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A CCE
ERRA
ADDA
AAAB
BEELLH
HAA
Tradução
C. A. Osowski
A Cera da Abelha 1
BEESWAX
Produção, Colheita, Processamento e Produtos
por
William L. Coggshall
e
Roger A. Morse
CERA DE ABELHA
Tradução de Carlos Alberto Osowski
Revisão ortográfica B. Hackbarth
A Cera da Abelha 3
The perfume of beeswax
Give me some wax that bees have made
and I will offer you in trade
a candle that is aromatic –
pure, unique, and charismatic.
Grant D. Morse
A Cera da Abelha 5
Reconhecimentos
Muitas pessoas contribuiram com ideias e traba-
lharam para melhorar este livro. Somos gratos especi-
almente ao Dr. A. P. Tulloch do Canadian Nacional
Research Council cujas publicações em muito contribu-
iram para o nosso conhecimento sobre o assunto; ele
leu o texto e como resultado ficou muito melhor. Stu-
art Root, da A. I. Root Company, fez muitas sugestões
especialmente no que se refere à produção de vel e a
foarma como a vela queima; nós lhe somos gratos e
fizemos várias mudanças após suas notas. Jonh Root e
Mark Bruner, também, da A. I. Root Company fizeram
muitas sugestões pelo que lhes somos gratos. O Dr.
Grant D. Morse auxiliou na edição e recomendou mudan-
ças que tornaram o texto de fácil leitura. Beth Fren-
ch editou e digitou o manuscrito final e ela fou de
grande ajuda como já o foi muitas vezes no passado.
Somo também gratos a muitos estudantes de graduação
que leram e contribuiram com partes do manuscrito.
Somos também gratos pelas contribuições na leitura
das provas, revisões e por auxiliar na busca de mate-
riais utilizados nas ilustrações feitas pelas nossas
respectivas esposas.
W. L. C. e R. A. M.
A Cera da Abelha 7
Índice
1. Cera de Abelha............................................................................................................. 15
1.1. Ceras Naturais................................................................................................................16
1.1.1. Cera de insetos ......................................................................................................16
1.1.2. Cera de outros animais.........................................................................................18
1.1.3. Ceras de plantas....................................................................................................18
1.1.4. Outras ceras ......................................................................................................... 20
1.2. Ceras Sintéticas ............................................................................................................21
1.3. Cera de Abelha: Propriedades Físicas...................................................................... 22
1.3.1. Flor de cera........................................................................................................... 25
1.4. Cera de Abelha: Propriedades Químicas.................................................................. 26
1.5. Especificações para a Cera da Abelha ......................................................................31
1.5.1. Farmacopéia .......................................................................................................... 32
1.5.2. Outras farmacopéias .......................................................................................... 33
1.5.3. The National Formulary ..................................................................................... 33
1.5.4. The United States Dispensatory ..................................................................... 33
1.5.5. Associação Americana dos Refinadores e Importadores de Cera de
Abelha .............................................................................................................................. 34
1.5.6. General Services Administration ..................................................................... 34
1.5.7. Food Chemical Codex .......................................................................................... 35
1.5.8. The Cosmetic, Toiletry and Fragrance Association ..................................... 36
1.5.9. Outras referências ............................................................................................. 37
1.6. Secreção da Cera da Abelha ...................................................................................... 37
1.7. Construção do Favo pela Abelha................................................................................ 43
1.7.1. Variação no tamanho do alvéolo..........................................................................51
1.7.2. Efeito da idade do favo na cor do mel ............................................................ 55
1.7.3. Orientação dos alvéolos ..................................................................................... 56
1.8. Alterações na Cera de Abelha Depois da Secreção .............................................. 57
2. Classificação e Economia..........................................................................................63
2.1. Classificação da Cera de Abelha ............................................................................... 63
2.1.1. Efeito do país de origem .................................................................................... 64
2.2. Economia da Cera de Abelha...................................................................................... 66
3. Colhendo a Cera de Abelha......................................................................................75
3.1. Coleta e Armazenamento dos Opérculos e Cera Refugada .................................. 76
3.2. Avaria da Cera de Abelha na Colheita e Armazenamento.................................... 77
3.2.1. Metais.................................................................................................................... 77
3.2.2. Fermentação ........................................................................................................ 77
3.2.3. Avaria pelo calor ................................................................................................. 78
3.2.4. Ácidos ................................................................................................................... 78
Cera de Abelha 9
3.2.5. Traça da cera e outros insetos nocivos.......................................................... 79
3.3. Métodos de Recuperação ........................................................................................... 80
3.3.1. Derretedor solar de cera .................................................................................. 80
3.3.2. Caixa de vapor ..................................................................................................... 82
3.3.3. Prensa.................................................................................................................... 83
3.3.4. Centrífugas .......................................................................................................... 83
3.3.5. Lavagem: solventes e outras separações ....................................................... 84
3.4. Emulsões, um Problema na Recuperação.................................................................. 85
4. Preparação Comercial da Cera de Abelha para o Mercado ............................87
4.1. Clarificação .................................................................................................................... 87
4.1.1. Lavagem, mistura e decantação......................................................................... 88
4.1.2. Ácidos e agentes quelantes............................................................................... 88
4.1.3. Centrifugação....................................................................................................... 90
4.2. Remoção da Água...........................................................................................................91
4.3. Qualidade, Fonte e Branqueamento ......................................................................... 92
4.4. Filtração e Filtro Branqueador.................................................................................. 93
4.4.1. Efeito desejado na cera..................................................................................... 94
4.4.2. Vazão de produção desejada ............................................................................ 94
4.4.3. Natureza dos sólidos a serem removidos ...................................................... 94
4.4.4. Tipos de filtro-prensa ....................................................................................... 95
4.4.5. Meio ou material base do filtro ....................................................................... 96
4.4.6. Resistência da torta ao fluxo........................................................................... 96
4.4.7. Fonte de pressão ................................................................................................ 98
4.4.8. Preparação da cera............................................................................................. 99
4.4.9. Procedimento de filtração ............................................................................... 101
4.4.10. Recuperar a cera da torta de filtração...................................................... 103
4.5. Branqueamento Solar ................................................................................................ 104
4.6. Branqueamento Químico ........................................................................................... 106
4.7. Guarda e Acondicionamento da Cera Filtrada e Branqueada ............................ 107
5. Testando a Cera de Abelha .................................................................................... 111
5.1. Testes Químicos .......................................................................................................... 113
5.1.1. Número éster....................................................................................................... 113
5.1.2. Número ácido ...................................................................................................... 113
5.1.3. Relação éster/ácido ........................................................................................... 114
5.1.4. Ponto de saponificação ...................................................................................... 114
5.1.5. Porcentagem de hidrocarbonetos ................................................................... 114
5.1.6. Análise cromatográfica..................................................................................... 115
5.1.7. Número de Iodo.................................................................................................. 115
5.1.8. Número de Saponificação ................................................................................. 116
5.1.9. Ponto de congelamento da fração de hidrocarbonetos............................... 116
5.1.10. Outros................................................................................................................. 116
5.2. Testes Físicos.............................................................................................................. 116
5.2.1. Cor ......................................................................................................................... 117
Cera de Abelha 11
7.5.9. Coloração ............................................................................................................ 176
7.6. Mistura de Outras Ceras com Cera de Abelha para a Produção de velas ...... 179
7.7. Visão Industrial e Tendências................................................................................. 183
8. A Cera de Abelha na Arte e na Indústria.........................................................185
8.1. O Processo da Cera Perdida ..................................................................................... 185
8.2. Batik ............................................................................................................................. 187
8.3. Pintura Encáustica ..................................................................................................... 189
8.4. Figuras de Cera ........................................................................................................... 191
8.5. Cera na Enxertia ........................................................................................................ 193
8.6. Selo de Cera................................................................................................................ 194
8.7. Cera nos Cosméticos.................................................................................................. 194
9. Exposição e Julgamento da Cera de Abelha e Seus Produtos ....................201
9.1. Modelagem do Bloco de Cera....................................................................................202
9.2. Produtos de Cera de Abelha ....................................................................................203
9.3. Julgando a Cera de Abelha e Seus Produtos........................................................204
9.3.1. Cor ........................................................................................................................205
9.3.2. Limpeza ...............................................................................................................205
9.3.3. Uniformidade na aparência .............................................................................206
9.3.4. Contração e fissuras ........................................................................................206
10. Produtos Caseiros.................................................................................................. 207
10.1. Velas ............................................................................................................................209
10.1.1. Velas de mergulho ............................................................................................. 211
10.1.2. Velas enroladas de cera de abelha............................................................... 214
10.1.3. Velas moldadas ................................................................................................. 214
10.2. Polidores para Carro, Piso e Móveis...................................................................... 217
11. Referências ...............................................................................................................221
12. Apêndices................................................................................................................. 233
Cera de Abelha 13
água e quando essa água atinge a temperatura de ebu-
lição a cera espuma de forma repentina e aumenta
grandemente o seu volume. A água em ebulição que
transbordar do container pode apagar as chamas, mas
pode ocorrer também que os respingos de cera venham a
pegar fogo.
Entretanto, a chama de gás dirigida contra a
lateral vertical de um bloco de cera de abelha não
provocará a ignição da cera, a cera derretida fluirá
bloco abaixo e para longe da chama. Por que é assim?
Porque, embora a cera de abelha seja combustível,
para queimar ela precisa estar em temperatura alta. A
temperatura de ignição da cera de abelha varia de 490
a 525ºF (254 a 274ºC) e nesta temperatura ela incen-
deia e queima violentamente. Assim, a cera de abelha
nunca deve ser aquecida a temperaturas muito eleva-
das. A melhor forma para derreter a cera de abelha é
o vapor, cujo procedimento é descrito no texto.
Não podemos nos responsabilizar por afirmações
ou suposições feitas neste livro em relação a proces-
sos físicos, químicos ou mecânicos, ou qualquer outra
possibilidade de manuseio da cera de abelha ou de
outras ceras. Alguns produtos químicos mencionados
são extremamente perigosos nas mãos de pessoas inex-
perientes ou não treinadas. Qualquer pessoa é vulne-
rável a produtos químicos, equipamentos mecânicos ou
elétricos, com ou sem equipamento de proteção indivi-
dual.
1
Atualmente são conhecidas as espécies: Apis laboriosa, Apis koschevnikov, Apis
nululensis, Apis andreniformis, Apis andreniformis (Nota do Tradutor)
Cera de Abelha 15
foi transportada para todos os outros continentes.
Ela foi a abelha do comércio e a fonte primária de
cera de abelha. As abelhas da África, diz-se, são
cerca de dez por cento menores do que as da Europa
embora exista variação de tamanho entre as abelhas
Européias. Elas são da mesma espécie e cruzam livre-
mente. Muita cera vem da África, e segundo Tulloch
(comunicação pessoal), a cera da África é apenas le-
vemente diferente, mas, supõe-se que tenha os mesmos
resultados analíticos. As outras três espécies de
abelhas são da Ásia e não se deixam manejar, tão fa-
cilmente, pelo homem. São elas: a Apis florea (a me-
nor das quatro), a Apis cerana (um pouco maior) e a
Apis dorsata (a maior). As duas últimas espécies são
mais importantes do que a primeira para a produção de
cera. Exceto onde indicado, nosso interesse neste
livro é a cera produzida pela Apis mellifera.
(b) - Cochonilhas
Algumas cochonilhas caracteristicamente secre-
tam e vivem sob uma camada protetora de material. A
Tachardia lacca produz um verniz que contém cerca de
cinco por cento de cera que pode ser recuperada du-
rante o refino do verniz. O Coccus ceriferus (ou pe-
la) e o Brahmea japonica são comercialmente colocados
nos galhos da chinese ash (Fraxinus chinensis), onde
eles produzem sua camada de proteção; esta cera, cha-
mada cera do inseto chinês, é recuperada manualmente,
refinada e, ao que tudo indica, seu uso ocorre prin-
cipalmente nos países de origem.
Não existe outra cera de inseto que seja colhi-
da ou negociada comercialmente.
2
A palavra “abelha” é reservada para identificar indivíduo da espécie Apis mellifera.
Por vezes, para diferenciar dos outros insetos que também são abelhas no verdadeiro
sentido da palavra (inseto que recolhe néctar, transforma em mel e armazena em
favo), é usada a expressão “abelha doméstica” para identificar o mesmo indivíduo.
(Nota do tradutor).
Cera de Abelha 17
1.1.2. Cera de outros animais
O espermacete, gordura animal mais conhecida, é
recuperada principalmente do óleo existente na cápsu-
la da cabeça do cachalote, Physeter macrocephalus e,
em menor quantidade, do óleo de baleia. A cera esper-
macete é usada extensamente em cosméticos. A esperma-
cete e a cera de abelha são algumas vezes combinadas
em produtos farmacêuticos e cosméticos.
Ambergris é um material oleoso semelhante à ce-
ra, aparentemente secretado por ou pelo menos acumu-
lado nos intestinos dos cachalotes, onde é por vezes
encontrado. Os cachalotes ao comerem a lula ou o cho-
co3 ficam com o intestino irritado pelos horny beaks
destes moluscos, o que provoca a secreção da substân-
cia gordurosa. O ambergris é também expelido (regur-
gitado) pelo cachalote e foi encontrado nos mares
tropicais, ali é que ele foi descoberto antes da épo-
ca de caça à baleia. Seu maior uso é como fixador em
perfumes de alto padrão, e a sua alta qualidade (pon-
to de fusão 181ºF, 82.5ºC) confere-lhe um preço ex-
cessivamente elevado.
Hoje, existem muito menos baleias do que em
tempos passados. Isto trouxe preocupação em nível
mundial, levando muitos países a firmarem um pacto de
não matança desses grandes animais, acordo que os
Estados Unidos dentre outros assinaram e ao qual
aderiram. Em conseqüência, sobrevieram mudanças e
muitos produtos oriundos da baleia não existem
mais.Alguns outros óleos parecidos com cera de origem
animal podem ser hidrogenados ao estado sólido e de-
pois ficam com características semelhantes à cera.
3
Choco: molusco semelhante à lula que tem 10 tentáculos. Em inglês “cuttlefish”.
(Nota do tradutor).
(c) - Carnaúba
A cera de carnaúba é produzida pela Copernicia
cerifera, palma nativa do Brasil. É muito usada em
polimento por causa da sua dureza e alto ponto de
fusão (181 a 185ºF, 83 a 85ºC), tendo sido utilizada,
durante muitos anos, para reforçar a cera laminada.
As palmas são cortadas da planta duas vezes por ano e
deixadas secar, depois do que a cera pode ser obtida
por espancamento. Uma árvore produz apenas quatro a
sete libras de cera por ano, sendo exigido trabalho
intenso para a produção dessa cera, o que resulta em
elevação do preço do produto. Assim, inobstante suas
desejáveis qualidades, a cera de carnaúba natural
pode um dia desaparecer do mercado.
(d) - Ouricuri
Esta cera é também produzida por uma palmeira,
Attalea excelsa, existente ao longo do rio Amazonas.
Da mesma forma que a cera de carnaúba, a ouricuri
pode ser produzida em quantidade.
(e) - Cauassu
De modo semelhante à cera de carnaúba, esta é
produzida pela Calathea lútea, existente ao longo dos
afluentes do rio Amazonas. Knaggs (1947) relata que
ela tem praticamente o mesmo ponto de fusão da cera
de carnaúba. Dura e quebradiça, é considerada uma boa
substituta para a cera de carnaúba.
(f) - Candelila
Cera de Abelha 19
Produzida pela Euphorbia cerifera e outras es-
pécies como também pelas plantas do gênero Pedilan-
thus, arbusto este que cresce ao natural no sul do
Texas e no México. Esta cera, de bronzeado claro
quando refinada, é misturada com outras ceras para
polidores.
(g) - Esparto
Cera produzida a partir de várias gramíneas na
Espanha e no Norte da África. Esparto needlegrass,
Stipa tenacissima, produz uma cera que é usada na
indústria de papel carbono. Esparto grasses já foi
utilizada para a fabricação de papel e por essa uti-
lização é que a cera foi descoberta. Ela é dura, ri-
ja, com ponto de fusão entre 156 a 178ºF (69 a 81ºC),
sendo que, em certa época, chegou a ser produzida,
anualmente, na quantidade de cerca de meio milhão de
libras.
(h) - Bayberry4
Cera encontrada na superfície dos frutos da
Myrica cerifera e Myrica carolinensis, assim como de
outras frutas, a Bayberry é recuperada fervendo os
frutos em água e escumando a superfície. Esses arbus-
tos existem ao longo da costa oriental dos Estados
Unidos, mas devido ao alto custo da recuperação da
cera nesses locais, a cera bayberry é agora importada
da Colômbia, onde ela é recuperada da Myrica arguta.
É macia, de material semelhante à cera, lembra o
sebo e tem ponto de fusão em torno de 113ºF (45ºC).
4
Segundo o dicionário Michaelis “bayberry” é “bago do loureiro”. (Nota do tradutor).
(b) - Petróleo
As ceras do petróleo são as de maior produção,
obtidas como produto secundário da indústria petrolí-
fera. Existem muitos processos de refino do petróleo
e de recuperação de ceras, sendo que o tipo e a
quantidade de cera podem ser controlados pelas refi-
narias. Como o petróleo varia na composição, assim
também ocorre com as ceras, dependendo da fonte do
petróleo. São produzidas ceras com muitas caracterís-
ticas diferentes, especialmente no que se refere ao
ponto de fusão, e de acordo com a necessidade da in-
dústria.
Cera de Abelha 21
mais disponíveis. Nosso interesse especial é pelo
Santowax P (para isômero), material branco, cristali-
no, com ponto de fusão de cerca de 414ºF (212ºC).
Quando meio por cento de Santowax P é misturado vigo-
rosamente com cera de abelha quase preta, quente e
filtrada, o resultado é notável. Assim que as partí-
culas se dispersam na cera de abelha elas cintilam,
dando à cera de abelha a aparência de cintilante. Ao
resfriar, a cera de abelha preta se torna opaca e
muitas vezes branca. Misturas de cera de abelha e
cera microcristalina são também clarificadas pelo
Santowax P.
5
Entendo que o autor quer dizer: “resfriando a cera de 50ºF acima do ponto de fu-
são” isto é de 147 + 50 = 197ºF para 77ºF a cera de abelha reduz aproximadamente 10
por cento no volume. Ou em graus centígrados: de 64 + 27 = 91ºC para 25ºC. A dife-
rença de 50ºF equivale uma diferença de 27ºF. (Nota do Tradutor).
Cera de Abelha 23
sendo amorfa, isto é, de forma não cristalina. No
entanto, é também registrado que durante o resfria-
mento lento da cera de abelha fundida formam-se vá-
rios pontos opacos eqüidistantes a partir dos quais
começa a cristalização. A superfície da cera mostra
cristais bem definidos que têm a forma dos alvéolos
do favo. Essa formação cristalina foi demonstrada com
a utilização de solventes. Assim, em condições expe-
rimentais, quando a cera de abelha cristaliza em
solvente, geralmente é possível ver, além dos corpos
amorfos, dois tipos de cristais: ou agulhas individu-
ais finas e longas, algumas vezes partindo de um cen-
tro comum, ou agulhas finas muito pequenas num arran-
jo esférico ou de onda. Uma microfotografia da super-
fície de um filme muito fino de cera de abelha líqui-
da sobre uma lâmina de laboratório aquecida, depois
de resfriada, mostra o efeito do resfriamento lento
sem solventes e os cristais resultantes.
A maioria das ceras retrai uniformemente ao es-
friar. A cera sólida aquecida expande da mesma forma.
De acordo com Warth (1956), “A curva que mostra a
expansão contra a temperatura apresenta uma irregula-
ridade que é mais pronunciada no ponto de fusão”. A
cera de abelha retrai 9,6 por cento quando passa de
líquido para sólido, diz Warth, o que é menos do que
para a parafina. Algumas ceras mostram uma variação
maior. A cera de Ouricuri, por exemplo, retrai 17 por
cento ao solidificar.
As propriedades físicas, geralmente usadas para
caracterizar a cera de abelha, são: ponto de fusão,
ponto de solidificação, densidade e índice de refra-
ção. Propriedades menos comuns são: viscosidade, cor,
ponto de amolecimento, refratividade molecular e es-
paçamento cristalino por raio-X. Outras característi-
cas da cera de abelha sólida incluem tensão superfi-
cial, dureza, consistência e flexibilidade.
A cera de abelha é um material estável. Verifi-
cou-se, em amostras com milhares de anos, pouquíssima
deterioração, sendo quase idênticas às produzidas
hoje (Crane, 1983).
Cera de Abelha 25
um tecido suave ou aquecendo a superfície. A exudação
da florescência é lenta e contínua; depois de ser
removida a florescência torna a aparecer novamente.
Algumas pessoas gostam da aparência exótica que a
florescência confere às velas e guardam suas velas de
cera de abelha para cultivar o desenvolvimento das
flores de cera. A florescência não tem efeito preju-
dicial quando a vela queima.
Alguns tipos de pa-
rafinas também produzem
esta florescência, a
qual, assim como em cera
de abelha, é provocada
pela lenta fusão de pon-
tos que migram para a
superfície. A parafina
pode ser alterada para
reduzir a florescência,
mas a cera de abelha não.
A formação de florescên-
cia na cera de abelha
será diminuída pelo res-
friamento mais rápido. A
cera de abelha despejada
em formas e deixada res-
friar lentamente até a
temperatura ambiente a-
presenta florescência
dentro de alguns meses,
enquanto cera extrudada
que é forçada a esfriar
rapidamente pode levar um
ano e meio para apresentar florescência.
Cera de Abelha 27
veis às análises da cera de abelha trouxeram alguns
fatos novos sobre a composição da cera de abelha. Por
volta de 1940, a cromatografia foi usada para estudar
os contaminantes coloridos da cera de abelha, and six
pigment zones in propolis were established (e foram
reconhecidas seis zonas de pigmentos de própolis).
Somente na década de 1960 é que procedimentos moder-
nos como cromatografia gás-líquido (GLC), thin layer
chromatography (TLC), cromatografia de coluna e es-
pectrometria de massa (MS) foram aplicados à cera de
abelha. Empregando estas e outras técnicas modernas
um bom número de pesquisadores, em trabalhos indepen-
dentes e geograficamente separados, estabeleceu com
precisão a composição da cera de abelha, o que elimi-
nou grande parte da confusão que perdura há muitos
anos sobre o assunto. A cera de abelha consiste de
mais de 300 componentes individuais, sendo que, dos
componentes voláteis, mais de 100 foram detectados,
mas somente 41 identificados. O agradável aroma (para
a maioria das pessoas) da cera de abelha resulta da
combinação de pelo menos 48 componentes. É duvidoso
que se possa produzir a cera de abelha sintética,
ainda que as glândulas da abelha pareçam ser muito
simples.
A tabela 1, retirada de um trabalho de Tulloch
(1980), cita muitas referências úteis.
Tabela 1 - Composição da cera de abelha
Número de componentes na
fração
Constituintes da fra- percentagem Maior Menor
ção *
Hidrocarbonetos 14 10 66
Mono- ésteres 35 10 10
di-ésteres 14 6 24
Tri-ésteres 3 5 20
Hidroxi monoésteres 4 6 20
Hidroxi poliésteres 8 5 20
Ésteres ácidos 1 7 20
Poliésteres ácidos 2 5 20
Ácidos livres 12 8 10
Álcoois livres 1 5 ?
Cera de Abelha 29
vavelmente, a razão principal da plasticidade e do
relativamente baixo ponto de fusão. Outros fatores
que contribuem para as propriedades são a presença de
compostos hidroxi com o grupo hidroxil no penúltimo
antes que no último carbono, a presença de significa-
tiva percentagem de derivados insaturados do ácido
oléico, bem como a presença de misturas de racêmico e
compostos oticamente ativos. Todos estes fatores jun-
tos podem baixar o ponto de fusão para 10 a 20ºC”.
Cera de Abelha 31
tecnológico e métodos de análises. Algumas, notada-
mente as farmacopéias, parece que dão pouca atenção à
cera de abelha, talvez por que pouco dela é usado na
indústria de cosméticos hoje em dia.
1.5.1. Farmacopéia
The United States Pharmacopeia é reconhecida
oficialmente pelo governo como uma fonte de informa-
ção de drogas, ingredientes farmacêuticos, reagentes
e materiais assemelhados; ela é revisada a cada cinco
anos. Suplementos à Pharmacopeia são publicados peri-
odicamente. A Pharmacopeia é preparada sob a direção
do U. S. Pharmacopeial Convention que foi criada por
médicos em 1817. Farmacêuticos, tanto do setor indus-
trial como do não industrial, juntaram-se ao grupo
desde então.
A informação sobre a cera de abelha na última
edição do U. S. Pharmacopeia (1980) e no National
Formulary (veja abaixo para mais informações do Nati-
onal Formulary) é mais breve e sua definição de cera
branca é, essencialmente, sem uso. Assim mesmo o ín-
dice é confuso para o leitor, pois a informação sobre
cera de abelha está sob o título “cera branca” e não
sob cera de abelha. Ele reza: “A Cera Branca é um
produto do resultante do branqueamento e purificação
da cera amarela que é obtida do favo da abelha [Apis
mellifera Linne (Fam. Apidae)] e que atende à especi-
ficação do teste de saponification cloud.” A defini-
ção de Cera Amarela não traz mais esclarecimentos,
afirma simplesmente que ela é “a cera do favo da abe-
lha purificada”.
Edições da Pharmacopeia de algumas décadas a-
trás são mais esclarecedoras e dividem a cera de abe-
lha em duas categorias – cera branca (cera alba) e
cera amarela (cera flava) – termos que ainda são usa-
dos ocasionalmente. Edições anteriores, inadequadas
para os dias de hoje, fornecem mais informações sobre
a cor, ponto de fusão, densidade, solubilidade, etc.
A maior diferença entre cera alba e cera flava é,
obviamente, a cor, no entanto em nenhum lugar na edi-
Cera de Abelha 33
foi escrita especialmente para os farmacêuticos e
outros profissionais da saúde. Ela contém uma descri-
ção da cera branca e amarela semelhante à encontrada
no U. S. Pharmacopeia. De modo análogo, edições ante-
riores do Dispensatory (segundo vários autores) con-
tém muito mais informação sobre cera de abelha, seus
contaminantes, modo como é branqueada e métodos de
análises. Naturalmente, algumas das últimas informa-
ções são desatualizadas.
Cera de Abelha 35
especificações preparadas pelo Associação Americana
dos Refinadores e Importadores de Cera de Abelha,
mas, adicionalmente, ela também recomenda testes para
arsênico (por razões não explicadas), cera de carnaú-
ba, cera Japonesa, gorduras, resinas e sabões, indi-
cando que o primeiro objetivo é detectar adulteração
por estas substâncias. Ele também afirma que o uso
funcional da cera de abelha em alimentos é como “co-
bertura de doce e polimento, propósitos gerais e di-
versos, agente flavorizante,” uma lista que sugere
que os compiladores do Codex não tinham, obviamente,
muita familiaridade com a cera de abelha.
Cera de Abelha 37
1792, John Hunter escreveu que a cera de abelha era
uma secreção oleosa, e, no ano seguinte, François
Huber mostrou que a secreção se tornava possível para
as abelhas alimentadas com mel. Por volta da década
de 1890 e início da década de 1900 começamos a apren-
der mais sobre os órgãos internos que secretam a ce-
ra.
Antes de 1900, concluiu-se que as escamas de
cera eram formadas na parte anterior de cada uma das
últimas quatro placas externas normais (segmentos IV
a VII) do abdômen da operária; eram quatro placas de
cera (ou escamas se você preferir) em cada segmento,
ou um total de oito.
Cera de Abelha 39
Pode ser assumido, a partir de sua acumulação como
camada líquida nas placas externas de cera, que as
reações finais que resultam no endurecimento da cera
ocorrem depois da secreção. Podemos concluir a partir
da estrutura multilaminar (laminada) das escamas de
cera que a secreção é intermitente, e a ilustração
confirma esta suposição. Estudos recentes com micros-
copia eletrônica de Dietz e Humphreys (1972)também
confirmam esta conclusão. Outros estudos detalhados
das glândulas de cera, anteriores à microscopia ele-
trônica, foram relatados por Rosch em 1927 e 1930.
Ele observou abelhas marcadas, de idade conhecida,
tomando parte na secreção de cera e construção de
favos, e assim, tendo observado histologicamente mais
de 700 abelhas (cerca de 60.000 seções), concluiu que
as glândulas de cera são diferentes no estágio pupal
to distinctly cubical cells. Demonstrou que abelhas
muito jovens podem produzir cera, aumentando em muito
o tamanho da célula glandular de cera, e continuam a
produzir até a idade de 17 dias, depois do que inicia
a degeneração glandular. Abelhas velhas são capazes
de retomar a produção de cera, mas com glândulas e
produção pequenas. Turell (1072) relata uma investi-
gação dos fatores que influenciam o desenvolvimento
das glândulas de cera e fornece muitos dados mostran-
do o porte das glândulas de cera de abelhas de dife-
rentes idades no início do verão, final do verão e
outono, sob diversos graus de estimulação com vistas
à produção de cera. Ele constatou que os dois fatores
mais importantes para as glândulas de cera atingirem
seu tamanho são a idade e a quantidade de alimento no
estômago da abelha. O stress (estímulo) para produzir
cera aparece a partir do estômago cheio e falta de
favo nos quais armazenar o conteúdo do estômago.
Cera de Abelha 41
... as glândulas no desenvolvimento máximo ...
... e
glândulas degeneradas Fotos de Michael J. Turell.
Cera de Abelha 43
mais visível com escamas espessas. Escamas caídas
mostram seguidamente marcas de raspagem, enquanto
outras parecem ter caído acidentalmente de suas bol-
sas; estas são gradualmente apanhadas e usadas. Nem
todas as escamas são removidas prontamente. Algumas
abelhas produzem todas as escamas extremamente espes-
sas e outras escamas finas, enquanto outras podem
produzir escamas com a espessura variando em algumas
bolsas e sem variação em outras.
Cera de Abelha 45
de glândulas, raramente encontrar-se-á uma com todas as oito escamas igual-
mente desenvolvidas.
Cera de Abelha 47
arredondar as cúpulas hemisféricas, levemente em con-
trabalanço frente a frente. Assim que as bases dos
dois primeiros alvéolos são delineados, outras abe-
lhas se juntam formando bases de alvéolos adjacentes
de cada lado da nervura. Assim que elas continuam a
tomar forma as bases são achatadas para formar uma
pirâmide invertida de três faces, e as paredes do
alvéolo, inicialmente cilíndrico, se tornam hexago-
nais. Assim que bases e paredes adicionais são forma-
das, muitas outras abelhas tomam parte ativa e o favo
cresce para baixo e lateralmente. Assim que o favo se
torna semielíptico na forma, a velocidade de cresci-
mento para baixo é maior do que o crescimento late-
ral.
Um grande enxame pode iniciar um favo e depois
um, dois ou mais de cada lado e paralelo ao primeiro,
mas com o primeiro sendo sempre maior do que os de-
mais. Com um suprimento constante de néctar os favos
crescem de acordo a providenciar espaço para o desen-
volvimento da cria e armazenamento do mel.
As pernas, mandíbulas e maxilas tomam parte a-
tiva na construção; as antenas parecem se manter em
movimento constante, contatando freqüentemente a cera
assim que ela é trabalhada no local. As maxilas aju-
dam a segurar a cera mascada quando inicia a sua de-
posição.
O anel externo do alvéolo em construção perma-
nece espesso e para isto as abelhas construtoras a-
crescentam pedaços de cera mastigada. Pela ação das
mandíbulas a parte interna da parede é mantida fina e
estendida enquanto o anel é mantido espesso. Os peda-
ços de cera removidos das partes internas das áreas
espessas são adicionados ao anel espesso. A repetição
desta rotina resulta na extensão da parede do alvéolo
para fora mantendo o anel espesso.
As mandíbulas são altamente especializadas para
a construção dos favos (e para outras tarefas não
associadas com a manipulação da cera). Elas podem ser
movidas juntas de forma que as duas pontas afiladas
ao contatarem cortam as peças de cera. Quando super-
Cera de Abelha 49
pretos do que nos favos novos, indicando que material
novo é usado quando a cria é operculada em favo novo.
Esta cor mais clara é muito visível quando um enxame
constrói novos favos e neles desenvolve o primeiro
ciclo de cria.
Um grande número de estudos foi feito sobre co-
mo as abelhas constroem o favo, a resistência e a
capacidade de contenção do favo, medidas precisas dos
ângulos do alvéolo hexagonal e sua base de três la-
dos. O favo para mel é feito com o mínimo de material
e é notável a eficiência no uso do espaço. Isto faci-
lita o armazenamento do mel e do pólen, mas é decisi-
vo no desenvolvimento da cria quando o clima é frio
ou mesmo gelado. A larva ou pupa em desenvolvimento
se encaixa confortavelmente no alvéolo em forma hexa-
gonal, além disso,o fundo do alvéolo, normalmente
côncavo, ajuda o ninho de cria ser um pouco mais com-
pacto e assim mais fácil de manter aquecido.
Magníficas e longas discussões sobre o processo
de construção do favo, aqui resumidas, encontram-se
nos trabalhos de naturalista suíço Huber, o evolucio-
nista Darwin, e o mais recente sintetizador da biolo-
gia da abelha Ribbands (1953). Uma referência padrão
para dados e medidas desta espécie sobre as abelhas
são os dois volumes do trabalho de Cheshire (1886,
1888).
Uma libra (0,454kg) de cera de abelha, quando
transformada em favo suportará 22 libras (10kg) de
mel. Num favo não suportado a tensão nos alvéolos
mais altos é grande; um favo de um pé (30 cm) de al-
tura suporta 1320 vezes o seu próprio peso em mel.
O favo é construído iniciando por uma nervura
que consiste de losangos ou paralelogramos com quatro
lados iguais, dois ângulos agudos e dois ângulos ob-
tusos. Três destes losangos formam a base de um alvé-
olo individual; no entanto, nos lados opostos da ner-
vura estes mesmos três losangos são parte de três
diferentes alvéolos opostos. Estes losangos são assim
chamados, pois os seus cantos não se encaixam quando
repousam sobre uma superfície, mas quando encaixados
Cera de Abelha 51
mesmo acontece com os alvéolos nos seus favos. O nú-
mero de alvéolos por unidade de área no favo ou na
lâmina tem sido medido, tradicionalmente, em número
de alvéolos por decímetro quadrado. Pode-se medir o
número de alvéolos por centímetro ou polegada (de
ambos os lados do favo). Mede-se, também, a distância
ocupada por um dado número de alvéolos; tem sido útil
verificar o comprimento de 40 alvéolos, medindo a
vertical e os lados paralelos. O favo normal das abe-
lhas européias contém entre 764 e 940 alvéolos por
decímetro quadrado. É preciso tomar cuidado quando se
fala em número de alvéolos por unidade de área na
cera laminada comparada com o favo natural. Quando a
cera laminada é manufaturada ela é puxada dos rolos,
não simplesmente empurrada ou trabalhada através de-
les, e é muito fácil espichar a lâmina de cera. Os
rolos têm alvéolos-base feitos precisamente, mas os
alvéolos podem ser espichados numa direção no proces-
so de moldagem e o número de alvéolos existentes numa
direção pode ser diferente do existente na outra.
Por muitos anos, a idéia de produzir abelhas
maiores e assim produzir maiores colheitas de mel,
fascinou muitos apicultores. Alguns queriam desenvol-
ver abelhas com línguas maiores pensando que tais
abelhas seriam melhores polinizadoras, especialmente
em culturas como a do trevo vermelho que tem flores
com corolas longas o que torna difícil para as abe-
lhas alcançar o néctar. O meio para criar abelhas
maiores, pensou-se, seria utilizar lâmina com alvéo-
los maiores. O primeiro a fazer isto foi um Belga,
que, em 1893, espichou lâminas antes de as colocar na
colméia para a construção do favo.
O assunto, tamanho dos alvéolos, é tratado cui-
dadosamente em três trabalhos de Grout (1936, 1937a,
1937b). Ele estudou colméias em favos feitos a partir
de lâminas com 857, 763 e 706 alvéolos por decímetro
quadrado. Grout concluiu que abelhas maiores podem
ser produzidas usando lâminas com alvéolos ampliados.
O aumento no tamanho das abelhas produzidas é propor-
cional ao aumento no tamanho dos alvéolos. Depois de
quatro anos de experimentos nos quais aproximadamente
Cera de Abelha 53
por causa da produção de abelhas maiores.
Em áreas secas como do Arizona, os apicultores
costumam usar lâmina de cera com alvéolos maiores
para facilitar a extração. É difícil extrair mel com
baixa umidade (todo mel com menos do que 16,5 por
cento de água). Em áreas secas não só os favos para
extração são feitos com alvéolos maiores, mas ambien-
tes aquecidos e extratores nos quais os favos eram
colocados em paralelo com a saída do extrator eram
preferidos uma vez que eles também ajudavam a acele-
rar o processo de extração.
Nos Estados Unidos a maioria das lâminas para
cria de operárias tem 857 alvéolos por decímetro qua-
drado (Dadant, 1975). Existem 520 alvéolos de zangão
na mesma área. Taber e Owens (1970) relatam que as
abelhas com as quais eles trabalharam no Arizona ti-
nham 814 alvéolos de operárias e 540 alvéolos de zan-
gões no mesmo espaço.
Cera de Abelha 55
1.7.3. Orientação dos alvéolos
Segundo conclusão de um pré-julgamento não con-
firmado com dados, as abelhas preferem alvéolos que
têm duas paredes verticais com uma cumieira de telha-
do sobre o alvéolo a alvéolos com dois lados horizon-
tais e um topo plano ou algo entre eles.
Pouca atenção foi dada à orientação dos alvéo-
los pelos biologistas e apiculturistas do século 19:
Huber, Darwin, Langstroth e Cheshire; todos eles es-
creveram sobre a secreção da cera e construção de
favo. No entanto, no início do século atual, argumen-
tos quase violentos foram apresentados e vários es-
critores eram inflexíveis ao afirmar que existe uma
forma “correta” e uma “errada” de instalar a cera
laminada (Digges, 1904). Muitos pensam que somente a
orientação vertical era certa e apropriada. Um autor
inglês, Thompson (1930), foi um dos poucos a apresen-
tar dados. Ele relata o exame de 268 peças de favo
natural: 131 tinham alvéolos com laterais verticais,
123 tinham alvéolos com lados horizontais, um tinha
ambos e 13 eram intermediários. Os seus dados ao con-
firmarem a hipótese de que as abelhas não têm prefe-
rência real acabaram com toda a argumentação sobre
certo ou errado na instalação das lâminas.
Um de nós (R.A.M., 1983) examinou favos cons-
truídos pelas três espécies de abelhas asiáticas a
fim de determinar se elas apresentavam alguma prefe-
rência. O tamanho da amostra era pequeno, mas foi
comum encontrar-se favos da Apis cerana e da Apis
dorsata com ambas as orientações bem como orientação
intermediária. Sete favos de Apis florea, oriundos de
Burma, tinham, todos, alvéolos orientados vertical-
mente, portanto, esta espécie merece mais estudos.
Nosso exame em ninhos naturais em Ithaca mos-
trou que enquanto os alvéolos de um único favo têm
normalmente a mesma orientação pode existir grande
variação de favo a favo num mesmo ninho. Não está
claro, ou pelo menos não bem definido, se alguma for-
ça física, tal como a gravidade ou o campo magnético
Cera de Abelha 57
fície que, no carregamento de pólen de uma abelha, o
óleo enche o espaço entre os grãos de pólen. Quando a
abelha compacta em favo branco com alvéolos incolo-
res, este óleo amarelo se difunde imediatamente nas
paredes dos alvéolos e o torna amarelo, enquanto a
cera de alvéolos vazios próximos e aqueles cheios com
outro tipo de pólen permanecem descoloridos.
Although Vansell e Bisson (1940) encontraram
provas de que a cor da cera de abelha da Califórnia
se origina principalmente de pólen. Em pelo menos
algumas áreas geográficas a própolis pode ser o maior
contribuinte da cor da cera de abelha. Algum material
colorido da própolis vêm do pólen nela incluído e
também da cera de abelha que está presente em até 60
por cento de algumas própolis raspadas das colméias.
Própolis recentemente colhida pode ser originária de
plantas de uma única espécie, com glóbulos de cor
singular distinta enchendo completamente as corbícu-
las, ou o carregamento de própolis nas corbículas
pode ser uma mistura de material novo ou até mesmo
própolis usada coletada de colméias não ocupadas.
Outras abelhas ajudam na remoção da própolis das cor-
bículas e ajudam, também, a colocar a própolis com
suas mandíbulas onde quer que ela deva ser aplicada;
suas mandíbulas podem ficar com restos do óleo do
pólen.
Muitas vezes chamado de cola da abelha na lite-
ratura apícola, a própolis é uma mistura de muitos
compostos. Ela é resinosa, de material semelhante à
goma, dura e quebradiça quando fria, macia e viscosa
quando aquecida. Seu odor varia, mas pode ser descri-
to como agradável e algo aromático. A composição da
própolis é complicada e varia de acordo com a origem;
na colméia vários lotes são misturados com outros,
com cera de abelha, pólen e outros materiais estra-
nhos. As amostras de própolis usadas para tentar co-
lorir cera de abelha resultaram em poucos efeitos;
suas fontes eram desconhecidas.
Uma vez que a própolis e as cores da própolis
estão em contato com a cera de abelha na colméia,
elas podem contaminar a cera pura. A própolis colori-
Cera de Abelha 59
da própolis vem do pólen. Bisson, Vansell e Dye
(1940) relatam que experimentos preliminares no es-
pectro de absorção de extratos de cera crua e pólen
sugerem que a mesma matéria colorida pode estar pre-
sente em ambos, isto é, na cera crua e no pólen. Vi-
vano e Palmer (1944) examinaram quatro grupos de pó-
len coletados pelas abelhas. Eles constataram que os
carotenóides são muito abundantes no pólen; estes
consistem de carotenos e santhophylls. Testes quali-
tativos revelam que não foram encontradas clorofila e
anthocyanins, mas flavonas e anthoxanthones em grande
abundância.
É muito bem conhecido que quanto mais tempo o
favo for usado para o desenvolvimento da cria, mais
escuro e pesado ele fica. Cada usuário de um alvéolo
deixa para trás dois restos duradouros, as fezes lar-
vais e o casulo. As fezes contém resíduos de pólen e
são cobertas pelo casulo tecido pela larva antes de
se transformar em pupa.
Apicultores que recuperaram favos velhos sabem
que a cera nunca é amarela, mas varia desde laranja-
escuro até marrom muito escuro. As condições em que
ocorre a recuperação dos favos velhos afeta grande-
mente a cor final da cera. Quanto mais demorado o
processo de recuperação maior será o efeito da maté-
ria fecal sobre a cor resultante, ou seja, quanto
maior a demora no aquecimento da cera depois da recu-
peração mais ela ficará escurecida pela ação das fe-
zes.
Jaubert (1927a, 1927b) isolou flavone, chysine,
com a fórmula de C15H10O5, e encontrou outros derivados
da flavone na própolis do choupo preto. Barre (1942)
detectou chrysine na cera de abelha, mais nas ceras
do oeste do que do leste dos Estados Unidos e somente
traços nas ceras dos trópicos onde não existem árvo-
res choupo.
Numa recente revisão da literatura, Ghisalberti
(1979) apontou para a composição variável da própolis
e o lento progresso na identificação de seus consti-
tuintes. Técnicas modernas não foram aplicadas até
Cera de Abelha 61
Capítulo II
Cera de Abelha 63
A cera de abelha é um produto natural e isto
por si só significa que existe variação nela. A cera
de abelha pura secretada pela abelha é branca e sem
odor. As abelhas misturam gomas e resinas de plantas
com ela; isto lhe fornece resistência e qualidade
antibacterial. O resultado é que nós conhecemos a
cera de abelha como substância amarela ou laranja com
odor único. Assim que para a maioria dos usos indus-
triais a cera de abelha mais desejada é a de cor cla-
ra e odor médio. Alguns manuais comuns aos quais se
pode recorrer em busca de especificações, por exem-
plo, o manual do U. S. Department of Agriculture,
Grade Names Used in U. S. Standards for Farm Products
não menciona a cera de abelha.
No comércio encontram-se os termos “branca”,
“média” e “escura” comumente; estes são claramente
termos subjetivos. Estas designações podem ter um
grande efeito no preço pago por um lote de cera. Os
preços são muitas vezes cotados com base no país de
origem (veja abaixo).
Bennet (1975) divide a cera de abelha em três
graus. O primeiro destes é a “crua, branqueável e não
branqueável” que ele diz estar disponível em “lotes e
blocos”. Os outros dois graus são a cera branca e a
amarela, descritas como tal em U.S.P. (United States
Pharmacopeia). É indicado que a cera branca é bran-
queada ao sol que pode ou não ser o caso uma vez que
o branqueamento químico é um lugar comum. Bennett
indica que no mercado dos Estados Unidos a cera de
abelha refinada é normalmente mais disponível em tor-
tas ou lascas de uma onça, uma libra (0,45kg) e 25
libras (11,3kg).
Cera de Abelha 65
2.2. Economia da Cera de Abelha
Alguns dos mais antigos relatórios escritos,
que datam de cerca de 5000 anos atrás, indicam que a
cera era então uma importante mercadoria no mercado
internacional. Era usada no embalsamento, modelagem e
para fabricar diversos itens, tais como lacres e ta-
buletas para escrita, largamente utilizados durante
milhares de anos. Não há dúvidas que a grande demanda
era para fazer velas de alta qualidade. Uma vez que
ela era um produto estável, a cera de abelha podia
ser transportada e comercializada sem perda nem dete-
rioração.
Os povos antigos da área do Mediterrâneo não
dispunham de açúcar até que o açúcar de cana fosse
trazido para a área por volta de 700 D.C.; uma vez
que o seu único doce era o mel e algumas frutas, a
apicultura era um empreendimento importante. A Gré-
cia, Espanha, partes da Itália e algumas ilhas do
Mediterrâneo, especialmente aquelas próximas da costa
da Grécia, foram áreas boas produtoras de mel por
milhares de anos e a apicultura tem uma longa histó-
ria na bacia do Mediterrâneo. A produção de cera de
abelha foi sempre um importante anexo ao comércio de
mel. Brown (1981) diz que quando os romanos conquis-
taram a Córsega em 181 A.C. eles exigiram um tributo
anual de 100.000 libras (45400kg) de cera de abelha.
Fraser (1931) afirma que dois anos mais tarde a quan-
tidade foi dobrada, e outras colônias Romanas eram
também forçadas a pagar o tributo e/ou impostos em
cera de abelha.
Crane (1983) aponta que existem artefatos de
cera de abelha suficiente produzidos a algumas cente-
nas até a vários milhares de anos atrás que um livro
poderia ser escrito só sobre eles. É, sem dúvida a
natureza inerte da cera de abelha, junto com o fato
que ela retem sua forma e qualidade, que a torna as-
sim. Vários museus, especialmente na Europa, tem uma
grande variedade de objetos de cera de abelha. Como
Crane indica, uma das fontes mais ricas de informação
sobre objetos de cera de abelha e o trabalho em 12
Cera de Abelha 67
tando sua origem, datados de 1199. Brown diz que eles
tinham um “monopólio virtual” sobre a luz artificial,
muito parecido com os que as companhias de eletrici-
dade têm hoje; a companhia se transformou em socieda-
de anônima e conseguiu uma carta real em 1433. Foi um
grande estímulo para favorecer e dar poder a um grupo
como o de velas de cera; aparentemente existia adul-
teração e trapaça como hoje. A cera de abelha era a
luz de “qualidade” daquele tempo, muito superior ao
sebo e gorduras animais que também eram usadas para
as lâmpadas. (Outra empresa, a Tallow Chandlers Com-
pany, vigiava a venda e a qualidade daquele produto.)
Crane (1961) cita detalhadamente leis decretadas em
1581 onde se lia, em parte, “todo aquele que esteja
envolvido com o comércio e que venha a misturar cera”
(significa cera de abelha) “com resina, sebo, tere-
bentina ou outra substância para vender, ou possa
oferecê-la para venda, poderá ter confiscada a men-
cionada cera falsificada”; alem disso, a multa era
arbitrada.
Existem poucas fontes de informações às quais é
possível recorrer para estudar a economia da cera de
abelha neste século. A mais recente é a de 1978, 105
páginas do International Trade Center, intitulado The
World Market for Beeswax, a High Value Product Re-
quiring Little Investment. O título já indica que se
trata da visão que alguns povos e nações com mão de
obra barata têm da indústria da apicultura. Uma se-
gunda publicação útil é um boletim intitulado Econo-
mic Aspects of the Bee Industry por Voorhies, Todd e
Galbraith, publicado na Califórnia em 1933; esta pu-
blicação dedica 10 páginas ao assunto cera de abelha.
Outra fonte de informação é o Semi-monthly Honey Re-
port do U.S. Department of Agriculture que iniciou em
1917; mais tarde tornou-se uma publicação mensal, sob
o título Honey Market News. No presente, o futuro
desta publicação é incerto. O U. S. Census Bureau
tomou dados sobre a produção de cera e mel no censo
de 1849, mas foi obrigado a interromper a tomada de
dados na indústria em 1949, pelo U.S.D.A., para por-
que a informação era, obviamente, imprecisa. Em 1957
Harold J. Clay, economista do U.S.D.A. de 1917 a
Cera de Abelha 69
por causa da depressão. O preço da cera de abelha
subiu durante a primeira Guerra Mundial, mas muito
menos dramaticamente ocorreu com o preço do mel, su-
gerindo que foram encontrados substitutos mais bara-
tos no início dos 1900.
Voorhies et al. registraram que as cotações pa-
ra a cera de abelha estrangeira no mercado de Nova
York existiam somente intermitentemente de 1910 a
1922, mas para a cera doméstica era mais comum. A
situação reverteu em 1922. Os preços de 1922 a 1933
para a cera estrangeira eram geralmente maiores do
que para a cera doméstica; desde 1921 até 1928, a
cera de abelha Chilena era a de mais alto preço. En-
tre os compradores de cera é muito bem conhecido que
a qualidade da cera de abelha varia muito, geralmen-
te, de país para país por causa da tecnologia local e
da origem da cera.
Tabela 5 – Uso primário da cera de abelha
Listado por Voorhies, Todd e Galbraith em 1933
Binder for composition cera para enxertia discos
Bricks for buffing tinta litográfica processo de gravaçãio
Velas lavanderia e litografia
Papel carbono leather cement fabricação de barcos
Cera alveolada lápis litográfico cera de vedação
Cera composta resina para verniz polimento de sapato
Confeitaria composto para polimento conservação de sapato
de metais
Cosméticos modelagem costura
Manufatura de cutelaria naval stores têxteis
Cera dental preparação de modelos prova d’água
Indústria elétrica indústria farmacêutica equipamento de
Polimento de piso preparações esporte de inverno
Manufatura de vidraria (tais como unguentos
E ceratos)
Cera de Abelha 71
A produção mundial de cera de abelha é estimada
em 11.500 a 19.000 toneladas métricas (25,4 a 41,9
milhões de libras): 5.000 a 5.500 toneladas (11 a
12,1 milhões de libras) são comercializadas interna-
cionalmente. Foi observado pelo International Trade
Center (1978) que o mercado pode ser aumentado se os
preços forem mantidos num nível razoável; altos pre-
ços fazem os usuários procurar substitutos e uma vez
que um bom substituto é encontrado é difícil recupe-
rar o mercado. Em seu relatório está escrito que a
razão principal, ele afirma, é que as informações de
mercado não estão disponíveis para as nações em de-
senvolvimento e elas, como resultado, ficam a mercê
dos negociantes. De acordo com o International Trade
Center 90 por cento da cera que gira no mercado in-
ternacional é vendida como cera crua. Nossa observa-
ção é que nenhuma das nações do terceiro mundo faz
qualquer processamento de cera. A cera é usualmente
embarcada em sacos de juta pesando 50 a 100kg; o me-
nor é o preferido.
O Honey Market News, que por um bom número de
anos publicou um sumário das importações de cera, tem
para título da tabela sumário de 1967 e anos anterio-
res o seguinte: “Importações de cera de abelha (crua)
para os Estados Unidos Durante o Ano Calendário do
Ano Findo em Dezembro de 1966 – Por País de Origem”
(Honey Market News 51(2): 16. 1967). No ano seguinte
(1968) o título para a tabela, com as mesmas informa-
ções, reza, “Importações de Cera de Abelha para os
Estados Unidos por País de Origem para 1967”. Neste e
nos relatórios seguintes o termo “crua” foi omitido;
no entanto, é lógico assumir que os preços cotados se
referem à cera crua. Em 1973 o Honey Market News pa-
rou de trazer informações sobre importações de cera
de abelha com exceção de comentários ocasionais sobre
preços.
A tabela 6 sumariza as condições do mercado dos
Estados Unidos para o período de 1900 a 1981. Deve
ser notado que começando em 1970 e continuando até
1980 as importações decresceram marcadamente. Como
registrado acima isto é muito por causa de problemas
Cera de Abelha 73
1948 5,7 4,0 4,6 8,6 37,6
1947 5,9 4,5 3,5 8,0 43,2
1946 5,8 4,4 5,3 9,7 43,8
1945 5,5 4,5 7,4 11,9 44,4
1944 5,2 3,9 4,2 8,1 41,3
1943 4,9 3,8 4,4 8,2 41,5
1942 5,0 3,4 5,3 8,7 41,4
1941 4,6 3,5 6,8 10,3 40,3
1940 4,4 -- 4,7 -- 35,6
1939 4,5 -- 4,7 -- 22,5
1938 -- -- 3,0 -- --
1937 -- -- 5,4 -- --
1936 4,4 -- 4,3 -- --
1935 4,4 -- 4,4 -- --
1934 4,3 -- 3,5 -- --
1933 4,5 -- 3,8 -- --
1932 4,6 -- 3,5 -- --
1931 4,7 2,4 3,7 6,1 10,0
1930 4,7 2,5 4,3 6,8 15,0
1929 4,8 3,1 5,3 8,4 23,0
1920 3,5 0,8 4,1 4,9 29,0
1910 3,4 0,9 -- -- 42,0
1900 4,1 1,8 -- -- --
1890 -- 1,2 -- -- --
1880 -- 1,1 -- -- --
1870 -- 0,6 -- -- --
1860 -- 1,3 -- -- --
Cera de Abelha 75
Muitos livros sobre apicultura indicam que uma
a duas libras (0,5 a 1,0kg) de cera é produzida para
cada 100 libras (45kg) de mel extraído. Voorhies,
Todd e Galbraith (1933) citam dados do censo dos U.S.
que mostram que em 1859, antes do largo uso da atual
colméia Langstroth, uma libra (0,45kg) de cera de
abelha era produzida para cada 17 libras (7,7kg) de
mel. Com o uso de métodos atuais de produção de mel,
a relação passou de 1:55 em 1889 para 1:68 em 1931.
Esta última se iguala a 1,47 libras (0,7kg) de cera
por 100 libras (45kg) de mel. Root, Root e Goltz
(1978) apresentam o número de 1,82 libras (0,83kg) de
cera por 100 libras (45kg) de mel. É razoável presu-
mir que em países onde a apicultura é mais primitiva
a razão ainda é alta, talvez na faixa de uma libra
(0,45kg) de cera de abelha para cada 15 libras
(6,8kg) de mel, mas não conhecemos nenhum dado sobre
o assunto. Não vemos grandes mudanças na produção de
mel e métodos de colheita, e temos dúvidas de que as
razões indicadas pelos autores acima venham a mudar
nas próximas décadas. Deve ser anotado que os dados
acima são muito variados, mas nada se pode fazer com
a quantidade de mel necessária para produzir uma li-
bra de cera de abelha.
3.2.1. Metais
Alguns metais devem ser evitados quando da re-
cuperação da cera de abelha, pois eles podem provocar
o escurecimento dela. Bisson, Vansell e Dye (1940)
aqueceram a cera de abelha em bekers de vidro conten-
do diferentes metais e em tachos feitos de diferentes
metais a serem testados. Eles encontraram que a cera
é descolorida pelo ferro, latão, zinco e cobre; este
descoloramento é maior com o uso do ferro, seguido
dos outros, de forma decrescente, na ordem listada.
Não houve descoloramento apreciável quando a cera de
abelha foi aquecida na presença de alumínio, níquel,
platina, lata e aço inoxidável. Metal monel não apre-
senta efeito adverso, exceto quando na presença de
água, situação em que haverá o aparecimento da cor
esverdeada depois de longa exposição.
3.2.2. Fermentação
Nenhum microorganismo ataca rotineiramente e/ou
degrada a cera de abelha durante o armazenamento nor-
mal. Alguns micróbios do solo tem condições de degra-
dar graxas razão porque cera refugada e raspas no
solo de um apiário desaparecem em seguida. No entan-
to, é relatado pelos que recuperam cera de abelha
Cera de Abelha 77
comercialmente que seu odor pode ser mascarado e al-
gumas vezes destruído, pela fermentação de mel diluí-
do em cera refugada. Muitas vezes é impossível remo-
ver o odor de fermentação da cera, o que a torna inu-
tilizada para uso normal, incluindo a manufatura de
cera laminada. Uma vez que o mel absorve umidade
quando exposto, podendo então fermentar, é importante
que os opérculos contendo mel e cera refugada não
sejam armazenados por longos períodos de tempo. Uma
forte fermentação pode ocorrer em apenas alguns dias
sob circunstâncias ideais.
3.2.4. Ácidos
Por muitos anos o ácido sulfúrico e outros áci-
dos foram usados pelos apicultores para melhorar a
aparência e remover manchas durante a recuperação da
cera. Estes materiais não são recomendados para uso
pelos apicultores; sua remoção raramente é completa e
eles podem provocar efeitos adversos por muito tempo
na cera. Sabemos que pelo menos um apicultor usou
erradamente ácido clorídrico em vez de sulfúrico e
isto fez o saco de aniagem no qual a cera foi embar-
cada se desintegrar.
Cera de Abelha 79
forma de cristal branco, normalmente por peso. Ele
não mata os ovos da traça da cera, mas é efetivo con-
tra todos os outros estágios. De modo algum o paradi-
clorobenzeno pode ser misturado com ou entrar em con-
tato com a cera a ser recuperada. Ele pode ser fundi-
do com a cera e torná-la imprópria para uso. O dibro-
meto de etileno é vendido como líquido e forma um gás
ao ser exposto ao ar na temperatura ambiente. Reco-
menda-se cuidado no uso do dibrometo de etileno pois
a exposição direta pode provocar bolhas na pele e
queimaduras.
6
Solar Wax Extractor, Disponível sem custo na Agricultural Extension, Pennsylvania
State University, University Park, PA. 16802
Cera de Abelha 81
alcançar a temperatura interna de 130ºF (54ºC)7 acima
da temperatura exterior num bom dia; a maior tempera-
tura que ele registrou no derretedor foi 215ºF
(102ºC). Nós verificamos que temperaturas acima de
190ºF (88ºC) são rotineiras nos dias ensolarados na
região de Ithaca no nosso derretedor feito com sua
proposta. Num dia, quando a temperatura externa este-
ve em 91ºF (33ºC), registramos a temperatura no der-
retedor de 212ºF (100ºC). Todo mel que passar pelo
derretedor solar de cera é normalmente descartado,
pois foi aquecido a altas temperaturas.
7
A conversão de uma diferença 130ºF para graus centígrados resulta em 72ºC. (Nota
do Tradutor).
3.3.3. Prensa
O meio mais eficiente de remover cera de abelha
do refugo é o uso de uma prensa de rosca sem fim ou
hidráulica, aquecida a vapor e em água. O melhor é
colocar a prensa com os opérculos ou favos e refugos
numa caixa de vapor ou em água quente. O refugo ainda
quente é derramado na forma de queijos finos e wafers
e enroladas em aniagem. A cera refugada fria pode ser
carregada na prensa, mas isto toma muito mais espaço.
O nome mais freqüentemente associado a este tipo de
prensa é Hershiser, um apicultor de Buffalo, Nova
York, que escreveu extensamente sobre o processo em
1907. Ele não inventou o método, mas o estudou cuida-
dosamente, e enfatizou a importância de utilizar
grande quantidade de água, liberando e reaplicando
pressão e, mais importante, deixando tempo necessário
para escorrer toda a cera. Coggshall (1949) estudou
as prensas utilizadas por vários apicultores. Ele
concluiu que o refugo na prensa pode ser limitado a
finas camadas e a pressão deve ser aplicada e libera-
da alternativamente pelo período de dez horas. Se
isto for feito apropriadamente, numa boa prensa, a
quantidade de cera de abelha residual que permanece
no refugo será menos do que 2,5 por cento e pode ser
tão baixa quanto 0,5 por cento.
3.3.4. Centrífugas
A cera de abelha pode ser separada do refugo
numa centrífuga. Coggshall (1949) encontrou que toda
a cera pode ser removida de pequenas amostras de re-
fugo através de uma centrífuga aquecida. Testes pos-
teriores foram feitos com grandes quantidades de re-
fugo usando centrífuga comercial de cesto aquecido e
outros tipos. As impurezas sólidas e a água eram jo-
gadas para a parede lateral do cesto e a água saia
Cera de Abelha 83
pelas perfurações. A cera de abelha se separava dos
sólidos mas ficava retida no meio dele, tornando a
drenagem de toda a cera impossível.
Cera de Abelha 85
proveitamento parece que resultam de uma ebulição
violenta ou de agitação, é melhor tomar cuidados du-
rante o processo e evitar problemas futuros. Pode-se
usar água a vontade para aproveitar o refugo ou os
favos contendo mel.
4.1. Clarificação
Cera de Abelha 87
Fabricantes de cera laminada e velas e as em-
presas especialistas em cera todos aceitam cera de
abelha na forma descrita acima. Antes de usá-la ou de
revendê-la é preciso fazer, pelo menos, um tratamento
preliminar que pode ser chamado clarificação mais do
que refino, o termo mais comum na indústria da cera.
Cera de Abelha 89
provocar queimaduras severas. Não recomendamos que os
apicultores utilizem qualquer ácido no tratamento da
cera de abelha; eles são de uso perigoso e também é
difícil de removê-los da cera. Raramente o apicultor
receberá pagamento maior, suficiente, pela cera que
justifique o custo do equipamento e do tratamento
necessário.
Existem meios mais rápidos e talvez melhores
para melhorar a cor da cera de abelha e remover ou-
tras impurezas. Um, proposto por White (1966, 1967),
envolve o uso de um agente quelante que reage com os
íons de metal e elimina o descoloramento da cera de
abelha. Ele recomenda uma solução aquosa do sal dis-
sódio do ácido etienodiamino tetra acético na razão
de um quarto de onça por galão de água. Sugere-se
usar tanques de aço inox ou de alumínio, madeira tam-
bém é prática. Misturando a solução e fundindo a cera
pelo aumento da temperatura até um pouco abaixo da
ebulição, e continuando a misturar por uma hora, con-
segue-se um contato por tempo adequado. Em vez de
misturar, sugerimos o uso de uma bomba para circular
a solução que está em baixo da cera e borrifá-la so-
bre a superfície da cera o que resulta num contato
melhor e mais eficiente. Depois a cera é decantada
para outro tanque com água quente para lavá-la do
agente quelante. Este método de tratamento devolve à
cera de abelha manchada o seu amarelo original ou cor
laranja e não prejudica a cera. É não corrosivo e de
uso simples.
4.1.3. Centrifugação
O método descrito acima liberta a cera da cor
que mascara a verdadeira cor da cera de abelha, mas
partículas finamente divididas permanecem ainda sus-
pensas na cera, bem como partículas maiores que se
depositam lentamente. A clarificação apenas pela se-
dimentação gasta tempo, e não resulta na remoção de
todos os sólidos que afetam a aparência da cera. Ex-
perimentos com cera de abelha após a decantação por
130 horas mostrou que a cor pode ainda ser melhorada
Cera de Abelha 91
(104ºC) ou mais para evaporar toda a água. Para evi-
tar a formação de espuma causada pela água na cera,
muitos manuseadores de cera usam agente anti espuman-
te de silicone. O eliminador de espuma é um material
tenso ativo que altera a relação de tensão superfici-
al entre a cera e a água, fazendo com que a cera li-
bere o vapor. Algumas gotas do líquido adicionadas à
superfície de 1200 libras (545kg) de cera de abelha
líquida fazem as bolhas explodirem instantaneamente
na superfície. Quando não subirem mais bolhas, a cera
está livre de água, pronta para qualquer que seja o
próximo degrau ou procedimento. A remoção da água
será mencionada novamente quando discutiremos a fil-
tração.
Cera de Abelha 93
filtrar tanta cera quanto possível através de uma
dada área de filtração tão rapidamente quanto possí-
vel. Para nossos propósitos uma definição simples
para filtro prensa é um dispositivo com tela extrema-
mente fina para remover partículas pequenas da borra
de um líquido fornecido ao dispositivo com pressão.
Cera de Abelha 95
tubulação através dos buracos de encaixe na tampa de
ferro fundido. Pratos e quadros podem ser feitos com
aberturas apropriadas ou alteradas de tal forma que
exista uma entrada em um dos cantos inferiores, e
saídas nos outros três cantos, incluindo uma inferior
que pode ser reservada para a drenagem da cera fil-
trada ao final do processo. Este dreno pode ser ins-
talado com uma válvula de abertura rápida assim para
que o filtro possa ser drenado com rapidez quando for
iniciado o processo de lavagem da torta.
Cera de Abelha 97
diatomácea, ou outro auxiliar de filtração, previne a
compactação da torta de filtração o que significa que
será necessário adicionar menor quantidade de argila
e/ou carvão.
Cera de Abelha 99
a formação de bolhas cessa toda a água foi removida.
O filtro prensa utilizado nesta operação tem a
capacidade de cerca de 175 libras (80kg) de material
a ser tratado e outras substâncias estranhas, e pode-
mos usar 75 libras (35kg) de argila e 11 libras (5kg)
de carvão em cada um dos dois primeiros tachos. No
terceiro tacho não será feito nenhum outro tratamento
a não ser a remoção da água. Uma agitação rápida se
faz necessária quando da adição da argila e durante o
tempo de tratamento. Isto não só distribui a argila
ativada, mas mantem ela em suspensão e em contato
perfeito para um melhor efeito sobre a cera. A argila
aquecida a cerca de 200ºF (93ºC) (num forno de aque-
cimento) mistura mais facilmente e melhor na cera do
que se ela estiver na temperatura ambiente ou menor.
Argila fria tende a embolar e a cera solidifica nela;
a massa deposita no fundo do tanque ou as pás do agi-
tador batem nelas, eventualmente amassando as pás. É
melhor adicionar a argila pura lentamente na cera
quente pois a umidade que ela contem, que passa a
vapor rapidamente, pode provocar espuma não esperada.
O carvão ativado é muito fino e paira no ar tão fa-
cilmente que não é possível despejar na cera agitada.
Com o agitador parado, o carvão, na temperatura da
cera, é despejado cuidadosamente sobre a superfície
da cera onde ele flutua. Ele pode então ser afundado
na cera com uma espátula de madeira e muito pouco de
carvão irá flutuar no ar. A temperatura da cera é
aumentada durante o tratamento até 230ºF (110ºC) e
assim mantida durante a filtração. A bomba de filtra-
ção pode também ser usada durante o tratamento para
ajudar a garantir uma boa agitação e contato, dire-
cionando a descarga da bomba de volta para o tanque.
Uma hora é um tempo adequado para tratamento após a
adição da argila e do carvão.
O filtro prensa deve ser montado e aquecido an-
tes de a cera ficar pronta para a filtração. Para
facilitar a montagem e para uma verificação final, os
quadros e pratos são marcados em alto relevo para
identificação e ajudar a prevenir que nenhum deles
fique em posição invertida o que garantirá o bom fun-
55.. T
Teessttaannddoo aa CCeerraa ddee A
Abbee--
llhhaa
5.1.10. Outros
Outros testes químicos que foram aplicados para
a cera de abelha, mas parecem não importantes sob a
luz do nosso conhecimento atual, são a solubilidade
da cera de abelha em vários solventes, teor de cin-
zas, Buchner ratio e hydroxyl number.
5.2.1. Cor
A cera de abelha é quase sem cor quando secre-
tada pela abelha. É algo translúcida quando sólida e
quase transparente quando líquida. Uma vez que a cera
de abelha se torna colorida de várias formas antes e
depois que ela é separada da abelha que a produz,
foram usados vários meios para medir a cor. Na forma
líquida, a cor da cera de abelha pode ser medida pelo
sistema de cor Lovibond (Lovibond, 1893), que é usado
mais comumente em óleos e outros materiais que este-
jam líquidos na temperatura ambiente.
Medir a cor da cera de abelha líquida é um a-
borrecimento, um método comum para estimar a cor da
cera de abelha sólida é por comparação com o Munsell
Color Chips (Munsell, 1929).
Coggshall (1949) desenvolveu um método apurado
para comparar a cera de abelha sólida pelo uso de um
fotômetro para medir a percentagem de luz vermelha,
verde e azul refletida de uma superfície de uma amos-
tra de cera de abelha comparada com a reflexão de um
bloco de carbonato de sódio. A soma destas três per-
centagens foi chamada “color index number”, que de-
tecta pequenas diferenças de cor. Este método é muito
útil na clarificação de cera de abelha e pesquisa de
branqueamento.
5.2.2. Aroma
O aroma da cera de abelha é uma característica
única, mas ele varia e nossa sensação de odor não
pode depender disto. A cera de abelha que se originou
em diferentes lugares tem aromas diferentes levemente
perceptíveis. A despeito destes problemas óbvios, o
5.2.3. Florescência
Este componente da cera, que exsuda de dentro,
cobre a superfície da cera com um fino filme, dando-
lhe uma aparência nebulosa ou mofada e escondendo por
baixo a cor da cera. A florescência se acumula aumen-
tando sua espessura e se torna uniformemente distri-
buída com o tempo. Enquanto a florescência aparece
somente na cera de abelha, e raramente em algumas
parafinas, não é indicação do grau de pureza. A flo-
rescência foi pouco estudada (ver Cera de Abelha:
Propriedades Físicas, Capítulo I).
5.2.6. Outros
Diversas outras constantes e características da
cera podem ser medidas ou consideradas, mas nenhuma
destas é suficientemente importante para ser usada
freqüentemente. Isto inclui o peso específico (0,960
a 0,972), durometer hardness, tensile strength, dia-
lectric strenght, tipo de fratura, blocking or self-
66.. A
A CCeerraa ddee A
Abbeellhhaa nnaa CCeerraa A
Allvveeoollaaddaa
8
A parede lateral aqui citada é a parede do alvéolo. Cera alveolada com paredes late-
rais é a cera alveolada em que as laterais dos alvéolos já estão iniciadas. (Nota do
Tradutor).
6.1.2. Laminação
O terceiro e mais frustrante problema por vinte
ou mais anos foi a produção de cera laminada na forma
de uma manta contínua. As laminadoras eram capazes de
produzir continuamente cera alveolada, mas o sistema
de molhamento para obter laminas individuais de cera
para alimentar a laminadora era a grande resposta.
Em 1893 E. B. Weed de Nova York mostrou a Char-
les Dadant um tipo de extrusora de cavidade progres-
siva semelhante à máquina de fazer lingüiça, mas esta
se mostrou ser intermitente na produção de lâminas.
6.2.1. Laminação
Laminar a cera de abelha é o primeiro passo da
Uma lamindaora. Esta máquina tem sido usada para fazer para pre-
parar lâmina de cera que será transformada em lâmina alveolada e velas. Foto
por Bernhard Rietsche Gmbh, West Germany.
9
Slush molding: técnica de modelagem que utiliza um modelo ôco, que é aquecido e
enchido com a substância a ser moldada. (Nota do Tradutor)
6.3.4. Prensa
Diz-se que a história se repete a si mesma.
Prensas para a produção de cera alveolada eram usadas
antes do desenvolvimento do alveolador. A lâmina de
cera era colocada entre dois moldes e era aplicada
pressão com alavanca mecânica para marcar a cera com
as bases dos alvéolos. Um século depois, pelo menoso
velho método está sendo reativado, especialmente na
Europa onde prensas simples e efetivas estão disponí-
veis a preços moderados. Um deles é um conjunto de
estampas entre as quais pode-se colocar uma lâmina de
cera, normalmente cera em bloco. As estampas são en-
tão passadas entre dois rolos que comprimem as duas
metades dl molde com firmeza na cera. Isto é na ver-
dade uma boa modernização de uma velha idéia.
Um dos problemas cruciais com o uso de prensa
para preparar cera alveolada é que as lâminas resul-
tantes são excessivamente pesadas. Wix (1968) fez 4½
lâminas de cera alveolada (quadro padrão Britânico,
13¼ por 8 polegadas ou 340 por 205 mm) com uma libra
de cera, assim cada lâmina pesava 3½ onças. Existem
oito folhas por libra na maioria das produções comer-
ciais de cera alveolada na Inglaterra. Na Europa os
77.. A
A CCeerraa ddee A
Abbeellhhaa nnaass V
Veellaass
Uma máquina para fazer pavio, que neste caso faz dois pavios simul-
taneamente cada um com três cordas. O pavio pode ser feito utilizando mais
cordas. Foto de New England Butt Co.
7.5.1. Mergulho
A vela mergulhada, cônica, velas de jantar, co-
mo são mais freqüentemente chamadas, raramente são
feitas, se o foram alguma vez, de cera de abelha.
Provavelmente um milhão ou mais de libras de velas de
cera de abelha para igreja é mergulhada a cada ano.
Existem as velas de altar, que uma vez eram feitas em
100%, 67% e 51% de cera de abelha, e agora são feitas
com 51% de cera de abelha graças às mudanças nas leis
canônicas. Elas são feitas em dois tamanhos grande e
pequeno, mas com um número padrão por libra. Por e-
7.5.2. Molhamento
Velas por molhamento é também um método muito
antigo. É normalmente parte de um processo para pro-
dução de velas pascais de grande diâmetro e compri-
das. Seja usando longas velas obtidas por mergulho
para iniciar ou molhando diretamente o pavio o pro-
cesso é essencialmente o mesmo. Um legítimo carrossel
circular é muitas vezes usado, com ganchos presos em
intervalos ao redor da borda arqueada do carrossel
metálico para prender os pavios ou as velas. Canecas
de cera do tacho de suprimento são alcançadas ao ope-
rador, que se encontra em pé sobre uma plataforma
conveniente à elevação da roda, que derrama a cera
derretida sobre o pavio, que é girado ou torcido pelo
operador ao mesmo tempo para manter a cera tão bem
distribuída quanto possível. Se a vela tender a per-
der uniformidade é puxada através de uma abertura
quente com a dimensão necessária para corrigir o pro-
blema. É também usada uma abertura para acabamento
final. Velas com mais de três polegadas de diâmetro
podem ser feitas desta forma, de uma só vez, no núme-
ro que possa ser acomodado nos ganchos da roda.
7.5.4. Enrolamento
A empresa Root de Medina, Ohio se orgulha de
fazer velas de cera de abelha enrolando lâminas de
cera em volta do pavio. Esta operação é altamente
manual embora algum equipamento mecânico de enrola-
mento seria útil. Ainda que o sistema de enrolamento
seja muito mais rápido do que os dois sistemas de
mergulhamento dos antigos fabricantes de vela para a
igreja, ele ainda é relativamente lento. É impossí-
vel, mesmo com muita prática, enrolar uma vela per-
feitamente redonda toda a vez, assim existe uma por-
centagem regular de rejeitos a serem refundidos. As
que são enroladas corretamente devem ainda ser passa-
das através de uma abertura quente para eliminar as
beiradas das lâminas, e algumas falhas que algumas
vezes aparecem mais tarde. A empresa Root não fez
velas por enrolamento por muitos anos.
7.5.5. Extrusão
A empresa Dadant and Sons de Hamilton, Illinois
começou a produzir velas de cera de abelha extrudadas
nos idos de 1930. Knorr da Califórnia fez velas colo-
ridas de cera de abelha através de buraco por muitos
anos, acrescentando o pavio depois através de uma
abertura deixada na cera. A empresa Root patenteou a
extrusão de meia vela com encaixe no qual o pavio
podia ser colocado e as meias velas prensadas uma à
outra por um meio adequado, mas este método aparente-
mente nunca foi largamente utilizado por ninguém. A
Dadant utilizou um método combinado de extrusão e
7.5.6. Drawing
O sistema utilizado para fabricar velas por de-
posição de cera varia de uma firma para outra, mas
tem algumas características comuns. O pavio pode ter
centenas de pés de comprimento. Enquanto ele se move
ele é mergulhado momentaneamente num recipiente raso
com cera de tempos em tempos para formar uma cobertu-
ra de cera. Depois do mergulho na cera, ele é passado
através de orifícios num prato metálico, passando por
orifícios cada vez maiores à medida que o diâmetro da
vela aumenta. Isto ajuda a manter perfeitamente re-
donda a seção transversal.
Um sistema que vimos utiliza tambores de madei-
ra ou cilindros de cinco pés (152cm) de diâmetro por
quatro pés (122cm) de comprimento, localizados em
paredes opostas numa peça com quarenta pés (12m) de
comprimento. O recipiente raso para mergulho estava
7.5.7. Prensagem
Este sistema pode ser prático para fazer velas
de cera de abelha. A cera é atomizada numa câmara
fria e reduzida a um pó grosseiro. Este preparado é
em seguida alimentado em moldes e prensado na forma
de vela. A cera nesta forma particular tem de ser
sacudida agitada no ar para prevenir embolotamento ou
aglomeração. Por este método podem ser feitas velas
de diferentes formas e existem disponíveis equipamen-
tos automáticos.
7.5.9. Coloração
A vela de cera de abelha pode ser colorida mer-
gulhando-a em cera colorida ou colorindo toda a cera
da qual a vela é feita. Existem tinturas de diversas
cores, mas, normalmente, o fabricante de vela usa as
cores primárias para produzir outras cores e tonali-
dades. O exemplo mais comum é misturar o amarelo e o
azul para obter o verde. Por ser a cera de abelha um
material caro e para que as velas de cera de abelha
sejam rentáveis devem ter alto preço elas são feitas,
normalmente, em cores sólidas, mais custosas, em vez
de apenas com uma camada de acabamento de cera obtida
por mergulhamento.
Embora as velas de cera de abelha na cor amare-
lo natural ou em outras cores não sejam produzidas
por grande parte das companhias de velas, elas podem
ser um item rentável especialmente em lojas que fazem
velas no local e as vendem diretamente ao consumidor
que busca um presente especial.
Tinturas solúveis em óleos são normalmente usa-
das na coloração de velas de cera de abelha. Para
cera de abelha devem ser usadas tinturas resistentes
a ácidos. Normalmente um solvente como o thinner de
88.. A
A CCeerraa ddee A Abbeellhhaa
nnaa AArrttee ee nnaa IInnddúússttrriiaa
8.2. Batik
Batik é um método para fazer desenhos coloridos
em tecidos. Porções de tecido recobertas com cera
resistem ao tingimento. Quando o processo de tingi-
mento está terminado, a cera é removida pelo calor,
normalmente água fervente. A maioria dos batik com
cera usam cera de abelha em suas fórmulas. Outros
componentes incluem resinas e parafinas; o primeiro
torna a cera resistente, enquanto o último torna-a
mais quebradiça. Antes de a parafina estar disponí-
vel, é provável que apenas a cera de abelha era usado
na fabricação do batik. Como a temperatura de fusão
da cera de abelha é superior à da parafina, ela não
derrete nos banhos quentes de tingimento o que garan-
te um tingimento rápido de cores brilhantes.
Existem muitas técnicas de batik. O efeito de
fissura característico no batik tradicional é conse-
10
O termo epilação é usado quando o cabelo é arrancado pela raiz; depilação se refere
à degradação química do cabelo. A mistura indicada é aplicada quente e removida
energica e firmemente quando a mistura estiver fria e o cabelo emaranhado nela. Um
problema do uso doméstico é que ocorre mais aflição, e o resultado é menos efetivo
quando for removido lenta e cuidadosamente.
30 Cor
20 Uniformidade na aparência
9.3.1. Cor
A cor deve ser clara e brilhante, isto foi dis-
cutido acima.
9.3.2. Limpeza
Comercialmente, a cera de abelha é filtrada pa-
ra remover a sujeira e os fragmentos. Como isto exige
um filtro prensa, a maioria dos apicultores não fil-
tram sua cera, mas limpam-na por decantação. A decan-
tação toma tempo e não pode ser apurada. A cera deve
ser deixada a cerca de 150º a 160ºF (66º a 71ºC),
logo acima da temperatura em que ela solidifica, pre-
ferencialmente por várias horas. Se for necessário
reaquecer a cera durante este tempo deve ser feito de
tal forma que o líquido e a sujeira não sejam pertur-
badas. Isto envolve resfriamento numa forma isolada
ou manter a forma ou o molde numa caixa isolada como
um forno ou um refrigerador. Pode-se derramar a cera
líquida limpa ou deixar o bloco esfriar e cortar fora
a porção do fundo. Não é um assunto fácil cortar o
bloco de cera de abelha; um machadinho serve melhor.
Um item importante de limpeza inclui a ausência
de odores ruins, especialmente os resultantes da fer-
mentação. Como já mencionado em outro lugar, por ve-
zes é impossível reverter o mau cheiro da fermenta-
ção. Se a cera dos opérculos e dos favos velhos con-
tendo mel for armazenada por longo tempo, a cera pode
ser consideravelmente desvalorizada como resultado de
uma lenta fermentação.
11
Segundo Michaelis - Pint: medida de capacidade (Britânico: 0,568 l, Americano:
0,437 l). (Nota do Tradutor).
10.1. Velas
O principiante na fabricação de velas de cera
de abelha experimentará alguma dificuldade em deter-
12
A reprodução de moldes antigos para a fabricação de velas estão disponíveis em Dr.
Rovert Berthold, Jr., Delaware Valley College, Doylestown, Pa. 18901.
Para linoleo.
Cera de abelha ................ 4 partes
Terebentina ................... 5 partes
Carbonato de potássio ......... 1 parte
Água ......................... 25 partes
A
Appêênnddiiccee II
Algumas patentes sobre processamento de cera e
produtos.
Auer, L. Waxes (polish formulae with beeswax 2,406,336 Aug. 21, 1942
Rau, K. Candle and Fuel Composition for Candles 2,188,795 Jan. 30, 1940
Manufacture of Wax Models for Precision
Roalston, N. 2,635,294 Apr. 21, 1953
Casting
Root, E. R. Reenforced Comb Foundation for Beehives 1,512,861 Oct. 21, 1924
Root, H. H. Candle and Method of Making Same 1,937,393 Nov. 28, 1933
Root, H. H. Candle and Method Relating Thereto 1,867,420 July 12, 1932
Comb Foundation (3-ply foundation - Mineral
Root, H. H. 1,583,605 May 4, 1926
Wax)
Root, H.H. and K.
Comb Foundation 2,331,231 Oct. 5, 1943
Rau
Smith, E. and A.
Apparatus for Extracting Wax 922,637 May 25, 1909
Waterhouse
Strahan, C. F. Honeycomb and Comb Foundation 1,806,987 May 26, 1931
3. PONTO DE FUSÃO
3.1. Equipamento
A. Tubo capilar padrão com as extremidades a-
bertas (diâmetro aproximado de 1mm e comprimento de
10cm)
B. Tubo de Ponto de Fusão Thiele Modificado
C. Termômetro – ASTM E1-34C – Certificado para
63ºC.
D. Pequeno bico de Bunsen.
3.2. Procedimento:
Uma amostra de 10 gramas da cera composta, fil-
trada, refinada ou clarificada é derretida numa tige-
la de evaporação até uma temperatura não superior a
75ºC. A ponta do tubo capilar é mergulhada cuidadosa-
mente na cera derretida até a profundidade de aproxi-
madamente 1cm. O tubo é então removido mantendo o
dedo sobre a extremidade aberta do tubo que é limpo
do excesso de cera aderido à sua parte externa. Dei-
xar a cera que está dentro do tubo solidificar e en-
tão colocar o tubo no tubo de teste e o manter em
contato com gelo por pelo menos duas horas ou deixar
o tubo capilar ficar na temperatura do ambiente por
12 horas. Usando uma fita adesiva prender o tubo de
ponto de fusão ao termômetro tendo certeza que a cera
fique ao longo do bulbo do termômetro. O termômetro e
o capilar são então mergulhados 51 mm no Tubo de Pon-
to de Fusão Thiele modificado contendo água recente-
mente fervida. O pequeno bico de Bunsen é usado para
aquecer a água permitindo que a temperatura suba na
4.2. Reagentes
Hidróxido de potássio metanólico N/2
Ácido clorídrico aquoso N/2
Isopropanol e Tolueno neutralisado 5:4 A.R.
4.3. Procedimento:
Pesar aproximadamente 3 gramas da amostra com-
posta de cera com a precisão de ±1mg e transferir
para um frasco de 250 ml feito de vidro resistente a
cáusticos. Addicionar 50ml do Isopropanol e Tolueno
neutralisado 5:4 e 5 gotas da solução teste de Fe-
nolftaleína e dissolver sob o condensador de refluxo.
Quando completamente dissolvido titular com a Hidró-
xido de potássio metanólico N/2 até atingir a cor
rosa permanente, que não desaparecerá depois de fer-
vura lenta da mistura durante meio minuto.
5. PONTO DE SAPONIFICAÇÃO.
5.1. Equipamento: