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As desigualdades segundo Rousseau

“Na juventude deve-se acumular o saber. Na velhice fazer uso dele.”

— Jean-Jacques Rousseau

Jean-Jacques Rousseau foi um importante filósofo, teórico político, escritor


e compositor. Considerado por muitos, um dos principais filósofos
do iluminismo e um precursor do romantismo. Escreveu “do contrato
social” em que disserta sobre o funcionamento de uma sociedade, sobre as
relações de poder perante o povo, a submissão do mesmo perante o
governo e sobre o acordo entre eles para o bem maior.

Questões essas que influenciaram diretamente na revolução francesa de


1789. Outro livro grandiosíssimo foi o Discurso sobre a origem e os
fundamentos da desigualdade entre os homens, onde Rousseau responde
acerca das origens das desigualdades e se isso é direito natural ou não.
Mesmo a obra não tendo o reboliço na época, ainda sim foi publicada e
hoje é considerada como um grande marco.

Para entender as origens dessas desigualdades na perspectiva de Rousseau,


devemos entender suas bases para isso. Foi concebido por ele um estado de
natureza, um lar dos primeiros homens, mais primitivos. Nessa sociedade,
segundo ele, não havia vícios e desigualdades perante os homens, portanto
não poderiam ser bons ou ruins porque não sabiam o que era ser bom ou
ruim. Não conheciam os pecados dos homens modernos e muito menos
tinham a ambição dos mesmos – existia certo amoralismo nessa sociedade.
A sociedade era dividida em bandos organizados, que se ajudavam apenas
quando a necessidade batia à porta, acabando-a, partiam novamente para
a vivência de forma isolada. Porém, com a evolução dos pensamentos
surgiram novas ideias, algo que poderia melhorar ainda mais a vida de
todos – uma noção ainda rudimentar, mas que iria alcançar um ápice em
breve.

Aqui, com essa noção de insegurança frente aos outros homens, foi-se
criada à ideia de propriedade privada, propriedade essa que Rousseau diz
ser a causa irreversível da desigualdade dos homens e lar de todos os
males decorrentes. Em suas palavras:

"O primeiro que, ao cercar um terreno, teve a audácia de dizer isto é meu
e encontrou gente bastante simples para acreditar nele foi o verdadeiro
fundador da sociedade civil. Quantos crimes, guerras e assassinatos,
quantas misérias e horrores teria poupado ao gênero humano aquele que,
arrancando as estacas e cobrindo o fosso, tivesse gritado a seus
semelhantes: "Não escutem a esse impostor! Estarão perdidos se
esquecerem que os frutos são de todos e a terra é de ninguém".

Esse ideal de posses e propriedades criou nos primitivos uma ideia de


acumulação e de orgulho frente aos demais. Esse orgulho que criou a
superioridade deu inicio a conflitos entre os homens.

Outro progresso foi a noção de família, que fez com que a selvageria fosse
domada ou moderada. Criou-se assim a fragilidade do homem perante os
animais, mas trouxe consigo a força do grupo ante o do individuo. Essa
facilidade de vida em sociedade trouxe também a criação do lazer, porém,
com o passar do tempo, o que era prazer passou a ser necessidade e novos
conflitos surgiram, fazendo o homem entrar em um ciclo de brigas e
miséria sendo infeliz mais do que feliz. Está feito uma sociedade desigual,
segundo Rousseau.

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