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Entrevista - John Searle - Filosofia Da Linguagem
Entrevista - John Searle - Filosofia Da Linguagem
John Searle
Universidade da Califórnia, Berkeley
O motivo por que a Filosofia da Linguagem não é central como já foi há, digamos,
cinqüenta anos, é que muitos filósofos – eu mesmo, por exemplo – passaram a
pensar que a Filosofia da Linguagem é, em si mesma, dependente de resultados da
Filosofia da Mente. A linguagem é uma extensão de capacidades biológicas
fundamentais da mente humana.
Searle – É impossível responder a essa pergunta em espaço tão curto, mas certas
considerações gerais podem ser mencionadas. Muitas pessoas acham que é
impossível ter pensamento sem linguagem, mas isso está claramente errado. Temos
agora uma enorme quantidade de evidências de que os animais são capazes de
apresentar pelo menos algumas formas simples de processos de pensamento. No
entanto, formas mais complexas de pensamento exigem algo como a linguagem
humana. Então, os seres humanos têm pensamentos de uma maneira que os animais
não têm. Um animal poderia sair de um labirinto de uma maneira que mostraria que
ele pode compreender a diferença entre um, dois, três e quatro caminhos, mas sem a
linguagem, um animal não pode saber que a raiz quadrada de 625 é 25. Existe,
Searle – Eu não gosto muito do termo “Pragmática”, porque ele sugere uma
distinção rigorosa entre Pragmática e Semântica, e eu não acredito que essa distinção
possa ser feita. Contudo, eu acredito que o estudo dos atos de fala e o estudo do uso
da linguagem é absolutamente essencial para a Lingüística e para a Filosofia da
Linguagem. Acredito que não seja possível começar a compreender o que é a
linguagem ou como ela funciona sem ver que a unidade fundamental do significado é
o que o falante quer dizer ao produzir um enunciado e que a unidade fundamental de
enunciados significativos é o ato de fala, especificamente, o ato ilocucionário, como
referido originalmente nos primeiros trabalhos de Austin.
Searle – Para uma boa coleção geral de artigos sobre a Filosofia da Linguagem, veja
os seguintes:
Austin, How to Do Things with Words, Cambridge, MA: Harvard University Press,
1962.
Grice, Studies in the Way of Words, Cambridge: Harvard University Press, 1989.
Martinich, A. P, The Philosophy of Language 4th edition, Oxford University Press,
2001.
Searle, Expression and Meaning, Cambridge University Press, 1979.
Searle, Speech Acts, Cambridge University Press, 1969.