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Turma e Ano: Direito Processual Civil - NCPC (2016)

Matéria / Aula: Tutela provisória. Concessão por sentença, acórdão, decisão monocrática. Recursos
cabíveis. Tutela de urgência. Noções gerais / 113
Professor: Edward Carlyle
Monitora: Laryssa Marques

Aula 113

Tutela provisória (Parte IV):

Provimentos judiciais sobre tutela provisória:

CPC, Art. 298. Na decisão que conceder, negar, modificar ou revogar a tutela provisória, o
juiz motivará seu convencimento de modo claro e preciso.

Princípio da fundamentação das decisões judiciais é uma exigência constitucional


plasmada no art. 93, IX da CRFB/88.

O dispositivo abarca diversas possibilidades de decisões: decisão interlocutória,


sentença, decisão monocrática e acórdão.

• Decisão interlocutória (cognição sumária/superficial) -> tutela provisória:


o De urgência (art. 300, §2o)
§ Antecedente (liminarmente)
§ Incidente (liminarmente ou até o final do processo)
o De evidência (art. 311, II e III, CPC).
§ Incidente

CPC, Art. 311. A tutela da evidência será concedida, independentemente da


demonstração de perigo de dano ou de risco ao resultado útil do processo, quando:
I – ficar caracterizado o abuso do direito de defesa ou o manifesto propósito
protelatório da parte;
II – as alegações de fato puderem ser comprovadas apenas documentalmente e
houver tese firmada em julgamento de casos repetitivos ou em súmula vinculante;
III – se tratar de pedido reipersecutório fundado em prova documental adequada
do contrato de depósito, caso em que será decretada a ordem de entrega do objeto
custodiado, sob cominação de multa;





IV – a petição inicial for instruída com prova documental suficiente dos fatos
constitutivos do direito do autor, a que o réu não oponha prova capaz de gerar dúvida
razoável.
Parágrafo único. Nas hipóteses dos incisos II e III, o juiz poderá decidir
liminarmente.

CPC, Art. 1.015. Cabe agravo de instrumento contra as decisões interlocutórias que
versarem sobre: I - tutelas provisórias.

• Sentença
o Concedida, confirmada ou revogada a tutela provisória.

Cabe recurso de apelação sem efeito suspensivo, por força do art. 1.012, §1o, V do
CPC.

Art. 1.012. A apelação terá efeito suspensivo.


§ 1o Além de outras hipóteses previstas em lei, começa a produzir efeitos
imediatamente após a sua publicação a sentença que: V - confirma, concede ou revoga
tutela provisória.
§ 2o Nos casos do § 1o, o apelado poderá promover o pedido de cumprimento
provisório depois de publicada a sentença [intimação das partes através do D.O.].

Como a apelação não possui efeito suspensivo, é possível a chamada execução


provisória, prevista nos arts. 520 a 522 do CPC.

§ 3o O pedido de concessão de efeito suspensivo nas hipóteses do § 1o poderá ser


formulado por requerimento dirigido ao:

O requerimento pode ser feito por petição simples.

I - tribunal, no período compreendido entre a interposição da apelação e sua


distribuição, ficando o relator designado para seu exame prevento para julgá-la;

II - relator, se já distribuída a apelação.





• Decisão monocrática do relator

O recurso cabível é o agravo interno, de acordo com o art. 1.021 do CPC.

CPC, Art. 1.021. Contra decisão proferida pelo relator caberá agravo interno para o
respectivo órgão colegiado, observadas, quanto ao processamento, as regras do regimento
interno do tribunal.

• Decisão de órgão colegiado

Trata-se de acórdão, que pode ser objeto de recurso especial ou extraordinário.

Obs.: Súmula 735, STF. Não cabe recurso extraordinário contra acórdão que defere
medida liminar.

Ideia por trás da súmula: ainda há todo o resto do processo para que a tutela
provisória seja concedida.

Caso a tutela provisória seja rejeitada, é cabível o RE.

Tutela de urgência:

No CPC:

• Disposições gerais – arts. 300 a 302.


• Procedimento da tutela antecipada requerida em caráter antecedente – arts. 303 a 304.
• Procedimento da tutela cautelar requerida em caráter antecedente – arts. 305 a 310.

As espécies de tutela provisória são: satisfativa e cautelar. O CPC fala em


“antecipada” para se referir ao termo “satisfativa”.

A tutela de urgência distingue-se da tutela de evidência, que é sempre satisfativa


(antecipada) e incidental.





CPC, Art. 300. A tutela de urgência será concedida quando houver elementos que
evidenciem a probabilidade do direito e o perigo de dano ou o risco ao resultado útil do
processo.

O caput do art. 300 estabelece os pressupostos da tutela de urgência, quais sejam o


fumus boni iuris (probabilidade do direito) e o periculum in mora (perigo de dano ou o risco ao
resultado útil do processo).

A ideia de probabilidade do direito surgiu dos ensinamentos de Piero Calamandrei,


que estabeleceu uma distinção entre possibilidade, verossimilhança e probabilidade.

Para o autor, a possibilidade é o mais tênue/frágil dos três. Não há nada provado,
nem que leve o juízo a concluir que aquela alegação seja verdadeira.

A verossimilhança é mais forte, porque possui a aparência de verdade. A alegação


apresentada pela parte, compatibilizada com os demais elementos apresentados nos autos,
aparentemente é verdadeira. Mas, não há prova cabal da veracidade.

Por fim, a probabilidade é aquela alegação que pode ser provada como verdadeira.

Obs.: No CPC/73, com as modificações que lhe foram implementadas, o art. 273
exigia a prova inequívoca que convencesse o juízo da ‘verossimilhança da alegação’. O termo
foi aplicado de maneira equivocada; o correto seria ‘probabilidade’ (tendo em vista a
necessidade de prova da plausibilidade do direito). Isto foi corrigido no CPC/15 (art. 300).

§ 1o Para a concessão da tutela de urgência, o juiz pode, conforme o caso, exigir caução real
ou fidejussória idônea para ressarcir os danos que a outra parte possa vir a sofrer,
podendo a caução ser dispensada se a parte economicamente hipossuficiente não puder
oferecê-la.

O dispositivo evidencia uma evolução do legislador.

Tratando-se de tutela de urgência - em que o autor respalda o seu pedido com base
no fumus boni iuris e o periculum in mora - o juiz pode exigir caução real ou fidejussória.





É responsabilidade objetiva oriunda da decisão que foi favorável à parte que pleiteia
a tutela provisória. Tendo ocorrido dano a outra parte por conta da tutela provisória
concedida, a parte que a requereu deverá arcar com este dano (retorno ao status quo ante).

O juiz pode dispensar a caução, caso a parte seja hipossuficiente economicamente.


Trata-se de aplicação do princípio da isonomia real: não se pode exigir caução de quem não
tem recursos para promovê-la.

§ 3o A tutela de urgência de natureza antecipada não será concedida quando houver perigo
de irreversibilidade dos efeitos da decisão.

Este dispositivo possui origem no CPC/73, no âmbito da antecipação da tutela.

Traz um pressuposto negativo -> “não pode existir perigo de irreversibilidade dos
efeitos da decisão”.

Aplicação do princípio da ponderação de interesses.

Irreversibilidade recíproca: tanto para o autor, quanto para o réu existe o perigo da
irreversibilidade dos efeitos da decisão.

Ex.: pessoa sofre acidente e precisa ser internada às pressas. Socorre-se de seu plano
de saúde, que nega direito à internação, porque estaria com uma prestação do plano em
atraso. A família ingressa em juízo informando que a pessoa vinha pagando normalmente os
valores e que não foi constatado o pagamento por algum equívoco do próprio plano de
saúde. Alegam, ainda, que ele nunca deixou de pagar.

Note que a tutela provisória, neste caso, é irreversível tanto para pessoa, quanto para
o plano de saúde. Se não concedida: pessoa não é internada e morre. Se concedida: pessoa
não tem como reembolsar o plano de saúde, caso fique provado ao final que este não deveria
arcar com os custos da operação.

Assim, o juiz deve examinar, diante do caso concreto, quais são os interesses que
estão em jogo: direito à vida x direito ao patrimônio [princípio da ponderação de interesses].
Com base nisso, terá que tomar uma decisão que será irreversível para uma das partes.





Art. 301. A tutela de urgência de natureza cautelar pode ser efetivada mediante arresto,
sequestro, arrolamento de bens, registro de protesto contra alienação de bem e qualquer
outra medida idônea para asseguração do direito.

Já vimos que esse artigo tem relação com o art. 297. O CPC/15 extinguiu as cautelares
típicas e atípicas. Todos estes exemplos são de cautelares típicas do CPC/73.

Levando-se em conta que o legislador extinguiu as cautelares típicas, não há razão


para que estes exemplos ainda sejam mencionados no CPC/15.

Art. 302. Independentemente da reparação por dano processual, a parte responde pelo
prejuízo que a efetivação da tutela de urgência causar à parte adversa, se:
I - a sentença lhe for desfavorável;
II - obtida liminarmente a tutela em caráter antecedente, não fornecer os meios necessários
para a citação do requerido no prazo de 5 (cinco) dias;
III - ocorrer a cessação da eficácia da medida em qualquer hipótese legal;
IV - o juiz acolher a alegação de decadência ou prescrição da pretensão do autor.
Parágrafo único. A indenização será liquidada nos autos em que a medida tiver sido
concedida, sempre que possível.

O art. 302 do CPC/15 consagra a responsabilidade objetiva do beneficiário da tutela


provisória pelos eventuais prejuízos dela decorrentes.

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