Você está na página 1de 6

Stefany Margini – T52 FMIT – SOI V

Epilepsia e crise epiléptica


Palestra 6 – 24/02 – Lucas Porto

DIMENSÃO DO PROBLEMA
→ 0,5 – 1,0% da população mundial.
→ Incidência: 20-70/100.000 por ano.
→ Prevalência: 3,5 – 10,7/1000 (epilepsia ativa – 1 crise nos últimos 5 anos).
→ Prevalência maior em países em desenvolvimento.

FATORES DE RISCO
→ Infância:
- Eclampsia → Genéticas Adultos/idosos:
- Prematuridade - Infecções SNC
- Complicações obstétricas - Traumatismo craniano
- Hipóxia - Neoplasias
- Malformação do SNC - Acidentes vasculares
- Doenças metabólicas - Doenças degenerativas
- Etiologia indeterminada

DEFINIÇÃO DE EPILEPSIA E DE CRISE EPILÉPTICA


Crise epiléptica: é a ocorrência de sinais e/ou sintomas transitórios devido uma atividade neuronal
anormal, excessiva e síncrona.
Epilepsia: é uma doença cerebral grave caracterizado por predisposição permanente de gerar crises
epilépticas e por suas consequências.
→ O tratamento da epilepsia não visa apenas o controle de crise, mas também todos os distúrbios
decorrentes. É um tratamento multidisciplinar.
→ Os neurônios epilépticos produzem potenciais de ações anormais, devido apresentarem alteração
em sua membrana celular. E consequentemente encontram vias neuronais que causam os sinais.

Crises = eventos
Epilepsia = crises recorrentes

DEFINIÇÃO OPERACIONAL ILAE


Doença encefálica
Duas crises epilépticas não provocadas (reflexas)
ocorrendo com intervalo maior que 24h.
Uma crise não provocada (reflexa) com uma probabilidade
de recorrência maior que 60% ocorrendo nos próximos 10
anos.
Síndrome epiléptica (sinais + sintomas + exames +
genética).

RISCO DE RECORRÊNCIA
Como avaliar o paciente diante uma primeira crise:
1. Lesão cerebral prévia – risco de 2,55% entre 1 a 5 anos.
2. EEG com atividade epileptiforme – risco de 2,16.
3. Exame de imagem anormal – risco de 2,44.
Stefany Margini – T52 FMIT – SOI V

4. Crise noturna – risco de 2,1.


Obs: idade, sexo, história familiar (cuidado especial para parentes de primeiro grau com epilepsia) , tipo de
crise, apresentação com estado de mal epiléptico ou crises múltiplas não estiveram relacionadas com
aumento do risco de recorrência.

→ Epilepsia é considerada resolvida para pacientes com uma síndrome epiléptica idade-dependente
(ex: epilepsia rolândica).
→ Ausência de crise por 10 anos e sem drogas antiepilépticas (DAE) nos últimos 5 anos, também é
classificado como epilepsia resolvida.
→ Crise epiléptica sintomática aguda (provocada) → quando o paciente tem um insulto cerebral (ex:
bebeu muito, sepse, avc agudo – tem uma causa naquele momento). Quando tem uma crise
provocada o tratamento é retirar o fator causal. É classificada como crise epiléptica sintomática aguda
quando ela se inicia em até 7 dias do evento desencadeante.

CLASSIFICAÇÃO DAS CRISES EPILÉPTICAS


→ 1981 Comissão da terminologia da ILAE formulou a primeira classificação das crises epilépticas
(parciais e complexas).
→ Em 2017 foi proposta uma nova classificação.
→ Primeira tarefa do clínico: se perguntar, é uma crise epiléptica?
→ Próximo passo: classificação dos tipos de crise!!!

1. INÍCIO FOCAL
→ A origem da crise ocorre em uma área restrita de neurônios corticais.
→ Ela pode ser com preservação da percepção ou sem preservação da
percepção.
Antigamente era conhecida como parcial.

Dessa maneira, as crises focais são divididas em:


• Perceptivas: percepção preservada.
• Disperceptivas: percepção comprometida.
Podendo ser de início motor ou de início não motor. As crises focais
podem evoluir para crise tônico-clônica bilateral (subentende-se que ocorreu uma perda de
consciência).
Início não motor:
Início motor: - Autonômicas
- Automatismos: comportamento alterado com movimentos repetidos e semi- coordenados - Parada comportamental
- Atônicas: perda de força muscular - Cognitivas
- Clônicas: contrações e relaxamentos alternados ritmicamente - Sensoriais
- Espasmos epilépticos - Emocionais
- Hipercinéticas
- Mioclônicas: abalos (tiques ou choques) em um ou vários músculos
- Tônicas: enrijecimento muscular, dura por um > tempo
1º descobrir se é focal.
2º descobrir se é perceptiva ou dispercitivas (se o paciente está respondendo ou não).
3º observar
2. CRISESse é de início motor
EPILÉPTICAS ou não.
GENERALIZADAS
4º quando houve
→ A crise evolução,por
se espalha perdeu
todo oa consciência
córtex cerebral. Elas podem ter início motoras ou não motoras
(crises de ausências).
Stefany Margini – T52 FMIT – SOI V

→ Quando se fala de crise generalizada já se subentende que houve perda da percepção.

Motoras:
- Tônico-clônicas: enrijecimento e relaxamento
- Clônicas
-Tônicas
- Mioclônicas
- Mioclono-tônico-clônicas
- Mioclono-atônicas
- Atônicas
- Espasmos epilépticos

Não motoras (ausências):


- Típicas (olhar parado, perde contato com o meio)
- Atípicas
- Mioclônicas
- Mioclonias palpebrais

3. INÍCIO DESCONHECIDO
→ É muito importante ter um telespectador para reportar a crise, caso não o tenha, seu início se
torna desconhecido.
→ Ela pode ser motora ou não motora (parada comportamental).

4. NÃO CLASSIFICADA
→ Em algumas vezes o paciente tem a perda da percepção, mas não fica claro que o paciente
teve a crise. Em consultas subsequentes será trabalhado para classifica-la melhor.

ALGUMAS REGRAS
→ Se a percepção é comprometida em qualquer momento da crise: crise focal disperceptiva.
→ O primeiro sinal ou sintoma proeminente de uma crise focal deve ser usado para classificação.
→ Devemos sempre descrever detalhadamente todos os sinais e sintomas observados.
Stefany Margini – T52 FMIT – SOI V

→ O objetivo é sempre alcançar o diagnóstico para tratar e trazer qualidade de vida ao seu paciente!
→ A classificação das epilepsias tem propósito clinico e terapêutico e oferece a possibilidade de
diagnósticos em múltiplos níveis.

EPILEPSIA X CNEP (crise não epiléptica psicogênica)


→ Quando se está diante de um paciente com fenomenologia que sugere uma crise epiléptica é
necessário fazer o diagnóstico diferencial entre epilepsia X CNEP.
- Início gradual e não fisiológico da crise (início muito abrupto e o término gradual, ou vice e
versa, não é regular o tempo todo).
- Atividade motora descontínua.
- Movimentos fora de fase dos membros (falta de sincronia).
- Duração prolongada.
- Postura distônica prolongada ou opstótono.
- Movimentos em báscula do quadril.
- Não envolvimento de musculatura facial.
- Cessação excessivamente lenta da crise.
- Choro durante a crise.
- Ausência de cianose.
- Movimentos modificados pelo examinador durante a crise.
- Manutenção dos olhos fechados durante a crise.

EPILEPSIA X SÍNCOPE
Stefany Margini – T52 FMIT – SOI V

→ Geralmente a sincope tem um fator desencadeante (ex: levantar rápido, fez esforço vigoroso na
hora de usar o banheiro), além disso, o paciente fica pálido, e na epilepsia é mais comum a cianose.
- não é mais utilizado convulsão e sim crise epiléptica.

BASE DO TRATAMENTO FARMACOLÓGICO DAS EPILEPSIAS


→ Adultos
- Os fármacos antiepilépticos (FAE) constituem a principal forma de tratamento das epilepsias.
- Atualmente existe uma grande variedade de FAE´S disponíveis.

O tratamento depende do tipo de crise, etiologia, risco de recorrência, escolha ideal da DAE e duração
prevista do tratamento.

Na duvida da crise: utiliza medicamento de amplo espectro (ex: levetiracetam, tupiramato).

CARBAMAZEPINA (CBZ): 200mg e 400mg – iniciar com 100mg a cada 12h com dose de manutenção
até 400mg duas ou três vezes ao dia. Crianças < 4 anos: 20-60mg/kg/dia, uma ou duas vezes ao dia.
Cuidado com hiponatremia – por ser uma medicação que bloqueia canais de sódio. Efeitos colaterais:
tontura, sonolência e alterações cognitivas.
Stefany Margini – T52 FMIT – SOI V

ÁCIDO VALPRÓICO / VALPROATO / DIVALPROATO DE SÓDIO (VPA): 250mg e 500mg – 10 a


15mg/kg/dia uma, duas ou três vezes ao dia. Cuidado com hiperamonemia (encefalopatia).

LAMOTRIGINA (LTG): 25mg, 50mg e 100mg - > 12 anos – iniciar com 25mg ao dia com aumento
gradual de 25mg a cada semana até dose de 200mg a 400mg ao dia divididos em duas tomadas.
Cuidado com Rash cutâneo (síndrome de Stevens Johnson) especialmente em paciente usando VPA.

CONCLUSÃO
→ Crise epiléptica (fenômeno) ≠ epilepsia (recorrência).
→ Diagnóstico: sempre avaliar e considerar o risco de recorrência.
→ Reprimir a ansiedade e decidir com paciente.
→ Encaminhar ao especialista dentro de 1 mês.

Você também pode gostar