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PERDA DE CARGA EM TUBULAÇÕES E ACESSÓRIOS

¹Ana Luiza de Almeida, ¹Beatriz Morais, ¹Jullia Abreu, ¹ Laís Medeiros, ¹Luísa Mapeli.

¹ Instituto de Ciência e Tecnologia, Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri,


Diamantina, Minas Gerais, Brasil.

RESUMO

A perda de carga de forma simplificada é a perda de energia causada pelo escoamento do fluido através da
tubulação e acessórios,perda associada, sendo diversos fatores que influenciam nesta perda como o atrito do
fluido com as paredes internas da tubulação e também, a mudança brusca do escoamento devido a presença
dos acessórios. Nessas singularidades, acessórios, tem-se as válvulas, tês, curvas, entre outros que afetam
diretamente na perda de energia. Assim sendo, com a quantificação definida, localizada ou distribuída, pode-
se definir os cálculos relacionados ao tipo de perda identificada. Neste presente trabalho, foi identificado
tanto a perda localizada quanto a perda distribuída. Portanto, os métodos utilizados foram Darcy-Weisbach,
New Crane e Lequivalente, sendo o primeiro relacionado a perda distribuída e os dois últimos a perda localizada.

Palavras chaves: Perda de carga; Fluido; Acessórios.

1 INTRODUÇÃO tubulação tem total contribuição na mudança de


comportamento do escoamento do fluido. Sobre as
Uma das definições diz que a perda de
tubulações, é necessário algumas análises como por
carga está relacionada com a dissipação de energia
exemplo, qual tipo de material é feita a tubulação,
por unidade de peso, em uma tubulação sob pressão.
devido ao fato de que, a influência que esta pode
Segundo NETTO (1998) é a energia necessária para
causar do fluido em escoamento.
vencer a resistência de escoamento entre dois
Existem dois tipos de perda de carga:
pontos, representada pela letra hf.Vale salientar que,
localizada e distribuída. A perda de carga localizada
esta perda é influenciada por diversos fatores como,
é causada pelos acidentes ou instrumentos
atrito ou também, a mudança de direção de
adicionais do circuito, ou seja, esta é ocasionada
escoamento do fluido devido a presença de
devido a presença de acessórios na tubulação. Os
acessórios. O estudo deste cálculo é indispensável
dois métodos mais conhecidos para quantificação
quando o assunto é tubulação hidráulica, tanto para
desta perda é New Crane e Lequivalente.
bombeamento quanto para gravidade. Dentre as
Para o método de New Crane, tem-se:
variáveis que induzem na determinação desta perda
ℎ𝑓 = [(𝑓𝐿/𝐷) + 𝛴𝑛 𝐾](𝑣 2 /2𝑔) (Equação
temos como exemplo, o diâmetro e o comprimento
1)
da tubulação, a velocidade média do escoamento e
onde hf é a perda de cargo, f é o fator de fricção, D é
o coeficiente de atrito.(MARTINEZ, LOPES,
o diâmetro da tubulação, L é o comprimento total da
COELHO, 2009)
tubulação, n é o quantidade de cada tipo de
O conhecimento sobre escoamento de
acessório, v é a velocidade do fluido, g a aceleração
fluido permite também, o estudo sobre tubulações e
da gravidade e K é um coeficiente tabelado para
acessórios. A presença dos acessórios numa dada
cada acessório. Os valores de K podem ser diâmetro da tubulação, v é a velocidade do fluido e
encontrados nas seguintes tabelas: g a aceleração da gravidade.
Já a perda de carga distribuída, é causada
Figura 1: Coeficiente 𝐾de acidentes e pelo atrito com a tubulação de forma contínua. Um
similaridades dos métodos mais conhecidos para sua
quantificação é Darcy-Weisbach, definida pela
seguinte equação:
ℎ𝐷 = 8𝑓𝐿𝑄 2 /𝝅2 𝑔𝐷5
(Equação 3)
Onde L é o comprimento equivalente da tubulação,
Fonte: Autores.
v é a velocidade do fluido, g é a aceleração da
De acordo com o diâmetro da tubulação encontra-
gravidade, v a velocidade do fluido e f é o fator de
se o valor de fT:
atrito (fator de fricção), sendo calculado em função
Figura 2: Fator de atrito em função do diâmetro
do tipo de escoamento do fluido, laminar ou
nominal
turbulento.

2 OBJETIVOS

O presente trabalho tem como objetivo


calcular a perda de carga na tubulação e acessórios,
Fonte: Autores. levando em consideração os diferentes métodos:
Darcy-Weisbach, New Crane e Lequivalente.
O segundo método é do Lequivalente, tem-se:
𝐻𝑓 = (𝑓𝐿𝑒𝑞 /𝐷)(𝑣 2 /2𝑔) (Equação 2) 3 MATERIAIS E MÉTODOS
Onde hf é a perda de carga, f é o fator coeficiente de Considerando o esquema da figura 3,
atrito, Leq é o comprimento equivalente de todos os tem-se o esquema do sistema hídrico realizado
acessórios mais o comprimento da tubulação, D é o neste experimento.
Figura 3: Esquema de sistema hídrico

Fonte: Autores.
Considerando o esquema da figura 3, foi Nessa equação:
feita a contagem e análise dos tipos de tubulações e ℎ𝑓 é a perda de carga;
acessórios presentes no sistema. O cálculo da perda 𝑓 é o fator de fricção;
de carga localizada e distribuída foi feita segundo 𝐿 é o comprimento total da tubulação;
os métodos: 𝐷 é o diâmetro da tubulação;
𝑛 é o número de cada tipo de acessório;
3.1 Darcy-Weisbach 𝐾 é um coeficiente tabelado;
A perda de carga pelo método de Darcy- 𝑣 é a velocidade do fluido; e
Weisbach, é feita por meio da equação 3. 𝑔 é a gravidade.
ℎ𝐷 = 8𝑓𝐿𝑄 2 /𝝅2 𝑔𝐷5 (3)
3.4 Equações adicionais
Onde:
Foi necessário utilizar a equação 𝑄 = 𝑣𝐴
ℎ𝐷 é a perda de carga distribuída;
para o cálculo da velocidade para cada uma das
𝑓 é o coeficiente de atrito;
vazões fornecidas.
𝐿 é o comprimento do trecho percorrido;
De posse desse dado, foi calculado o
𝑔 é aceleração da gravidade;
número de Reynolds para definir o tipo de regime
𝑄 é a vazão do fluido; e
de cada escoamento.
𝐷 é o diâmetro do tubo.
𝑅𝑒 = 𝜌𝑢𝐷/𝜇
Onde:
3.2 Comprimento equivalente
𝜌 é a densidade do fluido;
Pelo método do comprimento equivalente, a
𝑣 é a velocidade;
perda de carga segue a seguinte equação 2:
𝐷 é o diâmetro; e
2 (2)
𝐻𝑓 = (𝑓𝐿𝑒𝑞 /𝐷)(𝑣 𝜇 é a viscosidade do fluido.
/2𝑔) Nos três métodos, o fator de fricção é

Nela, tem-se: calculado de acordo com o tipo de regime com o

𝐻𝑓 é a perda de carga distribuída; qual o fluido escoa.

𝑓 é o coeficiente de atrito; ● No caso de regime laminar:

𝐿𝑒𝑞 é o comprimento equivalente do acidente; 𝑓 = 64/𝑅𝑒


● Sendo turbulento:
𝐷 é o diâmetro do tubo;
𝑣é a velocidade; e 𝑓 = 1,6364/{𝑙𝑛 [(0,135 ∗ 𝜀/𝐷) + (6,5/𝑅𝑒)]}2

𝑔 é aceleração da gravidade. Onde:


𝜀 é a rugosidade do material do tubo;

3.3 New Crane 𝐷 é o diâmetro do tubo; e

Por último, o método de New Crane: 𝑅𝑒 é o Número de Reynolds.

ℎ𝑓 = [(𝑓𝐿/𝐷) + 𝛴𝑛 𝐾](𝑣 2 (1)


/2𝑔)
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO Tabela 2: Perda de carga para a vazão de
15 𝑚3 /ℎ
A partir da metodologia apresentada
Acessórios 𝒉𝒇 (𝐿𝑒𝑞 ) 𝒉𝒇 𝒉𝒅
anteriormente, calculou-se a perda de carga
pelos métodos: Darcy Weisbach, Comprimento Válvula registro
44,19 41,83 40,21
gaveta ¾”
Equivalente e New Crane.
Para realizar o cálculo da perda de Válvula registro
44,19 40,80 40,21
esfera ¾”
carga nos acessórios e na tubulação pelos
Válvula gaveta
métodos solicitados, foram utilizadas as 10,14 9,52 8,83
saída
equações 1, 2, e 3.
Curva 90⁰ 11,46 11,44 8,83
A tabela 1 apresenta os resultados
encontrados para a vazão de 5 𝑚3 /ℎ.
Cotovelo 45⁰ 23,81 11,58 8,83

Tabela 1: Perda de carga para a vazão de


5 𝑚3 /ℎ Cotovelo 90⁰ 61,73 21,22 8,83

Acessórios 𝒉𝒇 (𝐿𝑒𝑞 ) 𝒉𝒇 𝒉𝒅
Válvula
10,14 13,02 8,83
Válvula registro borboleta
4,97 4,70 4,52
gaveta ¾”
Válvula
10,14 9,52 8,83
Válvula registro gaveta
4,97 4,59 4,52
esfera ¾” Fonte: Autores.
Válvula gaveta
1,15 1,08 1,00
saída
A tabela 3 apresenta os resultados
Curva 90⁰ 1,30 1,29 1,00 encontrados para a vazão de 30 𝑚3 /ℎ.
Tabela 3: Perda de carga para a vazão de
Cotovelo 45⁰ 2,70 1,31 1,00 30 𝑚3 /ℎ

Acessórios 𝒉𝒇 (𝐿𝑒𝑞 ) 𝒉𝒇 𝒉𝒅
Cotovelo 90⁰ 7,00 2,38 1,00 Válvula registro 166,8
176,20 160,34
gaveta ¾” 3
Válvula
1,15 1,47 1,00 Válvula registro 162,6
borboleta 176,20 160,34
esfera ¾” 8
Válvula Válvula gaveta
1,15 1,08 1,00 40,35 37,89 35,12
gaveta saída
Fonte: Autores.
Curva 90⁰ 45,61 45,59 35,12
A tabela 2 apresenta os resultados
encontrados para a vazão de 15 𝑚3 /ℎ.
Cotovelo 45⁰ 94,74 46,12 35,12
que um deles é mais eficiente, sendo esse o método
Cotovelo 90⁰ 245,61 84,72 35,12
de New Crane.
Dessa forma, ao realizar o
Válvula
40,35 51,89 35,12
borboleta experimento foi possível concluir que o cálculo da
perda de carga é um processo muito importante e
Válvula
40,35 37,89 35,12
gaveta necessário. Uma vez que, ao se ter o conhecimento
Fonte: Autores. dessa perda pode-se tornar um projeto/sistema
mais eficiente e consequentemente, mais
Analisando as tabelas 1, 2 e 3 foi possível econômico.
observar que os métodos utilizados
apresentaram variações significativas nos REFERÊNCIAS
resultados obtidos para perda de carga.. CREMASCO, M. A. Operações Unitárias em
O método de New Crane, dos três sistemas particulados e fluidodinâmicos. São
métodos utilizados, é o único que leva em Paulo: Blucher, 2012.
consideração a perda de carga em cada
acessório e na tubulação como um todo . FOUST, Alan S.; WENZEL, Leonard A.;
Devido a isso, o mesmo tende a ser mais Clump, Curtis W.; Maus, Louis; Andersen, L.
preciso que os outros. Bryce. Princípios de Operações Unitárias.
Já o método de Darcy possui maior erro Reimpressão - Rio de janeiro: LTC, 2011.
pelo fato de não considerar a contribuição dos
acessórios presentes no equipamento no NETTO, J. M. de. Manual de hidráulica. 2. ed.
cálculo da perda de carga. rev. Sao Paulo:E.Blucher, ... J. M. de Manual de
Foi possível observar também que nos hidraúlica. 8. ed. São Paulo: Edgard Blücher,
três métodos utilizados, o aumento na vazão 1998
resultou no aumento da perda de carga, o que
demonstra uma relação direta entre essas duas WHITE, F. M. Mecânica dos Fluidos.
variáveis. 6ª ed. Porto Alegre: AMGH, 2011.

5 CONCLUSÃO BRUNETTI, F. Mecânica dos Fluidos.


A perda de carga pode ser definida 2º Edição, Pearson Prentice Hall, 2008.
como a energia que é perdida por um fluido devido
a fatores como o atrito do mesmo com a tubulação MARTINEZ, C. B.; LOPES, K. C. O.; COELHO,
ou a presença de acessórios. M. M. L. P. IMPACTO DA EVOLUÇÃO DA
Como observado nas tabelas PERDA DE CARGA NA GERAÇÃO DE PCHs.
apresentadas, os métodos aplicados para o cálculo In:
da perda de carga no experimento chegaram a
resultados diferentes, o que favorece a ideia de

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