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SEMESTRE DE INVERNO
2018 - 2019
CONTEXTUALIZAÇÃO
O direito é um conjunto de normas que limitam a nossa liberdade, são limitações à nossa liberdade que
constituem o preço para a nossa vida em sociedade.
Ciências Constitucionais: têm por objeto a Constituição, mas analisam-na através de métodos diferentes.
Ciências afins do Direito Constitucional: tratam também da Constituição, mas esta não é o seu objeto
imediato e único.
3. A validade das leis e dos demais actos do Estado, das regiões autónomas, do poder local e de quaisquer outras
entidades públicas depende da sua conformidade com a Constituição.
Este é o princípio da constitucionalidade. Através desta norma entende-se que todas as normas pertencentes
ao Direito Português tem que respeitar o próprio texto constitucional, ou seja, este torna-se então na norma
das normas (geralmente) devido à superioridade normativa que lhe é considerado no ordenamento
jurídico, é a lex superior.
Assim se diz que desta definição surge a ideia de auto-primazia normativa, com a conceção de um norma
auto-referencial, que procura nela própria referência, por ser a mais alta no plano nacional.
Entende-se então que o Direito Constitucional e o Direito Ordinário se distinguem uma vez que o segundo
deve respeitar, invariavelmente, o que é ditado pelo primeiro.
Porém, deve ser feita uma ressalva: fruto da complexidade do ordenamento jurídico em que Portugal se
insere, é legitimo considerar que, por vezes, a lei da Constituição Portuguesa pode ser suplantada pelas
leis internacionais que regem os acordos firmados, sejam as da UE ou outras.
Os atos jurídico-públicos são organizados em forma de pirâmide e existem diferentes valor no âmbito
desta hierarquia, tal como será explorado mais adiante.
A força normativa dos textos constitucionais, se foi desvalorizada em alguns períodos históricos, vem no
pós II Guerra Mundial impôr-se definitivamente. As Constituições, além de adquirirem uma efetividade
normativa assumem-se como o eixo, não só orgânico, mas também valorativa de ordenamento jurídico.
Perante a Constituição, norma cuja validade decorre de uma decisão do poder constituinte (autoprimazia
normativa), normas integrantes do ordenamento jurídico são normas secundárias (ordinárias), pois a sua
validade depende da própria Constituição.
Caráter primário da Constituição, na sua posição superior hierárquica, como norma das normas (norma
normarum).
TEORIA DO ESTADO
DEFINIÇÃO DE ESTADO:
Estado é uma forma de organização política das sociedades e historicamente localizada.
• A fragmentação do poder
- Diversidade de organizações políticas
- Estatutos e prerrogativas próprias
- Aparelhos próprios de poder
- Sujeição ao Papa e/ou ao Imperador
• A personalização do poder
- Pactos de fidelidade
- Principio da personalidade na aplicação do Direito
- Privilégios do foro
- Território como propriedade do príncipe
• A individualização do poder
- Poder carismático
- Insegurança e instabilidade da liderança
- Rupturas no plano da regulação
Consequentemente, as políticas modernas empreendidas eram também uma forma de oposição ao conceito
de Estado medieval:
1. A soberania, una e indivisível, reside no povo, que a exerce segundo as formas previstas na Constituição.
1. O povo exerce o poder político através do sufrágio universal, igual, directo, secreto e periódico, do
referendo e das demais formas previstas na Constituição.
NAÇÃO -- conjunto de pessoas que partilham um sentimento de pertença comum em virtude do conjunto de
elementos que partilham entre si. Aspiram, eventualmente, a tornarem-se num estado independente. Princípio
das Nacionalidades aplica-se aqui.
O Princípio das Nacionalidades indica-nos que a cada Estado deve corresponder uma e uma só nação, por
forma a garantir a estabilidade interna e as boas relações no seio da sociedade. Contudo, por vezes, este
conceito é pervertido.
Princípio da Autodeterminação dos Povos procura vir defender o ponto anterior, sendo da
responsabilidade de cada povo a escolha do modelo político que procura ver em função no seu país.
Neste âmbito, surgem muitas vezes problemas quanto às minorias nacionais, que são resolvidas através da
concessão da autonomia pessoal, cultural e territorial.
PÁTRIA — relaciona-se mais com domínio da afetividade e com o sentimento de pertença que contagia os
patriotas.
Em suma:
Conjunto de residentes ou
Mera soma de indivíduos,
Demográfico e visitantes de um determinado
População sem atender a eventuais de
Económica território, independentemente da
conexões com eles.
sua nacionalidade.
Conjunto dos cidadãos
Unidade de poder (soberania
Povo Jurídico-Político independentemente do local de
popular).
residência.
Conjunto de pessoas que partilham Comunidade cultural dotada
o sentimento de pertença a uma de vocação política
Nação Cultural
comunidade, que aspira a (consciência da sua
constituir-se em Estado. nacionalidade).
Forte conotação biológica e
Pátria Afetivo Terra natal
territorial.
PODER SOBERANO:
De cada vez que falamos de Estado e do poder soberano que dele imana temos que considerar esta ideia em
duas vertentes:
• Internamente: o Estado é o elemento superior no contexto interno de um país, sendo a ele que lhe
cabem as decisões que, em última análise terão sempre força para serem aplicadas.
• Externamente: garante-se a soberania do Estado no plano externo e internacional de cada vez que a
este se permite equiparar-se a qualquer outro Estado, ficando assim em pé de igualdade.
Outro dos elementos que caracteriza a soberania do Estado é a capacidade que este tem de, pela força, impôr
aos membros de uma sociedade, um dado comportamento.
A utilização da força deve ser considerada, contudo, ultima ratio (última hipótese) e pelo caminho podem ser
oferecidas sanções, elementos de persuasão e outros como forma de fazer levar a cabo as decisões tomadas
pelo Estado.
Conceito de Estado foi estimulado e desenvolvido primeiramente por Jean Bodin, todavia já sofreu várias
alterações e atualizações que tiveram em vista considerar as realidades mais atuais.
Contudo, o poder do Estado vêm acarretado de diversas competências que lhe assistem.
Este poder não é um mero facto, ele exprime-se num conjunto de competências atribuídas juridicamente aos
seus orgãos.
Estas competências são de diversos ramos, sendo exemplo: legislativo, administrativo, judicial, governativo,
etc. Qualquer um destes ramos têm o poder de adotar atos jurídicos de autoridade como as leis, sentenças,
atos administrativos, etc., e que vão permitir a agilização da sua tarefa de prossecução do poder. O poder
constituinte é o mais importante de todos os poderes do Estado.
A capacidade que o Estado têm para definir as suas próprias competências chama-se: omnipotência jurídica
e para exercer convenientemente estas funções e competências o Estado possui os chamados instrumentos
fácticos do poder e dos quais são exemplo: tribunais, polícia, cunhagem de moeda, impostos, etc.
• Jean Bodin, que primeiro elabora uma teoria completa sobre a existência do Estado e do Poder
Soberano, considera que na base do Estado estão as leis fundamentais do Reino que são o direito divino
e natural, além de determinados princípios jurídicos fundamentais. São estas a limitações que encontra.
• Durante o período das Monarquias Absolutistas, a concentração dos poderes numa só figura - o rei - e a
eliminação de quais elementos de apoio à decisão vem, por outro lado, contrariar a ideia de que o poder
soberano deve estar, de alguma forma limitado. Assim sendo, nesta fase, o poder soberano vai tão longe
quanto a vontade do príncipe.
• Novamente, regressam as teorias limitadoras do poder soberano, e que se baseiam nos ideias liberais, na
proteção da propriedade, e no princípio da separação de poderes que se consagra em grande parte dos
textos de John Locke.
Durante o período das Revoluções Liberais, impõe-se a força das primeiras Constituições e do Direito. Aqui
são defendidos: um catálogo de direitos fundamentais do Homem e o princípio da separação dos poderes.
Conforme se fala nas Constituições, refira-se que o poder mais importante de um estado é o poder
constituinte que lhe dá a capacidade de criar uma Constituição.
Acaba-se, entretanto, com a teoria “Princeps a legibus soluto” e passa a vigorar o princípio da legalidade,
que determina que todos os cidadãos são iguais perante a lei e tem que responder perante os tribunais.
Vivem-se períodos, que Thomas Jefferson caracterizaria como, The Rule of Law.
“In questions of power, then, let no more be said, of confidence in man, but bind him down from mischief by
the chains of the Constitution.”
Em última análise, o verdadeiro limitador da ação soberana são as Constituições que determinam os poderes
atribuídos a cada orgão institucional.
Supra-Positivos
LIMITES JURÍDICOS
São inderrogáveis e estão para
lá daquilo que está escrito.
Estão associados a limites escritos e
que se impõe por força da lei.
Internacionais
Supra-Estatais
Estatais
Derrogáveis, podem ir
• Direito Natural: surge junto dos gregos, pensadores cristãos, pensadores jusracionalistas e outros.
Desenvolve-se a ideia de que o simples facto de alguém ser Homem já tem outorgados um dado
conjunto de direitos básicos.
• Positivismo jurídico: assente na procura por respostas apenas naquilo que está escrito e que foi
ganhando força com um Direito progressivamente mais completo.
• Os acontecimentos da II.ª Guerra Mundial parecem ter marcado radicalmente a nossa cultura
contemporânea e incentivando a limitação nacional e internacional de vários elementos do poder.
SEPARAÇÃO DE PODERES:
A separação dos poderes do Estado pode ser feita de forma horizontal:
De forma vertical:
• Estados federais.
• Descentralização política ou administrativa.
Principio da Subsidiariedade: os poderes públicos devem ser exercidos pelas entidades mais próximas dos
problemas a resolver ou das populações interessadas, salvo se o seu exercício por entidades de patamares
superiores for mais eficaz ou mais eficiente.
A título de exemplo:
O Estado moderno é uma realidade social identificável pela conjunção de três elementos: um povo, um
território e um poder soberano.
O poder soberano é, desde logo, poder politico, exercido pelo povo de forma indireta, nomeadamente,
através das eleições a partir das quais elegem os seus representantes para os orgãos convenientemente
definidos na Constituição e outras leis orgânicas.
A soberania de um estado adquire-se pela posse e concentração dos meios adequados à imposição da força
através dos instrumentos fácticos do poder: forças militares e polícias, tribunais, serviços de cobrança de
impostos e criação de moeda.
A soberania vai eventualmente concretizar-se através da expressão jurídica: a possibilidade de adotar atos
jurídicos de autoridade. Estas declarações produzem uma transformação na esfera jurídica dos destinatários
sem que estes com isso tenham que consentir.
O CONCEITO DE CONSTITUIÇÃO
Conceito Universal:
Todas as sociedades politicamente organizadas têm/tiveram uma Constituição (Roma, Grécia, Idade Média,
Estado Moderno).
O conceito universal de Constituição tem uma postura um tanto quanto vaga e é mais generalista
quanto ao estabelecimento daquilo que é uma constituição.
Conceito Ideal:
Movimento constitucional associado às revoluções liberais (ex: Rev. Francesa de 1789).
A este conceito associam-se elementos fundamentais ao estabelecimento da definição de Constituição, tais
como:
• Documentos escritos;
• Princípio da separação de poderes;
• Garantia dos direitos e garantias dos cidadãos.
Constituição como catalogo escrito que consagra a separação de poderes e alguns direitos
fundamentais
Conceito Contemporâneo:
O conceito contemporânea vêm adicionar ao conceito ideal alguns pontos específicos que o modernizam e
atualizam:
• Abertura constitucional;
As constituições não devem algemar as nações presentes ou futuras, podendo a sociedade vir a
alterar as normas que sentem que merecem mudanças e modernizações por já não se adequarem
com os paradigmas de então.
Sendo a constituição a norma das normas é óbvio que todas as normas vão obedecer aos princípios
da constituição e assim sendo tudo o que o Estado faz e produz respeita a constituição, conforma-se
todo o ordenamento jurídico debaixo do mesmo chapéu.
Além destas duas funções há ainda uma questão que claramente define a Constituição que nos rege
atualmente, a sua essencialidade como principio de construção.
Fundamental - não pretende regular todos os aspetos da vida em sociedade ou, sequer, da atividade do
Estado – princípio da essencialidade.
FORMAS CONSTITUCIONAIS:
CONSTITUIÇÃO
CONSTITUIÇÃO BRITÂNICA CONSTITUIÇÃO FRANCESA
AMERICANA
Rígida: distingue-se formalmente do direito ordinário. A revisão da Constituição é mais difícil do que a
alteração das regras ordinárias.
A medida da rigidez é dada pelo grau de agravamento (limites formais ao poder de revisão constitucional).
Associa-se, por exemplo, às eternity clauses, clausulas que nunca podem ser reavaliadas, isso associa-se à
rigidez das constituições.
Flexível: não se distingue formalmente do direito ordinário. A alteração da constituição não é mais difícil do
que a alteração das regras ordinárias.
Sendo escrita, uma constituição torna-se mais rígida, sendo mais difícil rever a mesma. Por outro
lado a não-escrita, torna-se mais flexível e mais facilmente revisitável, sendo quase comparada ao
direito ordinário.
Em nota, a Constituição portuguesa é mais rígida do que as outras, nomeadamente, em virtude do número de
eternity clauses que possui.
Formal: conjunto de normas às quais se reconhece serem formalmente superiores às regras ordinárias –
identifica-se com a Constituição escrita/rígida.
• Peca por excesso — normas só formalmente constitucionais (gozam de superioridade formal mas podem
ferir o princípio da essencialidade; por ex. o art. 39.º/2)
• Peca por defeito — normas só materialmente constitucionais (ex: os direitos que constam hoje do art. 26.º
da CRP)
A normas apenas formalmente constitucionais são aquelas cujo valor material escusa a sua
presença na constituição, contudo tem um valor formal a nível constitucional.
Pode o contrário acontecer, ou seja, valoriza-se materialmente uma ideia/norma mas esta não está
formalmente incluída na constituição.
Inconstitucional e não-constitucional são ideias diferentes. Ir contra a constituição ou não
pertencer à constituição. Pode uma norma ser materialmente não-constitucional, ou seja, a nível de
matéria não merece pertencer à constituição (uma regra do código de estrada inserido na
constituição) como pode também ser materialmente-constitucional ainda que formalmente não o
fosse, como foi o caso das normas que eventualmente são associadas ao artigo 26º da CRP.
- exemplo do ponto “peca por excesso”, materialmente não-constitucional mas formalmente constitucional
2. A lei estabelecerá garantias efectivas contra a obtenção e utilização abusivas, ou contrárias à dignidade humana,
de informações relativas às pessoas e famílias.
3. A lei garantirá a dignidade pessoal e a identidade genética do ser humano, nomeadamente na criação,
desenvolvimento e utilização das tecnologias e na experimentação científica.
4. A privação da cidadania e as restrições à capacidade civil só podem efectuar-se nos casos e termos previstos na
lei, não podendo ter como fundamento motivos políticos.
- exemplo do ponto “peca por defeito” (antes da revisão), materialmente constitucional mas formalmente não-
constitucional
Normativa: está em vigor, é operante. Comunidade política revê-se no texto constitucional, reconhece-lhe
força vinculativa e sujeita-se aos seus comandos.
Semântica: retrato do momento histórico e político em que são elaboradas. Forças no poder tentar perpetuar
o texto (ex: versão original da CRP/76, antes das revisões de 1982 e 1989).
Nominal: não tem força, o poder político não a respeita. Desfasamento entre texto e realidade constitucional
(ex: Const. 1933).
Entende-se por flexível a Constituição que não se distingue formalmente do Direito ordinário. Não existem
também processos autónomos de criação ou de alteração das normas constitucionais e das normas
ordinárias.
Se se verificar uma diferença formal entre as leis constitucionais e as leis ordinárias, consequentemente,
existirão processos autónomos de criação ou alteração das normas constitucionais e das normas ordinárias.
ATOS JURÍDICO-PÚBLICOS:
Os atos jurídico-públicos podem ser caracterizados de duas formas diferentes: atos jurídico-públicos de
caráter normativo ou atos jurídico-públicos não-normativos.
A principal distinção entre estes passa pelo facto de os atos normativos serem de caráter geral e abstrato,
aplicando-se a toda a gente, enquanto que os atos não-normativos são percebidos como concretos e
individuais.
Atos Normativos:
1. Constituição; 4. Convenções Internacionais;
2. Atos Legislativos Nacionais (art. 112º/1); 5. Regulamentos Administrativos.
3. Atos Legislativos Comunitários;
Atos Não-Normativos:
1. Atos políticos; 3. Atos administrativos;
2. Atos jurisdicionais; 4. Contratos administrativos.
Atos públicos - emitidos por entes públicos, que manifestam a sua autoridade e têm em vista a realização
dos interesses da comunidade.
Atos Normativos são atos unilaterais, uma declaração de originária poder público, por exemplo, a
Constituição, os atos legislativos, os regulamentos, etc. Porém, podem contar-se também os atos
plurilaterais, uma conjunção de declarações de vários poderes políticos, como no caso das convenções
internacionais.
Nos atos unilaterais existe um foco de decisão que leva a que da outra parte surja uma sujeição.
Nos atos plurilaterais está clara a existência de um contrato, ou seja, um acordo entre duas ou mais
partes.
CONSTITUIÇÃO:
A Constituição é um ato jurídico-público de caráter normativo, geral e abstrato, aplicável a toda a gente,
redigidos por uma Assembleia Constituinte.
Os atos legislativos nacionais tem uma designação especifica em função do seu produtor.
• Lei → Assembleia da República;
• Decreto-Lei → Governo;
• Decreto Legislativo Regional → Assembleias Legislativas das Regiões Autónomas.
Competência legislativa reservada das Assembleia Legislativa das Regiões Autónomas. (dispostas no
artigo 165º)
Regulamentos da EU:
• vigoram diretamente na ordem jurídica nacional, são verdadeiros atos legislativos.
Diretivas da UE:
• têm de ser transpostas por Lei, Dec.-Lei ou D.L.R. -- fixam um objetivo geral que todos os países da UE
devem alcançar, todavia, cabe a cada país decidir os meios para atingir esse objetivo
Atos legislativos adotados pelo Conselho da União Europeia ou por este e pelo Parlamento Europeu.
CONVENÇÕES INTERNACIONAIS:
• Acordos entre sujeitos de Direito Internacional
• Destinados a produzir efeitos jurídicos de acordo com o Direito Internacional
• Convenções de que Portugal seja parte:
- vigoram na ordem nacional se regularmente ratificadas (ou aprovadas) e publicadas – 8.º/2
- vigoram automaticamente na ordem nacional, se fizerem parte do Direito Internacional Geral – 8.º/1
- vigoram na ordem nacional se forem ratificadas por todos os Estados-membros (tratados que regem
a União Europeia) – 8.º/4
REGULAMENTOS ADMINISTRATIVOS:
• Declarações de normas jurídicas;
• Emitidas pela Administração Pública, no exercício da função administrativa;
• Referem-se a uma lei anterior, cujo conteúdo vêm especificar, para garantir a sua aplicabilidade prática
aos casos concretos;
• Instância normativa intermédia entre os atos legislativos e as decisões concretas da Administração
Pública.
Estado:
• Governo, Ministros e outros órgãos da hierarquia estadual
• Forma: decreto regulamentar, resolução do Conselho de Ministros, portaria, despacho genérico
Regiões Autónomas:
• Assembleia Legislativa Regional e Governo Regional
• Forma: decreto regulamentar regional, etc.
Autarquias Locais:
• Assembleia Municipal e Assembleia de Freguesia
• Forma: postura, etc.
Os de categoria inferior têm de respeitar os de categoria superior, naturalmente. Este respeito concerne,
essencialmente, o conteúdo dos atos normativos.
Em caso de contradição, os de categoria superior prevalecem sobre os de categoria inferior sendo os últimos
obrigados a acarretar com as seguintes consequências:
• Invalidade: não possui qualquer valor o ato normativo porque é o equivalente a nunca ter existido, este
não têm valor legal.
Acontece, por exemplo, quando um dado ato normativo não respeita a Constituição.
• Ineficácia;
• Mera desaplicação.
2. Constituição
Norma das normas, que contém todos os princípios bases fundamentais para a definição do funcionamento
das instituições, além do delinear geral das medidas a tomar para o desenvolvimento da sociedade,
nomeadamente no foro dos direitos e liberdades dos indivíduos.
4. Regulamentos Administrativos
Estes regulamentos consistem numa especificação detalhada, relativamente à aplicação de um ato legislativo
nacional, em luz de dado tema. São opções políticas secundárias.
Em suma, a partir daqueles que são os princípios fundamentais de justiça elabora-se um Constituição que
determina as linhas gerais a aplicar me todo o ordenamento jurídico. Este ordenamento jurídico concretiza-
se, em grande medida, através dos atos legislativos nacionais que se especificam e detalham no seio dos
regulamentos jurídicos.
É desta feita que se constrói o modelo hierárquico com o qual se monta o sistema jurídico, tradicionalmente.
Porém, fruto da integração de Portugal na União Europeia e com a participação do nosso país na
comunidade internacional é de notar que estes valores podem ser atualizados uma vez que há um dado
conjunto de normas e exigências que passam a ter que ser respeitadas como exigência para a pertença nestas
organizações.
Pertencente ao plano global, Portugal está subordinado ao Direito Internacional Geral, ainda para lá
das organizações supra-nacionais a que possamos, eventualmente, aderir.
No Art. 8.º/1, 2 da CRP já concretizam a existência de normas internacionais que aplicam na ordem interna
portuguesa.
As convenções internacionais:
• estão subordinadas à Constituição;
• mas prevalecem sobre atos legislativos e regulamentos nacionais.
JUS COGENS são normas imperativas de Direito Internacional Geral, associadas os direitos naturais do
Homem, aqueles que lhe são inerentes pelo simples facto de ser Ser Humano.
Dadas estas indicações surge uma nova hierarquia jurídica que dispõe todos estes elementos:
• Existem outros princípios de resolução de conflitos normativos (lex posterior derogat legi priori, lex
specialis derogat legi generali)
• Atos jurisdicionais;
ATOS POLÍTICOS:
Os atos políticos representam as decisões concretas que manifestam o exercício da função governativa, seja
pelas entidades legitimadas ou no âmbito da própria legitimação.
Por exemplo:
ATOS JURISDICIONAIS:
Aplicação do Direito no caso concreto:
• definindo a solução que resulta do Direito;
• com força vinculativa para os interessados.
ATOS ADMINISTRATIVOS:
Decisões administrativas unilaterais dirigidas à produção de efeitos jurídicos numa situação individual e
concreta onde não há hipótese de negociação, sendo claro o seu caráter imperativo.
CONTRATOS ADMINISTRATIVOS:
Acordos de vontade entre entidades públicas ou entre estas e particulares e que não traduzem exercício de poder de
autoridade, mas são forma jurídica de realização de interesses públicos, através de negociações e contratação de
serviços.
DINÂMICA CONSTITUCIONAL
PODER CONSTITUINTE:
O poder constituinte estabelece a capacidade de elaboração de uma Constituição. O povo, enquanto titular
deste poder, geralmente, através de sufrágio determina a composição de uma Assembleia Constituinte que
procederá a este trabalho.
John Locke, por exemplo, invoca uma distinção entre o poder constituinte, que cabe ao povo, e que se rege
em situações extraordinárias, e o poder legislativo ordinário, constituído pela Constituição, e que cabe ao
Governo e orgãos legislativos, por força do contrato social mediante o qual se consente num poder limitado e
específico.
Este poder constituinte pode ter origem em jeito desconstituinte, anulando totalmente o sistema politico em
vigor à data, criando um novo ordenamento. Ou então, terá um caráter reconstituinte que passa pela
alteração e modernização de uma Constituição em vigor.
• Originário porque se institui a ele próprio determinando a missão de elaborar uma Constituição;
• Autónomo em concordância com o seu caráter livre e alienado de qualquer outro poder;
• Omnipotente uma vez que à Assembleia Constituinte cabe o direito de tomar todas as decisões que
encontrar/considerar pertinentes para assim moldar a Constituição;
• Inesgotável tendo em conta que está operante a todo o tempo, no ordenamento jurídico, pelo menos até
que uma nova Constituição venha substitui-la.
O poder constituinte vai dar origem aos poderes constituídos, ou seja, vai determinar e conceber aqueles que
são os poderes vigentes no ordenamento jurídico de um dado Estado, estabelecendo-lhe dados limites e
funções.
Assim:
Poderes constituídos: são regulados e criados pelo poder constituinte (ex: poder de revisão constitucional; os
órgãos de soberania, etc.) e exercidos nos termos da Constituição.
Lato sensu: poder de uma comunidade se afirmar como Estado independente (efeitos internacionais).
Limites horizontais (de facto/ políticos): operam ao nível da realidade constitucional através das
disposições (Constituição elaborada num determinado tempo e lugar)
• Imanentes: têm a ver com a situação existencial da própria comunidade política (ex: independência
nacional; unidade do Estado).
• Superiores (transcendentes)
- os princípios jurídicos fundamentais (ex: dignidade da pessoa humana)
- o conceito de norma constitucional inconstitucional
Constitucional por estar formalmente escrita na constituição mas inconstitucional porque o conteúdo
da norma não respeita os princípios jurídicos fundamentais (direito natural), por exemplo, a
escravatura.
• Inferiores
- o princípio da essencialidade (postulado democrático);
- o conceito de norma só formalmente constitucional (e materialmente não constitucional; ≠
inconstitucional).
Poder constituinte derivado – poder de rever a Constituição (poder de revisão constitucional), referido na
própria Constituição e que é exercido, tal como previsto, pela Assembleia da República quando reunidas
determinadas condições.
O poder de revisão constitucional é por si só um poder limitado pela Constituição que vai rever em função
das chamadas “constitutional handcuffs”, artigos da Constituição que não podem ser alterados sob qualquer
pretexto.
No âmbito de uma Constituição rígida (medida de rigidez = grau de agravamento das exigências para
revisão constitucional) é mais difícil providenciar-se a revisão desse mesmo texto constitucional.
• Limites temporais associado a determinadas balizas cronológicas para que se procedam às revisões
ordinárias ou extraordinárias.
- Revisões ordinárias – só passados 5 anos da publicação da Lei de revisão ordinária anterior (284.º/
1) – permite renovação do órgão de revisão.
- Revisões extraordinárias – em qualquer momento (284.º/2).
- Não pode haver revisão na vigência do estado de sítio ou do estado de emergência (arts. 289.º e 19.º).
• Implícitos (retiram-se da importância que as matérias possuem no texto constitucional; ex: proibição de
cargos vitalícios).
• Limites ao poder constituinte originário (als. a), d), h), 1.ª parte, i), n))
• Limites ao poder de revisão expressos próprios ou de 1.º grau – fazem parte da essência da nossa
Constituição (als. b), c), d), e), f), h), 2.ª parte, j),l), 1.ª parte, m), o) …)
• Limites ao poder de revisão expressos impróprios ou de 2.º grau – não se referem a princípios
essenciais, apenas valem por estar no art. 288.º (al. l), 2.ª parte…)
Posto isto torna-se relevante fazer a seguinte pergunta: qual o sentido a conferir limites materiais ao poder
de revisão constitucional?
2. Postulado democrático: esses limites não têm vinculação jurídica, pelo que se deve aplicar a regra geral
lei posterior derroga lei anterior;
3. Tese intermédia: esses limites têm valor declarativo; só são verdadeiros limites se se afirmarem como
identificadores da Constituição.
• Total (substituição completa da constituição vigente: apenas pode ser efetuada pelo poder constituinte).
EVOLUÇÃO CONSTITUCIONAL:
Se a Constituição, de acordo com as linhas clássicas, representa o topo da pirâmide jurídica que rege toda a
sociedade então é importante que esta efetivamente espelhe a realidade vigente, que naturalmente vai
sofrendo alterações face à realidade vigente a quando a atuação primeira da Assembleia Constituinte.
Assim sendo é necessário um processo de adaptação que pode ter várias formas.
- Contudo, não podem ocorrer arbitrariamente, estas mutações devem sempre respeitar os
princípios jurídicos identificadores da Constituição nem o elencado normativo sequencial da
Constituição e que estabelece um conjunto de limites, mesmo nas normas de grande abertura.
Por exemplo:
1. Todos têm o direito de constituir família e de contrair casamento em condições de plena igualdade.
De acordo como Artigo 36º da CRP podemos interpretar que o direito ao casamento assiste tanto a casais
heterossexuais como a casais homossexuais. Contudo, até que o Tribunal Constitucional deliberou o contrário, fruto do
envolvimento social de então, não se considerava que este artigo estivesse a dar liberdade ao casamento entre pessoas
do mesmo sexo. Através de uma mutação constitucional, alterou-se a forma de interpretação deste artigo e tomou-se
novo rumo.
Todavia, podemos ainda falar de mais um caso de alteração à Constituição por força do envolvente social:
• Rutura Constitucional: nestes casos de drástico afastamento entre a Constituição e a realidade social,
por força de um conjunto de ações, torna-se necessária a elaboração de uma Constituição nova, de raiz.
Por exemplo, a Constituição da República Portuguesa de 1976, aquando o fim do Estado Novo, por
força de uma revolta militar.
Tridimensionalidade Constitucional
O texto constitucional deve ser aberto, sendo o estatuto jurídico fundamental de uma comunidade política
dinâmica e em constante evolução e transformação, não pode correr o risco de ser ultrapassado pelas factos
e pelos valores constitucionais.
As normas jurídico-materiais não devem ser predominantemente estatutárias (fechadas), mas diretivas
(abertas).
O texto constitucional deve pois ter abertura suficiente porquanto só assim encontrará forma de refletir a
realidade constitucional e influenciá-la ao mesmo tempo que acompanha a evolução da própria sociedade.
O problema centra-se no peso especifico reconhecido a cada um dos diversos elementos constitucionais,
relevo jurídico dos valores, dos factos e do texto na composição das normas constitucionais.
Foi a carência, nos textos constitucionais, de limites refletidos e reflexivos ao poder agora intervertido do
Estado que tornou os textos constitucionais inúteis perante o exercício totalitário ou autoritário do poder.
TEXTO CONSTITUCIONAL:
É a partir do texto constitucional que se marca o ponto de partida para todo o ordenamento jurídico, e o
ponto de partida para a construção da constituição. Os limites das soluções constitucionais são encontrados
também no texto constitucional porque estes não podem ir além do próprio texto.
As normas da Constituição, contudo, têm um caráter muito especial, não são meras proclamações, e exigem
ser respeitadas com base no princípio da constitucionalidade.
Os princípios tratam-se de valores discutíveis, por outro lado, os preceitos representam uma regra clara.
• Natureza normogenética (estão na génese, na base de formação, das normas) dos princípios: os
princípios são a ratio dos preceitos.
Uma Constituição baseada única e exclusivamente no âmbito dos princípios faltar-lhe-ia um certo sentido de
certeza e segurança. Por outro lado, se fosse composta apenas por preceitos e regras então esta não teria
qualquer abertura constitucional para se adaptar à realidade social.
1. Princípios jurídicos fundamentais: tratam-se de limites jurídicos superiores do poder constituinte e que
asseguram a resistência do Direito.
2. Princípios estruturantes: são a estrutura base do sistema constitucional porque servem de identificação
a uma dada Constituição, tornam-na mais própria, e constituem, por isso, limites ao poder de esta ser
revista.
Ex.: Princípio republicano, separação dos poderes, forma unitária do Estado, etc.
• Regras jurídico-organizatórias:
• Regras jurídico-materiais:
TIPOLOGIA DE PERCEITOS:
Normas:
• Precetivas
- Exequíveis por si mesmas: por si mesmas possibilitam o exercício do direito que conferem
(ex: arts. 24.º, 25.º, etc);
- Não exequíveis por si mesmas: carecem do preenchimento de pressupostos externos de
exequibilidade, jurídicos ou materiais (ex: art. 49.º).
Podem ser invocadas pelos cidadãos nos tribunais Não podem ser invocadas pelos cidadãos nos tribunais
PREÂMBULO CONSTITUCIONAL:
PREÂMBULO
A 25 de Abril de 1974, o Movimento das Forças Armadas, coroando a longa resistência do povo português e
interpretando os seus sentimentos profundos, derrubou o regime fascista.
Libertar Portugal da ditadura, da opressão e do colonialismo representou uma transformação revolucionária e o início de
uma viragem histórica da sociedade portuguesa.
A Revolução restituiu aos Portugueses os direitos e liberdades fundamentais. No exercício destes direitos e liberdades,
os legítimos representantes do povo reúnem-se para elaborar uma Constituição que corresponde às aspirações do país.
A Assembleia Constituinte afirma a decisão do povo português de defender a independência nacional, de garantir os
direitos fundamentais dos cidadãos, de estabelecer os princípios basilares da democracia, de assegurar o primado do
Estado de Direito democrático e de abrir caminho para uma sociedade socialista, no respeito da vontade do povo
português, tendo em vista a construção de um país mais livre, mais justo e mais fraterno.
A Assembleia Constituinte, reunida na sessão plenária de 2 de Abril de 1976, aprova e decreta a seguinte Constituição
da República Portuguesa.
Texto não articulado, inalterado desde 1976, e que serve de base de justificação do poder constituinte que aí
se exerceu (comum nas Constituições de rutura, como foi a de 1976).
Além disso, a referência a “caminho para uma sociedade socialista” é também muito criticado porque se
acredito que já não representa verdadeiramente a realidade social atual.
Será que o Preâmbulo tem um valor jurídico ou terá apenas um valor de ordem histórica, política,
literária?
• Identidade (em termos jurídicos) entre o Preâmbulo e o texto, ou seja, eficácia idêntica à das regras
constitucionais (ex: Const. Francesa de 1958);
• Irrelevância jurídica (Manuel Afonso Vaz, Carlos Blanco de Morais, Catarina Santos Botelho): valor
histórico, literário;
O texto constitucional como ponto de partida das soluções constitucionais mas não chega: é preciso ter em
conta os factos e os valores constitucionais. Mais ainda serve como limite dessas soluções, salvo violação de
princípios jurídicos fundamentais ou obsolescência total.
• Formalmente constitucionais;
• Formalmente constitucionais;
• Materialmente não constitucionais (violam apenas o princípio da essencialidade, que pugna pela
consagração constitucional somente daquilo que verdadeiramente identifica uma Constituição).
Opiniões da Doutrina:
• Afonso Queiró, Castanheira Neves, Manuel Afonso Vaz: concordam com existência de normas
constitucionais inconstitucionais; na versão atual da CRP, um possível exemplo: art. 292.º (viola os
princípios jurídicos nullum crimen sine lege e nulla poena sine lege);
FUNÇÕES DO ESTADO
• POLÍTICA — função primária, que toma precedência sobre as restantes; é da competência da função
política criar e desenvolver o ordenamento jurídico, à luz da Constituição, estabelecendo assim os limites
de ação do poder secundário (jurisdicional e administrativa).
As funções jurisdicional e administrativa são funções secundárias, não em função da sua importância mas
porque estão subordinadas ao disposto pelo poder político no exercício deu poder legislativo.
FUNÇÃO POLÍTICA:
Trata-se da função primária de entre as funções do Estado e estabelece a definição inicial e global dos
interesses públicos, através da capacidade legislativa e governativa. Cabe à função política escolher os meios
a partir dos quais se tenciona atingir esses mesmos propósitos, através de decisões executivas e legislativas, a
par da Direção do Estado no seu sentido global.
Função Governativa: atos não normativos (nomeação do primeiro ministro ou a dissolução da AR)
- Não se dirigem, por regra, aos cidadãos
No âmbito da função política falamos de uma liberdade ou descricionariedade máxima, possuem liberdade
na determinação do conteúdo das suas decisões, momento e circunstâncias da prática dos atos. Contudo,
estão subordinados à Constituição, Direito Internacional e Direito da UE.
FUNÇÃO ADMINISTRATIVA:
Satisfação quotidiana das necessidades coletivas definidas por lei – educação, saúde, defesa nacional, etc. As
Entidades da Administração Pública visam: criar os serviços públicos necessários e dotam-nos de meios
humanos e materiais para que forneçam os bens e prestem os serviços à população.
Adoção de atos por órgãos administrativos, normalmente inseridos num sistema hierárquico e que estão
vinculados à Constituição, nomeadamente nos Artigos 3º/3 e 266º/2, da CRP.
FUNÇÃO JURISDICIONAL:
Em análise ao conceito, a função jurisdicional assenta na capacidade de resolução de litígios entre pessoas
(privadas, públicas ou privadas e públicas), através da aplicação do Direito, e de modo a pacificar as relações
jurídicas.
Esta função é exercida pelos tribunais, orgãos independentes, conforme o Artigo 202º, sempre vinculados à
Constituição e, sobretudo, à lei (artigos 3º/3 e 203º da CRP). Eventualmente, estas decisões podem ser alvos
de recursos por parte dos tribunais.
• Iniciativa (função administrativa toma ações na busca da resolução de problemas à luz da lei) /
Passividade (principio do pedido, os juízos decidem em função do que lhe é apresentado, não podem
tomar a iniciativa - jurisdicional)
• Imparcialidade (função jurisdicional) / Parcialidade (função administrativa que visa a prossecução dos
interesses público)
• Postura retrospetiva (função jurisdicional que visa analisar as ações já consumadas) / Prospetiva
(função administrativa responsável pela defesa dos interesses públicos com vista ao futuro)
• Uso instrumental do Direito (função administrativa respeita o direito mas este não é o seu ponto
base) / Garantia do Direito (garantem o direito através da sua efetiva vigência)
Artigo 16º
Declaração dos Direitos do Homem, 1789
A sociedade em que não esteja assegurada a garantia dos direitos nem estabelecida a separação dos poderes não tem
Constituição.
Artigo 111º
(Separação e interdependência)
Nenhum órgão de soberania, de região autónoma ou de poder local pode delegar os seus poderes noutros órgãos, a não
ser nos casos e nos termos expressamente previstos na Constituição e na lei.
DISTRIBUIÇÃO DE FUNÇÕES:
No sistema constitucional português, as funções não estão separadas por órgãos diferentes:
Autonomia do Governo
Uma das características que permite a descrição entre o regime presidencial e o regime misto, como é o caso
do português, é a capacidade autónoma de que está dotado o Governo em relação ao exercício das suas
funções. Em muitos exemplos podemos constatar as capacidades que possui o Governo para exercer
autonomamente a função de administração geral e num nível hierárquico superior.
Este trata-se de um orgão político de soberania com poder de autonomia: artigos 110º/1 e 182º.
Artigo 110º
(Órgãos de soberania)
Artigo 182.º
(Definição)
O Governo é o órgão de condução da política geral do país e o órgão superior da administração pública.
Responsabilidade Ministerial
O Governo, contudo, não está livre de dar respostas políticas aos restantes membros do poder político,
nomeadamente aos restantes deputados através da Assembleia da República. Isso faz-se através do poder da
Assembleia da República: artigos 190º e 191º.
Artigo 190º
(Responsabilidade do Governo)
Artigo 191º
(Responsabilidade dos membros do governo)
Artigo 192.º
(Apreciação do programa do Governo)
2. Se a Assembleia da República não se encontrar em funcionamento efectivo, será obrigatoriamente convocada para
o efeito pelo seu Presidente.
3. O debate não pode exceder três dias e até ao seu encerramento pode qualquer grupo parlamentar propor a rejeição
do programa ou o Governo solicitar a aprovação de um voto de confiança.
4. A rejeição do programa do Governo exige maioria absoluta dos Deputados em efectividade de funções.
Artigo 193º
(Solicitação de voto de confiança)
O Governo pode solicitar à Assembleia da República a aprovação de um voto de confiança sobre uma declaração de
política geral ou sobre qualquer assunto relevante de interesse nacional.
Artigo 194º
(Moção de censura)
1. A Assembleia da República pode votar moções de censura ao Governo sobre a execução do seu programa ou
assunto relevante de interesse nacional, por iniciativa de um quarto dos Deputados em efectividade de funções ou
de qualquer grupo parlamentar.
2. As moções de censura só podem ser apreciadas quarenta e oito horas após a sua apresentação, em debate de
duração não superior a três dias.
3. Se a moção de censura não for aprovada, os seus signatários não podem apresentar outra durante a mesma sessão
legislativa.
Referenda Ministerial
“Na actual Constituição - escreve Gomes Canotilho -, a avaliar pelos actos carecedores de referenda (nomeação e
exoneração dos membros do Governo, dissolução e suspensão dos órgãos das Regiões Autónomas, nomeação e
exoneração do Presidente do Tribunal de Contas, Procurador da República (...) e representantes do Estado nas Regiões
Autónomas, actos de promulgação e assinatura de leis, decretos regulamentares ou decretos, declaração de guerra, e
efectivação da paz), a referenda é uma expressão formal da corresponsabilidade do Governo em relação a actos
presidenciais que, directa ou indirectamente, implicam colaboração política do Governo.”
Artigo 140.º
(Referenda ministerial)
1. Carecem de referenda do Governo os actos do Presidente da República praticados ao abrigo das alíneas h), j), l),
m) e p) do artigo 133.º, das alíneas b), d) e f) do artigo 134.º e das alíneas a), b) e c) do artigo 135.º.
Artigo 121.º
(Eleição)
1. O Presidente da República é eleito por sufrágio universal, directo e secreto dos cidadãos portugueses eleitores
recenseados no território nacional, bem como dos cidadãos portugueses residentes no estrangeiro nos termos do
número seguinte.
2. A lei regula o exercício do direito de voto dos cidadãos portugueses residentes no estrangeiro, devendo ter em conta
a existência de laços de efectiva ligação à comunidade nacional.
Veto Político
Direito do veto político dos atos legislativos por parte do PR, ou seja, a não promulgação do diploma
apresentado pelo Governo ou Assembleia da República.
O veto politico exercido sobre decretos-lei do Governo não pode ser revertido, contudo, o Governo, quando
apoiado por uma maioria parlamentar, pode proceder à concretização de uma proposta de lei - com
exactamente o mesmo conteúdo - à AR que, sendo aprovada, receberá todos os estatutos que a uma lei
cabem, não só no âmbito da promulgação como para enfrentar um veto politico.
Artigo 136.º
(Promulgação e veto)
1. No prazo de vinte dias contados da recepção de qualquer decreto da Assembleia da República para ser promulgado
como lei, ou da publicação da decisão do Tribunal Constitucional que não se pronuncie pela inconstitucionalidade
de norma dele constante, deve o Presidente da República promulgá-lo ou exercer o direito de veto, solicitando nova
apreciação do diploma em mensagem fundamentada.
2. Se a Assembleia da República confirmar o voto por maioria absoluta dos Deputados em efectividade de funções, o
Presidente da República deverá promulgar o diploma no prazo de oito dias a contar da sua recepção.
3. Será, porém, exigida a maioria de dois terços dos Deputados presentes, desde que superior à maioria absoluta dos
Deputados em efectividade de funções, para a confirmação dos decretos que revistam a forma de lei orgânica, bem
como dos que respeitem às seguintes matérias:
a) Relações externas;
b) Limites entre o sector público, o sector privado e o sector cooperativo e social de propriedade dos meios de
produção;
c) Regulamentação dos actos eleitorais previstos na Constituição, que não revista a forma de lei orgânica.
4. No prazo de quarenta dias contados da recepção de qualquer decreto do Governo para ser promulgado, ou da
publicação da decisão do Tribunal Constitucional que não se pronuncie pela inconstitucionalidade de norma dele
constante, deve o Presidente da República promulgá-lo ou exercer o direito de veto, comunicando por escrito ao
Governo o sentido do veto.
5. O Presidente da República exerce ainda o direito de veto nos termos dos artigos 278.º e 279.º.
Artigo 133.º
(Competência quanto a outros órgãos)
Artigo 190º
(Responsabilidade do Governo)
Artigo 191º
(Responsabilidade dos membros do governo)
Artigo 133.º
(Competência quanto a outros órgãos)
b) Marcar, de harmonia com a lei eleitoral, o dia das eleições do Presidente da República, dos Deputados
à Assembleia da República, dos Deputados ao Parlamento Europeu e dos deputados às Assembleias
Legislativas das regiões autónomas;
e) Dissolver a Assembleia da República, observado o disposto no artigo 172.º, ouvidos os partidos nela
representados e o Conselho de Estado;
g) Demitir o Governo, nos termos do n.º 2 do artigo 195.º, e exonerar o Primeiro- Ministro, nos
termos do n.º 4 do artigo 186.º;
n) Nomear cinco membros do Conselho de Estado e dois vogais do Conselho Superior da Magistratura;
Artigo 172.º
(Dissolução)
1. A Assembleia da República não pode ser dissolvida nos seis meses posteriores à sua eleição, no último semestre
do mandato do Presidente da República ou durante a vigência do estado de sítio ou do estado de emergência.
3. A dissolução da Assembleia não prejudica a subsistência do mandato dos Deputados, nem da competência da
Comissão Permanente, até à primeira reunião da Assembleia após as subsequentes eleições.
• Não apresentação do programa de Governo à AR, no prazo de 10 dias após a sua nomeação (art. 192.º/
1);
• Recusa reiterada de respostas às perguntas e pedidos de informação dos deputados (art. 156, al. d) e e));
• A não prestação reiterada de informação ao PR sobre assuntos respeitantes à condução da política geral
do país (art. 201,º/1, al. c));
Tem, por outro lado, um arma poderosa em relação à Assembleia da República, o poder de veto em relação
aos atos legislativos que esta emana, conforme o previsto no artigo 136º, alínea 1.
Para dissolver a AR, conforme o previsto nos artigos 133º e 172º, tem de se verificar, pelo menos, uma das
seguintes situações:
1. Necessidade de resolução de uma crise política no interior da AR, por desagregação da maioria ou
incapacidade de gerar maioria estável;
• Com o decreto de dissolução da AR, têm de ser marcar novas eleições, nos 60 dias seguintes (art. 113.º/
6);
• PR não pode dissolver AR nos 6 meses posteriores à sua eleição (art. 172.º/1, 1.ª parte);
• PR não pode dissolver AR nos últimos 6 meses do seu mandato (art. 172.º/1, 1.ª parte);
• Proibição de dissolução na vigência do estado de sítio ou de emergência (arts. 19.º e 172.º/1, 1.ª parte).
Qualquer forma de violação de um destes preceitos dá lugar a uma inexistência jurídica do decreto emitido
(artigos 113º/6 e 172º/3).
Apreciação do programa do Governo (artigo 192º): basta que não seja rejeitado. Na hipótese de
moção de rejeição do programa, exige-se maioria absoluta (art. 192.º/4).
Moção de confiança, de iniciativa governamental (art. 193.º): basta-se com uma maioria relativa
(arts. 116.º/3 e 195.º/1, al. e)).
Moção de censura (art. 194.º): instrumento mais forte que a oposição pode utilizar para derrubar o
Governo, contudo, exige que se reuna uma maioria absoluta (art. 195º).
O sistema de relações, conforme podemos constatar, está construído com o propósito de salvaguardar a
estabilidade política, garantindo que não é fácil concluir o processo de destituição do governo.
NOTA:
A demissão do Governo não leva - automaticamente - à demissão da Assembleia da República:
Desde que, obviamente, continue intacta a maioria parlamentar, a AR tem condições para continuar a
funcionar.
Por outro lado, a dissolução da AR implica sempre a demissão do Governo, porque haverá uma nova
legislatura: art. 195.º/1, al. a).
FORMAS DE GOVERNO:
Estruturas organizatórias, forma como os poderes disciplinados na Constituição se exercem e se interligam
ao nível do poder político.
Consagra-se assim o princípio da separação e interdependência dos poderes, de acordo com o Artigo 111º.
PRESIDENTE DA REPÚBLICA:
(Artigos 120º a 140º)
O Presidente da República assume o lugar de Chefe de Estado, e a sua função é legitimada por um sufrágio
direto, universal e secreto, de cariz unipessoal (artigo 113º e 121º).
Para apresentar uma candidatura a este orgão, o cidadão português deve ter mais de 35 anos e reunir uma
maioria absoluta dos votos, podendo por isso chegar a 2 voltas.
E poderes partilhados:
2. Vetar politicamente (20 dias): discordância política → o veto é suspensivo (art. 136.º/2), pois a AR
pode superar o veto e, neste caso, o PR é obrigado a promulgar a lei;
3. Dúvidas quanto à constitucionalidade da lei (8 dias) para a enviar para o TC (arts. 136.º/5, 278.º e
279.º).
A. Duas hipóteses:
2. Vetar politicamente (40 dias): o veto é absoluto/definitivo. Como poderá então o Governo contornar o
veto? Pode apresentar uma proposta legislativa de idêntico conteúdo, que passará, se tiver maioria no
Parlamento: art. 197.º/1, al. d) + arts. 136.º/1 e 2.
3. Dúvidas quanto à constitucionalidade da lei (8 dias) para a enviar para o TC (arts. 136.º/5, 278.º e
279.º).
A. Duas hipóteses:
ASSEMBLEIA DA REPÚBLICA:
(Artigos 147º a 181º)
Escolhida através de eleições legislativas, na forma de sufrágio direto, universal e secreto (art. 113.º/1),
relativamente a listas partidárias (arts. 114.º/1 e 151.º/1).
Maioria relativa ou simples quando um partido em causa obteve a maioria dos deputados por comparação
com cada um dos outros partidos considerados individualmente.
Maioria absoluta quando um partido atingiu metade mais um da totalidade dos deputados.
Possuí entre 180 a 230 deputados e apenas podem ser considerados eleitores os cidadãos portugueses.
Cada deputado é responsável por representar todo o país e não a região a partir da qual foi eleita (artigo
152º).
Este é um orgão:
• Permanente:
• Colegial;
• Unicameral;
• Função legislativa
• Outras funções:
GOVERNO:
(Artigos 182º a 201º)
• Primeiro-ministro
- Primus inter (ou super) pares
- Responsável perante o PR e perante a AR (art. 191.º/1)
- Competências – art. 201.º/1
• Conselho de Ministros
- PM + Vice PM+ Ministros (não inclui Secretários de Estado) – art. 184.º
- Competências (art. 200.º): aprova os decretos-leis
• Ministros
- Nomeados pelo PR sob proposta do PM (arts. 133.º, h) e 187.º/2 )
- Responsáveis perante o PM (191.º/2)
- Respondem perante a AR
- Competências (art. 201.º/2)
Início de funções:
Nomeação:
• PM é nomeado pelo PR ouvidos os partidos e tendo em conta os resultados eleitorais (art. 187.º/
1)
• Ministros: pelo PR por proposta do PM (art. 187.º/2)
• Governo de gestão (art. 186.º/5) ≠ Governo em plenitude de funções (só acontece com a
apresentação do programa de Governo)
Funções:
TRIBUNAL CONSTITUCIONAL:
(Artigos 221º a 224º)
• Guardião da Constituição
• Composição:
- 10 juízes eleitos pela AR, por 2/3 dos deputados (legitimidade democrática)
- 3 juízes cooptados
• Autonomia e independência;
• Colabora no exercício da função jurisdicional através do exercício da ação penal e da defesa da
legalidade.
ESTRUTURAS NORMATIVAS
A Constituição:
Art. 3.º/3: princípio da constitucionalidade (a validade dos atos jurídico-públicos depende da sua
conformidade com a CRP).
Art. 112.º: Artigo central da CRP, que disciplina a relação entre os atos normativos; contém um elenco não
exaustivo de atos normativos.
Pluralismo legislativo: normas de igual escalão normativo (atos com valor de lei), mas que a CRP
diferencia a partir do órgão de onde provêm → ex: AR emana leis, Governo decretos-leis (art. 112.º/1).
Plurimodalismo legislativo: normas de igual escalão normativo (atos com valor de lei), mas que a CRP
diferencia a partir da matéria que tratam → a AR emana tanto leis constitucionais como leis orgânicas, leis
com valor reforçado, leis de bases, etc…
1. Princípio da hierarquia: arts. 3.º/3; 112.º/ 6 e 7 → daqui decorrer o princípio básico sobre a produção
jurídica (art. 112.º/6 da CRP) – nenhuma fonte pode criar outras fontes com eficácia superior ou igual à
sua; só fontes de valor inferior.
2. Princípio da competência legislativa horizontal: paridade entre lei = Decreto Lei = Decreto
Legislativo Regional (art. 112.º/ 1 e 2).
4. Princípio da reserva de lei e o princípio da primazia ou primado da lei (Estado de Direito; Estado da
legalidade).
Leis constitucionais (arts. 161.º/a); 166.º/1; 284.º a 289.º): leis de revisão constitucional.
Leis orgânicas (arts. 166.º/2): matérias de elevado grau de sensibilidade política, por isso:
• Além do PR, também o PM ou 1/5 Deputados podem solicitar a sua fiscalização preventiva (art. 278.º/
4).
Leis estatutárias (arts. 161.º/b) e 226.º): Estado Unitário, mas com Regiões com autonomia política.
Leis com valor reforçado: têm valor superior ao das outras leis; se forem violadas → fiscalização judicial
da legalidade (arts. 280.º/2, al. a) e 281.º/1, al. b).
Leis quadro e leis de enquadramento: dirigem-se a uma matéria concreta, já em parte regulada pela
Constituição.
- Lei de enquadramento = lei do orçamento (art. 106.º/1)
- Lei-quadro = reprivatização das empresas nacionalizadas (art. 293.º/1)
Leis de autorização (LAL) e leis de bases (LB): dois tipos de leis através das quais a AR transfere a sua
competência legislativa para o Governo.
Leis da AR que autorizam o Governo (165.º e 198.º) ou uma ALRA (227.º/1, b), e 2-4, e 165.º) a legislar
em matérias de reserva relativa da AR.
O Governo (ou a ALRA) é que tem de pedir à AR uma Lei de Autorização Legislativa (197.º/1, d) e 227.º/1,
f) e 2):
As LAL não são “cheques em branco”, limitam a actuação legislativa dos órgãos autorizados, estipulando os
termos da inovação legislativa a ser introduzida.
LIMITES DE AUTORIZAÇÕES:
Limites materiais: a LAL fixa o objeto, o sentido e a extensão da autorização (165.º/2 e 227.º/2).
• Objeto: a matéria sobre que vai incidir a autorização (alínea ou parte da al. do art. 165.º)
• Sentido: qual a orientação que a legislação deve seguir (ex: aumentar ou diminuir os impostos)´
Limite temporal: a autorização terá de ser executada num determinado prazo; a duração da autorização é
fixada na LAL.
• Mas a que momento se refere o prazo? Por exemplo, 3 anos até à aprovação? Ao envio para
promulgação? À promulgação? À referenda? À publicação?
CESSAÇÃO DE AUTORIZAÇÕES:
• Mas: autorizações contidas na lei o orçamento só caducam no termo do ano económico (artigo
165º/5).
Excesso de autorização — violação de limites materiais (sentido e extensão) da LAL: ilegalidade (arts.
112.º/2; 280.º/2 e 281.º/1, al. b)).
• Se a LAL não fixa os limites previstos no art. 165.º/2, é inconstitucional (ex: LAL que tenha por objeto
a matéria de reserva absoluta da AR);
• Sentido/extensão: grande parte doutrina entende que há aqui uma ilegalidade (violação da LAL)
LEIS DE BASES:
Consagram as bases gerais de um regime jurídico, deixando o seu desenvolvimento
ao Governo ou às ALRA.
Quando a Constituição limita a reserva da AR às bases de um regime jurídico, pretende permitir ao Governo
(ou às ALRA) desenvolver essas bases, depois de as mesmas terem sido fixadas pela AR, mas não limita a
AR, que também pode desenvolver as bases.
2 hipóteses:
• Ambas têm valor paramétrico (quando a lei é um pressuposto normativo necessário de outra lei): LB
→ DLD; LAL → DLA;
• Quer o DLD quer o DLA devem invocar expressamente as respetivas leis (art. 198.º/3).
VANTAGENS DESVANTAGENS
Artigo 167º
(Iniciativa da lei e do referendo)
1. A iniciativa da lei e do referendo compete aos Deputados, aos grupos parlamentares e ao Governo, e ainda, nos
termos e condições estabelecidos na lei, a grupos de cidadãos eleitores, competindo a iniciativa da lei, no
respeitante às regiões autónomas, às respectivas Assembleias Legislativas.
3. Os Deputados, os grupos parlamentares e os grupos de cidadãos eleitores não podem apresentar projectos de
referendo que envolvam, no ano económico em curso, aumento das despesas ou diminuição das receitas do
Estado previstas no Orçamento.
4. Os projectos e as propostas de lei e de referendo definitivamente rejeitados não podem ser renovados na mesma
sessão legislativa, salvo nova eleição da Assembleia da República.
5. Os projectos de lei, as propostas de lei do Governo e os projectos e propostas de referendo não votados na sessão
legislativa em que tiverem sido apresentados não carecem de ser renovados na sessão legislativa seguinte, salvo
termo da legislatura.
7. As propostas de lei da iniciativa das Assembleias Legislativas das regiões autónomas caducam com o termo da
respectiva legislatura, caducando apenas com o termo da legislatura da Assembleia da República as que já tenham
sido objecto de aprovação na generalidade.
8. As comissões parlamentares podem apresentar textos de substituição, sem prejuízo dos projectos e das
propostas de lei e de referendo a que se referem, quando não retirados.
Artigo 168.º
(Discussão e votação)
2. A votação compreende uma votação na generalidade, uma votação na especialidade e uma votação final global.
3. Se a Assembleia assim o deliberar, os textos aprovados na generalidade serão votados na especialidade pelas
comissões, sem prejuízo do poder de avocação pela Assembleia e do voto final desta para aprovação global.
4. São obrigatoriamente votadas na especialidade pelo Plenário as leis sobre as matérias previstas nas alíneas
a) a f), h), n) e o) do artigo 164.º, bem como na alínea q) do n.º 1 do artigo 165.º.
5. As leis orgânicas carecem de aprovação, na votação final global, por maioria absoluta dos Deputados em
efectividade de funções, devendo as disposições relativas à delimitação territorial das regiões, previstas no artigo
255.º, ser aprovadas, na especialidade, em Plenário, por idêntica maioria.
6. Carecem de aprovação por maioria de dois terços dos Deputados presentes, desde que superior à maioria
absoluta dos Deputados em efectividade de funções:
d) As disposições das leis que regulam as matérias referidas nos artigos 148.º e 149.º, e as relativas ao sistema e
método de eleição dos órgãos previstos no n.º 3 do artigo 239.º;
f) As disposições dos estatutos político-administrativos das regiões autónomas que enunciem as matérias que
integram o respectivo poder legislativo.
Artigo 170º
(Processo de urgência)
1. A Assembleia da República pode, por iniciativa de qualquer Deputado ou grupo parlamentar, ou do Governo,
declarar a urgência do processamento de qualquer projecto ou proposta de lei ou de resolução.
2. A Assembleia pode ainda, por iniciativa das Assembleias Legislativas das regiões autónomas, declarar a
urgência do processamento de qualquer proposta de lei por estas apresentada.
A. FASE DE INICIATIVA
Iniciativa legislativa secundária, derivada ou superveniente: apresentação de propostas de alteração (art.
167º/2) ou textos de substituição, pelas comissões (art. 167º/8).
• A.L. Regionais — propostas de lei, estando contudo limitada às matérias respeitantes às Regiões
Autónomas, de acordo com o artigo 227º, alínea f).
Há situações de iniciativa reservada: as leis de revisão constitucional, as leis estatutárias, as leis das grandes
opções do plano e do orçamento e as leis de autorização legislativa e de autorização de empréstimos.
Iniciativa legislativa: só por si não altera a ordem jurídica (ex. Governo pode propor propostas de lei à AR
em matérias de reserva absoluta).
Entre a fase de iniciativa (A) e a fase instrutória (B), o projeto de lei é sujeito a:
B. FASE INTRODUTÓRIA
Tem por objectivo recolher e elaborar os dados e elementos que permitam analisar a oportunidade do
procedimento legislativo, bem como o respectivo conteúdo.
• É executada por comissões permanentes especializadas que recebem os projectos ou propostas de lei
admitidas.
Na prática, o debate na generalidade do Plenário incidirá sobre o texto de substituição apresentado e não
sobre o texto originário.
Artigo 116.º
(Órgãos colegiais)
1. As reuniões das assembleias que funcionem como órgãos de soberania, das regiões autónomas ou do
poder local são públicas, excepto nos casos previstos na lei.
2. As deliberações dos órgãos colegiais são tomadas com a presença da maioria do número legal dos seus
membros.
3. Salvo nos casos previstos na Constituição, na lei e nos respectivos regimentos, as deliberações dos órgãos
colegiais são tomadas à pluralidade de votos, não contando as abstenções para o apuramento da maioria.
Quanto a retificações que extravasem os mesmos erros materiais, elas só podem ser sanadas por atos
de idêntica dignidade.
A declaração de retificação pertence ao ato originário e deve ser publicada no prazo de 60 dias após a
publicação do texto retificado.
D. FASE DE CONTROLO
• Promulgação/assinatura;
• Enviar para o Tribunal Constitucional e daí, segundo o pronuncio do mesmo, pode surgir um veto por
inconstitucionalidade;
• Veto politico, emanado da visão policia e pessoal que o Presidente tem em relação à matéria.
Artigo 119º/1, alinea c), sob pena de ineficácia jurídica: artigo 119º/2.
Artigo 119.º
(Publicidade dos actos)
a) As leis constitucionais;
g) As decisões do Tribunal Constitucional, bem como as dos outros tribunais a que a lei confira força
obrigatória geral;
h) Os decretos regulamentares e os demais decretos e regulamentos do Governo, bem como os decretos dos
Representantes da República para as regiões autónomas e os decretos regulamentares regionais;
i) Os resultados de eleições para os órgãos de soberania, das regiões autónomas e do poder local, bem como
para o Parlamento Europeu e ainda os resultados de referendos de âmbito nacional e regional.
2. A falta de publicidade dos actos previstos nas alíneas a) a h) do número anterior e de qualquer acto de
conteúdo genérico dos órgãos de soberania, das regiões autónomas e do poder local, implica a sua ineficácia
jurídica.
3. A lei determina as formas de publicidade dos demais actos e as consequências da sua falta.
• Comp. legislativa dependente/ derivada (de LAL ou de LB) – área de reserva de competência da AR:
arts. 198.º/1, b), c) e n.º 3;
• Comp. legislativa exclusiva (reserva de decreto-lei) – área de reserva de competência do Governo (art.
198.º/2).
Génese
• Rev. 1989: acabou a ideia de ratificação tácita → possibilidade de não ratificação ou de alteração;
• DL deixa de produzir efeitos a partir do dia da publicação da resolução no D.R. – efeitos prospetivos.
• Diploma não poderá voltar a ser publicado no decurso da mesma sessão legislativa.
DIREITO INTERNACIONAL:
Art. 8.º/1, 2: normas internacionais são aplicáveis na ordem interna portuguesa:
FISCALIZAÇÃO DA CONSTITUCIONALIDADE:
Alguma doutrina (Catarina Santos Botelho, J. J. Gomes Canotilho, Vital Moreira), porém, alerta para uma certa
incongruência entre a proclamação do princípio da constitucionalidade (todos os atos jurídico-públicos) e o
modelo de fiscalização da constitucionalidade adotado (só os atos normativos).
2. Limites ao processo de revisão constitucional: limites materiais (art. 288.º) e limites formais
(processuais, temporais e circunstanciais (arts. 284-289.º).
• Inconstitucionalidade = violação da Constituição (ex: uma lei da AR sobre a liberdade religiosa viola
o art. 41.º CRP).
• Ilegalidade = violação de um ato normativo infraconstitucional (ex: DLA viola sentido da LAL).
Por ação (art. 277.º): ato que viola a Constituição ≠ por omissão (situações de inércia, de non facere: art.
283.º).
Total ≠ parcial.
VANTAGENS DESVANTAGENS
- Divergência de julgados e falta de uniformidade
- Reforço da vinculação jurídica.
na tutela da Constituição.
VANTAGENS DESVANTAGENS
- Uniformidade na tutela da Constituição - Politização do controlo constitucional;
(harmonia de julgados). - Lentidão processual.
Controlo político:
Controlo jurisdicional:
Controlo por via incidental/ de exceção: a questão da inconstitucionalidade, sendo secundária ao caso, é
discutida na medida em que for relevante para a solução do caso concreto.
• Controlo difuso/concreto;
• Em Portugal, surge “nos feitos submetidos a julgamento” (art. 204.º), na fiscalização concreta.
• Controlo concentrado/abstrato;
• Processo objetivo de defesa da Constituição.
Controlo preventivo: a priori, ou seja, antes da entrada em vigor da norma → normas imperfeitas.
Ex officio (recursos obrigatórios a cargo do MP) ≠ de parte ≠ de órgãos ou entidades públicas (art. 281.º/
2).
Nota: o TC, como os demais tribunais, é um órgão passivo (apenas atua por iniciativa de outras entidades),
exceto no processo de fiscalização mista (art. 281.º/3).
Retroativos (ex tunc) ≠ prospetivos (ex nunc, a partir do momento da publicação da declaração de
inconstitucionalidade).
B. Fiscalização sucessiva
TERMINOLOGIA:
Por isso, o TC não julga/declara/verifica a constitucionalidade de uma norma (não existe em Portugal,
como, por exemplo no Brasil, a “ação declaratória de constitucionalidade”, nos termos do art. 103.º da CFB)
Incide sobre:
• Normas;
• de alguns diplomas enviados ao PR para promulgação, ratificação ou assinatura (ou aos RR’s para
assinatura);
• e que, portanto, ainda não estão em vigor.
Legitimidade ativa:
• Presidente da República (art. 278.º/1) – “pode”;
• Representantes da República (art. 278.º/2) – “podem”;
• Primeiro-ministro e 1/5 dos deputados – apenas quanto às leis orgânicas (art. 278.º/4) – “podem”.
Legitimidade passiva:
• Órgão autor da norma impugnada (art. 54.º LTC).
Efeitos:
Não pronúncia pela inconstitucionalidade:
• PR (e RR) podem promulgar (ou assinar);
• ou vetar politicamente (arts. 136.º e 233.º/2).
• Reformular diploma – implica novo processo legislativo: novo diploma pode ser sujeito a fiscalização
preventiva.
Objeto:
“Quaisquer normas” (art. 281.º/1, a)
• Disposição de qualquer ato legislativo (Lei, DL ou DLR)
• Disposições gerais e abstratas contidas noutros tipos de atos (ex: regulamentos administrativos)
Prazo: não há prazo para requerer a fiscalização sucessiva abstrata de uma norma.
Força obrigatória geral (erga omnes) – vincula todos os órgãos constitucionais e todas as pessoas,
singulares ou coletivas.
• Tribunais – ficam obrigados a desaplicar (a não aplicar) a norma declarada inconstitucional nos casos
que devam julgar; o próprio TC fica vinculado.
• Legislador – não pode voltar a emanar norma com o mesmo conteúdo da norma declarada
inconstitucional (salvo inconstitucionalidade orgânica ou formal)
Exceções à retroatividade:
• Restrição de efeitos por decisão do TC: por razões de segurança jurídica, equidade ou interesse
público de excecional relevo (art. 282.º/4)
Art. 204.º: qualquer tribunal deve, nos casos submetidos a julgamento, desaplicar as normas que considerar
inconstitucionais.
Art. 280.º: dessa decisão de desaplicação do tribunal da causa (tribunal a quo) pode haver recurso para o
Tribunal Constitucional (tribunal ad quem), que pode revogar a decisão do tribunal a quo.
Legitimidade ativa:
• Partes (incluindo o MP, quando for parte);
• Juiz (ex officio), pois está submetido ao princípio da constitucionalidade (art. 3.º/3).
• questão da constitucionalidade deverá ser suscitada durante o processo (ou seja, não ser a questão
principal, mas incidental);
Decisão positiva/de acolhimento de/da inconstitucionalidade: o juiz desaplica a norma, julgando a causa
principal sem a ter em conta:
• Pode ter de repristinar a norma revogada pela norma julgada inconstitucional (salvo em matéria penal,
se tal implicar a violação do princípio da aplicação da lei penal mais favorável).
Recorrentes:
• Partes no processo principal
• O Ministério Público, seja ou não parte no processo
Processo misto:
• Pressupostos da fiscalização concreta
• Processo + efeitos da fiscalização abstrata
Se uma norma tiver sido julgada inconstitucional pelo TC em três (ou mais!) casos concretos:
• Qualquer juiz do TC e o MP podem iniciar o processo de fiscalização sucessiva abstrata.
O TC pode declarar, ou não, a inconstitucionalidade da norma, com todos os efeitos previstos no art. 282.º.
Ele vai é apreciar e pode até concluir que a norma que foi julgada inconstitucional em vários casos
concretos não deve ser declarada inconstitucional com força obrigatória geral.
Competência: TC
Legitimidade ativa:
• Presidente da República
• Provedor de Justiça
• Presidentes das ALRA (em caso de violação de direitos das regiões)
• Imposições legiferantes (permanentes e concretas: arts. 59.º/2, a), 63.º/2, 64.º/2, a), 66.º/2, c), 74.º/2,
a);
• Ordens de legislar (únicas: art. 224.º).
Regras precetivas não exequíveis por si mesmas (ex: arts. 117.º/2 e 3, 267.º/5) – Manuel Afonso Vaz.
Para parte da doutrina, as normas programáticas – Catarina Santos Botelho; Jorge Miranda; Jorge
Pereira da Silva; Carlos Blanco de Morais