Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
XXXX
Assunto: Inconstitucionalidade de tributo
Autor: Ametistas do Rio Grande
Réu: Receita Estadual
SENTENÇA
RELATÓRIO
Os artigos 24, incisos VI e 23, incisos III, VI, VII e XI da Constituição Federal
estabelecem competência concorrente à União, aos Estados, aos Municípios e ao Distrito
Federal para legislar, registrar, acompanhar e fiscalizar sobre recursos hídricos e minerais de
seus respectivos territórios.
No mesmo sentido, o artigo 77 do Código Tributário Nacional, que também prevê
competência concorrente aos entes federativos, dispõe que para a sua criação, as taxas devem
ter como fato gerador o exercício de polícia ou a prestação de serviço público ao contribuinte.
Ainda, o artigo 78 do mesmo Código dispõe:
Art. 78. Considera-se poder de polícia atividade da administração pública
que, limitando ou disciplinando direito, interêsse ou liberdade, regula a
prática de ato ou abstenção de fato, em razão de interesse público
concernente à segurança, à higiene, à ordem, aos costumes, à disciplina da
produção e do mercado, ao exercício de atividades econômicas dependentes
de concessão ou autorização do Poder Público, à tranquilidade pública ou ao
respeito à propriedade e aos direitos individuais ou coletivos. (Redação dada
pelo Ato Complementar nº 31, de 1966)
Parágrafo único. Considera-se regular o exercício do poder de polícia
quando desempenhado pelo órgão competente nos limites da lei aplicável,
com observância do processo legal e, tratando-se de atividade que a lei
tenha como discricionária, sem abuso ou desvio de poder.
O poder de polícia seria então aplicado nos casos em que um particular necessita de
fiscalização, pois sua atividade pode trazer prejuízos ao coletivo (NOVAIS, 2018, p. 73).
Tendo em vista que o art. 146 da Constituição Federal estabelece que “cabe à lei
complementar (...) I- dispor sobre conflitos de competência, em matéria tributária, entre a
União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios", deve-se citar que o art. 8º, XII da Lei
Complementar 140/2011 prevê que cabe aos Estados “controlar a produção, a
comercialização e o emprego de técnicas, métodos e substâncias que comportem risco para a
vida, a qualidade de vida e o meio ambiente, na forma da lei”.
Desta forma, não há o que se falar em inconstitucionalidade da Taxa de Controle,
Monitoramento e Fiscalização das Atividades de Pesquisa, Lavra, Exploração e
Aproveitamento de Recursos Minerários, estabelecida pela Lei Estadual nº 1318/2019,
considerando que os Estados possuem competência para legislar sobre taxas que versem
sobre meio ambiente da mesma forma que a União, os Municípios e o Distrito Federal. Veja-
se entendimento do Supremo Tribunal Federal que tem reconhecido a constitucionalidade de
taxas similares, por serem cobradas em razão do exercício regular do poder de polícia, a
exemplo do que se observa do julgamento do RE 416.601/DF, Rel. Min. Carlos Velloso, cuja
ementa segue transcrita:
Tem-se, pois, taxa que remunera o exercício do poder de polícia do Estado, regulador visando
à proteção do meio ambiente.
Assim, para identificar o potencial poluidor (PP) de cada empresa deve-se consultar o
Anexo VIII da Lei n° 10.165, que o define de acordo com a atividade exercida, podendo ser
pequeno, médio e alto.
Dessa forma, não há que se falar em incidência da taxa a outras instituições que não
estejam poluindo e/ou utilizando os recursos ambientais, pois a atividade exercida (tida como
efetiva ou potencialmente poluidoras) exige diretamente a atuação estatal, de exercício do
poder de polícia, o que a torna sujeito passivo da taxa em comento.
Registra Sacha Calmon – parecer, fl. 377 – que ficou assentado no julgamento da
Recurso Extraordinário nº 416.601/DF:
[...]
[...]
DISPOSITIVO
Por todo o exposto, julgo totalmente improcedente os pedidos acerca da alegação de
inconstitucionalidade, ao cabimento da incidência da taxa e a proporcionalidade de valor à
atividade exercida, não havendo esses pedidos embasamento da lei, eis que cada um foi
negado com base na lei e jurisprudência pátria.
Juiz XXXX
BIBLIOGRAFIA
COMO FUNCIONA a cobrança da Taxa (TCFA) do IBAMA?. [S. l.], 7 jun. 2021. Disponível em:
https://coutoambiental.com.br/blog/como-funciona-a-cobranca-da-taxa-tcfa-do-ibama/#:~:text=Toda
%20pessoa%20que%20exerce%20atividade,20)%20deve%20pagar%20a%20TCFA. Acesso em: 4
nov. 2021.
REAJUSTE DOS VALORES RELATIVOS À TAXA DE CONTROLE E FISCALIZAÇÃO
AMBIENTAL (TCFA). [S. l.],
26 set. 2016. Disponível em: https://www.angareeangher.com.br/reajuste-dos-valores-relativos-a-
taxa-de-controle-e-fiscalizacao-ambiental-tcfa/. Acesso em: 4 nov. 2021.
TAXA de Controle e Fiscalização Ambiental (TCFA). [S. l.], 8 nov. 2016. Disponível em:
http://ibama.gov.br/tcfa. Acesso em: 4 nov. 2021.
AG.REG. NO RECURSO EXTRAORDINÁRIO 603.513 MINAS GERAIS, acesso em:
https://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?docTP=TP&docID=2729729
Constituição Federal
Código Tributário Nacional
NOVAIS, Jorge Reis. Contributo para uma teoria do estado de direito. Coimbra: 1987. p. 24.