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Eficiência Volumétrica

Podemos definir a eficiência volumétrica ( ) como sendo a relação entre a


vazão bruta de líquido ( ) medida na superfície, em condição de pressão e
temperatura padrão, e o deslocamento volumétrico ( ):

..........................................................Eq. 2.5

Durante a fase de projeto do sistema de elevação, a eficiência volumétrica


prevista e o deslocamento volumétrico da bomba de fundo definirão a expectativa de
vazão de líquidos do poço. O gás e o óleo compartilham o mesmo espaço interno na
bomba de fundo. A eficiência volumétrica, portanto, depende da vazão de gás livre que
entra na bomba de fundo, o que é função da quantidade de gás livre em condições de
sucção e da eficiência de separação de gás.

Inicialmente é preciso estimar a eficiência de separação de gás no fundo do


poço, para se determinar a nova RGO e densidade do gás que será admitido pela
bomba.

1.1 Eficiência de separação de gás no fundo do poço

Podemos definir eficiência de separação de gás como a relação entre vazão de


gás livre que escoa pelo anular e a vazão de gás livre, em condições de sucção:

..........................................................Eq. 2.6
A eficiência de separação depende do tipo de separador de gás e de condições
operacionais. A eficiência de separação pode ser um valor obtido de correlação poço a
poço ou ainda calculado com base em modelos propostos na literatura por Prado et al.
(2000, 2001 e 2003) e Alhanati (citado por Takács, 2009), por exemplo.

A vazão é volume produzido num determinado período de tempo. Assim,


considerando o intervalo de tempo correspondente a um ciclo de bombeio, podemos
escrever:

− ∗
=

..........................................................Eq. 2.7

Onde é o volume de gás livre produzido no período correspondente a um


ciclo de bombeio e ∗
é o volume de gás livre admitido no interior da bomba durante
um ciclo de bombeio. Logo,


= (1 − )

..........................................................Eq. 2.8

O volume de gás livre presente em condições de sucção pode ser expresso em


condições padrões por:

= − ( , ) ∗

..........................................................Eq. 2.9

Onde ∗
é o volume de óleo admitido na bomba ao longo de um ciclo de
bombeio. O fluido que escoa através da bomba, portanto, passa a ter uma razão gás-
óleo dada por:
= ( , ) + (1 − ) − ( , )

..........................................................Eq. 2.10

A densidade do gás na bomba é diferente da densidade do gás total


medida na superfície, já que houve liberação de frações mais leves que escoaram
através do anular. O cálculo da nova densidade do gás pode ser feito através de
balanço de materiais, como segue:

− ( , ) (1 − )+ ( , )=

..........................................................Eq. 2.11

Conforme Brill e Mukherjee, a relação entre as densidades do gás livre e


dissolvido, obtida a partir de balanço de materiais é:

− ( , )
=
− ( , )

..........................................................Eq. 2.12

Substituindo na expressão anterior, vem:

− ( , ) (1 − )+ ( , )=

..........................................................Eq. 2.13

(1 − )+ ( , ) =
..........................................................Eq. 2.14

(1 − )+ ( , )
=

..........................................................Eq. 2.15

Como era de se esperar, tanto a razão gás-óleo quanto a densidade do gás


presente no interior da bomba de fundo dependem da eficiência de separação de gás.

Nesta obra, apresentaremos o modelo de separação de gás proposto por


Alhanati, baseado na velocidade superficial do líquido ( )e na velocidade terminal

da bolha ascendente ( ).

A equação para estimar a eficiência de separação natural do gás (Es) é:

=
+
..........................................................Eq. 2.16

Onde e são dados em ft/s.

A velocidade superficial do líquido pode ser calculada pela expressão:

= 6,5 10 +
1+ 1+
..........................................................Eq. 2.17

Onde RAO é a razão água-óleo, adimensional.

Alternativamente a velocidade superficial do líquido pode ser calculada por:


= 6,5 10 ( + )

..........................................................Eq. 2.18

Onde:

é a vazão de líquidos,STB/d.

é o fator volume do óleo, bbl/STB.

é o fator volume da água, bbl/STB.

é a fração de água ou corte de água, isto é a fração que representa a


vazão de água produzida em relação à vazão de líquidos, em condições
standard, adimensional

é a fração de óleo, adimensional

A área do anular, medida em ft2 é dada por:

= 0,0055( − )

..........................................................Eq. 2.19

Onde

é o diâmetro interno do revestimento, in.

é o diâmetro externo da coluna de produção, in.

E a velocidade terminal da bolha ascendente é:


( − )
= √2 .
²
..........................................................Eq. 2.20

Onde:

é a tensão interfacial, lb/s².

é a aceleração da gravidade, ft/s².

é a massa específica do líquido, lbf/ ft³.

é a massa específica do gás, lbf/ ft³.

A massa específica do gás é dada por:

29
=

..........................................................Eq. 2.21

Mas

0,0283
=

..........................................................Eq. 2.22

Substituindo a Equação 2.22 na Equação 2.21, tem-se:


29 0,0283
=

..........................................................Eq. 2.23

Como R = 10,73 ft3 psi.R-1lb-mol-1, então:

29 0,0283
=
10,73

..........................................................Eq. 2.24

Portanto, a massa específica do gás pode ser calculada por:

0.0764
=

..........................................................Eq. 2.25

Onde:

é a densidade do gás, adimensional.

é o fator volume do gás, ft³/ scf.

O cálculo da massa específica do líquido, em lb/ft3, pode ser feito a partir


das Equações 2.26 a 2.28:

= +
..........................................................Eq. 2.26
62,4 + 0,0136
=

..........................................................Eq. 2.27

= 62,4

..........................................................Eq. 2.28

Em que:

é a densidade do óleo, adimensional.

é a densidade da água, adimensional.

A Figura 1 representa o deslocamento do pistão (Sp) entre o ponto


morto inferior e o ponto morto superior. A distância mínima entre as válvulas de
passeio e de pé é o espaço morto (Em).
Figura 1 Ilustração do conceito de curso e espaço morto

Sp

Em

Ao final do curso ascendente, teremos o volume entre a válvula de passeio e


de pé, totalmente preenchido com fluido oriundo da formação. Considerando um pistão
de área Ap, podemos escrever:

+ + = +

onde V , V eV são os volumes de óleo, gás e água existentes no interior


da bomba, ao final do curso ascendente, na temperatura e na pressão existente no
interior da bomba de fundo.

Podemos definir eficiência de separação de gás como a relação entre vazão de


gás livre que escoa pelo anular q e a vazão de gás livre, em condições de sucção:

A vazão é volume produzido num determinado período de tempo. Assim,


considerando o intervalo de tempo correspondente a um ciclo de bombeio, podemos
escrever:

− ∗
=
Onde V é o volume de gás livre produzido no período correspondente a um
ciclo de bombeio e V ∗ é o volume de gás livre admitido no interior da bomba durante
um ciclo de bombeio. Logo,


= (1 − )

O volume de gás livre presente em condições de sucção pode ser expresso em


condições padrões por:

= − ( , ) ∗

Onde V ∗ é o volume de óleo admitido na bomba ao longo de um ciclo de


bombeio. O fluido que escoa através da bomba, portanto, passa a ter uma razão gás-
óleo RGO dada por:

= ( , ) + (1 − ) − ( , )

A densidade do gás na bomba d é diferente da densidade do gás total d


medida na superfície, já que houve liberação de frações mais leves que escoaram
através do anular. O cálculo da nova densidade do gás pode ser feito através de
balanço de materiais, como segue:

− ( , ) (1 − )+ ( , )=

Conforme Brill e Mukherjee, a relação entre as densidades do gás livre e


dissolvido, obtida a partir de balanço de materiais é:

d RGO − d R (p , T)
d =
RGO − R (p , T)

Substituindo d na expressão anterior, vem:

− ( , ) (1 − )+ ( , )=

(1 − )+ ( , ) =

(1 − )+ ( , )
=

Como era de se esperar, tanto a razão gás-óleo quanto a densidade do gás


presente no interior da bomba de fundo dependem da eficiência de separação de gás.
Os volumes de óleo, gás e água em condições quaisquer de pressão e
temperatura podem ser expressos com referência a volumes correspondentes em
condições padrões.

Admitindo-se que a válvula de pé abra durante o curso ascendente, o que


normalmente ocorre desde que não há bloqueio de gás, a pressão no interior da
bomba de fundo, ao final do curso ascendente, é aproximadamente igual à pressão de
sucção. Os volumes de óleo, gás e água podem ser expressos função de volumes
correspondentes em condições padrões:

= ( , )

= − ( , ) ( , )

= − ( , ) ( , )(1 − )

= . . ( , )

Onde V é o volume de óleo presente no interior da bomba no final do curso


ascendente, medido em condições padrões de pressão e temperatura. Os fatores
volume de formação B (p , T), B (p , T) e B (p , T) são calculados na pressão de
sucção e temperatura da bomba.

Ao final do curso descendente, o volume morto fica preenchido com óleo (V ),


gás (V ) e água (V ), nas condições de pressão e temperatura reinantes no interior
da bomba de fundo quando o pistão atinge o ponto morto inferior. Isto é,

+ + =

Considerando que a válvula de passeio abra durante o curso descendente,


condição normal de operação, desde que não haja bloqueio de gás, a pressão no
interior da bomba de fundo, quando o pistão atinge o ponto morto inferior, é
aproximadamente igual à pressão de descarga. Analogamente, podemos escrever:

= ( , )

= − ( , ) ( , )

= . . ( , )
Somando-se as parcelas correspondentes ao óleo, gás e água, podemos isolar
os volumes de óleo presentes no interior da bomba, no ponto morto superior e no
ponto morto inferior, expressos em termos de condições padrões, como segue:

+
=
( , )+ − ( , ) ( , )(1 − )+ . ( , )

=
( , )+ − ( , ) ( , )+ . ( , )

Os volumes de água correspondentes são:

+
=
( , )+ − ( , ) ( , )(1 − )+ . ( , )

=
( , )+ − ( , ) ( , )+ . ( , )

O volume de líquidos produzido por ciclo, expresso em condições padrões é:

+ − −
+ (1 + )
=
( , )+ − ( , ) ( , )(1 − ) + . ( , )
(1 + )

( , )+ − ( , ) ( , )+ . ( , )

Expressando em termos de fo e fw segue:

+ − −
+
=
( , ) + − ( , ) ( , )(1 − )+ ( , )


( , ) + − ( , ) ( , )+ ( , )

Em termos de vazão de líquidos, em condições padrões, podemos escrever:

+
+ =
( , ) + − ( , ) ( , )(1 − )+ ( , )


( , ) + − ( , ) ( , )+ ( , )
onde F é a frequência de bombeamento, em Hz.

O deslocamento volumétrico em unidades SI pode ser expresso por:

Daí segue que:

1
=
( , ) + − ( , ) ( , )(1 − ) + ( , )
/
+
( , ) + − ( , ) ( , )(1 − ) + ( , )
/

( , ) + − ( , ) ( , )+ ( , )

Isto é:

1
=
( , ) + − ( , ) ( , )(1 − ) + ( , )
/
+
( , ) + − ( , ) ( , )(1 − ) + ( , )
/

( , ) + − ( , ) ( , )+ ( , )

A razão gás-líquido RGO’ < RGO, considerando-se algum grau de separação


de gás no fundo do poço. Além disso, normalmente p é elevada, o que
frequentemente conduz a fluido monofásico (RGO = R (p , T)) no final do curso
descendente. Admitindo-se que no final do curso descendente a pressão seria
superior à pressão de saturação, podemos escrever:

1
=
( , ) + − ( , ) ( , )(1 − ) + ( , )
/
+
( , ) + − ( , ) ( , )(1 − ) + ( , )
/

( , ) + ( , )

1
=
( , ) + − ( , ) ( , )(1 − ) + ( , )
1

( , ) + ( , )
1

( , ) + − ( , ) ( , )(1 − ) + ( , )
Esta última expressão permite compreender que a eficiência volumétrica da
bomba de fundo depende, dentre outros fatores, da pressão de sucção, do BSW, da
RGO e da relação entre o espaço morto e o curso do pistão. Se o espaço morto for
desprezível em relação ao curso do pistão, a eficiência volumétrica pode ser expressa
por:

1
=
( , ) + − ( , ) ( , )(1 − )+ ( , )

1.2 Ocorrência de Bloqueio de Gás

A expressão para o cálculo da eficiência volumétrica parte do pressuposto que


ambas as válvulas operam normalmente durante o ciclo de bombeio, isto é, a válvula
de pá abre no curso ascendente e a válvula de passeio abre durante o curso
descendente. A condição de bloqueio de gás ocorre quando a válvula de passeio
permanece fechada, durante o curso descendente, o que ocorre quando a pressão
sob a válvula não supera a pressão sobre a válvula.

Quando ocorre o bloqueio, o volume de óleo contido no interior da bomba, ao


final do curso descendente, é igual ao volume de óleo contido ao final do ascendente:

+
( , )+ − ( , ) ( , )(1 − )+ . ( , )

=
( , )+ − ( , ) ( , )+ . ( , )

A solução da equação acima permite prever o espaço morto onde ocorrerá


bloqueio de gás para determinadas condições de bombeio. Se o espaço morto real for
maior ou igual a este valor, ocorrerá bloqueio de gás e a eficiência volumétrica será
nula.

( , )+ − ( , ) ( , )+ . ( , )
=
( , )+ − ( , ) ( , )(1 − ) + . ( , )− ( , )− − ( , ) ( , )− . ( , )
Admitindo Bw aproximadamente constante e igual a 1
( , )+ − ( , ) ( , )+
=
( , )+ − ( , ) ( , )(1 − ) − ( , ) − − ( , ) ( , )

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