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A

A CCE
ERRA
ADDA
AAAB
BEELLH
HAA
Tradução
C. A. Osowski

A Cera da Abelha 1
BEESWAX
Produção, Colheita, Processamento e Produtos

por

William L. Coggshall
e

Roger A. Morse

CERA DE ABELHA
Tradução de Carlos Alberto Osowski
Revisão ortográfica B. Hackbarth

A Cera da Abelha 3
The perfume of beeswax
Give me some wax that bees have made
and I will offer you in trade
a candle that is aromatic –
pure, unique, and charismatic.

Truth lets you call this wax unique,


for connoisseurs will vainly seek
a substance chemicallly the same;
beeswax deserves its lasting fame.

Sweet perfume isn’t lacking here


This wax is white to yellow, clear,
Has scent that’s redolent of the hive –
A product only bees contrive.

Grant D. Morse

O perfume da cera de abelha


Dê-me um pouco da cera feita pelas abelhas
E eu lhe oferecerei em troca
Uma vela que é aromática
Pura única e carismática

Sem dúvida podes dizer que está cera é única


Os entendidos vão procurar em vão
Por uma substância quimicamente igual
A cera de abelha merece sua duradoura fama

Não falta um perfume doce aqui


Esta cera é branca a amarela, clara
Tem um perfume que que cheira a colmeia –
Um produto que apenas as abelhas conseguem.

A Cera da Abelha 5
Reconhecimentos
Muitas pessoas contribuiram com ideias e traba-
lharam para melhorar este livro. Somos gratos especi-
almente ao Dr. A. P. Tulloch do Canadian Nacional
Research Council cujas publicações em muito contribu-
iram para o nosso conhecimento sobre o assunto; ele
leu o texto e como resultado ficou muito melhor. Stu-
art Root, da A. I. Root Company, fez muitas sugestões
especialmente no que se refere à produção de vel e a
foarma como a vela queima; nós lhe somos gratos e
fizemos várias mudanças após suas notas. Jonh Root e
Mark Bruner, também, da A. I. Root Company fizeram
muitas sugestões pelo que lhes somos gratos. O Dr.
Grant D. Morse auxiliou na edição e recomendou mudan-
ças que tornaram o texto de fácil leitura. Beth Fren-
ch editou e digitou o manuscrito final e ela fou de
grande ajuda como já o foi muitas vezes no passado.
Somo também gratos a muitos estudantes de graduação
que leram e contribuiram com partes do manuscrito.
Somos também gratos pelas contribuições na leitura
das provas, revisões e por auxiliar na busca de mate-
riais utilizados nas ilustrações feitas pelas nossas
respectivas esposas.
W. L. C. e R. A. M.

A Cera da Abelha 7
Índice

1. Cera de Abelha............................................................................................................. 15
1.1. Ceras Naturais................................................................................................................16
1.1.1. Cera de insetos ......................................................................................................16
1.1.2. Cera de outros animais.........................................................................................18
1.1.3. Ceras de plantas....................................................................................................18
1.1.4. Outras ceras ......................................................................................................... 20
1.2. Ceras Sintéticas ............................................................................................................21
1.3. Cera de Abelha: Propriedades Físicas...................................................................... 22
1.3.1. Flor de cera........................................................................................................... 25
1.4. Cera de Abelha: Propriedades Químicas.................................................................. 26
1.5. Especificações para a Cera da Abelha ......................................................................31
1.5.1. Farmacopéia .......................................................................................................... 32
1.5.2. Outras farmacopéias .......................................................................................... 33
1.5.3. The National Formulary ..................................................................................... 33
1.5.4. The United States Dispensatory ..................................................................... 33
1.5.5. Associação Americana dos Refinadores e Importadores de Cera de
Abelha .............................................................................................................................. 34
1.5.6. General Services Administration ..................................................................... 34
1.5.7. Food Chemical Codex .......................................................................................... 35
1.5.8. The Cosmetic, Toiletry and Fragrance Association ..................................... 36
1.5.9. Outras referências ............................................................................................. 37
1.6. Secreção da Cera da Abelha ...................................................................................... 37
1.7. Construção do Favo pela Abelha................................................................................ 43
1.7.1. Variação no tamanho do alvéolo..........................................................................51
1.7.2. Efeito da idade do favo na cor do mel ............................................................ 55
1.7.3. Orientação dos alvéolos ..................................................................................... 56
1.8. Alterações na Cera de Abelha Depois da Secreção .............................................. 57
2. Classificação e Economia..........................................................................................63
2.1. Classificação da Cera de Abelha ............................................................................... 63
2.1.1. Efeito do país de origem .................................................................................... 64
2.2. Economia da Cera de Abelha...................................................................................... 66
3. Colhendo a Cera de Abelha......................................................................................75
3.1. Coleta e Armazenamento dos Opérculos e Cera Refugada .................................. 76
3.2. Avaria da Cera de Abelha na Colheita e Armazenamento.................................... 77
3.2.1. Metais.................................................................................................................... 77
3.2.2. Fermentação ........................................................................................................ 77
3.2.3. Avaria pelo calor ................................................................................................. 78
3.2.4. Ácidos ................................................................................................................... 78

Cera de Abelha 9
3.2.5. Traça da cera e outros insetos nocivos.......................................................... 79
3.3. Métodos de Recuperação ........................................................................................... 80
3.3.1. Derretedor solar de cera .................................................................................. 80
3.3.2. Caixa de vapor ..................................................................................................... 82
3.3.3. Prensa.................................................................................................................... 83
3.3.4. Centrífugas .......................................................................................................... 83
3.3.5. Lavagem: solventes e outras separações ....................................................... 84
3.4. Emulsões, um Problema na Recuperação.................................................................. 85
4. Preparação Comercial da Cera de Abelha para o Mercado ............................87
4.1. Clarificação .................................................................................................................... 87
4.1.1. Lavagem, mistura e decantação......................................................................... 88
4.1.2. Ácidos e agentes quelantes............................................................................... 88
4.1.3. Centrifugação....................................................................................................... 90
4.2. Remoção da Água...........................................................................................................91
4.3. Qualidade, Fonte e Branqueamento ......................................................................... 92
4.4. Filtração e Filtro Branqueador.................................................................................. 93
4.4.1. Efeito desejado na cera..................................................................................... 94
4.4.2. Vazão de produção desejada ............................................................................ 94
4.4.3. Natureza dos sólidos a serem removidos ...................................................... 94
4.4.4. Tipos de filtro-prensa ....................................................................................... 95
4.4.5. Meio ou material base do filtro ....................................................................... 96
4.4.6. Resistência da torta ao fluxo........................................................................... 96
4.4.7. Fonte de pressão ................................................................................................ 98
4.4.8. Preparação da cera............................................................................................. 99
4.4.9. Procedimento de filtração ............................................................................... 101
4.4.10. Recuperar a cera da torta de filtração...................................................... 103
4.5. Branqueamento Solar ................................................................................................ 104
4.6. Branqueamento Químico ........................................................................................... 106
4.7. Guarda e Acondicionamento da Cera Filtrada e Branqueada ............................ 107
5. Testando a Cera de Abelha .................................................................................... 111
5.1. Testes Químicos .......................................................................................................... 113
5.1.1. Número éster....................................................................................................... 113
5.1.2. Número ácido ...................................................................................................... 113
5.1.3. Relação éster/ácido ........................................................................................... 114
5.1.4. Ponto de saponificação ...................................................................................... 114
5.1.5. Porcentagem de hidrocarbonetos ................................................................... 114
5.1.6. Análise cromatográfica..................................................................................... 115
5.1.7. Número de Iodo.................................................................................................. 115
5.1.8. Número de Saponificação ................................................................................. 116
5.1.9. Ponto de congelamento da fração de hidrocarbonetos............................... 116
5.1.10. Outros................................................................................................................. 116
5.2. Testes Físicos.............................................................................................................. 116
5.2.1. Cor ......................................................................................................................... 117

10 Coggshal & Morse


5.2.2. Aroma................................................................................................................... 117
5.2.3. Florescência........................................................................................................ 118
5.2.4. Ponto de Fusão ................................................................................................... 118
5.2.5. Ponto de Fulgor .................................................................................................. 118
5.2.6. Outros.................................................................................................................. 118
6. A Cera de Abelha na Cera Alveolada .................................................................. 121
6.1. História da Produção de Cera Alveolada................................................................ 122
6.1.1. Prensagem, fundição e modelagem ................................................................. 123
6.1.2. Laminação............................................................................................................ 126
6.2. Métodos Comerciais para a Produção de Cera Alveolada................................... 129
6.2.1. Laminação............................................................................................................ 129
6.2.2. Calandragem e rolo alisador............................................................................ 136
6.2.3. Cera alveolada.................................................................................................... 137
6.2.4. Moldes de injeção e fundição .......................................................................... 141
6.3. Métodos Apícolas........................................................................................................ 141
6.3.1. Mergulhar e alveolar......................................................................................... 142
6.3.2. Torta e alveolador ............................................................................................ 144
6.3.3. Bloco ou molde................................................................................................... 145
6.3.4. Prensa.................................................................................................................. 145
6.4. Orientação dos Alvéolos ........................................................................................... 146
6.5. Cera Alveolada Reforçada........................................................................................ 147
6.5.1. Cera alveolada com arame corrugado da Dadant ........................................ 148
6.5.2. Cera alveolada da Root de três camadas ..................................................... 148
6.5.3. Cera alveolada aramada com ganchos ........................................................... 148
6.5.4. Cera alveolada com base de alumínio ............................................................ 149
6.6. A Cera Alveolada e os Substitutos do Favo.......................................................... 149
6.6.1. Favo de metal ..................................................................................................... 150
6.6.2. Lâmina de plástico e cera alveolada com núcleo de plástico. ................... 152
6.7. Visão Industrial e Tendências................................................................................. 155
7. A Cera de Abelha nas Velas ..................................................................................157
7.1. A Natureza da Vela e Sua Combustão.................................................................... 157
7.2. O Pavio da Vela ........................................................................................................... 159
7.3. Seguidores de Vela.................................................................................................... 162
7.4. A História da Vela de Cera de Abelha na Religião .............................................. 165
7.5. Métodos de Fabricação de Vela .............................................................................. 167
7.5.1. Mergulho ............................................................................................................. 167
7.5.2. Molhamento........................................................................................................ 170
7.5.3. Moldagem ou fundição...................................................................................... 170
7.5.4. Enrolamento ........................................................................................................ 171
7.5.5. Extrusão .............................................................................................................. 171
7.5.6. Drawing ............................................................................................................... 173
7.5.7. Prensagem .......................................................................................................... 174
7.5.8. Acabamento das pontas................................................................................... 174

Cera de Abelha 11
7.5.9. Coloração ............................................................................................................ 176
7.6. Mistura de Outras Ceras com Cera de Abelha para a Produção de velas ...... 179
7.7. Visão Industrial e Tendências................................................................................. 183
8. A Cera de Abelha na Arte e na Indústria.........................................................185
8.1. O Processo da Cera Perdida ..................................................................................... 185
8.2. Batik ............................................................................................................................. 187
8.3. Pintura Encáustica ..................................................................................................... 189
8.4. Figuras de Cera ........................................................................................................... 191
8.5. Cera na Enxertia ........................................................................................................ 193
8.6. Selo de Cera................................................................................................................ 194
8.7. Cera nos Cosméticos.................................................................................................. 194
9. Exposição e Julgamento da Cera de Abelha e Seus Produtos ....................201
9.1. Modelagem do Bloco de Cera....................................................................................202
9.2. Produtos de Cera de Abelha ....................................................................................203
9.3. Julgando a Cera de Abelha e Seus Produtos........................................................204
9.3.1. Cor ........................................................................................................................205
9.3.2. Limpeza ...............................................................................................................205
9.3.3. Uniformidade na aparência .............................................................................206
9.3.4. Contração e fissuras ........................................................................................206
10. Produtos Caseiros.................................................................................................. 207
10.1. Velas ............................................................................................................................209
10.1.1. Velas de mergulho ............................................................................................. 211
10.1.2. Velas enroladas de cera de abelha............................................................... 214
10.1.3. Velas moldadas ................................................................................................. 214
10.2. Polidores para Carro, Piso e Móveis...................................................................... 217
11. Referências ...............................................................................................................221
12. Apêndices................................................................................................................. 233

12 Coggshal & Morse


Prefácio
Durante o século passado centenas de livros fo-
ram escritos sobre abelhas, mas os que tratam exclu-
sivamente ou especialmente sobre cera de abelha podem
ser contados nos dedos e ainda sobrarão muitos dedos
a contar.
Existem ótimas publicações científicas e popu-
lares sobre vários aspectos do processamento da cera
de abelha e seu uso em revistas científicas e apíco-
las. Infelizmente, por causa do segredo industrial
dos produtores de cera laminada, de velas e de outros
usuários comerciais de cera, muitos fatos interessan-
tes sobre a cera da abelha nunca chegaram ao público.
Neste livro tentamos acabar com o mistério e explicar
como trabalhar com a cera de abelha.
Além da cera de abelha, existe um número de ce-
ras comercialmente valiosas, ceras de plantas, ani-
mais e minerais. Existem, também, centenas de outras
ceras, iniciando pelas oriundas do petróleo até as de
composição sintética. Tentamos limitar nossa discus-
são à cera da abelha, mas faremos referência a outras
ceras quando elas afetarem a indústria apícola, abor-
dando também o principal uso da cera da abelha. Algu-
mas ceras são mencionadas para comparação ou apenas
porque elas são especialmente interessantes a qual-
quer um que tenha qualquer coisa a fazer com a cera
de abelha.
PRECAUÇÃO
Todos devem tomar cuidado pois existem riscos a
serem entendidos e evitados ao fundir cera de opércu-
los visando utilizar, na produção de velas, a bela
cera amarela resultante dessa fusão. Uma chama viva
nunca deveria ser usada, em hipótese alguma, para
aquecer um container de água com opérculos de cera de
abelha. A cera derretida da superfície pode ser joga-
da para fora pela água que repentinamente atinge a
temperatura de ebulição e provoca a formação de espu-
ma na mistura. A cera, ela mesma, contém um pouco de

Cera de Abelha 13
água e quando essa água atinge a temperatura de ebu-
lição a cera espuma de forma repentina e aumenta
grandemente o seu volume. A água em ebulição que
transbordar do container pode apagar as chamas, mas
pode ocorrer também que os respingos de cera venham a
pegar fogo.
Entretanto, a chama de gás dirigida contra a
lateral vertical de um bloco de cera de abelha não
provocará a ignição da cera, a cera derretida fluirá
bloco abaixo e para longe da chama. Por que é assim?
Porque, embora a cera de abelha seja combustível,
para queimar ela precisa estar em temperatura alta. A
temperatura de ignição da cera de abelha varia de 490
a 525ºF (254 a 274ºC) e nesta temperatura ela incen-
deia e queima violentamente. Assim, a cera de abelha
nunca deve ser aquecida a temperaturas muito eleva-
das. A melhor forma para derreter a cera de abelha é
o vapor, cujo procedimento é descrito no texto.
Não podemos nos responsabilizar por afirmações
ou suposições feitas neste livro em relação a proces-
sos físicos, químicos ou mecânicos, ou qualquer outra
possibilidade de manuseio da cera de abelha ou de
outras ceras. Alguns produtos químicos mencionados
são extremamente perigosos nas mãos de pessoas inex-
perientes ou não treinadas. Qualquer pessoa é vulne-
rável a produtos químicos, equipamentos mecânicos ou
elétricos, com ou sem equipamento de proteção indivi-
dual.

14 Coggshal & Morse


11.. CCeerraa ddee A
Abbeellhhaa

A cera da abelha é uma substância secretada pe-


las abelhas operárias em quatro glândulas existentes
na parte inferior de seus abdomens, e usada por elas
para a construção dos favos. A cera de abelha não é
um material, mas uma mistura de várias moléculas de
cadeia longa. A cera pura é constituída exclusivamen-
te de carbono, hidrogênio e oxigênio, todos eles pre-
sentes no mel consumido pelas abelhas. Em sua forma
pura a cera de abelha é branca, mas nós a conhecemos
como substância amarela pois ela é colorida pelo pó-
len e pela própolis que a contaminam naturalmente.
Existem quatro1 espécies de abelhas na terra.
Uma, a Apis mellifera, nativa da Europa e da África,

1
Atualmente são conhecidas as espécies: Apis laboriosa, Apis koschevnikov, Apis
nululensis, Apis andreniformis, Apis andreniformis (Nota do Tradutor)

Cera de Abelha 15
foi transportada para todos os outros continentes.
Ela foi a abelha do comércio e a fonte primária de
cera de abelha. As abelhas da África, diz-se, são
cerca de dez por cento menores do que as da Europa
embora exista variação de tamanho entre as abelhas
Européias. Elas são da mesma espécie e cruzam livre-
mente. Muita cera vem da África, e segundo Tulloch
(comunicação pessoal), a cera da África é apenas le-
vemente diferente, mas, supõe-se que tenha os mesmos
resultados analíticos. As outras três espécies de
abelhas são da Ásia e não se deixam manejar, tão fa-
cilmente, pelo homem. São elas: a Apis florea (a me-
nor das quatro), a Apis cerana (um pouco maior) e a
Apis dorsata (a maior). As duas últimas espécies são
mais importantes do que a primeira para a produção de
cera. Exceto onde indicado, nosso interesse neste
livro é a cera produzida pela Apis mellifera.

1.1. Ceras Naturais


Na natureza encontra-se grande variedade de ce-
ras. Muitas delas são pouco conhecidas; outras estão
disponíveis em quantidades variáveis e têm importân-
cia econômica considerável.

1.1.1. Cera de insetos


As abelhas não são os únicos insetos que produ-
zem cera. Os insetos têm um esqueleto externo e, ao
contrário dos mamíferos cujo sangue circula em veias
e artérias, seus órgãos internos flutuam na hemolinfa
ou fluido corporal. Por esta razão, qualquer pertur-
bação no equilíbrio da água, seja perda de água in-
terna, seja absorção de água do meio ambiente, pode
provocar a morte. A superfície mais externa de muitos
insetos, chamada epicutícula, é gordurosa. E é esta
camada gordurosa que protege o inseto das mudanças
rápidas no fluido vital.
A composição e a espessura da camada externa
gordurosa variam muito nos insetos de uma espécie
para outra. Em algumas baratas, por exemplo, a camada

16 Coggshal & Morse


externa é uma substância macia semelhante à graxa,
que endurece com a idade. Os insetos do deserto pro-
duzem ceras muito duras, com ponto de fusão elevado.
Todas essas ceras são produzidas por glândulas, cha-
madas glândulas da epiderme. As glândulas de cera das
abelhas são glândulas da epiderme modificadas.

(a) - Outras abelhas


As bumble bees e as abelhas tropicais sem fer-
rão têm parentesco com as abelhas2, mas elas produzem
pouco mel e cera, razão pela qual são pouco explora-
das pelo homem, embora a cera das abelhas sem ferrão
ocasionalmente apareça no mercado. As ceras de várias
espécies das Bombus (bumblee bees) e das Melíponas ou
Trigonas (abelhas sem ferrão) são de composição leve-
mente diferente da produzida pela espécie Apis. Elas
têm ponto de fusão semelhante, não se parecem com a
cera de abelha, e estão normalmente misturadas com
muito material estranho usado na construção do ninho.

(b) - Cochonilhas
Algumas cochonilhas caracteristicamente secre-
tam e vivem sob uma camada protetora de material. A
Tachardia lacca produz um verniz que contém cerca de
cinco por cento de cera que pode ser recuperada du-
rante o refino do verniz. O Coccus ceriferus (ou pe-
la) e o Brahmea japonica são comercialmente colocados
nos galhos da chinese ash (Fraxinus chinensis), onde
eles produzem sua camada de proteção; esta cera, cha-
mada cera do inseto chinês, é recuperada manualmente,
refinada e, ao que tudo indica, seu uso ocorre prin-
cipalmente nos países de origem.
Não existe outra cera de inseto que seja colhi-
da ou negociada comercialmente.

2
A palavra “abelha” é reservada para identificar indivíduo da espécie Apis mellifera.
Por vezes, para diferenciar dos outros insetos que também são abelhas no verdadeiro
sentido da palavra (inseto que recolhe néctar, transforma em mel e armazena em
favo), é usada a expressão “abelha doméstica” para identificar o mesmo indivíduo.
(Nota do tradutor).

Cera de Abelha 17
1.1.2. Cera de outros animais
O espermacete, gordura animal mais conhecida, é
recuperada principalmente do óleo existente na cápsu-
la da cabeça do cachalote, Physeter macrocephalus e,
em menor quantidade, do óleo de baleia. A cera esper-
macete é usada extensamente em cosméticos. A esperma-
cete e a cera de abelha são algumas vezes combinadas
em produtos farmacêuticos e cosméticos.
Ambergris é um material oleoso semelhante à ce-
ra, aparentemente secretado por ou pelo menos acumu-
lado nos intestinos dos cachalotes, onde é por vezes
encontrado. Os cachalotes ao comerem a lula ou o cho-
co3 ficam com o intestino irritado pelos horny beaks
destes moluscos, o que provoca a secreção da substân-
cia gordurosa. O ambergris é também expelido (regur-
gitado) pelo cachalote e foi encontrado nos mares
tropicais, ali é que ele foi descoberto antes da épo-
ca de caça à baleia. Seu maior uso é como fixador em
perfumes de alto padrão, e a sua alta qualidade (pon-
to de fusão 181ºF, 82.5ºC) confere-lhe um preço ex-
cessivamente elevado.
Hoje, existem muito menos baleias do que em
tempos passados. Isto trouxe preocupação em nível
mundial, levando muitos países a firmarem um pacto de
não matança desses grandes animais, acordo que os
Estados Unidos dentre outros assinaram e ao qual
aderiram. Em conseqüência, sobrevieram mudanças e
muitos produtos oriundos da baleia não existem
mais.Alguns outros óleos parecidos com cera de origem
animal podem ser hidrogenados ao estado sólido e de-
pois ficam com características semelhantes à cera.

1.1.3. Ceras de plantas


As folhas de algumas plantas têm um filme de
cera cinza-azulada, algumas vezes chamado de “flores-

3
Choco: molusco semelhante à lula que tem 10 tentáculos. Em inglês “cuttlefish”.
(Nota do tradutor).

18 Coggshal & Morse


cência”, que pode ser removido por raspagem. As cama-
das de cera desenvolvem-se melhor na parte inferior
da folhas onde estão presentes mais estomas, local em
que a cera é mais efetiva na redução da perda de água
através da transpiração. A maioria das plantas não
produz cera suficiente para ter alguma importância,
mas existem exceções. São produzidas milhões de li-
bras de cera de carnaúba e de candelila, ultrapassan-
do em muito a produção mundial de cera de abelha.

(c) - Carnaúba
A cera de carnaúba é produzida pela Copernicia
cerifera, palma nativa do Brasil. É muito usada em
polimento por causa da sua dureza e alto ponto de
fusão (181 a 185ºF, 83 a 85ºC), tendo sido utilizada,
durante muitos anos, para reforçar a cera laminada.
As palmas são cortadas da planta duas vezes por ano e
deixadas secar, depois do que a cera pode ser obtida
por espancamento. Uma árvore produz apenas quatro a
sete libras de cera por ano, sendo exigido trabalho
intenso para a produção dessa cera, o que resulta em
elevação do preço do produto. Assim, inobstante suas
desejáveis qualidades, a cera de carnaúba natural
pode um dia desaparecer do mercado.

(d) - Ouricuri
Esta cera é também produzida por uma palmeira,
Attalea excelsa, existente ao longo do rio Amazonas.
Da mesma forma que a cera de carnaúba, a ouricuri
pode ser produzida em quantidade.

(e) - Cauassu
De modo semelhante à cera de carnaúba, esta é
produzida pela Calathea lútea, existente ao longo dos
afluentes do rio Amazonas. Knaggs (1947) relata que
ela tem praticamente o mesmo ponto de fusão da cera
de carnaúba. Dura e quebradiça, é considerada uma boa
substituta para a cera de carnaúba.

(f) - Candelila

Cera de Abelha 19
Produzida pela Euphorbia cerifera e outras es-
pécies como também pelas plantas do gênero Pedilan-
thus, arbusto este que cresce ao natural no sul do
Texas e no México. Esta cera, de bronzeado claro
quando refinada, é misturada com outras ceras para
polidores.

(g) - Esparto
Cera produzida a partir de várias gramíneas na
Espanha e no Norte da África. Esparto needlegrass,
Stipa tenacissima, produz uma cera que é usada na
indústria de papel carbono. Esparto grasses já foi
utilizada para a fabricação de papel e por essa uti-
lização é que a cera foi descoberta. Ela é dura, ri-
ja, com ponto de fusão entre 156 a 178ºF (69 a 81ºC),
sendo que, em certa época, chegou a ser produzida,
anualmente, na quantidade de cerca de meio milhão de
libras.

(h) - Bayberry4
Cera encontrada na superfície dos frutos da
Myrica cerifera e Myrica carolinensis, assim como de
outras frutas, a Bayberry é recuperada fervendo os
frutos em água e escumando a superfície. Esses arbus-
tos existem ao longo da costa oriental dos Estados
Unidos, mas devido ao alto custo da recuperação da
cera nesses locais, a cera bayberry é agora importada
da Colômbia, onde ela é recuperada da Myrica arguta.
É macia, de material semelhante à cera, lembra o
sebo e tem ponto de fusão em torno de 113ºF (45ºC).

1.1.4. Outras ceras

(a) - Cera da terra


Inúmeras ceras podem ser encontradas na terra.
A cera Montan é recuperada de carvão macio; é dura
com ponto de fusão de 181ºF (83ºC). Outra, a ozoceri-
te, é uma cera variável, por vezes encontrada em

4
Segundo o dicionário Michaelis “bayberry” é “bago do loureiro”. (Nota do tradutor).

20 Coggshal & Morse


quantidade tal que pode ser minerada. Ela pode ser
sem cor, branca, amarela ou marrom. As ceras da terra
são, algumas vezes, chamadas ceras fósseis. Ceras
semelhantes à parafina podem, eventualmente, ser re-
cuperadas de óleos de xisto e são por isso relaciona-
das, muito de perto, com as originadas do petróleo.

(b) - Petróleo
As ceras do petróleo são as de maior produção,
obtidas como produto secundário da indústria petrolí-
fera. Existem muitos processos de refino do petróleo
e de recuperação de ceras, sendo que o tipo e a
quantidade de cera podem ser controlados pelas refi-
narias. Como o petróleo varia na composição, assim
também ocorre com as ceras, dependendo da fonte do
petróleo. São produzidas ceras com muitas caracterís-
ticas diferentes, especialmente no que se refere ao
ponto de fusão, e de acordo com a necessidade da in-
dústria.

1.2. Ceras Sintéticas


Muitas ceras sintéticas não são na verdade ce-
ras, mas têm algumas propriedades similares às das
ceras naturais. Elas são tão numerosas, quanto à ori-
gem e às características, que somente algumas podem
ser mencionadas.
Certo tipo de cera sintética é feito hidroge-
nando (forçando o hidrogênio a participar da molécula
com o uso de catalisador, alta temperatura e pressão)
um óleo como o óleo de castor. Tentou-se, sem suces-
so, utilizar a cera resultante, conhecida como cera
de castor ou opalwax, para reforçar a cera laminada.
O efeito mais notável da cera sintética na cera
de abelha é aquele produzido por um hidrocarboneto
cíclico, o para-difenil benzeno, um dos santowaxes
produzidos pela Monsanto Chemical Company. Os santo-
waxes são terfenil e são isômeros, sendo vendidos nas
formas orto, para e meta, bem como em mistura. Estes
foram produzidos há alguns anos atrás, mas não estão

Cera de Abelha 21
mais disponíveis. Nosso interesse especial é pelo
Santowax P (para isômero), material branco, cristali-
no, com ponto de fusão de cerca de 414ºF (212ºC).
Quando meio por cento de Santowax P é misturado vigo-
rosamente com cera de abelha quase preta, quente e
filtrada, o resultado é notável. Assim que as partí-
culas se dispersam na cera de abelha elas cintilam,
dando à cera de abelha a aparência de cintilante. Ao
resfriar, a cera de abelha preta se torna opaca e
muitas vezes branca. Misturas de cera de abelha e
cera microcristalina são também clarificadas pelo
Santowax P.

1.3. Cera de Abelha: Propriedades Físicas


A cera de abelha é quebradiça em baixa tempera-
tura, mas plástica e maleável em alta temperatura.
Torna-se especialmente maleável ou plástica quando
extrudada ou deformada por outros meios, porque a
pressão rompe a estrutura molecular. Tulloch (1971)
registra a indicação de Toyama de que hidroxi-ácidos
da cera de abelha são provavelmente os responsáveis
pelas propriedades especiais da cera de abelha. Tul-
loch mostra ainda que uma variedade de ésteres e és-
teres ácidos, derivados dos hidroxi-ácidos e dióis,
contribuem para a plasticidade da cera de abelha. Ele
diz que a cera formada principalmente de monoésteres
ou por diésteres baseados nos hidroxi-ácidos ou dióis
(o que ocorre na cera de carnaúba) é mais dura e tem
ponto de fusão sensivelmente maior (como a cera de
carnaúba).
A cera de abelha normal é um sólido de cor que
varia do amarelo ao laranja, tem odor ou aroma agra-
dável, é plástica quando aquecida à cerca de 90ºF
(32ºC) e funde à cerca de 143 a 151ºF (62 a 66ºC).
Quando alvejada torna-se branca, quase sem odor e sem
sabor. É insolúvel em água, solúvel apenas parcial-
mente em solventes, miscível em gorduras, óleos e
outras ceras. Em grau variável é solúvel em certos
éteres, tetracloreto de carbono, benzeno, acetona,
gasolina e tricloroetileno, para citar alguns.

22 Coggshal & Morse


Quebradiça à baixa temperatura, a cera de abe-
lha quebrada se apresenta grosseira, granular, com
fratura do tipo não cristalina. A superfície da fra-
tura é granular a 95ºF (35ºC), parcialmente fibrosa a
104ºF (40ºC) e fibrosa a 113ºF (45ºC). A olho nu, a
cera de abelha líquida, uma vez esfriada, se apresen-
ta com superfície lisa. Porém, com pequena ampliação,
a superfície de um bloco de cera de abelha parece ser
cheia de rugas e depressões semelhantes às ondulações
da água. Durante o resfriamento de 50ºF (10ºC) acima
do ponto de fusão5 para 77ºF (25ºC) a cera de abelha
diminui aproximadamente 10 por cento no volume.

A superfície da cera de abelha, aparentemente lisa, é, na verdade, ru-


gosa e tem uma aparência fibrosa como mostrado nesta microfotografia de
uma camada de cera bruta numa lâmina de vidro.

A cera de abelha é descrita usualmente como

5
Entendo que o autor quer dizer: “resfriando a cera de 50ºF acima do ponto de fu-
são” isto é de 147 + 50 = 197ºF para 77ºF a cera de abelha reduz aproximadamente 10
por cento no volume. Ou em graus centígrados: de 64 + 27 = 91ºC para 25ºC. A dife-
rença de 50ºF equivale uma diferença de 27ºF. (Nota do Tradutor).

Cera de Abelha 23
sendo amorfa, isto é, de forma não cristalina. No
entanto, é também registrado que durante o resfria-
mento lento da cera de abelha fundida formam-se vá-
rios pontos opacos eqüidistantes a partir dos quais
começa a cristalização. A superfície da cera mostra
cristais bem definidos que têm a forma dos alvéolos
do favo. Essa formação cristalina foi demonstrada com
a utilização de solventes. Assim, em condições expe-
rimentais, quando a cera de abelha cristaliza em
solvente, geralmente é possível ver, além dos corpos
amorfos, dois tipos de cristais: ou agulhas individu-
ais finas e longas, algumas vezes partindo de um cen-
tro comum, ou agulhas finas muito pequenas num arran-
jo esférico ou de onda. Uma microfotografia da super-
fície de um filme muito fino de cera de abelha líqui-
da sobre uma lâmina de laboratório aquecida, depois
de resfriada, mostra o efeito do resfriamento lento
sem solventes e os cristais resultantes.
A maioria das ceras retrai uniformemente ao es-
friar. A cera sólida aquecida expande da mesma forma.
De acordo com Warth (1956), “A curva que mostra a
expansão contra a temperatura apresenta uma irregula-
ridade que é mais pronunciada no ponto de fusão”. A
cera de abelha retrai 9,6 por cento quando passa de
líquido para sólido, diz Warth, o que é menos do que
para a parafina. Algumas ceras mostram uma variação
maior. A cera de Ouricuri, por exemplo, retrai 17 por
cento ao solidificar.
As propriedades físicas, geralmente usadas para
caracterizar a cera de abelha, são: ponto de fusão,
ponto de solidificação, densidade e índice de refra-
ção. Propriedades menos comuns são: viscosidade, cor,
ponto de amolecimento, refratividade molecular e es-
paçamento cristalino por raio-X. Outras característi-
cas da cera de abelha sólida incluem tensão superfi-
cial, dureza, consistência e flexibilidade.
A cera de abelha é um material estável. Verifi-
cou-se, em amostras com milhares de anos, pouquíssima
deterioração, sendo quase idênticas às produzidas
hoje (Crane, 1983).

24 Coggshal & Morse


1.3.1. Flor de cera
Freqüentemente é observado pelos apicultores e
comerciantes de cera que a superfície dos blocos de
cera de abelha, com o tempo, recobre-se com um mate-
rial esbranquiçado chamado, muitas vezes, de mofo ou,
menos freqüentemente, flor de cera, seu nome correto.
Bisson, Vansell e Dye (1940) examinaram esse material
e constataram que funde a 102ºF (39ºC). Eles acredi-
tam que seja o resultado de um rearranjo molecular
dentro da cera, fazendo com que a florescência seja
exudada para a superfície. Nas velas de cera de abe-
lha, de cor natural e outras cores, a florescência
esbranquiçada aparece e continua a crescer durante
vários anos, produzindo uma aparência atrativa de
geada.

Florescência na lâmina de cera. A florescência é formada pela fusão


lenta de pontos de cera que migram para a superfície da cera; a lâmina com
florescência é aceita pelas abelhas e pode ser usada sem dificuldade.
A florescência sobre a cera de abelha, seja nas
lâminas, velas ou cera de abelha estocada, não é pre-
judicial. Ela pode ser removida das velas esfregando

Cera de Abelha 25
um tecido suave ou aquecendo a superfície. A exudação
da florescência é lenta e contínua; depois de ser
removida a florescência torna a aparecer novamente.
Algumas pessoas gostam da aparência exótica que a
florescência confere às velas e guardam suas velas de
cera de abelha para cultivar o desenvolvimento das
flores de cera. A florescência não tem efeito preju-
dicial quando a vela queima.
Alguns tipos de pa-
rafinas também produzem
esta florescência, a
qual, assim como em cera
de abelha, é provocada
pela lenta fusão de pon-
tos que migram para a
superfície. A parafina
pode ser alterada para
reduzir a florescência,
mas a cera de abelha não.
A formação de florescên-
cia na cera de abelha
será diminuída pelo res-
friamento mais rápido. A
cera de abelha despejada
em formas e deixada res-
friar lentamente até a
temperatura ambiente a-
presenta florescência
dentro de alguns meses,
enquanto cera extrudada
que é forçada a esfriar
rapidamente pode levar um
ano e meio para apresentar florescência.

1.4. Cera de Abelha: Propriedades Químicas


A composição química da cera de abelha está
sendo investigada há bem mais de um século. Lentamen-
te, os primeiros resultados foram sendo revisados
quando técnicas novas ou melhoradas tornaram-se dis-
poníveis. Infelizmente, o progresso através dos anos

26 Coggshal & Morse


é esporádico e muitas vezes não reconhecido suficien-
temente. Alguns bons trabalhos analíticos nas décadas
recentes foram conduzidos pelos comerciantes de cera
e permanecem em suas mãos. O segredo industrial pre-
valece em várias indústrias que utilizam grandes
quantidades de cera de abelha. Essa não é uma situa-
ção anormal, nem a ser criticada, mas ela retarda
nosso conhecimento da natureza química da cera de
abelha.

Florescência em vela de cera de abelha. Alguns fabricantes envelhe-


cem suas velas por acreditarem que a aparência da florescência confere um
caráter diferencial. A florescência é removida facilmente esfregando as velas
com um tecido como foi feito na vela da figura.
A cera de abelha é uma mistura complexa de mui-
tos compostos e produtos de reações entre eles, tor-
nando a determinação precisa um pouco difícil. Com o
decorrer dos anos, as propriedade químicas empregadas
para identificar a cera de abelha passaram a ser:
acidez, número de iodo, razão ácido – éster e o núme-
ro de saponificação. Já foram usadas outras proprie-
dades químicas, mas estas são menos importantes e
aparecem poucas vezes na literatura.
Avanços recentes em técnicas analíticas aplicá-

Cera de Abelha 27
veis às análises da cera de abelha trouxeram alguns
fatos novos sobre a composição da cera de abelha. Por
volta de 1940, a cromatografia foi usada para estudar
os contaminantes coloridos da cera de abelha, and six
pigment zones in propolis were established (e foram
reconhecidas seis zonas de pigmentos de própolis).
Somente na década de 1960 é que procedimentos moder-
nos como cromatografia gás-líquido (GLC), thin layer
chromatography (TLC), cromatografia de coluna e es-
pectrometria de massa (MS) foram aplicados à cera de
abelha. Empregando estas e outras técnicas modernas
um bom número de pesquisadores, em trabalhos indepen-
dentes e geograficamente separados, estabeleceu com
precisão a composição da cera de abelha, o que elimi-
nou grande parte da confusão que perdura há muitos
anos sobre o assunto. A cera de abelha consiste de
mais de 300 componentes individuais, sendo que, dos
componentes voláteis, mais de 100 foram detectados,
mas somente 41 identificados. O agradável aroma (para
a maioria das pessoas) da cera de abelha resulta da
combinação de pelo menos 48 componentes. É duvidoso
que se possa produzir a cera de abelha sintética,
ainda que as glândulas da abelha pareçam ser muito
simples.
A tabela 1, retirada de um trabalho de Tulloch
(1980), cita muitas referências úteis.
Tabela 1 - Composição da cera de abelha
Número de componentes na
fração
Constituintes da fra- percentagem Maior Menor
ção *
Hidrocarbonetos 14 10 66
Mono- ésteres 35 10 10
di-ésteres 14 6 24
Tri-ésteres 3 5 20
Hidroxi monoésteres 4 6 20
Hidroxi poliésteres 8 5 20
Ésteres ácidos 1 7 20
Poliésteres ácidos 2 5 20
Ácidos livres 12 8 10
Álcoois livres 1 5 ?

28 Coggshal & Morse


Não identificados 6 7 ?
Total 100 74 210
* maior são os componentes que participam da
fração com mais de um por cento; para menor (partici-
pam com menos de um por cento) só foram indicados
valores estimados.
Embora químicos de vários países tenham contri-
buído para o nosso recente conhecimento, não vamos
relatar detalhes de cada um deles, mas apresentaremos
uma visão combinada da composição química da cera de
abelha. O trabalho de Tulloch, White, Stransky e seus
associados, e Ferber e Nursten são especialmente no-
tórios.
O que segue foi retirado da mesma obra de Tul-
loch. “Muitos dos componentes listados como maior na
tabela, contudo, não estão presentes em grande quan-
tidade, se a amostra, ela mesma, é apenas uma pequena
fração da cera de abelha. É interessante considerar
os componentes que formam mais de 1% da cera de abe-
lha não fracionada. Estes são:
Três hidrocarbonetos saturados: C27 (4%), C29
(2%), C31 (1%)
Dois hidrocarbonetos insaturados: C31:1 (1%),
C33:1 (2.5%)
Cinco mono-ésteres saturados: C40 (6%), C42
(3%), C44 (3%), C46 (8%), C48 (6%)
Dois mono-ésteres insaturados: C46:1 (2%), C48:1
(2%)
Cinco di-ésteres: C56 (2%), C58 (2%), C60 (2%),
C62 (3%), C64 (1%)
Um hidroxi ésteres: C46 (1%)
Três ácidos livres: C24 (6%), C26 (1%), C28 (1%)
Todos estes 21 componentes juntos totalizam 56%
da cera, mas somente quatro (três ésteres C40, C46, C48
e um ácido C24 ácido linocérico) ultrapassam 5% da
cera. O éster C46, hexadecanoato triacontil, responde
por 8% da cera de abelha.
“Os restantes 44% da cera de abelha são forma-
dos por uma grande variedade de componentes menores,
e essa grande diversidade de composição é, muito pro-

Cera de Abelha 29
vavelmente, a razão principal da plasticidade e do
relativamente baixo ponto de fusão. Outros fatores
que contribuem para as propriedades são a presença de
compostos hidroxi com o grupo hidroxil no penúltimo
antes que no último carbono, a presença de significa-
tiva percentagem de derivados insaturados do ácido
oléico, bem como a presença de misturas de racêmico e
compostos oticamente ativos. Todos estes fatores jun-
tos podem baixar o ponto de fusão para 10 a 20ºC”.

Tabela 2 – Valores analíticos para cera de abelha amarela dos


USA
Análises de White (1960) Bisson et
propriedade opérculos favos todos al (1940)
velhos
Ponto de fusão (ºC) 63,66 63,44 63,56 64,1
Acidez 18,33 18,33 18,33 18,6
Sponificação 91,08 90,72 90,94 93,9
Ésteres 72,75 72,39 72,62 75,3
Ratio number 3,97 3,95 3,96 4,04
Hidrocarbonetos (%) 14,36 14,88 14,59 --
Hidrocarbonetos
ponto de fusão (ºC) 55,1 54,8 54,9 --
Ponto de saponificção(ºC)62,5 62,5 62,5 --
Número de amostras 34 25 59 56

Tabela 3 – Valores analíticos para cera de abelha de abe-


lhas presas (segundo White, 1960)
Número da amostra *
propriedade 1 2 3 4
Ponto de fusão (ºC) 62.92 63.00 63.18 63.33
Acidez (número) 21.06 20.45 19.69
Sponificação (número) 92.36 93.89 94.04 93.55
Ésteres (número) 71.73 72.83 73.59 73.86
Ratio number 3.48 3.46 3.60 3.75
Hidrocarbonetos (%) 12.55 12.54 11.27 12.30
Hidrocarbonetos
ponto de fusão (ºC) 55.1 55.4 55.4 55.2
Teste de saponificação(ºC) 61.0 60.4 60.2 60.4
* As amostras 1 e 3 se originaram de uma linhagem híbrida
de abelhas alimentadas com xarope de açúcar; as amostras 2 e 4 se
originaram das duas linhagens alimentadas com mel de clover.

White (1960, 1961) realizou um valioso serviço


para a indústria da cera de abelha ao determinar as
constantes físicas e químicas de amostras de cera de

30 Coggshal & Morse


abelha coletadas em mais de 20 estados. As 73 amos-
tras incluíam cera de opérculos, favos velhos e pla-
cas de cera de abelhas alimentadas em condições de
laboratório.
Em 1940, Bisson, Vansel e Dye relataram os re-
sultados de análises de amostras de cera de abelha de
vários estados do oeste dos Estados Unidos, e seus
dados estão substancialmente de acordo com os de Whi-
te que melhorou os procedimentos empregados 20 anos
antes.
São de especial interesse os dados para ceras
produzidas por abelhas alimentadas com açúcar ou mel.
As tabelas 2 e 3 apresentam os dados das investiga-
ções acima. Estas informações contribuem muito para
nosso entendimento da natureza da cera de abelha e
não estão disponíveis na maioria dos livros de api-
cultura.
O trabalho de pesquisa de White originou-se da
necessidade de detectar misturas de outros materiais
em cera de abelha, e inclusive o nome desse pesquisa-
dor aparecerá novamente em outros capítulos. Tulloch
e Hoffmann (1972) examinaram 80 amostras de cera de
abelha amarela do Canadá utilizando cromatografia gás
líquido; eles relataram que a variação na composição
é geralmente pequena e não encontraram nenhum compo-
nente não usual em nenhuma das ceras. Os resultados
analíticos dos anos recentes são especialmente para a
cera de abelha produzida pela Apis mellifera nos USA,
Canadá e Chekoslováquia, mas as ceras das três espé-
cies asiáticas, A. dorsata, A. cerana e A. florea,
concluiu Tulloch, são mais semelhantes entre si do
que com a da A. mellifera.

1.5. Especificações para a Cera da Abelha


Existe um grande número de publicações oficiais
e quase-oficiais que podem ser consultadas em busca
das especificações físicas e químicas da cera de abe-
lha. Algumas são mais completas do que outras; muitas
não são atuais por causa do rápido desenvolvimento

Cera de Abelha 31
tecnológico e métodos de análises. Algumas, notada-
mente as farmacopéias, parece que dão pouca atenção à
cera de abelha, talvez por que pouco dela é usado na
indústria de cosméticos hoje em dia.

1.5.1. Farmacopéia
The United States Pharmacopeia é reconhecida
oficialmente pelo governo como uma fonte de informa-
ção de drogas, ingredientes farmacêuticos, reagentes
e materiais assemelhados; ela é revisada a cada cinco
anos. Suplementos à Pharmacopeia são publicados peri-
odicamente. A Pharmacopeia é preparada sob a direção
do U. S. Pharmacopeial Convention que foi criada por
médicos em 1817. Farmacêuticos, tanto do setor indus-
trial como do não industrial, juntaram-se ao grupo
desde então.
A informação sobre a cera de abelha na última
edição do U. S. Pharmacopeia (1980) e no National
Formulary (veja abaixo para mais informações do Nati-
onal Formulary) é mais breve e sua definição de cera
branca é, essencialmente, sem uso. Assim mesmo o ín-
dice é confuso para o leitor, pois a informação sobre
cera de abelha está sob o título “cera branca” e não
sob cera de abelha. Ele reza: “A Cera Branca é um
produto do resultante do branqueamento e purificação
da cera amarela que é obtida do favo da abelha [Apis
mellifera Linne (Fam. Apidae)] e que atende à especi-
ficação do teste de saponification cloud.” A defini-
ção de Cera Amarela não traz mais esclarecimentos,
afirma simplesmente que ela é “a cera do favo da abe-
lha purificada”.
Edições da Pharmacopeia de algumas décadas a-
trás são mais esclarecedoras e dividem a cera de abe-
lha em duas categorias – cera branca (cera alba) e
cera amarela (cera flava) – termos que ainda são usa-
dos ocasionalmente. Edições anteriores, inadequadas
para os dias de hoje, fornecem mais informações sobre
a cor, ponto de fusão, densidade, solubilidade, etc.
A maior diferença entre cera alba e cera flava é,
obviamente, a cor, no entanto em nenhum lugar na edi-

32 Coggshal & Morse


ção de 1980 está indicado que a cera branca é a cera
amarela branqueada ou como o branqueamento é conse-
guido.

1.5.2. Outras farmacopéias


Muitos outros países têm farmacopéias; não e-
xistem dois iguais nem similares aos textos dos USA,
alguns são mais úteis do que outros. Por exemplo, a
última edição do British Pharmacopeia que os autores
consultaram (1973) é mais prolixo em suas definições
e reza que a cera de abelha branca tem origem na Apis
mellifera “e possivelmente de outras espécies de A-
pis”, no entanto, são fornecidas informações limita-
das sobre análises. O International Bee Reserch Asso-
ciation Bibliography No. 24 intitulado Worlwide Stan-
dards For Hive Products Except Honey, and For Equip-
ment Used in Beekeepind and in Processing Hive Pro-
ducts lista os paises onde existem farmacopéias ou
padrões e onde a cera de abelha é catalogada, dentre
os quais: Argentina, França, Índia, Nova Zelândia,
Suíça, Tanzânia, Reino Unido, Estados Unidos e Rús-
sia.

1.5.3. The National Formulary


Em 5 de Julho de 1974 o U. S. Pharmacopeial
Convention adquiriu o National Formulary através de
uma ação conjunta entre ele e os diretores executivos
do American Pharmaceutical Association, e assim os
dois compêndios de drogas oficiais foram combinados.
A vigésima edição do Pharmacopeia, datada oficialmen-
te de 1º de Julho de 1980, mas publicada em 1979, é a
décima quinta edição do Formulary. Assim, como no
caso da Pharmacopeia, as edições anteriores do Formu-
lary contém informações mais detalhadas do que as
edições posteriores.

1.5.4. The United States Dispensatory


Esta publicação de Osol, Pratt e Gennaro (1973)

Cera de Abelha 33
foi escrita especialmente para os farmacêuticos e
outros profissionais da saúde. Ela contém uma descri-
ção da cera branca e amarela semelhante à encontrada
no U. S. Pharmacopeia. De modo análogo, edições ante-
riores do Dispensatory (segundo vários autores) con-
tém muito mais informação sobre cera de abelha, seus
contaminantes, modo como é branqueada e métodos de
análises. Naturalmente, algumas das últimas informa-
ções são desatualizadas.

1.5.5. Associação Americana dos Refinadores


e Importadores de Cera de Abelha
Uma circular de quatro páginas intitulada Genu-
ine Pure Beeswax Specification, Sampling and Test
Methods foi preparada pela Associação acima em 1968 e
reimpressa em 1978. Está disponível em Frank B. Ross
Co., Inc., 6-10 Ash Street, Jersey City, N. J. 07304.
A mesma foi também reimpressa em sua totalidade numa
publicação de 1978 sobre cera de abelha lançada pelo
Internacional Trade Center e é o apêndice 2 deste
texto.
A circular inicia dizendo que ela contém espe-
cificações para “Cera de Abelha Amarela Refinada” e
Cera de Abelha Branca Clareada”. É feita uma afirma-
ção genérica sobre a composição e suas propriedades;
depois ela continua com secções sobre amostragem de
cera e métodos de teste, valor de ácido e éster, o
ratio number e saponification cloud point. Na nossa
opinião, essas especificações são tão razoáveis quan-
to se pode esperar de uma circular desse tipo. Sem
afirmar explicitamente, a circular deixa claro que o
valor do julgamento humano é mais importante na de-
terminação da pureza de uma amostra de cera de abe-
lha.

1.5.6. General Services Administration


Num memorando datado de 29 de dezembro de 1979
o Commissioner do Federal Supply Service, General
Services Administration, disse que a Administration

34 Coggshal & Morse


poderia cancelar o uso de sua própria especificação
para cera de abelha e poderia dali em diante usar a
preparada pela Associação Americana dos Refinadores e
Importadores de Cera de Abelha. Antes dessa data, a
Administration tinha sua própria especificação publi-
cada com o título de “Federal Specifications Beeswax,
Technical: Crude Grade”. Estas eram datadas de 14 de
Outubro de 1968 e substituíram as datadas de 9 de
Abril de 1963. Em 1968, foram feitas cópias mimeogra-
fadas disponíveis no Superintendent of Documents,
Washington, D.C. 20302 por 10 centavos. A publicação
acima serve de guia para todas as agências governa-
mentais que compram e usam cera de abelha.

1.5.7. Food Chemical Codex


O Food Chemicals Codex é preparado pelo Commit-
tee on Codex Specifications, um comitê do Food and
Nutrition Board, o qual, por sua vez, é parte do Di-
vision of Biological Sciences dentro da Assembly of
Life Sciences of the National Research Academy of
Sciences. A publicação do Codex foi financiada com
recursos do Purê Food and Drug Administration e é
reconhecida oficialmente pela agência quando se fazem
necessários “procedimentos, definições e regras de
interpretação” com referência a substâncias que são
geralmente reconhecidas como seguras e usadas na ma-
nufatura de alimentos. O Codex, adotado por muitos
outros países e agências internacionais,usa como ma-
terial fonte o United States Pharmacopeia, o National
Formulaty, o American Society for Testing and Materi-
al, bem como, recolhe outras especificações prepara-
das por várias organizações governamentais e priva-
das. A terceira e última edição data de 1981.
O Codex dedica um pouco mais de uma página para
a cera de abelha branca e amarela e fornece definição
para ambas. A cera de abelha branca é definida como
“cera clareada, purificada”, mencionando como o cla-
reamento é obtido. A especificação para a faixa do
ponto de fusão, valor ácido, valor de éster, e sapo-
nification cloud point são os mesmos encontrados nas

Cera de Abelha 35
especificações preparadas pelo Associação Americana
dos Refinadores e Importadores de Cera de Abelha,
mas, adicionalmente, ela também recomenda testes para
arsênico (por razões não explicadas), cera de carnaú-
ba, cera Japonesa, gorduras, resinas e sabões, indi-
cando que o primeiro objetivo é detectar adulteração
por estas substâncias. Ele também afirma que o uso
funcional da cera de abelha em alimentos é como “co-
bertura de doce e polimento, propósitos gerais e di-
versos, agente flavorizante,” uma lista que sugere
que os compiladores do Codex não tinham, obviamente,
muita familiaridade com a cera de abelha.

1.5.8. The Cosmetic, Toiletry and Fragrance


Association
Esta organização, com sede em 110 Vermont Ave-
nue, N. W., Washington, D. C. 20005, distribui um
manual que dedica duas páginas para a cera de abelha,
listando testes de pureza e um espectograma com fina-
lidade de identificação. Outros guias, no entanto,
são muito mais completos.
American Society for Testing and Materials
O primeiro encontro formal para discutir méto-
dos uniformes para testar materiais teve lugar na
Europa em 1882. Subseqüentemente foi criada a Inter-
national Association for Testing Materials; desta
originou-se uma seção americana, organizada em 1898,
a qual, em 1902, quando a American Society for Tes-
ting Materials foi criada, tornou-se uma unidade in-
dependente. Seu endereço atual é 1916 Race Streer,
Philadelphia, Pa. 19103.
O Annual Book of ASTM Standards (Part 48-Index)
de 1980, que é a última edição disponível em nossa
biblioteca, diz que a referida sociedade foi formada
para o desenvolvimento de padrões e características
de desempenho de materiais, produtos, sistemas e ser-
viços; e a promoção de conhecimento correlato”. A
Sociedade tem 135 comitês principais, 1550 subcomitês
e 28000 membros (1980). O Annual Book of ASTM Stan-

36 Coggshal & Morse


dards de 1980 é formado por 48 partes (volumes) e
ocupa mais de quatro pés do espaço de uma prateleira.
. A parte 30 contém informações para a determinação
da saponificação e do número ácido para cera sintéti-
ca e natural, porém, não é mencionado, neste nem em
outro volume, como são feitos tais testes na cera de
abelha.

1.5.9. Outras referências


O livro de Bennett (1975), com quase quatro pá-
ginas dedicadas à cera de abelha, é uma referência
que vale a pena, Inclui seções com os títulos: Ori-
gem, Preparação, Composição, Classificação Utilizá-
vel, Propriedades, Compatibilidade, Especificação e
Adulteração da Cera de Abelha. Contém ainda três ta-
belas úteis, sendo que as informações sobre especifi-
cações são mais completas do que na maioria das ou-
tras referências. Uma tabela adicional de quatro pá-
ginas no capítulo intitulado “Ceras Animais” compara
a cera de abelha com outras ceras, de uma forma inte-
ressante e informativa. Outra referência é o trabalho
de três volumes sobre cosméticos de Balsam e Sagarin
(1972, 1972, 1974), o qual não discute as especifica-
ções para a cera de abelha, no entanto, contém comen-
tários úteis sobre as qualidades específicas da cera
de abelha.

1.6. Secreção da Cera da Abelha


Os antigos acreditavam que a cera de abelha era
produzida pelas flores das plantas e árvores, coleta-
da pelas abelhas e carregadas em suas pernas para a
colméia. É difícil afirmar se alguém pensou diferente
nos séculos que se seguiram, ou seja, se alguém deu
alguma atenção ao assunto. Por volta de 1609, no en-
tanto, Charles Butler afirmou que o pólen não era a
fonte da cera de abelha, mas que as abelhas carrega-
vam a cera como finas escamas que elas mascavam e
moldavam em favo. Em 1744 Hornbostel disse que a cera
devia ter origem no corpo da abelha (Crane, 1963). Em

Cera de Abelha 37
1792, John Hunter escreveu que a cera de abelha era
uma secreção oleosa, e, no ano seguinte, François
Huber mostrou que a secreção se tornava possível para
as abelhas alimentadas com mel. Por volta da década
de 1890 e início da década de 1900 começamos a apren-
der mais sobre os órgãos internos que secretam a ce-
ra.
Antes de 1900, concluiu-se que as escamas de
cera eram formadas na parte anterior de cada uma das
últimas quatro placas externas normais (segmentos IV
a VII) do abdômen da operária; eram quatro placas de
cera (ou escamas se você preferir) em cada segmento,
ou um total de oito.

Uma operária secretando cera; aparecendo a posição das escamas de


cera (acima).

Sabemos agora que as glândulas de cera estão


localizadas acima dessas placas de cera, e consistem
de células espessas de epiderme, espaços acessórios
adjacentes, enócitos, gordura e células associadas
com a síntese da cera. A cera é secretada como líqui-
do e solidifica em escamas assim que entra em contato
com as placas, tomando sua forma.
Como a cera líquida chega à superfície exterior

38 Coggshal & Morse


das placas de cera foi, durante muito tempo, objeto
de especulação. Hoje, parece que Sanford e Dietz
(1976) resolveram o mistério. Utilizando microscopia
eletrônica, estes investigadores mostraram que a cu-
tícula da placa de cera é permeada por feixes de fi-
bras ou poros. Existe dúvida se os poros dos canais
são feitos de microfilamentos ou microtubos, embora
seus achados confirmem a interpretação de microtubo.
Na secreção de cera a função da fina estrutura da
glândula de cera pode ser transporte ou concentração
de substâncias.
Este estudo comple-
menta as observações de
Piek (1964) de que os
constituintes da cera de
abelha são sintetizados
nos enócitos e nas célu-
las gordurosas, as quais
são enzimas ativadas por
uma esterase, a qual pode
possivelmente catalisar a
produção na cutícula bem
como no epitélio. Piek
concluiu que os ésteres
são sintetizados pelas
células gordurosas, e os
hidrocarbonetos e wax
acids pelos enócitos. As
células gordurosas e os
enócitos descarregam seus
conteúdos nas glândulas
de cera (epitélio) onde a
cera de abelha é produzi-
da.
Abelhas imóveis, em aglo-
merado, secretando cera. Elas não executam outro trabalho quando secretam
cera. Fotos de Henryk Hansen.

O verdadeiro local das reações finais que com-


pletam a formação da cera de abelha antes de ser se-
cretada através dos canais porosos não é conhecido.

Cera de Abelha 39
Pode ser assumido, a partir de sua acumulação como
camada líquida nas placas externas de cera, que as
reações finais que resultam no endurecimento da cera
ocorrem depois da secreção. Podemos concluir a partir
da estrutura multilaminar (laminada) das escamas de
cera que a secreção é intermitente, e a ilustração
confirma esta suposição. Estudos recentes com micros-
copia eletrônica de Dietz e Humphreys (1972)também
confirmam esta conclusão. Outros estudos detalhados
das glândulas de cera, anteriores à microscopia ele-
trônica, foram relatados por Rosch em 1927 e 1930.
Ele observou abelhas marcadas, de idade conhecida,
tomando parte na secreção de cera e construção de
favos, e assim, tendo observado histologicamente mais
de 700 abelhas (cerca de 60.000 seções), concluiu que
as glândulas de cera são diferentes no estágio pupal
to distinctly cubical cells. Demonstrou que abelhas
muito jovens podem produzir cera, aumentando em muito
o tamanho da célula glandular de cera, e continuam a
produzir até a idade de 17 dias, depois do que inicia
a degeneração glandular. Abelhas velhas são capazes
de retomar a produção de cera, mas com glândulas e
produção pequenas. Turell (1072) relata uma investi-
gação dos fatores que influenciam o desenvolvimento
das glândulas de cera e fornece muitos dados mostran-
do o porte das glândulas de cera de abelhas de dife-
rentes idades no início do verão, final do verão e
outono, sob diversos graus de estimulação com vistas
à produção de cera. Ele constatou que os dois fatores
mais importantes para as glândulas de cera atingirem
seu tamanho são a idade e a quantidade de alimento no
estômago da abelha. O stress (estímulo) para produzir
cera aparece a partir do estômago cheio e falta de
favo nos quais armazenar o conteúdo do estômago.

40 Coggshal & Morse


Glândulas de cera de abelha operária emergindo (um dia de idade) ...

As abelhas alimentadas seja com mel ou com xa-


rope de açúcar podem produzir cera por longos perío-
dos. O grau de eficiência, isto é, quantas libras de
açúcar ou de xarope de açúcar são necessárias para
produzir uma libra de cera não está claro. É difícil
demonstrar isto experimentalmente pois existem muitas
variáveis. O experimento mais freqüentemente citado é
o de Whitcomb (1946). Ele alimentou quatro colméias
com um mel fino, escuro e forte que classificou de
invendável. O único defeito que pode ser imputado ao
teste é que as abelhas tinham liberdade de voar, o
que era provavelmente necessário para se livrarem da
matéria fecal; foi informado que não havia fluxo de
mel em curso. A produção de uma libra de cera de abe-
lha exigiu em média 8,4 libras de mel (faixa de 6,66
a 8,80). Whitcomb encontrou uma tendência de a produ-
ção de cera se tornar mais eficiente com o passar do
tempo. Isto também enfatiza que o projeto que preten-
da determinar a razão de açúcar para cera, ou um pro-
jeto concebido para produzir cera a partir de uma
fonte barata de açúcar, exige tempo para o desenvol-
vimento das glândulas e, talvez, para as abelhas en-
trarem na rotina de secretar cera e produzir favo.

Cera de Abelha 41
... as glândulas no desenvolvimento máximo ...

... e
glândulas degeneradas Fotos de Michael J. Turell.

Alguns anos atrás, foi construída uma peça com


temperatura e umidade controladas para tentar forçar
enxames artificiais alimentados com xarope de açúcar
a produzir e liberar escamas de cera em vez de as
usar para construir favo (Coggshall, não publicado).
Foi uma experiência frustrante tanto para as abelhas
como para o experimentador. A baixa umidade necessá-
ria para ajudar as abelhas a se livrarem da água sem
se lançar em vôo provocou a cristalização do xarope
de açúcar, não importando como ele era fornecido.
Dessa experiência concluiu-se que era impraticável
forçar a produção de cera usando abelhas engaioladas.
Temos sérias dúvidas de que os apicultores possam
aumentar a produção de suas colméias de alguma forma
prática. O experimento, no entanto, forneceu algumas
informações úteis. Dependendo do número de períodos
de secreção que tenha ocorrido, a espessura das esca-
mas de cera varia de 0,06 a 1,6mm. O peso médio das
escamas finas foi 0,206mg enquanto das escamas espes-
sas foi 1,298mg. Tais extremos trazem um pouco de
confusão, mas, eliminando as escamas muito finas e as
muito espessas, concluímos que existem aproximadamen-
te 800.000 escamas numa libra (0,4536 kg) de cera de
abelha (Coggshall, 1949). Este resultado é considera-
do diferente dos relatados por outros; no entanto, os
demais são válidos e, se não servem para nada mais,
confirmam a grande variação que ocorre nos produtos
naturais. Existe também um número aproximado resul-
tante de outro cálculo: visto que uma abelha produz

42 Coggshal & Morse


oito escamas por vez, 100.000 abelhas, todas produ-
zindo ao mesmo tempo, podem secretar uma libra de
cera de abelha durante a noite. Realmente, as abelhas
não produzem escamas de cera em tal número, e a ilus-
tração é simplesmente para mostrar que a cera de abe-
lha além de ser um complexo composto químico é também
um produto da atividade de muitas abelhas individu-
ais.

1.7. Construção do Favo pela Abelha


As operárias transformam as escamas removidas
de suas bolsas de cera em favos e opérculos quando
necessário ou quando ocorre uma emergência como a
enxameação. As operárias jovens são mais eficientes
do que as velhas, mas elas devem dispor de abundância
de mel, néctar ou xarope de açúcar para serem mais
produtivas. Se a vesícula melífera estiver cheia e
houver necessidade de favo ou opérculos as abelhas se
agarram em amontoados, não se movem nem executam
qualquer trabalho e as escamas de cera ou aparecem,
ou, se já estiverem presentes, endurecem nas bolsas
de cera.
As escamas de cera são removidas das bolsas de
cera pelas abelhas que as produzem e passam-nas, com
o tarso, para as mandíbulas. Isto é feito, tipicamen-
te, pressionando o primeiro segmento tarsal da perna
do meio contra a escama e empurrando para trás. A
cerda penetra nas escamas, prendendo-a ao tarso, e a
perna então a passa para frente de forma que ela pos-
sa ser agarrada pelas pernas dianteiras ou pelas man-
díbulas. As corbículas no basitarso podem ajudar a
remover as escamas, mas usualmente só a longa cerda
do segmento distal é envolvida.
As escamas grossas apresentam mais dificuldade
para as abelhas, as quais variam em sua habilidade ou
agilidade em manipulá-las. Ocorre muito desastre e
algumas escamas caem inteiramente assim como pedaços
de cera mastigada. Pequenos pedaços de escamas segui-
damente aderem às corbículas das pernas, indicando
dificuldade em remover as escamas das bolsas; isto é

Cera de Abelha 43
mais visível com escamas espessas. Escamas caídas
mostram seguidamente marcas de raspagem, enquanto
outras parecem ter caído acidentalmente de suas bol-
sas; estas são gradualmente apanhadas e usadas. Nem
todas as escamas são removidas prontamente. Algumas
abelhas produzem todas as escamas extremamente espes-
sas e outras escamas finas, enquanto outras podem
produzir escamas com a espessura variando em algumas
bolsas e sem variação em outras.

Microfotografia eletrônica de escamas de cera tiradas de abelhas que


a secretavam; é evidente que cada escama é formada de várias e sucessivas
secreções.

Dependendo do tamanho da escama, a abelha pode


mastigar toda a escama antes de aplicá-la no favo, ou
ela pode preparar e aplicar apenas uma porção da es-
cama e depois repetir o processo. Algumas abelhas
podem adicionar pedaços de escamas não mastigados ou
escamas quase intactas à nova construção. Dependendo
da qualidade do trabalho, uma abelha média com uma
escama média gasta de um a quatro minutos para remo-
ver, mastigar e depositar uma escama na parede de um
alvéolo. A escama aplicada, de forma negligente, pode

44 Coggshal & Morse


ser retrabalhada mais tarde com as mandíbulas, ou
seja, trabalhada no local, compactada e alisada.

Abelhas operárias mostrando o lado inferior de seus abdomens e múl-


tiplas, escamas de cera projetadas. Ainda que as abelhas tenham quatro pares

Cera de Abelha 45
de glândulas, raramente encontrar-se-á uma com todas as oito escamas igual-
mente desenvolvidas.

Algumas abelhas aplicam cera às paredes do al-


véolo enquanto outras, agindo como modeladoras mais
do que como produtoras, fazem o trabalho final. Uma
abelha com algumas escamas existentes nas bolsas pode
parar de remover as escamas e iniciar a modelar ou
esculpir a cera depositada por outra abelha. Esta
divisão de trabalho e o fato de uma abelha individu-
al, raramente, terminar a tarefa por ela iniciada, é
típico da troca da carga de trabalho e reforço que é
evidente na colônia de abelhas e faz parte do sistema
social.
Quando o favo está em construção, seja natural
ou sobre uma lâmina de cera manufaturada, as abelhas
se amontoam num arranjo semelhante a uma cortina.
Muitas abelhas agarram-se quietamente enquanto outras
estão adicionando ativamente a cera e conformando as
paredes do alvéolo. As paredes do alvéolo são esten-
didas gradualmente assim que as bordas são retraba-
lhadas até que a espessura da parede fique entre
0,002 a 0,003 polegadas para os alvéolos da operária
e 0,004 a 0,005 para os alvéolos de zangão.
A temperatura dentro do amontoada de construção
do favo ou a cortina de abelhas é cerca de 97ºF
(36ºC). Conhecemos por experiência que a cera de abe-
lha é dúctil e facilmente moldável a esta temperatu-
ra. Embora a cera mastigada aparente estar um pouco
emulsificada, existe dúvida se algo com efeito amaci-
ador é adicionado pela abelha enquanto mastiga a ce-
ra. O efeito mecânico das mandíbulas na cera é de
desorganizar o arranjo molecular, tornando a cera
maleável ou plástica mais do que rija ou dura. A evi-
dência disto é que a cera das escamas removidas de
abelhas mostra uma estrutura regular na espectografia
a raio-X, enquanto a de alvéolos, recentemente cons-
truídos, mostra apenas um modelo fraco. As moléculas
gradualmente se rearranjam a si mesmas, tornando os
alvéolos mais fortes. Pode ser produzido algum calor
no processo de conformação; a dobradura da cera de

46 Coggshal & Morse


abelha pura é muito semelhante à dobradura de metais
macios.

Escamas de cera produzidas e liberadas pelas abelhas. Algumas mos-


tram um furo feito, provavelmente, pelo ponta da perna do meio quando a
escama era removida da bolsa de cera. Algumas escamas, na parte superior à
esquerda, foram mascadas pelas abelhas. Isto é feito antes de elas serem trans-
formadas em favo. Algumas escamas são secreção simples e outras têm cama-
das múltiplas.

Quando um enxame constrói favos a partir do


forro ou num quadro, sem a ajuda de cera laminada, as
abelhas fixam, primeiro, a cera numa longa e uniforme
saliência que depois elas estendem para baixo. Abe-
lhas individuais, trabalham frente a frente ao longo
da saliência, em seguida usam suas mandíbulas para

Cera de Abelha 47
arredondar as cúpulas hemisféricas, levemente em con-
trabalanço frente a frente. Assim que as bases dos
dois primeiros alvéolos são delineados, outras abe-
lhas se juntam formando bases de alvéolos adjacentes
de cada lado da nervura. Assim que elas continuam a
tomar forma as bases são achatadas para formar uma
pirâmide invertida de três faces, e as paredes do
alvéolo, inicialmente cilíndrico, se tornam hexago-
nais. Assim que bases e paredes adicionais são forma-
das, muitas outras abelhas tomam parte ativa e o favo
cresce para baixo e lateralmente. Assim que o favo se
torna semielíptico na forma, a velocidade de cresci-
mento para baixo é maior do que o crescimento late-
ral.
Um grande enxame pode iniciar um favo e depois
um, dois ou mais de cada lado e paralelo ao primeiro,
mas com o primeiro sendo sempre maior do que os de-
mais. Com um suprimento constante de néctar os favos
crescem de acordo a providenciar espaço para o desen-
volvimento da cria e armazenamento do mel.
As pernas, mandíbulas e maxilas tomam parte a-
tiva na construção; as antenas parecem se manter em
movimento constante, contatando freqüentemente a cera
assim que ela é trabalhada no local. As maxilas aju-
dam a segurar a cera mascada quando inicia a sua de-
posição.
O anel externo do alvéolo em construção perma-
nece espesso e para isto as abelhas construtoras a-
crescentam pedaços de cera mastigada. Pela ação das
mandíbulas a parte interna da parede é mantida fina e
estendida enquanto o anel é mantido espesso. Os peda-
ços de cera removidos das partes internas das áreas
espessas são adicionados ao anel espesso. A repetição
desta rotina resulta na extensão da parede do alvéolo
para fora mantendo o anel espesso.
As mandíbulas são altamente especializadas para
a construção dos favos (e para outras tarefas não
associadas com a manipulação da cera). Elas podem ser
movidas juntas de forma que as duas pontas afiladas
ao contatarem cortam as peças de cera. Quando super-

48 Coggshal & Morse


fícies côncavas agarram juntas e se esfregam para
frente e para trás, pela parte côncava empurram a
cera mascada para a frente e prensam-na com força
contra a superfície fazendo-a aderir do modo neces-
sário para iniciar um novo favo direto na madeira.

A cera de abelha, assim que produzida pelas abelhas, é branca, sem


cheiro e sem sabor. Este pedaço de favo quebrado mostra alvéolos expostos
contendo pólen; o pólen e a própolis mancham a cera e são a fonte primária da
cor e cheiro distinto da cera de abelha.

Os opérculos que cobrem o mel nos alvéolos são,


geralmente, 100 por cento cera, já os colocados sobre
a cria são apenas parcialmente de cera. Os opérculos
da cria contém, além da cera, pedaços de casulo e
traços de própolis e pólen, razão pela qual eles têm
aparência diferente quando comparados com os opércu-
los colocados sobre o mel. A operculação da cria é
lenta exigindo muito mais trabalho da abelha, uso de
pequenos pedaços e peças dos alvéolos próximos e de
opérculos velhos de cria; a abelha emergente aparen-
temente come pedaços muito pequenos dos opérculos que
ela rói. Opérculos de cria em favos velhos são mais

Cera de Abelha 49
pretos do que nos favos novos, indicando que material
novo é usado quando a cria é operculada em favo novo.
Esta cor mais clara é muito visível quando um enxame
constrói novos favos e neles desenvolve o primeiro
ciclo de cria.
Um grande número de estudos foi feito sobre co-
mo as abelhas constroem o favo, a resistência e a
capacidade de contenção do favo, medidas precisas dos
ângulos do alvéolo hexagonal e sua base de três la-
dos. O favo para mel é feito com o mínimo de material
e é notável a eficiência no uso do espaço. Isto faci-
lita o armazenamento do mel e do pólen, mas é decisi-
vo no desenvolvimento da cria quando o clima é frio
ou mesmo gelado. A larva ou pupa em desenvolvimento
se encaixa confortavelmente no alvéolo em forma hexa-
gonal, além disso,o fundo do alvéolo, normalmente
côncavo, ajuda o ninho de cria ser um pouco mais com-
pacto e assim mais fácil de manter aquecido.
Magníficas e longas discussões sobre o processo
de construção do favo, aqui resumidas, encontram-se
nos trabalhos de naturalista suíço Huber, o evolucio-
nista Darwin, e o mais recente sintetizador da biolo-
gia da abelha Ribbands (1953). Uma referência padrão
para dados e medidas desta espécie sobre as abelhas
são os dois volumes do trabalho de Cheshire (1886,
1888).
Uma libra (0,454kg) de cera de abelha, quando
transformada em favo suportará 22 libras (10kg) de
mel. Num favo não suportado a tensão nos alvéolos
mais altos é grande; um favo de um pé (30 cm) de al-
tura suporta 1320 vezes o seu próprio peso em mel.
O favo é construído iniciando por uma nervura
que consiste de losangos ou paralelogramos com quatro
lados iguais, dois ângulos agudos e dois ângulos ob-
tusos. Três destes losangos formam a base de um alvé-
olo individual; no entanto, nos lados opostos da ner-
vura estes mesmos três losangos são parte de três
diferentes alvéolos opostos. Estes losangos são assim
chamados, pois os seus cantos não se encaixam quando
repousam sobre uma superfície, mas quando encaixados

50 Coggshal & Morse


eles formam a base côncava do alvéolo. Cheshire
(1886) afirma que se a base do alvéolo fosse plana,
seria necessário 1/15 mais de cera e muito da resis-
tência do favo poderia desaparecer.
Os ângulos entre as nove faces dentro do alvéo-
lo foram medidos e calculados teoricamente por puro
prazer ou algo parecido. Pode-se calcular, como fez
Cheshire, a orientação mais eficiente to parts of a
degree. Na verdade, inobstante as abelhas respeitem
regras gerais na construção destes complicados alvéo-
los, não existem dois alvéolos exatamente iguais e
variações da ordem de três a quatro por cento nos
ângulos entre partes contíguas são comuns no que apa-
renta ser um favo perfeito. Alvéolos de transição,
alvéolos construídos para acomodar o espaço entre
favos de operárias e de zangões, ou para reparar fa-
vos quebrados, deformados ou outros danos, variam
ainda mais.
Estas medidas são necessárias quando se está
interessado na fabricação de dispositivos para a pro-
dução de cera laminada.: ângulos agudos e obtusos dos
losangos são aproximadamente 70 e 110º. Os losangos
estão justapostos num ângulo de 120º e não 140º, a
medida usada para fabricar cera laminada até cerca de
1919. No entanto, Root (1951) afirmou que nas primei-
ras fabricações de cera laminada foi difícil fazê-la
com a base em faces inclinadas. Os alvéolos são cons-
truídos inclinados para cima, presumivelmente para
ajudar a segurar o seu conteúdo. Esta inclinação é
especialmente evidente nos favos da abelha Asiática,
Apis dorsata, onde os alvéolos para armazenamento de
mel podem ter quatro polegadas (10cm) ou mais de pro-
fundidade. As abelhas européias também podem ser for-
çadas a construir alvéolos mais profundos, ao se au-
mentar diariamente o afastamento entre os favos du-
rante o fluxo de mel; igualmente aqui a inclinação do
alvéolo se torna mais evidente.

1.7.1. Variação no tamanho do alvéolo


As raças de abelhas variam muito no porte e o

Cera de Abelha 51
mesmo acontece com os alvéolos nos seus favos. O nú-
mero de alvéolos por unidade de área no favo ou na
lâmina tem sido medido, tradicionalmente, em número
de alvéolos por decímetro quadrado. Pode-se medir o
número de alvéolos por centímetro ou polegada (de
ambos os lados do favo). Mede-se, também, a distância
ocupada por um dado número de alvéolos; tem sido útil
verificar o comprimento de 40 alvéolos, medindo a
vertical e os lados paralelos. O favo normal das abe-
lhas européias contém entre 764 e 940 alvéolos por
decímetro quadrado. É preciso tomar cuidado quando se
fala em número de alvéolos por unidade de área na
cera laminada comparada com o favo natural. Quando a
cera laminada é manufaturada ela é puxada dos rolos,
não simplesmente empurrada ou trabalhada através de-
les, e é muito fácil espichar a lâmina de cera. Os
rolos têm alvéolos-base feitos precisamente, mas os
alvéolos podem ser espichados numa direção no proces-
so de moldagem e o número de alvéolos existentes numa
direção pode ser diferente do existente na outra.
Por muitos anos, a idéia de produzir abelhas
maiores e assim produzir maiores colheitas de mel,
fascinou muitos apicultores. Alguns queriam desenvol-
ver abelhas com línguas maiores pensando que tais
abelhas seriam melhores polinizadoras, especialmente
em culturas como a do trevo vermelho que tem flores
com corolas longas o que torna difícil para as abe-
lhas alcançar o néctar. O meio para criar abelhas
maiores, pensou-se, seria utilizar lâmina com alvéo-
los maiores. O primeiro a fazer isto foi um Belga,
que, em 1893, espichou lâminas antes de as colocar na
colméia para a construção do favo.
O assunto, tamanho dos alvéolos, é tratado cui-
dadosamente em três trabalhos de Grout (1936, 1937a,
1937b). Ele estudou colméias em favos feitos a partir
de lâminas com 857, 763 e 706 alvéolos por decímetro
quadrado. Grout concluiu que abelhas maiores podem
ser produzidas usando lâminas com alvéolos ampliados.
O aumento no tamanho das abelhas produzidas é propor-
cional ao aumento no tamanho dos alvéolos. Depois de
quatro anos de experimentos nos quais aproximadamente

52 Coggshal & Morse


60 colméias foram divididas em três grupos de colméi-
as, cada uma com lâminas de diferentes tamanhos, con-
cluiu que o tamanho do alvéolo e o fato de algumas
colméias terem abelhas maiores, não apresentam efeito
algum na produção de mel. No entanto, é fácil encon-
trar referências do contrário, incluindo três traba-
lhos Russos (Gluchkov, 1956; Kotogyan and Matirosyan,
1958; e Vlasov, 1965). Um destes observadores afirmou
que abelhas desenvolvidas em alvéolos maiores podem,
por sua vez, construir favos com alvéolos maiores.
Que isto pode acontecer é um fato compatível com cer-
tas teorias de genética que vingaram na Rússia por
vários anos (Lysenko genética), mas não confirmado
por cientistas em nenhuma outra parte do mundo. Um
pesquisador Tcheco (Hehtmanek, 1960) registrou o ren-
dimento em mel de 173 colméias e mediu o comprimento
da língua de mais de 1600 operárias destas colméias.
Ele concluiu que não existia relação alguma entre o
comprimento da língua e o rendimento. Do nosso ponto
de vista não existe fato que possa sugerir alguma
vantagem em mudar o tamanho do alvéolo da lâmina atu-
almente em uso.
O assunto sobre o efeito do tamanho do alvéolo
nas abelhas e na produção de mel perdeu o interesse.
Quando sucessivas gerações de abelhas são desenvolvi-
das num alvéolo ocorre um acúmulo de casulos; as abe-
lhas operárias que limpam os alvéolos não removem os
casulos, elas limpam e pólem o interior do alvéolo
deixando o casulo no lugar. Assim os alvéolos tor-
nam-se progressivamente menores e, com o tempo, uma
abelha menor é produzida. Na Alemanha foi mostrado
que abelhas operárias pesam em média 96,1mg, enquanto
abelhas desenvolvidas em favos novos pesam 118,3mg
(Buchner, 1953). Muitos apicultores europeus renovam
seus favos, isto é, fundem os favos velhos e iniciam
novos a partir de lâmina, a cada três ou quatro anos.
Alguns apicultores americanos fazem isto, e não é
difícil encontrar favos com cinco ou mais anos de uso
nos dias de hoje; as rainhas preferem, sendo-lhes
dada a opção, botar ovos em favos velhos. Temos, sem
dados para confirmar, a noção de que, pela renovação
periódica dos favos velhos, a produção de mel aumenta

Cera de Abelha 53
por causa da produção de abelhas maiores.
Em áreas secas como do Arizona, os apicultores
costumam usar lâmina de cera com alvéolos maiores
para facilitar a extração. É difícil extrair mel com
baixa umidade (todo mel com menos do que 16,5 por
cento de água). Em áreas secas não só os favos para
extração são feitos com alvéolos maiores, mas ambien-
tes aquecidos e extratores nos quais os favos eram
colocados em paralelo com a saída do extrator eram
preferidos uma vez que eles também ajudavam a acele-
rar o processo de extração.
Nos Estados Unidos a maioria das lâminas para
cria de operárias tem 857 alvéolos por decímetro qua-
drado (Dadant, 1975). Existem 520 alvéolos de zangão
na mesma área. Taber e Owens (1970) relatam que as
abelhas com as quais eles trabalharam no Arizona ti-
nham 814 alvéolos de operárias e 540 alvéolos de zan-
gões no mesmo espaço.

Tabela 4 – Número de alvéolos de operária por


unidade de área
grupo ou espécie número de alvéolos número de
alvéolos
por decímetro quadrado por polegada
quadrada
Européias 857 55.3
Africana 1000 64.4
A. dorsata 787 50.8
A cerana 1243 80.0
A florea 2654 170.0

Pouco tem sido feito para medir o tamanho dos


alvéolos em outras raças e espécies de abelhas is
concerned. As abelhas Africanas são menores, em mé-
dia, do que as abelhas Européias, mas elas são da
mesma espécie e cruzam livremente. Rolos laminadores
com um número maior de alvéolos são construídos espe-
cialmente para elas. A tabela 4 lista o número de
alvéolos por unidade de área de acordo com Dadant
(1975) (com exceção da Apis florea, que foi feito por

54 Coggshal & Morse


nós (R.A.M.) em vários favos conseguidos em Burma).

1.7.2. Efeito da idade do favo na cor do mel


Mel armazenado em favos velhos e pretos é ape-
nas levemente mais escuro do que o armazenado em favo
claro que não tenha sido usado para desenvolvimento
de cria. Além disso, alguns apicultores, especialmen-
te os que produzem mel verdadeiramente claro, não
usam, para armazenamento de mel, favos que estiveram
no ninho. Os casulos, própolis, e outros materiais
que se acumulam nos favos de cria, exceto a cera de
abelha, causam o escurecimento do mel.
Uma demonstração popular, porém enganosa, às
vezes utilizada por palestrantes, é colocar um pedaço
de favo velho escuro num pote e depois completar com
água no início da palestra. Depois de 30 a 45 minutos
a água ficará consideravelmente escura e o apresenta-
dor poderá segurá-la frente a uma platéia, ou mesmo
fazer circular entre eles, em seguida explicar porque
os apicultores jamais devem usar favos velhos nas
melgueiras. O problema não é tão sério quanto a de-
monstração pode sugerir; o mel e a água são diferen-
tes.
O assunto foi pesquisado por Townsend (1974).
Ele usou em seus testes mel grau âmbar, extra claro
(grau 40 na escala Pfund). Pedaços de favos velhos e
novos foram quebrados em pequenas peças e colocados
no mel ou em mel diluído, durante diferentes períodos
de tempo e várias temperaturas. O mel diluído com
água retirou, rapidamente, a matéria colorida do favo
velho; quanto maior a diluição mais matéria colorida
foi extraída. Townsed mostrou que mel perfeitamente
maduro retira relativamente pouca cor, ainda que a
quantidade possa ser medida; ele concluiu que favos
velhos são satisfatórios para a produção de mel.
Afirmou, no entanto, que a turbidez encontrada em
alguns méis pode ser devida a material em suspensão
retirado pelo néctar fresco (mel não maduro) quando
colocado pela primeira vez no alvéolo.

Cera de Abelha 55
1.7.3. Orientação dos alvéolos
Segundo conclusão de um pré-julgamento não con-
firmado com dados, as abelhas preferem alvéolos que
têm duas paredes verticais com uma cumieira de telha-
do sobre o alvéolo a alvéolos com dois lados horizon-
tais e um topo plano ou algo entre eles.
Pouca atenção foi dada à orientação dos alvéo-
los pelos biologistas e apiculturistas do século 19:
Huber, Darwin, Langstroth e Cheshire; todos eles es-
creveram sobre a secreção da cera e construção de
favo. No entanto, no início do século atual, argumen-
tos quase violentos foram apresentados e vários es-
critores eram inflexíveis ao afirmar que existe uma
forma “correta” e uma “errada” de instalar a cera
laminada (Digges, 1904). Muitos pensam que somente a
orientação vertical era certa e apropriada. Um autor
inglês, Thompson (1930), foi um dos poucos a apresen-
tar dados. Ele relata o exame de 268 peças de favo
natural: 131 tinham alvéolos com laterais verticais,
123 tinham alvéolos com lados horizontais, um tinha
ambos e 13 eram intermediários. Os seus dados ao con-
firmarem a hipótese de que as abelhas não têm prefe-
rência real acabaram com toda a argumentação sobre
certo ou errado na instalação das lâminas.
Um de nós (R.A.M., 1983) examinou favos cons-
truídos pelas três espécies de abelhas asiáticas a
fim de determinar se elas apresentavam alguma prefe-
rência. O tamanho da amostra era pequeno, mas foi
comum encontrar-se favos da Apis cerana e da Apis
dorsata com ambas as orientações bem como orientação
intermediária. Sete favos de Apis florea, oriundos de
Burma, tinham, todos, alvéolos orientados vertical-
mente, portanto, esta espécie merece mais estudos.
Nosso exame em ninhos naturais em Ithaca mos-
trou que enquanto os alvéolos de um único favo têm
normalmente a mesma orientação pode existir grande
variação de favo a favo num mesmo ninho. Não está
claro, ou pelo menos não bem definido, se alguma for-
ça física, tal como a gravidade ou o campo magnético

56 Coggshal & Morse


da Terra, exerce influência importante na orientação
do alvéolo.

1.8. Alterações na Cera de Abelha Depois da Se-


creção
A cera de abelha nunca é pura, mas sempre con-
taminada de fato de alguma ou outra forma, muitas
vezes antes do apicultor se dar conta disso. A cera
de abelha na superfície das placas de cera é branca,
pérola ou quase transparente, dependendo da espessura
da escama. As escamas de cera examinadas ao microscó-
pio muitas vezes contém no seu interior material es-
tranho que é apanhado da superfície das placas de
cera. Grãos de pólen foram encontrados mergulhados na
cera ou na superfície das escamas, como se tivessem
sido deixados lá pela circulação das abelhas carrega-
das de pólen. A cera adquire gradualmente a cor ama-
rela do óleo dos grãos de pólen com os quais entra em
contato. Se a abelha que mastiga escamas de cera for
alimentada com alguns pólens, suas mandíbulas ficam
coloridas de óleo amarelo, que será adicionado à cera
quase que por acidente. Abelhas acrescentando cera
amarela a alvéolos em construção são vistas seguida-
mente trabalhando ao lado de outras abelhas, as quais
não tinham trabalhado com o mesmo pólen, e que adi-
cionam cera branca ao favo. Muitos pólens de várias
cores não têm óleo algum em suas superfícies e não
colorem a cera de abelha. Não existe indicação de que
pólen de cor clara necessariamente adiciona cor à
cera de abelha. Alguns pigmentos do pólen parecem não
ser solúveis nem no óleo nem na água e não são absor-
vidos pela cera (Coggshall, 1949).
Cores removidas do pólen com acetona foram adi-
cionadas à cera branca sem apresentarem grande efeito
de mudança na cor, considerando a quantidade de pólen
usada (Coggshall, 1949). Pólen de goldenrod, pussy-
willow, e dente-de-leão acrescentam cor amarela, en-
quanto pólen de maçã and soft maple mudam muito pouco
a cor. A quantidade de óleo varia entre os pólens que
têm óleo. Alguns pólens têm tanto óleo em sua super-

Cera de Abelha 57
fície que, no carregamento de pólen de uma abelha, o
óleo enche o espaço entre os grãos de pólen. Quando a
abelha compacta em favo branco com alvéolos incolo-
res, este óleo amarelo se difunde imediatamente nas
paredes dos alvéolos e o torna amarelo, enquanto a
cera de alvéolos vazios próximos e aqueles cheios com
outro tipo de pólen permanecem descoloridos.
Although Vansell e Bisson (1940) encontraram
provas de que a cor da cera de abelha da Califórnia
se origina principalmente de pólen. Em pelo menos
algumas áreas geográficas a própolis pode ser o maior
contribuinte da cor da cera de abelha. Algum material
colorido da própolis vêm do pólen nela incluído e
também da cera de abelha que está presente em até 60
por cento de algumas própolis raspadas das colméias.
Própolis recentemente colhida pode ser originária de
plantas de uma única espécie, com glóbulos de cor
singular distinta enchendo completamente as corbícu-
las, ou o carregamento de própolis nas corbículas
pode ser uma mistura de material novo ou até mesmo
própolis usada coletada de colméias não ocupadas.
Outras abelhas ajudam na remoção da própolis das cor-
bículas e ajudam, também, a colocar a própolis com
suas mandíbulas onde quer que ela deva ser aplicada;
suas mandíbulas podem ficar com restos do óleo do
pólen.
Muitas vezes chamado de cola da abelha na lite-
ratura apícola, a própolis é uma mistura de muitos
compostos. Ela é resinosa, de material semelhante à
goma, dura e quebradiça quando fria, macia e viscosa
quando aquecida. Seu odor varia, mas pode ser descri-
to como agradável e algo aromático. A composição da
própolis é complicada e varia de acordo com a origem;
na colméia vários lotes são misturados com outros,
com cera de abelha, pólen e outros materiais estra-
nhos. As amostras de própolis usadas para tentar co-
lorir cera de abelha resultaram em poucos efeitos;
suas fontes eram desconhecidas.
Uma vez que a própolis e as cores da própolis
estão em contato com a cera de abelha na colméia,
elas podem contaminar a cera pura. A própolis colori-

58 Coggshal & Morse


da varia desde vermelho-cereja a vermelho-escuro,
opaca, castanho-amarelado ou enegrecido. Alfonsus
(1933) comprovou que as abelhas em Madison, Wisconsin
coletam quatro tipos de própolis: incolor, vermelho-
escuro brilhante, amarelo-limão e verde-cinza. Ele
constatou que as gotas transparentes são exudações do
pinho, já as gotas vermelhas se originam do choupo.
Exudação clara, amarelada do pinho branco não colore
a cera de abelha (Coggshall, 1949). É dito que as
fontes comuns de própolis são brotos, rebentos ou
folhas de alno, castanheiro, choupo, bétula, olmo,
ash, amora preta e as coníferas. Embora muitos pes-
quisadores tenham examinado a própolis, ainda existe
muito mais a aprender sobre ela.
Acreditamos que a própolis fornece pelo menos
tanta cor à cera de abelha dos opérculos quanto o
pólen. Os opérculos começam a receber pedaços de pró-
polis quase tão logo cobrem os alvéolos de mel. Quan-
to mais tempo os opérculos permanecem no lugar mais
própolis é adicionada à sua superfície. Nas seções de
mel em favo este acúmulo de própolis, chamado “mancha
de trânsito”, torna-se visível e afeta a estabilidade
do produto. Em grandes favos os alvéolos podem perma-
necer quase brancos na aparência e somente sob cuida-
doso exame as áreas com cobertura de própolis se tor-
nam aparentes. Parece que a cor não migra diretamente
da própolis para a cera de abelha, mas quando os o-
pérculos são aquecidos para a recuperação da cera a
cor é difundida para a cera e dos opérculos brancos
resulta cera de abelha amarela.
Tischer (1940) afirma que a o pigmento da cera
de abelha é derivada da própolis, e por meio de cro-
matografia encontrou seis zonas de pigmentos. Ele
encontrou a zona superior de limão-amarelo similar ao
pigmento extraído do pólen; a segunda zona era laran-
ja-claro e continha carotenóides; a terceira zona era
laranja e contém um éster de pigmentação amarela; a
quarta zona contém caroteno; a quinta e sexta zonas
têm apenas traços de pigmentos. Ele diz que o pigmen-
to da cera de abelha tem correspondência com a zona,
exceto com a quinta e sexta, e conclui que o pigmento

Cera de Abelha 59
da própolis vem do pólen. Bisson, Vansell e Dye
(1940) relatam que experimentos preliminares no es-
pectro de absorção de extratos de cera crua e pólen
sugerem que a mesma matéria colorida pode estar pre-
sente em ambos, isto é, na cera crua e no pólen. Vi-
vano e Palmer (1944) examinaram quatro grupos de pó-
len coletados pelas abelhas. Eles constataram que os
carotenóides são muito abundantes no pólen; estes
consistem de carotenos e santhophylls. Testes quali-
tativos revelam que não foram encontradas clorofila e
anthocyanins, mas flavonas e anthoxanthones em grande
abundância.
É muito bem conhecido que quanto mais tempo o
favo for usado para o desenvolvimento da cria, mais
escuro e pesado ele fica. Cada usuário de um alvéolo
deixa para trás dois restos duradouros, as fezes lar-
vais e o casulo. As fezes contém resíduos de pólen e
são cobertas pelo casulo tecido pela larva antes de
se transformar em pupa.
Apicultores que recuperaram favos velhos sabem
que a cera nunca é amarela, mas varia desde laranja-
escuro até marrom muito escuro. As condições em que
ocorre a recuperação dos favos velhos afeta grande-
mente a cor final da cera. Quanto mais demorado o
processo de recuperação maior será o efeito da maté-
ria fecal sobre a cor resultante, ou seja, quanto
maior a demora no aquecimento da cera depois da recu-
peração mais ela ficará escurecida pela ação das fe-
zes.
Jaubert (1927a, 1927b) isolou flavone, chysine,
com a fórmula de C15H10O5, e encontrou outros derivados
da flavone na própolis do choupo preto. Barre (1942)
detectou chrysine na cera de abelha, mais nas ceras
do oeste do que do leste dos Estados Unidos e somente
traços nas ceras dos trópicos onde não existem árvo-
res choupo.
Numa recente revisão da literatura, Ghisalberti
(1979) apontou para a composição variável da própolis
e o lento progresso na identificação de seus consti-
tuintes. Técnicas modernas não foram aplicadas até

60 Coggshal & Morse


que Popravko (1969) isolou seis pigmentos flavonóides
em amostras de própolis de diferentes regiões e vá-
rias raças de abelhas. Foi constatada a existência de
um a quatro por cento de cada um destes compostos na
amostra original da própolis. Estes flavonóides estão
presentes em plantas das quais as abelhas coletam
própolis, mas representam apenas uma parcela do total
de flavonóides que aparece nas plantas. É desconheci-
do se algum material da saliva presente nas partes
bucais da abelha manipuladora modifica algum compo-
nente da própolis.
De todas as evidências podemos concluir que a
cor da cera de abelha varia por diferentes razões e
provém de diferentes fontes, incluindo o tratamento
da cera pela abelha no interior da colméia e pelo
homem fora da colméia. O efeito dos metais na cera de
abelha é discutido no Capítulo III. A remoção da cor
e outros componentes é discutido adiante.

Cera de Abelha 61
Capítulo II

22.. CCllaassssiiffiiccaaççããoo ee EEccoonnoom


miiaa

A despeito do fato de que a cera de abelha te-


nha sido negociada por milhares de anos não existe
uma classificação oficial ou formal em uso nos Esta-
dos Unidos ou outro lugar qualquer.
A classificação da cera de abelha para venda
e/ou comércio é diferente das discussões sobre espe-
cificações e determinação de pureza; estes são discu-
tidos nos capítulos I e V. A cera de abelha é tão
facilmente adulterável que isto se tornou a principal
atenção de muitos compradores e usuários.
Os fatores que controlam o comércio de cera de
abelha são obscuros em parte por causa do segredo do
negócio. Muitos dos paises produtores não têm conhe-
cimento para onde a sua cera vai, como é usada, quem
representa os compradores ou porque os preços sobem e
caem sem razão aparente. Algumas das razões que acre-
ditamos participarem desta flutuação de preços são
discutidas abaixo.

2.1. Classificação da Cera de Abelha

Cera de Abelha 63
A cera de abelha é um produto natural e isto
por si só significa que existe variação nela. A cera
de abelha pura secretada pela abelha é branca e sem
odor. As abelhas misturam gomas e resinas de plantas
com ela; isto lhe fornece resistência e qualidade
antibacterial. O resultado é que nós conhecemos a
cera de abelha como substância amarela ou laranja com
odor único. Assim que para a maioria dos usos indus-
triais a cera de abelha mais desejada é a de cor cla-
ra e odor médio. Alguns manuais comuns aos quais se
pode recorrer em busca de especificações, por exem-
plo, o manual do U. S. Department of Agriculture,
Grade Names Used in U. S. Standards for Farm Products
não menciona a cera de abelha.
No comércio encontram-se os termos “branca”,
“média” e “escura” comumente; estes são claramente
termos subjetivos. Estas designações podem ter um
grande efeito no preço pago por um lote de cera. Os
preços são muitas vezes cotados com base no país de
origem (veja abaixo).
Bennet (1975) divide a cera de abelha em três
graus. O primeiro destes é a “crua, branqueável e não
branqueável” que ele diz estar disponível em “lotes e
blocos”. Os outros dois graus são a cera branca e a
amarela, descritas como tal em U.S.P. (United States
Pharmacopeia). É indicado que a cera branca é bran-
queada ao sol que pode ou não ser o caso uma vez que
o branqueamento químico é um lugar comum. Bennett
indica que no mercado dos Estados Unidos a cera de
abelha refinada é normalmente mais disponível em tor-
tas ou lascas de uma onça, uma libra (0,45kg) e 25
libras (11,3kg).

2.1.1. Efeito do país de origem


Como anotamos anteriormente é bem conhecido que
a cera de abelha de certos países branqueia mais fa-
cilmente. Tais ceras recebem e merecem um prêmio e
assim o país de origem pesa muito no preço. Existem
três razões básicas porque tais distinções são lógi-
cas. Primeiro, as abelhas forrageiam em plantas dife-

64 Coggshal & Morse


rentes em diferentes partes do mundo; isto inclui não
só plantas de néctar, mas aquelas que produzem pólen
e própolis e assim os contaminantes da cera são dife-
rentes. Um segundo fator envolve práticas e manuseio.
Nos Estados Unidos a cera alveolada usada é feita
normalmente a partir de cera escura. Favos velhos são
recuperados normalmente somente quando eles quebram.
Tais favos têm normalmente vários anos de uso e estão
severamente contaminados com grande quantidade de
materiais coloridos; não existe dúvida que a cera de
favos velhos é inferior. Em alguns países, notadamen-
te os da África, a cera de abelha pode ser mais avi-
damente procurada do que o mel e o favo que é colhido
raramente tem mais de um ano de idade. Um terceiro
fator é que alguns apicultores, normalmente por causa
de um melhor treinamento num serviço de extensão,
evitam recipientes de metal que possam manchar a cera
durante a colheita. Como existe ainda uma falta de
consistência nas considerações acima o conhecimento
dos compradores é que manda.
O relatório de 1978 do International Trade Cen-
ter usa o termo “cera Ghedda” dizendo que este é o
nome dado à cera de abelha produzida pelas abelhas
diferentes da Apis mellifera. É também afirmado que
esta cera é discriminada pelos paises industrializa-
dos. Não encontramos o termo em nenhum outro lugar.
Não existe dúvida que a cera de outras espécies de
abelhas, diferentes da Apis, diferem levemente e isto
é discutido em outro lugar neste texto; no entanto,
em muitos momentos ela serve quase adequadamente. A
biologia das espécies de abelhas é similar.
Os mercadores de cera sentem que a cera da abe-
lha Asiática não é tão apropriada como a cera da Apis
mellifera. Eles não gostam dela porque suas análises
são um pouco diferentes. Isto pode provocar confusão
se ela for misturado com cera ordinária. Tulloch (co-
municação pessoal) considera-a muito mais simples na
composição sugerindo uma diferença nas propriedades
físicas.

Cera de Abelha 65
2.2. Economia da Cera de Abelha
Alguns dos mais antigos relatórios escritos,
que datam de cerca de 5000 anos atrás, indicam que a
cera era então uma importante mercadoria no mercado
internacional. Era usada no embalsamento, modelagem e
para fabricar diversos itens, tais como lacres e ta-
buletas para escrita, largamente utilizados durante
milhares de anos. Não há dúvidas que a grande demanda
era para fazer velas de alta qualidade. Uma vez que
ela era um produto estável, a cera de abelha podia
ser transportada e comercializada sem perda nem dete-
rioração.
Os povos antigos da área do Mediterrâneo não
dispunham de açúcar até que o açúcar de cana fosse
trazido para a área por volta de 700 D.C.; uma vez
que o seu único doce era o mel e algumas frutas, a
apicultura era um empreendimento importante. A Gré-
cia, Espanha, partes da Itália e algumas ilhas do
Mediterrâneo, especialmente aquelas próximas da costa
da Grécia, foram áreas boas produtoras de mel por
milhares de anos e a apicultura tem uma longa histó-
ria na bacia do Mediterrâneo. A produção de cera de
abelha foi sempre um importante anexo ao comércio de
mel. Brown (1981) diz que quando os romanos conquis-
taram a Córsega em 181 A.C. eles exigiram um tributo
anual de 100.000 libras (45400kg) de cera de abelha.
Fraser (1931) afirma que dois anos mais tarde a quan-
tidade foi dobrada, e outras colônias Romanas eram
também forçadas a pagar o tributo e/ou impostos em
cera de abelha.
Crane (1983) aponta que existem artefatos de
cera de abelha suficiente produzidos a algumas cente-
nas até a vários milhares de anos atrás que um livro
poderia ser escrito só sobre eles. É, sem dúvida a
natureza inerte da cera de abelha, junto com o fato
que ela retem sua forma e qualidade, que a torna as-
sim. Vários museus, especialmente na Europa, tem uma
grande variedade de objetos de cera de abelha. Como
Crane indica, uma das fontes mais ricas de informação
sobre objetos de cera de abelha e o trabalho em 12

66 Coggshal & Morse


volumes, Vom Wachs, de Bull (1959 – 1970).
Nos Estados Unidos um dos achados curiosos
(Crane, 1983) são as 10 a 11 toneladas de cera de
abelha, originárias provavelmente da Ásia, que afun-
daram na costa do Oregon em um naufrágio no início de
1700. The Clatsop Indians encontraram estes blocos de
cera de abelha na areia, alguns com marcas distintas,
e os negociaram.
Galton (1971) documenta que a cera de abelha
foi uma importante mercadoria no comércio na Ingla-
terra Medieval. Entre 1200 e 1400, a cera de abelha
foi usada para pagar impostos de importação, multas e
impostos. Ocorria a adulteração com areia, pó de ti-
jolo e farinha de ervilha e havia necessidade de se
resguardar dela; não há dúvida que outras adultera-
ções podiam ser encontrados. A Inglaterra não produ-
zia cera de abelha suficiente para as suas necessida-
des nesta época e era importada de outros países. Uma
fonte considerável era, aparentemente, as abelhas nas
florestas do norte e leste da Europa. No final dos
1500 o comércio com os portos do Báltico declinou e
assim aumentou com a África e a Índia. É difícil di-
zer por quanto tempo, ou com que extensão, a Ásia foi
a fonte de cera de abelha para a Europa, mas uma vez
que a cera das abelhas nativas da Ásia é muito seme-
lhante à produzida pelas abelhas Européias não existe
razão para que esta cera não tenha sido apropriada.
Mesmo nos dias de hoje a cera da Apis dorsata é usada
satisfatoriamente para fazer cera laminada para a
Apis mellifera em alguns países da Ásia tropical.
Durante a idade média apareceram na Europa mui-
tas empresas ou grupos que eram na verdade companhias
comerciais, muitas vezes com força ditatorial. Um
deles ainda existe, nem de longe com a força então
exercida, é o Worshipful Company of Wax Chandlers.
Por muitos anos eles controlaram a manufatura de ve-
las de cera de abelha nas proximidades de Londres.
Crane (1961) e Brown (1981) escreveram com muito de-
talhe sobre a organização.
A companhia tem em seu poder documentos, rela-

Cera de Abelha 67
tando sua origem, datados de 1199. Brown diz que eles
tinham um “monopólio virtual” sobre a luz artificial,
muito parecido com os que as companhias de eletrici-
dade têm hoje; a companhia se transformou em socieda-
de anônima e conseguiu uma carta real em 1433. Foi um
grande estímulo para favorecer e dar poder a um grupo
como o de velas de cera; aparentemente existia adul-
teração e trapaça como hoje. A cera de abelha era a
luz de “qualidade” daquele tempo, muito superior ao
sebo e gorduras animais que também eram usadas para
as lâmpadas. (Outra empresa, a Tallow Chandlers Com-
pany, vigiava a venda e a qualidade daquele produto.)
Crane (1961) cita detalhadamente leis decretadas em
1581 onde se lia, em parte, “todo aquele que esteja
envolvido com o comércio e que venha a misturar cera”
(significa cera de abelha) “com resina, sebo, tere-
bentina ou outra substância para vender, ou possa
oferecê-la para venda, poderá ter confiscada a men-
cionada cera falsificada”; alem disso, a multa era
arbitrada.
Existem poucas fontes de informações às quais é
possível recorrer para estudar a economia da cera de
abelha neste século. A mais recente é a de 1978, 105
páginas do International Trade Center, intitulado The
World Market for Beeswax, a High Value Product Re-
quiring Little Investment. O título já indica que se
trata da visão que alguns povos e nações com mão de
obra barata têm da indústria da apicultura. Uma se-
gunda publicação útil é um boletim intitulado Econo-
mic Aspects of the Bee Industry por Voorhies, Todd e
Galbraith, publicado na Califórnia em 1933; esta pu-
blicação dedica 10 páginas ao assunto cera de abelha.
Outra fonte de informação é o Semi-monthly Honey Re-
port do U.S. Department of Agriculture que iniciou em
1917; mais tarde tornou-se uma publicação mensal, sob
o título Honey Market News. No presente, o futuro
desta publicação é incerto. O U. S. Census Bureau
tomou dados sobre a produção de cera e mel no censo
de 1849, mas foi obrigado a interromper a tomada de
dados na indústria em 1949, pelo U.S.D.A., para por-
que a informação era, obviamente, imprecisa. Em 1957
Harold J. Clay, economista do U.S.D.A. de 1917 a

68 Coggshal & Morse


1959, e editou por muitos anos o Semi-monthly Honey
Report, escreveu a um de nós (R.A.M.) dizendo, “De-
pois das primeiras estatísticas dos U.S. sobre mel e
cera de abelha que são precisas e oficiais o pesqui-
sador enfrenta uma tarefa difícil”. Os primeiros da-
dos do U.S.D.A. compreendem os anos 1928 até 1936
quando representantes da organização contataram api-
culturistas estaduais, e outros em seus respectivos
estados que eram tidos como expertos, e deles se ob-
teve estimativas. Em estados onde havia um programa
completo de inspeção estes dados eram, provavelmente,
muito reais. O Bureau of Agricultural Economics no
U.S.D.A. anunciou sua intenção de obter dados da in-
dústria apícola em 1937. Nenhum dado foi recolhido
entre 1937 e 1938 e só foram feitas estimativas da
produção de mel, ainda que não esteja claro como foi
feito. Existe ainda uma publicação antiga de interes-
se que é o boletim de 61 páginas de S.A.Jones (1981)
intitulado Honeybees and Honey Production in the Uni-
ted States. As informações abaixo foram retiradas
desta publicação acima.
Antes da primeira guerra mundial Cuba, Alemanha
e a República Dominicana eram os principais países a
enviar cera de abelha aos U.S. Não há dúvida que a
cera alemã não era da própria Alemanha, mas do leste
da África. Ao mesmo tempo a Rússia era um importador,
precisava de cera para fins religiosos, mas os negó-
cios pararam em 1918 com o advento do comunismo. Na
década de 1920 muita cera de abelha foi importada
para os U.S. Voorhies et al. relatam que Brasil, Por-
tugal, Cuba, Reino Unido, México, República Dominica-
na, Chile, Alemanha, Egito, África Francesa, África
Britânica do Leste e África Portuguesa embarcavam
cera para aquele país. Não há dúvida, o Reino Unido
era também um re-exportador.
Voorhies et al. registraram que existiam diver-
sas variedades e fontes de cera de abelha, tornando
difícil compilar os preços. Eles apresentam dados
para a cera da Califórnia desde 1897 até 1933. O pre-
ço variou pouco neste período de tempo, exceto para
os dois últimos dias quando ele caiu dramaticamente

Cera de Abelha 69
por causa da depressão. O preço da cera de abelha
subiu durante a primeira Guerra Mundial, mas muito
menos dramaticamente ocorreu com o preço do mel, su-
gerindo que foram encontrados substitutos mais bara-
tos no início dos 1900.
Voorhies et al. registraram que as cotações pa-
ra a cera de abelha estrangeira no mercado de Nova
York existiam somente intermitentemente de 1910 a
1922, mas para a cera doméstica era mais comum. A
situação reverteu em 1922. Os preços de 1922 a 1933
para a cera estrangeira eram geralmente maiores do
que para a cera doméstica; desde 1921 até 1928, a
cera de abelha Chilena era a de mais alto preço. En-
tre os compradores de cera é muito bem conhecido que
a qualidade da cera de abelha varia muito, geralmen-
te, de país para país por causa da tecnologia local e
da origem da cera.
Tabela 5 – Uso primário da cera de abelha
Listado por Voorhies, Todd e Galbraith em 1933
Binder for composition cera para enxertia discos
Bricks for buffing tinta litográfica processo de gravaçãio
Velas lavanderia e litografia
Papel carbono leather cement fabricação de barcos
Cera alveolada lápis litográfico cera de vedação
Cera composta resina para verniz polimento de sapato
Confeitaria composto para polimento conservação de sapato
de metais
Cosméticos modelagem costura
Manufatura de cutelaria naval stores têxteis
Cera dental preparação de modelos prova d’água
Indústria elétrica indústria farmacêutica equipamento de
Polimento de piso preparações esporte de inverno
Manufatura de vidraria (tais como unguentos
E ceratos)

Foi também apontado por Voorhies et al. que no


início do 1930 a necessidade por cera mudou, por que
a produção de outras ceras aumentou e a maioria des-
tas eram baratas. A indústria elétrica, por exemplo,
que ainda usava cera de abelha em quantidade, neces-
sitava pouco dela quando eles escreviam. Eles prepa-
raram a lista da Tabela 5. Desde aquele tempo verifi-
camos a introdução dos plásticos e nós podemos iden-
tificar vários usos a partir da lista como sendo de

70 Coggshal & Morse


menor ou nenhuma conseqüência para a economia da in-
dústria apícola atual.
Segundo Voorhies et al. o menor preço para a
cera de abelha desde 1860 em diante foi alcançado
entre 1931 e 1932. O preço de exportação da cera de
abelha esteve abaixo de 20 cents por libra somente
uma vez entre 1860 e 1923; isto foi em 1890 quando a
média esteve em 11,5 cents. Na virada do século o
preço esteve por volta de 25 cents por libra; ele
subiu até cerca de 40 cents durante a segunda Guerra
Mundial, com exceção dos anos negros da depressão.
Hoje sete países são os maiores importadores de
cera de abelha. Estes são Estados Unidos (comprando
cerca de 30 por cento da cera de abelha disponível no
mercado internacional), Alemanha, Reino Unido, Japão,
França, Países Baixos e Suíça (cerca de quatro por
cento) nesta ordem.
Existem muitos países exportadores de cera de
abelha; no entanto, nenhum país exportador participou
com mais do que 10,4 por cento do mercado total du-
rante os anos entre 1972 e 1976. Os maiores exporta-
dores durante este período, em ordem de importância,
foram Chile, Tanzânia, Brasil, Países Baixos (como
re-exportador), Austrália e Canadá. Vários outros
países supriram entre três e quatro por cento da ne-
cessidade mundial durante o mesmo período, incluindo
Marrocos, México, USSR, China, Kenia, Espanha, Repú-
blica Dominicana e Madagascar. A política local e as
condições econômicas podem ter um efeito drástico na
quantidade de cera disponível de tempo em tempo: An-
gola, por exemplo, exportou 500 toneladas em 1972,
mas somente 10 por cento daquela quantidade em 1976;
a situação na Etiópia era muito semelhante.
Na maioria dos países a cera importada vai para
três canais, cosméticos, farmacêuticos e velas cuja
importância é de acordo com a lista. No entanto, o
padrão varia, por exemplo, o Japão não usa pratica-
mente nenhuma cera de abelha para velas e os Estados
Unidos e Canadá usam grande quantidade para esta fi-
nalidade.

Cera de Abelha 71
A produção mundial de cera de abelha é estimada
em 11.500 a 19.000 toneladas métricas (25,4 a 41,9
milhões de libras): 5.000 a 5.500 toneladas (11 a
12,1 milhões de libras) são comercializadas interna-
cionalmente. Foi observado pelo International Trade
Center (1978) que o mercado pode ser aumentado se os
preços forem mantidos num nível razoável; altos pre-
ços fazem os usuários procurar substitutos e uma vez
que um bom substituto é encontrado é difícil recupe-
rar o mercado. Em seu relatório está escrito que a
razão principal, ele afirma, é que as informações de
mercado não estão disponíveis para as nações em de-
senvolvimento e elas, como resultado, ficam a mercê
dos negociantes. De acordo com o International Trade
Center 90 por cento da cera que gira no mercado in-
ternacional é vendida como cera crua. Nossa observa-
ção é que nenhuma das nações do terceiro mundo faz
qualquer processamento de cera. A cera é usualmente
embarcada em sacos de juta pesando 50 a 100kg; o me-
nor é o preferido.
O Honey Market News, que por um bom número de
anos publicou um sumário das importações de cera, tem
para título da tabela sumário de 1967 e anos anterio-
res o seguinte: “Importações de cera de abelha (crua)
para os Estados Unidos Durante o Ano Calendário do
Ano Findo em Dezembro de 1966 – Por País de Origem”
(Honey Market News 51(2): 16. 1967). No ano seguinte
(1968) o título para a tabela, com as mesmas informa-
ções, reza, “Importações de Cera de Abelha para os
Estados Unidos por País de Origem para 1967”. Neste e
nos relatórios seguintes o termo “crua” foi omitido;
no entanto, é lógico assumir que os preços cotados se
referem à cera crua. Em 1973 o Honey Market News pa-
rou de trazer informações sobre importações de cera
de abelha com exceção de comentários ocasionais sobre
preços.
A tabela 6 sumariza as condições do mercado dos
Estados Unidos para o período de 1900 a 1981. Deve
ser notado que começando em 1970 e continuando até
1980 as importações decresceram marcadamente. Como
registrado acima isto é muito por causa de problemas

72 Coggshal & Morse


políticos na Angola e Etiópia. Quando o preço subiu
durante a década de 1970 alguns usuários procuraram
por substitutos e/ou resistiram a comprar. Fomos in-
formados que o número de velas 100% de cera de abelha
pura, usadas nas igrejas católicas, é próximo de ne-
nhuma; elas continuam a usar no presente velas com 51
a 66 2/3 % de cera de abelha. Fomos também informados
que a demanda da indústria de cosméticos por cera de
abelha é menor do que foi.
Tabela 6
Estatísticas do Departamento de Agricultura e Census Bureau
referento à produção e importação de cera de abelha.
Ano Número de Produção Importação Total: Preço: cents
Colmeias de cera de cera produção e por libra
(milhões) milhões importação
de libras
1981 4,2 3,7 4,1 7,8 191
1980 4,1 3,9 2,2 6,1 183
1979 4,2 3,8 1,8 5,6 175
1978 4,1 4,0 2,4 6,4 174
1977 4,3 3,1 2,9 6,0 158
1976 4,3 3,4 3,1 6,5 112
1975 4,2 3,4 2,3 5,7 102
1974 4,2 3,4 3,9 7,3 114
1973 4,1 4,2 2,8 7,0 74
1972 4,1 4,0 2,9 6,9 62
1971 4,1 3,6 3,0 6,6 61
1970 4,3 4,4 3,7 8,1 60
1969 4,4 5,2 4,4 9,6 61
1968 4,5 3,8 4,1 7,9 62
1967 4,6 4,4 6,0 10,4 59
1966 4,6 4,6 4,5 9,1 47
1965 4,7 4,7 4,4 9,1 50
1964 4,8 4,7 4,6 9,3 44
1963 4,8 4,8 4,5 9,3 44
1962 4,9 4,8 4,9 9,7 44
1961 5,0 4,7 5,5 10,2 44
1960 5,0 4,7 4,8 9,5 44
1959 5,1 4,2 4,8 9,0 44
1958 5,2 4,7 4,1 8,8 44
1957 5,2 4,4 4,9 9,3 46
1956 5,2 4,1 5,0 9,1 57
1955 5,3 4,6 5,0 9,6 55
1954 5,5 4,0 4,4 8,4 51,2
1953 5,5 4,1 5,0 9,1 44,1
1952 5,5 4,8 4,4 9,2 41,0
1951 5,5 4,7 5,1 9,8 43,1
1950 5,6 4,3 5,7 10,0 50,4
1949 5,6 4,2 3,9 8,1 42,8

Cera de Abelha 73
1948 5,7 4,0 4,6 8,6 37,6
1947 5,9 4,5 3,5 8,0 43,2
1946 5,8 4,4 5,3 9,7 43,8
1945 5,5 4,5 7,4 11,9 44,4
1944 5,2 3,9 4,2 8,1 41,3
1943 4,9 3,8 4,4 8,2 41,5
1942 5,0 3,4 5,3 8,7 41,4
1941 4,6 3,5 6,8 10,3 40,3
1940 4,4 -- 4,7 -- 35,6
1939 4,5 -- 4,7 -- 22,5
1938 -- -- 3,0 -- --
1937 -- -- 5,4 -- --
1936 4,4 -- 4,3 -- --
1935 4,4 -- 4,4 -- --
1934 4,3 -- 3,5 -- --
1933 4,5 -- 3,8 -- --
1932 4,6 -- 3,5 -- --
1931 4,7 2,4 3,7 6,1 10,0
1930 4,7 2,5 4,3 6,8 15,0
1929 4,8 3,1 5,3 8,4 23,0
1920 3,5 0,8 4,1 4,9 29,0
1910 3,4 0,9 -- -- 42,0
1900 4,1 1,8 -- -- --
1890 -- 1,2 -- -- --
1880 -- 1,1 -- -- --
1870 -- 0,6 -- -- --
1860 -- 1,3 -- -- --

Os dados para os anos entre 1860 e 1910 foram tomados do relatório


do censo dos U.S.A. Os dados entre 1920 e 1931 são de Voorhies,
Todd e Galbraith (1933). As informações desde o ano de 1932 até
hoje constam em publicações do Departamento de Agricultura dos
U.S.A. sob vários títulos (ver Morse e Nowogrodzki, 1983). O De-
partamento de Agricultura interrompeu a coleta de tados da indús-
tria aícola em 1982 alegando razões econômicas.

74 Coggshal & Morse


Capítulo III

33.. CCoollhheennddoo aa CCeerraa ddee A


Abbeellhhaa

O preço da cera de abelha tem, tradicionalmen-


te, se fixado em três a cinco vezes o preço da mesma
quantidade de mel. O preço pago pela cera depende de
sua qualidade; isto significa, normalmente, da sua
cor, uma vez que a cera escura contem mais contami-
nantes, especialmente própolis.
Existem três fontes de cera de abelha onde os
apicultores a buscam com as colméias Langstroth: o-
pérculos, favos quebrados e velhos e raspagem das
caixas e dos quadros. A cera de abelha destas fontes
pode representar cinco a dez por cento do faturamento
do apicultor. A cera dos opérculos é a de mais fina
qualidade por não conter casulos e pouca, ou nenhuma,
própolis. A quantidade de cera produzida a partir de
opérculos depende de vários fatores dos quais o mais
importante é a quantidade de favo cortado quando da
extração de mel. Muitos apicultores cortam mais fundo
com o intuito de remover mais mel com os opérculos
com a esperança de reduzir a possibilidade de quebrar
os favos novos na centrífuga.

Cera de Abelha 75
Muitos livros sobre apicultura indicam que uma
a duas libras (0,5 a 1,0kg) de cera é produzida para
cada 100 libras (45kg) de mel extraído. Voorhies,
Todd e Galbraith (1933) citam dados do censo dos U.S.
que mostram que em 1859, antes do largo uso da atual
colméia Langstroth, uma libra (0,45kg) de cera de
abelha era produzida para cada 17 libras (7,7kg) de
mel. Com o uso de métodos atuais de produção de mel,
a relação passou de 1:55 em 1889 para 1:68 em 1931.
Esta última se iguala a 1,47 libras (0,7kg) de cera
por 100 libras (45kg) de mel. Root, Root e Goltz
(1978) apresentam o número de 1,82 libras (0,83kg) de
cera por 100 libras (45kg) de mel. É razoável presu-
mir que em países onde a apicultura é mais primitiva
a razão ainda é alta, talvez na faixa de uma libra
(0,45kg) de cera de abelha para cada 15 libras
(6,8kg) de mel, mas não conhecemos nenhum dado sobre
o assunto. Não vemos grandes mudanças na produção de
mel e métodos de colheita, e temos dúvidas de que as
razões indicadas pelos autores acima venham a mudar
nas próximas décadas. Deve ser anotado que os dados
acima são muito variados, mas nada se pode fazer com
a quantidade de mel necessária para produzir uma li-
bra de cera de abelha.

3.1. Coleta e Armazenamento dos Opérculos e Ce-


ra Refugada
Embora a cera de abelha seja um produto estável
com longa vida, os opérculos e a cera refugada podem
se deteriorar durante o armazenamento e sob algumas
circunstâncias extremas serem perdida. O melhor é
armazenar a cera a ser aproveitada em ambiente seco.
Até mesmo um porão úmido pode encorajar as traças a
se desenvolverem na superfície dos favos velhos, es-
pecialmente naqueles que contem algum mel e pólen.
Remover o máximo possível do mel dos opérculos ajuda;
um meio satisfatório para fazer isto é permitir às
abelhas limparem o mel deles. Muitos apicultores não
fazem isto pois eles temem que o mel possa conter
esporos de Cria Pútrida Americana; no entanto, é mais

76 Coggshal & Morse


do que simples, para as abelhas, apanharem o mel dos
opérculos e das melgueiras que estejam para serem
armazenadas, transportadas e manipuladas quando elas
estão molhadas de mel. A fermentação pode ocorrer se
os opérculos e favos velhos forem deixados molhados
com mel; isto será discutido com grande detalhe adi-
ante.

3.2. Avaria da Cera de Abelha na Colheita e Ar-


mazenamento
Blocos de cera de abelha e cera laminada podem
ser armazenados por anos se as condições de armazena-
mento forem razoáveis e próprias.

3.2.1. Metais
Alguns metais devem ser evitados quando da re-
cuperação da cera de abelha, pois eles podem provocar
o escurecimento dela. Bisson, Vansell e Dye (1940)
aqueceram a cera de abelha em bekers de vidro conten-
do diferentes metais e em tachos feitos de diferentes
metais a serem testados. Eles encontraram que a cera
é descolorida pelo ferro, latão, zinco e cobre; este
descoloramento é maior com o uso do ferro, seguido
dos outros, de forma decrescente, na ordem listada.
Não houve descoloramento apreciável quando a cera de
abelha foi aquecida na presença de alumínio, níquel,
platina, lata e aço inoxidável. Metal monel não apre-
senta efeito adverso, exceto quando na presença de
água, situação em que haverá o aparecimento da cor
esverdeada depois de longa exposição.

3.2.2. Fermentação
Nenhum microorganismo ataca rotineiramente e/ou
degrada a cera de abelha durante o armazenamento nor-
mal. Alguns micróbios do solo tem condições de degra-
dar graxas razão porque cera refugada e raspas no
solo de um apiário desaparecem em seguida. No entan-
to, é relatado pelos que recuperam cera de abelha

Cera de Abelha 77
comercialmente que seu odor pode ser mascarado e al-
gumas vezes destruído, pela fermentação de mel diluí-
do em cera refugada. Muitas vezes é impossível remo-
ver o odor de fermentação da cera, o que a torna inu-
tilizada para uso normal, incluindo a manufatura de
cera laminada. Uma vez que o mel absorve umidade
quando exposto, podendo então fermentar, é importante
que os opérculos contendo mel e cera refugada não
sejam armazenados por longos períodos de tempo. Uma
forte fermentação pode ocorrer em apenas alguns dias
sob circunstâncias ideais.

3.2.3. Avaria pelo calor


Calor direto, seja de uma chama seja de uma
serpentina elétrica, deve ser evitado quando a cera
de abelha é recuperada. Existem vários riscos em a-
quecer ou fundir a cera desta maneira. Um é que qual-
quer água existente na cera pode passar a vapor e
causar uma súbita formação de espuma. A cera de abe-
lha expande consideravelmente quando aquecida e mesmo
a água estando presente uma reação violenta pode o-
correr se a temperatura de fulgor for atingida. É
também possível superaquecer a própolis que esteja
presente, provocando cheiros estranhos que não podem
ser eliminados do produto final; o problema com supe-
raquecimento da própolis é maior com cera escura.

3.2.4. Ácidos
Por muitos anos o ácido sulfúrico e outros áci-
dos foram usados pelos apicultores para melhorar a
aparência e remover manchas durante a recuperação da
cera. Estes materiais não são recomendados para uso
pelos apicultores; sua remoção raramente é completa e
eles podem provocar efeitos adversos por muito tempo
na cera. Sabemos que pelo menos um apicultor usou
erradamente ácido clorídrico em vez de sulfúrico e
isto fez o saco de aniagem no qual a cera foi embar-
cada se desintegrar.

78 Coggshal & Morse


3.2.5. Traça da cera e outros insetos nocivos
Uma grande variedade de insetos e ácaros é en-
contrada nas colméias, nos favos e em favos e cera
refugada. Destes, as mais destrutivas são a grande e
a pequena traça da cera Galleria melonella e Achroia
grisella, no entanto uma longa lista de insetos noci-
vos foi compilada pelo exame de cera refugada e favo
armazenado. Poucos animais podem digerir ceras, mas a
grande traça da cera pode fazê-lo até certo ponto. A
traça da cera traz prejuízos de milhões de dólares a
cada ano. Mesmo que nenhum inseto ou ácaro possa vi-
ver na cera de abelha pura os blocos de cera e a cera
alveolada devem ser protegidas dos insetos. Os méto-
dos usados para proteger os favos e a cera refugada
das traças de cera protegerão também contra outros
insetos.
Por várias décadas, favos, cera de abelha refu-
gada e favos de mel foram protegidos do ataque da
traça da cera por fumigação. No entanto, por causa do
risco do tóxico ou por outro lado resíduos nocivos,
nenhum destes é agora aprovado para uso nos Estados
Unidos para a proteção de mel em favo a ser vendido
como tal, ou aquele que for extraído. Como resultado,
vários métodos inovativos foram desenvolvidos para
proteger o favo de mel. Os apicultores com poucos
favos colocam-nos em freezer, normalmente por 24 a 48
horas. Nenhum estágio na história da vida da traça da
cera, ovo, larva, pupa ou adulta, resiste a tempera-
turas de congelamento. Outra técnica, para uma grande
quantidade de favo ou mel em favo, é armazená-los
numa peça onde o ar é substituído pelo dióxido de
carbono; se faz necessária vedação especial para a
porta. Um apicultor da Flórida armazena seus favos
extraídos vazios numa peça isolada e refrigerada du-
rante o verão.
A fumigação pode ser usada para proteger favos,
opérculos e favo a ser recuperado contra a traça da
cera. Os dois materiais que estão disponíveis e são
aprovados para uso são o paradiclobenzeno e o dibro-
meto de etileno. O paradiclorobenzeno é vendido na

Cera de Abelha 79
forma de cristal branco, normalmente por peso. Ele
não mata os ovos da traça da cera, mas é efetivo con-
tra todos os outros estágios. De modo algum o paradi-
clorobenzeno pode ser misturado com ou entrar em con-
tato com a cera a ser recuperada. Ele pode ser fundi-
do com a cera e torná-la imprópria para uso. O dibro-
meto de etileno é vendido como líquido e forma um gás
ao ser exposto ao ar na temperatura ambiente. Reco-
menda-se cuidado no uso do dibrometo de etileno pois
a exposição direta pode provocar bolhas na pele e
queimaduras.

3.3. Métodos de Recuperação


Os apicultores utilizam uma grande variedade de
métodos para recuperar a cera de abelha dos opércu-
los, favos velhos e refugos. Não existe dúvida que o
melhor método é usar vapor ou algum tipo de pressão.
Solventes e centrífugas são práticas recomendada só
para grande escala. O derretedor solar de cera é li-
mitado quando se deseja eficiência, mas pode realizar
um papel importante. As vantagens e desvantagens des-
tas técnicas e métodos serão discutidas a seguir.

3.3.1. Derretedor solar de cera


O derretedor de solar de cera foi popular por
pelo menos 100 anos, mas poucos investigaram sua efe-
tividade ou como devia ser usado para maior eficiên-
cia. O Dr. C. C. Miller (1920) escreveu que “quando
favos velhos são derretidos (num derretedor solar)
... uma boa porção de cera permanece no refugo É por-
que os casulos agem como esponja.” Lesher e Morse
(1982) encontraram que entre meio a dois terços da
cera permanecia entranhada no refugo quando os favos
velhos eram recuperados no derretedor solar de cera;
este derretedor é mais eficiente em aproveitar favo
novo (favo sem casulos) e opérculos, mas mesmo neste
caso o refugo deve ser retido e prensado em água
quente ou banho Maria. O derretedor solar de cera é
mais eficiente se apenas uma camada de favo é coloca-

80 Coggshal & Morse


da nele por vez; no entanto, isto limita severamente
a quantidade de favo que pode ser recuperado durante
a estação. Pela nossa experiência o derretedor solar
de cera é o mais barato, meio eficiente para recupe-
rar alguma cera, especialmente de opérculos; no en-
tanto, todo o resíduo de ambos, opérculos e favo ve-
lho, deve ser salvo e prensado, pois muita cera boa
permanece nele. O derretedor solar de cera pode ser
usado para derreter parcialmente os favos velhos e
assim eles podem ser prensados enquanto quentes num
pequeno container para embarque.
A cera recuperada num derretedor solar de cera
é de alta qualidade provavelmente por causa de algum
branqueamento que ocorre. Os apicultores que fazem
suas próprias velas, ou que preparam cera para con-
curso, defendem o seu uso.
Anderson (1960) pesquisou vários derretedores
solar de cera e publicou uma brochura fornecendo as
dimensões6. Ele escreveu que prestando atenção a al-
guns detalhes é possível aumentar a temperatura no
derretedor solar em vários graus e torná-lo muito
mais eficiente. Alguns dos pontos relevantes são os
seguintes: o interior da caixa deve ser pintado de
branco e o exterior de preto; o isolamento sob o
grande recipiente de metal que contem a cera refugada
ajuda a melhorar a eficiência; a cobertura deve ser
feita com duas lâminas de vidro afastadas de um quar-
to de polegada; uma única lâmina de vidro ou plásti-
co, embora derreta alguma cera, não permitira um au-
mento suficiente da temperatura para fazer um bom
trabalho; inclinar as paredes laterais é vantajoso,
provavelmente porque possibilita maior exposição ao
sol, mas na proposta final Anderson usou paredes ver-
ticais, provavelmente por ser de mais fácil constru-
ção. Concluiu também que é mais eficiente colocar o
vidro cerca de cinco polegadas acima do suporte da
cera a afastá-lo mais.
Anderson diz que o seu derretedor solar podia

6
Solar Wax Extractor, Disponível sem custo na Agricultural Extension, Pennsylvania
State University, University Park, PA. 16802

Cera de Abelha 81
alcançar a temperatura interna de 130ºF (54ºC)7 acima
da temperatura exterior num bom dia; a maior tempera-
tura que ele registrou no derretedor foi 215ºF
(102ºC). Nós verificamos que temperaturas acima de
190ºF (88ºC) são rotineiras nos dias ensolarados na
região de Ithaca no nosso derretedor feito com sua
proposta. Num dia, quando a temperatura externa este-
ve em 91ºF (33ºC), registramos a temperatura no der-
retedor de 212ºF (100ºC). Todo mel que passar pelo
derretedor solar de cera é normalmente descartado,
pois foi aquecido a altas temperaturas.

3.3.2. Caixa de vapor


Uma caixa de vapor é uma caixa isolada na qual
se pode colocar os opérculos ou os favos velhos resi-
duais, injetar vapor e recuperar uma boa quantidade
de cera do refugo. Algumas caixas de vapor têm o fun-
do ripado ou aramado e a cera pode escorrer pelo fun-
do ripado através de uma abertura no fundo ou numa
das extremidades. Caixas de vapor são usadas para
recuperar somente uma porção de cera, pois é impossí-
vel remover mais do que a metade da cera sem usar
pressão embaixo da água. No entanto, as caixas de
vapor são úteis para derreter o refugo a ser colocado
na prensa ou a ser compactado e embarcado para uma
planta de recuperação.
Caixas de vapor são especialmente úteis quando
se está recuperando favos velhos ou quebrados. A cai-
xa de vapor pode ser feita grande o suficiente para
conter os quadros inteiros como usados nas melguei-
ras. Depois de injetar vapor por cerca de uma hora,
pode-se bater os quadros de madeira, um após o outro,
na lateral da caixa de vapor, fazendo a cera a recu-
perar cair para o fundo da caixa. O quadro de madeira
é então retirado.
É importante que a caixa de vapor seja bem iso-
lada e que o tampo seja firmemente fixado no local.

7
A conversão de uma diferença 130ºF para graus centígrados resulta em 72ºC. (Nota
do Tradutor).

82 Coggshal & Morse


Alguns apicultores transformaram um refrigerador inu-
tilizado, abandonado nos fundos da casa, com as par-
tes internas e equipamentos de refrigeração removidos
em excelente caixa de vapor.

3.3.3. Prensa
O meio mais eficiente de remover cera de abelha
do refugo é o uso de uma prensa de rosca sem fim ou
hidráulica, aquecida a vapor e em água. O melhor é
colocar a prensa com os opérculos ou favos e refugos
numa caixa de vapor ou em água quente. O refugo ainda
quente é derramado na forma de queijos finos e wafers
e enroladas em aniagem. A cera refugada fria pode ser
carregada na prensa, mas isto toma muito mais espaço.
O nome mais freqüentemente associado a este tipo de
prensa é Hershiser, um apicultor de Buffalo, Nova
York, que escreveu extensamente sobre o processo em
1907. Ele não inventou o método, mas o estudou cuida-
dosamente, e enfatizou a importância de utilizar
grande quantidade de água, liberando e reaplicando
pressão e, mais importante, deixando tempo necessário
para escorrer toda a cera. Coggshall (1949) estudou
as prensas utilizadas por vários apicultores. Ele
concluiu que o refugo na prensa pode ser limitado a
finas camadas e a pressão deve ser aplicada e libera-
da alternativamente pelo período de dez horas. Se
isto for feito apropriadamente, numa boa prensa, a
quantidade de cera de abelha residual que permanece
no refugo será menos do que 2,5 por cento e pode ser
tão baixa quanto 0,5 por cento.

3.3.4. Centrífugas
A cera de abelha pode ser separada do refugo
numa centrífuga. Coggshall (1949) encontrou que toda
a cera pode ser removida de pequenas amostras de re-
fugo através de uma centrífuga aquecida. Testes pos-
teriores foram feitos com grandes quantidades de re-
fugo usando centrífuga comercial de cesto aquecido e
outros tipos. As impurezas sólidas e a água eram jo-
gadas para a parede lateral do cesto e a água saia

Cera de Abelha 83
pelas perfurações. A cera de abelha se separava dos
sólidos mas ficava retida no meio dele, tornando a
drenagem de toda a cera impossível.

Uma prensa de cera do tipo Hershiser; este é ainda um dos métodos


mais práticos de recuperar cera de abelha de favos e resíduos.

3.3.5. Lavagem: solventes e outras separa-


ções
Solventes como o tricloroetileno podem ser usa-
dos para recuperar a cera de abelha do refugo, mas
eles removem também e adicionam à cera de abelha ma-

84 Coggshal & Morse


teriais não desejados da própolis e dos favos refuga-
dos. Alguns solventes exigem também o uso de trata-
mento a prova de explosão e equipamento de recupera-
ção do solvente que é muito caro para ser uma opção
viável.
Uma pesquisa em andamento na Universidade de
Cornel indica que os detergentes podem ser a solução
do problema de recuperação de toda a cera de abelha
do refugo. Um processo contínuo de lavagem da cera de
abelha da torta do filtro, depois que este é retirado
do filtro, pelo detergente acredita-se ser inteira-
mente prático, mas difícil de concluir. Parece que os
antigos detergentes de lavanderia do tipo fosfato,
comuns na década de 1960, são mais efetivos neste
assunto do que os usados hoje em dia.

3.4. Emulsões, um Problema na Recuperação


Os apicultores relatam ocasionalmente a forma-
ção de emulsões de cera durante a recuperação; por
vezes difíceis de quebrar. A emulsão mais comum é a
do tipo cera na água, descrita na literatura como
cera granular. A cera granular é mais freqüentemente
encontrada quando opérculos ou favos são derretidos
em contato com quantidade considerável de mel sem a
adição de água suficiente para diluir o mel. Parece
que o mel tem alguns constituintes que agem como a-
gentes emulsificantes.
Menos comum é o tipo de emulsão água em cera,
onde a água, com as impurezas que ela contem, é man-
tida numa forma de gota envolta por uma camada de
cera. No resfriamento, a cera segura uma quantidade
considerável de líquido. Se esta emulsão for mais
completa, a cera não fica um bloco sólido, mas ao
contrário uma massa pastosa, da qual um grande volume
de solução aquosa pode ser espremida com as mãos.
Refundindo a cera com uma boa quantidade de á-
gua são quebrados, normalmente, ambos os tipos de
emulsão, e a cera solidifica num bloco sólido. Uma
vez que algumas emulsões que se formam durante o a-

Cera de Abelha 85
proveitamento parece que resultam de uma ebulição
violenta ou de agitação, é melhor tomar cuidados du-
rante o processo e evitar problemas futuros. Pode-se
usar água a vontade para aproveitar o refugo ou os
favos contendo mel.

86 Coggshal & Morse


Capítulo IV

44.. PPrreeppaarraaççããoo CCoommeerrcciiaall ddaa


CCeerraa ddee A Abbeellhhaa ppaarraa oo M Meerr--
ccaaddoo

Cera crua doméstica dos apicultores é recupera-


da e moldada em blocos dentro de recipientes de tama-
nhos variados disponíveis como moldes. As empresas
que oferecem serviço de aproveitamento para os api-
cultores dispõem normalmente de moldes padrões e os
blocos resultantes podem ser colocados em palletes
para manuseio mais fácil. A cera de abelha importada
de outros países é normalmente ensacada em aniagem ou
outro material, é quebrada em pequenos pedaços para
caberem, mais facilmente, nos sacos. A parte inferior
dos blocos da maioria da cera crua contem partículas
de casulos, própolis não solúvel e outras impurezas.
Os fios pequenos e pedaços de impurezas do material
do saco, que aderem ao ensacado, cera importada, po-
dem ser removidos somente por nova fundição da cera.

4.1. Clarificação

Cera de Abelha 87
Fabricantes de cera laminada e velas e as em-
presas especialistas em cera todos aceitam cera de
abelha na forma descrita acima. Antes de usá-la ou de
revendê-la é preciso fazer, pelo menos, um tratamento
preliminar que pode ser chamado clarificação mais do
que refino, o termo mais comum na indústria da cera.

4.1.1. Lavagem, mistura e decantação


Existe uma grande variação na cor da cera de
abelha crua, por causa das impurezas bem como do lo-
cal de origem e método de aproveitamento. A remoção
da maior parte dos sólidos e impurezas solúveis em
água é conseguida pela fusão da cera num tanque com
água até um quarto do seu volume. A água é aquecida
pela injeção de vapor e a cera se liquefaz em algumas
horas, dependendo da quantidade de cera e da tempera-
tura do vapor usado. Após um certo tempo, a densidade
faz as impurezas pesadas sedimentarem no fundo do
tanque enquanto algumas impurezas solúveis se dissol-
vem na água; outras se acumulam na interface entre a
água e a cera e ficam misturadas com as duas. Tanques
de aço inox são usados muitas vezes, mas tanques de
madeira são muito práticos, especialmente se não es-
tiver envolvido nenhum tratamento com ácido; o aço
inox está sujeito à ação da corrosão por alguns áci-
dos, especialmente o oxálico. O efeito adicional des-
te processo é a mistura automática da cera conseguin-
do-se uma cor e composição uniformes.

4.1.2. Ácidos e agentes quelantes


Usando grandes quantidades, tanques altos de
madeira, clarificação e sedimentação, favorecidas
pelo ácido sulfúrico, algumas empresas de cera velha
evitam a filtração em prensa, a qual envolve sempre o
difícil processo de recuperar a cera da torta do fil-
tro. Se existir tanque e for concedido tempo de sedi-
mentação suficiente, pode-se conseguir um bom volume
de cera de abelha refinada, de qualidade uniforme,
clarificada ou refinada para uso, venda, ou branquea-
mento para conseguir cera branca.

88 Coggshal & Morse


O uso de ácido sulfúrico para a clarificação e
melhoramento da cor era conhecido pelo comércio da
cera de abelha e comércio de apicultores por muitos
anos, no entanto não é conhecido o número de grandes
empresas de cera que empregam este ácido. Os apicul-
tores usaram-no principalmente para clarear a cor da
cera muito escura de favos velhos. A ação do ácido
sulfúrico ocorre de duas formas e é particularmente
importante para o estabelecimento do volume do pro-
cesso de sedimentação descrito acima. Primeiro, o
ácido sulfúrico remove a mancha de ferro, pelo menos
parte, que descolore tanto nossa cera escondendo o
amarelo natural de sua cor laranja. Segundo, o ácido
promove a decantação por quebrar parte da emulsão da
água, cera e impurezas na interface entre a cera e a
água. A fusão da cera em água é realmente uma lavagem
como também um processo de decantação, e o ácido sul-
fúrico na água age em ambos na própria cera e nas
impurezas.
O permanganato de potássio também foi usado pa-
ra clarear a cera de abelha. É um agente de oxidação
agindo nos materiais solúveis na água; é especialmen-
te auxiliar no processo de lavagem. Coggshall (1949)
constatou que existe grande formação de espuma na
cera de abelha quando permanganato de potássio é usa-
do e disse que ele é um químico muito perigoso para
ser recomendado.
Como a perda de cera na torta do filtro torna
este processo caro para a clarificação da cera de
abelha, uma série de testes foram executados para
comparar o efeito do ácido sulfúrico na cor com o
efeito dos outros ácidos. Com o passar dos anos ou-
tros ácidos foram usados, e foram relatados resulta-
dos conflitantes. Testes mostraram o ácido sulfúrico
ser inferior ao oxálico e orto-fosfórico no melhora-
mento da cor da cera de abelha. Testes ulteriores
mostraram que o ácido oxálico era o mais efetivo e
que a mesma solução podia ser usada muitas e muitas
vezes para muitos lotes de cera (Coggshall, 1949).
Infelizmente, o ácido oxálico é venenoso; já o ácido
sulfúrico deve ser manuseado com cuidado pois pode

Cera de Abelha 89
provocar queimaduras severas. Não recomendamos que os
apicultores utilizem qualquer ácido no tratamento da
cera de abelha; eles são de uso perigoso e também é
difícil de removê-los da cera. Raramente o apicultor
receberá pagamento maior, suficiente, pela cera que
justifique o custo do equipamento e do tratamento
necessário.
Existem meios mais rápidos e talvez melhores
para melhorar a cor da cera de abelha e remover ou-
tras impurezas. Um, proposto por White (1966, 1967),
envolve o uso de um agente quelante que reage com os
íons de metal e elimina o descoloramento da cera de
abelha. Ele recomenda uma solução aquosa do sal dis-
sódio do ácido etienodiamino tetra acético na razão
de um quarto de onça por galão de água. Sugere-se
usar tanques de aço inox ou de alumínio, madeira tam-
bém é prática. Misturando a solução e fundindo a cera
pelo aumento da temperatura até um pouco abaixo da
ebulição, e continuando a misturar por uma hora, con-
segue-se um contato por tempo adequado. Em vez de
misturar, sugerimos o uso de uma bomba para circular
a solução que está em baixo da cera e borrifá-la so-
bre a superfície da cera o que resulta num contato
melhor e mais eficiente. Depois a cera é decantada
para outro tanque com água quente para lavá-la do
agente quelante. Este método de tratamento devolve à
cera de abelha manchada o seu amarelo original ou cor
laranja e não prejudica a cera. É não corrosivo e de
uso simples.

4.1.3. Centrifugação
O método descrito acima liberta a cera da cor
que mascara a verdadeira cor da cera de abelha, mas
partículas finamente divididas permanecem ainda sus-
pensas na cera, bem como partículas maiores que se
depositam lentamente. A clarificação apenas pela se-
dimentação gasta tempo, e não resulta na remoção de
todos os sólidos que afetam a aparência da cera. Ex-
perimentos com cera de abelha após a decantação por
130 horas mostrou que a cor pode ainda ser melhorada

90 Coggshal & Morse


por centrifugação. Se a cera foi sedimentada por pou-
co tempo, outro tipo de dispositivo de centrifugação,
chamada super centrífuga, é um método prático de pre-
paração da cera de abelha para a preparação de cera
laminada e alguns outros usos comerciais. O rotor
desta máquina gira a 15.000rpm ou mais e é alimentada
e descarregada numa vazão constante. Ele remove a
água e sólidos da cera continuamente até que a quan-
tidade de sólidos se acumulam a um limite após o qual
a máquina deve ser limpa. Esta é uma máquina muito
prática para a remoção de sólidos suspensos na cera
depois de uma decantação parcial e é usada por algu-
mas firmas comerciais de cera. É limitada na capaci-
dade e pela dificuldade em descarregar os sólidos.
Nossas tentativas de superar este problema pelo uso
de um tipo especial de centrífuga que descarregasse
os sólidos continuamente não tiveram sucesso. Os só-
lidos descarregados por esta máquina ainda contem
quantidade apreciável de cera e, também, nem todos os
sólidos são removidos, o que não é satisfatório para
a cera de abelha.

4.2. Remoção da Água


Praticamente todo uso comercial que possa fazer
uso da cera de abelha exige que ela esteja livre de
água incorporada. Qualquer água nela presente é uma
impureza, especialmente porque a água carrega outros
elementos em solução. Se a cera de abelha contendo
água é adicionada a um produto que esteja sendo pre-
parado a 212ºF (100ºC) ou mais, pode ocorrer a forma-
ção de espuma e perder ou estragar o produto, e ainda
podem ocorrer queimaduras sérias nas pessoas.
Depois que a cera de abelha tiver sido lavada e
decantada, pode ser separada da água que está abaixo
dela drenando-a através de uma válvula localizada
logo acima do nível de água. Outro método é remover a
cera com uma bomba, com o motor suspenso acima do
tanque e a bomba imersa na cera líquida. A cera é
drenada ou bombeada para um recipiente com camisa de
vapor de alumínio ou aço inox onde é aquecida a 220ºF

Cera de Abelha 91
(104ºC) ou mais para evaporar toda a água. Para evi-
tar a formação de espuma causada pela água na cera,
muitos manuseadores de cera usam agente anti espuman-
te de silicone. O eliminador de espuma é um material
tenso ativo que altera a relação de tensão superfici-
al entre a cera e a água, fazendo com que a cera li-
bere o vapor. Algumas gotas do líquido adicionadas à
superfície de 1200 libras (545kg) de cera de abelha
líquida fazem as bolhas explodirem instantaneamente
na superfície. Quando não subirem mais bolhas, a cera
está livre de água, pronta para qualquer que seja o
próximo degrau ou procedimento. A remoção da água
será mencionada novamente quando discutiremos a fil-
tração.

4.3. Qualidade, Fonte e Branqueamento


Normalmente a cera de abelha dos opérculos é a
cera de mais alta qualidade disponível. No entanto,
esta cera varia consideravelmente na cor de uma área
geográfica para outra e também no grau de dificuldade
que ela apresenta para ser descolorida ou branqueada.
Nos Estados Unidos e no Canadá a cor da cera dos o-
pérculos varia do amarelo claro ao amarelo laranja
forte e a cera dos favos velhos desde o laranja forte
ao marrom escuro forte, dependendo do método de apro-
veitamento.
A qualidade é a consideração mais importante, e
a pureza está no topo da lista. A cor da cera crua
não é tão importante como a cor depois do branquea-
mento, assim que a branqueabilidade segue logo após a
pureza. Importantes são também limpeza, ausência de
defeitos, uniformidade de empacotamento e a confiança
no suprimento e fornecedor.
Pela nossa experiência, uma grande quantidade
de bela cera de opérculos é produzida no Canadá e nos
Estados Unidos, mas muita dela não é fácil de bran-
quear. Alguma cera do México é muito fácil de bran-
quear. A cera do Brasil e especialmente do Chile é
fácil de branquear enquanto a cera da África é muito
difícil. Alguns lotes da Turquia são satisfatórios,

92 Coggshal & Morse


mas provavelmente é originada de outros lugares. A
cera de abelha da Europa raramente chega ao mercado
mundial. Em alguns casos estas afirmações sobre a
branqueabilidade das ceras de várias áreas têm pouco
significado uma vez que várias firmas usam diferentes
métodos de branqueamento alguns sendo mais efetivos
do que outros. Existe um bom número de patentes e um
grande número de segredos comerciais não patenteados
no branqueamento da cera.
Uma empresa de cera com um grande volume de ne-
gócios com cera amarela refinada, bem como cera bran-
queada, não deve se preocupar muito com tentar bran-
quear ceras difíceis. Uma firma pequena com pequeno
volume voltada para cera de abelha branqueada ou pro-
dutos que exijam cera branca deve ter mais seletivi-
dade na compra da cera crua, a pagar um preço maior
pela melhor.

4.4. Filtração e Filtro Branqueador


Os métodos mais comuns para clarificar e bran-
quear a cera de abelha envolvem a filtração e filtros
prensas. Assim, é necessário conhecer os princípios
da filtração, detalhes de um filtro-prensa, e como
ele pode ser operado para ser mais efetivo com cera
de abelha. Os filtros prensa de prato e quadro se
tornaram práticos um século atrás, mas não sabemos a
quem se deve o mérito de ter usado pela primeira vez
com cera de abelha.
Uma definição simples, filtração é a separação
de sólidos dos líquidos. Dependendo da natureza dos
líquidos e sólidos envolvidos podendo se tornar um
processo complexo. No entanto, uma vez que a cera de
abelha é fácil de ser filtrada, podemos explicá-lo em
poucas páginas, sem nos tornarmos enfadonhos com e-
quações matemáticas e teorias de engenharia.
Reduzindo aos termos básicos, filtração tem
três fatores variáveis para qualquer borra numa tem-
peratura constante. Estes são meio filtrante, torta
da filtração e a pressão diferencial. O objetivo é

Cera de Abelha 93
filtrar tanta cera quanto possível através de uma
dada área de filtração tão rapidamente quanto possí-
vel. Para nossos propósitos uma definição simples
para filtro prensa é um dispositivo com tela extrema-
mente fina para remover partículas pequenas da borra
de um líquido fornecido ao dispositivo com pressão.

4.4.1. Efeito desejado na cera


Se for desejada uma clarificação com um melho-
ramento da cor da cera apenas menor, um grande peso
de cera pode ser tratado com a mesma quantidade de
material para tratamento que poderia clarificar mais
profundamente um peso menor de cera.

4.4.2. Vazão de produção desejada


Isto é determinado pela necessidade de cera
clarificada, branqueada por filtro e submetida a
branqueamento químico. Normalmente, o branqueamento
químico segue o branqueamento por filtração pois o
processo é mais efetivo desta forma. É preciso, tam-
bém, não esquecer do tanque de armazenamento da cera
filtrada ou o equipamento para moldagem dos blocos.
Um segundo filtro prensa pode ser usado para melhorar
a filtração.

4.4.3. Natureza dos sólidos a serem removi-


dos
A fusão, lavagem e decantação cuidadosas redu-
zem os sólidos removíveis da cera de abelha ao míni-
mo. Mas os sólidos usados para tratar e decolorizar a
cera também devem ser removidos do produto final.
Estes sólidos são normalmente argila ativada e carvão
ativado em diferentes quantidades, em tão grande
quantidade quanto possível sem no entanto entupir ou
obstruir prematuramente o filtro. O termo “ativado”
se refere ao fato que estas partículas finas carregam
uma carga elétrica, tornando-as particularmente efe-
tivas. Ambos, argila e carvão usados, são divididos a

94 Coggshal & Morse


partículas extremamente finas para possuírem a maior
superfície reativa possível para entrar em contato
com os compostos coloridos da cera de abelha. Argila
e carvão agem como adsorventes para remover a cor
química e fisicamente.

4.4.4. Tipos de filtro-prensa


Um filtro prensa normal de pratos e quadros é
perfeitamente adequado para a cera de abelha. Ele
pode ser descrito como uma série de pratos justapos-
tos como um sanduíche que fornecem a área de filtra-
ção. Estes pratos são intercalados com papel filtro e
separados por quadros nos quais os sólidos são cole-
tados quando a borra é bombeada ao filtro. As pesadas
peças fundidas suportam os pratos extremos e barras
chatas de aço nas bordas são suportados pelas extre-
midades fundidas, que por sua vez suportam os quadros
e os pratos que pendem e podem ser movidas ao longo
das barras. O número de pratos e quadros determina a
área de filtração ou a capacidade do filtro.
O filtro mais apropriado para filtrar cera de
abelha é um com pratos e quadros quadrados ‘designa-
ted a four-eyed closer delivery press. An open deli-
very press should not be considered.’ Um filtro de
alumínio é melhor, especialmente por causa do baixo
peso dos pratos e quadros cheios de torta quando o
filtro é parado para limpeza e remontado. Embora os
pratos de alumínio aqueçam rapidamente, os pratos das
extremidades, pelo menos, devem ser aquecidos com
vapor antes do uso; em grandes filtros é bom aquecer
mais dois pratos. Este pré-aquecimento é necessário
que se faça para se conseguir um fluxo estável no
inicio do ciclo quando se inicia a construção da tor-
ta. No entanto, o filtro pode também ser coberto com
uma manta aquecida eletricamente para pré-aquecê-lo.
Uma vez que a filtração está em andamento não há ne-
cessidade de aquecimento extra, a menos que por ra-
zões não esperadas a temperatura da borra caia.
O prato da cabeceira do filtro possui quatro
“olhos” roscados e ai são instalados osacessórios de

Cera de Abelha 95
tubulação através dos buracos de encaixe na tampa de
ferro fundido. Pratos e quadros podem ser feitos com
aberturas apropriadas ou alteradas de tal forma que
exista uma entrada em um dos cantos inferiores, e
saídas nos outros três cantos, incluindo uma inferior
que pode ser reservada para a drenagem da cera fil-
trada ao final do processo. Este dreno pode ser ins-
talado com uma válvula de abertura rápida assim para
que o filtro possa ser drenado com rapidez quando for
iniciado o processo de lavagem da torta.

4.4.5. Meio ou material base do filtro


Este é o material contra o qual a borra da cera
e material a ser tratado são bombeados e ele deve
reter os sólidos e permitir que a cera limpa o atra-
vesse. Pode ser usado um tecido pesado com trançado
apertado ou aniagem, mas muitos operadores usam papel
de filtro especial que será descartado quando o fil-
tro for parado para limpeza.
Por causa de seu projeto, os pratos não ofere-
cem um suporte adequado ao papel, assim lâminas finas
de alumínio perfuradas são usadas para oferecer su-
porte entre o papel e os pratos. Se estas lâminas não
forem conseguidas dos fabricantes podem ser encomen-
dadas de uma empresa especializada em perfurações.

4.4.6. Resistência da torta ao fluxo


Alimentando pela parte inferior e retirando pe-
la parte superior a câmara do filtro enche rapidamen-
te, mas no início é liberada uma cera apenas parcial-
mente filtrada. Isto porque algumas partículas ultra-
finas atravessam as maiores aberturas do papel e con-
tinuam a fazê-lo até que estes buracos sejam tampona-
dos pela torta em formação. Para resolver este pro-
blema, as duas tubulações de saída superiores da câ-
mara do filtro têm válvulas para que a cera filtrada
seja encaminhada de volta aos tanques de tratamento
até que a cera filtrada fique clara. Depois a cera
limpa é encaminhada para os tanques de armazenamento

96 Coggshal & Morse


ou de branqueamento químico.
No início da operação o manômetro instalado na
entrada do filtro mostra que a pressão é baixa. À
medida que a torta de filtração se forma, e que o
material a ser removido se acumula, a pressão aumen-
ta. A cera é filtrada em maior vazão quando o manôme-
tro indica a menor pressão. É mais eficiente manter
esta baixa pressão pelo tempo que for possível. Este
é um ponto muito importante que não é entendido pela
maioria dos operadores do filtro prensa. Com veloci-
dade constante da bomba e baixa pressão, a cera flui
através do filtro rapidamente. Com o crescimento con-
tínuo da torta de filtração, a pressão aumenta lenta-
mente e a vazão através do filtro diminui. A pressão
aumenta e a vazão diminui continuamente até que toda
a batelada de cera foi filtrada ou até que o fluxo
seja tão pequeno que é melhor interromper o processo.
Uma maior quantidade de cera será filtrada se a pres-
são, especialmente nos estágios iniciais, for mantida
baixa.
O aumento da espessura da torta provoca uma di-
minuição do fluxo, pois as aberturas no papel são
gradualmente reduzidas em número com a continuação da
operação, e a compactação da rota reduz muito o tama-
nho e número das passagens através dela. Com o aumen-
to da pressão a compactação aumenta e menos cera pode
circular através da torta.
Embora pela nossa experiência os auxiliares de
filtração (terra diatomácea) não vale o tempo, esfor-
ço e despesas na clarificação da cera de abelha, con-
vem discorrer sobre ela brevemente. Fazer uma pré-
capa no filtro com um auxiliar de filtração, ou adi-
cioná-lo à borra, previne a obstrução prematura do
papel pois a deposição das partículas pequenas ocor-
rerá nos interstícios da torta. Este não é um proble-
ma exclusivo com a cera de abelha, mas também com
outros produtos; o mel, por exemplo, não pode ser
filtrado sem o uso de um auxiliar de filtração. A
preparação da pré-capa envolve tempo e custo adicio-
nal, e alguma cera retida no auxiliar de filtração
que será recuperada com solvente. Adicionando terra

Cera de Abelha 97
diatomácea, ou outro auxiliar de filtração, previne a
compactação da torta de filtração o que significa que
será necessário adicionar menor quantidade de argila
e/ou carvão.

4.4.7. Fonte de pressão


Manter um fluxo regular de cera para o filtro
prensa é conseguido melhor pelo uso de uma bomba cen-
trífuga. As características das bombas rotativas ou
outro tipo de bomba de deslocamento positivo as tor-
nam menos indicadas para a cera, embora elas sejam
normalmente utilizadas em outras aplicações de fil-
tração. A bomba centrífuga é de construção simples e
de baixo custo quando comparada com as outras. O aço
inoxidável é melhor, mas mais custoso do que o níquel
revestido de bronze, o qual é bastante durável e sa-
tisfatório. Bombas centrífugas de um estágio são li-
mitadas a pressões de descarga de 50 que 60 libras
por polegada quadrada (3,5 a 4,2 kgf/cm2), ou menos,
dependendo da velocidade do motor. Elas são especial-
mente úteis para a filtração da cera pois elas se
adaptam à pressão baixa inicial e aumento gradual com
o aumento da resistência da torta. A característica
mais relevante da bomba centrífuga é a ausência da
pulsação típica da pressão de descarga que ocorre com
outros tipos de bombas. Se a pulsação ocorre, a torta
de filtração compacta mais rapidamente e a velocidade
de filtração é afetada negativamente, reduzindo, por
vezes, apreciavelmente o processo de filtração. As
bombas centrífugas podem ser giradas numa grande fai-
xa de rotações usando motor com variador de velocida-
de, e elas deslocam mais cera em velocidades maiores.
Elas têm maior folga entre o rotor e o estator, dife-
rente das bombas de deslocamento positivo ou simila-
res.
Este tipo de bomba não é auto-escorvante assim
uma alimentação por gravidade ou outro procedimento
de escorva se torna necessário. Instalar a bomba cen-
trífuga abaixo do nível do tanque de tratamento ga-
rante a escorva por gravidade, não esquecer que a

98 Coggshal & Morse


bomba e a tubulação devem ser aquecidas. Também a
deposição de sólidos pesados oriundos da borra no
corpo da bomba pode resultar em dano para o motor.
O sistema mais prático é instalar a bomba cerca
de três pés afastada do motor através de um eixo es-
tendido em aço inoxidável. Esta configuração pode ser
construída facilmente usando um motor com eixo verti-
cal. Esta bomba é suspensa numa plataforma montada
acima do tanque e é erguida ou abaixada através de
uma talha elétrica. Mergulhando a bomba na cera a
bomba é aquecida e escorvada automaticamente ficando
pronta para o serviço. Conexão flexível com engate
rápido é usada para ligar a bomba ao filtro. Bomba
instalada suspensa a um trilho poderá ser movida fa-
cilmente de um tanque para outro. Uma bomba com a
descarga de uma polegada e meia e um motor de meio HP
e 1750rpm com eixo vertical poderá filtrar 3000 li-
bras (1360kg) de cera de abelha.

4.4.8. Preparação da cera


Na preparação da cera para a filtração admite-
se que a cera, acima de 3000 libras (1360kg), foi
derretida, lavada, decantada e possivelmente tratada
para remover as manchas de metal. Já foi mostrado
como realizar a clarificação.
A bomba instalada no trilho superior é descida
para dentro da cera decantada e cerca de 1100 libras
(500kg) de cera de abelha são bombeadas para cada um
dos dois tachos de alumínio de aproximadamente 200
galões de capacidade cada um. Estes possuem camisa de
vapor e estão equipados com um agitador instalado no
topo. A terceira parte de 110 libras (50kg), que con-
siste de cera mais difícil de ser branqueada, é bom-
beada para um terceiro tacho de alumínio. A cera dos
dois primeiros tachos é tida como branqueável. É a-
quecida e agitada para facilitar a evaporação da água
presente, e são adicionadas cerca de dez gotas de
agente antiespumante de silicone a cada um dos ta-
chos. A cerca de 220ºF (104ºC) a água evapora rapida-
mente e o vapor aparece na superfície da cera. Quando

Cera de Abelha 99
a formação de bolhas cessa toda a água foi removida.
O filtro prensa utilizado nesta operação tem a
capacidade de cerca de 175 libras (80kg) de material
a ser tratado e outras substâncias estranhas, e pode-
mos usar 75 libras (35kg) de argila e 11 libras (5kg)
de carvão em cada um dos dois primeiros tachos. No
terceiro tacho não será feito nenhum outro tratamento
a não ser a remoção da água. Uma agitação rápida se
faz necessária quando da adição da argila e durante o
tempo de tratamento. Isto não só distribui a argila
ativada, mas mantem ela em suspensão e em contato
perfeito para um melhor efeito sobre a cera. A argila
aquecida a cerca de 200ºF (93ºC) (num forno de aque-
cimento) mistura mais facilmente e melhor na cera do
que se ela estiver na temperatura ambiente ou menor.
Argila fria tende a embolar e a cera solidifica nela;
a massa deposita no fundo do tanque ou as pás do agi-
tador batem nelas, eventualmente amassando as pás. É
melhor adicionar a argila pura lentamente na cera
quente pois a umidade que ela contem, que passa a
vapor rapidamente, pode provocar espuma não esperada.
O carvão ativado é muito fino e paira no ar tão fa-
cilmente que não é possível despejar na cera agitada.
Com o agitador parado, o carvão, na temperatura da
cera, é despejado cuidadosamente sobre a superfície
da cera onde ele flutua. Ele pode então ser afundado
na cera com uma espátula de madeira e muito pouco de
carvão irá flutuar no ar. A temperatura da cera é
aumentada durante o tratamento até 230ºF (110ºC) e
assim mantida durante a filtração. A bomba de filtra-
ção pode também ser usada durante o tratamento para
ajudar a garantir uma boa agitação e contato, dire-
cionando a descarga da bomba de volta para o tanque.
Uma hora é um tempo adequado para tratamento após a
adição da argila e do carvão.
O filtro prensa deve ser montado e aquecido an-
tes de a cera ficar pronta para a filtração. Para
facilitar a montagem e para uma verificação final, os
quadros e pratos são marcados em alto relevo para
identificação e ajudar a prevenir que nenhum deles
fique em posição invertida o que garantirá o bom fun-

100 Coggshal & Morse


cionamento do filtro. Se forem utilizados um ou mais
pratos aquecidos é bom usar vapor com pressão não
superior a 15psi (1,1kgf/cm2) neles; pressões maiores
provocam, por vezes, pequenos vazamentos de vapor
através dos pratos de alumínio. Não se recomenda,
para aquecer o filtro, colocar vapor no bocal de car-
ga do filtro pois parece que isto resulta em filtrar
menor quantidade de cera por corrida mesmo que o fil-
tro esteja aquecido no início. Jogar vapor por fora
do filtro também aquecerá, mas normalmente provoca
uma condensação desagradável no recinto de filtração.
Se as bordas do papel de filtro ultrapassam a
superfície lisa dos pratos e quadros poderá ocorrer
algum vazamento de cera filtrada. O filtro de papel
serve como gaxeta ou selo do filtro prensa, mas pode
ocorrer um gotejamento de cera. Todo filtro prensa de
cera de abelha deve ser equipado com um coletor abai-
xo dele para a limpeza dos pratos e quadros acima
dele assim as gotas de cera do filtro prensa não cai-
rão no chão. Próximo do filtro aquecido, o coletor,
normalmente feito de aço inoxidável e com uma polega-
da de profundidade, permanece quente o suficiente
para que a cera acumulada seja drenada e reprocessa-
da.

4.4.9. Procedimento de filtração


Antes de iniciar o bombeamento da borra para o
filtro é importante que as duas saídas superiores do
filtro tenham válvulas para que o fluxo inicial de
produto filtrado seja devolvido para o tanque de tra-
tamento. Deve-se ter certeza que a válvula da saída
inferior esteja fechada. Ao iniciar o bombeamento,
observar o manômetro instalado na entrada do filtro.
O manômetro deverá indicar apenas três a quatro psi
(0,2 a 0,3kgf/cm2) enquanto o filtro esta sendo en-
chido. Se montado corretamente, o filtro descrito
permitirá a entrada da cera através do canto da en-
trada e somente nos quadros com abertura naquele can-
to. De cada quadro, a cera da borra se moverá através
do papel e a chapa metálica perfurada que fica atrás,

Cera de Abelha 101


deixando os sólidos depositados contra o papel. A
cera filtrada enche, primeiro, a tubulação de saída
do canto inferior através dos orifícios de saída in-
feriores de cada prato para este tubo; esta saída
está fechada por uma válvula gaveta e é usada somente
na drenagem do filtro no final do processo. Depois a
cera filtrada enche o restante do volume do prato e
sai através dos orifícios superiores do prato saindo
por ambos os cantos de saída superiores do prato.
Neste ponto o primeiro filtrado não está perfeitamen-
te claro, assim ele é devolvido para o tacho de tra-
tamento enquanto se forma por acumulação a torta de
filtração contra o papel de filtro. Em alguns minutos
retornará somente cera filtrada clara do filtro para
o tacho de tratamento. Neste momento, um pouco de
cera filtrada será drenada através do dreno do canto
inferior do filtro para remover todas as partículas
de argila e carvão que se depositaram ali.
Quando a cera estiver clara, abre-se a válvula
na tubulação que permite a cera filtrada fluir para o
tanque de armazenamento, e a válvula de desvio é fe-
chada. O manômetro indicará agora oito a dez psi de
pressão (0,6 a 0,7kgf/cm2), dependendo da elevação
até onde a cera é bombeada para alcançar o tanque de
armazenamento. O fluxo será rápido no início e cairá
gradualmente com o aumento da espessura da torta de
filtração.
A cera do segundo tacho é filtrada deslocando a
bomba para ele e a cera filtrada será adicionada ao
tanque de armazenamento que recebeu do primeiro ta-
cho, mas quando a bomba é deslocada para o terceiro
tacho, a cera filtrada será bombeada para um tanque
de armazenamento separado, pois esta cera será mais
escura e não é apropriada para branqueamento posteri-
or. Se tudo correr bem todo o conteúdo do terceiro
tacho será filtrado, embora o fluxo seja muito peque-
no e o manômetro indicará 45 psi (3kgf/cm2). Por ou-
tro lado o fluxo pode quase parar nesta pressão fi-
cando mais de 300 libras (136kg) ou mais de cera no
terceiro tacho; esta pode ser filtrada em outra cor-
rida de filtração. Quando o fluxo de cera filtrada é

102 Coggshal & Morse


muito baixo para continuar o processo, a bomba é re-
tirada da cera e parada. A cera filtrada que permane-
ce no filtro é drenada abrindo a válvula de dreno no
canto do filtro. É importante drenar a cera não fil-
trada do filtro, das mangueiras e das tubulações. O
procedimento a partir deste ponto será descrito mais
tarde.

4.4.10. Recuperar a cera da torta de filtra-


ção
O filtro será drenado imediatamente e outro
procedimento será usado para recuperar o máximo pos-
sível de cera da torta de filtração. Alguns operado-
res aplicam simplesmente vapor na entrada do filtro e
isto força a passagem de mais cera que está na torta
através do papel e pela saída de drenagem. O filtro é
então desmontado e a torta que enche os quadros é
removida. Ela ainda retem um grande percentual de
cera de abelha, e será guardada até que uma quantida-
de razoável possa ser embarcada para uma empresa que
forneça o serviço de recuperação com solvente para
terceiros. Algumas empresas possuem seu próprio sis-
tema de recuperação com solvente. A cera recuperada
não é da melhor qualidade, pois perdeu seu aroma de
cera de abelha e adquiriu alguns odores estranhos,
mas refundida com cera de favos e re-filtrada, ela
readquire o odor de cera de abelha novamente e apa-
rentemente produz uma boa cera laminada.
Outros operadores lavam a torta bombeando com
água quente através do filtro assim que o processo
foi concluído. Se a torta não cair dos quadros e per-
mitir que a água flua através do filtro de papel,
cera adicional é recuperada, mas, mesmo nas melhores
condições, alguma cera é retida.
A recuperação com solvente é um meio caro para
separar a cera de abelha da torta de filtração seja
com equipamento próprio seja contratando o serviço. O
único meio simples e sem custo de recuperar a cera da
torta de filtração é lavando a torta diretamente no

Cera de Abelha 103


filtro com água contendo detergentes. O detergente
faz o filme de cera se separar das partículas micros-
cópicas de argila e carvão onde elas ficaram presas
mecanicamente ou eletrostaticamente, e a cera é lava-
da ou arrastada da torta assim como o detergente lava
a sujeira das roupas. Este sistema é especialmente
efetivo com alta concentração de argila, e não tão
eficiente com alta concentração de carvão na torta.
Se este processo de lavagem for conduzido apropriada-
mente, a torta ficara semelhante a um pó seco, com
praticamente nenhuma cera remanescente nela. O deter-
gente não deve conter cloro como agente de branquea-
mento pois a cera de abelha absorverá o cloro. Os
detergentes variam na composição e é provável que o
fabricante liste seus ingredientes. Deve-se usar a-
quele que tira a cera da torta. A maneira simples de
determinar, aproximadamente, a quantidade de cera que
ficou na torta é deduzindo o peso de argila e carvão
usados do peso total da torta seca.

4.5. Branqueamento Solar


Pedley (19512) afirmou que Pliny, no primeiro
século A.D., e Dioscorides no segundo, registram que
o branqueamento solar da cera de abelha era comum
entre os Gregos e Romanos; a cera era, primeiro,
transformada em tiras. Embora as firmas que usam a
luz solar tenham modernizado seus métodos com o pas-
sar dos anos, o princípio permanece o mesmo. Os raios
solares desbotam algumas cores e removem inteiramente
outras após um certo tempo, como constatamos pela
experiência do nosso dia com pinturas, roupas e cabe-
los coloridos.
A luz solar não remove todas as cores do pólen
e própolis encontrados na cera de abelha. A cor ama-
rela ou laranja da cera de abelha pode ser composta
de uma mistura de diversos compostos diferentemente
coloridos. A luz solar também não remove as manchas
de metais que escondem a cera de abelha amarela nor-
mal nem o efeito das partículas minúsculas em suspen-
são. A cera amarela clara dos opérculos em lâminas

104 Coggshal & Morse


finas ou na forma líquida exposta à luz solar por
vários dias branqueará muito pouco, já tortas grossas
de algumas ceras do Chile e Brasil ficam brancas até
meia polegada (1,3cm) abaixo da superfície em 24 ho-
ras (Coggshall, não publicado).
O antigo método usado pelos fabricantes de vela
para as igrejas consiste em fundir, tratar com ácido
e sedimentar a cera, depois derramá-la sobre um ci-
lindro de madeira girante parcialmente submerso num
tanque aberto com água. As finas tiras de cera resul-
tantes são retiradas da água e colocadas em quadros
cobertos com aniagem na luz solar direta. A cera é
virada durante o dia, quadro a quadro, para expor
nova superfície de cera. Borrifar a cera freqüente-
mente com água parece ajudar no processo de branquea-
mento. Este é um processo lento na melhor das hipóte-
ses, exigindo, algumas vezes, semanas, exige muito
trabalho manual e a cera final deve ser refundida e
sedimentada novamente.
Práticas recentes reduzem o tempo de branquea-
mento pela exposição da cera de abelha líquida à luz
solar. Para melhor controle da temperatura e elimina-
ção das impurezas que pairam no ar, o branqueamento
solar é agora feito em estufas. Uma fina camada de
cera líquida em painéis de grande área expõe todo o
volume pela ação contínua de correntes de convecção
ou pela circulação com bomba. Pelo menos uma empresa
usou o ácido sulfúrico, mais a decantação, mais o
tratamento de cera líquida em estufas por muitos anos
depois de abandonar o processo ao ar livre. Menos
cera é perdida usando este método do que o branquea-
mento com filtro, mas o atual crescente custo de e-
nergia resulta em pouco resultado econômico.
O branqueamento solar não remove tanto aroma da
cera de abelha como os outros métodos de branqueamen-
to.
Provavelmente o maior fornecedor de cera bran-
queada no mercado mundial atual é Koster Keunan dos
Países Baixos e Sayville, Nova York. Por muitos anos
seu principal produto foi a cera de abelha branqueada

Cera de Abelha 105


ao sol embora mais recentemente o branqueamento quí-
mico se tornou mais relevante. O branqueamento tem
sido feito ao ar livre e em estufas. Diversas figuras
e discussões de seu processo podem ser encontradas no
livro interessante publicado no seu 125º aniversário
(Watson, 1977).

4.6. Branqueamento Químico


O branqueamento químico segue normalmente o
branqueamento por filtração pois o processo por ab-
sorção sozinho raramente produz cera de abelha bran-
ca. Bombeada através do filtro a cera filtrada deve
ser coletada em tanque de aço inoxidável onde está
pronta para branqueamento. Um tanque fechado na parte
superior com uma boca de visita coberta é preferível,
é possível providenciar um tipo de agitação necessá-
ria em tal tanque.
O branqueamento ocorre a cerca de 235ºF (113ºC)
com agitação rápida. São necessários dois ou mais
misturadores ou agitadores de alta velocidade para
este processo. Peróxido de hidrogênio concentrado de
grau técnico é derramado na cera quente, seguido pelo
peróxido de benzoil na forma granular ou em pó, as
quantidades a serem usadas serão ditadas pela experi-
ência e testes de laboratório. Enfatiza-se o uso de
agitação rápida porque deve ser mantido um bom conta-
to entre a cera e o peróxido. O operador deve vestir
equipamento de proteção para os olhos, respiração e
para a pele, uma vez que o peróxido concentrado quei-
ma e é desagradável, para dizer o mínimo. Uma venti-
lação é necessária para retirar os vapores que serão
liberados do tanque.
A agitação é mantida até que as bolhas parem de
aparecer na cera indicando que a ação de branqueamen-
to cessou. Alguns operadores prosseguem o branquea-
mento com uma filtração final ou polimento através de
filtros muito pequenos. A cera totalmente branqueada
pode ser usada imediatamente em outros produtos ou
resfriada em tortas de vários tamanhos para atender
as necessidades de um consumidor individual.

106 Coggshal & Morse


Expusemos com branquear a cera de abelha quimi-
camente através do peróxido de hidrogênio porque es-
tamos mais familiarizados com sistema perfeitamente
efetivo. Existem inúmeros outros processos para bran-
quear quimicamente a cera de abelha, mas alguns deles
prejudicam a cera ou não são particularmente efeti-
vos. Deve-se experimentar e encontrar o processo mais
efetivo e isto toma muito tempo e esforço. O que é
aprovado em laboratório nem sempre será aprovado numa
planta comercial. Pode acontecer de um operador ter
encontrado o sistema de branqueamento mais efetivo,
mas, por causa do segredo industrial, aquele método
nunca será do conhecimento de outras empresas.
Por último, não porem o menos importante, cui-
dado: evite-se todo o alvejante que contenha cloro. O
cloro é um agente de branqueamento amplamente conhe-
cido, mas ele é absorvido pela cera de abelha. As
velas de cera de abelha com cloro absorvido liberam o
gás cloro quando queimam. A cera de abelha absorve
também os outros elementos da série dos halogênios,
bromo e iodo e possivelmente o flúor.

4.7. Guarda e Acondicionamento da Cera Filtrada


e Branqueada
Supondo, por exemplo, que se deseja branquear
uma cera semi branqueada para fabricar vela ou para
vender como descrito, ou uma cera amarelo forte ou
escura para preparar cela laminada, deveremos proce-
der como descrito a seguir: a cera filtrada dos dois
primeiros tachos descritos acima é considerada ade-
quada para branqueamento, assim ela é transferida
para o tanque de branqueamento químico usando o pro-
cesso descrito acima. A cera remanescente, a do ter-
ceiro tacho, tem cor amarelo forte. Um cliente comer-
cial usa a cera de abelha escura em tortas de meia
libra (225g) assim esta cera filtrada é bombeada para
um tanque de armazenamento que alimenta de cera um
equipamento de laminar cera para extrudar barras de
cera. A matriz da extrusora é ajustada para uma seção
transversal de duas por duas polegadas (5 por 5cm), e

Cera de Abelha 107


uma faca tipo guilhotina corta automaticamente em
barras de seis polegadas (15cm) de comprimento de
forma que cada barra ou torta pesa exatamente oito
onças (225g).
Outro exemplo: a cera dos primeiros dois pri-
meiros tachos será considerada semi-branqueada para
uso posterior na fabricação de velas de cera de abe-
lha de cor sólida não exigindo cera branca, assim
esta é colocada em formas para formar grandes blocos,
as formas são colocadas lado a lado numa prateleira
metálica de canto dimensionada para acomodar dez for-
mas na largura e cinco na altura. As formas de alumí-
nio têm um lábio de transbordamento numa das extremi-
dades que limita o nível assim que a forma superior
da pilha de cinco encherá de cera, quando transborda,
a forma abaixo e assim por diante até a forma inferi-
or. A cera do tanque de armazenamento flui ou é bom-
beada através do conjunto, e o fluxo é cortado quando
a forma inferior de cada pilha vertical de cinco a-
tingir o nível correto. Duas prateleiras deste porte
podem conter cinqüenta formas cada uma, uma tonelada
de cera pode ser acomodada em cem formas em cerca de
vinte minutos.
Formas plásticas pequenas que podem reter uma
onça, mais ou menos, de cera podem ser presas a uma
correia de tela metálica que se desloca num equipa-
mento de enchimento e num túnel de resfriamento.
Quando as formas são invertidas no final do túnel
pela correia que retorna, as barras de cera caem e
são empacotadas em caixas de papelão. As barras caem
das formas de material plástico não grudento.
A cera de abelha não se presta para processo de
escamas usado para outras ceras menos grudentas, mais
quebradiças. A cera derramada sobre um tambor girató-
rio frio pode ser retirada em lâmina com uma faca.
Resfriada suficientemente, a cera de abelha descolará
do tambor como lâmina, mas quando amontoada desta
forma ela é tão grudenta que toda a massa de cera
adere tão firmemente o que deixa de ser um sistema
prático.

108 Coggshal & Morse


A extrusão é de longe o melhor sistema para
preparar diferentes tamanhos, formas e pesos de cera
de abelha a fim de atender as exigências dos consumi-
dores. Por exemplo, um equipamento de laminação pode
facilmente produzir uma lâmina contínua de cera de
abelha dom quatro polegadas de largura que pode ser
cortada por uma guilhotina em comprimentos de quatro
polegadas seja qual for a espessura que o equipamento
esteja ajustado para produzir.
Os métodos descritos acima foram usados por um
de nós (W.L.C.) num porte comercial com bons resulta-
dos.

Cera de Abelha 109


Capítulo V

55.. T
Teessttaannddoo aa CCeerraa ddee A
Abbee--
llhhaa

É possível produzir substitutos da cera de abe-


lha que fiquem dentro da faixa de alguns testes pa-
drões comumente aplicados para a cera de abelha. Tais
composições são satisfatórias para alguns usos, mas
muitos deles na verdade não se parecem nem tem o odor
da cera de abelha. Enquanto as parafinas de petróleo
se tornaram as mais comuns extensões da cera de abe-
lha, álcoois e ácidos semelhantes à cera têm sido
usados extensivamente. Algumas empresas de graxas
oferecem estes materiais como substitutos da cera de
abelha, corretamente identificados, aos consumidores
comerciais que os tem usado satisfatoriamente em seus
produtos a um custo menor. Outros fornecedores de
graxas tem adulterado deliberadamente a cera de abe-
lha.
Muitos produtores de cera laminada usam outras
ceras junto com a cera de abelha para dar resistência

Cera de Abelha 111


e durabilidade aos favos sujeitos a altas temperatu-
ras e aos rigores da migratória e apicultura no de-
serto. Uma empresa começou a adicionar cera de carna-
úba na década de 1920, e alguns outros produtores
seguiram esta prática. Muitos outros que nada adicio-
nam usam cera microcristalina. Root (1951) discutiu o
uso do óleo de castor hidrogenado (cera de castor)
como um material desejável para reforçar a cera lami-
nada, e previu que as lâminas continuariam a serem
reforçadas com outras ceras.
O aumento no uso de cera microcristalina e ou-
tros aditivos à lâmina de cera trouxe uma ameaça ao
mercado de cera de abelha para as industria que ne-
cessitavam de cera de abelha cem por cento pura, es-
pecialmente a indústria de velas para a igreja. Quan-
do a cera microcristalina foi usada pela primeira
vez, não eram aplicados métodos analíticos modernos à
cera de abelha de forma alguma. Em 1959 o Bee Indus-
tries Association (uma organização comercial dos fa-
bricantes de produtos apícolas) decidiu convencer os
fabricantes de lâminas alveoladas de usar somente
aqueles aditivos que pudessem ser separados quando a
cera fosse recuperada.
Ao mesmo tempo o USDA providenciou os serviços
do pesquisador químico Dr. Jonathon W. White, Jr.,
então lotado no USDA Eastern Regional Research Labo-
ratory, Philadelphia, PA., para pesquisar a cera de
abelha. O trabalho de White tornou possível a identi-
ficação quantitativa de misturas à cera de abelha.
Como resultado de muitos anos de pesquisa feita pelo
Dr. A. P. Tullock do Prairie Regional Laboratory do
National Research Council em Saskatoon, Saskatchewan,
Canadá, foram reveladas muitas características da
cera de abelha, anteriormente desconhecidas. Estes
dois investigadores fizeram contribuições relevantes,
mas muitos outros também ampliaram nosso conhecimen-
to. Alguns destes nomes aparecem na bibliografia e
muitos outros estão listados por Tulloch e White em
suas publicações. Antes de a cromatografia ser de uso
comum (cerca de 1960), o trabalho mais abrangente
sobre cera de abelha foi de Bisson, Vansell e Dye

112 Coggshal & Morse


(1940).
Discutimos o trabalho destes e outros investi-
gadores nas seções dedicadas às propriedades físicas
e químicas da cera de abelha. Nós os mencionamos aqui
ao discutir as propriedades e teste a fim de ilustrar
como a necessidade por testes para determinar mistu-
ras à cera de abelha estimulou a pesquisa sobre a
cera de abelha que de outra forma poderia não ter
acontecido.

5.1. Testes Químicos


Tentamos listar estes métodos em ordem decres-
cente de importância para a determinação da pureza da
cera de abelha e para a identificação do tipo e per-
centual de aditivos. Tulloch (comunicação pessoal)
diz que a maioria dos testes comerciais para verifi-
car a pureza da cera de abelha utiliza o Ester Value
(EV), Número Ácido (AV), Ratio Number (RN) e Saponi-
fication Cloud Point. Ele sugere que o Teor de Hidro-
carbonetos é o próximo em importância; é determinado
pela Cromatografia Gás Líquido (GLC) e pela Thin La-
yer Chromatography (TLC). GLC e TLC são considerados
muito especializados para uso comercial.

5.1.1. Número éster


Tulloch: média 72,7; faixa 70,9 a 75,4
O ester number é a diferença entre a saponifi-
cação e o acid number. Tulloch acredita que a especi-
ficação oficial (U. S. Pharmacopeia) é muito alta e
deve ter um mínimo de 70,0. Um ester number alto pode
significar adulteração por sebo.

5.1.2. Número ácido


Tulloch: média 18,7; faixa 17,4 a 20,2
Este é o número de miligramas de hidróxido de
potássio necessários para neutralizar os ácidos gra-

Cera de Abelha 113


xos presentes em um grama de cera. Um alto número
ácido pode significar adulteração com ácido esteárico
ou breu

5.1.3. Relação éster/ácido


Tulloch: média 3,9; faixa 3,55 a 4,12
A relação éster/ácido é igual ao número éster
dividido pelo número ácido. Um alto ratio number pode
significar cera danificada pelo superaquecimento.

5.1.4. Ponto de saponificação


Este é um teste para verificar a adição de pa-
rafinas à cera de abelha e foi incluído na especifi-
cação federal da cera de abelha (White, 1960). Em
1979 o General Services Administration abandonou o
uso de sua própria especificação e passou a usar o
preparado pela American Wax Importers and Refiners
Association (veja Capítulo I). O método esboçado no
U. S. Pharmacopeia foi usado por Tulloch (1980), que
relata que a determinação desta e de outras constan-
tes quase iguala as especificadas para a cera de abe-
lha amarela do American Wax Importers and Refiners
Association, (1968). (Veja o Capítulo I para mais
informação sobre estas especificações.)
Este teste especifica que a solução obtida pela
saponificação de uma amostra de três gramas de cera
de abelha em 30ml de 0,5N de hidróxido de potássio em
etanol não pode turvar abaixo de 149ºF (65ºC). Este
método detecta facilmente valores da ordem de um por
cento de parafina, que não funde abaixo de 181ºF
(83ºC).

5.1.5. Porcentagem de hidrocarbonetos


Tulloch: média 15,2; faixa 13,8 a 16,72
White: faixa 12,28 a 17,0
A percentagem de hidrocarbonetos, determinada

114 Coggshal & Morse


pela cromatografia em fase líquida, é útil na deter-
minação de cera de abelha em mistura com outros mate-
riais, especialmente ceras microcristalinas. Somente
os hidrocarbonetos não são absorvidos quando a solu-
ção de cera de abelha em éter de petróleo é passada
numa coluna de alumina ativada.

5.1.6. Análise cromatográfica


A análise cromatográfica gás líquido (GLC) de
cera de abelha não fracionada fornece uma boa separa-
ção de hidrocarbonetos, ácidos graxos livres como
ésteres metil, e monoesteres de longa cadeia (Tullo-
ch, 1980). Este método torna possível a detecção rá-
pida de ácidos graxos ou hidrocarbonetos de petróleo
na cera de abelha. O método é também adequado para a
comparação da composição de muitas ceras diferentes.
A Thin Layer Chromatography ITLC) oferece, tam-
bém, uma análise rápida da cera de abelha e outras
ceras, mas fornece resultados qualitativos em vez de
quantitativos. GLC e TLC se complementam um ao outro
e provavelmente permanecerão a ferramenta mais valio-
sa na pesquisa e testes sobre cera de abelha por al-
gum tempo.
As vantagens da Análise Cromatográfica são vá-
rias: ceras artificiais com valores analíticos dentro
da faixa correta são com muita certeza detectados
(GLC e TLC). Adulterantes podem ser identificados
incluindo o ácido esteárico (GLC), sebo (GLC e TLC) e
algumas parafinas (GLC). São necessárias apenas amos-
tras pequenas (GLC e TLC). O equipamento para a TLC
não é caro.
As desvantagens são que o equipamento para GLC
é caro e complexo. A GLC não detecta adulterantes não
voláteis, tais como alguns sintéticos, cera poliméri-
cas.

5.1.7. Número de Iodo


Este é a percentagem de iodo absorvido pela ce-

Cera de Abelha 115


ra, indicando a teor de insaturados da cera. Se alto
pode indicar adulteração por óleo vegetal.

5.1.8. Número de Saponificação


Este se refere ao número de miligramas de hi-
dróxido de potássio consumido por um grama de cera.
White relata que ele examinou inúmeros métodos para
determinar o número de saponificação, e usou modifi-
cações do método publicado no 1958 Book of ASTM Stan-
dards (American Society of Testing Materials).

5.1.9. Ponto de congelamento da fração de


hidrocarbonetos
Este método pode detectar, muitas vezes, valo-
res tão pequenos quanto dois a cinco por cento de
parafina na cera de abelha, mas não é possível deter-
minar a porcentagem exata. É a determinação da tempe-
ratura na qual aparece a primeira turbidez na amostra
fundida mantida num tubo de ponto de fusão. No entan-
to, ele envolve separação de frações de hidrocarbone-
tos antes que a determinação possa ser feita. O ponto
de congelamento da fração pode ficar entre 127ºF
(52,8ºC) e 135ºF (57,0ºC); se este ponto ficar acima
de 135ºF (57,0ºC) não é cera de abelha pura. Três por
cento de cera microcristalina elevam o ponto de fusão
para a cima de 135ºF (57,0ºC).

5.1.10. Outros
Outros testes químicos que foram aplicados para
a cera de abelha, mas parecem não importantes sob a
luz do nosso conhecimento atual, são a solubilidade
da cera de abelha em vários solventes, teor de cin-
zas, Buchner ratio e hydroxyl number.

5.2. Testes Físicos


Estão listados abaixo os testes mais caracte-

116 Coggshal & Morse


rísticos, exceto para o ponto de fusão, que pode aju-
dar a determinar adulteração grosseira. O ponto de
fulgor poderia ficar entre os testes químicos, mas
foi colocado aqui para ilustrar a grande diferença de
temperatura entre o ponto de fusão e o ponto de ful-
gor.

5.2.1. Cor
A cera de abelha é quase sem cor quando secre-
tada pela abelha. É algo translúcida quando sólida e
quase transparente quando líquida. Uma vez que a cera
de abelha se torna colorida de várias formas antes e
depois que ela é separada da abelha que a produz,
foram usados vários meios para medir a cor. Na forma
líquida, a cor da cera de abelha pode ser medida pelo
sistema de cor Lovibond (Lovibond, 1893), que é usado
mais comumente em óleos e outros materiais que este-
jam líquidos na temperatura ambiente.
Medir a cor da cera de abelha líquida é um a-
borrecimento, um método comum para estimar a cor da
cera de abelha sólida é por comparação com o Munsell
Color Chips (Munsell, 1929).
Coggshall (1949) desenvolveu um método apurado
para comparar a cera de abelha sólida pelo uso de um
fotômetro para medir a percentagem de luz vermelha,
verde e azul refletida de uma superfície de uma amos-
tra de cera de abelha comparada com a reflexão de um
bloco de carbonato de sódio. A soma destas três per-
centagens foi chamada “color index number”, que de-
tecta pequenas diferenças de cor. Este método é muito
útil na clarificação de cera de abelha e pesquisa de
branqueamento.

5.2.2. Aroma
O aroma da cera de abelha é uma característica
única, mas ele varia e nossa sensação de odor não
pode depender disto. A cera de abelha que se originou
em diferentes lugares tem aromas diferentes levemente
perceptíveis. A despeito destes problemas óbvios, o

Cera de Abelha 117


aroma é extensivamente usado pelos juizes e comprado-
res.

5.2.3. Florescência
Este componente da cera, que exsuda de dentro,
cobre a superfície da cera com um fino filme, dando-
lhe uma aparência nebulosa ou mofada e escondendo por
baixo a cor da cera. A florescência se acumula aumen-
tando sua espessura e se torna uniformemente distri-
buída com o tempo. Enquanto a florescência aparece
somente na cera de abelha, e raramente em algumas
parafinas, não é indicação do grau de pureza. A flo-
rescência foi pouco estudada (ver Cera de Abelha:
Propriedades Físicas, Capítulo I).

5.2.4. Ponto de Fusão


O ponto de fusão da cera de abelha pode ser de-
terminado por diversos métodos. O método descrito
pelo American Wax Importers and Refiners Association
é o mais simples e de mais fácil uso (ver Apêndice
2).

5.2.5. Ponto de Fulgor


Esta é a temperatura na qual a cera de abelha
pega fogo e queima como gás. É determinada pelo méto-
do ASTM com o copo Cleveland aberto. Não é muito efe-
tivo na determinação de aditivos à cera de abelha, e
não deve ser usado normalmente pois existem disponí-
veis outros métodos mais eficazes.

5.2.6. Outros
Diversas outras constantes e características da
cera podem ser medidas ou consideradas, mas nenhuma
destas é suficientemente importante para ser usada
freqüentemente. Isto inclui o peso específico (0,960
a 0,972), durometer hardness, tensile strength, dia-
lectric strenght, tipo de fratura, blocking or self-

118 Coggshal & Morse


adhesion, viscosidade e índice de refração.

Cera de Abelha 119


Capítulo VI

66.. A
A CCeerraa ddee A
Abbeellhhaa nnaa CCeerraa A
Allvveeoollaaddaa

A descoberta do espaço abelha por Langstroth em


1851 (Naile, 1942) tornou possível a colméia de qua-
dro móvel; antes disso a barra de topo móvel era dis-
ponível mas pouco prática pois o favo era colado às
paredes laterais da colméia. O advento da colméia de
quadro móvel foi responsável pela criação de uma in-
dústria de fabricação de suprimentos apícolas. Os
fabricantes logo se concentraram na produção de cera
alveolada e nos equipamentos para a sua produção em
massa.
Assim que os caminhões entraram em grande uso
em 1920, muitos apicultores passaram a praticar a
apicultura migratória, perseguindo o fluxo de mel.
Para isto era necessário intensificar a busca por
métodos de reforço da cera alveolada e dos favos para
que eles suportassem o estresse do transporte a longa
distância.
Os artigos de revistas antigas e patentes re-
centes registram numerosas propostas para o uso de
arame ou outros materiais para prevenir o colapso do
quadro inteiro de cria ou de mel com tempo quente.

Cera de Abelha 121


Transportando cargas com o porte de 600 colméias num
caminhão evita-se um desastre, no caso de acidente ou
de calor excessivo, durante o dia. O colapso, o der-
ramamento de mel dos favos afoga ou sufoca as abelhas
e causa grandes perdas.
A Empresa Dadant desenvolveu a lâmina com arame
ondulado e a Empresa Root produziu a lâmina reforçada
com cera de carnaúba com o propósito expresso de re-
forçar o favo. Infelizmente, o reforço de lâmina mais
efetivo envolveu a adição de cera microcristalina de
alto ponto de fusão à cera de abelha. Sua efetividade
foi ilustrada pela experiência de um apicultor que
praticava a migratória comercial no estado de Nova
York que perdeu parte da carga de colméias de um re-
boque de trator por causa do superaquecimento; a úni-
cas colméias que resistiram ao colapso por derreti-
mento foram as que tinham os favos construídos em
cera laminada feita de cera de abelha microcristali-
na.
Uma vez que a cera microcristalina e a cera de
carnaúba não podem ser separadas da cera de abelha na
sua recuperação, e a cera resultante não será 100 por
cento cera de abelha, a prática, descrita acima, foi
desaprovada pela indústria. Como resultado, o uso de
cera com alto ponto de fusão, para reforçar as lâmi-
nas, deixou de ser praticado pelos produtores comer-
ciais de cera laminada, pelo menos na América do Nor-
te.

6.1. História da Produção de Cera Alveolada


A colméia de quadro móvel resolveu o maior pro-
blema, mas outros permaneceram. Um destes era como
fazer as abelhas construirem favos retos nos quadros.
Durante mais de um século, antes do advento do quadro
de quatro lados, foram feitas tentativas de uso da
barras de madeira de topo com secção triangular re-
vestida de cera de forma que a borda fina estendida
para baixo servisse de guia para as abelhas construí-
rem favos retos lado a lado. O método não era seguro
e trouxe grande frustração aos que tentaram usá-lo,

122 Coggshal & Morse


especialmente em grande escala.
Um segundo problema apareceu do irritante hábi-
to das abelhas construírem favos de zangão em quadros
nos quais os apicultores queriam favos de operárias.
O excesso de favo de zangão estimulou, provavelmente,
Mehring, na Alemanha em 1857, a construir uma prensa
para gravar as lâminas de cera com a base dos alvéo-
los. A Mehring é creditado o mérito de ter inventado
a cera alveolada; mas provavelmente ele criou o méto-
do de prensagem, houve tentativas anteriores de fazer
cera alveolada.

6.1.1. Prensagem, fundição e modelagem


Depois da invenção de Mehring, um suíço de nome
Jacob e um Alemão de nome Rietsche, fizeram melhorias
nas prensas. Vários tipos de prensas e moldes de fun-
dição semelhantes foram desenvolvidos mais tarde.
Plaster de Paris usou material que permitisse obter
um molde barato no qual fundir a cera, mas semelhante
aos moldes de metal, este não foi muito prático. A
cera fundida em moldes resulta em cera laminada que-
bradiça; a fundição é também um método lento por cau-
sa da espera para que a cera líquida solidifique. As
prensas que tentavam a laminação da cera com as bases
dos alvéolos por pressão eram muito mais rápidas e
produziam cera alveolada mais flexível. A prensa Gi-
ven em 1879 foi talvez a mais conhecida nos Estados
Unidos, as estampas sendo feitas em vários tamanhos e
configurações. Com a prensa Given a cera alveolada
podia ser prensada diretamente no quadro aramado, e
se podia fazer cera alveolada com alvéolo de fundo
regular e com fundo plano
A prensa e o rolo para produzir a cera laminada
e conseqüentemente a cera alveolada foram criados na
Alemanha. Rolos gravados ou moldados já eram usados
para gravar lâminas de cera em 1843. Kretchmer (1872)
disse que seu pai foi o primeiro a fazer um “guia de
favo” em 1843. “O sistema consistia de uma estreita
tira de linho fino, embebida com uma mistura de cera
branca e amido, sobre a qual a lâmina alveolada ou a

Cera de Abelha 123


base dos alvéolos eram impressas, passando-a entre um
par de rolos entalhados”. As tiras eram presas à bar-
ra de topo na colméia Dzierzon, provavelmente com
cera quente.
Em 1861 Wagner, Editor da American Bee Journal,
conseguiu uma patente de cera alveolada, e foi, apa-
rentemente, o primeiro a mencionar a idéia dos rolos
nos Estados Unidos, possivelmente ele tinha connheci-
mento da máquina Alemã. Entretanto, A. I. Root tem o
mérito de tê-la desenvolvido a um estágio prático. Em
1873, Frederic Weiss, um Alemão no estado de Nova
York, fez o que foi tido como o melhor conjunto de
rolos até aquela data, contudo foi sugerido que estes
rolos talvez tenham sido importados da Alemanha. L.
C. Root (1879) disse que Weiss foi o primeiro a fazer
cera alveolada com paredes laterais8 e isto se tornou
de “uso geral” nos Estados Unidos. Como temos conhe-
cimento hoje, mesmo com quadro plástico, a existência
de boas paredes laterais é o máximo na aceitação da
cera laminada. Entretanto, ao mesmo tempo, A. I. Root
trabalhava duro na fabricação de rolos, e em 1876
anunciou que ele e Washburn, um mecânico empregado
seu, tiveram sucesso na produção de bons rolos; eles
colocaram a venda. Por volta de 1878 Charles Dadant
comprou os rolos de Root e depois de algumas modifi-
cações estava em condições de usá-lo para a fabrica-
ção de cera alveolada. Uma excelente revisão da his-
tória da fabricação de cera alveolada e a feita por
Johansson e Johansson (1969); Root (1926) relata al-
gumas de suas primeiras experiências na fabricação de
cera alveolada em sua autobiografia.
Dois rolos, que giram muito próximos um do ou-
tro para produzir bases finas o suficiente para o
favo de mel, devem ser gravados com tal precisão que
eles parecem idênticos. Nos idos de 1880 vários indi-
víduos faziam rolos variando o grau de compatibilida-
de entre os rolos. Mrs Frances Dunham de Depere, Wis-

8
A parede lateral aqui citada é a parede do alvéolo. Cera alveolada com paredes late-
rais é a cera alveolada em que as laterais dos alvéolos já estão iniciadas. (Nota do
Tradutor).

124 Coggshal & Morse


consin, vendeu rolos feitos para ela por seus dois
irmãos mecânicos. Charles Dadant tentou os rolos de
Dunham em 1881 e ficou impressionado com o fato deque
eles produziam cera laminada com base fina e altas
paredes do alvéolo, uma grande melhoria sobre os an-
tigos rolos. Em 1881 Dadant começou a comprar também
rolos precisos de John Vandervort de Laceyville,
Pnnsylvania. Aparentemente Vandervort construiu mui-
tos rolos para Dadant em alguns anos. Charles Ohlm
melhorou os métodos de entalhar o rolo e vendeu seus
direitos a Root, que continuou a melhorar os rolos. A
cera alveolada com alvéolos de fundo chato foi paten-
teada por Hetherington de Cherry Valley, Nova York, e
produzidos por Van Deusen de Sprout Brook, Nova York
por muitos anos. Foi produzida num rolo descrito por
Quimby (Root, 1879).
Com o passar dos anos foram tentados, para fa-
bricar rolos, métodos diferentes da gravação. Um mé-
todo foi a inserção de células bases individuais num
rolo macio, sendo as células bases espessas o sufici-
ente para conseguir a parede do alvéolo.
Pelham, de Maysville, Kentucky, inventaram os
rolos feito de anéis ou seções, cada anel com a es-
pessura de uma célula. Foi cogitado que tais rolos
poderiam reduzir o preço das máquinas de forma que
qualquer um poderia se dar ao luxo de ter uma, mas
aparentemente eles não tiveram sucesso.
Nos Estados Unidos existem nomes bem conheci-
dos, além dos pioneiros Root e Dadant. A Companhia W.
T. Falkoner em Jamestown, Nova York, laminou cera de
abelha fundida para torná-la fina e maleável antes de
passá-la no alveolador; este método foi também usado
por E. S. Robinson de Mayville, Nova York que o colo-
cou em operação na planta de Walter T. Kelly em Padu-
cah, Kentucky. Kelly trocou para o tambor de lamina-
ção de líquido por volta de 1932, como o fez Robin-
son. Nos idos de 1930 Eby de Ohio e Randall da Flóri-
da prepararam cera alveolada usando maquinário que
eles próprios desenvolveram ou aperfeiçoaram e em
Michigan Woodman e Schmidt prepararam cera alveolada.

Cera de Abelha 125


Outros que desenvolveram equipamento e fizeram
cera alveolada foram Knorr da Califórnia, Stone de
Utah e Muth de Ohio. Entretanto a maioria dos equipa-
mentos foi construída para uso privado e raramente
era vendida. Uma exceção notável foi E. C. Hawley de
Iola, Kansas, que construiu um bom número de máquinas
para revender; seu filho R. E. Cooper continuou a
construir laminadoras de cera.
As laminadoras comerciais eram normalmente im-
portadas da Alemanha, uma vez que as feitas por Root
e Dadant para seu próprio uso não eram extensamente
disponíveis nos Estados Unidos por muitos anos. Exis-
tiam exceções: Eby de Ohio fez laminadora usando pi-
nos de aço inoxidável e depois discos; Knorr da Cali-
fórnia inventou sua própria laminadora de pinos; Tom
Lazarevich da Tom Industries na Califórnia vendia
laminadoras que ele fazia usando um processo de ares-
tas aparentes. Os fabricantes de cera alveolada nos
Estados Unidos, desde antanho, incluem Strausser (Wa-
shington), Hubbard (Michigan), bem como alguns que
são grandes operadores comerciais.
Uma excelente laminadora foi feita por Del We-
ber de Nesberg, Oregon; esta é do tipo de pino. É de
não se acreditar que alguém possa refinar este tipo
de construção de laminadora que envolve algumas cen-
tenas de implantes precisos de bases de alvéolos no
rolo metálico.

6.1.2. Laminação
O terceiro e mais frustrante problema por vinte
ou mais anos foi a produção de cera laminada na forma
de uma manta contínua. As laminadoras eram capazes de
produzir continuamente cera alveolada, mas o sistema
de molhamento para obter laminas individuais de cera
para alimentar a laminadora era a grande resposta.
Em 1893 E. B. Weed de Nova York mostrou a Char-
les Dadant um tipo de extrusora de cavidade progres-
siva semelhante à máquina de fazer lingüiça, mas esta
se mostrou ser intermitente na produção de lâminas.

126 Coggshal & Morse


Prosseguindo nesta onda de fracassos, o talento de
Weed levou-o a Medina, Ohio onde, com o apoio de A.
I. Root, ele continuou com os experimentos. Ele pro-
grediu desde descascando a camada de cera de um tam-
bor mergulhado na cera, até o tambor metálico forçan-
do a cera dele raspada através de uma fenda impressa
em metal. Como resultado da amizade de Weed com Char-
les Dadant o processo de Weed desenvolvido na Empresa
do Root foi patenteado imediatamente por Dadant com
direito a royalty. Mais tarde o processo de Weed foi
patenteado por outros. Weed desenvolveu um processo
baseado na extrusão no qual o tambor frio apanha uma
camada de cera desenvolve a pressão de algumas cente-
nas de libras, suficiente para forçar a cera compacta
através de uma fenda estreita numa moldura. O equipa-
mento completo, no entanto, está longe de ser tão
simples quanto o processo parece ser.
Com produção ágil de cera laminada agora asse-
gurada, as empresas Root e Dadant tinham a competição
como desvantagem. Não sabemos que empresas nos Esta-
dos Unidos, se é que houve alguma, obtiveram licença
para uso do processo Weed. Realmente, cera alveolada
continuou a ser feita a partir de lâminas grossas
através de rolos, e as prensas continuaram em uso por
alguns anos.
Não sabemos quando e onde outros produtores co-
meçaram a usar o processo de laminação do líquido
patenteado por Weed. Sabemos de um processo interme-
diário mais ou menos contínuo para a obtenção de uma
manta de cera laminada. Isto envolve modelar a cera
em grandes painéis planos, depois aquecê-la em banho
de água morna para diminuir a fragilidade, compactá-
la entre dois rolos lisos um número de vezes até fi-
car fina e muito alongada e levar vantagem de mandris
semelhantes aos do equipamento de Weed.
Não sabemos por quanto tempo este método moroso
de fabricação de cera laminada persistiu, mas acredi-
tamos que alguns produtores de cera laminada espera-
ram até que a patente de Weed expirasse e outros in-
fringiram a patente. Em 1900, um Dittmer de Augusta,
Wisconsin parece ter encontrado um outro método para

Cera de Abelha 127


laminar uma vez que ele anunciou cera alveolada feita
por um processo que não era pelo molhamento (veja
Gleanings in Bee Culture pág. 105).
Root (1896a) afirma que “além de nós mesmos as
três firmas aqui mencionadas são as únicas no país
que fabricam toda linha de suprimento para apicultu-
ra”. Root menciona G. B. Lewis de Watertown, Wiscon-
sin que iniciou em 1874, W. T. Falconer, Jamestown,
Nova York que começou em 1880, e R. B. Leahy, Hig-
ginsville, Missouri, que começou em 1884. Na edição
do Gleanings de março, Root (1986b) modificou a lista
para incluir E. Kretchmer de Red Oak, Iowa, quem, diz
ele, “deve estar no negócio a muito mais tempo do que
qualquer um de nós”. Root deixou fora da lista “ou-
tros que faziam algumas especialidades como seções e
cera laminada”, razão pela qual Dadant e um bom núme-
ro de outros não foram identificados. A forma como
estes outros produziam a cera laminada em meados de
1900 nós não sabemos.
Voltando para trás apenas um pouco, em 15 de
janeiro, a edição de 1896 do Gleanings in Bee Culture
da Root Company anunciou cera alveolada produzida por
um novo processo “tendo controle garantido do novo
processo Weed” (Root, 1896a). Foi também anunciado
que a máquina cortadora podia produzir cera alveolada
fina para melgueira de uma laminadora na razão de uma
libra por minuto. Na edição de 15 de agosto a Root
Co. relata vendas da ordem de 50.000 libras (22700kg)
da nova cera laminada, 10.000 libras (4549kg) mais do
que no melhor ano com o antigo processo de mergulhar
(Root, 1896b).
Nos primeiros anos da apicultura comercial um
apicultor se ocupava de poucas colméias e o esforço
para produzir mel em favo de qualidade era grande. Os
dados são escassos, mas por volta de 1915 os fabri-
cantes vendiam acima de 50 milhões de seções de mel
em favo por ano (Jones, 1918). Com o desenvolvimento
e subseqüente melhoria nas laminadoras de cera alveo-
lada houve muita divergência sobre as características
mais desejáveis para a parede do alvéolo, sua altura
e o desenho da base do alvéolo. Root construiu rolos

128 Coggshal & Morse


para moldar um fundo chato na lâmina, e em 1898 rela-
tou que quando as paredes do alvéolo eram altas as
abelhas as aceitavam tão bem quanto a cera laminada
normal. Mais tarde as abelhas tendem a engrossar as
nervuras e fazer o fundo côncavo. Root (1898) também
teve rolos feitos por Weed para produzir cera alveo-
lada com alvéolos com 1/8 de polegada (3mm) de pro-
fundidade com paredes espessas, mas concluiu que as
abelhas afinavam as paredes. Como resultado das expe-
rimentações de Root, Dadant e outros as laminadoras
para produzir cera alveolada foram padronizadas para
produzirem lâminas super finas para mel em favo e
médias e pesadas para cria. Ocasionalmente, laminado-
ras especiais eram feitas para reforçar alguma idéia
“nova”.
Cera laminada usada para fazer mel em favo ou
mel com pedaços de favo é extra fina, uma vez que ela
será mastigada e muitas vezes comida pelo consumidor.
A estrutura da laminadora é diferente porque são de-
sejados alvéolos de paredes e bases finas. Os rolos
da laminadora ficam muito próximos. A lâmina a ser
alveolada é, algumas vezes, submetida à laminação
lisa adicional para torná-la mais fina antes de alve-
olar. Os fabricantes de cera alveolada concluíram que
ajudava esfriar a água na qual a cera a ser alveolada
ficava antes de ser alveolada. Isto é feito adicio-
nando pedaços de gelo na água, mas um equipamento de
resfriamento de água é melhor. Esta super cera lami-
nada é normalmente feita da cera de mais fina quali-
dade de opérculos. É também branqueada por filtração
usando filtrol e carvão para remover a cor amarela da
cera que, de outra forma, ficará aparente ao consumi-
dor.

6.2. Métodos Comerciais para a Produção de Cera


Alveolada

6.2.1. Laminação
Laminar a cera de abelha é o primeiro passo da

Cera de Abelha 129


fabricação comercial de cera alveolada. O sistema
mais prático para laminar a cera de abelha é ainda o
processo Weed básico desenvolvido antes de 1900, que
foi discutido em maiores detalhes acima.
O laminador determina a qualidade e quantidade
da lâmina e é muito simples de construir e operar com
sucesso. Existem aproximadamente tantos diferentes
laminadores construídos quantos são os fabricantes de
cera alveolada. A maioria dos fabricantes de cera
alveolada projeta e constrói sua própria laminadora.
O diâmetro do tambor varia entre 10 e 24 polegadas
(25,4 e 63,5cm); tambores com largura de 11 a 20 in-
ches (28 a 51cm). O tambor pode ser feito a partir de
uma chapa ou de um pedaço de tubo de aço sem costura
ou de aço inoxidável. Alguns tambores são de ferro
fundido. A espessura da parede do tambor e o tipo de
metal de que ele é feito determina a velocidade com
que é possível transferir o calor através dele. O
tambor é ambos um tipo de trocador de calor a uma
bomba de alta pressão. A temperatura da água, a vazão
e a distribuição dentro do tambor variam considera-
velmente com o desenho e a operação. Estes fatores
afetam a quantidade de cera que o tambor apanha e
resfria para a melhor temperatura de extrusão, a qual
parece ser em torno de 90ºF (32ºC) para a lâmina de
cera.
O nível da cera e a temperatura no recipiente
no qual o tambor está mergulhado pode ser controlada
por diferentes meios. O desenho do molde de extrusão
varia mais do que qualquer outro componente do lami-
nador. O molde é normalmente aquecido por aquecedor
de resistência elétrica ou por água quente bombeada
através de orifícios horizontais, um na metade infe-
rior e outro na metade superior do molde.
A cera extrudada pelo molde da laminadora não
emerge como uma lâmina uniforme, perfeita e contínua.
Ela tem de ser puxada do molde, preferencialmente
através de um pequeno banho de água para esfriar a
superfície. Assim, a laminadora deve ser equipada com
um dispositivo de tensão constante para manter a lâ-
mina plana e uniforme na largura. Este dispositivo é

130 Coggshal & Morse


projetado de forma a enrolar a folha contínua de cera
laminada num mandril, produzindo um rolo compacto com
o diâmetro desejado. São necessárias cerca de 36 li-
bras (16,3kg) de tensão para puxar uma folha com 8,5
polegadas (21,6cm) de largura por 0,175 polegadas
(4,4mm) de espessura.
Para se ter uma idéia do que acontece quando a
cera passa de líquido a lâmina, abaixo estão algumas
temperaturas medidas com um termopar durante a opera-
ção comercial de um laminador com tambor de 24 pole-
gadas de modelo antigo:
água fria entrando no tambor
instante antes de iniciar ........ 53ºF (12ºC)
superfície do tambor quando o
tambor começa a rodar ............. 60ºF (16ºC)
cera no recipiente onde o tambor
está mergulhado ................. 214ºF (101ºC)
cera sobre o tambor logo
depois de apanhada ............... 127ºF (53ºC)
cera sobre o tambor instante
antes de entrar no molde .......... 88ºF (31ºC)
superfície da lâmina de cera
logo após a extrusão pelo molde .. 89ºF (31ºC)
banho de água no qual a cera
é mergulhada ao sair do molde .... 74ºF (23ºC)
superfície da folha de cera
sendo enrolada ................... 79ºF (26ºC)
O tambor apenas toca a cera líquida no recipi-
ente de mergulho e gira cerca de três-quartos de uma
volta antes de largar a cera no molde. Tomando por
base um tambor com 24 polegadas (61cm) de diâmetro
mencionado acima girando a 4rpm temos a seguinte si-
tuação; a cera percorre 56 polegadas (142cm) em 12
segundos enquanto esfria de 214ºF (101ºC) até 88ºF
(31ºC). Apenas para comparação, num tambor de 12 po-
legadas (30,5cm) o percurso da cera fica limitado a
apenas 28 polegadas (71cm) antes de atingir o molde,
assim ele deverá rodar mais lentamente se todos os
outros fatores forem iguais, e assim produzirá menos
libras de cera laminada por hora.

Cera de Abelha 131


É consenso que a cera deve ser mantida em nível
tal que o tambor ao girar toque a superfície e apanhe
uma camada de cera. Alguns recipientes são alimenta-
dos por gravidade através de uma válvula bóia libe-
rando cera para seu interior a partir de um tanque de
suprimento próximo. Outro sistema mantem um nível
mais preciso através de uma pequena bomba imersa no
tanque de suprimento com sua borda superior abaixo do
recipiente de alimentação. Esta bomba mantem um fluxo
constante para o recipiente, e todo excesso de cera
retorna para o tanque de suprimento através de um
ladrão existente no recipiente de alimentação. Este
sistema usa um ajuste na altura do recipiente de ali-
mentação mantido baixo antes de iniciar a laminação e
enquanto a bomba de circulação de cera e o fluxo pelo
ladrão estão parados. Assim que o tambor de laminação
inicia o recipiente é levantado até que a cera apenas
toque nele. O recipiente de alimentação mantido aque-
cido por aquecedores elétricos pode ser mantido em
qualquer temperatura que o operador preferir para a
cera. Nós preferimos a temperatura de 180ºF (82ºC) ou
mais elevada; temperatura muito baixa cria os trans-
tornos de preparação da cera em superfícies não aque-
cidas; isto não é problema em 190ºF (88ºC). Não con-
cluímos se mais ou menos cera é apanhada pelo tambor
se a temperatura da cera está acima de 180ºF (82ºC).
Como deve operar o tambor do laminador? Depen-
dendo da temperatura e do fluxo de água através dele,
o tambor deve girar a uma velocidade que dê tempo
para a camada de cera que ele apanha do recipiente de
alimentação esfrie até aproximadamente 90ºF (32ºC)
quando ela atinge o molde. A velocidade do tambor
varia de duas a seis rpm; um bom redutor de velocida-
de deve ser usado para conseguir esta baixa rotação
com um motor de 1200 a 1750 rpm. Redutores de veloci-
dade ou caixa de mudanças são usados geralmente, em-
bora seja comum o uso de corrente e corrente dentada.
Acionadores a correia podem ser usados, mas eixos
múltiplos, roldanas e correias se tornam embaraçosos.
A força necessária varia de acordo com o porte do
tambor, temperatura da água fria e do sistema redutor
de velocidade utilizado, mas o motor usado é normal-

132 Coggshal & Morse


mente de dois a cinco hp.
Acionador de velocidade variável é o melhor pa-
ra o laminador uma vez que a cera pode ser esfriada
mais precisamente para a melhor temperatura de extru-
são. A temperatura da água de resfriamento pode mudar
entre o início e o final do processo e a velocidade
do laminador ajustada. Nós temos iniciado o processo
com a água a 34ºF (1ºC) e terminado o processo com a
água a 50ºF (10ºC) reduzindo gradualmente a velocida-
de do tambor. Motores de corrente contínua do tipo
compound-wound e shunt-wound são excelentes para con-
trole da velocidade. Unidades eletrônicas de conver-
são de A. C. para D. C. para controle de velocidade
de motor estão disponíveis em muitos fabricantes.
O resfriamento do tambor pode ser com água lim-
pa de poço ou de lagoa, ou, se for desejada água mais
fria para uma taxa de produção maior, pode-se usar
uma unidade comercial de resfriamento de água. Existe
alguma evidência que o tambor pode ser satisfatoria-
mente esfriado pela expansão refrigeração direta u-
sando Freon, mas não temos conhecimento da fabricação
de um sistema destes.
Voltemo-nos agora para o molde do laminador que
é o coração do equipamento; do molde sai a folha con-
tínua de lâmina de cera. Qualquer que seja o desenho
do molde ele recebe a lâmina de cera retirada do tam-
bor quando sua superfície passa pelo lábio do molde,
e a expulsa do orifício pelo lado oposto. Alguns mol-
des de laminador são preparados para somente uma lar-
gura de lâmina, usualmente menor do que a largura do
tambor, e reduzida um pouco mais por arames agindo
como facas na abertura do molde; tais moldes produzem
lâminas para cera alveolada para cria com 8,0
(20,3cm) a 8,5 polegadas (21,6cm) de largura. As ti-
ras cortadas das beiradas são refundidas. A lâmina
larga pode ser cortada por um arame no meio do molde
para produzir duas lâminas mais estreitas de cera
alveolada para melgueiras. A maioria dos moldes são
feitos de duas barras temperadas de aço, com cunhas
de aço ou de latão, entre elas, para ajuste da largu-
ra. Em vez de refundir as tiras cortadas da folha

Cera de Abelha 133


extrudada, este tipo de molde é ajustado para a lar-
gura de folha desejada e a largura extra da cera apa-
nhada pelo tambor é rápida e imediatamente removida
pelas lâminas na parte de trás do tambor e refundida
na cera quente extra que o sistema necessita.

Uma lamindaora. Esta máquina tem sido usada para fazer para pre-
parar lâmina de cera que será transformada em lâmina alveolada e velas. Foto
por Bernhard Rietsche Gmbh, West Germany.

A operação de uma laminadora para produzir lâ-


minas precisas e consistentemente exige experiência e
entendimento do equipamento. O molde do laminador
descrito acima trabalha bem se o tambor foi desenhado
adequadamente e resfriado uniformemente para apanhar
uma camada de cera de espessura uniforme todo o tem-
po. Foram desenhados moldes que superaram este pro-
blema de uniformidade e usam toda a cera apanhada em

134 Coggshal & Morse


toda a largura do tambor. Tais moldes podem produzir
qualquer largura de lâmina com um simples ajuste fei-
to enquanto o laminador continua a operar. Alguns
laminadores retiram ambas as bordas da lâmina depois
da extrusão e produzem uma cera alveolada com muitas
imperfeições ao longo das bordas provocadas pelas
pequenas marcas da lâmina. Os fabricantes devem refu-
gar e refundir estas lâminas, mas nem sempre o fazem.

Um equipamento para produção de cera alveolada. Foto de Bernhard

Cera de Abelha 135


Rietsche Gmbh, Alemanha Oriental.

6.2.2. Calandragem e rolo alisador


O segundo passo na fabricação da cera alveolada
é a calandragem, pois poucas empresas produzam uma
lâmina de cera deste tipo que possa ser passada no
alveolador sem redução da espessura. Mais precisamen-
te descritos como rolos de calandragem em outras in-
dústrias, no mercado de cera é mais comum se referir
a eles como rolos de alisamento, em contraste aos
rolos entalhados usados para imprimir as bases dos
alvéolos no próximo passo. Os rolos alisadores afinam
a lâmina de cera espessa produzida pelo laminador de
forma que o rolo alveolador possa fazer um trabalho
melhor de impressão das bases dos alvéolos. Ele per-
mite a obtenção de lâminas finais uniformes. Isto se
torna especialmente verdadeiro para a produção da
delicada, fina, super cera alveolada exigida para a
produção de mel em favo e mel com favo.
O rolo alisador alonga grandemente a lâmina de
cera ao comprimi-la e afiná-la. Por exemplo, a lami-
nadora pode produzir uma lâmina com 0,175 polegadas
(4,4mm) de espessura que os rolos alisadores reduzi-
rão para 0,030 polegadas (0,7mm), com um aumento cor-
respondente no comprimento. A lâmina fina alimenta
mais facilmente o rolo alveolador do que a espessa.
O rolo de cera que sai da laminadora é colocado
num banho de água a cerca de 95ºF (35ºC) para amornar
e amaciar a cera de forma que os rolos alisadores
sejam mais eficientes. A lâmina de cera macia e enro-
lada têm tendência a grudar durante o enrolamento
conseqüentemente, para prevenir este contratempo,
goteja-se água com sabão nos rolos. A cera enrolada e
macia é normalmente passada na alveoladora imediata-
mente depois de afinada. Estes rolos para afinamento
são operados em velocidade constante que é determina-
da por tentativa e erro. Um motor de corrente contí-
nua com velocidade ajustável permite um ótimo contro-
le sobre a produção do equipamento. Aquecimento elé-
trico para o banho de água e uma pequena bomba para

136 Coggshal & Morse


fornecer água com sabão para a folha de cera que está
sendo enrolada é o melhor. A tensão de enrolamento é
normalmente mantida por frenagem na caixa de redução
dos rolos alisadores. Os rolos alisadores são feitos
muitas vezes de aço inoxidável ou cromado, com a su-
perfície lixada e polida. Rolos de ferro com superfí-
cie polida trabalham tão bem como os outros, mas e-
xiste maior risco de manchas e ferrugem. Com o uso de
desmodelador de silicone o problema de aderência da
cera ao rolo se torna desprezível seja qual for o
tipo de metal utilizado. Um supridor recente de rolos
aplainadores usa revestimento de teflon para prevenir
a aderência da cera; no entanto, é um fato que a cera
de abelha é uma das poucas substâncias que adere ao
teflon.

6.2.3. Cera alveolada


À primeira vista, o equipamento para produção
de cera alveolada pode parecer um equipamento sim-
ples, mas o alveolador básico que se consegue do fa-
bricante é apenas o núcleo do equipamento completo
para produção de cera alveolada. Não se trata de sim-
plesmente colocar a folha de cera entre os rolos e
pegar o produto acabado. A folha de cera, com os al-
véolos impressos, deve ser puxada dos rolos alveola-
dores com tensão suficiente para libertá-la dos rolos
mas não tanto a ponto de os alvéolos serem espichadas
e deformadas. A folha em movimento será cortada no
comprimento e as lâminas empilhadas.
O alveolador é composto de dois rolos estampa-
dos precisamente. O alveolador deve ser feito com
extrema precisão e ajustado com exatidão para manter
os rolos alinhados um com o outro tanto lateral como
cilindricamente. Se os alvéolos individuais do rolo
forem danificados ele não produzirá mais alvéolos com
bases e paredes perfeitas, tornando-se imprestável.
A maioria dos rolos tem um núcleo ou centro ao
redor do qual é colocado estanho-chumbo ou outra liga
para a gravação. Um fabricante grava em alumínio.
Outro usa um método diferente, reveste os rolos com

Cera de Abelha 137


cobre e depois com níquel para aumentar a durabilida-
de. Pinos de aço inoxidável foram usados para as ba-
ses dos alvéolos, e conhecemos alveoladores em uso
com pinos de alumínio.
Um alveolador ideal deve ser feito de aço ino-
xidável para garantir durabilidade e ter um núcleo
para resfriamento com água a fim de evitar o problema
de superaquecimento associado com grande produção. Um
alveolador produzindo cerca de 100 lâminas por minuto
deve ser resfriado com gelo ou muito rapidamente ele
sobreaquecerá a lâmina de cera. Poucos alveoladores
são capazes de garantir mais de 90 lâminas por minu-
to.
Para conseguir uniformidade o rolo de cera afi-
nada é colocado em banho de água a cerca de 70ºF
(21ºC) ou menos antes de alimentar o alveolador. Como
o alveolador se aquece esta temperatura pode ser me-
nor. Ao fabricar cera alveolada super fina para mel
em favo e favo em pedaços é normalmente necessário
usar água muito fria no banho de água; a lâmina fina
quando fria é mais resistente e mais fácil de alveo-
lar.
A correia de borracha que puxa a cera alveolada
do alveolador é sincronizada com o alveolador e é
acionanda a partir do eixo do alveolador, mas se mo-
vendo um pouco mais rápido do que a cera alveolada,
escorregando assim sob a lâmina, exercendo uma tração
constante sobre ela. Para exercer uma tração correta,
rolos pesados de vários tipos são usados para pres-
sionar a cera alveolada contra a correia que está
embaixo. A superfície da correia varia em rugosidade
e é afetada pela água com sabão ou outro agente des-
modelador usado no alveolador, o que obriga a fazer
alguns experimentos para conseguir o melhor sistema.
Uma vez que a tensão constante é tão importante, e a
velocidade linear da correia é tão difícil de ajustar
através de rodas dentadas e correntes, é recomendável
usar uma roldana com diâmetro ajustável tracionada
por uma correia chata. Esta roldana serve como ajuste
fino para corrigir para tração maior e menor.

138 Coggshal & Morse


A faca que corta a lâmina no comprimento exato
deve estar sincronizada com a tensão da correia ou
ser acionada por uma micro-chave ou por feixe lumino-
so. O método de correia sob tensão é o menos preciso
uma vez que a cera alveolada escorrega em diferentes
velocidades sobre a correia. A single-turn clutch
opera a faca muito bem, mas exige uma chave limitado-
ra de tempo a fim de evitar corte duplo. Alguns ope-
radores produzem cera alveolada com excesso de largu-
ra e usam uma faca circular contra a correia tensio-
nada a fim de cortar a cera alveolada na largura exa-
ta. Isto resulta em quantidade considerável de restos
de cera a serem refundidos.
epois que a lâmina foi cortada no comprimento,
rolos com rotação maior movem as lâminas rapidamente
para a pilha. Estas pilhas ficam sobre uma tábua que
desce à medida que as lâminas se acumulam. Empilhado-
ras que deslocam as lâminas para um lado não são a-
propriadas para alveoladoras de grande velocidade
como as que retiram as lâminas longitudinalmente.
Deve existir algum dispositivo para alterar de uma
pilha para outra sem reduzir ou parar a produção do
alveolador. Alguns destes dispositivos de alternância
são conectados diretamente ao equipamento alveolador;
outros são operados independentemente através de con-
trole de velocidade por corrente contínua, monitorado
automaticamente ou pelo operador.
A maioria dos fabricantes de cera alveolada in-
tercala as pilhas de cera alveolada com uma folha de
papel um dia, mais ou menos, depois da cera ter sido
alveolada. Nesta hora a cera alveolada fica rígida e
mais fácil de manusear como também fica livre da á-
gua. A colocação do papel é muitas vezes um trabalho
manual, e certamente o automático é caro. Pelo menos
um produtor não coloca papel, considera-o desnecessá-
rio, uma posição com a qual somos inclinados a con-
cordar. Contrário à opinião popular, a cera alveolada
sem papel não gruda uma à outra. Por outro lado colo-
car o papel não agrega proteção às delicadas paredes
dos alvéolos, que já receberam tratamento rude quando
foram puxadas no alveolador pela correia de borracha

Cera de Abelha 139


em movimento em velocidade superior à da cera alveo-
lada, fazendo a cera alveolada escorregar sobre ela.

O papel encobre falhas e faz as lâminas não


planas ficarem retas no pacote final. A despeito do

140 Coggshal & Morse


fato de a alveoladora ser bem fabricada existe, nor-
malmente, alguma variação na pressão aplicada à cera
alveolada ao longo do comprimento dos rolos e a es-
pessura da lâmina varia. É extremamente difícil fazer
cera alveolada que seja perfeitamente uniforme de
lado a lado. Uma parte do problema reside nas lamina-
doras. É difícil obter uniformidade na temperatura da
cera no molde da laminadora e tê-la uniforme de lado
a lado, assim, ainda que a correia da cera seja rola-
da suavemente, a lâmina de cera pode variar na espes-
sura quando é alveolada.

6.2.4. Moldes de injeção e fundição


A produção comercial de cera alveolada por mé-
todos modernos como injeção em moldes, slush molding9
ou moldes para fundição soam plausíveis na teoria,
mas na prática não funcionam. Cera de molde é quebra-
diça; cera quebradiça não é prática para cera alveo-
lada embora possa ser usada. Pode-se comprar, de for-
necedor reputável, um equipamento que molda a cera de
abelha em cera alveolada em escala comercial, mas a
velocidade de produção não se compara com a da alveo-
ladora, e a cera alveolada deve ser manuseada cuida-
dosamente com tempo frio.
D

6.3. Métodos Apícolas


Somente os grandes apicultores comerciais podem
produzir sua própria cera alveolada pois o equipamen-
to disponível é caro e há necessidade de prática e
experiência. Apicultores amadores e outros apiculto-
res comerciais de pequeno porte podem desejar produ-
zir cera alveolada pelo desafio e prazer envolvidos
bem como para usá-la em suas próprias colméias.

9
Slush molding: técnica de modelagem que utiliza um modelo ôco, que é aquecido e
enchido com a substância a ser moldada. (Nota do Tradutor)

Cera de Abelha 141


6.3.1. Mergulhar e alveolar
Este é o melhor método para fabricar o máximo
de cera alveolada no menor tempo, mas isto envolve um
alveolador, um item caro mesmo quando movido à mão. A
preparação da lâmina de cera exige um mínimo de equi-
pamento, o mais caro sendo o tanque para a cera lí-
quida no qual uma lâmina chata é mergulhada para acu-
mular cera de ambos os lados. Por volta da virada do
século os apicultores ainda mergulhavam tábua molhada
em cera, descascando as lâminas de cera e colocando-
as no alveolador, da mesma forma como se pode fazer
hoje. Mas hoje isto pode ser feito mais facilmente,
melhor e mais rapidamente por algumas boas razões; os
alveoladores são muito melhores agora; borrifar des-
modelador nos rolos praticamente previne a aderência
da cera neles; podem ser usados materiais melhores do
que a madeira para mergulhar na cera.
Não existe nenhum material que seja o melhor
para mergulhar na cera. Sugerimos tentar vidro e ou-
tras folhas grossas de materiais plásticos. Borrifar
ou esfregar neles silicone para liberação de moldes.
Espera-se que chapa de alumínio duro ou aço inoxidá-
vel seja bom para mergulhar.
De qualquer forma, mergulha-se o material chato
ou molde na cera na temperatura que forneça a melhor
lâmina. Recomenda-se virar o molde de ponta após cada
mergulho. Melhor ainda é usar um tanque raso e mergu-
lhar o molde de lado; a cera será mais espessa nas
bordas e resultarão menos rachaduras quando a cera
for passada no alveolador. O modelo a mergulhar pode
ser mais largo e mais comprido do que as dimensões
desejadas para a lâmina alveolada, assim o molde pode
ser segurado nas bordas sem causar danos à borda caso
em que poderia resultar numa lâmina com borda renda-
da.

142 Coggshal & Morse


Etapas do processo de produção de cera alveolada. O bloco de cera é
primeiro passado nos rolos lisos para ficar com espessura uniforme (acima à
esquerda). A cera em seguida passa em num alveolador movido manualmente.
A cera alveolada pode ser passada nos rolos com tempo quente (abaixo à es-
querda). A cera alveolada é em seguida cortada no comprimento desejado
(acima).

Se a cera de abelha estiver muito quente ela


poderá escorrer do molde e se estiver muito fria ten-
derá a formar protuberâncias e falhas e serão produ-
zidas lâminas de baixa qualidade. É melhor usar vá-
rios moldes assim eles podem esfriar mais entre mer-
gulhos sem perder tempo esperando. Quando tiver acu-
mulado cera suficiente no molde mergulhar o molde em
água para esfriamento final. Depois que a cera é des-
bastada nas bordas do molde, as duas lâminas podem

Cera de Abelha 143


ser descascadas e podem ser alveoladas imediatamente
ou mais tarde quando for mais fácil manuseá-las.
São necessárias três pessoas para melhores re-
sultados, uma para alimentar as lâminas nos rolos,
uma para rodar a manivela e uma para puxar a cera
alveolada do alveolador. As lâminas alimentadas no
alveolador podem ser um pouco mais largas do que o
desejado para permitir cortar no comprimento certo
depois. Usar água com sabão nos rolos ou borrifar um
desmodelador à base de silicone. Convem ter cuidado
com o alveolador; os rolos são macios e podem ser
danificados facilmente.

Isto é a variação de uma prensa para a produção


de cera alveolada. Uma lâmina de um bloco de cera ou
extrudada é pressionada entre duas lâminas de plásti-
co nas quais as bases dos alvéolos foram gravadas.
Foto de T. H. Herring and Son, Inglaterra.

6.3.2. Torta e alveolador


Um meio mais complicado de obter lâminas de ce-
ra é preparar tortas de cerca de meia polegada de

144 Coggshal & Morse


espessura, em painéis de quatro a cinco pés de com-
primento, e alimentar as tortas mornas através de um
conjunto de rolos para reduzir sua espessura e aumen-
tar seu comprimento. Podem ser necessárias várias
passagens pelos rolos para reduzir a cera à espessura
apropriada para alimentar o alveolador.

6.3.3. Bloco ou molde


Existem moldes disponíveis para fazer blocos de
cera. A cera líquida é derramada dentro do molde, o
molde é fechado e quando frio e aberto é removida uma
peça do molde de cera alveolada. As ilustrações mos-
tram o que está envolvido e as revistas de apicultura
trazem propaganda de moldes. Eles são lentos e produ-
zem uma cera quebradiça, mas é prazeiroso usá-lo.

6.3.4. Prensa
Diz-se que a história se repete a si mesma.
Prensas para a produção de cera alveolada eram usadas
antes do desenvolvimento do alveolador. A lâmina de
cera era colocada entre dois moldes e era aplicada
pressão com alavanca mecânica para marcar a cera com
as bases dos alvéolos. Um século depois, pelo menoso
velho método está sendo reativado, especialmente na
Europa onde prensas simples e efetivas estão disponí-
veis a preços moderados. Um deles é um conjunto de
estampas entre as quais pode-se colocar uma lâmina de
cera, normalmente cera em bloco. As estampas são en-
tão passadas entre dois rolos que comprimem as duas
metades dl molde com firmeza na cera. Isto é na ver-
dade uma boa modernização de uma velha idéia.
Um dos problemas cruciais com o uso de prensa
para preparar cera alveolada é que as lâminas resul-
tantes são excessivamente pesadas. Wix (1968) fez 4½
lâminas de cera alveolada (quadro padrão Britânico,
13¼ por 8 polegadas ou 340 por 205 mm) com uma libra
de cera, assim cada lâmina pesava 3½ onças. Existem
oito folhas por libra na maioria das produções comer-
ciais de cera alveolada na Inglaterra. Na Europa os

Cera de Abelha 145


apicultores renovam seus favos freqüentemente e assim
eles recuperam a cera. Wix observou que a cera alveo-
lada que ele fez era forte e, ao mesmo tempo, ela era
também “muito quebradiça” e não manuseável em tempo
frio, um problema que observamos ser comum com cera
moldada.

Os alvéolos no favo podem ser orientados de várias formas embora a


cera alveolada é normalmente feita com os alvéolos na vertical.

6.4. Orientação dos Alvéolos


Na natureza as abelhas constroem os alvéolos
com diferentes orientações; dois lados paralelos po-
dem estar na horizontal, perpendicular ou alguma po-
sição entre elas. Os alvéolos dentro de um mesmo favo
têm normalmente o mesmo arranjo, embora favos adja-
centes possam ter os alvéolos orientados diferente-
mente (Morse, 1983). A cera alveolada é normalmente
feita de modo que dois lados paralelos fiquem perpen-
diculares, pois aparentemente é mais fácil cortar com
este alinhamento. A cera alveolada é normalmente co-
locada nos quadros de modo que ela tenha esta mesma
orientação, contudo apicultores que preferem o ninho
com favos mais altos e mais estreitos podem girar a
cera alveolada de 90º. Nos idos de 1900 os apiculto-
res tinham opiniões firmes sobre a forma “correta” e
“errada” de colocar a cera alveolada no quadro (Dig-
ges, 1904).
Frisch e Frisch (1974) perguntava se a orienta-
ção do favo poderia afetar sua resistência. Ele soli-

146 Coggshal & Morse


citou a um engenheiro na Universidade de Frankfurt
(Alemanha) para investigar a questão. A resposta foi
que a capacidade de carga do favo não era afetada; no
entanto, isto baseou-se em cálculos teóricos, com o
que algumas pessoas discordam (Root, 1951). Oelsen e
Rademacher (1979) afirmaram que as abelhas constroem
os favos com a mesma orientação do alvéolo em que
elas se desenvolveram, uma afirmação que não coincide
com nossas próprias observações. A confirmação de que
a orientação do alvéolo não é importante biologica-
mente é que podem ser encontradas diferentes orienta-
ções em Apis diferentes da mellifera (Morse, 1983).

6.5. Cera Alveolada Reforçada


O Capitão J. E. Hetherington do Estado de Nova
York introduziu o uso de arame nos quadros para re-
forçar a cera alveolada no final da década de 1870 ou
início da década de 1880. Outros, da mesma época,
usaram ripas de madeira. Root registra em seu ABC of
Bee Culture de 1890 que eram usadas nervuras tanto de
papel como de madeira para reforçar a cera alveolada
com algum sucesso; ele comenta, também, que não se
usava cera alveolada com arame corrugado nela pois
não se conhecia uma boa maneira de prender o arame à
madeira do quadro. Cook (1883) disse que a cera alve-
olada com arame começou a se tornar popular rapida-
mente. Uma excelente revisão é a de Johansson e Jo-
hansson (1971).
Root (1922) escreveu que ele tinha dúvidas se
existia uma forma de reforçar a cera alveolada que
sua companhia não tivesse tentado incluindo tecido,
tela de arame, celulóide, cartolina e bakelite. Com o
tempo ele preferiu madeira compensada com espessura
de 1/20 polegadas (1,2mm) para a base da cera alveo-
lada. Quando era usada somente madeira com espessura
de 1/40 polegadas (0,5mm) ela tinha a tendência a se
curvar. Cera alveolada com base de madeira foi ofere-
cida no catálogo da Root em 1922, mas a quantidade
era limitada e não foi mais oferecida depois.

Cera de Abelha 147


6.5.1. Cera alveolada com arame corrugado
da Dadant
A Dadant and Sons anunciou a sua cera alveolada
com arame corrugado na edição da American Bee Journal
(página 143) de 1922. A Dadant se recusava veemente-
mente a discutir sua inovação em artigos e editori-
ais. Na edição da American Bee Journal de julho de
1922 (página 305) o editor escreveu, “Alguns leitores
desejam que nós digamos algo nos editoriais a respei-
to da nova cera alveolada aramada. Não, Não! O edito-
rial não é um balcão de conversa. De qualquer forma
aquele assunto fala por si mesmo”.

6.5.2. Cera alveolada da Root de três cama-


das
A cera alveolada da Root de três camadas foi
aperfeiçoada em 1922, anunciada no Gleanings in Bee
Culture de janeiro de 1923 (página 78), e listada no
catálogo de 1923 (página 25); na página 23 do mesmo
catálogo existe um interessante artigo intitulado,
História da Cera Alveolada”. O catálogo afirma que a
camada central era cera de abelha pura “enrijecida
por uma pequena percentagem de cera vegetal pura”.
Esta “cera vegetal” era de carnaúba, que tem ponto de
fusão mais alto do que a cera de abelha. As camadas
exteriores eram feitas da “mais pura e suave cera de
abelha”. A Root Company parou de produzir a cera al-
veolada de três camadas com cera de carnaúba em 1959
como resposta à preocupação da indústria de cera de
abelha de usar para reforçar cera alveolada apenas
adulterantes que pudessem ser removidos.

6.5.3. Cera alveolada aramada com ganchos


A Root (1879) diz VanDeusen, que foi provavel-
mente a primeira a produzir cera alveolada aramada,
recomendava cortar a cera junto das pontas do arame
da parte superior e dobrar a ponta do arame para for-

148 Coggshal & Morse


mar um gancho com um quarto de polegada de comprimen-
to para poder segurar o arame na barra de topo do
quadro com a ajuda da cunha. A Dadant acrescentou um
gancho em seu arame corrugado, e anunciou pela pri-
meira vez esta melhoria na edição da American Bee
Journal (pagina 208) de maio de 1931; um anúncio fei-
to um mês antes, com uma figura, parece que tenciona-
va lembrar a mesma melhoria, mas a figura não deixava
claro o que estava sendo ilustrado.

6.5.4. Cera alveolada com base de alumínio


Alan Eby (Hyland Apiaries Inc.) desenvolveu e
patenteou uma cera alveolada com uma base de alumínio
recoberta com cera de abelha; o núcleo tinha as bases
dos alvéolos, mas as paredes dos alvéolos não estavam
suficientemente definidas ou aguçadas; no entanto, as
de cera de abelha eram. Ela foi anunciada pela pri-
meira vez no Gleanings in Bee Culture, em novembro de
1958 (página 644), e o anúncio continuou a ser veicu-
lado até 1963. Os apicultores relataram que tinham os
mesmos problemas que tem com a cera alveolada com
núcleo de plástico que vieram a seguir. Se a cera
alveolada era colocada nas colméias durante um inten-
so fluxo de néctar as abelhas conseguiam fazer um bom
favo. Se a fome grassava, as abelhas roíam a cera
superficial, e ficavam sem condições de construir
favo sobre o alumínio exposto. Todo favo que fosse
construído ficaria desorientado ou perpendicular à
base. Como dito acima a existência da parede do alvé-
olo é necessária para a aceitação da cera alveolada.

6.6. A Cera Alveolada e os Substitutos do Favo


O desenvolvimento da indústria comercial da a-
picultura nos Estados Unidos foi rápido. Quando
Langstroth descobriu o espaço abelha e como construir
uma colméia moderna não existia um método prático
para a apicultura em escala comercial. Nos trinta
anos que se seguiram à descoberta de Langstroth, mui-
tas pessoas estavam produzindo mel em quantidade para

Cera de Abelha 149


o atacado e apareceram diversas revistas e livros
sobre abelhas e apicultura, mas os métodos e equipa-
mentos eram ainda rudes. Os métodos de incrustação do
arame na cera alveolada eram pouco satisfatórios, e
muitas pessoas procuravam por métodos de fabricação
de favo que não se deformassem na colméia ou se des-
truíssem na centrífuga.

6.6.1. Favo de metal


L. C. Root escreveu que Moses Quinby do estado
de Nova York experimentou favo de metal em 1870. Apa-
rentemente ele foi o primeiro a tentar encontrar um
substituto para a cera de abelha. Construiu um equi-
pamento que pudesse dobrar tiras com 7/16 polegadas
(11mm) de largura de estanho “com o formato exato de
meio alvéolo um contra o outro”. Quando o favo era
feito com várias destas tiras era mergulhado na cera
e ficava pronto para uso. Root disse que também foi
feito um favo de uma fina lâmina de ferro, e que as
abelhas aceitaram e usaram a ambos os favos de esta-
nho e de ferro. Como os alvéolos tinham apenas meia
polegada (13mm) de profundidade as abelhas podiam
estender os alvéolos com cera até a profundidade de-
sejada. Os favos de Quinby tinham alvéolos com bases
chatas, mas isto, diz Root, não era empecilho para o
uso do favo. No final, no entanto, ambos o custo e o
peso do favo de metal proibiu o seu uso. Root disse
que ele imaginava existir futuro para o favo artifi-
cial, mas ele não indicava que podia ser de metal.
Favos feitos de alumínio foram inventados em
1918 e anunciados pela primeira vez em 1919. Por vá-
rios anos depois disso apareceram anúncios em revis-
tas apícolas, por vezes de página inteira, e argumen-
tos prós e contra referentes a seu uso (American Bee
Journal 1919, página 175). As bases dos alvéolos eram
chatas e as paredes laterais com cerca de meia pole-
gada (13 mm) de altura. Os alvéolos eram feitos de
modo que duas das seis paredes ficassem paralelas à
barra de topo e eram assim diferentes da cera alveo-
lada preparada. O Dr. E. F. Phillips, então no U. S.

150 Coggshal & Morse


Department of Agriculture, pensou que o alumínio po-
deria retirar o calor do ninho, provocando o resfria-
mento da cria. O editorial do número de Janeiro de
1920 do Gleanings in Bee Culture disse que os favos
eram “uma maravilha da perfeição mecânica”. Outros
chamaram atenção para o fato de os favos poderem ser
amassados facilmente e isto era um ponto negativo que
as abelhas não podiam reparar.
Especialmente apicultores do Texas eram entusi-
astas do uso de favos de metal. Pellett (1923) visi-
tou vários apicultores de lá e relatou sobre o que
ele aprendeu. Ele era declaradamente cético a respei-
to dos favos de metal, mas relatou (e fotografou)
favos cheios de cria. Ele mostrou um favo de metal no
qual as abelhas construíram realeiras de emergência.
A respeito da questão de hibernação, Pellett afirmou
que mesmo depois de cinco anos por lá não obteve da-
dos que pudessem evidenciar que as abelhas pudessem
hibernar ou não em favos de metal. Por volta da mesma
época um semi-favo de alumínio, um favo com, aparen-
temente, paredes laterais muito menores foi tentado
na Inglaterra (Abushady, 1924).
Nós temos vários favos de metal da década de
1920 em nossa coleção de uma parafernália apícola em
Cornell. Um deles foi limpo de toda a cera e casulos
recentemente numa caixa de vapor. Nós o colocamos
numa colméia durante o fluxo de mel de goldenrod e as
abelhas construíram os alvéolos rapidamente e os en-
cheram com mel de uma forma normal.
Por volta de 1926 toda a discussão sobre favos
de alumínio e metal desapareceu das revistas apícolas
da América do Norte e não encontramos mais menção de
metal em favos até a invenção da cera alveolada de
três camadas com alumínio de Eby citada acima. Weiss
(1983) disse que uma empresa Alemã fez e anunciou uma
“cera alveolada feita de lâminas de alumínio” na dé-
cada de 1930, mas ela desapareceu em seguida do seu
catálogo por razões desconhecidas. Não ficou claro
porque os favos de metal não eram aceitos pelos api-
cultores, embora provavelmente o fato de eles poderem
ser amassados tenha sido o mais grave problema; ob-

Cera de Abelha 151


servamos que este era o problema mais sério que tí-
nhamos com os favos. Até onde temos conhecimento nun-
ca foram apresentados dados que comprovassem o res-
friamento da cria em favos de metal, como sugerido
por Phillips e outros de que poderia acontecer. Mais
detalhes podem ser encontrados no trabalho de Johans-
son e Johansson (1971).

6.6.2. Lâmina de plástico e cera alveolada


com núcleo de plástico.
Depois da segunda grande guerra, as casas su-
pridoras de materiais apícolas começaram a produzir
diversas partes da colméia em plástico. Sua aceitação
pela indústria apícola foi lenta, principalmente por-
que os apicultores esperam que seus equipamentos te-
nham vida longa. No passado os itens de plástico ti-
nham uma vida claramente curta e não podiam ser, nor-
malmente, reparados mas parece que isto está mudando.
De qualquer modo os apicultores enfrentariam aumento
no custo operacional e estavam interessados em produ-
tos que exigissem menos trabalho para serem prepara-
dos. Uma vez que cera alveolada de cera de abelha
tinha a tendência a fletir e deformar ela devia ser
colocada nos quadros imediatamente antes de os novos
quadros serem colocados em colméias produtoras, foi
sempre um gargalo e a procura por meios mais rápidos
para fazer e montar os favos continuou. Existem hoje
muitas lâminas de plástico e cera alveolada com nú-
cleo de plástico no mercado que tem uma larga aceita-
ção; algumas destas são discutidas adiante.
A Dadant ofereceu pela primeira vez sua “dura-
gilt” cera alveolada com núcleo de plástico na emis-
são de fevereiro de 1963 da American Bee Journal
(contracapa). Foi anunciada como sendo “reforçada com
lâmina de plástico flexível” e como “a incontestável
rei da velocidade de combinações de montagem de qua-
dros”. A cera alveolada duragilt era feita usando
metal nas bordas e anunciada sob o nome comercial
“com as bordas douradas”. Ela foi usada largamente na
indústria por aqueles que desejavam montar os quadros

152 Coggshal & Morse


com rapidez, mas as abelhas seguidamente roíam a cera
e não refaziam as paredes dos alvéolos destruídos.

Um anúncio de um favo para mel de aluminio como apareceu na Ame-


rican Bee Journal em 1920.

Paul W. Pierce, um inventor da Califórnia, a-


nunciou pela primeira vez sua cera alveolada de plás-
tico e quadro numa peça patenteada na Gleanings in
Bee Culture de fevereiro de 1973 (página 35). O qua-
dro é agora feito e vendido pela Pierco Inc. O quadro
é por vezes recoberto com cera de abelha, embora não
esteja claro se isto é necessário. Os apicultores nos
disseram se o quadro é prontamente aceito pelas abe-
lhas. Um problema é que não existe um meio de reparar

Cera de Abelha 153


os quadros dos quais tenham sido quebradas as ore-
lhas; todavia, mais recentemente, eles foram reforça-
dos.
Provavelmente a lâmina totalmente de plástico
mais usada é a vendida pela Arnaba Ltda do Hawai. Ela
foi anunciada pela primeira vez na emissão de feve-
reiro de 1978 do Gleanings in Bee Culture (página 54)
e na American Bee Journal (página 83). Não é revesti-
da com cera de abelha. As paredes dos alvéolos são
altas, mais altas do que das outras lâminas de plás-
tico e é provavelmente porisso que ela é tão pronta-
mente aceita pelas abelhas.
A observação da lâmina de plástico de Arnaba e
outros indica que é a altura das paredes dos alvéolos
e não a presença de cera de abelha que faz as abelhas
aceitarem a lâmina. O uso de lâmina de plástico pro-
vavelmente aumentara assim que os fabricantes ajusta-
rem a produção ao admitirem este fato.

Um favo para mel de aluminio feito nos idos de 1920 e recuperado


numa planta de recuperação de cera em 1970 depois de muitos anos de uso.

Um testemunho convincente, a favor da combina-


ção de quadro plástico com cera alveolada, foi feito
pelos donos de 3000 colméias (Warren and Warren,
1982). Eles concluíram, “com o alto custo de nosso

154 Coggshal & Morse


trabalho, nós concluímos que nos custa menos comprar
estes quadros de plástico do que comprar quadros de
madeira, montar, aramar e incrustar a cera alveola-
da”. Nota-se que mesmo quando os ursos mastigam o
favo o quadro pode ser salvo. Se a cera for removida
da estrutura de plástico o favo é, normalmente, re-
construído satisfatoriamente pelas abelhas. Weiss
(1983) reviveu sua experiência com favo plástico no
Bavarian Beekeepinf Institute em Erlangen, Alemanha
oriental. Ele relata que as abelhas preferem cera
alveolada feita de cera de abelha, mas que elas acei-
tarão lâmina de plástico; em sua opinião as lâminas
da Arnaba e da Pieco, ambas, são satisfatórias.

6.7. Visão Industrial e Tendências


Provavelmente as lâminas de plástico nunca
substituirão completamente a cera alveolada de cera
de abelha, mas a apicultura comercial pode se voltar
para a combinação numa peça só do quadro e da lâmina
como forma de economizar tempo e reduzir o custo ope-
racional. Eventualmente pode ser possível eliminar a
desoperculação usando favos de plástico e amaciando a
cera de abelha aderida, assim os opérculos e as pare-
des de cera serão jogados contra as paredes laterais
da centrífuga juntamente com o mel.
Nós pensamos ser possível modernizar um pouco
os métodos de fabricação da lâmina de cera de abelha,
e acreditamos que cera alveolada com arame incrustado
é superior aos outros métodos de reforço. Melhoria
nos quadros, possivelmente construí-los de plástico
em duas metades, tornará possível um uso mais prático
do reforço pelo arame incrustado em cada junção.
Esperamos que alguém encontre uma forma de re-
forçar a cera de abelha da cera alveolada pelo uso de
aditivo que possa ser separado quando do aproveita-
mento dos favos. Isto poderá manter a pureza da cera
de abelha e ao mesmo tempo prevenir a deformação ou
derretimento na atividade apícola durante tempo quen-

Cera de Abelha 155


te ou transporte a longa distância.

156 Coggshal & Morse


Capítulo VII

77.. A
A CCeerraa ddee A
Abbeellhhaa nnaass V
Veellaass

A vela é basicamente cera, ou outro material


semelhante, conformado em volta de um pavio que con-
duz o combustível derretido para a chama. Assim como
a cera de abelha é um excelente combustível para ve-
las assim também são os compostos como parafina e
ácido esteárico. As ceras de velas são compostas es-
sencialmente de hidrogênio e carbono e são feitas
para queimar enquanto fornecem luz. No entanto a cera
não queima sem a ajuda de um pavio apropriado.

7.1. A Natureza da Vela e Sua Combustão


Quando a vela é acesa pela primeira vez a chama
se move para baixo pelo pavio até liquefazer uma pe-
quena porção de cera, que sobe por capilaridade pelo
pavio para alimentar a chama e aumentar seu tamanho.
É mantida uma pequena piscina de cera líquida. A cera
derretida se move pelo pavio e deixa uma taça que se
alarga lentamente à medida que a vela continua a
queimar. A taça se forma porque o movimento ascenden-
te do ar, devido à força da corrente produzida pelo
calor da chama, resfria uma camada de cera externa da
vela. A parte central funde por causa da chama que
flui para baixo através do pavio, até onde possível,

Cera de Abelha 157


antes de ser extinta pela cera líquida.
A cera da borda da taça derrete lentamente e a
borda retrocede lentamente à medida que a taça de
cera é consumida. Se existir uma corrente de ar cons-
tante de um lado a taça é reduzida na altura do lado
oposto, e ocorre um vazamento, chamado gotejamento. A
queima apropriada da vela é resultado da interação
entre o diâmetro da vela, a cera, o pavio, os movi-
mentos do ar, da tiragem e outros fatores.
A ação capilar faz a cera líquida subir pelo
pavio e queimar gradualmente. A razão de a chama não
queimar mais rapidamente o pavio é que a cera líquida
apaga a chama antes de ficar suficientemente quente
para vaporizar. Mais acima no pavio a cera vaporiza,
mas ainda não queima no centro, pois ali não existe
oxigênio. A cera tem que vaporizar para queimar. Para
demonstrar isto, apague a vela e o mais rápido possí-
vel segure um fósforo aceso a uma polegada mais ou
menos do pavio; a chama pulará do fósforo para o pa-
vio e o reacenderá antes do vapor condensar.
A chama da vela é de forma oblonga, brilhante
no topo e pouco brilhante na base; o pavio está no
centro da forma oblonga, exceto a sua parte superior,
que se dobra e arde quando o ar ascendente fornece
oxigênio. A chama oblonga é escura na base porque a
combustão ocorre apenas acima da zona escura. Uma
coluna de ar aquecido pela combustão expande a chama
para fora e para cima. Esta corrente ascendente puxa
o ar frio consigo, o qual mantem a camada externa da
cera da vela fria e mantem a taça.
A parte escura da chama é formada por vapor,
não gás, que sublima para sólido quando esfriada. O
gás verdadeiro não condensa desta forma, porisso é
vapor. Na parte escura da chama da vela não existe ar
suficiente para a cera vaporizada queimar. Entre o ar
externo e o vapor interno existe a zona de combustão,
onde os dois se misturam e a queima ocorre. Se intro-
duzirmos ar através de um tudo no centro da parte
inferior da chama esta porção escura queima também e
brilha. É possível que a vela esquente muito a cera e

158 Coggshal & Morse


derreta a taça ou queime tudo muito rápido. Um balan-
ço apropriado de ar e combustível é essencial para a
vela se comportar adequadamente e produzir luz sem
fumacear nem gotejar. Pouco ar resulta na combustão
incompleta e na produção de fuligem, que, no caso, é
uma fumaça preta.
Na parte brilhante da chama da vela existem
partículas de carvão, que produzem luz e se transfor-
mam no dióxido de carbono invisível. As partículas de
carvão na chama aquecem o suficiente para se tornarem
incandescentes ou luminosas, apanhar o oxigênio e
desaparecer.
O hidrogênio da vela queima com uma chama muito
quente e azul que não fornece luz como o carvão, mas
ajuda a aquecer o carvão. Ao queimar, o hidrogênio
apanha o oxigênio e produz água, que evade como va-
por. Se todo o carvão queima antes de atingir a tem-
peratura na qual ele produz luz, ter-se-ia apenas uma
chama azul.

7.2. O Pavio da Vela


Sem um pavio apropriado a vela pode ser um
triste fracasso. Quando as primeiras velas foram fa-
bricadas, dois séculos atrás ou mais, pouco era co-
nhecido a cerca de como o pavio podia afetar a queima
e a obtenção da luz. Foi tentado tudo que podia mover
a cera para a chama, e provavelmente muita vela pro-
duzia muita fuligem. Fios de linho torcidos eram,
provavelmente, uma grande melhoria em comparação com
o junco e outros talos e fibras usados anteriormente.
Fio de algodão torcido provavelmente substituiu o
linho.
Por volta de 1825 a idéia do pavio trançado ou
pregueado melhorou a queima da vela. O pavio preguea-
do tende a pender levemente no topo durante a queima.
Isto resulta que a ponta do pavio se estendendo para
a corrente de ar que se move para cima lambendo a
vela. O comportamento da ponta do pavio, como ele é
afetado pela sua própria combustão e quanto de cera

Cera de Abelha 159


ele transporta é muito relevante. Um pavio que se
mantem ereto normalmente acumula em seu topo carvão
na forma de boné semelhante a folha de trevo. Depois
que a vela é apagada sempre existe uma condição de
formação de fumaça que alguns chamam “afterglow”; se
o boné de carvão for suficientemente grande o after-
glow pode continuar por alguns minutos. Geralmente o
afterglow não é um evento desejado. Contudo o próprio
boné de carvão pode ser benéfico: ele age como um
radiador de calor, aumentando a circunferência da
região de cera derretida. Isto pode ser relevante na
cera em pote de vidro, para assegurar que a parte
interna do pote de vidro seja continuamente limpa da
cera com mais alto ponto de fusão. Por esta razão, o
pavio escolhido para as velas em potes de vidro é
crítico. Ele deve permanecer ereto, produzir uma ga-
rantida sucessão de bonés de carvão. Os bonés de car-
vão queimam ou caem na cera derretida em volta do
pavio. Também, se o boné de carvão atingir tamanho
muito grande, ele pode criar muita fumaça ou também
muito carvão no fundo do pote de vidro. Muito carvão
pode provocar uma menor conflagração durante os últi-
mos minutos de queima.
Por centenas de anos, era preciso cortar este
acúmulo no final do pavio para manter a vela queiman-
do com brilho sem a produção excessiva de fumaça.
Este processo de desbaste era chamado de espevitar,
embora o termo tenha algo a ver com o significado de
acabar com ou apagar a vela. A espevitadeira verda-
deira consiste de uma espécie de tesoura para cortar
o pavio e uma pequena caixa metálica ao lado das lâ-
minas para segurar a porção cortada de forma que ela
não caísse na chama e pudesse provocar mais danos.
Este procedimento é análogo a desbastar o pavio de
uma lamparina de óleo, que acumula algodão chamuscado
da mesma forma que faz a vela com pavio.
A porção dobrada (não a ponta) do pavio trança-
do permanece baixa na chama e libera, efetivamente,
cera vaporizada para a parte mais quente da chama. A
ponta do pavio curvado tende a se estender para a
borda da chama onde, pelo menos, parte dele é queima-

160 Coggshal & Morse


do e será menor a necessidade de espevitar a vela.
Isto foi uma grande melhoria sobre o pavio que se
mantinha ereto, o que obrigava a espevitá-lo freqüen-
temente.
Velas com pavios com as características acima,
e anteriores, apresentavam duas características ru-
ins: elas queimavam com um odor muito desagradável, e
quando as velas eram sopradas ou apagadas, o pavio
continuava a arder e se auto-destruia até o fundo da
taça. Isto tornava o re-acendimento da vela impossí-
vel sem desbastar cera para expor mais pavio.
Quando os pavios são feitos com um padrão de
trançado desbalanceado ou com muita tensão central
podem apresentar ondulação excessiva ou a forma de
rabo de porco. A forma de rabo de porco era comum nas
primeiras velas o que resultou na criação da espevi-
tadeira. Se o pavio for feito para queimar com uma
curva de 90º em seu perfil ele queimará sem o usual
indesejável boné de carvão.
O próximo melhoramento relevante, depois do pa-
vio trançado, envolveu o tratamento do pavio com quí-
micos para resolver não só a formação de fumaça mas
também problemas de odor, mas também para ajudar a
queimar a ponta do pavio até que cinza pudesse cais-
se. Isto tornou possíveis as velas auto espevitadas
que conhecemos hoje.
O tratamento químico do pavio é chamado mordan-
ting (tingimento) ou, mais comum, pickling (molhamen-
to). O pickling se originou provavelmente na França
em 1825. Ambos, fazer o pavio e pickling o pavio é
melhor deixar para as empresas especializadas nesta
arte, contudo por vezes nenhuma empresa parece fazer
o pavio ou o tratar para atender uma exigência espe-
cial para uma fórmula especial de vela de cera. Algu-
mas grandes empresas de velas produzem seus próprios
pavios. Veja uma fórmula para pickling o pavio:
Fosfato de amônio .......7,0 partes
Sulfato de amônio .......7,0 partes
Borato de sódio .........0,5 partes
Água ....................1000,0 partes

Cera de Abelha 161


É necessário um tanque de 100 galões de água
mantido a 200ºF (93ºC). Para pavio não branqueado
adicionar 15 quartos da solução química, para pavio
branqueado adicionar 20 quartos. Adicionar outros 15
ou 20 quartos de químicos para cada 600 libras de
pavio. São necessárias várias horas de tratamento e o
pavio é então torcido para secar. Este tratamento
está muito longe de um sistema preciso, mas é o único
que encontramos.
O molhamento, no entanto, não é o único caminho
para resolver o problema do afterglow. Um trançado
apertado pode também diminuir a capilaridade e se for
usado o peso apropriado de algodão também é possível
conseguir as características de queima desejadas.
Existem hoje, pelo menos, centenas de diferen-
tes tamanhos e tipos de pavios disponíveis para o
fabricante de vela. Isto inclui trançado chato, tran-
çado quadrado, fios trançados, torcido, com núcleo de
metal, com fibra de vidro e vazado. O trançado chato
é normalmente disponível em algodão seja branqueado
ou não branqueado. Os pavios estão disponíveis em
inúmeros tamanhos, com diferentes tamanhos de fibras
e configurações. Por exemplo, um pavio de 30 pregas
normalmente usado para vela de parafina mergulhada
pode consistir de uma trança de três cordas e cada
uma com 10 fios de tamanho No 24. Pavio de trança
quadrada é normalmente usado tanto para a vela feita
apenas de cera de abelha como de mistura onde apenas
parte é cera de abelha. Em tamanhos decrescentes, a
trança quadrada é designada por um fabricante como 3,
2, 1, 1/0, 2/0, 3/0, 4/0, 5/0, 6/0. O maior produtor
de pavio nos Estados Unidos é Atkinson & Pearce Mfg.
Co., Cincinnati, Ohio. Existem também produtores de
pavio na Inglaterra, Espanha, Alemanha e outros paí-
ses.

7.3. Seguidores de Vela


O propósito do seguidor de vela é selar a taça
no topo da vela para prevenir o escorrimento, especi-
almente em igrejas com vento, e facilitar uma boa

162 Coggshal & Morse


queima e tamanho da chama sem gastar muita vela. Como
o nome “seguidor” sugere, ele segue a taça à medida
que a vela encurta gradualmente. Os seguidores são
desenhados para velas cilíndricas, e são usados para
diâmetros de 3/4 de polegada até 3 1/2 polegadas em
velas de cera de abelha para altar, velas pascal (E-
aster) e velas moldadas em parafina esteárica. Exis-
tem dúzias de diferentes tipos de seguidores, e mui-
tos tamanhos e valores para diferentes diâmetro e
tipos de velas. Os seguidores são normalmente feitos
de latão ou vidro. O latão pode ser fundido ou torne-
ado; alguns são de folha fina spun-formed ou torneado
com o anel de fundo dobrado para dentro lastreado com
chumbo ou zinco. Os seguidores de vidro podem ser
fundidos em moldes para que sejam grossos e pesados;
tubos de vidro Pyrex com diferentes espessuras de
parede são aquecidos e conformados em seguidores em
torno e tooling. O peso certo do seguidor é relevante
para uma composição da cera de uma vela em particu-
lar; se o seguidor é muito leve ele pode permanecer
acima da vela e permitir o escorrimento de cera sob
ele; se for muito pesado, ele pode forçar a cera mole
transbordar pelo topo ou ele pode sobreaquecer o topo
da cera provocando o seu dobramento.
Praticamente todo fabricante de vela de igreja
projetou ou fabricou ou mandou fazer um certo estilo
de seguidor de maior sucesso para o seu tipo particu-
lar de vela.
O mais usual e melhor concebido seguidor é o
chamado carbureto de vela, um dispositivo patenteado
(veja a lista de patentes no apêndice) por Ralph H.
Churchill que fez e vendeu velas para iluminação na
área de Chicago por muitos anos. Churchill concebeu e
fez numerosos tipos de seguidores de vela de vidro
Pyrex ou latão para sustentar o carbureto que consis-
te de uma pequena serpentina semelhante a uma mola de
arame de inconel através da qual o pavio se estende.
A chama da vela aquece o arame fazendo ele ficar in-
candescente e ajudando a manter a alta temperatura e
uma boa mistura com o ar (daí o nome de carbureto)
com o vapor de cera. Esta combinação ajuda a queimar

Cera de Abelha 163


o carbono de forma que não sobra carbono para forma-
ção de fumaça. O princípio do carbureto é útil espe-
cialmente para melhorar a combustão da mistura de
cera de abelha com microcera, e para velas de igreja
que queimam durante muito tempo. O equipamento do
Churchill foi vendido e não duvidamos que ainda hoje
existam carburetos disponíveis.

Uma máquina para fazer pavio, que neste caso faz dois pavios simul-
taneamente cada um com três cordas. O pavio pode ser feito utilizando mais
cordas. Foto de New England Butt Co.

Alan Root da A. I. Root Company inventou uma

164 Coggshal & Morse


série de seguidores à prova de correntes de ar para
sua linha de velas de altar que will resist flame
bending drafts em suas velas. Estes produtos patente-
ados salvaram muitas igrejas de terem pingos nas toa-
lhas de altar.

7.4. A História da Vela de Cera de Abelha na Re-


ligião
A história dos primeiros usos de velas de cera
de abelha na religião cristã é obscura. Foi somente
depois do século quarto depois da morte de Cristo que
os Cristãos puderam praticar sua religião abertamen-
te. Antes disto, muitas de suas atividades estavam
restritas às catacumbas nos arredores de Roma. Não
restou nenhum registro escrito desta época inicial.
Os Cristãos dos três primeiros séculos não usaram
velas de cera de abelha porque eles dispunham de pou-
cos meios de levantar recursos para objetos tão ca-
ros. Quando a religião Cristã foi reconhecida pelo
imperador de Roma no século quarto, a situação mudou.
O Católico Romano Reverendo Ryan (1937) sumariza a
origem das velas como parte do sérviço Cristão:
A iluminação na liturgia tem diversas origens.
Ela foi encampada do paganismo pelos primeiros con-
vertidos ao Cristianismo, assim como outros costumes
(incenso, flores, peregrinações, etc.) que eram asso-
ciadas com a adoração pagã foi reivindicada pela
Cristandade sob o princípio que tais objetos ou prá-
ticas não eram especificamente pagãs, mas apenas na-
turais e que podiam ser, desta forma, perfeitamente
resgatadas da maldosa associação com religiões falsas
e consagradas ao serviço da Verdadeira Religião; era
a continuação de um uso cívico; foi herdado do juda-
ísmo, do qual o Cristianismo é herdeiro; ela se de-
senvolveu do emprego da luz artificial onde era ne-
cessária por razões práticas, como em serviços notur-
nos ou em locais escuros como as Catacumbas; final-
mente, quando o período de perseguição terminou e o
paganismo sumia mais e mais no passado, o aspecto
simbólico ou “místico” tomou a dianteira incrivelmen-

Cera de Abelha 165


te e por razões puramente simbólicas a luz em conexão
com a adoração Cristã foi mantida onde não mais exis-
tia uma necessidade prática, e onde havia sido intro-
duzida.

Um seguidor de vela mais parece um capuz sobre o topo da vela

The Catholic Encyclopedia (1908) e a New Catho-


lic Enciclopedia (1967) ambas discutem o uso de velas
na Igreja Católica. A mais antiga destas duas refe-
rências tem maiores detalhes e está escrita de modo
mais romântico. Ela afirma claramente que as velas
eram usadas na adoração pagã, mas como o incenso,
sino, decoração com flores, vestimentas, etc., “a

166 Coggshal & Morse


igreja desde os primórdios as tem usado em seus ser-
viços”. Além disso, o fato de a operária ser virgem,
a cera que ela produz tipifica “de forma muito apro-
priada o corpo de Jesus Cristo que nasceu de mãe vir-
gem”, e “o pavio simboliza mais particularmente a
alma de Jesus Cristo e a chama a divindade que absor-
ve e domina a ambos”.
A última das duas enciclopédias é mais prolixa.
Ela chama a atenção que a partir do século sétimo em
diante as velas de cera de abelha eram usadas nas
missas, mas elas não apareciam no altar até o século
onze. No século onze houve uma legislação “tornando
obrigatório o uso de velas nas missas”. Ela continua,
“As velas deviam ser de pura cera de abelha ... pelo
menos 65%” no caso da “vela pascal” e pelo menos “25%
para todas as outras velas queimadas no altar”. Ge-
ralmente as velas para altar são feitas de cera bran-
queada. Como existe escassez de cera de abelha em
algumas áreas “a Conferência Episcopal de cada país
(pode) determinar qual é a ‘proporção adequada’ em
cera de abelha para as velas de altar”.
O assunto de velas de cera de abelha na Igreja
Católica, do ponto de vista leigo e do fabricante de
vela, é também muito bem tratado num artigo de Root
(1937).

7.5. Métodos de Fabricação de Vela

7.5.1. Mergulho
A vela mergulhada, cônica, velas de jantar, co-
mo são mais freqüentemente chamadas, raramente são
feitas, se o foram alguma vez, de cera de abelha.
Provavelmente um milhão ou mais de libras de velas de
cera de abelha para igreja é mergulhada a cada ano.
Existem as velas de altar, que uma vez eram feitas em
100%, 67% e 51% de cera de abelha, e agora são feitas
com 51% de cera de abelha graças às mudanças nas leis
canônicas. Elas são feitas em dois tamanhos grande e
pequeno, mas com um número padrão por libra. Por e-

Cera de Abelha 167


xemplo, existem os tamanhos grande e pequeno de 2’s,
3’s, 4’s, 6’s, 8’s com o maior em comprimento tendo o
menor diâmetro de modo a ser o mais longo e pesando o
mesmo valor. O tamanho muito comum é o Curto 4, que
tem 7/8 de polegada (22mm) de diâmetro e cerca de 12
polegadas (30,5cm) de comprimento, e quatro delas
pesam uma libra. A Grande 4 tem diâmetro de 3/4 de
polegada (19mm) e cerca de 15 polegadas (38cm) de
comprimento, e quatro delas pesam uma libra (0,45kg).
Durante centenas de anos, as igrejas desenvolveram
preferências por certos tamanhos e comprimentos de
velas, e estas talvez eram feitas para aquela igreja
por seus próprios fabricantes ou por fabricantes iti-
nerantes de velas. Quando as igrejas passaram, gradu-
almente, a comprar de fábricas de velas instaladas,
elas ainda desejavam os tamanhos usuais e assim uma
infinidade de tamanhos, alguns pouco comuns, persis-
tiram.
A produção de velas para a igreja com cera de
abelha envolve uma “roda”, uma estrutura cilíndrica
com oito “passagens” em volta de sua circunferência.
Cada passagem suporta dois ganchos” e tem uma corda
arranjada sobre uma polia para o operador baixar e
levantar a passagem a fim de mergulhar o pavio no
tanque de mergulho. Depois de cada mergulho a “roda”
é girada para que a próxima passagem fique sobre o
tanque e o procedimento seja repetido. Com o tempo a
roda terá feito uma revolução, a cera que está sobre
o primeiro pavio mergulhado esfriou e o operador con-
tinua o processo. Como algumas velas para igreja são
um pouco longas e as curtas são mergulhadas em dife-
rentes comprimentos se torna necessária uma peça com
forro elevado se o tanque de mergulho for colocado em
altura confortável para o operador.
Se cada passagem segurar dois ganchos, a roda é
descrita como uma roda para dezesseis estrados. Os
estrados, aproximadamente 10 por 24 polegadas (34 por
61cm), são na verdade estrados de ripas de madeira ou
metal providos de haste de metal com diâmetro de cer-
ca de 1/8 de polegada (3mm) e seis polegadas (15cm)
de comprimento que termina num gancho especial para

168 Coggshal & Morse


prender o nó do pavio. As hastes são bem espaçadas
para acelerar o resfriamento e possibilitar velas com
diâmetros acima de pelo menos 1 1/2 polegadas (38mm).
Pavios que correspondam ao diâmetro, comprimen-
to e percentagem de cera de abelha são pendurados nos
ganchos e lá mantidos por um nó forte que não escor-
regue pela rija curva do gancho. Depois que múltiplos
mergulhos tiverem construído uma vela comprida de
forma cilíndrica, as velas são viradas de ponta e
presas novamente, de tal forma que repetidos mergu-
lhos resultem numa vela cilíndrica.
Como desta forma não se obtém diâmetros exatos,
as velas têm seu diâmetro acertado e a superfície
acabada puxando-as através de múltiplas aberturas
cilíndricas aquecidas com vapor. Várias velas são
então colocadas lado a lado sobre uma mesa de mármore
onde são cortadas no comprimento, as pontas são cor-
tadas para deixar à mostra o pavio para possibilitar
o acendimento, e a ponta superior da vela deixada
cilíndrica na mesma operação. Tudo isto é feito si-
multaneamente em cinco ou seis velas enquanto elas
são roladas para lá e para cá pelo operador. Isto
requer habilidade, especialmente quando se observa
que o operador está fazendo isto com uma cunha de
borda afiada de madeira dura. A madeira é mantida
saturada com água, e quando a borda estiver regular,
a madeira não corta o pavio. Uma faca de metal aque-
cida é usualmente usada para cortar as velas em seu
comprimento exato.
As velas para igreja são empacotadas em seis
libras (2,7kg) por pacote (são 24 velas do tipo 4
Pequena por caixa), e nove pacotes por caixa, e 54
libras (24,5kg) de peso líquido por caixa; três cai-
xas perfazem 162 libras (73,5kg) e 216 velas do tipo
4 Pequena. Isto não significa que 162 libras (73,5kg)
de velas completas e empacotadas são preparadas por
apenas uma pessoa. Um segundo indivíduo, também habi-
lidoso, é necessário para deixar a base da vela plana
na forma auto suportante (chamada SFE self-fiting
end) de cada vela, derreter a marca “51% cera de abe-
lha” em cada vela, e empacotá-las em pacotes e cai-

Cera de Abelha 169


xas.
Poucos fabricantes de velas pequenos e grandes
continuam a usar este sistema para fabricar velas de
cera de abelha. Este método de uso intenso de mão de
obra foi modernizado um pouco pelo equipamento que
imprime a marca e corta a base da vela plana na forma
auto suportante em duas velas ao mesmo tempo. Poucas
empresas de velas modernizaram consideravelmente seus
métodos.

7.5.2. Molhamento
Velas por molhamento é também um método muito
antigo. É normalmente parte de um processo para pro-
dução de velas pascais de grande diâmetro e compri-
das. Seja usando longas velas obtidas por mergulho
para iniciar ou molhando diretamente o pavio o pro-
cesso é essencialmente o mesmo. Um legítimo carrossel
circular é muitas vezes usado, com ganchos presos em
intervalos ao redor da borda arqueada do carrossel
metálico para prender os pavios ou as velas. Canecas
de cera do tacho de suprimento são alcançadas ao ope-
rador, que se encontra em pé sobre uma plataforma
conveniente à elevação da roda, que derrama a cera
derretida sobre o pavio, que é girado ou torcido pelo
operador ao mesmo tempo para manter a cera tão bem
distribuída quanto possível. Se a vela tender a per-
der uniformidade é puxada através de uma abertura
quente com a dimensão necessária para corrigir o pro-
blema. É também usada uma abertura para acabamento
final. Velas com mais de três polegadas de diâmetro
podem ser feitas desta forma, de uma só vez, no núme-
ro que possa ser acomodado nos ganchos da roda.

7.5.3. Moldagem ou fundição


Este método não se presta ele mesmo, particu-
larmente, bem para fazer velas de cera de abelha. A
cera de abelha retrai cerca de dez por cento quando
esfria de líquido para sólido e isto provoca muitas
vezes o aparecimento de fissuras ou outros problemas

170 Coggshal & Morse


relacionados, com a aderência ao material do molde
convencional. Temos conhecimento de apenas um fabri-
cante de velas com 100 por cento de cera de abelha
pelo método do uso de moldes. Em anos relativamente
recentes foi desenvolvido um plástico rígido ao qual
a cera de abelha não adere, e este tornou possível
equipamentos duráveis de moldes múltiplos semelhantes
aos feitos na Alemanha por Kurschner para a produção
de velas de parafina e ácido esteárico.

7.5.4. Enrolamento
A empresa Root de Medina, Ohio se orgulha de
fazer velas de cera de abelha enrolando lâminas de
cera em volta do pavio. Esta operação é altamente
manual embora algum equipamento mecânico de enrola-
mento seria útil. Ainda que o sistema de enrolamento
seja muito mais rápido do que os dois sistemas de
mergulhamento dos antigos fabricantes de vela para a
igreja, ele ainda é relativamente lento. É impossí-
vel, mesmo com muita prática, enrolar uma vela per-
feitamente redonda toda a vez, assim existe uma por-
centagem regular de rejeitos a serem refundidos. As
que são enroladas corretamente devem ainda ser passa-
das através de uma abertura quente para eliminar as
beiradas das lâminas, e algumas falhas que algumas
vezes aparecem mais tarde. A empresa Root não fez
velas por enrolamento por muitos anos.

7.5.5. Extrusão
A empresa Dadant and Sons de Hamilton, Illinois
começou a produzir velas de cera de abelha extrudadas
nos idos de 1930. Knorr da Califórnia fez velas colo-
ridas de cera de abelha através de buraco por muitos
anos, acrescentando o pavio depois através de uma
abertura deixada na cera. A empresa Root patenteou a
extrusão de meia vela com encaixe no qual o pavio
podia ser colocado e as meias velas prensadas uma à
outra por um meio adequado, mas este método aparente-
mente nunca foi largamente utilizado por ninguém. A
Dadant utilizou um método combinado de extrusão e

Cera de Abelha 171


mergulhamento, produzindo velas de pequeno diâmetro
por extrusão com o pavio no lugar, e depois as mergu-
lhando para aumentar o diâmetro e adicionar alguma
cera derretida antes de puxá-la através de um encaixe
para regularizar o tamanho. Eu (W. L. C.) iniciei em
1957 a extrusão de vela de cera de abelha com diâme-
tro exato e finamente acabadas. Eram velas para igre-
ja, e também fiz velas com ranhuras.

Um entalhe usado para produzir cera extrudada através de orifício é


mostrado aqui.

Não sabemos quantas empresas estão produzindo


velas por extrusão no presente, mas desde que o re-
cente Roland Stone da Califórnia iniciou a fazer e
vender velas extrudadas o número aumentou muito. Deve
ser registrado que a cera de abelha conduz por si só
ao sistema de extrusão para a produção de vela. É
possível extrusar praticamente parafina com qualquer
ponto de fusão, embora as que têm ponto de fusão mais
alto são um pouco mais difíceis.

172 Coggshal & Morse


É interessante que a antiga laminadora Weed,
usada nos primeiros estágios da produção de cera al-
veolada, convertida para a extrusão de vela faz um
bom serviço depois de alguns ajustes. O vaso da lami-
nadora exerce tanta pressão sobre a cera por ele for-
necida que a cera é forçada a fluir. Nós medimos a
pressão que força a cera de abelha através do compli-
cado orifício de encaixe da vela e encontramos o va-
lor de 1600 libras por polegada quadrada
(112kgf/cm2). Uma laminadora com uma fenda em cruzeta
pode extrusar velas de diferentes ou de mesma forma
de ambas as pontas da cruzeta. Estas velas são medi-
das e cortadas por equipamentos automáticos e as pon-
tas da vela completadas por outros equipamentos.
Para comparação, pode-se retornar ao exemplo
indicado para a vela 4 Pequena de cera de abelha por
mergulho feita por um operador experiente na taxa de
162 libras (73,5kg) em oito horas. O método de produ-
ção por extrusão fabrica velas em taxa superior a 162
libras (73,5kg) por hora. Fabricar velas por extrusão
é provavelmente o avanço mais significativo na arte
desde que a primeira vela foi mergulhada.

7.5.6. Drawing
O sistema utilizado para fabricar velas por de-
posição de cera varia de uma firma para outra, mas
tem algumas características comuns. O pavio pode ter
centenas de pés de comprimento. Enquanto ele se move
ele é mergulhado momentaneamente num recipiente raso
com cera de tempos em tempos para formar uma cobertu-
ra de cera. Depois do mergulho na cera, ele é passado
através de orifícios num prato metálico, passando por
orifícios cada vez maiores à medida que o diâmetro da
vela aumenta. Isto ajuda a manter perfeitamente re-
donda a seção transversal.
Um sistema que vimos utiliza tambores de madei-
ra ou cilindros de cinco pés (152cm) de diâmetro por
quatro pés (122cm) de comprimento, localizados em
paredes opostas numa peça com quarenta pés (12m) de
comprimento. O recipiente raso para mergulho estava

Cera de Abelha 173


localizado a meio caminho entre os cilindros. Os ci-
lindros estavam montados em eixos horizontais e tra-
cionados em ambas as direções. Isto tornava possível
recobrir o pavio com mais cera quando ele era enrola-
do no primeiro cilindro e depois no segundo. A placa
drawing metálica com orifícios de vários tamanhos era
movida de um lado do recipiente de mergulho para o
outro, dependendo em que direção o pavio era movido.
Velas com diâmetro de até 5/8 de polegada (16mm) era
o máximo que este equipamento podia produzir.
O método acima descrito é um sistema de drawing
muito antigo. Outro que vimos, mais atual, usa rodas
de bicicleta e um percurso contínuo muito longo do
pavio de forma que o caminho de volta não é necessá-
rio como com os cilindros. Este equipamento não manu-
seia cera de abelha, mas faz uma vela contínua de
aniversário com qualquer cor ou forma final desejada.
Um outro sistema antigo é o vendido por Kursch-
ner na Alemanha; ele é capaz de produzir vela contí-
nua de, provavelmente, até 1 1/4 de polegada (3cm) de
diâmetro. Esta empresa faz também equipamento automá-
tico para acabamento de velas drawn.

7.5.7. Prensagem
Este sistema pode ser prático para fazer velas
de cera de abelha. A cera é atomizada numa câmara
fria e reduzida a um pó grosseiro. Este preparado é
em seguida alimentado em moldes e prensado na forma
de vela. A cera nesta forma particular tem de ser
sacudida agitada no ar para prevenir embolotamento ou
aglomeração. Por este método podem ser feitas velas
de diferentes formas e existem disponíveis equipamen-
tos automáticos.

7.5.8. Acabamento das pontas


As velas de cera de abelha para a igreja têm
suas pontas cortadas manualmente; uma faca de madeira
é usada para cortar a cera e arredondar a ponta sem
danificar o pavio. Este método manual é surpreenden-

174 Coggshal & Morse


temente rápido pois várias velas são roladas sobre
uma laje de mármore pelo operador e cortadas simulta-
neamente. Uma armação de vai e vem pode ser muito
mais rápida para o acabamento da ponta. Um outro meio
efetivo de acabamento da ponta e expor o pavio é bai-
xar as pontas das velas numa fenda de derretimento
feita de alumínio aquecida. A ponta auto suportante é
derretida na parte de maior diâmetro (1”, 1 1/8”, 1
1/4”) da vela de cera de abelha.

O acabamento da ponta é uma etapa que requer atenção na produção

Cera de Abelha 175


de vela. Aqui são apresentadas duas fendas. Estas podem ser aquecidas por
vapor ou eletricamente, ainda que o último método seja mais comum.

As velas para a igreja são normalmente ofereci-


das com a base plana (plain ends - PE) ou com base
auto suportante (self fitting end – SFE). A vela 4
Pequena tem um diâmetro de 7/8” (22mm), mas o SFE
desta vela é maior do que 7/8”, assim que a ponta da
base da vela deve ser modificada (diâmetro aumenta-
do). Isto é conseguido aquecendo cerca de 2 1/2”
(63mm) da base da vela eletricamente ou em banho de
água, e depois comprimindo a vela no comprimento num
molde de aperto a fim de moldar de acordo. A máquina
altera a base de duas velas por vez e imprime por
pressão a percentagem de cera de abelha num dos lados
da vela.

7.5.9. Coloração
A vela de cera de abelha pode ser colorida mer-
gulhando-a em cera colorida ou colorindo toda a cera
da qual a vela é feita. Existem tinturas de diversas
cores, mas, normalmente, o fabricante de vela usa as
cores primárias para produzir outras cores e tonali-
dades. O exemplo mais comum é misturar o amarelo e o
azul para obter o verde. Por ser a cera de abelha um
material caro e para que as velas de cera de abelha
sejam rentáveis devem ter alto preço elas são feitas,
normalmente, em cores sólidas, mais custosas, em vez
de apenas com uma camada de acabamento de cera obtida
por mergulhamento.
Embora as velas de cera de abelha na cor amare-
lo natural ou em outras cores não sejam produzidas
por grande parte das companhias de velas, elas podem
ser um item rentável especialmente em lojas que fazem
velas no local e as vendem diretamente ao consumidor
que busca um presente especial.
Tinturas solúveis em óleos são normalmente usa-
das na coloração de velas de cera de abelha. Para
cera de abelha devem ser usadas tinturas resistentes
a ácidos. Normalmente um solvente como o thinner de

176 Coggshal & Morse


verniz ou tolueno é usado para prolongar o uso da
tintura e reduzir o plugging do pavio. Nem todas as
tinturas afinam rapidamente, assim cabe ao fabricante
de cera testar e encontrar a melhor opção entre os
vários fabricantes de tintura. Algumas tinturas in-
terferem na queima, tendendo a clog o pavio e provo-
car fumaça, assim que, o fabricante de vela deve ter
cuidado ao selecionar o que vai usar.
Os pigmentos são sempre mais estáveis do que as
tinturas solúveis em óleos, e não esmaecem durante a
vida de prateleira no armazém ou durante o uso. Eles
podem trazer alguns problemas de combustão e assim
sugere-se usá-los principalmente no banho para colo-
ração externa. Os pigmentos são muitas vezes mais
baratos do que os outros tipos de cores, mas podem
conter uma percentagem de partículas tão grandes que
elas aparecem como pintas no banho de cor e estragar
a aparência da vela. Este problema é resolvido facil-
mente misturando uma batelada de cera com concentra-
ção alta de pigmento e agitando-a em alta temperatura
(talvez a 200ºF (93ºC)) por uma hora ou mais. Derra-
mando em moldes grandes para esfriar dá tempo para
que as partículas pesadas do pigmento sedimentem no
fundo do grande molde. Cortando fora a terça parte
inferior do bloco de cera com pigmento resultante e
usando apenas a parte superior para colorir o banho
de cera, por vezes se consegue cores sem problemas.
Estas cores se mantem mesmo quando expostas à luz
forte, que esmaece a maioria das velas coloridas.
Este processo de decantação pode ser repetido usando
a terceira parte do bloco novamente e novamente como
parte da batelada.
Não temos certeza se todo fabricante de vela
esteja usando o método de coloração que estamos para
mencionar, mas, seguramente, é um avanço na arte. A
cera de abelha extrudada possue uma carga de eletri-
cidade estática, e a cera de abelha pode armazenar
uma certa quantidade de corrente. É possível colorir
vela numa câmara eletrostática e esta técnica pode
ser explorada mais completamente. Embora, talvez, não
muito prática para corridas de pequenos volumes de

Cera de Abelha 177


velas de cera de abelha, ele tem um grande potencial
numa produção em larga escala de velas de parafina.
O ácido esteárico é um diluente comum para ma-
teriais de tintura concentrados de alguns fabricantes
de tinturas, e é também usado pelos fabricantes de
velas de mesa por mergulho na mistura parafina ácido
esteárico. Estes fabricantes de tintura que o usam
para diluir tintura muito concentrada, como azul,
muito seguidamente misturam dois materiais indevida-
mente e falham na obtenção de uma cor uniforme. Esta
diluição torna, também, a tintura mais cara para o
fabricante de vela.
O fabricante de vela usa o ácido esteárico e,
algumas vezes, AC polietileno 400 em mistura na qual
a tintura é acrescentada e agitada para atingir a
uniformidade. A tintura tende a se dissolver e dis-
persar melhor em tal mistura e consegue se dispersar
melhor na cera da vela quando usada mais tarde. Pare-
ce que todas as antigas empresas fabricantes de vela
usam o ácido esteárico triplamente prensado para a
preparação da tintura concentrada, ou o triplamente
prensado em combinação com algum outro material. Esta
mistura altamente concentrada, depois de um adequado
tempo de aquecimento e agitação, é esfriada e guarda-
da na forma de blocos para uso posterior no tingimen-
to de velas de cor sólida ou para o banho final de
tingimento de velas brancas. Nossa própria experiên-
cia nos leva a acreditar que o uso do ácido esteárico
tende a permitir o esmaecimento de algumas tinturas.
Acreditamos que a adição da tintura, diretamente na
cera da vela, é mais efetiva se uma agitação adequada
for promovida para distribuir perfeitamente a tintu-
ra.
Devemos explicar que por ser o ácido esteárico
tão freqüentemente usado com parafina na fabricação
de nossas velas de jantar, velas de igreja moldadas e
velas de igreja com 51 por cento de cera de abelha
ele é citado com as ceras. O ácido esteárico é na
verdade o ácido n-Octodecanóico, com um ponto de fu-
são ao redor de 156ºF (63ºC). Usado largamente em
vários produtos, tais como cremes de barbear e cosmé-

178 Coggshal & Morse


ticos, e em vários processos, como a produção da bor-
racha, o ácido esteárico está longe de ser um corro-
sivo como se pode inferir por causa da palavra ácido.
Uma das possíveis formas de produção do ácido esteá-
rico é a partir dos ácidos graxos obtidos pela sapo-
nificação de graxas do sebo e de outras gorduras ani-
mais. A saponificação remove a glicerina, a fonte da
fumaça e do odor desagradável das ceras de sebo e é
seguido por um tratamento ácido e destilação para
purificar os ácidos graxos. Os sólidos resfriados são
mantidos em tecido, depois prensados em prensas hi-
dráulicas para recuperar o ácido esteárico. O produto
de uma prensagem é chamado “esteárico de simples
prensagem”, quando prensado novamente se torna “este-
árico de dupla prensagem”; prensado novamente é o
“esteárico triplamente prensado”, o mais caro dos
três. O prensado simples retem mais ácido oléico e o
triplamente prensado praticamente não retem nenhum. O
ácido esteárico industrial é normalmente metade ácido
esteárico e metade palmítico, que é o ácido n-
Hexadecanóico com um ponto de fusão de cerca de 145ºF
(63ºC), também com uma pequena percentagem de ácido
oléico. A mistura contendo ácido esteárico funde a
temperatura tão baixa quanto 133ºF (56ºC). A mistura
é excelente para velas, muitos fabricantes usam o
duplamente prensado para velas e o triplamente pren-
sado para preparar a tintura colorida. A cera de abe-
lha, a parafina e o ácido esteárico são compatíveis e
podem ser colocados juntos no taxo de mistura. Eles
misturam facilmente com agitação moderada.

7.6. Mistura de Outras Ceras com Cera de Abelha


para a Produção de velas
Nossos antepassados no Novo Mundo estavam limi-
tados nos materiais dos quais fazer velas. Como a
abelha não era nativa da América, a pequena quantida-
de de cera de abelha produzida era guardada para usos
mais nobres. Não está claro quando os primeiros colo-
nizadores descobriram que a cera do bago do loureiro,
comum ao longo da costa da Nova Inglaterra, pode ser

Cera de Abelha 179


usada para vela; provavelmente lhes chamou a atenção
já nos primeiros dias.
As velas eram mais comumente feitas de sebo,
mas elas eram uma faca de dois gumes, ao iluminarem
produziam fumaça e cheiravam verdadeiramente mal. Por
volta da década de 1820, no entanto, o ácido esteári-
co foi recuperado do sebo, e pelo processo a gliceri-
na que produzia fumaça e odor foi removida. Isto foi
uma descoberta significativa, pois tornou possível
grande melhoria nas velas.
A produção de parafina a partir do petróleo a-
pareceu, nos Estados Unidos, em 1868 (Warth, 1956),
contudo ela já era recuperada do alcatrão da madeira
em 1830 e da destilação da lignina em 1850. Com a
introdução da combinação do ácido esteárico e parafi-
na combustíveis ilimitados ficaram disponíveis para
velas baratas.
As velas de igreja feitas com cera de abelha
levam impresso o teor de cera de abelha. Velas con-
tendo 51% de cera de abelha são as mais comuns no
comércio atual. Os 49% que não são cera de abelha são
normalmente uma mistura de parafina ordinária e ácido
esteárico, especialmente em velas feitas a mão. A
combinação de cera de abelha microcristalina é extru-
dada muito facilmente na forma de vela, mas requer
atenção cuidadosa para o tipo de pavio e seguidor.
Velas para funeral podem ser de percentagem usual de
cera de abelha, mas são normalmente de cera de abelha
de cor escura; tintura laranja é adicionada à mistura
para manter uma cor escura uniforme.
Lamparina do Santuário são velas para sete di-
as, envoltas em vidro ou plástico, mantidas acesas
continuamente no Santuário e contem 51% ou menos de
cera de abelha. A parafina fecha o balanço normalmen-
te, mas o ácido esteárico pode fazer parte da mistu-
ra. Uma habilidade considerável é envolvida na prepa-
ração da mistura e na seleção do pavio apropriado. É
de extrema relevância para o ritual litúrgico que a
Lamparina do Santuário se mantenha acesa durante o
período de tempo definido.

180 Coggshal & Morse


Velas especiais para o comércio de presente,
feitas parcial ou totalmente de cera de abelha, são
mais caras por causa do seu teor de cera de abelha.
Conseqüentemente, elas variam na percentagem de cera
de abelha, parafina, ácido esteárico ou micro cera e
não são produzidas em quantidade quando comparadas
com as velas mais baratas.
Enquanto as velas usadas no altar nas igrejas
Católicas e Episcopais contem normalmente, pelo me-
nos, 51% de cera de abelha, outras sem cera de abelha
são largamente usadas em igrejas de muitas outras
denominações e são, normalmente, moldadas por máquina
a partir de uma mistura de parafina e ácido esteári-
co. Existem exceções a estas generalizações, e as
velas de cera de abelha são encontradas em muitas
igrejas.
Desde as velas para pagamento de promessa, com
tempo de queima de duas, quatro, seis, oito ou dez
horas cada, que são colocadas em pequenos copos de
vidro, normalmente vermelhos, pelo próprio devoto,
até as velas de sete dias de cera, protegida por vi-
dro e velas de beatos são normalmente de 100% de pa-
rafina de baixo ponto de fusão. Isto é também verdade
para a maioria dos tipos de velas de aquecedores de
comida, perfumadas e outras velas de restaurantes
protegidas por vidro.
As parafinas são, essencialmente, hidrocarbone-
tos e são obtidas do petróleo cru ou do petróleo par-
cialmente refinado por diversos processos, alguns
deles descritos por Warth (1956). Warth classifica as
parafinas em três grupos: 1. Parafina macia, interme-
diária ou dura. Estas parafinas têm pondo de fusão
variando entre 118 e 155ºF (48 e 68ºC). 2. Petrola-
tum: estas essencialmente não são ceras. 3. Micro-
cristalina, algumas vezes chamadas de ceras amorfas,
mas usualmente conhecidas no comércio como microce-
ras; seu ponto de fusão varia entre 145 a 200ºF (63 a
93ºC) e podem ser descritas como média macia, média
dura e dura.
Parafinas de baixo ponto de fusão são macias e

Cera de Abelha 181


contem, normalmente, considerável quantidade de óleo.
As velas em copos de vidro feitas de tais ceras podem
produzir fumaça por causa do teor extra de óleo; cera
com ponto de fusão tão baixo será queimada no vidro
pois ela praticamente flui na alta temperatura do
verão. Parafinas com baixo teor de óleo produzem me-
lhores velas. As velas feitas por mergulho contem
parafina que funde a 135ºF (57ºC) ou um pouco acima,
com ácido esteárico adicionado para endurecer a vela.
No entanto, mesmo tais velas podem entortar um pouco
na alta temperatura do verão. As características das
parafinas variam de um produto para outro influencia-
da pela natureza do óleo cru, do processo de refino e
das exigências de mercado. O fabricante de cera sele-
ciona entre os supridores disponíveis a parafina que
ele considera mais satisfatória para o seu propósito.
A microcristalina ou microcera tem peso molecu-
lar maior do que as parafinas, e varia entre macia e
pegajosa com mais óleo, a relativamente dura com pou-
co óleo e não pegajosa. Algumas são quase brancas,
outras possuem diferentes manchas, desde amarelo cla-
ro até quase preto. As microceras são materiais muito
interessantes, mas não tem sido usados intensamente
na fabricação de cera exceto pelo produtores que pro-
duzem pelo método de extrusão. O teor em óleo pode
ser tão baixo quanto possível, de preferência bem
abaixo de um porcento; isto retira de consideração
muitas destas ceras, que podem ter mais de 13 porcen-
to de óleo. Pontos de fusão de 170 a 175ºF (77 a
79ºC) parece serem satisfatórios, mas as parafinas
com ponto de fusão 190 a 195ºF (88 a 91ºC) são muito
altos para uma boa queima, mas elas podem ser mistu-
radas a outras ceras em pequenas percentagens para
algumas características especiais. É difícil encon-
trar cera branca ou âmbar muito claro, pois estas
cores requerem um branqueamento mais caro ou procedi-
mento de descolorização.
Ceras inovadoras em forma de animais, passari-
nhos, figuras, etc, são feiras normalmente enchendo
uma casca firme, moldada com parafina espumada. Menos
cera é necessária para este processo e assim é de

182 Coggshal & Morse


menor custo. Espumar a cera para este ou outro uso,
try most any paraffin by whipping nela uma pequena
quantidade of most any microwax. Procure a melhor
combinação por tentativa e erro. Um emulsificante
como “Span” ou “Tween” pode ser usado para dispersar
outros materiais nas ceras.
Ceras sintéticas podem ter um uso geralmente
menor na fabricação de vela. Elas são tão variadas em
sua origem e propriedade que somente algumas funções
especializadas podem torná-las valiosas na fabricação
de velas. Isto é verdadeiro para o chamado Santowax
P, que foi usado por muitos anos para clarear a cor
da cera de abelha para a fabricação de vela. Alguns
dos ácidos graxos e álcoois disponíveis comercialmen-
te podem ser úteis na fabricação de vela; eles não
podem ser classificados como sintéticos, contudo,
eles têm algumas características de cera.

7.7. Visão Industrial e Tendências


A cera de abelha é um bom combustível, mas é
caro. Acreditamos que o uso de cera de abelha nas
velas para a igreja deve cair por razões de custo e
exigências da igreja quanto ao teor de cera de abelha
nas velas de altar como também pela competição com a
luz elétrica.
Acreditamos que os antigos elaborados métodos
de fabricação de vela para igreja serão substituídos
pelos métodos de extrusão por causa do aumento do
custo da mão de obra, e redução do número de arte-
sões. Fabricar vela manualmente é uma arte e poucos
são eficientes nela. A procura por vela com 100% de
cera de abelha para uso doméstico é sem dúvida limi-
tada, e o volume do comércio de presentes é a melhor
opção.

Cera de Abelha 183


Capítulo VIII

88.. A
A CCeerraa ddee A Abbeellhhaa
nnaa AArrttee ee nnaa IInnddúússttrriiaa

Neste capítulo nos consideraremos o papel his-


tórico da cera de abelha na arte e na indústria e em
algumas das áreas onde suas características peculia-
res apresentam um papel especial. Como uma pequena
quantidade de uma substância pode mudar as caracte-
rísticas físicas e químicas da fórmula a cera de abe-
lha é muitas vezes importante mesmo quando for usada
em pequenas quantidades, como nos cosméticos e farma-
cêuticos, onde um ou dois porcento de cera de abelha
adicionada à fórmula podem fazer uma diferença espe-
tacular.

8.1. O Processo da Cera Perdida


O processo da cera perdida é um termo que soa
misterioso. Muitos acreditam que ele seja um processo
secreto (perdido) no qual a cera de abelha era usada
para fazer peças de bronze ou outras peças fundidas.
Na verdade, de maneira alguma é um processo perdido,
mas antes um processo em que a cera é “perdida”. E,
de fato, a cera é fundida e usada novamente. Este
método, descoberto centenas de anos atrás, é também
chamado o processo da Cire Perdue (significando cera
perdida na França).

Cera de Abelha 185


O processo da cera perdida era bem conhecido
dos antigos ourives e permitia a fundição de modelos
realmente intrincados. O objeto a ser fundido em me-
tal era primeiro esculpido em cera de abelha, depois
recoberto com argila. A argila era secada e depois
queimada. O calor derretia também a cera que era per-
dida quando escorria pelos orifícios feitos na argila
com este propósito. Metal fundido era depois derrama-
do no molde de argila, deixado esfriar e a argila
quebrada para liberar o objeto metálico.

Um modelo manual para fundição em cera de abelha para o processo


de “cera perdida” feito no Nepal.

O processo produz um objeto pesado de metal só-


lido e exige uma grande quantidade de metal. Menos
metal era necessário se um núcleo de material removí-
vel era recoberto espessamente com cera na qual a
imagem era esculpida. O conjunto era então recoberto
com argila, secado, a cera derretida e o metal derra-
mado em seu interior. A argila era removida do metal
endurecido; o material do núcleo era removido através

186 Coggshal & Morse


de uma abertura conveniente no que seria a base. Fi-
guras de bronze, incluindo a maioria das maiores o-
bras primas do mundo, foram produzidas desta forma
por milhares de anos.
O processo da cera perdida permanece uma forma
prática de fundir importantes partes metálicas intri-
cadas com precisão nos dias atuais. O processo foi
modernizado, e a cera de abelha não é mais usada da
forma que os artistas a usavam e ainda a usam, mas
outras ceras são usadas e especialmente materiais
cerâmicos para os moldes são os empregados pela in-
dústria. A matriz é torneada em dimensões precisas e
é usada para preparar uma cópia em cera para cada
peça a ser fundida. Ceras duras, misturadas para con-
seguir um alto ponto de fusão, baixo índice de con-
tração, ou retenção das dimensões e da forma, are
slush- or injection-molded na matriz para produzir
peças replicadas múltiplas. Estas peças em cera são
então recobertas com material cerâmico e queimadas, a
cera é perdida, e o molde cerâmico é completado. Me-
tal derretido é injetado no molde cerâmico e os mol-
des são removidos depois de esfriados.

8.2. Batik
Batik é um método para fazer desenhos coloridos
em tecidos. Porções de tecido recobertas com cera
resistem ao tingimento. Quando o processo de tingi-
mento está terminado, a cera é removida pelo calor,
normalmente água fervente. A maioria dos batik com
cera usam cera de abelha em suas fórmulas. Outros
componentes incluem resinas e parafinas; o primeiro
torna a cera resistente, enquanto o último torna-a
mais quebradiça. Antes de a parafina estar disponí-
vel, é provável que apenas a cera de abelha era usado
na fabricação do batik. Como a temperatura de fusão
da cera de abelha é superior à da parafina, ela não
derrete nos banhos quentes de tingimento o que garan-
te um tingimento rápido de cores brilhantes.
Existem muitas técnicas de batik. O efeito de
fissura característico no batik tradicional é conse-

Cera de Abelha 187


guido recobrindo áreas com cera e quebrando-a quando
fria, antes do tingimento. Outra técnica envolve bor-
rifar a superfície do tecido com grandes ou pequenas
gotas de cera. Pode-se cobrir toda a superfície do
tecido recobrindo o tecido com a mistura de cera e
criar o desenho removendo porções de cera com um es-
tilete antes do tingimento. O processo oposto usa uma
ferramenta especial, a agulha tjanting, que contem um
reservatório de cera, para fazer o desenho com cera
sobre o tecido.
Um de nós (R. A. M.) observou a produção de um
intricado desenho em batik numa pequena indústria na
Malásia. Uma peça de tecido de cerca de seis por vin-
te pés (dois por seis metros) estava esticada firme-
mente num bastidor. O desenho era primeiro traçado
sobre o tecido com um lápis. Um pote metálico com um
bico que lembrava um bule era então usado para derra-
mar uma fina linha de cera sobre as linhas que tinham
sido traçadas depois do que o tecido era colocado no
banho de tingimento. Ainda um outro método usado na
mesma fábrica era de imprimir o desenho no tecido
usando um ferro de passar semelhante a um ferro de
marcar a fogo. Este era primeiro mergulhado na cera
derretida e então pressionado sobre o tecido e a cera
era então transferida para o tecido. O ferro era fei-
to pela moldagem de duas, três ou quatro peças de
folhas de ferro, espaçadas entre si, no desenho dese-
jado. A cera derretida se movia entre as peças de
ferro por ação da capilaridade, mas corria para baixo
quando o ferro entrava em contato com o tecido.
O padrão do batik que o torna diferente do te-
cido impresso é que ambos os lados do produto acabado
são iguais. Isto ocorre porque a cera encharca o te-
cido e cobre as fibras de ambos os lados; do mesmo
modo, quando o produto é tingido ambos os lados en-
tram em contato com a tintura.
A origem do batik é obscura. Algumas referên-
cias afirmam que tecidos encontrados nas tumbas egíp-
cias tinham desenho batik, enquanto outros afirmam
que figuras antigas da Índia e China eram pinturas
batik. Parece que os Europeus descobriram o processo

188 Coggshal & Morse


batik quando a Indonésia, especialmente Java, foram
colonizadas séculos atrás. Um processo semelhante ao
batik pode ter sido usado para decorar potes de argi-
la e outros artigos. Muitos livros se dedicam ao tra-
balho artístico e história do batik.

8.3. Pintura Encáustica


Pintura eucástica, de acordo com os pintores
modernos que usam o método, “é qualquer sistema de
pintura a emprega a cera com ingrediente chefe e que
é submetida a uma “cauterização” final.(Mayer, 1973).
O método era popular entre os antigos Gregos e Roma-
nos. Uma pequena quantidade de resina e pigmento é
misturada em cera de abelha branca derretida. A resi-
na favorita é a damar e é usado entre 10 e 35 porcen-
to. Os artistas atuais trabalham com uma paleta aque-
cida eletricamente; nos tempos antigos era usado um
cadinho de carvão para manter a paleta aquecida. Hoje
a faca paleta também pode ser aquecida eletricamente.
Quando o trabalho está pronto para ser “cauterizado”,
ele é estendido sob uma lâmpada elétrica incandescen-
te, embora a lâmpada infra-vermelha seja mais popu-
lar. Deve-se ter o cuidado de não sobre-aquecer a
pintura final pois as cores poderão escorrer. Quando
estiver frio o trabalho final pode ser polido com
algodão absorvente para lhe dar um brilho atraente.
A superfície de uma pintura eucástica, assim
como a pintura a óleo, pode ser facilmente aranhada.
Pinturas eucásticas, assim como pinturas a óleo, pa-
rece que repelem a poeira mais do que a atraem. A
pintura final deve ser envernizada, e se lhe for de-
votado o cuidado que toda obra de arte merece será
durável.
Pode-se comprar bastões preparados feitos de
cera, resina e pigmento, mas Mayer (1975), que dedica
um capítulo ao assunto afirma que a fabricação de
cores eucásticas é muito simples e pode ser facilmen-
te preparada por um artista. Ele indica que a cera de
carnaúba é algumas vezes usada para endurecer a pin-
tura e cera microcristalina pode ser usada como plas-

Cera de Abelha 189


tificante.
As mais finas pinturas eucásticas que eu (R. A.
M.) e minha esposa encontramos estão no Museu de An-
tiguidades no Cairo, Egito. São retratos em madeira e
datam de cerca de 60 a 230 A. D. da área Fayoum do
Egito. Contamos 41 retratos, em tamanho natural, se-
parados das múmias e muitos outros no quarto 14 junto
com as múmias. Uma descrição na parede do museu reza
“a placa com o retrato era depois colocada sobre o
morto e ali mantida com a bandagem usada para enfai-
xar a múmia ... O resultado obtido pelo processo de
pintura era algumas vezes muito surpreendente; pode-
mos compará-lo em alguns casos com os melhores retra-
tos das escolas modernas ... (os artistas) romperam
com a tradição Egípcia e pintaram a face inteira, o
que estava em total contradição com as convenções
artísticas do antigo Egito”. Edgar (1905) discute
cada uma das pinturas em detalhe e reproduz diversas.
Uma, colorida, é o tema de um cartão postal (cartão
postal número 719) disponível no Museu. Edgar tinha o
seguinte para dizer sobre o método, “Como a cera co-
lorida era depositada é ainda parcialmente assunto
controverso. Não existe dúvida que depois de tritura-
das elas eram misturadas com cera derretida. É também
claro que o fundo e os tecidos eram pintados com pig-
mentos líquidos usando escova, normalmente com longas
pinceladas. O fundo verde era o primeiro a ser colo-
cado, em volta do esquema preliminar, depois era a-
crescentada a cabeça e depois a roupagem: assim pelo
menos parece ter sido a ordem usual. Em muitos casos
também está claro que o corpo e os cabelos eram, to-
talmente ou em sua maior parte, pintados com escova.
Mas na maioria dos retratos estas partes têm uma apa-
rência mais tosca do que o restante da superfície: a
tinta é mais grossa e existem marcas de outro instru-
mento, duro, como agulha rombuda com a qual a cera
era trabalhada e algumas linhas enfatizadas. Mr. Pe-
trie sugeriu que esta forma era simplesmente o final
da pincelada”.
Dissemos que mais quatro pinturas eucásticas da
mesma era podem ser encontradas no museu Coptic no

190 Coggshal & Morse


Cairo. Crane (1978) registra que existe “um número
considerável” no Museu Britânico em Londres; não há
dúvidas que elas podem ser encontradas também em ou-
tros museus. Certamente podemos concordar com a afir-
mação acima de que os efeitos resultantes são exce-
lentes; ficamos perplexos pela aparência viva e até
pela emoção transmitida por algumas. Não há dúvida
que é pelo resultado de algumas destas pinturas que
os Egiptólogos argumentam sobre as origens deste povo
no país na época da ocupação Romana.

8.4. Figuras de Cera


A cera de abelha foi usada por milhares de anos
para fazer figuras realísticas. Crane (1983) escreveu
acerca disto, incluindo as encontradas nas tumbas
Egípcias. A mais famosa galeria de figuras do mundo é
provavelmente a da Madame Tussaud em Londres. O Con-
trolador de Produção do Madame Tussaud disse e escre-
veu sobre a história do museu e seus métodos de pre-
paro das figuras; é uma história interessante e man-
chada de sangue (Sargant, 1971)
O método Tussaud de preparar a cabeça, pelo
qual o museu é mais famoso, é incrivelmente simples.
Três partes de cera de abelha são misturadas com uma
parte de cera Japonesa. Sargant diz que a cera Japo-
nesa é obtida da polpa da baga do Rhus succedanea e é
mais parecida com sebo do que com cera. A cera de
abelha usada é de cor clara e tintura e óleo colorido
são adicionados à mistura derretida como necessário
para reproduzir a compleição do indivíduo a ser copi-
ado.
O molde é feito de gesso. Ele é encharcado com
água morna por cerca de 30 minutos, assim ele não
ficará muito poroso quando a cera for derramada. A
cera é derramada lentamente e continuamente até que o
molde fique cheio. Depois de 15 a 30 minutos cerca de
meia polegada de espessura de cera solidificou contra
o molde, e a restante da cera é retirada, deixando
uma cabeça vazia. A cera dentro do molde é deixada
esfriar mais antes do gesso ser fragmentado. Este

Cera de Abelha 191


método previne a quebra e algumas fissuras que ocor-
rem normalmente quando a cera de abelha esfria. De-
pois que o molde foi retirado e a figura está limpa,
o cabelo é inserido fio a fio, e os olhos e a cor
final acrescentada.
Madame Tussaud é sobrinha de um médico Suíço
que modelava cera. Este cavalheiro, Dr. Philippe Cur-
tius, abriu sua primeira exposição em Paris em 1770;
era chamado de Cabinet de Cire. Esta data é tida como
o início do agora famoso museu. Uma figura da coleção
original, a da Madame Barry, que Sargant diz ter sido
inquestionavelmente identificada como uma figura eró-
tica, pode ser encontrada no museu de Londres ainda
hoje, embora o assim dito charme da figura tenha sido
disfarçado para apresentar um gosto moderno mais con-
servativo.
Enquanto o Dr. Curtius estava do lado dos revo-
lucionários na França, sua sobrinha se juntou aos
monarquistas e por algum tempo ensinou sua arte aos
jovens da monarquia no Palácio de Versailles. Ela
sobreviveu à revolução Francesa trabalhando com seu
tio, inclusive pegando com suas mãos cabeças vivas da
guilhotina e delas fazendo moldes de gesso a serem
usados para fazer figuras de cera em tamanho natural
razão pela qual ela se tornou tão famosa. Knaggs
(1947) disse que a jovem artista foi, muitas vezes,
ameaçada de morte ao apanhar as cabeças de amigos que
ela conheceu na corte para delas fazer os moldes. Seu
comovente retrato, com seus “olhos brilhantes das
lágrimas”, infelizmente, não deixa claro a origem
desta informação.
O tio Philippe foi envenenado em 1793 antes de
terminar a revolução. Madame Tussaud casou com um
jovem quando tinha 32 anos, e embora tenha tido três
crianças, eles viveram juntos por apenas oito anos.
Em 1802 ela foi a Londres, levando consigo suas figu-
ras de cera e seu filho mais velho. Seu marido perma-
neceu em Paris cuidando da exposição que se manteve
até 1847. Madame Tussaud foi muito mais uma mulher
espetáculo e procurava esculpir famosos, incluindo
reis e rainhas, bem como criminosos à espera da exe-

192 Coggshal & Morse


cução. Ela viajou pela Inglaterra com suas figuras
por muitos anos e, com a idade de 74 anos, abriu sua
exposição na Baker Street em Londres, onde ela conti-
nuou a trabalhar até sua morte muitos anos mais tar-
de.
A despeito do advento do plástico, e do fato de
que a cera de abelha é frágil e descolore com a ida-
de, o Controlador de Produção do Madame Tussaud in-
siste que somente a cera de abelha fornece a qualida-
de que faz suas figuras parecerem tão vivas. Novas
figuras continuam sendo feitas numa taxa de cerca de
30 por ano. A preocupação no Tussaud é apenas com as
pessoas verdadeiras; personagens famosos de ficção
como Sherlock Holmes não são incluídos.

8.5. Cera na Enxertia


Cera para enxertia que é usada para cobrir e
proteger enxertia em plantas recentemente feitas tem
tradicionalmente a cera de abelha como ingrediente
primário por centenas de anos. Recentemente por causa
do custo ela tem sido substituída por ceras mais ba-
ratas na maioria das preparações comerciais; contudo,
é um dos produtos facilmente preparados em casa.
Uma boa cera para enxertia deve ser não tóxica
não apresentar efeito negativo no desenvolvimento das
células e dos tecidos. Ser pliável. Deve ser estável
e dar proteção por cerca de dois meses, para dar tem-
po às células da proximidade do enxerto de crescerem
e cicatrizar suficientemente para proteger o corte.
Uma fórmula típica contem uma parte de cera de abe-
lha, uma parte de resina e suficiente quantidade de
sebo ou banha para tornar a cera pliável. Muitas ve-
zes carvão finamente dividido é adicionado para pro-
teger de qualquer efeito adverso que a luz solar pos-
sa trazer para o crescimento das células da planta e
prevenir a secagem excessiva.
A cera de enxertia pode ser aplicada quando es-
teja suficientemente quente para escorrer, ou ela
pode ser trabalhada em fitas ou tiras e enrolada so-

Cera de Abelha 193


bre o enxerto. O ponto importante é que a ferida seja
totalmente coberta para isolar do ar e das bactérias
e prevenir o secamento.

8.6. Selo de Cera


Selos de cera em cartas, documentos legais e
mensagens eram populares desde os dias do Império
Romano e talvez até antes. Muitas vezes eram adicio-
nados ingredientes que pudessem endurecer a cera de
abelha. Era popular para alguns soberanos e gente
famosa acrescentar uma cor distinta ao seu selo. Her-
rod-Hempsall (1937) fez uma bela dissertação sobre o
uso de selos e incluiu fotografias de alguns usados
na Inglaterra nos idos de 1042. Cowan (1908) fornece
duas fórmulas: (1) cera preta para selos – 15 libras
de resina amarela, uma libra de banha, uma libra de
cera de abelha, três libras de negro de fumo. (2)
cera flexível para selos – uma parte de resina amare-
la, quatro partes de cera de abelha, uma parte de
banha, uma parte de terebentina, cor como desejado.

8.7. Cera nos Cosméticos


Existem dúzias de livros e muitas revistas so-
bre cosmetologia. Apresentam títulos como Cosméticos
na Cozinha, A Ciência Cosmética, Um Guia dos Cosméti-
cos Naturais, etc. O mais útil que encontramos é a
obra em três volumes de Balsam e Sagarin (1974). O
índice tem muitas referências a cera de abelha. Tra-
dicionalmente ela tem sido usada em artigos de touca-
dor de bebês, cremes de limpeza, depilatórios, cremes
emolientes, pintura para os olhos, pintura base, pro-
dutos para tratamento do cabelo, sprays para cabelo,
creme para os lábios, creme para as unhas, branquea-
dor de unhas, fragrâncias sólidas e provavelmente
outros itens. A cera de abelha, embora cara, é ainda
muito procurada na indústria cosmética por causa de
suas qualidades únicas; contudo isto deve mudar (veja
Capítulo II em economia).
Do que se escreveu fica claro que a variabili-

194 Coggshal & Morse


dade da cera de abelha é uma benção e um problema. Os
usuários exploram o pensamento de que ela é um produ-
to natural e usam muitas vezes esta virtude em suas
propagandas. No entanto, assim como com todos os pro-
dutos naturais, a padronização é um problema; o autor
do primeiro artigo da referência acima enfatiza que a
qualidade e a fonte da cera deve ser garantida e se
deve insistir que o fornecedor entregue um produto
uniforme.
Uma razão relevante para a cera de abelha ser
preferida nos cosméticos e que ela não fica rançosa.
Igualmente relevante é que ela não é um agente irri-
tante ou sensibilizador quando em contato com a pele.
A cera de abelha usada em cosméticos é descorada e
branca. Isto significa também que ela é escolhida de
entre as de melhor qualidade e refinada e contem me-
nos própolis e outros contaminantes.
Algumas das considerações sobre o uso de cera
de abelha em cosméticos são as seguintes: a cera com
o menor ponto de fusão produz emulsões mais suaves.
Cera descolorida quimicamente transfere o mínimo de
odor para o produto final, mas existe pouca diferença
na qualidade do produto final ao se usar cera clari-
ficada pelo sol ou quimicamente. Existe uma grande
variação no poder emulsificante das várias qualidades
de cera de abelha, e nenhuma destas diferenças pode
ser prevista com base em testes químicos conhecidos.
Somente ceras claras devem ser usadas na fabricação
de cosméticos, uma vez que ceras escuras são mais
difíceis de emulsificar.
Não é feita nenhuma referência ao teor de pró-
polis da cera de abelha em qualquer das discussões
que encontramos sobre seu uso em cosméticos, prova-
velmente porque os usuários não estejam tão familia-
res com este mais freqüente contaminante da cera de
abelha. Não há dúvida que ela tem ação notável sobre
o poder emulsificante bem como sobre outras qualida-
des. Esta lacuna de conhecimento e interesse pode
mudar o ponto de vista do atual interesse do uso da
própolis na medicina popular. Como a própolis é uma
mistura muito complexa não há como estimar seu teor

Cera de Abelha 195


na cera de abelha a menos que exista em grande quan-
tidade e afete seu ponto de fusão e outras proprieda-
des.
O médico Grego, Galeno, que viveu aproximada-
mente 2000 anos atrás, foi o primeiro a fazer um cre-
me frio, um dos primeiros cosméticos, para a limpeza
da pele. Este é hoje, provavelmente, o cosmético mais
largamente usado. Ele usou uma mistura de cera de
abelha, óleo de oliva e água. O produto não era está-
vel; as partes separavam e o óleo de oliva ficava
rançoso. Isto significava que o creme frio tinha de
ser fresco; em data recente como no século 19, o cre-
me frio era misturado nas drogarias locais, e a fór-
mula básica variava pouco de local a local.
Por volta de 1890 foi descoberto que adicionan-
do bórax o tempo de preparo do creme frio podia ser
reduzido, e obter um produto mais branco e mais está-
vel. O bórax reage quimicamente com os ácidos céricos
da cera de abelha para produzir sabão; bórax em ex-
cesso cristalizará no produto final, e muitas vezes a
quantidade de bórax a usar deve ser ajustada para
cada partida. Os cosméticos atuais raramente mostram
sinais de separação e da mesma forma tem uma vida
mais longa do que tinham os feitos a algumas décadas
atrás.
Em 1905 os óleos minerais foram substitutos dos
óleos naturais que podiam ficar rançosos. Em 1913, a
lanolina natural de ovelha foi incorporada, e desde
então muitos aditivos e compostos, alguns naturais e
muitos sintéticos, foram criados. Uma das mais impor-
tantes mudanças foi o uso de anti-oxidantes para evi-
tar o ranço.
Segue uma fórmula típica para o creme frio que
pode ser encontrada em muitos livros e artigos sobre
o assunto:
Cera de abelha branca ........ 18 partes
Óleo mineral ................. 61 partes
Água destilada ............... 20 partes
Bórax ......................... 1 parte

196 Coggshal & Morse


A cera de abelha e o óleo mineral são aquecidos
à cerca de 158ºF (70ºC) e misturados. O bórax é dis-
solvido em água na mesma temperatura e os dois prepa-
rados misturados com agitação rápida. Quando a tempe-
ratura atingir cerca de 122ºF (50ºC) é adicionado
perfume para atender ao próprio desejo e o pote é
cheio quando a temperatura atinge 108ºF (42ºC).
Outras ceras, incluindo a parafina, espermacete
e ozokerite podem ser substitutos da cera de abelha.
Quando isto for feito a percentagem de cera de abelha
é diminuída proporcionalmente, e os componentes da
fase oleosa são misturados. O texto editado por Bal-
sam e Sagarin lista 44 fórmulas para o creme frio
baseado no tema acima. Ainda que a cera de abelha não
seja citada em todas elas é mais comum do que as ou-
tras ceras. Pedley (1952) e Broen (1981) também apre-
sentam uma bela dissertação sobre o assunto.
A U. S. Pharmacopeia e a National Formulary pa-
ra 1980 (revisada a cada cinco anos) apresenta a se-
guinte fórmula oficial para o creme frio:
Cera cetyl ester ............. 25 partes
Cera branca (cera de abelha) . 24 partes
Óleo mineral ................ 112 partes
Borato de sódio ............... 1 parte
Água purificada .............. 42 partes
Em outros cosméticos onde é desejado um produto
com ponto de fusão maior usa-se ceras como a da car-
naúba. A resina é adicionada para os depilatórios e
fragrâncias sólidas. Uma outra fórmula é a seguinte:
Sombra para os olhos
Cera de abelha ................ 1 parte
Petrolatum ................... 13 partes
Lanolina ...................... 1 partes
Cerosine ...................... 2 parte
Óleo mineral .................. 3 partes
A esta mistura básica se acrescenta pigmento
como desejado. Na discussão sobre pintura para os
olhos, por exemplo, é afirmado que deve ser usada
cera de abelha branca com ponto de fusão de cerca de

Cera de Abelha 197


147ºF (64ºC). A cera de abelha dificulta a preparação
mas transfere sua flexibilidade e plasticidade para o
produto final.
Pomada para os lábios
Cera de abelha ............... 15 partes
Cera de carnaúba ............. 10 partes
Lanolina ...................... 5 partes
Álcool cetílico ............... 5 partes
Óleo de castor ............... 65 partes
Anti-oxidante ................. 0,1 partes
Na fórmula acima pigmento colorido e tintura
são adicionados para obter a cor apropriada. Uma
quantidade muito pequena de perfume é adicionada para
mascarar todo odor indesejável, mas em excesso será
desagradável. A cera de abelha é usada na pomada para
os lábios por causa da sua qualidade endurecedora.
Epilador10
Cera de abelha ............... 20 partes
Resina ....................... 69 partes
Resina da Borgonha ............ 4 partes
Resina de cânfora ............. 3 partes
Óleo de bergamota ............. 2 partes
Óleo de eucalipto ............. 1 parte
Óleo de jaritataka ............ 1 parte
Creme emoliente
Cera de abelha ............... 15 partes
Óleo mineral ................. 30 partes
Óleo de semente de palma ..... 16 partes
Óleo de algodão hidrogenado .. 10 partes
Propil parabenzeno ............ 0,15 partes
Hidroxitolueno de butil ....... 0,05 partes
Metil parabenzeno ............. 0,15 partes
Bórax ......................... 0,50 partes
Água ......................... 28,15 partes

10
O termo epilação é usado quando o cabelo é arrancado pela raiz; depilação se refere
à degradação química do cabelo. A mistura indicada é aplicada quente e removida
energica e firmemente quando a mistura estiver fria e o cabelo emaranhado nela. Um
problema do uso doméstico é que ocorre mais aflição, e o resultado é menos efetivo
quando for removido lenta e cuidadosamente.

198 Coggshal & Morse


Perfume .................. como necessário
Propyl paraben, Hidroxitolueno de butil e Meth-
yl paraben são anti-oxidantes necessários para preve-
nir o ranço. Os óleos e as ceras são aquecidos e mis-
turados; quando eles estiverem frios ainda na tempe-
ratura de escorrimento os itens restantes são adicio-
nados. Para cremes emolientes, a cera de abelha for-
nece uma consistência cremosa ao produto final.
As fórmulas acima são apenas algumas das cente-
nas existentes, se não milhares, que já foram publi-
cadas e estão em uso. Muitos dos segredos comerciais
são pequenas variações sobre a composição básica.
O custo da cera de abelha tem tanto efeito
quanto seu uso afeta as propriedades dos cosméticos,
e a parafina é muitas vezes um substituto simplesmen-
te porque é mais barata, mais facilmente disponível,
e, como a cera de abelha, não fica rançosa. Ainda,
quando alguém ler a literatura sobre cosméticos, fica
evidente que as qualidades desejáveis da cera de abe-
lha são bem conhecidas e é difícil, para os que for-
mulam cosméticos, evitar o seu uso. Algumas vezes
apenas um a três porcento pode comunicar a necessária
qualidade ao produto final.

Cera de Abelha 199


Capítulo IX

99.. EExxppoossiiççããoo ee JJuullggaam meennttoo


ddaa CCeerraa ddee A Abbeellhhaa ee S Seeuuss
PPrroodduuttooss

Blocos de cera de abelha e artigos feitos de


cera de abelha fazem parte de toda exposição de mel.
Ao selecionar uma cera para a exposição, a primeira
pergunta a ser respondida é o que é a cera de abelha
natural? Como indicamos, a cera secretada pelas abe-
lhas é branca; torna-se amarela somente quando man-
chada pelo pólen e própolis. A cera de abelha produ-
zida em estufa onde as abelhas são alimentadas somen-
te com xarope de açúcar não tem cheiro nem sabor. A
questão foi respondida pela tradição e pela razão. A
cera selecionada com propósito de exposição deve ser
branca, com cor de palha algumas vezes descrita como
amarelo canário. A cor deve ser limpa e brilhante,
nunca nebulosa. A cera com esta cor é selecionada

Cera de Abelha 201


porque é a que apresentará o melhor odor tanto na
forma sólida quanto ao ser queimada como vela. Os
apicultores usam normalmente cera de opérculos com o
propósito de exposição. A cera escura tem cor sem
brilho; não é possível branqueá-la ou torná-la quase
sem cor e sem odor como necessário para alguns produ-
tos especiais como cera dental. É evidente, também,
que enquanto a cera de abelha é branca, alguma conta-
minação pelo pólen e própolis é inevitável e ajuda a
desenvolver o odor que associamos com a cera de abe-
lha.
A razão principal de preferir ceras claras na
exposição de mel é que as ceras escuras com grande
quantidade de própolis têm várias desvantagens. A
própolis é normalmente uma substância ácida. A cera
de abelha com alto teor de própolis reagirá quando em
contato com metais ou outras sustâncias suscetíveis à
reação ácida. A cera de abelha com alta proporção de
própolis não é satisfatória para a fabricação de ve-
la, pois um resíduo parcialmente queimado se forma
quando a vela é queimada e o pavio encaroça (Bisson e
Vansell, 1935). Root (1951) afirmou que quando se usa
cera com muita própolis para a fabricação de vela a
chama fica mais pontuda e a chance de formação de
fumaça é muito grande. A cera de abelha que tem muita
própolis é escorregadia, por vezes aspecto gorduroso;
cera de abelha intensamente contaminada é mais macia
e pode até ter ponto de fusão menor.

9.1. Modelagem do Bloco de Cera


A maioria dos concursos exige que o bloco de
cera pese pelo menos duas libras (0,9kg). A razão
para esta quantidade é simplesmente porque é mais
difícil moldar uma peça de cera de abelha tão grande;
a pessoa que desejar fazer um bloco de cera perfeito
deste tamanho é obviamente um esperto. Além disso, um
bloco de cera assim tem uma grande superfície no fun-
do onde qualquer sujeira que esteja presente será
facilmente visível.
A maioria da cera para concurso é moldada numa

202 Coggshal & Morse


forma de flandres ou estanho como das utilizadas para
fazer pão. As laterais normalmente com leve inclina-
ção, o que facilita a remoção do bloco pronto. De
qualquer modo a forma realmente não é importante.
Qualquer vaso ou bacia é satisfatório. O molde não
pode conter nenhuma letra ou desenho, pois estes são
motivo para distração. Muitos juizes desqualificam
blocos de cera com marcas do molde.
Muitas pessoas têm sugerido que um bom lugar
para resfriar a cera lentamente é num forno depois
que a chama foi apagada. Os fornos são isolados e
demoram algumas horas para resfriar. Brown (1981)
aconselha colocar alguns tijolos limpos meia hora
antes de colocar a cera. Isto reterá algum calor de-
pois que o forno for desligado e ajudará para que a
cera esfrie ainda mais lentamente. Ele coloca a cera
numa travessa pirex que por sua vez está numa bacia
plástica ou travessa de água quente. Ele aquece o
forno até cerca de 200ºF (92ºC) com os tijolos lá
dentro por cerca de meia hora; depois a cera derreti-
da, a cerca de 170º a 180ºF (77º a 81ºC) é colocada
na bacia cercada de água a cerca de 160ºF (71ºC), ele
apaga o forno. A cera dentro da travessa de pirex e
esta dentro da bacia com água é recoberta com uma
peça de vidro. Broen sugere fazer isto à noite quando
o forno não será mais usado; pela manhã, depois de
esfriar lentamente, ter-se-á um bloco perfeito de
cera. Ele diz também que expor a cera sobre uma peça
de veludo preto lhe confere uma aparência fina. Pad-
more (1961), que era conhecido como um expert exposi-
tor de cera de abelha na Inglaterra, usa praticamente
o mesmo sistema, mas mantem a panela de água numa
pia. Assim que se forma uma “pele” na superfície da
cera ele submerge o bloco e o resfriamento lento con-
tinua debaixo da água.

9.2. Produtos de Cera de Abelha


Só raramente se vê produtos de cera de abelha
em exposições de mel. É uma área que pode ser expan-
dida, e fazendo assim dar-se-á à indústria a oportu-

Cera de Abelha 203


nidade de explicar mais a importância destes produtos
no passado e no presente.
O produto mais popular da cera de abelha é, sem
dúvida, a vela. Infelizmente não são muitos os juizes
que tem experiência na fabricação de vela e eles são
normalmente guiados pelas mesmas regras que eles se-
guem ao julgar um bloco de cera; a limpeza da cera é
especialmente importante, mas a vela deve ter também
um odor agradável. Contudo uma das considerações mais
importantes é a escolha do pavio apropriado. Não e-
xiste razão para o juiz não querer acender uma vela
para ter certeza que ela queima apropriadamente. Na
área das velas existe também uma oportunidade para
desenhos criativos.
Outros produtos de cera de abelha que podem ser
expostos incluem cera branqueada (o branqueamento
pelo sol será o mais apropriado), produtos para poli-
mento, pequenos blocos de cera para kit de costura, e
talvez algum cosmético de cera de abelha (creme frio,
como discutido em outro lugar, sendo um dos mais bem
conhecido).

9.3. Julgando a Cera de Abelha e Seus Produtos


Abaixo está o cartão para registro do juiz do
julgamento da cera de abelha usado pela Eastern Api-
cultural Society. Este cartão foi padrão por muitos
anos, e o número e o método de marcação de pontos é
igual ao indicado por Bland (1958) no Canadá e pode
ter tido uma origem mais antiga. Não é difícil julgar
a cera de abelha uma vez que é possível por tantas
coisas sair-se mal na preparação para o espetáculo.

EASTERN APICULTURAL SOCIETY


CARTÃO PARA REGISTRO DO JUIZ
Evento: CERA DE ABELHA Class:_______________ Registro no.: __________

Pontos Item Observações

30 Cor

204 Coggshal & Morse


35 Limpeza (livre de mel, própolis e
outras impurezas)

20 Uniformidade na aparência

15 Ausência de contrações e fissuras

100 Ass.: ________________

Cartão para registro do juiz da Eastern Apicultural Society.

9.3.1. Cor
A cor deve ser clara e brilhante, isto foi dis-
cutido acima.

9.3.2. Limpeza
Comercialmente, a cera de abelha é filtrada pa-
ra remover a sujeira e os fragmentos. Como isto exige
um filtro prensa, a maioria dos apicultores não fil-
tram sua cera, mas limpam-na por decantação. A decan-
tação toma tempo e não pode ser apurada. A cera deve
ser deixada a cerca de 150º a 160ºF (66º a 71ºC),
logo acima da temperatura em que ela solidifica, pre-
ferencialmente por várias horas. Se for necessário
reaquecer a cera durante este tempo deve ser feito de
tal forma que o líquido e a sujeira não sejam pertur-
badas. Isto envolve resfriamento numa forma isolada
ou manter a forma ou o molde numa caixa isolada como
um forno ou um refrigerador. Pode-se derramar a cera
líquida limpa ou deixar o bloco esfriar e cortar fora
a porção do fundo. Não é um assunto fácil cortar o
bloco de cera de abelha; um machadinho serve melhor.
Um item importante de limpeza inclui a ausência
de odores ruins, especialmente os resultantes da fer-
mentação. Como já mencionado em outro lugar, por ve-
zes é impossível reverter o mau cheiro da fermenta-
ção. Se a cera dos opérculos e dos favos velhos con-
tendo mel for armazenada por longo tempo, a cera pode
ser consideravelmente desvalorizada como resultado de
uma lenta fermentação.

Cera de Abelha 205


9.3.3. Uniformidade na aparência
O bloco final de cera deve ser isento de bolhas
ou sinais de camadas, e a cor deve ser uniforme em
sua totalidade. Se algum destes problemas estiver
aparente a cera foi esfriada muito rapidamente. Quan-
do um bloco de cera é colocado no molde ele deve ser
derramado todo de uma só vez; se a cera derretida é
derramada por cima da que já está solidificada ficará
visível uma linha.
Como dito acima o molde usado deve estar livre
de nomes e desenhos; estes depreciam a cera.

9.3.4. Contração e fissuras


Quando solidifica a cera de abelha perde cerca
de dez porcento do seu volume. Esta contração é espe-
cialmente evidente em blocos que são resfriados muito
rapidamente, uma vez que eles terão grandes saliên-
cias e muitas vezes longas e profundas fissuras. As
fissuras custam muito numa exibição. Um bloco de cera
rebaixado no centro (uma superfície côncava) é como
se fosse descontínua. A superfície será plana se a
cera for resfriada lentamente.
Os juizes podem quebrar um canto do bloco de
cera de abelha para testar suas textura e plasticida-
de e verificar a presença de mel ou muita própolis e
ainda por qualquer sinal de adulteração. Os exposito-
res se opõe algumas vezes a esta prática pois eles
gostariam de apresentar a mesma peça de cera em outra
exposição. No entanto, muitas vezes uma inspeção des-
te tipo é necessária e o juiz está no seu direito de
assim proceder.

206 Coggshal & Morse


Capítulo X

1100.. PPrroodduuttooss CCaasseeiirrooss

Coletar mel e cera das abelhas é uma das mais


antigas atividades agrícolas do homem. Assim como o
mel tem sido usado de várias formas, desde fazer uma
bebida alcoólica até a medicina, assim também para a
cera de abelha foram encontrados vários usos. Alguns
destes permanecem importantes ainda hoje, sendo, pro-
vavelmente, o mais comum o pedaço de cera de abelha
na caixa de costura para encerrar a linha que será
passada pelo buraco da agulha. Hoje o produto de cera
de abelha de maior interesse para os apicultores são
as velas. O custo da cera de abelha é um grande de-
sestimulador para uso em velas comerciais de uso diá-
rio na família, mas as velas de cera de abelha são um
presente diferenciado que usualmente apenas um api-
cultor pode se dar ao luxo de dispor e tem o conheci-
mento de como fazê-lo. Muitos dos usos menores da
cera de abelha na antiguidade foram perdidos, mas
ocasionalmente encontra-se uma referência interessan-
te. Uma destas, de Gwynedd Lloyd, intitulada Polish

Cera de Abelha 207


and Shine com o subtítulo Recipes of Women’s Institu-
te Members and Their Ancestors, contem muitas e vari-
adas receitas de 1200 a 1800; quatro destas receitas
estão inclusas abaixo.
Para limpar e dar brilho ao carvalho velho e
revestimento de carvalho.
2 quartos de cerveja forte
1 onça de açúcar grosseiro
1 onça de cera de abelha
Se engordurado, lavar primeiro com cerveja mor-
na.
Ferva os ingredientes todos juntos; quando dis-
solvido aplicar com uma escova grande e macia, deixar
secar; esfregar até a superfície ficar brilhante.
Nota: não é necessário usar cerveja fresca. A-
quela deixada nos copos pode ser conservada, bem ar-
rolhada, numa garrafa de cerâmica.
Linóleo II
5 pints11 de água
1 pint de terebentina
3/4 libra de cera de abelha
3 onças de carbonato de potássio
Dissolver o potássio na água fervente. Adicio-
nar a cera de abelha, fragmentada. Quando fundida
adicionar a terebentina lentamente e misturar até que
a mistura adquira a consistência de um creme.
Creme para móveis IV
6 onças de cera de abelha
1 1/2 pint de terebentina
1 onça de flocos de sabão de um sabão macio
1 pint de água fervente
colocar a cera de abelha e a terebentina numa
panela de cabo dupla e fundir. Dissolver os flocos de

11
Segundo Michaelis - Pint: medida de capacidade (Britânico: 0,568 l, Americano:
0,437 l). (Nota do Tradutor).

208 Coggshal & Morse


sabão na água fervente. Quando ambas as misturas es-
tiverem frias, misturar tudo, adicionar sabão sufici-
ente apenas para tornar a mistura com a consistência
de um creme.
Creme para móveis V
2 onças de cera de abelha
1 pint de terebentina
2 onça de cera branca
1 pint de água fervente
2 onças de sabão macio
Quebrar a cera; colocar o sabão macio e a cera
numa bacia larga e adicionar 1 pint de terebentina.
Deixar por dois dias. Depois derramar na água ferven-
te. Deixar esfriar e então colocar em jarros e fe-
char.
Nota importante: muito cuidado deve ser tomado
ao fundir a terebentina ou a cera de abelha, ambas
são altamente inflamáveis. O método usado em ambas as
receitas é insistentemente recomendado.
Entre os apicultores a arte de fazer produtos
para polimento e protetores de pinturas com a cera de
abelha está quase perdida. Como não existe dúvida de
que os polidores de cera de abelha devem ser esfrega-
dos para dar o brilho verdadeiro, os polidores feitos
em casa perderam a competição para os polidores para
móveis de auto-polimento agora disponíveis no merca-
do. É também evidente que num futuro próximo muitas
das indústrias de cera que eram tão comuns no passado
desaparecerão pois seus produtos exigem muito traba-
lho, e nós dependeremos cada vez mais das ceras sin-
téticas. Neste capítulo discutimos algumas das recei-
tas e fórmulas que usam cera de abelha que eram co-
muns há poucos anos atrás e que hoje podem ser feitas
em casa com facilidade.

10.1. Velas
O principiante na fabricação de velas de cera
de abelha experimentará alguma dificuldade em deter-

Cera de Abelha 209


minar o uso correto do pavio. O pavio deve ser de
tamanho e tipo certo para que a chama funda e queime
apenas a quantidade certa de cera de abelha mantendo
a altura correta da taça no topo da vela; com muita
cera líquida ocorrerá o gotejamento e a cera escorre-
rá vela abaixo até o castiçal ou a toalha abaixo.
Isto é demais esperar o fio de algodão se mantenha no
ar calmo; num desenho é quase impossível prever o
gotejamento. Muitas empresas desenvolveram queimado-
res de prova especiais; no entanto muitos destes fo-
ram feitos para uma vela especial e não conseguem
sucesso com outros tipos de velas. Alguns tipos de
seguidores de vela ajudam, mas a tiragem é o pior
inimigo da vela. A primeira parte do Capítulo VII
deste livro explica com detalhe como a vela queima e
como o pavio desempenha seu papel.
As melhores queimas de velas de cera de abelha
ocorrem com o uso de pavio trançado quadrado em opo-
sição ao trançado chato (algumas vezes chamado pre-
gueado) que é normalmente encontrado em velas de pa-
rafina. Uma exceção é a vela enrolada feita de lâmina
de cera, na qual o pavio trançado chato é melhor.
Existem muitos tamanhos e tipos de pavios. É nossa
opinião que o pavio feito de algodão branqueado é
melhor do que o feito de algodão não branqueado. Ten-
te o trançado quadrado 1/0, 2/0, 3/0 (1/0 é o maior,
3/0 é o menor dos três) para velas com até 7/8 de
polegada (22mm) de diâmetro na base ou cônica com
este diâmetro na base. Para velas com diâmetro maior
do que 7/8 de polegada os tamanhos maiores são núme-
ros 1, 2, 3 como usados nas grandes velas de igreja.
Infelizmente nem todas as empresas identificam o ta-
manho do pavio da mesma amneira.
O pavio trançado chato é mais barato do que o
trançado quadrado. Quando usados em velas cônicas que
vemos em nossas mesas de jantar nada consegue preve-
nir o gotejamento tão comum em velas de diâmetro va-
riável sujeitas a tiragem. Pavio trançado quadrado é
usado para resolver os problemas associados com o
gotejamento, velas que devem queimar durante um tempo
determinado, consumo de combustível e compostos colo-

210 Coggshal & Morse


ridos. Estes pavios podem ser feitos com muitas vari-
ações para velas especiais. Alguns fabricantes de
velas fazem seus próprios pavios para resolver estes
problemas especiais.

Espichando manualmente a vela de cera de abelha por mergulho de-


pois do terceiro mergulho. Fotografia de Diana Van Driesche.

Velas que queimam durante tempo muito longo tem


uma chama menor do que o tamanho normal; isto é con-
seguido usando um pavio menor. Isto cria de imediato
um potencial problema de gotejamento pois a chama
menor funde mais cera do que o pequeno pavio consegue
elevar, vaporizar e queimar. Pavios especiais foram
feitos para resolver este problema.

10.1.1. Velas de mergulho


Um defensor ativo da fabricação caseira de ve-
las de cera de abelha é o Professor Robert Berthold
Jr. do Delaware Valley College na Pennsylvania. Num
artigo recente ele resumiu as etapas para a produção
de velas de mergulho (Berthold, 1981). A vela de ta-
manho padrão de cerca de 7/8 de polegada exige de 30
a 35 mergulhos. A temperatura ideal da cera de abelha
para o mergulho é cerca de 165ºF (74ºC). O mergulho
deve ser feito onde não existam correntes de ar; do

Cera de Abelha 211


contrário a superfície da vela terá a aparência de
uma escultura. Deve ser dado tempo suficiente entre
mergulhos para a vela esfriar, ou a vela parecerá
cônica nas duas extremidades.

Um dispositivo para mergulhamento múltiplo para a fabricação casei-


ra de velas de cera de abelha. Fotografia de Robert Berthold, Jr.

Não é fácil encontrar um recipiente conveniente


para mergulhar velas de cera de abelha. Berthold usa
containers metálicos para alimento, impermeáveis, de
segunda mão. O container para a cera, envolvido num
banho de água quente, deve ser pelo menos duas pole-
gadas mais fundo do que o comprimento desejado para a
vela e talvez até mais fundo dependendo de como o
pavio da vela foi esticado inicialmente. O melhor
meio é usar um metal pesado na extremidade do pavio;
outro é mergulhar o pavio em cera derretida e quando

212 Coggshal & Morse


estiver quase frio esticar com as mãos. Pode ser ne-
cessário espichar o pavio depois de um segundo e um
terceiro mergulho. Outro método ainda é trançar o
pavio numa armação metálica e mergulhar várias vezes
na cera derretida. Uma pequena quantidade de pavio é
perdida quando isto for feito, mas o pavio é mantido
esticado. O tamanho do container limita o número de
velas que podem ser mergulhadas de uma vez.
Alguns fabricantes de vela mergulham suas velas
de moldes seja para simular uma vela mergulhada ou
para lhes dar uma aparência final suave. Dois a três
mergulhos são necessários para conseguir isto.

Preparando um molde de padrão antigo para vela de cera de abelha.

Cera de Abelha 213


Fotografia de Robert Berthold, Jr.

10.1.2. Velas enroladas de cera de abelha


A vela enrolada é feita enrolando uma peça de
cera alveolada ou cera de abelha fina em torno do
pavio. As velas enroladas de cera de abelha queimam
rapidamente pois existe pouca cera e muito espaço de
ar; no entanto elas são decorativas e fáceis de fa-
zer. Alguns fabricantes de cera alveolada produzem
cera alveolada colorida com o propósito expresso de
fazer velas enroladas. As velas enroladas podem ser
de diâmetro uniforme ou cônicas; uma vela enrolada
cônica é feita cortando uma lâmina de cera ou cera
alveolada na diagonal. Pode-se mergulhar a borda do
corte diagonal da lâmina de cera a ser enrolada numa
cera colorida derretida e assim introduzir um desenho
interessante.
Não é difícil fazer uma fina lâmina de cera pa-
ra enrolar. A melhor técnica é aquecer uma forma de
água a cerca de 165ºF (74ºC) e derramar cera derreti-
da no topo. Como a água, que é mais pesada do que a
cera, mantem seu próprio nível a camada de cera no
topo será de espessura uniforme quando a água e a
cera estriarem.
É mais fácil enrolar uma lâmina de cera alveo-
lada quando ela está a 80ºF (27ºC). Um método para
amornar as lâminas de cera é colocá-las sobre um for-
no ou fogão; deve-se tomar o cuidado para este não
estar muito quente.
Na produção comercial, velas enroladas são al-
gumas vezes puxadas através de uma abertura aquecida
e cônica para tornar as velas perfeitamente redondas.
Várias velas podem ser puxadas através de fendas ori-
entadas horizontalmente de uma só vez. As fendas são
normalmente aquecidas com vapor.

10.1.3. Velas moldadas

214 Coggshal & Morse


Berthold (1981)12 descreveu a fabricação de ve-
las com o uso de moldes em detalhe. As notas que se-
guem foram tomadas de seus escritos. Moldes antigos
muitas vezes são encontrados mas freqüentemente eles
são rústicos ou estão danificados a ponto de não se-
rem usáveis. Alguns fabricantes de moldes de velas
recobrem a parte interna do molde com substâncias
desmodeladoras tais como o silicone, mas pela experi-
ência de Berthol isto não é necessário com moldes
novos. Berthold (comunicação pessoal) disse ter usado
“o spray para vela Pam disponível no comércio, produ-
to comercial anti aderente para cozinha e untar a
parte interna do molde com óleo de cozinha” para pre-
venir a aderência e todos foram bem sucedidos. Outros
nos disseram que detergente líquido funciona bem.
Um bule é um excelente utensílio para derramar
a cera líquida no molde. A cera de abelha contrai
muito ao resfriar e é necessário re-encher o molde
uma ou duas vezes enquanto a cera esta esfriando para
que a vela tenha uma boa base. Uma única peça de pa-
vio é enfiada em dois moldes de cada vez. Berhold usa
grampo para cabelo para manter o pavio no centro do
molde. Um pedaço de arame preso a uma das extremida-
des do pavio é útil para guiar o pavio através do
orifício do fundo do molde.
Cera derretida pode vazar do molde junto do pa-
vio na base do molde. Berthold sugere colocar uma
esponja molhada embaixo da base do molde antes de
derramar a cera. A esponja deve ser firmemente aper-
tada contra a base e o pavio. A esponja faz a cera da
ponta da vela solidificar rapidamente o que previne o
vazamento da cera.
Recomenda-se não encher demais o molde pois is-
to torna mais difícil a remoção da vela e o acabamen-
to da base. A vela deve resfriar na temperatura ambi-
ente antes de ser removida do molde. O resfriamento
pode ser acelerado colocando o molde cheio em local
frio, até mesmo num refrigerador. Normalmente a cera

12
A reprodução de moldes antigos para a fabricação de velas estão disponíveis em Dr.
Rovert Berthold, Jr., Delaware Valley College, Doylestown, Pa. 18901.

Cera de Abelha 215


contrai do molde e não gruda nele. O pavio deve ser
cortado na base do molde. Raramente é necessário mais
do que um pequeno puxão pelo pavio para remover a
vela. No caso de um molde grudento, uma forma é usar
um par de alicates e segurar o molde em baixo de água
quente corrente para remover a vela.

Enchendo de cera de abelha um molde de vela com um bule. Foto de


Robert Berthold Jr.

Foi relatado por Rigby e Hepburn (1981) que a


borracha de silicone deixa o molde de vela excelente

216 Coggshal & Morse


por causa “de suas notáveis propriedades anti aderen-
tes”. Eles fazem seus moldes derramando borracha de
silicone em volta da vela que eles selecionam como
livre de falhas e sem imperfeições na superfície. É
feito um orifício no molde forçando um prego quente e
sem cabeça na vela.

10.2. Polidores para Carro, Piso e Móveis.


Não há necessidade de procurar muito para en-
contrar uma grande variedade de receita de polidores
nos quais a cera de abelha é o ingrediente chefe. Até
cerca de 100 anos atrás a maioria destes polidores
era feita misturando terebentina e cera de abelha. A
quantidade de terebentina usada variava muito em fun-
ção da consistência, dura ou macia, desejada para o
polidor. Estes tinham o defeito comum de exigirem um
friccionar longo e penoso para resultar num brilho
final. O cheiro da terebentina não é agradável como
os destilados de petróleo atualmente usados. Muitas
vezes a superfície encerrada ficava grudenta e nela a
poeira aderia rapidamente, exigindo que se tirasse o
pó diariamente. Alguns destes problemas podem ter
ocorrido por causa do uso de cera de abelha de baixa
qualidade que podia conter muita própolis. Algumas
receitas típicas são as seguintes:
Para manter o brilho de
ferramentas metálicas po-
lidas.
Óleo de terebentina .......... 16 partes
Cera de abelha ................ 2 partes
Óleo de linhaça cozido ........ 1 parte

Para linoleo.
Cera de abelha ................ 4 partes
Terebentina ................... 5 partes
Carbonato de potássio ......... 1 parte
Água ......................... 25 partes

Cera de Abelha 217


Creme para móveis.
Cera de abelha ................ 1 parte
Sabão suave ................... 1 parte
Terebentina ................... 8 partes

Para fazer o polidor, a cera é derretida, reti-


rada do calor e misturada com os demais ingredientes.
Pedley (1952) afirma, “A introdução de cera de
carnaúba, cera montan e outras ceras revolucionou
completamente a industria do polimento”. A adição de
quantidade muito pequena destas ceras duras eliminou
muito da necessidade de fricção e produziu um alto
brilho sem ficar pegajoso como ocorria nas formula-
ções simples de cera de abelha e terebentina. Deve-se
tomar cuidado para não usar muito destas ceras duras
na formulação; a carnaúba, uma das mais valiosas, tem
a tendência de cristalizar e pode deixar uma superfí-
cie pouco agradável. A propriedade solvente da cera
de carnaúba é pequena, enquanto a da cera montan é
excelente, razão pela qual não é uma excelente cera
polidora. A maioria dos polidores atuais é feita u-
sando diferentes proporções de ceras duras médias e
macias. A terebentina já foi substituída pelo éter de
petróleo. Pedley sugere a seguinte fórmula:

Polidor para móveis.


Cera de carnaúba .............. 6 parte
Cera de abelha ............... 11 partes
Cera ceresin ................. 11 partes
O polidor é feito aquecendo as ceras em mistu-
ra; quando estiverem derretidas mistura-se o éter ou
a terebentina. Pedley previne para o grande risco de
fogo ao derreter a cera e especialmente ao misturar o
éter. Polidores coloridos podem ser feitos adicionan-
do tintura de anilina.
Os ingredientes e métodos para fazer líquidos
polidores atuais anunciados como não exigindo a fric-
ção são segredos de mercado. Eles são misturas de
ceras duras e suaves, goma laca clarificada, água,

218 Coggshal & Morse


solvente e um agente emulsificante como estearato de
trietanolamina (Pedley, 1952). O odor desagradável,
especialmente do solvente, pode ser mascarado pela
adição de perfumes ou essências. Eles devem ser for-
tes; o óleo de limão é o favorito.

Cera de Abelha 219


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ournal 101: 18- 21. 1961.
Wix, P. Home foundation making. British Bee Journal
96:63, 75. 1968.
At the time we received the page proofs for this book
we also received five new bibliographies on
beeswax by Penelope Walker and published by the
International Bee Research Association, Hill
House, Gerrards Cross, Bucks SL9 ONR, England.
Many of the entries are annotated.
No. 30-Beeswax: Secretion and use by bees. 87
entries, 13 pages. Price L7.00or $12.50.
No. 31-Beeswax: Processing. 93 entries, 10 pages.
Price L7.00 or $12.50.
No. 32-Beeswax: Composition, properties,
adulteration. 147 entries. Price L7.75 or
$14.00.
No. 33-Beeswax: Uses and commercial aspects. 149
entries. Price L7.75 or $14.00.
No. 34-Beeswax: Publications of historical interest.
69 entries. Price L6.00 or $11.00.

230 Coggshal & Morse


Cera de Abelha 231
1122.. A
Appêênnddiicceess

A
Appêênnddiiccee II
Algumas patentes sobre processamento de cera e
produtos.

Inventor(s) Title Number Date

Auer, L. Waxes (polish formulae with beeswax 2,406,336 Aug. 21, 1942

Blanchard, H. C. Honeycomb-foundation Machine 1,328,813 Jan. 27, 1920

Churchill, R. H. Candle Package 3,124,247 Mar. tO, 1964

Churchill, R. H. Candle and Holder Therefor 3,071,952 Jan. 8, 1963

Churchill, R.H. Candle Support Device 2,710,534 June 14, 1955

Churchill, R. H. Candle Burner 2,680,963 June 15, 1954

Churchill, R. H. Candle Follower 2,503,236 Apr. 11, 1950

Colley, O. A. Comb Frame for Beehives 2,344,284 Mar. 14, 1944


Reenforcement for Bee Combs and Comb
Dadant, H. C. 1,674,501 June 19, 1928
Foundations
Dadant, H. C. Reenforcement for Bee Combs 1,412,457 Apr. 11, 1922

Grant, D. Beeswax-Cleaner 1,023,640 Apr. 16, 1912


Hetherington J. Improvement in Artificial Honey Comb
8,962 Nov. 11, 1879
E., Foundations
Purification and Bleaching of Waxes (bees
Hough, A. 1,980,338 Nov. 13, 1934
wax acid bleaching)
Humes, W. B. Cosmetic or Pharmaceutical Product 2,361,477 Oct. 31, 1944

Knorr, F. Honeycomb Foundation Supporting Means 2,064,349 Dec. 15, 1936

Kunkel, V. V. Honeycomb Foundation(metallic base) 1,323,870 Dec. 2, 1919

Loew, S. Continuous Wax Extrusion Apparatus 2,754,543 July 17, 1956

Miller, A. C. Wax-Extractor 905,732 Dec. 1, 1908


Machine for and Method of Embedding
Muth, C. F. 1,849,331 Mar. 15, 1932
Reenforcing Wire in Wax Beehive Foundations
Rau, K. Candlemaking Method and Machine 2,360,275 Oct. 10, 1944

Rau, K. Candle and Fuel Composition for Candles 2,188,795 Jan. 30, 1940
Manufacture of Wax Models for Precision
Roalston, N. 2,635,294 Apr. 21, 1953
Casting
Root, E. R. Reenforced Comb Foundation for Beehives 1,512,861 Oct. 21, 1924

Cera de Abelha 233


Root, H. H. Candle and Method Relating Thereto 2,052,005 Aug. 25, 1936

Root, H. H. Candle and Method of Making Same 1,937,393 Nov. 28, 1933

Root, H. H. Candle and Method Relating Thereto 1,867,420 July 12, 1932
Comb Foundation (3-ply foundation - Mineral
Root, H. H. 1,583,605 May 4, 1926
Wax)
Root, H.H. and K.
Comb Foundation 2,331,231 Oct. 5, 1943
Rau
Smith, E. and A.
Apparatus for Extracting Wax 922,637 May 25, 1909
Waterhouse
Strahan, C. F. Honeycomb and Comb Foundation 1,806,987 May 26, 1931

Swanson, R. G. Polishing Composition 2,614,049 Oct. 14, 1952


Apparatus for Manufacturing Honeycomb
Weed, E. B. 662,682 Nov. 27, 1900
Foundation
Machine for Making Artificial Honeycomb
Weed, E. B. 598,060 Jan. 25, 1898
Foundation
Method of and Apparatus for Making Sheeted
Weed, E. B. 572,588 Dec. 8, 1896
Wax and Artificial Honeycomb Foundations
White, J. W. Decolorizing of Beeswax 3,309,389 Mar. 14, 1967

Wilder, G. H. Wax-Sheeting Machine 1,440,858 Jan. 2, 1923


Improvement in Processes for Bleaching
Yaryan, H. T. 190,995 May 22, 1877
Bees-wax(a solvent process)

234 Coggshal & Morse


A
Appêênnddiiccee IIII
1. ESPECIFICAÇÕES PARA A CERA DE ABELHA PURA GENUÍNA
Março de 1968 - (Transcrito Com permissão)
American Wax Importers and Refiners Ass’n. Inc.
1.1. Escopo:
Estas especificações são para Cera de Abelha
Refinada Amarela e Clarificada Branca. São válidas
também para cera de abelha cru, mas para determinar
sua pureza a cera deve primeiro ser filtrada para
remover todas as impurezas insolúveis e a umidade.
1.2. Composição e Propriedades:
(A) A cera de abelha é uma cera purificada ob-
tida dos favos da abelha, Apis mellifera Linné (Fam.
Apidae). Deve estar livre de misturas com outras
substâncias. Quando examinada através de luz transmi-
tida a 70ºC a cera derretida, filtrada, refinada ou
clareada não deve apresentar névoa e não mais do que
uma quantidade negligenciável de insolúveis precipi-
tados ou material em suspensão.
(B) Propriedades físicas e químicas:
Máximo Mínimo
Ponto de fusão ............... 62ºC 65ºC
Número Ácido ................. 17,0 24,0
Número Ester ................. 72,0 79,0
Número Razão .................. 3,3 4,2
Ponto de Saponificação ........... 65ºC
As especificações acima estão baseadas em pres-
crição do AMERWAX TEST METHODS.

2. AMOSTRAGEM DA CERA E MÉTODOS DE TESTE


A amostragem deve ser feita de forma aleatória
a partir de não menos do que dez porcento das embala-

Cera de Abelha 235


gens originais não violadas do carregamento.
Quando recebida pelo analista, a amostra total
deve ser derretida numa composição. No caso da Cera
de Abelha Crua, uma porção do composto derretido deve
ser filtrada antes de fazer os testes.

3. PONTO DE FUSÃO
3.1. Equipamento
A. Tubo capilar padrão com as extremidades a-
bertas (diâmetro aproximado de 1mm e comprimento de
10cm)
B. Tubo de Ponto de Fusão Thiele Modificado
C. Termômetro – ASTM E1-34C – Certificado para
63ºC.
D. Pequeno bico de Bunsen.

3.2. Procedimento:
Uma amostra de 10 gramas da cera composta, fil-
trada, refinada ou clarificada é derretida numa tige-
la de evaporação até uma temperatura não superior a
75ºC. A ponta do tubo capilar é mergulhada cuidadosa-
mente na cera derretida até a profundidade de aproxi-
madamente 1cm. O tubo é então removido mantendo o
dedo sobre a extremidade aberta do tubo que é limpo
do excesso de cera aderido à sua parte externa. Dei-
xar a cera que está dentro do tubo solidificar e en-
tão colocar o tubo no tubo de teste e o manter em
contato com gelo por pelo menos duas horas ou deixar
o tubo capilar ficar na temperatura do ambiente por
12 horas. Usando uma fita adesiva prender o tubo de
ponto de fusão ao termômetro tendo certeza que a cera
fique ao longo do bulbo do termômetro. O termômetro e
o capilar são então mergulhados 51 mm no Tubo de Pon-
to de Fusão Thiele modificado contendo água recente-
mente fervida. O pequeno bico de Bunsen é usado para
aquecer a água permitindo que a temperatura suba na

236 Coggshal & Morse


taxa de 3ºC por minuto. A temperatura na qual a cera
sobe no capilar é tida como o Ponto de Fusão

4. NÚMERO ÁCIDO E NÚMERO ESTER


4.1. Equipamento
A. 2 Frascos de 250ml de vidro resistente a
cáusticos
B. 2 Condensadores de refluxo
C. 2 Bico de Bunsen.

4.2. Reagentes
Hidróxido de potássio metanólico N/2
Ácido clorídrico aquoso N/2
Isopropanol e Tolueno neutralisado 5:4 A.R.

4.3. Procedimento:
Pesar aproximadamente 3 gramas da amostra com-
posta de cera com a precisão de ±1mg e transferir
para um frasco de 250 ml feito de vidro resistente a
cáusticos. Addicionar 50ml do Isopropanol e Tolueno
neutralisado 5:4 e 5 gotas da solução teste de Fe-
nolftaleína e dissolver sob o condensador de refluxo.
Quando completamente dissolvido titular com a Hidró-
xido de potássio metanólico N/2 até atingir a cor
rosa permanente, que não desaparecerá depois de fer-
vura lenta da mistura durante meio minuto.

4.4. Calculo do Número ácido:


Número Ácido = (A * N * 56,1) / C
Onde:
A – mililitros da solução alcalina necessários
para a titulação da amostra.

Cera de Abelha 237


N – normalidade da solução alcalina.
C – gramas usadas da amostra.

Adicionar exatamente 15,0ml do Hidróxido de po-


tássio metanólico N/2 à solução resultante da deter-
minação do Número Ácido.
Para o teste em branco colocar no frasco de
250ml (vidro resistente a cáusticos) 50ml do Isopro-
panol e Tolueno neutralisado 5:4, exatamente 15,0ml
Hidróxido de potássio metanólico N/2 e 5 gotas da
solução teste de Fenolftaleína.
Refluxar a mistura e o teste em branco por 4
horas e titular o excesso de álcali com o Ácido clo-
rídrico aquoso N/2 até a coloração avermelhada desa-
parecer. Em seguida ferver vigorosamente ambas as
misturas por vários minutos para ter certeza que a
coloração avermelhada não reaparece.
4.5. Calculo do Número Ester:
Número Ester = ((B – A) * N * 56,1) / C
Onde:
A – mililitros da solução de Ácido Clorídrico
necessários para a titulação da amostra.
B – mililitros da solução de Ácido Clorídrico
necessários para a titulação do teste em branco.
N – normalidade da solução de Ácido Clorídrico.
C – gramas usadas da amostra.

4.6. Número Éster/Ácido


O Número Éster/Ácido é calculado dividindo o
Número Ester pelo Número Ácido.

5. PONTO DE SAPONIFICAÇÃO.
5.1. Equipamento:

238 Coggshal & Morse


A – frasco Kjeldahl de 100ml
B - Condensador de refluxo
C - Termômetro – ASTM E1-34C – Certificado para
63ºC.
5.2. Procedimento:
Colocar 3 gramas de cera no frasco Kjeldahl de
100ml e adicionar 30ml de uma solução etanólica de
hidróxido de potássio (para a preparação da solução
de KOH seguir o método descrito abaixo). Conectar o
frasco ao condensador de refluxo e ferver levemente
por 2 horas. Ao final deste período desconectar o
condensador de refluxo, colocar o frasco num banho de
água a 80ºC e inserir o termômetro (ASTM denominado
E1-34C) na solução. Rodar o frasco no banho enquanto
esfria e observar a diminuição da temperatura. A tem-
peratura em que aparece a formação de nuvens ou de
glóbulos na solução é o Ponto de Saponificação. Para
uma observação mais acurada do ponto de névoa, colo-
car um cartão impresso com letras pretas de 1/4” de
altura em baixo do frasco enquanto ele esfria. A tem-
peratura da solução quando a impressão observada a-
través do frasco se tornar nebulosa, é para ser con-
siderada como o Ponto de Saponificação.

6. PREPARAÇÃO DA SOLUÇÃO ETANÓLICA DE HIDRÓXIDO


DE POTÁSSIO.
Pesar, rapidamente, aproximadamente 35 gramas
de hidróxido de potássio peletizado (pureza de rea-
gente) e transferir imediatamente para uma garrafa
que contenha 1 litro de álcool etílico puro, 94,9% em
volume, sem aldeído. Agitar a garrafa ocasionalmente
até que as pastilhas de KOH se dissolvam. Deixar re-
pousar por 24 horas, decantar ou filtrar rapidamente
para remover os carbonatos que se formaram. A colora-
ção amarela ou marron da solução indica a presença de
aldeídos. Estes podem ser removidos pelo seguinte
procedimento: adicionar 5 gramas de placas de alumí-
nio à solução etanólica de hidróxido de potássio e
refluxar por 30 a 60 minutos. Destilar e coletar o

Cera de Abelha 239


álcool depois de descartar os primeiros 50ml. Prepa-
rar uma nova solução etanólica de hidróxido de potás-
sio como descrito acima.

240 Coggshal & Morse


O modelo da capa, originário do Nepal, foi
esculpido em cera de abelha, primeiro passo
para o processo de cera perdida. A figura
de cera é depois pintada com argila e cozida.
Quando a argila é aquecida, a cera é “perdi-
da”, escoando pelos orifícios feitos na argila
com tal finalidade. Finalmente, o metal fun-
dido é derramado dentro do modelo de ce-
râmica, que é quebrado depois que o metal
esfriou. Muitas das mais famosas figuras em
bronze, ouro e outros metais foram feitas
desta forma por milhares de anos.

Cera de Abelha 241

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