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JUSTIÇA DE _____________
Prioridade de
Tramitação – Idoso
nos termos dos arts. 1.015 e 1.016 do Novo Código de Processo Civil, contra a
_____________, localizada na Rua _____________, inscrita no CPNJ sob o nº
_____________e contra a _____________, pessoa jurídica de direito privado, com sede na
_____________, inscrita no CNPJ sob o nº _____________, endereço eletrônico, pelos
relevantes motivos de fato e de direito adiante expostos:
Em face de sua avançada idade, a Autora/Agravante, uma anciã de __ anos (doc. __), requer a
Vossa Excelência, que se digne de conceder prioridade na tramitação de todos os atos processuais e
diligências, em consonância com a redação do Estatuto do Idoso (Lei nº 10.741/03), em seu Art. 71, §1º e
do Art. 1.048, I do NCPC.
Assim sendo, requer a Autora/Agravante a V. Exa., que se digne de mandar priorizar todos os
atos relacionados ao presente feito, perante a Secretaria desse Cartório.
Portanto, tendo em vista que a parte autora tomou ciência da decisão em _____________, o
prazo se finda em _____________, portanto, dentro do prazo legal, vem insurgir-se contra o aludido
decisum, mediante o manejo do presente recurso, tempestivamente.
DO PREPARO
Em razão do deferimento de justiça gratuita proferido pelo M.M a quo e com fundamento no
artigo 1.007, § 1º do Códex Adjetivo, encontra-se a Autora/Agravante, dispensada do preparo recursal.
01 – Procuração.
02 – Certidão da __ª Vara Cível da Comarca de _____________
03 – Cópia do despacho do Juízo a quo
04 – Cópia da Petição inicial da Autora ora Agravante
05 – Restante da cópia integral dos autos.
Nos Termos acima esposados
Pede e Espera Deferimento
Local, data.
Agravante: _____________
Agravados: _____________
Processo originário nº. _____________
RAZÕES DA AGRAVANTE
Por se tratar de típico contrato de adesão, assente-se que as cláusulas foram unilateralmente
elaboradas pela Operadora Ré, sem que tenham tido a Autora, o direito de discuti-las previamente, como
de praxe são os contratos de tal natureza.
Ressalte-se também que, desde o início da vigência do presente contrato, em nenhum momento
deixou a Autora de cumprir com sua parte na avença, conforme atestam os recibos de pagamento anexos,
pagando atualmente mensalidade cujo valor absurdo perfaz R$ _____________.
A Ação ora ajuizada busca primeiramente, EM PROVIMENTO LIMINAR, alterar o valor das
mensalidades cobradas pela Operadora Ré, em virtude da aplicação indevida de Reajustes Ilegais Por
Mudança De Faixa Etária a Autora, e, de Reajustes Anuais com percentuais exacerbados aos que foram
realmente determinados pela ANS – AGÊNCIA NACIONAL DE SAÚDE SUPLEMENTAR. No
mérito, buscará a confirmação da matéria pleiteada na liminar e, ainda, o ressarcimento dos valores já
pagos indevidamente pela parte Autora.
Recorre a Autora à prestação jurisdicional para ter reduzido o valor de suas mensalidades àquele
que deveria ser legalmente cobrado, em consonância com as normas contidas no Código de Defesa do
Consumidor – Lei nº 10.71/03, e, a restrição dada aos aumentos por mudança de faixa etária na
disposição do art. 15 § 3º do Estatuto do idoso – Lei nº 8.078/90. Para tanto, o provimento liminar
deverá determinar a expedição de boletos cujos valores se revelem justos perante os cálculos ora
apresentados, fazendo a menção necessária de que, a partir daquela data, só se apliquem os aumentos
anuais estabelecidos pela ANS.
Desta forma, a partir dos 60 (sessenta) anos só se deve aplicar o Reajuste Anual Regulado pela
ANS, já que o por mudança de faixa etária é inaplicável. Neste diapasão o cálculo torna-se simples:
aplicam-se os reajustes anuais possíveis a partir de _____________/20__ até a presente data e retiram-se
os reajustes que ultrapassem os percentuais autorizados pela Autarquia Federal.
Importante ressaltar a data de aniversário da apólice da Autora, sendo nos meses de
_____________ de cada ano, pois, é nesta data que há a possibilidade da aplicação do Reajuste Anual
Regulado pela ANS mediante o termo de compromisso.
Também demonstra-se essencial informar, que apenas a partir do ano de 2005 houve a instituição
do TERMO DE COMPROMISSO, se tratando de um acordo pré-estabelecido entre algumas Operadoras
de Saúde e a ANS para adoção de Percentuais de Reajustes Anuais diferenciados aos chamados Planos
Antigos (planos avençados antes de 1º de Janeiro do ano de 1999).
Em suma, a Autora/agravante vem ao Judiciário para ver restaurado seus direitos que foram
vilipendiados e omitidos, fazendo-se necessário compelir a Operadora Ré a corrigir os valores das
mensalidades da Autora/agravante, visualizando que atualmente a mesma deveria pagar a título de
mensalidade o valor de R$ _____________
Todavia, o juiz não apreciou o pedido de antecipação de tutela, sendo, portanto, interposto
Agravo de Instrumento.
Inconformado, a Autora/ora Agravante passa a recorrer do r. despacho que, data venia, não foi
fundamentado no Direito do Consumidor.
DA DECISÃO AGRAVADA
“D E S P A C H O
(Tombo nº _____________- Processo nº _____________)
Gratuidade deferida.
A petição inicial apresenta-se aparentemente em ordem, nos termos do artigo
282 do CPC, razão pela qual a admito.
Tendo em vista a complexidade da matéria fática, postergo a apreciação
do pedido de tutela antecipada, para momento posterior à apresentação
da contestação.
A jurisprudência sustenta este entendimento:
[...] DECISÃO DO JUIZ POSTERGANDO A APRECIAÇÃO DA TUTELA
ANTECIPADA PARA APÓS A APRESENTAÇÃO DA CONTESTAÇÃO.
FALTA DE INTERESSE RECURSAL - LESIVIDADE INEXISTENTE.
[...]
(TJ-SP, AI 20025342920138260000, Relator: Antonio Nascimento, Data de
Julgamento 19/06/2013, 26ª Câmara de Direito Privado, DOE 21/06/2013)
_____________
Juiz de Direito”
Ademais, restam presentes o periculum in mora, o fumus bonis juri e a verossimilhança dos
fatos, portanto TODOS OS REQUISITOS PARA DEFERIMENTO IMEDIATO DO PEDIDO DE
TUTELA PROVISÓRIA DE URGÊNCIA.
DO DIREITO
No tocante à obrigação das Rés Agravadas desconsiderarem o aumento abusivo não pairam
dúvidas, uma vez que a Constituição Federal de 1988, deu ampla proteção a VIDA e a SAÚDE, que se
inicia logo no artigo 1º que elege como fundamento da República Federativa do Brasil a dignidade da
pessoa humana, seguido do artigo 3º, que constitui como objetivo da República a promoção do bem de
todos. Por sua vez, o artigo 5º, relativo aos direitos e garantias fundamentais, assegura a inviolabilidade
do direito à vida; e, já no dispositivo seguinte, o direto à saúde é qualificado como direito social.
Ao que se refere à elevação de relevância pública feita pela própria Constituição Federal,
asseveram os especialistas em direito sanitário Guido Ivan de Carvalho e Lenir Santos:
Art. 5.º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a
inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à
propriedade, nos termos seguintes:
Assim sendo, todo contrato que contiver disposições ou cuja Operadora Agravada adotar práticas
que atendem contra a dignidade da pessoa Humana incidirá em afronta a Constituição Federal. Deve o
titular do direito ao acesso universal a saúde ter a mais ampla proteção e a seu favor serem dirimidas
quaisquer dúvidas.
Neste sentido, a ilustre Professora Cláudia Lima Marques (saúde e responsabilidade, 1ª edição,
ed. Revista dos Tribunais, pág. 75), assegura que:
Ressalta-se que, o suporte contratual existente na presente demanda, está relacionado à obrigação
das Agravadas em desconsiderarem o reajuste aplicado na mensalidade da Agravante, posto que
manutenção do contrato depende sua sobrevida.
A Constituição da República Federativa do Brasil assegura que "a saúde é direito de todos e
dever do Estado" (art. 196), além de dispor expressamente no seu art. 197 que:
1
Sistema Único de Saúde – Comentários à Lei Orgânica da Saúde, 3ª edição, Editora da Unicamp,
pág.317.
outros agravos e ao acesso universal e igualitário as ações e serviços para a
sua promoção, proteção e recuperação.”
O artigo 54, caput e §3º, do Código de Defesa do Consumidor disciplina sobre contrato de
adesão, asseverando que “os contratos de adesão escritos serão redigidos em termos claros e com
caracteres ostensivos e legíveis, de modo a facilitar sua compreensão pelo consumidor”.
Cumpre salientar que o artigo 196 da Constituição Federal dispõe que a saúde é um direito de
todos, sendo resguardada à iniciativa privada a participação nesse serviço, a teor do artigo 199, caput, da
Lei Maior, sem, contudo, descaracterizar a prestação de serviço efetivo e adequado.
Com base nisso há de se ponderar que as Cláusulas, do contrato sub judice, formulado pela
Operadora Ré, estabelece o aumento por faixa etária de forma unilateral, sendo imposto sem qualquer
referência ou base legal, passando ao largo do sistema protetivo traçado pelo Código de Defesa do
Consumidor, além de apresentar-se com total falta de clareza, obscurecendo o entendimento de quem o
lê.
A abusividade reside no fato de que, em primeiro lugar, a inserção de tal cláusula no contrato de
adesão impede que os consumidores saibam previamente, quando da assinatura do contrato, sob que
condições e em que proporções ocorrerão os aumentos. Uma vez que o contrato sofre reajustes anuais, e,
os reajustes por faixa etária incidem sobre estes, além do fato do contrato sob comento não conter
qualquer informação clara e inteligível às pessoas que não são expert em cálculos matemáticos,
contabilidade e economia, sendo, impossível aos usuários previrem o valor que lhes será cobrado no
futuro.
Daí serem nulas de pleno direito as citadas Cláusulas, ante o artigo 51, IV, X, XV, § 1º e
incisos, do CDC, e art. 15, §3º do Estatuto do Idoso. Não pode a Operadora Ré ignorar as relevantes
disposições legais dos arts. 46 e 47,também do CDC, as quais alertam para o tratamento mais favorável
ao consumidor, principalmente se os respectivos instrumentos forem redigidos de modo a dificultar a
compreensão de seu sentido e alcance.
O reajuste por faixa etária visa manter o equilíbrio contratual com as Operadoras de saúde,
levando-se em consideração o fato de que há uma probabilidade maior da utilização de serviços de saúde
por pessoas mais idosas. Assim pode-se afirmar que a variação das faixas etárias atende ao critério de
sinistralidade dos usuários.
Acontece que o legislador infraconstitucional, diante dos constantes abusos sofridos pelos
usuários destes serviços de saúde, disciplinou tais reajustes ponderando a sua aplicação e impondo certas
restrições. É o que acontece, por exemplo, no art. 15 da Lei 9.656/98.
Há como requisito para se incidir o indexador por variação de faixa etária, que a última faixa não poderá
ter valor superior a seis vezes o valor da primeira faixa. Por exemplo, se a primeira faixa custar R$
100,00, a última não pode custar mais de R$ 600,00.
O Estatuto do Idoso- Lei n° 10.741/03 trouxe, aos planos de saúde firmados sob sua vigência,
nova regulamentação sob a ótica dos reajustes por mudança de faixa etária.
A RN 63, de 22/12/03, da ANS, em seu artigo 2°, determinou a adoção de dez faixas etárias para
os contratos firmados a partir de 01/01/04, sendo a última até os 59 (cinquenta e nove) anos de idade.
DA JURISPRUDÊNCIA PÁTRIA
As decisões emitidas pelo TJPE seguem o entendimento de que é abusiva aplicação do reajuste
por mudança de faixa etária para usuários acima de 60 anos, senão, veja-se:
Como visto, é pacífico o entendimento desse Tribunal de Justiça que é abusivo a aplicação de
reajuste aos usuários acima de 60 anos, entendimento esse aplicável ao caso em apreço.
No que diz respeito ao reajuste aplicado na mensalidade de usuários acima de 60 anos, mesmo
que o contrato tenha sido firmado antes do Estatuto do Idoso, o Egrégio Tribunal de Justiça do Estado de
São Paulo sumulou seu entendimento com a seguinte redação:
Súmula 91: Ainda que a avença tenha sido firmada antes da sua vigência, é
descabido, nos termos do disposto no art. 15, § 3º, do Estatuto do Idoso, o
reajuste da mensalidade de plano de saúde por mudança de faixa etária.
As decisões emitidas pelos demais Tribunais do país seguem o entendimento de que é abusiva a
mudança de faixa etária para usuários acima de 60 anos, senão, veja-se:
Resta claro, ser pacífico o entendimento dos Tribunais brasileiros em ser abusiva a aplicação de
reajuste aos usuários acima de 60 anos, entendimento esse enquadrado ao caso em apreço.
O Egrégio Superior Tribunal de Justiça vem assumindo posição firme e pacífica em favor de
considerar abusivas as cláusulas que impõem reajustes por faixa etária a partir dos sessenta anos, como
mostram os acórdãos a seguir:
DA LIMINAR SUBSTUTIVA
Ora Douto Julgador, repisando, que o MM Juiz a quo não se ateve aos documentos acostados aos
autos, que provam que a Autora ora Agravante CORRE UM SÉRIO RISCO DE TER SEU
CONTRATO CANCELADO POR NÃO PODER ARCAR COM A MENSALIDADE,
PORQUANTO NÃO CONCEDEU A TUTELA PLEITEADA, EM SEDE DE LIMINAR.
Para concessão da liminar devem concorrer dois requisitos legais, ou seja, a relevância dos
motivos em que se assenta o pedido da inicial - fumus boni iuris - aqui consubstanciado nas
disposições supra citadas e a possibilidade da ocorrência de lesão irreparável ao direito do
impetrante (periculum in mora), visto que a não concessão da tutela pleiteada a Autora ora Agravante
poderá gerar uma situação de fato constrangedora, uma vez que, o que está em jogo é a sua qualidade de
VIDA e a mesma não tem recursos para arcar com a mensalidade do seu plano de saúde,
RESSALTA-SE QUE, O REAJUSTE APLICADO FOI UM REAJUSTE ARBITRÁRIO, além do
que o tempo não é seu aliado, Doutos Julgadores.
O art. 300 do NCPC, permite a ANTECIPAÇÃO DOS EFEITOS DA TUTELA desde que,
existindo prova inequívoca, se convença da verossimilhança da alegação e HAJA FUNDADO RECEIO
DE DANO IRREPARÁVEL OU DE DIFÍCIL REPARAÇÃO.
Diante disso, cumpre seja concedida, inaudita altera parte, em caráter de urgência, MEDIDA
LIMINAR a título de Antecipação da Tutela pleiteada, para determinar seja a Ré compelida a
DESCONSIDERAR OS ABSURDOS AUMENTOS APLICADOS ÀS MENSALIDADES DA
AUTORA, devidos à mudança de faixa etária, aplicando àquelas, tão somente, os reajustes de
aniversário do plano, conforme autorização da ANS.
Dispõe, ainda, o CDC, em seu art. 84, parágrafo 3º, autoriza o deferimento da tutela antecipada
quando:
Desta forma, não há dúvidas de que presentes, no caso em tela, a fumaça do bom e cristalino
direito, a VEROSSIMILHANÇA DO ALEGADO, haja vista a farta documentação comprobatória
anexada pela Autora/ORA AGRAVANTE, a comprovar a existência dos aumentos abusivos aplicados
às suas mensalidades, os supedâneos legais invocados, a emergência que a medida requer, pois se
ESSES AUMENTOS NÃO FOREM EXCLUÍDOS, CERTAMENTE EM BREVE não mais resultará
efeito, porquanto o contrato guerreado será CANCELADO, uma vez que o AUTOR não tem condições
de arcar com as exorbitantes prestações que lhes foram estipuladas unilateral e exclusivamente pela Ré.
Além do mais, trata-se de pessoa idosa, que não pode ficar sem assistência médico-hospitalar.
Destarte, a Autora/ORA AGRAVANTE ingressa em juízo para ver seu direito restaurado, a fim
de que as AGRAVADAS sejam compelidas a desconsiderar os extorsivos aumentos aplicados
ilegalmente, determinando que a prestação mensal fique orçada para no valor de R$ _____________,
conforme foi exaustivamente demonstrado na narração dos fatos, levando em consideração que a
Autora/ORA AGRAVANTE não pode ficar sem assistência médico-hospitalar, por ser IDOSA,
aplicando-se sobre estas, tão somente, os reajustes anuais autorizados pela Autarquia Federal - ANS.
DOS REQUERIMENTOS
Isto posto, após sábia e douta apreciação de Vossas. Excelências, Exímios Julgadores, a
Agravante requer o seguinte:
1. Que Vossa Excelência se digne em proceder à reforma da decisão de fls., do Juiz a quo, para
conceder MEDIDA LIMINAR SUBSTITUTIVA, pleiteada, para que as Agravadas sejam
compelidas a:
2. Determinar multa diária no valor de R$ 1.000,00 (mil reais) para o caso de não cumprimento da
decisão judicial por parte do Réu;
3. Caso Vossa Excelências, entenda correto conceder a Medida Liminar, requer QUE seja intimado
imediatamente os AGRAVADOS, por OFÍCIO dirigido ao seu representante legal;
4. Que Vossas Excelências se dignem em mandar requisitar informações ao Douto Juiz a quo, caso
necessário;
5. Que seja recebido e processado o presente recurso de conformidade com o disposto nos artigos
1.016 e seguintes do Novo Código de Processo Civil, com total provimento do AGRAVO
DE INSTRUMENTO.
Nos Termos acima esposados
Pede e espera deferimento
Local, data.