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Texto 10. Como o Desenho Da Pessoa Humana Mostra Dificuldades Psicológicas
Texto 10. Como o Desenho Da Pessoa Humana Mostra Dificuldades Psicológicas
TEXTO 10
Quadro1 Traços e símbolos presentes em desenhos de PSJs com dificuldades psicológicas graves (IPs)
Traço (s) e código(s) correlativo(s) Interpretação simbólica usualmente associada ao
traço
01.Fuga ou afastamento do padrão Figura Símbolo de perda do padrão simbólico de pessoa
Humana**(lit): figura não humana, bizarra, humana. //Símbolo de mecanismos de clivagem e de
despersonalizada, zoomórfica, robotizada, monstruosa, identificação projetiva patológica, com
ou onde se perdeu o esquema corporal humano, por desorganização do ego, do objeto e vivências de
distorções. (AP:01.23, 01.14, 01.25; 01.28, 01.29, 01.30 esvaziamento e despersonalização.
e ES05.10)
02.Simetria confusa*(lit): confusão na simetria da Símbolo de labilidade, falta de equilíbrio emocional e
cabeça, dos membros, do tronco. (ES02.02) transtorno no controle dos impulsos, com pouca
crítica.
03.Perspectiva confusa*(lit) do corpo ou do rosto: pouca Indicador de distúrbio na capacidade de discriminação
noção de perspectiva, com torções nos perfis, ângulos e julgamento, e nas funções adaptativas e de ajuste à
de visão simultâneos numa figura, presença de realidade.// Símbolo de mecanismos de clivagem,
transparências raras, indicações de órgãos internos por unidos a mecanismos de identificação projetiva
transparência. (ES03.03, 03.04, 03.05; PF16.04, 16.06, excessiva.
24.08, 26.06)
04.Desenho com desproporções grosseiras* (lit) Símbolo de baixa integração de personalidade, com
(ES05.11) pobreza de equilíbrio entre impulsos e controle.
05.Figura que mostra pouca capacidade para Símbolo de pouca capacidade para as relações
contato*(lit): traços faciais e/ou braços frágeis, olhos interpessoais, narcisismo e contato débil com o
ausentes ou fechados, lesões em boca ou mãos. mundo exterior.
(AP02.03)
06. Desenho com pobreza de detalhes**, ou primitivo e Símbolo de indiferenciação em relação ao mundo
vazio (lit): desenho muito pobre, ou de figuras vagas, externo, com mecanismos de identificação projetiva
vazias, com limites imprecisos. (ES05.05, 05.06; excessiva, ou de recalcamento com isolamento do
PF24.01) afeto e mecanismos de anulação.
07. Figura com ausência de movimento, ou com Símbolo de presença de controle rígido e precário
movimento robotizado (lit): estática, ou com aparência sobre impulsos, ou de conflitos sérios, podendo tender
de homem de lata. (AP03.01 e 03.03) à despersonalização.
08. Figura desenhada de frente e em pé, mas muito Símbolo da perda projetada do equilíbrio físico, ou
inclinada (t/lit). (AP04.01) colapso da personalidade.
09.Figura inexpressiva, ou rosto com expressão Símbolo de falta de espontaneidade e de contato
vaga*(lit) (AP02.02, PF02.08.06) débil com o mundo exterior.
10. Desenho de linhas ambíguas ou vagas na folha de Símbolo de emocionalidade ou ansiedade livre, sem
papel, desenho de grafismos junto à figura, ou desenhos defesas intelectuais, mas traduzindo esforço para
espalhados por toda a folha (lit). (AP07.02, AP07.08, compensar a sensação da ruptura da comunicação
AP07.09) básica. //Símbolo de vivência de pânico, com clivagem
e fortes processos evacuativos, que indicam
desorganização e ataque às funções adaptativas de
ajuste à realidade.
11. Sucessão desordenada ou confusa* (lit) (ES01.02) Indicador de incapacidade de ordenação do
pensamento, com carência de autocrítica.
12. Ausência de correções e retoques em produção Símbolo de limitação das faculdades de avaliação e
medíocre ou menos* (TE06.01) correção, com critério pobre de realidade e reação
impulsiva aos estímulos.
13.Reações que fogem ao comum ao realizar a prova* Símbolo de alguma idiossincrasia que está manifesta
(Nenhum PSj-controle as apresentou. As reações todo o tempo, ou que tende a se manifestar em
variam, os códigos sendo exemplos). (TE07.01, 07.07, situação de estresse.
07.09, a 07.11; TE07.17)
14.Linha tremida* (todos os hospitalizados a Indicador de algum comprometimento do sistema
demonstraram) (TE05.06) nervoso.
15. Desenho com excesso de detalhes, rígidos e Símbolo de utilização de defesas rígidas e rotineiras
repetitivos em esquema corporal preservado contra emergência de conteúdos internos e/ou
(lit).(ES05.02) externos imprevisíveis.
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Ribeiro, Laura C. Texto 10. Como o desenho da pessoa humana mostra dificuldades psicológicas
16. Presença de detalhe muito raro: cabeça com forma Símbolos de coartação da capacidade de pensamento,
geométrica, ou demarcada como num retrato, ou com presença de fortes conteúdos de indiferenciação
buracos no corpo, ou mãos e pés zoomórficos, ou frente ao mundo; primitivismo, raiva/agressividade
roupas com detalhes estranhos, ou linha que corta o pouco socializadas, ou cisão.
desenho, etc. (lit) (PF01.13, 01.14, 02.07, 11.14, 22.14,
22.15, 30.01)
17. Cabeça somente (t / lit).(PF01.01) Símbolo de censura ao corpo ou às funções corporais.
18. Cabeça de tamanho pequeno ou c/ tratamento Símbolo do desejo de ignorar o cérebro como órgão
muito pobre (lit) (PF01.03) de controle dos impulsos.
19. Olhos com pobreza de desenho: omitidos, vazios, Símbolo de recusa do meio, ou de modo evasivo ao
sem os elementos centrais, ou pouco detalhados (1 ou 2 lidar com os choques da realidade.
elementos)* (lit) (PF03.05, 03.06, 03.07)
20. Nariz omitido (lit) PF04.06 Indicador de falha na visão concreta da realidade.
21. Boca omitida, ou em linha reta, ou interrompida, ou Indicador de falha na visão concreta da realidade
com dentes à mostra (lit) (PF05.04, 05.05, 05.06 e (omissão), ou de negação desta, ou de dificuldades
05.19) sérias com as trocas verbais.
22. Traços faciais somente, sem contorno do rosto (lit). Símbolo da dificuldade de colocar limites em relação
(PF02.06) ao mundo exterior.
23.Cabelos omitidos ou ralos* ou cabelos destacados da Símbolo de sentimento de impotência ou
cabeça (sem enraizamento). (PF08.09, 08.10, 08.11) inadequação, sentimento de perda de vitalidade ou
capacidade erótica.
24. Tronco omitido ou mal formado (largo /estreito Indicador de falha na visão concreta da realidade.
demais) (lit). (PF11.01, 11.15)
25. Genitais enfatizados em figuras desnudas ou Símbolo de extrema preocupação com função sexual,
vestidas (lit).(PF15.03) com ansiedade aguda e controle pobre de impulsos.
26. Ombros e braços representados de forma muito Indicador de falha no manejo cognitivo da realidade.
rara: ombros ausentes, braços saindo do pescoço ou do
tronco, ou mal inseridos, ou em forma de asas (lit).
(PF17.05, PF18.21)
27. Braços ou mãos omitidos*, total ou parcialmente Símbolo de incapacidade de contato social ou com
(lit). (PF18.01, PF19.01) objetos.
28. Braços ou mãos com tratamento muito pobre: em Símbolo de falta de confiança nos contatos sociais ou
uma dimensão, muito imprecisas (lit). (PF19.03, na própria produtividade.
PF19.05)
29. Pernas ausentes ou com tratamento pobre: mal Símbolo de falha no sentido de realidade, com
desenhadas*, longas e finas (t), imprecisas, mal dificuldades no crescimento, separação e busca de
colocadas (t), esquematizadas(t) (lit). (PF21.01, 21.02, satisfação de necessidades.
21.03 e 26.08)
30. Pressão forte ou flutuante (t/lit) Símbolo de agressividade, na forma de descarga de
(TE02.01, TE02.04) tensão, com impulsividade.
31. Indiferenciação sexual entre figuras (t / lit). Símbolo de indiferenciação pessoal e psicossexual,
(TD01.01, TD01.02) com dificuldades de reconhecer qualidades que
diferenciam as pessoas, por confusão ou indefinição.
32.Desenho de figuras que são pares antitéticos** (lit) Símbolo de funções pessoais (padrões mentais),
(TD05.01 e segs.) baseadas em relações objetais, que estão dissociadas
no sujeito.
33. Parte inferior do tronco ou roupa do sexo oposto Símbolo de dificuldades de diferenciação
com problemas de definição (lit) (TD02.16) psicossexual.
Vê-se com clareza a consistência teórica dos achados, na medida em que os traços feitos pelos
PSJs e seus símbolos são comparados com o conjunto de conceitos que descreve as dificuldades graves.
Em nossas pesquisas, obtivemos um quadro menos rico que Quadro acima, mas que indicou a perda da
noção de realidade, humana em especial (traços 01, 09). A desorganização pessoal se mostrou como
pouca integração (traços 04, 06, 11), e como clivagem e identificação projetiva (traços 03, 04, 32). A
individualização incompleta se revelou na indiferenciação pessoal e psicossexual (traços 19, 27, 29), no
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Ribeiro, Laura C. Texto 10. Como o desenho da pessoa humana mostra dificuldades psicológicas
narcisismo e pobreza de relações interpessoais (traços 05, 13, 19). Identificou-se sentimento de perda
de vitalidade e crescimento (traço 23). E o corpo como problema apareceu também na impulsividade,
no sentimento de recusa do corpo, e na organicidade (traços 02, 12, 14).
Foi esclarecedor que os desenhos de psicopatas compartilhassem com os psicóticos em crise os
traços que indicavam a perda da noção de pessoa humana, o transtorno do controle de impulsos e a
perda da capacidade de julgamento por identificação projetiva excessiva ou por impulsividade, mas não
a perda da vitalidade.
Esses dados podem ser comparados com os obtidos por Elsa Grassano (1977, p. 159-181), em
abordagem psicanalítica. A autora examina primeiramente a delimitação do objeto gráfico em relação à
folha, para inferir sobre a delimitação do mundo interno e externo do cliente. Em seguida, avalia as
características estruturais de cada objeto gráfico, para verificar a presença de funções de discriminação,
simbolização e capacidades de reparação e sublimação.
O tratamento dado à folha permite ver a emergência de identificação projetiva evacuativa
maciça, que se revela pelo "povoamento" da folha por minúsculos pequenos objetos.
As características estruturais da produção que permitem distinguir um funcionamento primitivo
de um funcionamento neurótico ou adaptativo apontam possibilidades opostas. Nas descrições
seguintes, a possibilidade anterior ao traço oblíquo (/) refere-se ao funcionamento primitivo (em geral,
psicótico); a possibilidade posterior a (/) refere-se ao funcionamento adaptativo ou neurótico. Como
você poderá ler no parágrafo seguinte, a neurose é assim vista como o normal, decorrente do mal estar
inerente ao processo civilizatório, e supõe mecanismos mais evoluídos de inter-relação.
As características estruturais mencionadas do funcionamento psicótico/neurótico são, pois,
respectivamente: a) a não/integração das partes, ligada à in/capacidade de integrar pensamento,
sentimento e ação; b) a não/delimitação em relação à folha por limites precisos e não fragmentados (a
fragmentação revelando pequenas zonas de identificação projetiva) nem excessivos (que revelam medo
da identificação projetiva possível); c) a não/presença das partes que exercem funções de comunicação
(olhos, mãos, boca); d) a não/presença de diferenciação sexual e pessoal; e) a presença de rigidez/ou
movimento harmonioso, a primeira até um nível em que pode haver desvitalização ou desumanização,
distinguindo-se a ausência de movimento do nível psicótico como ataques ao aparelho psicomotor, e a
dificuldade de movimento do neurótico como bloqueio, presença de recalcamento ou controle
obsessivo; f) a omissão/não omissão de partes, a in/completude dos desenhos, informando sobre a
capacidade e lidar com objetos precisos e diferenciados; g) a in/adequação lógico-formal das figuras
(perspectiva in/correta, tamanhos extremos/não), indicando a disponibilidade das aquisições evolutivas
básicas relativas ao controle, às noções de espaço, de autocolocação adequada no ambiente, etc..
Freitas Júnior (no Brasil, 1979) elaborou uma Escala simples para avaliação da Deterioração do
Desenho da Pessoa (EDDP), empiricamente, "sem base psicanalítica" (p. 3), que apresenta um total de
18 traços, destinados a identificar patologia grave.
Ele não analisa o tratamento dado à folha de papel, e seus indicadores são: (A) grande distorção
e perda da estrutura humana; (B) ausência de olhos, nariz, boca; (C) ausência de tronco, ou tronco
irreconhecível, ou muito largo ou estreito; (D) perda de proporções, e assimetrias acentuadas, na cabeça
e membros; (E) sexo da figura não identificável por caracteres secundários ou roupas; (F) linhas muito
recobertas ou fragmentadas; (G, H, M, N) braços, mãos e/ou pernas em uma dimensão, ou ausentes; (I)
tronco aberto em baixo; (O, R) representação dos órgãos genitais e de órgãos internos; (S) traços não
representantes (sic) no espaço interno, espaço interno cheio; (J) desvio axial maior que 10º; (L) linha
axial quebrada, assimetria no tronco; (P) boca aberta, representação de dentes; (Q) braços
perpendiculares ao solo, sem postura intencional; (R) rótula representada por círculo e (T) outros itens a
que atribui menor peso: pés com pontas concêntricas, olhos vazios ou em fenda, tronco e braços em
cruz, transparência nítida, ausência de indicação de roupa ou cabelo; contorno do tronco ondulado,
anomalias em mãos e dedos.
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Ribeiro, Laura C. Texto 10. Como o desenho da pessoa humana mostra dificuldades psicológicas
Há marcada superposição dos indicadores entre os dados de nossas pesquisas e as listas de Elsa
Grassano e de Freitas Jr. Os indicadores "ausência de correções em produção medíocre ou menos",
"linha tremida", "reações incomuns" e "cabelos omitidos ou ralos" não são apontados por eles. De
modo sintético, os indicadores comuns a todos nós são: ausência ou pobreza das partes que exercem
funções de comunicação; indiferenciação sexual; afastamento do humano; desproporção das figuras
(nos seus vários aspectos) e desvios flagrantes de simetria e perspectiva. Pela maioria dos traços
observados se referirem ao desenho globalmente considerado, vê-se que há razão lógica para se afirmar
que uma “avaliação de conjunto” dos desenhos informa sobre a situação psicológica do sujeito.
Não inserimos no Quadro alguns traços que os autores mencionados descrevem, pois os
consideramos pouco definidos: "não integração de partes" (por espaço entre elas? distorção? diferenças
de alinhamento?); "espaço interno cheio com traços não representantes, exceto estampado" (dá para se
supor que se trata de preenchimento exagerado com traços, mas é difícil discriminar, pois o próprio PSJ
pode dizer que se trata de estampado) e "braços perpendiculares ao solo sem postura intencional"
(como definir?). Os dois autores apontam também "linhas fragmentadas no contorno ou limite da
figura" e Freitas Jr. aponta "linhas repassadas". Entretanto, "linhas repassadas" apareceram em 52% do
grupo controle e do grupo de protocolos elite dos universitários, em nossas pesquisas. Embora possa ter
ocorrido problema de definição quanto ao montante de repassado, ou à sua forma, achamos mais
prudente não incluir esse indicador. As "linhas fragmentadas" foram raras, mas presentes em
porcentagem equivalente também nos controles (em torno de 10%). Dos traços de Freitas Jr., também
não confirmamos a linha axial quebrada, que foi encontrada com frequência nos protocolos normais.
O superdetalhismo aparece em vários outros autores e foi incluído na listagem. Os traços
"tronco irreconhecível ou ausente", "membro(s) em uma dimensão", "tronco aberto em baixo",
"omissão de partes", e "rótula representada por círculo" (Freitas Jr.) foram inseridos no Quadro porque,
além de registrados por outros autores, foram encontrados em nossas pesquisas, e na direção da
psicopatologia, somente que não num nível estatisticamente significativo. Na verdade, houve frequência
maior no grupo psicopatológico, mas não houve frequência alta desses traços nem no grupo controle (o
que seria contraprova) nem no próprio grupo psicopatológico. "Figura muito inclinada" mostrou-se
também um indicador potencialmente discriminativo. As figuras a seguir são exemplos de desenhos
feitos por pessoas-sujeitos (PSJs) que estavam com graves dificuldades psicológicas.
Figura 1. Desenho das duas figuras humanas em quadro de grave dificuldade psicológica
(Exemplo 1: A letra C, de cliente, refere-se a PSJ, pessoa-sujeito
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Ribeiro, Laura C. Texto 10. Como o desenho da pessoa humana mostra dificuldades psicológicas
Figura 4. Desenho das duas figuras humanas em quadro de grave dificuldade psicológica (exemplo 4)
A consistência teórica desses dados está também evidente. A segunda coluna pode ser
considerada como uma descrição, em símbolos, do quadro clínico depressivo, com perda e recusa da
Figura 5. Desenhos das duas figuras humanas em quadro de Figura 6. Desenho das duas figuras humanas em
depressão maior grave (exemplo 1) quadro de grave depressão maior (exemplo 2)
realidade (traços 01, 02, 10, 13); vivências
maciças de impotência e inadequação (traços
04, 05, 13, 24, 25; empobrecimento intelectual
e social, perda do interesse e prazer na vida e
nas relações pessoais (traços 03, 07, 08, 12, 17,
18; baixa do humor e sentimentos subjetivos de
falta de vitalidade e erotismo (traços 04, 05, 08,
14 e 23); culpabilidade (traços 12, 13, 22, e 24);
dificuldade com introjeções básicas (relações de
dependência) e seu correlato, maior valorização
do outro (traços 06, 11, 16, 19, 20), além da
baixa das defesas (traços 01, 15, 21 e 22).
Contudo, é importante notar-se que
esse quadro depressivo pode ser considerado
consistente relativamente ao episódio de
depressão maior, mas não pode ser considerado
relevante para as “neuroses depressivas” ou
Figura 7. Desenhos das duas figuras humanas em quadro de distimias, para a quais não conseguimos
depressão maior grave (exemplo 3) indicadores discriminativos.
Elsa Grassano (1977, p. 297) apresenta para “neurose depressiva” um conjunto de indicadores
que se superpõe em parte ao conjunto acima mencionado: figuras débeis, pobres, quietas, com
acentuação do tronco e cabeça, como acima, mas braços para trás, ou voltados para dentro. Nesse
último traço, pode-se ver a diferença entre o momento neurótico, com a motricidade íntegra, embora
afastada do contato, e o momento psicótico, como nos exemplos acima, em que se veem os ataques ao
aparelho psicomotor. Elsa Grassano acentua que, nos quadros neuróticos, a gestalt se apresenta
preservada, com predomínio do controle obsessivo (como, por exemplo, a acentuação da linha média),
e com uso de mecanismos compensatórios eufóricos (como, por exemplo, o “sorriso de palhaço”). A
figura tem aspecto mais humanizado do que no episódio de depressão, e tem expressão triste, mas não
o desalento extremo da melancolia.
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O conjunto de traços acima se mostra também rico, embora, em nossas pesquisas, grande parte
dos traços não tenha discriminado a crise eufórica num nível estatisticamente significativo. O
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afastamento psicótico da realidade está claro (traços 01, 03, 05, 14), mas mostrando as características
compensatórias próprias ao esforço maníaco (indicadores 02, 13, 15) ― euforia e alegria constante. No
nível interpessoal, vê-se o empobrecimento social (traço 04), conjugado às dificuldades com a separação
e autonomia (traço 09). Contrastam as vivências de inadequação (traços 07, 11, 13) e os fortes
transtornos no controle dos impulsos ― euforia, agressividade, labilidade (traços 01, 02, 03, 06, 08, 10).
A figura pequena e no alto da folha contrasta com a figura pequena e na parte inferior da página
dos depressivos. O traço figura pequena e no alto da folha é visto na literatura como símbolo de desejos
compensatórios da inferioridade e pouca valorização de si, colocação consistente com a literatura
psicanalítica, que descreve as defesas maníacas como defesas de negação onipotente da depressão.
Essas análises não negam o quadro orgânico que, por sua vez, não invalida a natureza dos processos
psicológicos simultâneos. A identificação de aspectos psicológicos pode inclusive auxiliar a identificar
quadros incipientes, ou mesmo, quadros em que somente aspectos psicológicos estejam presentes,
desacompanhados de outros sintomas.
O terceiro indicador ― figura pequena, com traços simples e com falta de proporção ―
compartilhado com os protocolos de depressão, é visto na literatura como símbolo de baixo nível de
energia e diminuição da força egoica. O baixo nível de energia poderia parecer contraditório ao excesso
de energia, de caráter maníaco. O exame dos traços ligados aos episódios maníacos que configuram
tendências auxilia a compreensão: "ombros geométricos", "pernas esquematizadas", "rosto sem
expressão", "pés omitidos", "falta de detalhes". Esses traços indicam, para além de seus significados
simbólicos particulares, uma esquematização da figura humana, um modo rápido e infantil de desenhar.
Inferimos, pois, que “baixo nível de energia” se refere à incapacidade de manter um nível de energia
adequado a ações mais complexas. Entretanto, adiante podem ser vistos desenhos que não se
enquadram nesses padrões ― estatísticas são probabilidades, mas não são leis!
O último traço digno de observação refere-se às linhas angulosas (indicador 06), que têm sido
vistas na literatura como símbolo de agressividade, crítica, tensão e rigidez. Viu-se que "ombros
geométricos" e "tronco anguloso" estão associados à síndrome eufórica. Voltando-se aos desenhos,
verificou-se que a maior parte deles apresentava troncos angulosos de tipo geométrico, e não angulosos
"fortes, musculosos". São desenhos que lembram esquematizações, as linhas retas e angulosas sendo
aspectos de um desenho pobre em detalhes, simetria e perspectiva. Pode-se supor, pois, que se trata de
agressividade de características infantis, primitiva, e não de uma conduta obstinada de crítica e rigidez.
Optou-se por acrescentar esses dados ao registro acima, fugindo à interpretação da literatura.
A literatura apresenta, também, um conjunto de traços que caracteriza o uso de defesas
maníacas. Estas envolvem mecanismos de negação da realidade, de idealização do poder, da alegria, ou
da bondade do objeto, de forma que o eu fica, assim, protegido do aparecimento da carência, dos
conteúdos negativos ou de atitudes depressivas. Na expressão facial, isto se mostra através da
expressão de cortesia forçada (PF02.08.03), dos olhos fechados (PF03.12), da boca de palhaço (PF05.10),
e da cabeça "cortada" (em que falta parte), mas preenchida pelo cabelo (supostamente, força vital ―
PF01.18). No corpo da figura, temos a dependência negada (variantes dos seios, como bolsinhos
PF12.05), a roupagem com desenhos "alegres" e "inofensivos" de coração ou flores (PF25.03, PF31.13),
os botões numerosos (PF28.02) que dão aspecto infantil ao conjunto, ou as minúcias que enchem o
desenho e impedem o sentimento do vazio (AP06.04)
Uma das PSJs internas, que denominaremos C.PSJ, escreveu uma história que merece ser lida:
História narrada por PSJ
Essa é minha filha, graças a Deus, que se chama...
É uma menina que vai completar 6 anos. É alegre, comunicativa, carinhosa, mas não
gosta de se alimentar bem.
Vivo preocupada com ela, tenho todos os cuidados necessários, mas meu maior medo é
que ela fique traumatizada por ter uma mãe que tem psicose.
Temo que ela não me respeite...
Essa é a árvore genealógica de meus antepassados, derramando bênçãos sobre ela .
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11. Tratamento diferente dado aos dedos: deformados ou Símbolo de incapacidade, conflitos e agressividade na
rígidos*, em lança ou garra*, zoomórficos, muito forma de satisfazer necessidades (v. cap. 5).
detalhados, que parecem pontas de asas (lit), em número
maior (t). (PF18.21, 19.15, 20.06/09/11/13/15 e PF 20.04)
12. Pernas e pés com tratamento não habitual: Símbolo de problemas sérios, com ambivalência,
desproporcionais*, em forma de pênis*, mal parados , t cerceamento ou dificuldades de controle frente ao
ausentes, mal desenhados, vazados e rígidos (lit). impulso para autonomia e necessidades de
PF21.01/02/05; 22.01/14-15) separação.
13. Presença de sinais de busca de referências corporais Símbolos do uso de referências concretas e infantis
(lit): ênfase na linha média, perfil enfatizado, articulações para completar o sentido imperfeito de identidade, e
destacadas, fileira de botões que não vem ao caso, botão das tentativas de lidar com a ameaça de perda de
único no umbigo. (ES02.03; AP04.10; PF23.01, 28.07-08) controle, com ênfase à dependência materna.
14. Traços faciais com elementos que chamam a atenção Símbolos das distorções nas relações interpessoais
(lit): (a) nariz muito grande, (b) língua de fora, (c) orelhas por incapacidade de regular: (a) trocas sexuais, (b)
enfatizadas. (PF04.02, 05.21 e 07.03) receptivas e (c) receptivo-passivas.
15. Genitais enfatizados (lit)(PF15.03) Símbolo de dificuldades sexuais.
16. Cabelo omitido ou ralo*(PF08.09/10/11) Símbolo de sentimento de impotência ou
inadequação, ou passividade ressentida, ou de
debilidade pessoal, ou de perda da capacidade
erótica.
17. Presença de indicadores de pouco controle: pressão Símbolo de instabilidade e impulsividade
flutuante (t), ausência de correções e retoques em
produção medíocre ou menos. (TE02.04, TE06.01)
18. Figura totalmente à esquerda (AP06.01) Símbolo de volta para si mesmo(a).
O conjunto de traços acima se mostra muito rico, embora, em nossas pesquisas, parte dos
traços não tenha chegado ao nível de significância estatística de 0,05. Vemos que o quadro simbólico
dos protocolos de sujeitos que
apresentam esquizofrenia
paranoide, além dos aspectos
globais de desorganização,
mostra uma personalidade
com transtornos na capacidade
de planejar e simbolizar
(indicadores 01, 02, 03, 04),
com dificuldades na ordenação
do pensamento (indicador 03),
problemas de afeto rígido ou
conflituoso (indicadores 05, 08,
09, 11, 14, 15, 18), com
presença de onipotência e
excesso de avaliação
(indicadores 06, 09a, 10, 12), e
parco controle (03, 08, 17). Há
indicadores que remetem à
divisão de objeto indicada pela
psicanálise (nºs 01, 04, 06).
Outros indicadores lembram a
dificuldade na aquisição da
autonomia e separação (nºs
07, 12, 13), e os sentimentos
de inadequação e impotência
(09b, 16).
Figura 7. Desenho das duas figuras humanas em quadro de esquizofrenia paranoide (ex. 1)
14
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Cabeça e rosto em geral. Personalidade esquizoide: Cabeça somente (PF01.01), cabelos destacados da
cabeça (PF08.11), boca pequena (PF05.02), olhos e orelhas enfatizados (PF03.01 e PF07.03), como
símbolos de recusa ao corpo, aos contatos, e ideias de controle e desconfiança.
Personalidade paranoide: Cabeça muito grande, ou pequena e redonda (PF01.05 ou 01.03.01), olhos
enfatizados, ou com pupilas grandes e escuras, ou em negrito no contorno, ou representados por ponto,
ou com expressão ameaçadora, de fixidez ou furtiva (PF03.01/ 02/ 03/ 09/ 19.02/ 19.03/ 19.04) e
orelhas enfatizadas (PF07.03), como símbolos dos problemas de controle, da ênfase no controle visual, e
das ideias de desconfiança.
Pescoço e tronco. Personalidade esquizoide: Pescoço comprido e fino em excesso (PF10.03) e tronco
fino (PF11.03), como símbolo de controle e distância entre pensamento e afetividade.
Personalidade paranoide: Pescoço com borrões (PF10.06) tronco anguloso (PF11.08), e ombros grandes
em desenhos de mulheres (PF17.04), como símbolos de conflitos de controle e ênfase no poder.
Braços. Personalidade esquizoide: Braços em direção ao corpo (PF18.04), para trás (PF18.10) ou
cruzados (PF18.16), como símbolos de fuga e defesas na relação interpessoal.
Personalidade paranoide: Braços cruzados (PF18.16), como símbolo de defesa na relação interpessoal.
19. Seios enfatizados na figura feminina, desenhados por Símbolo de relações de dependência conflituosas
homens** (TD02.08) Ver observação adiante. ou difíceis, por forte apego à imago materna.
20. Desenho de umbigo somente no sexo oposto (TD02.13) Símbolo de conflitos ou dificuldades nas relações
Ver observação adiante. de dependência, por forte apego à imago
materna.
21. Figura feminina com braços com maior possibilidade de Símbolo de valorização e idealização do outro,
alcance (t) (TD04.09) Ver observação adiante. com conflitos ou dificuldades nas relações de
dependência, por forte apego à imago materna.
17
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22. Acentuação de acessórios ou detalhes como símbolos Símbolos de conflitos quanto a guardar ou
específicos: roupa muito elaborada, com bolsos esconder, quanto à submissão à autoridade, à
enfatizados, botões de uniformes, ou capa protetora, ou interação com o outro, ao poder e agressividade
armas de fogo ou brancas, ou cigarro, etc. (PF24.03, 31.01, (ver símbolos específicos).
27.05, 28.03, 30.01, 31.06, 31.09)
23. Recusa ou incapacidade de completar o teste. (TE07.17) Símbolo de negativismo.
Vê-se que o quadro de símbolos próprios à psicopatia é consistente com a descrição psicológica
que se vem acumulando sobre a personalidade antissocial. O traço mais fortemente presente (75% do
grupo) é o desenho de par antitético. O mais extremo deles está apresentado abaixo: o primeiro
desenho, o do próprio sexo, apresentava um inseto - tipo percevejo, barata ou besouro ― e uma figura
humana do sexo feminino. Isso mostra uma cisão básica de personalidade, com divisão e oposição de
objetos internos (traços nº 01, 02, 03, 08), associada ao uso de mecanismos de identificação projetiva
maciça (traços 04, 10). O traço 01 mostra, inclusive, o processo de identificação projetiva indutora. (Veja
o estranhamento que causa o desenho, que seria de uma pessoa humana, ser um inseto ― o desenho
induz quem ver a sentir o estranhamento!)
O restante do quadro aponta para a dificuldade no controle de impulsos (traços 07, 09, 13) e
agressividade não controlada (traços 06, 11), ou usada como meio de controle do ambiente (indicador
05, 23). Há também forte problemática sexual (traços 10, 15, 16 e 17) e nas relações de troca (traços 12,
14, 18 e 22), aspectos descritos pela psicopatologia psicanalítica e expressos nos comportamentos
descritos pela psiquiatria clássica.
Figura 9. Desenho das duas figuras humanas em quadro clínico de psicopatia (exemplo 1)
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Figura 10. Desenho das duas figuras humanas em quadro clínico de psicopatia (exemplo 2)
Figura 11. Desenho das duas figuras humanas em quadro clínico de psicopatia (exemplo 3)
19
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5.1 Impulsividade
Se algum cliente apresentar indícios de psicopatia em seus desenhos, é adequado avaliar a
possibilidade de condutas impulsivas A abordagem mais segura que encontramos de impulsividade foi a
de Peter Oas (1985 a; 1985b). Ele define impulsividade como "comportamento que é socialmente
inadequado ou pouco adaptativo e que é rapidamente emitido, sem se pensar sobre ele" (1985a, p.
142). Assim distingue dois elementos - desadaptação e uma falha na mediação cognitiva (a mediação
cognitiva permite adiamento de resposta). Com isso, Oas exclui da definição comportamentos rápidos e
independentes de reflexão, mas adaptados, como os comportamentos intuitivos, os instintivos ou os
espontâneos.
O Quadro 5.1 começa com os 6 indicadores de Peter OAS (1985b), que foram testados pelo
Autor em amostras norte-americanas. O ponto de corte é preciso: se houver no desenho mais do que 3
(três) entre os 6 (seis) indicadores, existe baixa mediação cognitiva. Essa coexistiu, no mínimo em 93%
dos casos, com comportamento impulsivo. Como ainda não temos dados de nossa cultura, os
indicadores são aqui relatados para fornecer pistas ao clínico, e subsídios à pesquisa entre nós.
Em outras fontes, foram encontrados dois dos indicadores de OAS. Nelas, havia a indicação de
"impulsividade", além dos outros símbolos a que o traço gráfico remetia, e que informamos, na coluna
da interpretação simbólica. Nesses símbolos, vê-se que não há a mesma consistência do trabalho de
OAS; falta definir impulsividade como construto teórico. Entretanto, você pode observar que há
somente dois traços em que o conteúdo do desenho remete à impulsividade, que são as "narinas
acentuadas" e as "mãos muito grandes". Os outros quatro são de traçado. Isso é interessante, pois fala
de um aspecto da conduta que sofre menos a influência do processo individual de simbolizar, ou seja, de
mediação cognitiva. Não se criam símbolos corporais para a impulsividade, por assim dizer: é "a mão",
na rapidez de seu traçado, ou na força da pressão que exerce sobre o papel, que a “simboliza”,
malgrado o sujeito.
Quadro 5.1 Traços do desenho da figura humana associados à característica impulsividade
Traço (s) descrito(s) e código(s) Interpretação simbólica usualmente associada ao traço
01. Completação da tarefa em menos de 5 minutos. Símbolo de pouca capacidade de mediação cognitiva e
TE07.22 pouco adiamento e controle de respostas: agir sem pensar,
com reações desadaptativas.
02. Linhas que se superpõem em pelo menos duas das Símbolo de pouca capacidade de mediação cognitiva e
partes do corpo: cabeça, tronco, pescoço, braço, perna, pouco adiamento e controle de respostas.
pé. TE05.11
03. Simetria confusa (IP) ES02.02 Símbolo de pouca capacidade de mediação cognitiva e
pouco adiamento de respostas.
Símbolo de labilidade e falta de equilíbrio emocional (outras
fontes).
04. Desenho com não mais do que dois dos seguintes Símbolo de pouca capacidade de mediação cognitiva e
detalhes: óculos, sobrancelhas, pestanas, íris, olhos pouco adiamento de respostas.
sombreados, pupilas, fivela no cinto, pintura, joias, Indicador de diminuição da eficiência intelectual e do
roupas, estilo específico de cabelo. ES05.05 conhecimento realista do eu (outras fontes).
05. Um dos seguintes: olho(s) vazio(s), sem os Símbolo de pouca capacidade de mediação cognitiva e
elementos centrais, ou nariz omitido, ou amputação de pouco adiamento de respostas.
um dedo ou mais. PF03.07, ou PF04.06, ou PF20.03
06. Avaliação de qualidade do desenho pobre: Escala Símbolo de pouca capacidade de mediação cognitiva e
de Harris menor do que 36. Não temos códigos para pouco adiamento de respostas.
esse indicador.
07. Nariz com narinas acentuadas. PF04.15 Símbolo de agressividade.
08. Mãos muito grandes. PF19.02 Símbolo de agressividade e poder, com atuações, e
inaptidão nos aspectos mais refinados das relações sociais.
09. Traçado impulsivo ou agressivo TE01.04 Símbolo de agressividade, que pode ser compensatória do
temor à debilidade.
10. Pressão flutuante.(IP) TE02.04 Símbolo de instabilidade.
11. Linha fragmentada ou interrompida. (Somente se Símbolo de não discriminação por identificação projetiva,
predominante) TE05.05 com má delimitação entre o mundo interno e externo.
12. Linha peluda (se predominante). TE05.08 Símbolo de primitivismo e agressividade.
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impulsos e da sexualidade (ver traços adiante), coerentemente com a teoria psicanalítica. Se você quiser
se aprofundar, ou rever o assunto, leia sobre os traços gráficos considerados próprios às defesas de
sedução e repressão, na seção que finaliza este texto. Esclareça-se que os termos repressão e
recalcamento, embora de significado diferente, não sofreram distinção na literatura pesquisada e,
portanto, estão usados como equivalentes.
A preocupação fálica, também consistentemente com a teoria psicanalítica, está presente nos
desenhos de homens (indicador 04, sapatos em forma de pênis). Nos desenhos de mulheres, as “linhas
retas e angulosas” (indicador 06) provavelmente são equivalentes dessa preocupação fálica. Obtivemos,
no conjunto das tendências, tronco anguloso desenhado por mulheres (os desenhos angulosos obtidos
em hospitais mais geométricos e primitivos). Podemos, pois, dizer que um desenho feminino fálico mais
primitivo é expresso por linhas e ângulos e o mais elaborado demonstra uma suposta força física.
A análise das tendências acrescenta: labilidade e impulsividade, que se alternam ao controle dos
impulsos (traços 09 e 10); imaturidade afetiva regressiva (traço 01); inadequação para consecução da
autonomia (traço 07); e pouca capacidade de relação interpessoal, decorrente da intensificação do
narcisismo (traço 08). Todos esses traços são por demais conhecidos pelos psicólogos clínicos.
Quadro 6 Traços presentes em desenhos de PSJs com quadro de neurose histérica
Interpretação simbólica usualmente associada ao
Traço(s) e código(s) correlativos
traço
01. Olhos que vêm pouco: somente um ponto (t), ou pouco Símbolo de imaturidade afetiva regressiva ou
detalhados, ou olho(s) vazio(s), ou pequenos. PF03.09, campo limitado de visão.
03.05, 03.07, 03.10
02. Nariz em um só traço**, ou com outra forma de redução. Símbolo de repressão da sexualidade e de
PF04.10 presença de agressividade infantil.
03. Pescoço com problemas de desenho: fechado*, ou Símbolo de controle estrito da expressão dos
comprido e/ou fino em excesso, ou com borrões frequentes impulsos.
(lit). PF10.08, 10.03, 10.06.
04. Sapatos com forma de pênis (só para homens)** PF29.04 Símbolo de dificuldades sexuais, em geral por
sentimento de insuficiência.
05. Figura grande ou muito grande* (não válido para Símbolo de acentuação de si com desvalorização
universitário/as, cujos desenhos são maiores) AP05.02, do meio, de caráter compensatório, egocêntrico e
AP05.03 narcísico.
06. Predomínio de linhas retas ou angulosas em desenhos Símbolo de agressividade, crítica, e rigidez;
feitos por mulheres*; tronco anguloso. TE04.01, PF11.08 angulosidade é considerada “masculina”.
07. Pernas longas e finas (t) PF21.07 Símbolo de necessidade de autonomia, mas com
inadequação para consegui-la.
08. Figura que mostra pouca capacidade de contato (t), Símbolo de pouca capacidade para as relações
braços ou mãos omitidos; ou mãos imprecisas ou nos bolsos. pessoais: retraimento, algum narcisismo; contato
AP02.03, PF18.01, 19.01, 19.05, 19.09 débil com o exterior.
09. Desenho com detalhes pobres (t) ou figuras semelhantes Símbolo de diminuição da eficiência intelectual,
,
demais por pobreza de desenho. ES05.05, TD01.02 impulsividade, uso de mecanismos de repressão e
negação e indiferenciação pessoal e psicossexual.
10. Pressão flutuante (t) TE02.04 Símbolo de impulsividade e instabilidade.
11. Desenho com gestalt preservada e aparência harmoniosa Símbolo de aquisição dos mecanismos de
(t) Sem código; aguardando estudos posteriores repressão como ganho evolutivo, discriminação,
reparação, sublimação.
12. Separação entre cabeça e corpo (lit): cabeça somente, Símbolo de distanciamento entre pensamento e
sem corpo; ou espaço entre ambos; ou cabeça com traçado afetividade e sexualidade, com defesa de
mais evidente do que o do resto do corpo. PF01.01/07/10; repressão.
ES05.19
13. Traços de sedução no rosto(lit): rosto com expressão Símbolo de uso de defesas de sedução, podendo
sedutora; ou olhos sedutores ou furtivos; ou olhos haver hostilidade subjacente (se os olhos são
enfatizados, ou boca com lábios grossos na figura masculina furtivos ou muito enfatizados por repasse).
desenhada por homens (lit). PF02.08.02, 03.01, 03.19.08,
05.14 e 03.19.04
22
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Vê-se que a literatura apresenta uma descrição que enriquece os nossos dados de pesquisa que,
em relação a essa síndrome, mostraram-se pobres.
Reforçam-se os indicadores de distanciamento entre pensamento, afetividade e sexualidade
(traços 12 e 16), a importância dada aos mecanismos de sedução (traços 13, 14, 15 e 19) e a simultânea
dificuldade com a sexualidade (17).
Esses traços recebem a contrapartida, na relação objetal, da busca ansiosa (22, 23) de ligação
fusional entre pessoas (traços 20 e 21).
23
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(símbolo de controle frágil e baixa de Nariz enfatizado, muito grande ou com deformações. Na angústia
humor). de castração, ênfase "para menos": PF04.04 a 07-Nariz curto e/ou
pequeno, cortado, omitido, sombreado.
3. PF08.10- Cabelo ralo 3. PF08.02/09/13/14; PF09.06. Cabelo enfatizado por sombreado,
Cabelos
(símbolo de baixa erotização). omitido, tipo capacete ou boné, ou em penteado vazio; barba
apenas delineada (símbolos da baixa erotização disfarçada, ou do
esforço compensatório para negá-la).
4. Nada a assinalar. 4. PF7.04- Orelha de asno (evidente).
Orelha
cinto ou faixa bem elaborado(a); também na angústia de castração, como símbolo de mutilação.
ligação
contatos, desconhecimento preciso de (IP), imprecisas (IP), com dedo(s) amputados, ou o polegar ou
como conduzi-los.) indicador com traçado especial. (IP)
(Símbolos da incapacidade ou limitação no atingir os alvos; na
angústia de castração, mais os símbolos de mutilação).
10. PF26.01/07- Calças com ênfase na 10. PF21.13- Pernas enfatizadas desenhadas por mulher.
braguilha ou com transparência nas PF26.05/07- Calças enfatizadas por realce ou estampado, com
Pernas/
calças
pernas e sombreamento nestas. transparência nas pernas e sombreamento nestas. (Símbolos das
(Símbolos de dificuldades de dificuldades na afirmação psicossexual).
afirmação psicossexual)
11. PF22.01/07/09/10 - Pés 11. PF29.04- Sapatos em forma de pênis e enfatizados.
Pés/ sapatos
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12. PF24.06- Roupa sombreada 12. PF27.03- Paletó ou jaqueta com gola destacada em figura
Roupa (Símbolo de ansiedade com aparência) desenhada por homem. (Símbolo fálico deslocado)
13. PF28.08, ES02.03- Fileira de 13. PF28.04, ES05.22. Botões em linha média, e linha média
média
Linha
botões e ênfase na linha média vaga na parte inferior do desenho (símbolos da ênfase ao eixo
(símbolos da ênfase ao eixo central.) central, que pode sofrer deslocamento fálico) .
14. PF31.11- Condecorações, 14. PF30.09 / 11. Ênfase na gravata, ou gravata curta e
símbolos de reconhecimento social. imprecisa.
Símbolos
(Símbolos sociais de caráter fálico, Na angústia de castração, PF31.05- Armas brancas, símbolos
podendo tomar forma de um dos fálicos e de retaliação.
extremos - ou pequenez, ou
compensação)
15. AP01.09 / - AP01.26 15. AP01.06/10/12 a 14/20/21, TD05.10. Figura de velho, de
Estereótipos em geral e figuras caipira ou jeca, de corcunda, de boneco(a), ou figuras fracas, ou
Tema
abstratas, como meios simbólicos de personagem ridículo, ou figura parcial. Ainda desenho em que há
fugir à autoexposição. numa mesma figura características opostas. (Símbolos de
pequenez ou em que há esforços compensatórios)
16. AP03.07, AP04.03/ 06. Figura 16. Nada a assinalar.
Postura
margem inferior do papel como solo, (Símbolos da pequenez imaginada, e do esforço compensatório).
ou desenho de chão (Símbolos da
necessidade de apoio efetivo ou no
concreto).
18. TD01.13- Indicadores 18. TD02.14, TD01.08. Quadris grandes ou enfatizados na figura
Indicadores
de gênero
masculinos excessivos na figura feminina, desenhados por homens, ou figuras com sexo
masculina feita por homem identificável, mas a figura masculina parece feminina.
(Símbolos da redução da masculinidade)
19. TD04.01- Figura do sexo oposto 19. TD04.01 /02 - Figura do sexo oposto desenhada em primeiro
Ordem
Além disso, a natureza da angústia que se pode depreender dos traços é diferente: na
insegurança, a angústia ligada à autoafirmação social tem caráter de medo (traços 1 e 15), com
preocupação pela base ou pela integração do agir (11, 12, 13, 16, 17), enquanto na inferioridade essa
"falta" sentida pelo sujeito toma a direção fálica (rosto fálico, base fálica, roupas fálicas: indicadores 02,
11, 12, 14), ou, na angústia de castração, a direção da impotência extrema, expressa nas mutilações.
Paradoxalmente, essa direção fálica pode ser considerada como um eixo, em que o sujeito
flutua, às vezes apresentando o lado da autodepreciação, às vezes apresentando o lado do esforço
compensatório (este, praticamente ausente na insegurança) - veja os indicadores 04, 06, 07, 15, 17.
Pode-se perceber essa flutuação de forma ainda mais clara quando o sujeito coloca, na mesma figura,
características opostas; por exemplo, figura pequena, mas muito forte, ou figura muito pequena, mas
muito no alto da página.
Um último aspecto merece atenção, como aspecto a ser pesquisado — na insegurança,
registram-se traços ligados à baixa de humor (indicadores 02, 04) e traços que mostram uma
interferência na psicomotricidade propriamente dita (indicador 21). Na inferioridade, ao contrário, a
angústia é expressa como ansiedade psicológica propriamente dita, especialmente com uso do
sombreamento. Isso pode indicar correlatos corporais diferenciados para as duas situações.
9.1 Ansiedade no desenho das duas figuras humanas.
Na literatura, os 27 traços de ansiedade encontrados podem ser agrupados em conjuntos.
Sombreamento. O conjunto mais significativo é o que se refere à presença de sombreamento,
quer quando aparece em pontos específicos do desenho (PF02.03, 08.03, 11.06, 13.02, 25.05, 26.05 —
sombreamento nos traços faciais, nos cabelos, no tronco, na cintura, nas saias, nas calças), quer quando
aparece como característica geral do desenho ou do fundo (AP07.02, ES04.01 a 04 — desenho de linhas
vagas na folha, presença de sombreamento estilizado, ou luz e sombra, ou em todo o corpo).
Esse sombreamento pode aparecer também como característica do próprio traçado, pois a linha
reforçada ou repassada, ou a linha em avanços e recuos (TE05.04 / 03) são linhas sombreadas. Inclusive,
os traços TE06.07 e TE01.03 — presença de borrões, reforço do traço, sombreado e concentração na
tarefa — mostram com clareza esta interseção. Para um estudo mais detalhado da natureza da
ansiedade detectada no DFH, remetemos a Handler (1964; 1967; 1984), onde se apresentam
procedimentos de controle e para fazer a distinção entre a ansiedade causada pela tarefa de desenhar e
a ansiedade causada pelos conteúdos desenhados, além dos indicadores (que foram incorporados nos
textos do site).
Traçado indeciso ou retocado. Agrupamos nesse título os traços que demonstram que o sujeito
tem dificuldade em se afirmar, do ponto de vista psicomotor, a saber: uso de borracha e retoques
sucessivos (PF01.20), os traços indefinidos e fragmentados (PF02.07, TE05.05), a pressão fraca (TE02.02),
a amplitude pequena (TE03.02), a linha com algum pequeno tremor (TE05.07).
Seios enfatizados. Dos traços relativos ao desenho, a ênfase nos seios foi o único traço que
chamou mais a atenção, por aparecer em referência tanto à figura masculina (PF12.04- seios na figura
masculina), como à feminina (TD02.08- seios enfatizados na figura feminina desenhados por homens).
Outros traços são ainda vistos como indicadores de ansiedade: braços pregados ao corpo, pés omitidos,
figura pequena, ou na metade inferior.
10. Traços associados a ambivalência
A ambivalência é definida por Laplanche e Pontalis (1977) como "presença simultânea, na
relação com um mesmo objeto, de tendências, atitudes, e de sentimentos opostos, por excelência o
amor e o ódio" (p. 49). Ela é vivida pelo sujeito como oposição não dialética (p. 50) e é relacionada a
várias fases do desenvolvimento afetivo, as defesas resultando em modos sucessivos de tentar lidar com
sua presença. A presença de ambivalência, no desenho das figuras humanas, é identificada pela
presença simultânea de características opostas, no conteúdo, no estilo de ação de PSJ e etc.. E pode se
referir a aspectos variados do relacionamento objetal, não sendo restrita ao par amor-ódio. Embora,
evidentemente, seja sempre possível fazer a redução a esse par de opostos.
Quanto ao conteúdo, os traços que mais facilmente a expressam são os referentes aos
membros: braços em negrito ou sombreados (PF18.07) expressa o conflito entre projetar-se e retrair-se,
29
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Ribeiro, Laura C. Texto 10. Como o desenho da pessoa humana mostra dificuldades psicológicas
na medida em que os braços aparecem, realçam, mas realçam "mal". também um braço para a frente e
outro para trás (PF18.12) mostra a presença simultânea da evasão e da possibilidade de contato. Uma
outra forma de aparecimento desse desejo de contato em oposição ao desejo de fuga do contato se
mostra no traço figura de costas ou parcialmente de costas (AP04.07).
Pernas de tamanho diferente entre si (PF21.05), pés em sentidos contrários (PF22.10), ou pés
para dentro (PF22.12) remetem ao conflito de ambivalência quanto à autonomia, pois na primeira
situação não se equilibra o andar, porque não se "sabe o tamanho do passo que se pode dar"; na
segunda, não se sabe a direção a tomar e, na terceira, se atropela o caminhar.
Quanto ao estilo de ação, há duas atitudes diversas, que carregam significado semelhante: a
dificuldade em dar o desenho por terminado (TE07.21), ou completar a tarefa em menos de 5 minutos
(TE07.22). Na primeira, o sujeito se esforça na reparação, mas nunca acredita que ela foi eficiente (para
que?); na segunda, o sujeito aquiesce em fazer a tarefa, mas dela se livra rapidamente, evitando o
contato depressivo no sentido kleiniano, que o colocaria em cheque com suas tendências hostis. E
sempre, nesses casos, tem-se à disposição a "des-culpa" pronta, pela "rapidez" com que foi feita a
tarefa. A ambivalência pode aparecer ainda de outras formas, como em PF03.19.05, olhos bem
trabalhados com expressão lamuriosa, em que o esforço de reparação se choca com a tristeza no/pelo
trabalho. Você, tendo tomado contato com esses exemplos, ainda dispõe de uma categoria ampla,
TD05.10, desenho em que há numa mesma figura características opostas, para casos análogos.
11. Traços associados ao uso das várias defesas1.
Existe um capítulo exaustivo sobre Defesas nos testes gráficos, no livro de Ocampo (1981), onde
Elsa Grassano aborda as defesas de forma compreensiva e global. Segundo ela (p. 205 e seguintes),
deve-se compreender que as defesas podem ser vistas de fora, como modos repetidos e relativamente
fixos de uma pessoa lidar com situações de relacionamento. Mas as defesas podem também ser vistas
de dentro e, de dentro, elas não são "mecanismos" — são fantasias que têm força de realidade e de lei
para a pessoa.
Na base desconhecida da conduta dita "defensiva", a pessoa supõe algo, a respeito de si, ou do
outro, que desencadeia uma forma de proteger a pessoa, ou o vínculo que valoriza, de determinado
mal. Essa forma de agir tem finalidade de equilíbrio, em geral finalidade desconhecida para a pessoa,
embora também faça com que a pessoa não entre em relação com sua verdade.
Essas fantasias formam um verdadeiro complexo de representações fantasmáticas, sobre si,
sobre suas qualidades de inteireza, fragilidade, e sobre suas próprias qualidades de bondade ou
maldade, e fantasias correlativas sobre a(s) outra(s) pessoa(s), supondo uma aposta sobre a natureza do
vínculo que se vai formar e como controlar esse vínculo, para que não se manifestem nem os aspectos
temidos do vínculo, nem os efeitos que esses aspectos temidos causarão a si e ao vínculo (p. 206).
Mais ainda, essas defesas vão-se se estruturando ao longo das interações vividas pelo sujeito na
realidade e na subjetividade (suas "séries complementares"). Entretanto, isso ocorre de acordo com
certa tendência evolutiva, que vai do extremismo de avaliação para maior parcimônia (como na
dimensão persecutório → mau → real); da cisão para maior integração (como na dimensão
desintegração ou clivagem → dissociação → ambivalência); e da indiferenciação para a discriminação
entre interno e externo (como na dimensão identificação projetiva → projeção → controle excessivo dos
aspectos projetados → controle adaptativo da projeção).
Pois bem. Elsa Grassano descreve cada defesa, dentro da organização evolutiva que ela advoga,
esclarecendo a dinâmica interna do complexo de fantasias, e mostrando como essas defesas se
manifestam nos testes gráficos. Aborda as defesas psicóticas, de clivagem e identificação projetiva
excessiva; as defesas psicopáticas da identificação projetiva indutora; as defesas esquizoides, de
dissociação, idealização, negação e controle onipotente; as defesas maníacas, de transição para a etapa
depressiva; as defesas obsessivas e ligadas ao recalcamento, como deslocamento, inibição, além do
recalcamento em si, quando já há preocupação pelo vínculo; e as defesas mais adaptativas, como
reparação e sublimação.
1 Atualmente, não uso mais o termo defesas do ego, tendo-o substituído por operações de defesa contra a verdade.
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Psicologiaclinicatextos.com.br: Coletânea de textos sobre o desenho da pessoa humana. Inserido em 12/2014
Ribeiro, Laura C. Texto 10. Como o desenho da pessoa humana mostra dificuldades psicológicas
Optamos por remeter você à leitura do capítulo de Ocampo (1981), indispensável para quem
estuda expressões gráficas em geral, e apresentar somente aspectos não abordados ali, ou aspectos
onde os dados a que conseguimos ter acesso fossem mais numerosos, permitindo um acréscimo real de
repertório. Isso se deu nos mecanismos de defesa da evitação, de fuga pela fantasia, de
intelectualização, de recalcamento, de sedução, de compensação e de reparação e sublimação, esses
dois últimos sintetizando características dos protocolos normais. Para cada um elaboramos um Quadro,
em que apresentamos os traços relatados pela literatura e a rede simbólica a que cada conjunto de
traços está associada. O primeiro deles se refere à evitação.
11. 1 Evitação
A evitação não é considerada um "mecanismo inconsciente de defesa do ego", mas um processo
em que a pessoa se afasta de situações quaisquer, para não viver situações potencialmente punitivas —
uma conduta de autoproteção. Nesse sentido, é modificação da reação de afastamento e forma direta
de lidar com a tensão. A evitação é o afastamento ligado ao medo antecipatório de novas frustrações,
sendo considerada reação aprendida, decorrente de condicionamentos restritos e fortuitos. A evitação
pode ser, ou não, uma solução realista para um problema. Numa direção menos adaptativa, está
presente nas fobias, sendo, na prática, seu aspecto comportamental. Podendo estar associada
internamente a deslocamentos de angústia. É evidente que se encontram aspectos psicológicos2
inconscientes nas reações de evitação, podendo haver um complexo de fantasias sobre um vínculo
específico.
No caso do desenho da figura humana, os indicadores de evitação mostram aspectos diferentes
que a pessoa pode estar evitando — esses aspectos são objetos, internos ou externos. Em geral, toda
falha no desenho indica aspectos evitados. Na primeira coluna, apresentamos alguns traços gráficos que
mostram evitação. Você poderá usar essa lista para compreensão, o que lhe permitirá descobrir outros
traços de significado análogo, presentes nos desenhos que examinar. Vê-se, pela análise da coluna 2,
como os símbolos expressam, metaforicamente, esses objetos, internos ou externos.
Quadro 10.1 Formas de representação de evitação (literatura).
traços apresentados pela literatura Rede simbólica associada
PF02.01/02. traços faciais omitidos ou pouco claros, com Símbolos ligados ao fugir à comunicação (traços
contorno do rosto bem feito. faciais pobres), em oposição à ideia de limite
entre eu e mundo (contorno forte).
PF03.05/07. Olho(s) vazio(s), sem elementos centrais, ou Símbolos ligados ao ter olhos, mas não ver (a
pouco detalhados. realidade).
PF18.10, PF19.08/09- Braços para trás, mãos para trás ou Símbolos ligados à evitação do contato social, do
nas costas, ou nos bolsos. identificar-se.
PF01.01, PF15.05, ES05.07. Cabeça somente, sem corpo; Símbolos ligados à evitação do corpo ou das
genitais ausentes ou pobres em figuras desnudas; pulsões corporais.
esquematismo da figura.
AP1.01. Figura humana do próprio sexo, de idade mais Símbolo associado à evitação das
jovem do que Pr. responsabilidades e desafios da vida adulta.
AP01.09, AP01.28. Estereótipos em geral; desenhos Símbolos ligados a evitar expor-se (por PSJ ter
monstruosos. usado da dissimulação).
AP04.07/09/11. Figura de costas, parcialmente de costas, Símbolos ligados a evitar expor-se (de forma mais
de perfil; de frente, com cabeça em outras direções. direta).
AP05.06, TE03.02. Figura pequena ou amplitude pequena. Símbolos ligados à evitação da autocolocação no
meio.
TE07.22- Completar a tarefa em menos de 5 minutos. Símbolo ligado à evitação do contato depressivo
com a tarefa e o/a psicólogo/a.
11.2 Fantasia
A fantasia é definida por Laplanche e Pontalis (1977) como "encenação imaginária em que o
indivíduo está presente e que figura, de modo mais ou menos deformado pelos processos defensivos, a
realização de um desejo e, em última análise, de um desejo inconsciente". E distingue as fantasias
conscientes das inconscientes, embora ambas tendam para a satisfação pela ilusão, como os sonhos
diurnos são de estrutura comparável aos sonhos propriamente ditos. Segundo Coleman (op cit., p. 132),
a fantasia é "desencadeada por desejos frustrados e decorre de imagens mentais associadas à satisfação
de necessidades", podendo ser construtiva, quando leva à resolução dos impasses de vida do sujeito, ou
improdutiva, quando é substitutivo para o esforço de resolver problemas na realidade.
No desenho da figura humana, o termo "fuga pela fantasia" conota certo exagero de
representação no desenho, que pode estar ocorrendo, ou não, na realidade. O critério para identificar o
improdutivo da fantasia vem da observação de quanto a fantasia deformou a produção como conjunto,
ou a enriqueceu. E do inquérito, ao conversar com o cliente sobre os "exageros" observados.
Quadro 11.2 Formas de representação da fuga pela fantasia (literatura)
traços apresentados pela literatura Rede simbólica associada
PF01.05, PF01.05.02. Cabeça de tamanho Símbolos ligados à valorização do mental, e da
desproporcionalmente grande, ou muito grande, mas imaginação.
com forte conteúdo fantástico.
PF06.02, PF18.05, PF12.05- Queixo enfatizado na figura Símbolos ligados à ideia de poder e aparência
de perfil; braços fortes ou largos; variantes dos seios: socialmente valorizada.
acentuação da musculatura.
PF18.11- Um braço para cima e outro para baixo. Símbolo ligado à ideia de flexibilidade.
PF21.04, PF21.06. Pernas incompletas ou ausentes por Símbolos ligados à ideia de autocolocação grandiosa.
não caberem no papel; pernas longas e grossas.
PF08.01-Cabelo enfatizado. Símbolo ligado à ideia de força erótica disponível em
quantidade.
AP01.09, AP03.08. Estereótipos em geral, ou grande Símbolos ligados à ideia de fuga e de identidade
quantidade de movimento. imaginária (estudar a simbólica do estereótipo).
AP05.01/02/03- Figura grande saindo do papel, muito Símbolos ligados à ideia de grandiosidade.
grande, ou grande.
AP04.09, AP02.01, AP02.09. Figura de perfil total; com Símbolos ligados à ideia de fuga, e de excesso de
expressão autista ou agressiva bloqueada. fantasia, que dificulta ou impede o contato.
TE06.07- Presença de borrões, reforço do traço, Símbolo ligado à ideia de imaginação concomitante à
sombreado e concentração na tarefa. tarefa.
AP06.04, AP06.07. Figura na metade superior (IP) ou no Símbolos ligados à ideia de centração em
quadrante superior esquerdo. pensamentos e ideias.
AP07.04, ES05.01. Desenho de paisagem como fundo ou Símbolos ligados à ideia de expansão imaginativa.
desenho minucioso e com excesso de detalhes em
esquema corporal preservado.
PF24.03, PF24.04. Roupas muito elaboradas (B) ou Símbolos ligados à ideia de valorização narcísica da
que cobrem muito o corpo. aparência.
PF25.03, 26.09, PF27.02. Saia curta; calças curtas; Símbolos de uso da sensualidade como meio de obter
blusa com decote profundo ou enfatizado. atenção.
PF31.01, PF31.15. Acentuação dos acessórios em Símbolos da ideia de valorização da aparência.
detrimento da roupa; joias.
AP04.02- Figura de frente, mas não de pé. Símbolo da sensualidade para obter atenção.
11.5 Intelectualização
É definida como "processo de eliminar a carga afetiva de situações dolorosas, ou separar
atitudes incompatíveis, através de compartimentos lógicos" Coleman (op cit., p. 146). Assim, seria uma
forma híbrida de dissociação, isolamento emocional, e uso do pensamento racional a serviço da defesa
contra o afeto.
Quadro 11.5 Formas de representação de intelectualização (lit).
Traços apresentados pela literatura Rede simbólica associada
Ênfase na cabeça, por: esquematismo da figura, ou Símbolos ligados à ideia de valorização do mental e
por cabeça de tamanho grande demais, ou intelectual em detrimento do pulsional.
enfatizada, ou com parte frontal ou occipital
volumosa. ES05.07, PF01.05, PF01.06, PF01.15
Simetria excessiva e rígida. ES02.04. Símbolo ligado à ideia de controle do espontâneo.
Desenho de fundo estruturado ou diferenciado. Símbolo ligado à ideia de controle da autocolocação no
AP07.03 ambiente.
Cabelo com franja. PF08.16. (símbolo paradoxal) Símbolo ligados à maior valorização do pulsional que
simultaneamente serve para ocultar.
Pescoço comprido e/ou fino em excesso. PF10.03. Símbolos ligados à ideia de distância emoção—razão.
Livros. PF31.16. Símbolos ligados à ideia de valorização do mental.
11.6 Compensação
Coleman (op. cit., p. 146) diz que a compensação é um mecanismo pelo qual se disfarçam
fraquezas acentuando traços desejáveis, ou pelo qual se diminui a frustração numa área através de
excessiva satisfação em outra. tem semelhanças, pois, com a fuga pela fantasia, pelo seu caráter
excessivo (vejam-se as superposições entre os indicadores de fuga pela fantasia e compensação). Ao
mesmo tempo, consiste em um mecanismo que, quando mais elaborado, permite realizações
produtivas e um reequilíbrio realista da personalidade.
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Ribeiro, Laura C. Texto 10. Como o desenho da pessoa humana mostra dificuldades psicológicas
PF11.03, PF11.11, PF17.02 a 04. Tronco fino ou com Símbolos ligados à ideia de poder e dominância
contorno duplo ou indefinido; enfatizado ou destacado sociais.
por músculos; ombros pequenos consertados como
grandes; ou grandes, feitos por homens ou mulheres.
PF27.06, PF30.10, PF31.19. Bolsinho com lenço Símbolos ligados à ideia de ponta, poder, falo,
enfatizado; gravata flutuante; símbolos fálicos. compensação por inferioridade real ou fantasiada.
AP07.08, TE06.07. Desenho de grafismos junto à figura; Símbolos ligados à ideia de compensação pelas
presença de borrões, reforço do traço, sombreado e dificuldades na comunicação, ou de fantasia no agir.
concentração na tarefa.
AP01.18. Figuras de divindades, ou de religiosos. Símbolos ligados à ideia de poder sublimado.
Klein, a sublimação é processo vinculado à reparação, pois a preocupação com o objeto leva à inibição
da pulsão e à busca de formas mais trabalhadas de direcioná-la.
Da mesma forma que a reparação autêntica, a sublimação efetiva não tem caráter de excessiva
fuga à pulsão, nem de negação da mesma, e nem caráter compulsivo — é simples transformação de fim.
Na verdade, na sublimação efetiva, há gratificação da pulsão, mas sua finalidade é tornada refinada,
benéfica, meio de realização para o sujeito, produtiva para o conjunto social humano.
12. 3 Criatividade
A sublimação efetiva expressa a criatividade humana. No desenho da figura humana, quando
falamos de criatividade, não estamos dizendo da habilidade artística de criar um desenho. Estamos nos
referindo à flexibilidade e à realização de um potencial humano, dentro de uma condição dada.
Portanto, estamos falando da capacidade do desenhista de criar uma apresentação de figura, um tema
gráfico e uma história, que expressem uma existência humana mais integrada, onde se demonstre o uso
das possibilidades do ambiente de forma realista e flexível.
No desenho da figura humana, pela teoria e prática acumuladas, a reparação e sublimação
verdadeiras se mostram pela "atitude depressiva adaptativa", isto é a "preocupação em realizar a tarefa
adequadamente, o clima emocional de introspecção, a autocrítica, a valorização adequada" (op. cit., p.
310), e pelas características globais do desenho: objeto inteiro, completo, delimitado, mas em interação
possível com o mundo externo, integrado nas suas partes componentes, harmonioso e flexível, sem
exageros. E pelas características da história, de expressar um destino humano que combina com as
limitações reais do cliente, mas que aproveite as possibilidades inerentes a elas.
Naturalmente, essas características sofrem mediação cognitiva dos processos de simbolização,
planejamento, formação e memória do protótipo humano, como se viu nos primeiros textos. O Quadro
11 mostra os traços gráficos que indicam uma capacidade de reparação, simbolização e sublimação
normais, isto é, próprias à maioria das pessoas que não demonstraram ter dificuldades psicológicas
(coluna da esquerda), e os traços que demonstram um potencial reparatório mais elevado (coluna da
direita).
Quadro 12 Formas de representação das capacidades de simbolização, reparação,
sublimação e criatividade (protocolos normais)
Traços que indicam capacidades de simbolização e Traços dos protocolos que indicam maior
reparação comparáveis às da maioria das pessoas mediação cognitiva
PF01.02 ou 04 – Cabeça de tamanho normal ou grande PF01.00 - Cabeça muito bem representada.
PF02.00 - Rosto e traços faciais completos PF02.00.01- Rosto proporcional.
PF03.00 - Olhos: representação modal PF03.00 - Olhos: representação elite
PF06.00- Queixo: representação modal. PF06.00.01/02- Queixo e testa bem
representados.
PF7.01- Orelhas omitidas. PF07.00- Orelhas bem representadas.
PF08.00- Cabelos: representação completa. PF08.00 ou PF08.19- Cabelos bem desenhados,
PF08.07- Cabelos chamativos para adornar (mulheres). com cuidado e PF09.01- Sobrancelhas bem
penteadas.
PF10.00, PF11.00, PF12.00.01/02, PF13.00, PF14.00 - Idem
Representação modal de pescoço, tronco, região do peito,
cintura, quadris e nádegas.
PF17.06- Ombros enfatizados. PF17.00- Ombros: representação completa.
PF18.00- Braços: representação modal. PF18.00- Braços: representação modal.
PF19.00 e PF20.00- Mãos e dedos completos. Mãos em perfil.
PF21.00- Pernas: representação modal PF21.00- Pernas: representação modal.
PF21.17- Pernas separadas formando paralelas.
PF22.00 ou PF22.10- Pés em sentidos contrários. PF22.00- Pés bem representados.
PF23.00- Articulações: representação modal. Idem
PF24.00, PF24.03 e PF31.00- Roupa: representação modal, Idem
ou roupas muito elaboradas e com representação modal de
acessórios.
PF25.00- Vestido ou saias: representação modal. Idem
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Ribeiro, Laura C. Texto 10. Como o desenho da pessoa humana mostra dificuldades psicológicas
Em síntese, neste texto 10, foi possível revisar algo de psicopatologia, vendo sua aplicação ao
estudo do desenho da figura humana. Foi também possível identificar vários conjuntos de traços
gráficos que têm se mostrado característicos de determinadas psicopatologias. As redes simbólicas
associadas aos traços pela literatura confirmaram a visão teórica de cada quadro de caráter, permitindo,
algumas vezes, completar a compreensão da natureza da própria dificuldade psicológica.
Foi possível também pensar como modos de funcionamento — “operações/mecanismos de
defesa” e de ajustamento e adaptação — se apresentam nos desenhos.
Se você foi acompanhando essa leitura com trabalho prático, você identificou e codificou os
traços gráficos no desenho e verificou, posteriormente, o significado simbólico dos traços usados.
Seguindo o texto sobre síntese, você pôde fazer uma síntese interpretativa dos desenhos, de
forma detalhada, ou mais simples.
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Ribeiro, Laura C. Texto 10. Como o desenho da pessoa humana mostra dificuldades psicológicas
E se você estudou este texto 10, você deve ter sido capaz de verificar os problemas potenciais
dinâmicos, que os desenhos revelaram, como também os recursos e capacidades adaptativas da pessoa
com quem você está trabalhando. Sabendo que “seu” PSJ — seu cliente, seu sujeito de pesquisa — é
como você: um ser humano completo...
Boa sorte para todos.
Bibliografia
A bibliografia utilizada se encontra no texto 12 dessa Coletânea de textos sobre o desenho da
pessoa humana.
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