sei que você e sua mãe são
confidentes, peço que tudo que acontecer conte a ela, já que sei que sempre
serei o último a saber.
— Você será o último a saber se agir como um ogro, amor. — Linda
levantou e tocou meu rosto.
— Mas bem que vocês gostam daquele bicho verde horroroso.
— Porque ele se modificou por amor, papai, e principalmente pela família
dele. — Sophie seguiu os passos da mãe, vindo ao meu encontro. —
Obrigada por tudo. Eu nunca irei te decepcionar.
— Eu sei disso. E tudo que eu faço, mesmo parecendo exagerado ou até
mesmo bruto é por amar vocês demais. — As abracei, beijando o topo de
suas cabeças. — Marquem esse jantar o quanto antes.
— Pode deixar, amor.
Mais tarde, já em nosso quarto me aproximei de Linda, que observava
distraidamente a vista da nossa janela.
— Dia difícil, não é? — Encostei meu corpo no dela sentindo sua cabeça
pairar no meu peito.
— Nem fale. Fiquei com tanto medo de você ter um infarto. Falando nisso
já marquei o médico. — Virou tocando meu peito. — Eu não posso nem
imaginar ficar sem você, amor. — Seus olhos estavam cheio de lágrimas.
— Hei! Isso não vai acontecer. Se um tiro não conseguiu me abalar, quem
dirá um príncipe de merda...
— Artur, pelo amor de Deus! — Ela se desvencilhou de mim indo para o
outro lado. — Olha o respeito. Você precisa se controlar, pois marquei o
jantar também.
— Prometo que farei o possível, mas ainda é muito difícil pra mim,
princesa. — Fui honesto.
— Eu sei. Mas nossa filha tem muito juízo, não teremos problemas. Além
disso, ele também não é qualquer um.
— Ainda sim é um homem.
— E ela uma linda mocinha que está vivendo seu primeiro e tenho quase
certeza, único amor.
— Será que ela será como você? — Sorri andando até ela e enlacei sua
cintura.
— Eu sinto que sim. Mas vamos tomar um banho e dormir que esse dia
entrou pra história.
— Fazia tempo que não tínhamos preocupações tão graves, não é?
— Sim. Não que essa seja a pior notícia do mundo, só temos que nos
acostumar.
— Prometo que vou tentar, se prometer me relaxar dentro daquele
banheiro.
— Trato feito, Senhor Scott.
Linda Marilyn
— Sejam bem vindos. — Felicitei Amelie, o Rei do Principado, Jamie,
além de Jamie II, meu genro. O nome só poderia ter vindo da tradição
monárquica da família. Se bem que se dependesse do meu marido, Sebastian
também teria seus dois nomes e algo numérico ao final. Eu que não deixei, já
que não bastava o peso do segundo nome combinado com Scott.
Desde que nos mudamos para Mônaco estabelecemos uma boa amizade
com o casal da realeza local que tinha a idade e os compromissos muito
próximos dos nossos. Isso uniu não só nossos filhos, criando laços na família
inteira. Eu me tornei amiga de Amelie e Artur e Jamie, por conta dos
negócios e também das responsabilidades desde cedo, ficaram muito
próximos.
— Fiquem à vontade. O que querem beber?
— Separei um uísque escocês para nós, Majestade. Vamos para o
escritório, temos muito que conversar. Venha também, principezinho... Quero
saber quais são suas reais intenções para com minha filha. — Meu marido
disse receptivo e aquilo me deu medo. Mas ele me tranquilizou com o olhar.
Desviei então minha atenção à Sophie que discretamente sorriu para o
namorado e veio até mim.
— Mamãe, ele não comerá Jamie vivo, certo? — Troquei um olhar
complacente com Amelie e fomos para sala.
— Não, filha. Ele só quer ter uma conversa de homem com seu namorado.
— Não imagina como fiquei feliz quando Jamie me contou. — Minha
amiga tocou as mãos da minha filha e vi ali que Sophie teria a mesma sorte
que eu em relação à sogra. — Eu já a considero uma filha, minha querida. E
de coração, nunca imaginei meu bebê com outra menina que não fosse você.
— Obrigada, Amelie, mas ainda fico receosa por conta do papai.
— Calma, meu amor. Meus Jamies irão mostrar à Artur que são os
melhores homens do mundo.
— Assim como ele, não é, mamãe?
— Um pouco mais intempestivo. — Sorrimos. — Mas voltando ao
assunto, também fiquei muito feliz. Desde quando viemos pra cá e vi pela
primeira vez os olhinhos de Sophie brilharem por Jamie, eu sabia.
— É como se tivéssemos os fabricado um para o outro. — Amelie ergueu
as mãos ainda unidas com as de Sophie. — Diferente de Harry, que é mais...
— Animado, digamos assim. — Pisquei para minha amiga enquanto
falávamos do seu filho um ano mais novo que Jamie. E mesmo com suas
personalidades completamente opostas, os irmãos eram amigos inseparáveis,
assim como Sophie e Estele.
Pouco tempo depois, graças a Deus, nossos homens saíram do escritório e
por milagre Jamie estava vivo. Ele caminhou até Sophie, a abraçando e beijou
o topo de sua cabeça.
Tinha que confessar que para mim também era difícil me adaptar com essa
nova realidade e mesmo acompanhando de perto esse amor crescer não sabia
que a hora chegaria tão rápido.
Fui até Artur que suava de nervoso e toquei sua cintura tentando o
acalmar. Mas por sorte ou azar, pois não sabia o que estava por vir, Miranda
avisou que o jantar estava servido.
— Antes de nos servirmos gostaria de reiterar, agora na frente das nossas
mulheres, o que foi conversado dentro daquele escritório.
— Um acordo de cavalheiros. — A Majestade Jamie I ergueu sua taça de
vinho.
— Exatamente, caro amigo. — Artur acenou cordialmente, mas estava
bem tenso. Conhecia meu marido como ninguém. — Conversei com Jamie,
expondo todas as regras anteriormente impostas à Sophie e acertamos o
acordo.
— Mas meu namoro não é um negócio, papai. — Minha filha se
pronunciou.
— Não precisa se preocupar, princesa. Nós conversamos e está tudo bem.
— Jamie tocou sua mão tranquilizando-a e o modo como o fez me
emocionou. Principalmente como a chamou. Aquele menino apesar da pouca
idade já amava intensamente minha filha, então o que restava fazer era
entregar esse amor para Deus. Ele saberia lidar com isso melhor que qualquer
pessoa.
No final da noite eu e Amelie assistimos de longe o primeiro beijo de
nossos filhos e não poderia ter tido pessoa melhor ao meu lado para isso.
Apertamos nossas mãos e juntas, prometemos proteger esse amor de tudo e
todos.
E por fim estava feito.
Nossa primogênita, aos quinze anos, namorava o príncipe e herdeiro do
trono do Principado de Mônaco e eu, com minha experiência profissional e
pessoal, tentava contornar seu pai, a imprensa e tudo que nos rodeava. Além
de organizar sua festa de aniversário, que aconteceria alguns meses depois
por conta da posse de George na Casa Branca.
O tema escolhido foi Paris, o lugar predileto da minha filha e havia ficado
tudo perfeito. O que nos restava agora era celebrar seu aniversário com muita
alegria e amor, ao lado da nossa família, amigos e toda a imprensa do mundo.
Mas essa já nos acompanhava desde o princípio.
— Você está linda. — Artur tocou minhas costas enquanto terminava de
colocar meu brinco, já atrasada por estar me dividindo entre meu quarto e o
de Sophie.
— Você também, meu amor. — Dei-lhe um selinho, lembrando sempre de
deixar o batom para o final. Existiam coisas que não mudavam nunca. —
Ninguém veste um smoking como você.
— Diria o mesmo do vermelho, se a senhora estivesse usando-o.
— Passamos dessa fase, não é, amor? E também é bom variar.
— Mais ainda prefiro você com ele.
— Atenderei seu pedido no próximo evento. Mas pode me falar se estou
bonita? — Dei uma voltinha o fazendo sorrir.
— A mulher mais deslumbrante do mundo. — Enlaçou minha cintura.
— Obrigada. Agora vamos que temos convidados para recepcionar. Além
disso, nossa filha logo me chama.
— Quinze anos, quem diria. Lembro como se fosse hoje dos eventos que
ela invadia nosso quarto querendo ficar parecida com você.

***

— Ah, vocês estão aí. — Um pequeno furacão entrou no nosso quarto com
alguns vestidos nas mãos.
— Filha, o que aconteceu? — Abaixei ficando na sua altura, vendo seu
bico crescer. Não perdendo a oportunidade, pisquei para Linda, que revirou
os olhos.
— A mamãe me esqueceu. — Sophie jogou as roupas em cima da cama, se
empoleirando logo em seguida também.
— Estava ajudando o papai a se vestir, porque meninos se arrumam mais
rápido que meninas. Mas já estava indo para seu quarto.
— Mas, mamãe, você sempre diz que o papai não precisa se arrumar,
porque ele é o mais lindo de todos.
— Então você também não precisa, princesinha, pois também é a mais
linda de todas. — Subi na cama pegando-a desprevenida, começando a fazer
cócegas em seu corpo miúdo.
— Para, papai, eu vou perder o ar. — Sophie ria e me chutava.
— Olhe os vestidos, vão amassá-los. — Linda sentou-se na cama com a
gente, tentando tirar os vestidos de lá, mas fui mais rápido a trazendo para
mim também.
— Minhas duas mulheres estão presas agora. — Elas gargalharam e se
entreolharam. Conhecendo aquela cumplicidade sabia que vinha arte por ali.
— Um… — Linda começou a contagem.
— Dois… — Sophie continuou.
— Três! — As duas inverteram o jogo, prendendo-me de costas na cama e
fazendo cócegas por todo o meu corpo.
— Nós somos mais fortes do que o papai. — Sophie gritou feliz, batendo
na mão da mãe, em sinal de vitória.

***

— Essas lembranças ficarão guardadas pra sempre em nossos corações. —


Beijei-lhe mais uma vez. — Pronto?
— Acho que sim. — Fez uma careta e não contive o riso.
— Então vamos.
Chegando à sala de estar nossa família já nos esperava, incluindo Ethan e
Lizzy que haviam chegado há pouco.
— O que você está fazendo aqui? Eu te proibi de entrar na minha casa,
McCartney.
— Meu Deus! Eles não mudam. — Minha amiga e também madrinha de
Estele beijou meu rosto.
— Não falo nada. Você está linda.
— Você também, Senhora Scott, mas onde está o vestido vermelho?
— Fique quieta que Artur já me perguntou sobre isso. — A puxei mais
para perto, sussurrando em seu ouvido.
— É que ele sempre foi sua marca registrada.
— Eu sei. Só quis mudar um pouco. — Olhei para meu look Whiter Off
todo bordado, gostando do resultado.
— Está certa. E como andam os ânimos por aqui?
— Mais calmos. Então segure seu filho mais alguns anos, pois o coração
do meu marido não aguenta outro baque desses tão cedo. — Sorrimos
observando Willian e Estele de mãos dadas.
— Posso até segurar, mas creio que teremos outro amor pra toda vida ali,
Linda.
— Eu sei. Eles são tão lindos juntos. — Juntei as mãos, apaixonada.
— Temos sorte.
— Sim. Só precisamos colocar isso na cabeça do meu homem.
— Como disse, temos alguns anos para isso...
— Solte a mão dela, seu moleque! — Meu marido gritou ao lado de Ethan,
que ria sem parar. Aquele não tinha medo da morte mesmo.
— Artur! — O repreendi. — Vão brincar, crianças. — Às vezes parece
que você tem a idade deles.
— Esse garoto quer roubar nossa filha. — Bufei, balançando a cabeça.
— Eles só têm dez anos... — A frase parou pela metade quando a Família
Real do Principado adentrou minha sala.
A festa seria nos jardins da Vila Leopoldina, por isso as pessoas mais
próximas de nós estavam sendo recebidas ali, em nossa sala.
— Sejam bem vindos, queridos. Que bom que chegaram. Sophie já
perguntou de você, Jamie. — Apertei sua mão gelada. Que graça!
Ele estava nervoso por ser seu príncipe aquela noite. Na verdade, pelo
andar da carruagem, seu amor por toda a vida.
— Onde ela está?
— Parece que sentiu sua presença aqui... — Apontei para a escadaria,
onde minha filha despontou deslumbrante em seu vestido vermelho.
E ali estava o motivo de não usar a cor naquela noite.
Sophie havia pedido emprestada minha marca registrada. E eu, como não
negaria nada a ela, cedi muito feliz.
Artur me olhou emocionado antes de subir as escadas para conduzi-la. Foi
tão lindo aquele encontro que não contive as lágrimas.
— Você está linda, meu amor. — Ele beijou sua testa.
— Linda, como a mamãe Linda. — Lembrei de quando era pequena
repetindo essa frase sempre.
Os dois esperaram o aval dos fotógrafos e desceram lentamente, mas
quando os olhos de Sophie encontraram os de Jamie era como se o mundo
parasse de girar. Eu sabia bem como era aquela sensação, por isso caminhei
até meu marido acariciando seu rosto.
— Eu a perdi.
— Pense que ganhou mais um filho, meu amor. Ficará mais leve esse
fardo de pai de adolescente.
A festa foi maravilhosa. Pudemos curtir nossos pais que vieram dos EUA
especialmente para o aniversário da neta mais velha, além de aproveitar um
pouco nossos irmãos de coração, Ethan e Lizzy, que mesmo em pé de guerra
com Artur não se desgrudaram.
Falando neles, percebi no meio da festa quando Estele e Will se afastaram
um pouco, ficando perto de uma das árvores do nosso jardim.
Minha bebê estava apaixonada com apenas dez anos. E era tão lindo de
ver os dois ali juntos, sem malícia e começando uma vida, mesmo com a
distância que os separava. E não podia repreendê-la, já que me apaixonei por
seu pai aos doze. Sabia muito bem como era essas coisas. Então só me restou
pedir à Deus para serem felizes.
Do outro lado, na pista de dança, minha Sophie dançava agarrada à Jamie
que lhe disse algo fazendo seu sorriso se abrir por inteiro. Ela também estava
feliz.
— Mamãe, dança comigo? — Fui atropelada por meu furacãozinho que se
agarrou em minhas pernas.
— Nossa! Como negar um convite desse, cavalheiro. — Peguei Sebastian
no colo, beijando seu rosto inteiro no ritmo da música.
— Mamãe, é para dançar, não para beijar. — Ri vendo meu homem de
ferro se aproximar.
— Vejo que cheguei tarde demais. — Sorriu pegando nosso filho dos
meus braços.
— Não, papai. Eu divido ela com você, mas só com você, viu?
— Esse é meu garoto. Só o que precisa é um pouco mais de idade e treino.
Aí você vai ver, Linda Marilyn, nenhum gavião rodeará mais a Vila
Leopoldina.
— Não sei o que farei com vocês.
— Nos ame, apenas isso, pois é o que fazemos com nossas mulheres, não
é, filhão? As amamos e protegemos de tudo. — Gargalhei beijando os dois
amores da minha vida.
— Não poderia estar mais feliz. — Deitei a cabeça no ombro de Artur
vendo agora Estele dançar com Will ao nosso lado, os dois desengonçados.
Sophie e Jamie haviam saído dali, pois estavam recebendo alguns amigos do
colégio. E por fim, nosso pequeno grande homem saiu do colo do pai e foi até
onde a irmã mais nova dançava, ficando no meio dos dois.
— Isso é coisa sua.
— Eu quero mais um filho. — O encarei séria.
— E se vier mais uma menina? Não controlamos os desígnios de Deus.
— Será muito bem vinda, princesa. Só precisarei aumentar a guarda do
meu castelo. — Piscou e sorrimos juntos continuando a observar a festa.
— Eu amo você.
— Também te amo. Obrigado por tudo.
— Eu que agradeço. Somos uma dupla e tanto.
— Com certeza, querida.
Bônus
— Oh, meu Deus! Você vai me castigar? — Vi Artur voltar do closet nu
com uma gravata nas mãos depois de termos feito amor.
— Com toda certeza, minha devassa. — Ele riu sedutoramente. — Não
posso?
— Você pode tudo, amor.
— Ótimo. Porque ainda não acabei com você.
Para a brincadeira ficar mais divertida travei as pernas ao mesmo tempo
em que ele amarrava minhas mãos na cabeceira da cama.
— E essas pernas? Preciso delas bem abertas, princesa.
— Conquiste-as. — O desafiei.
— Então é assim?— Mordeu meu pescoço.
Como eu amava aquele jogo!
— É.
— Vamos ver quem vence no final. — Sussurrou com aquela voz rouca no
meu ouvido, passando a língua por toda sua extensão.
— Deixa eu me divertir, minha devassa. Abra essas pernas.
— Você pensa que vai me vencer, mas o que eu ganharei no final? —
Queria palavras sujas no meu ouvido.
— Você pode escolher entre meus habilidosos dedos. — Os senti se
aproximando do meio das minhas pernas. — Minha apetitosa língua. —
Soltei um grito quando abocanhou meu seio. — Ou meu pau entrando e
saindo de você repetidamente. — Esfregou-o na minha perna me dando a
certeza que já estava pronto pra mim.
— Ah, me coma!
— Eu vou, princesa, além de fazer você se lembrar de nunca mais fechá-
las para seu marido.
— Nunca mais. Agora venha. — As abri me entregando completamente
àquele fogo que me consumia por inteiro.
Não foi necessário muito tempo para que Artur estivesse metendo com
força dentro de mim, fazendo com que visse estrelas sem ao menos olhar para
o céu. Lentamente foi me soltando da cabeceira e aproveitei para arranhar
toda suas costas, além de morder seu ombro, tentando refrear o barulho.
— Eu vou gozar. — Gemi alto.
— Venha que estou apenas te esperando para me derramar inteiro em
você. – pediu e logo senti seu gozo dentro de mim não me dando outra opção
a não ser me entregar com ele àquela sensação única de fazer amor. Ficamos
abraçados um bom tempo, com as respirações ofegantes e o coração
martelando alto no quarto.
— Acho que precisamos de um banho.
— Você irá me atacar lá dentro? Estou sem forças. — Artur riu entre o
vão dos meus seios.
— Só se você pedir.
— Ok! Então vamos, meu amor.
Enquanto tentava prender meu cabelo, desgrenhado pelo sexo, Artur se
aproximou por trás do meu corpo com um sorriso sacana.
Levou as mãos aos meus seios, depois à cintura, deslizando o dedo do meu
umbigo até quase a entrada do meu sexo.
— Eu disse que não aguento mais nenhuma rodada hoje. — O danado
gargalhou.
— Duvido. Você não é de negar fogo, principalmente nesse estado.
— Que estado? — Olhei em seus olhos pelo reflexo do espelho.
— Você está atrasada, princesa?
— Como assim? — Segui suas mãos que continuavam passeando por meu
corpo sem saber direito o que responder.
Foram tantas emoções no último mês, o aniversário de Sophie, seu
namoro, o surto de Artur...
— Ai, meu Deus! — Ele abriu aquele sorriso. Sabem? O do gol
emplacado.
— Você está grávida de novo. — Afirmou.
— Não estou não. — Tentei me desvencilhar.
— Linda Marilyn, eu já vi seu corpo mudar três vezes por causa de uma
gravidez, não estou enganado. Seus seios... — Deslizou as mãos por eles de
novo. — Bem maiores. Sua cintura...
— Está me chamando de gorda, Artur Sebastian?
— Claro que não, princesa. Estou te chamando de mãe do meu mais novo
rebento. — Ele virou meu corpo, deixando-me de frente para ele e aquelas
palavras me emocionaram.
— Não pode ser, amor. — Solucei em seu peito.
— Bingo! Choro à toa, mais um sintoma. — Olhei pra sua cara de
moleque travesso. — Vamos ao médico na primeira hora amanhã.
Eu não recusei, principalmente por ter quase certeza que Artur tinha razão.
Três gestações não deixavam apenas estrias e sim certezas quando algo não
saía como o combinado. E naquele momento meu corpo estava gritando
através dos hormônios da nova gravidez.
No dia seguinte doutora Charlotte me pediu os exames de praxe,
indicando-me mais uma vez sua amiga obstetra em Mônaco. Ela cuidou da
gestação de Sebastian há cinco anos. — Oh, meu Deus! Nossa tabelinha dos
cinco anos estava funcionando e se tudo se confirmasse precisaria falar
seriamente com Artur se não quisesse povoar o mundo.
Obviamente, o Senhor Scott atazanou a vida de todos no laboratório que
vieram colher meu sangue na Vila Leopoldina. E antes do meio dia já
tínhamos o resultado.
Eu estava grávida novamente de Artur Sebastian Scott.
Só nos restava saber se seria mais uma menina para lhe fazer surtar e
perder os cabelos, ou um lindo menino para ajudá-lo em seu exército contra
os homens que se aproximassem das nossas filhas.
E eu...
Ah, com certeza era a mulher mais feliz desse mundo!
...
Agradeço...
Primeiramente a Deus, por me guiar até aqui trilhando um
caminho cheio de luz, fazendo–me crescer dia após dia como
profissional. Inspirando–me cada dia mais para que possa iluminar
a vida das pessoas através da escrita.
À minha família, em especial, ao meu marido Marcelo, que
sempre será minha maior inspiração... Pois com seu amor me
ensinou o que é a amizade, o companheirismo, a cumplicidade, a
vontade de se estar juntos, de vencer juntos, me fazendo chegar até
aqui, sendo categórica no que escrevo a respeito do amor e da vida
a dois...
À minha irmã Aline, por estar ao meu lado, dando–me força e
serenidade sempre. Principalmente com a certeza de que o amor e a
amizade verdadeira existem...
Às minhas estrelas mais lindas do céu...
Meus pais...
Que não estão mais ao nosso lado, pelo menos fisicamente,
porém os sinto diariamente comigo, emanando sua força e vontade
única de viver...
Todos os meus livros serão dedicados a vocês, pai e mãe...
Que me criaram e ensinaram que tudo podemos alcançar, apesar
das dificuldades...
Amo para sempre!
Continuarei agradecendo pelo resto da minha vida ao meu anjo
do mundo literário, minha querida amiga Tatiana Amaral, que me
ajudou, instruiu e me indica até hoje os melhores caminhos a
seguir. Apresentando–se a pessoas incríveis que abriram as portas
da literatura nacional para mim. Obrigada!
À Ler Editorial por sempre estar acreditando no meu trabalho. À
você, Catia Mourão, meus agradecimentos mais sinceros, para
sempre. Obrigada por apostar em mim, abraçando meus projetos
com respeito e amor.
Á Lizzy Carvalho, obrigada por embarcar nessa nova empreitada
comigo.
Não poderia estar mais radiante por ser minha sua primeira capa
de livro.
Como conversamos durante todos esses dias, estamos
aprendendo e evoluindo juntas e isso não tem preço.
Parabéns!
Não existe pessoa mais grata e realizada do que eu nesse
momento por ter o talento de uma amiga sendo exposto
publicamente, além de ter a capa mais fofa e completa do mundo.
Agradeço de coração também a Catia, minha editora, por ter nos
ajudado e indicado o melhor caminho para o resultado final.
Á Rosi Capatto, por sua amizade sincera de anos, iluminando e
acalentando minha vida diariamente apenas por tê–la ao meu lado.
Agradeço a você por tudo amiga.
À Cécile Nogueira e Graziela Garbelini Lopes, minhas queridas
amigas de todos os dias, revisoras e incentivadoras, me dando
força, paz, sorrisos, companheirismo, felicidade e amor.
À Thereza Christina, minha querida amiga, que eternizarei como
vilã, porém é uma das pessoas mais lindas e companheiras que já
conheci. E ao nosso Cauê.
Para...
Joseane. Claudia Zuliani. Juliana. Patricia. Sheila. Andreza
Spina e Heitor. Adriana Prado. Ana Salamoni. Ana Nogueira.
Fernanda Ribeiro. Daniela Maximiano. Angie. Nathalia. Sil Rocha
e Gabriel. Minha menina, Silvana, Suslei. Minha amada e querida
Terezinha. Karine. Lilia. Lenny. Ana Nogueira, Joice, Ariane. Irene
Moreira, Cleide, Cléia, Fran, Priscyla, Kátia. Minha sogra, Jane.
Kel Costa, Halice, Daniella Rosa.E todas as minhas mais que
leitoras, minhas amigas de coração e alma, com muito amor.
Obrigada!
Fe
Meus livros:
O Deputado – Livro 1 Trilogia Entre O Amor E O Poder
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Meu Sonho Perfeito – Livro 2 Série Os Sertanejos


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