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REFRIGERAÇÃO

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FUNDAMENTOS DA RERIGERAÇÃO

A refrigeração é o processo do arrefecimento,


levado com frequência a temperaturas muito
inferiores à do ponto de congelação da água e tem
sido usada, quase desde o princípio da civilização,
para conservar alimentos e aumentar o conforto do
homem. Naturalmente, nos tempos primitivos, os
únicos meios de refrigeração eram os que a própria
natureza proporcionava, como o frio das cavernas e
da água das fontes e dos rios, assim como o gelo
natural que era recolhido e armazenado para ser
utilizado no tempo quente. Mas com o
desenvolvimento de meios mecânicos pra a
obtenção de temperaturas baixas, o emprego da
refrigeração ampliou-se tanto que grande parte da
nossa actual maneira de viver seria impossível sem
ela.

CAMPO DE APLICAÇÃO

A refrigeração é utilizada principalmente para


aumentar o conforto e facilidade da vida.
A fabricação de gelo, o transporte de viveres
rapidamente deterioráveis, os armazéns frigoríficos
e os alimentos congelados são possíveis devido à
refrigeração mecânica e permitem aumentar a
variedade dos alimentos utilizáveis ao longo do ano.
O emprego da refrigeração no condicionamento de
ar, por exemplo, torna possível anular o desconforto
provocado pelo tempo quente nos escritórios, nas
lojas, nos cinemas e nas nossas casas.

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Finalmente, poder-se-á dizer que a refrigeração
utilizada pela Ciência e pela Industria tem
contribuído para o desenvolvimento e produção de
inúmeros artigos de grande utilidade.

TRANSFERÊNCIA DE CALOR

Para que se produza a refrigeração, o calor deve ir


sendo retirado da substância que se vai
progressivamente arrefecendo. Este fluxo de calor
terá somente lugar quando existir um agente ou
substancia a uma temperatura inferior à substância
que está sendo refrigerada. Por outras palavras, o
calor só fluirá duma temperatura mais alta para
uma temperatura mais baixa. O fluxo de calor
depende da diferença de temperatura existente
entre as duas substâncias, das dimensões das
superfícies que intervêm no processo e do
isolamento que possa existir ao longo do fluxo de
calor. A este fluxo de calor de uma substância para
a outra chama-se “transferência de calor”.

EFEITOS DO CALOR

Quando o calor é transferido produz-se uma


variação de temperatura, mas outras alterações
podem também ocorrer. Por exemplo, quando um
recipiente aberto é colocado sobre uma chama de
gás, o calor flui da chama para a água resultando
daí que o termómetro nele mergulhado indicará
uma progressiva subida de temperatura. Mas esta

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só subirá até aos 100ºC, pois o continuo
aquecimento da água não conseguirá aumentar a
temperatura para além desse valor, que é aquele a
que a água começa a ferver ( Fig 1).

Fig 1

È necessária uma considerável quantidade de calor


para vencer as forças internas e produzir as
alterações moleculares requeridas para converter a
água a 100ºc em vapor a 100ºC. Uma vez que este
calor não afecta a temperatura e não pode ser
detectado por um termómetro é denominado “calor
latente”, ou mais especificamente “calor latente de
vaporização”. Desprezando perdas mínimas pode
dizer-se que o vapor libertado pela água arrasta
consigo o calor que flui da chama para a água,
através do fundo do recipiente. A água evita que o
fundo se torne excessivamente quente. Num certo
sentido, refrigera-o.

Colocando-se uma tampa no recipiente e apertando-


a, a pressão aumentará se o mantivermos sobre a
chama. E aumentando a pressão, a temperatura da
água ultrapassará os 100ºC (fig.2).

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Fig 2

Isto é, o ponto de ebulição da água sobe de valor à


medida que aumenta a pressão a que está
submetido o vapor libertado à sua superfície. Se,
por outro lado, a água fosse aquecida no alto duma
montanha, onde a pressão atmosférica é baixa,
começaria a ferver a uma temperatura inferior a
100ºC (fig.3).

Fig 3------

Quando a pressão diminui, diminui portanto o ponto


de ebulição. Daqui resulta que, controlando-se a
pressão do vapor, é possível controlar-se a
temperatura de ebulição da água.

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Se o vapor produzido num recipiente fechado for
canalizado para um radiador, transmitirá calor a
este, o qual, por sua vez, aquecendo, irradiará calor
para o ar que o circunda. O vapor, perdendo o seu
calor latente de vaporização, condensa-se formando
de novo água a 100ºC (fig.4), caso a pressão seja a
pressão atmosférica normal.

Fig 4

Todos os líquidos (excluindo as misturas de líquidos)


se comportam da mesma maneira da descrita para
a água, embora sejam diferentes as temperaturas a
que fervem ou se condensam e as quantidades de
calor envolvidas nas mudanças de estado.

Uma generalização importante pode agora fazer-se:


os líquidos, absorvendo calor, podem converter-se
em gases e os gases, cedendo calor, podem passar
ao estado líquido. Ambas as mudanças de estado
têm lugar sem alteração de temperatura. Mas a
temperatura `qual a vaporização e a condensação
se verificam depende do tipo de líquido e das
pressões a que o líquido ou o gás estão sujeitos.
Assim, por exemplo, quando o amoníaco está
submetido à pressão atmosférica ao nível do mar,
entra em ebulição, sendo, nesse momento, a sua
temperatura e a dos seus vapores saturados de -

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32ºC. Se a pressão porém for conduzida para um
valor inferior ao da pressão atmosférica, por
exemplo um vácuo 415 mmHg, a amónia ferverá a
um valor de -48ºC. Contrariamente, se a pressão
for aumentando para um valor superior ao da
pressão atmosférica, seja por exemplo, para 1,6
atmosferas a sua temperatura de ebulição subirá
para -23ºC.

O PROCESSO DE REFRIGERAÇÃO

Suponhamos que um recipiente aberto está cheio de


amoníaco, produto vulgarmente utilizado na
Industria como refrigerante. Submetido à pressão
atmosférica entra em ebulição, descendo a sua
temperatura para um valor de -35ºC. Uma vez que
esta temperatura é muito inferior à do ar
circundante, verificar-se-á um fluxo de calor deste
para o amoníaco, daqui resultando que ele
continuará em ebulição. O ar existente em volta do
recipiente será assim arrefecido em consequência
da perda de calor que experimenta (fig. 5).

Fig 5

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Se a amónia continuasse em ebulição e não fosse
substituída acabaria por se consumir
completamente, cessando então o arrefecimento. É
óbvio que este processo de refrigeração seria
impraticável, dado que o amoníaco é de certo modo
dispendioso e não poderia ser recuperado uma vez
que não se pode controlar o processo.
Consegue-se uma melhoria colocando o recipiente
com amoníaco no interior duma caixa isoladora e
fazendo com que os vapores de amoníaco sejam
canalizados para a atmosfera. O corpo que se
pretende conservar frio é colocado no interior da
caixa (fig.6).

Fig 6

Uma vez que só o interior desta e o corpo são


refrigerados, é consumida uma quantidade
apreciavelmente menor de amoníaco.
Mas, pode suceder que o corpo em referência não
necessite de ser arrefecido a uma temperatura tão
baixa ( como são ao -32ºC), ou seja, à temperatura
de ebulição do amoníaco. Reduzindo o fluxo dos

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vapores do amoníaco para a atmosfera, a pressão
interior pode ser aumentada para, por exemplo, 1,6
atmosferas. Daqui resulta que o valor do ponto de
ebulição do amoníaco subirá para -23ºC ( fig.7).

Fig 7

A consequente diminuição da diferença de


temperatura entre o interior e o exterior da caixa
isoladora significa que menos calor fluirá para o seu
interior, absorvido pelo amoníaco e que menos
quantidade de amoníaco se vaporizará.
Os vapores de amoníaco em vez de saírem para a
atmosfera podem ser conduzidos para outro
recipiente. Tratando-se de gases, se pretendermos
utilizá-los novamente como refrigerante, tem de
realizar-se a sua passagem ao estado líquido. Para
tal, deve fazer-se subir o seu ponto de condensação
para um valor ligeiramente mais elevado do que a
temperatura do agente de arrefecimento utilizado
(ar ou água). Isto pode ser conseguido pelo
aumento da pressão a que estão submetidos os
vapores de amoníaco, pois que quando se comprime
um gás frio a sua temperatura sobe
consideravelmente devido ao efeito da compressão.
Este aumento de temperatura do gás cria a

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possibilidade ao agente de arrefecimento de lhe
retirar calor. Se mantivermos a pressão, os vapores
de amoníaco condensam-se novamente,
convertendo-se num refrigerante líquido (fig.8).

Fig 8

Este amoníaco condensado, regressando ao


recipiente colocado no interior da caixa isoladora,
voltará portanto a vaporizar-se e a refrigerar
quaisquer objectos nela colocados.
Resumindo, diremos que o ciclo atrás descrito e que
é composto pela vaporização do liquido refrigerante,
compressão dos seus gases até à pressão de
condensação, condensação destes provocada pelo
seu arrefecimento e retorno do líquido ao recipiente
original, se realiza sempre, mesmo no mais
complexo sistema de refrigeração mecânica.

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Num sistema moderno (fig.9) o recipiente que
contém o líquido converte-se no que se denomina
um EVAPORADOR.

Fig 9

O gás é comprimido num COMPRESSOR e, tendo


aquecido porque foi submetido a pressão elevada,
converte-se em líquido num CONDENSADOR. Sob
esta forma é recolhido num depósito, do qual sairá
para o evaporador, sendo o seu caudal controlado
por uma VÁLVULA DE EXPANSÃO.
A temperatura a que a refrigeração tem lugar é
controlada pela pressão que se mantém sobre o
líquido que se vaporiza. Por outro lado, a pressão à
qual o gás deve ser comprimido é controlada pela
temperatura de condensação mantida pelo agente
arrefecedor utilizado.

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REFRIGERANTES UTILIZADOS

Todos os refrigerantes se comportam de forma


semelhante ao amoníaco, mas as pressões e
correspondentes temperaturas variam de uns para
os outros. Para uma dada pressão existe uma única
e bem definida temperatura à qual cada refrigerante
liquido entra em ebulição ou o seu gás se condensa,
quando respectivamente, é aquecido ou se lhe retira
calor.

A selecção de fluidos para utilização na parte


interna do circuito de compressão é um problema
que tem de ser resolvido tendo em atenção as
limitações naturais do sistema.

O fluido deverá evaporar em condições de pressão


não demasiado baixa mas de temperatura
suficientemente baixa;

Assim se conseguirá uma temperatura da parede do


evaporador suficientemente baixa para refrigerar o
fluido com que contacta, fluido esse que, por sua
vez, irá contactar com os alimentos.

Caso a refrigeração dos alimentos se faça


directamente por contacto com a superfície externa
do evaporador, essa temperatura deverá rondar os
0ºC, e caso haja que utilizar o evaporador para
arrefecer, por exemplo, ar, ela poderá ser
ligeiramente mais baixa, mas em geral nunca
inferior a uns -5ºC.

Por outro lado, o fluido deverá, uma vez


comprimido, poder ser liquefeito a uma temperatura

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não muito superior à de um fluido barato e
acessível, uma vez que esta liquefacção não poderá
constituir factor de custo adicional para o processo
que já está onerado pela compressão.
Esta compressão do fluido também deve poder ser
feita sem atingir grandes valores de pressão, uma
vez que estes obrigam a grandes taxas de
compressão e a um aumento de custo do
compressor.

O fluido deve ainda ter um calor de vaporização tão


elevado quanto possível, à temperatura de
evaporação, para se poder utilizar um caudal em
massa não muito elevado.

De igual forma convém que o fluido tenha, no


estado de vapor, um volume específico tão baixo
quanto possível, para que o caudal a comprimir seja
também tão baixo quanto possível, não obrigando a
um esforço tão grande de compressão, ou a um
compressor de maiores dimensões.

Está também fora de questão que o fluido congele a


uma temperatura próxima da do evaporador, uma
vez que a congelação entupiria o sistema, e que na
proximidade do ponto de congelação o aumento da
viscosidade do fluido poderia impedir, ou diminuir, a
velocidade com que ele deve acorrer à tarefa
térmica que desempenha no evaporador.

Finalmente, o fluido a utilizar deve ser


quimicamente estável em presença do lubrificante e
do material de que é construído o equipamento, na
gama de pressões e temperaturas a utilizar, não
provocando corrosão no equipamento.

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Deverá ainda ser um fluido barato cujas fugas
sejam fáceis de detectar, de preferência não
inflamável nem conducente a misturas inflamáveis
ou explosivas com o ar, e, caso seja tóxico, deverá
existir um sistema fácil de prevenção dessa
toxicidade.

Mais recente mas não menos importante é o


requisito de que o fluido não seja prejudicial ao
ambiente, e que, nomeadamente, não provoque
danos ambientais em caso de ocorrência de fugas.
Este requisito obriga, a médio prazo, a não mais se
utilizar como fluidos frigorigéneos em sistemas de
compressão de vapor os hidrocarbonetos clorados,
os quais se decompõem nas camadas superiores da
atmosfera contribuindo para a destruição da
camada de ozono cuja função é filtrar as radiações
ultravioletas do Sol.

Os nomes comerciais destes produtos, têm o


formato genérico [Freon nn’n”], em que n, n’ e n”
são dígitos, sendo também vulgar a designação de
“R nn’n”.
Assim, o diclorodifluorometano é o R 12 e o
amoníaco é o R 717.

Em substituição dos fluidos frigorigéneos contendo


cloro perfilam-se os que apenas contêm como
halogéneo o flúor.
O R 134a -tetrafluoroetano é aquele que
substitui(rá) o vulgar R 12 na grande parte das suas
aplicações, em cumprimento dos protocolos
internacionais para a protecção do ambiente.

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O amoníaco tem um calor latente de vaporização
muito superior ao dos hidrocarbonetos halogenados,
o que tem como consequência ser necessário um
caudal em massa menor por unidade de
refrigeração, e, apesar do seu maior volume
específico, também um caudal em volume menor.
Em condições semelhantes também a taxa de
compressão (dada pela razão entre a pressão de
descarga e a pressão de admissão do compressor) é
menor para o amoníaco, o que beneficia o
compressor. O R 22 é um fluido adequado ao
trabalho a temperaturas muito baixas, em
comparação com os restantes.

Portanto, as características de um fluido


frigorigéneo ideal para um sistema de compressão
de vapor são:

 Tc acima da temperatura à saída do


compressor (por exemplo 40ºC);
 Pressão de condensação não muito elevada;
 Ponto de fusão inferior à temperatura de
entrada no evaporador (por exemplo, -20ºC);
 Baixo volume específico;
 Elevado calor latente de vaporização;
 Inerte e não corrosivo;
 Não inflamável;
 Não tóxico, fugas detectáveis;
 Não prejudicial para o ambiente;
 Barato.

Mau grado o esforço internacional para se não


utilizar os hidrocarbonetos clorados, eles ainda são
os mais utilizados, e existem no mercado
produtores e fornecedores desses produtos.

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Os sistemas mais antigos que foram concebidos
para trabalhar com R 12 podem ser alterados para
R 134a, mas muitas vezes, nomeadamente em
pequenos sistemas domésticos, os utilizadores nem
sequer têm consciência de que seja necessário
mudar de fluido frigorigéneo.

Pressão Relativa
Á temp À
evap temp.cond
Ponto
Ebulição
à -15ºC 30ºC
pressão
atmosf.
R 717 -33,3 1,4 10,6
R 22 5,2 2,0 11,0
R134a -26,3 0,5 6,8

O amoníaco é provavelmente o fluido frigorigéneo


mais adaptado às condições de trabalho da
indústria. Necessita, no entanto, de instalações
especiais (não se pode utilizar peças contendo cobre
ou ligas com cobre, porque este fluido é corrosivo
para o cobre) e pode ser tóxico, embora a
intensidade dos sintomas organolépticos provocados
seja em geral suficiente para que as pessoas se
afastem.

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COMPONENTES DE UM SISTEMA FRIGORÍFICO
DE COMPRESSÃO DE VAPOR

O evaporador
O compressor
Condensador
Válvula de laminagem

BAIXA
PRESSÃO EVAPORADOR ABSORVE CALOR

VAPOR

DISPOSITIVO
DE COMPRESSOR RECEBE
LAMINAGEM TRABALHO

ALTA
LÍQUIDO PRESSÃO

CONDENSADOR
LIBERTA CALOR

Fig 10______

O EVAPORADOR

No evaporador dá-se a vaporização do fluido,


possível graças à transmissão de calor do exterior. É
portanto um permutador de calor que arrefece um

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fluido exterior a uma temperatura constante (a
temperatura de vaporização do fluido à pressão de
trabalho). As soluções construtivas dos
evaporadores proporcionam portanto, em geral,
grandes áreas superficiais. Os tubos no interior das
quais ocorre a vaporização do fluido podem ser
simples ou com alhetas, sendo os primeiros mais
fáceis de descongelar (retirar o gelo superficial que
se acumula quando arrefece ar húmido).

Os evaporadores de tubos simples e os de placas


são os que proporcionam maior superfície de
transferência de calor por condução podem ser
utilizadas para transferência de calor a meios
líquidos. A geometria com alhetas exibe em geral
um desempenho superior, dada a grande área que
disponibiliza, e é a preferida para arrefecer ar.

Durante a operação dos sistemas frigoríficos, no


caso do arrefecimento de ar, vai-se acumulando
gelo na superfície externa do evaporador. O
desempenho do sistema diminui com essa
acumulação de gelo, que é mais isolante e espesso
do que o material de que é construído o evaporador
(em geral aço para sistemas a amoníaco, e cobre
para sistemas a hidrocarboneto halogenado). Torna-
se em geral necessário interromper ao fim de algum
tempo o funcionamento do evaporador e proceder à
descongelação deste gelo superficial. Isto pode ser
feito com gás quente ou com uma resistência
eléctrica. Por esta razão, é habitual os sistemas
frigoríficos destinados a trabalhar em contínuo ou
em semicontínuo possuírem diversos evaporadores,
funcionando alternadamente, e sistemas
eventualmente automatizados de entrada em

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descongelação de cada evaporador (mediante
informação sobre diminuição do caudal/da
temperatura do vapor gerado).

O COMPRESSOR

O compressor funciona portanto acoplado a um


motor (eléctrico, Diesel, de explosão), que lhe
transmite a energia necessária para levar a cabo no
interior dos cilindros a tarefa de compressão.
A capacidade do compressor é limitada pelo volume
de compressão que ele disponibiliza, o qual é igual
ao produto do número de cilindros pelo volume útil
de cada cilindro e pela velocidade a que ocorrem as
sucessivas compressões (número de rotações por
unidade de tempo imprimido pelo motor ao
compressor).

Como durante o funcionamento em determinadas


situações há necessidade de dissipar mais calor no
evaporador, com o consequente aumento do
trabalho de compressão, e vice-versa, o compressor
funciona portanto, em geral, a uma capacidade
parcial.

Pode-se controlar a capacidade do compressor,


a) controlando a velocidade do motor que o
actua;

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b) permitindo o retorno de uma parte do vapor
de alta pressão para a zona de baixa pressão
através de válvulas suplementares; ou
c) mantendo alguns cilindros inactivos, por
exemplo mantendo a válvula de admissão
aberta.

O sistema referido em b) é o mais habitual mas não


permite poupar energia, enquanto que a utilização
de um motor eléctrico de velocidade variável
necessária para a solução a) ou a utilização de
sistemas electromagnéticos para manter abertas as
válvulas de admissão de alguns cilindros como em
c) resultam em poupança de energia, uma vez que
o trabalho de compressão corresponde
principalmente ao da tarefa térmica instantânea.

Os compressores centrífugo e rotativo, ou de


parafuso, são próprios para instalações de maiores
dimensões. Não é vulgar encontrar na indústria
compressores centrífugos (em que o diferencial de
pressão é conseguido à custa da elevada velocidade
resultante da força centrífuga exercida por
conjuntos de rotores,), a não ser em instalações de
muito grande dimensão, mas os compressores de
parafuso são habituais. Nos compressores de
parafuso podem ser atingidas taxas de compressão
superiores, até ao valor de 20. São estes
equipamentos os que geralmente se escolhe para as
instalações industriais.

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CONDENSADOR

Tal como o evaporador, o condensador é um


permutador de calor em que sobrevém pelo menos
uma mudança de estado. No condensador dissipa-
se o calor em excesso do vapor comprimido,
transferindo-o para um fluido barato e acessível, tal
como água ou ar. Dessa forma se provoca a
condensação do fluido. Caso seja acessível um outro
fluido a uma temperatura mais baixa, poderá ser
utilizado esse fluido como refrigerante no
condensador, o que sucede por exemplo em
sistemas frigoríficos “em andares”, nos quais o
evaporador de um andar de alta temperatura é
simultaneamente o condensador de outro andar que
atinge temperaturas menores.
Os tipos mais vulgares de condensadores têm
soluções construtivas semelhantes às dos
evaporadores, para as soluções que são
vulgarmente adoptadas nos condensadores dos
frigoríficos domésticos, isto é, utilizando placas ou
alhetas para aumentar a área de transferência de
calor:

Outro tipo de condensadores são os que utilizam


água como fluido de arrefecimento. Destes, os de
tubos, de construção e manutenção barata, utilizam
água geralmente em fluxo cruzado, como o
condensador de tubos em que a condensação se dá
no corpo do condensador, que é atravessado por
tubos nas quais circula água de arrefecimento, e
que podem ter alhetas ou uma geometria em
serpentina.

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VÁLVULA DE LAMINAGEM

A válvula de laminagem regula e controla o acesso


do fluido condensado ao evaporador, servindo assim
como órgão de separação entre a zona de pressão
mais elevada e a zona de pressão mais baixa no
circuito frigorífico de compressão de vapor.

Existem diversos tipos de válvulas aos quais podem


ser acoplados dispositivos de medição de caudal
quando se pretenda conhecer, e eventualmente
controlar, o funcionamento do circuito. Existem
cinco tipos de válvulas de laminagem de concepção
e funcionamento diversos, com objectivos
diferentes:

 Válvula de laminagem controlada pelo


operador;
 Válvula de laminagem de controlo automático
pela pressão no evaporador, ou na entrada ou
na saída.
 Válvula de laminagem termostática.

A válvula de laminagem com controlo manual é uma


simples válvula em cunha, de agulha ou de
borboleta, que pode ser operada manualmente pelo
operador, o qual pode dessa forma alterar o caudal
de fluido admitido ao evaporador.

Fig 11---------

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A válvula de controlo automático da pressão no
evaporador é uma válvula, em que a posição do
obturador depende da relação entre a pressão do
evaporador e a pressão de controlo exercida por
uma mola.

Fig 12

Quando a pressão no evaporador diminui, a mola


expande e o obturador desce permitindo a entrada
de mais líquido do condensador, de cuja evaporação
resulta um aumento da pressão no evaporador, até
que compense a pressão da mola fechando a
entrada de líquido.
Este tipo de válvula assegura uma pressão, e
portanto também uma temperatura constante no
evaporador, e é comum nos frigoríficos domésticos.

Outro tipo de válvulas utilizadas nos dispositivos


industriais são as válvulas termostáticas as quais
são actuadas directamente pela temperatura no
evaporador. São actuadas pela pressão do vapor de
um fluido (em geral o mesmo que se utiliza no
circuito de frio) contido num circuito fechado, a qual
traduz e transmite a temperatura a que o fluido se

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encontra variando a sua pressão, que é exercida
sobre um diafragma que faz parte da válvula.
Quando a temperatura sobe aumenta a pressão do
vapor, abrindo a válvula

Este processo de controlo é vulgarmente utilizado


em conjunto com o controlo pela pressão de
evaporação referido para o tipo de válvulas anterior
sendo as válvulas mais utilizadas nos dispositivos
industriais pois permitem o ajustamento mais
rigoroso do grau de sobreaquecimento do vapor no
evaporador para o valor que for desejado.

Fig 13

Todos estes componentes estão interligados por


condutas no interior das quais circula o refrigerante,
que passa por várias mudanças de fase, recebendo,
em cada uma delas, o nome da respectiva evolução

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termodinâmica (condensação e vaporização). Ao
conjunto destas evoluções termodinâmicas dá-se o
nome de ciclo frigorífico.

Para a análise de um ciclo frigorífico torna-se então


necessário considerar cada uma das evoluções não
só isoladamente como também relativamente ao
ciclo completo, pois qualquer modificação
introduzida numa delas provocará alterações nas
restantes.

Para se realizar um ciclo de refrigeração é


necessário fornecer trabalho exterior ao sistema.

Um ciclo é composto pelas seguintes


transformações reversíveis:

 Compressão adiabática (isentrópica);


 Condensação (isotérmica);
 Expansão adiabática (isentrópica);
 Evaporação (isotérmica).

A absorção de calor da fonte fria constitui o único


efeito útil do ciclo. Todas as restantes
transformações têm como função proporcionarem
que a energia retirada à fonte fria, a baixa
temperatura, possa ser fornecida à fonte quente a
alta temperatura.

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EVAPORADOR

( calor absorvido do espaço a

CONDENSADOR
COMPRESSOR

( calor cedido ao exterior)

Fig 14

Assim, considerando a fig. 14, partindo do ponto 3,


onde o refrigerante proveniente do condensador
está no estado líquido à pressão de condensação
(pC), o dispositivo de laminagem introduz-lhe uma
queda de pressão tal que o fluido ao atravessá-lo
fica à pressão de evaporação (pE).

Esta queda de pressão (pC-pE) é acompanhada da


vaporização de parte do líquido (“flash-gas”) e de
uma diminuição da sua temperatura. Obtém-se
assim uma mistura de líquido+vapor, que entra no
evaporador à pressão de evaporação pE
(correspondente à temperatura de evaporação TE).
Por acção do calor que é fornecido ao refrigerante,
no evaporador, pelo fluido que se pretende
arrefecer (ar, água, salmoura, etc.), a referida

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mistura (líquido+vapor) vaporiza completamente,
mantendo-se constante a sua pressão e,
consequentemente, a sua temperatura.

O vapor, assim formado, é aspirado pelo


compressor, através da respectiva linha de
aspiração, e comprimido até à pressão de
condensação (pC), com o consequente aumento da
temperatura. Após a compressão, o vapor é
descarregado, através da linha de descarga, para o
condensador onde se processa a sua passagem de
vapor a líquido (condensação). Esta mudança de
fase verifica-se também a pressão e temperatura
constantes, sendo o calor retirado através de um
fluido arrefecedor (normalmente ar ou água).

Para que as referidas trocas de calor, no


condensador e no evaporador, se verifiquem é
necessário que exista uma determinada diferença
de temperaturas entre o refrigerante e o fluido com
o qual este troca calor (fluido arrefecedor), ou seja
se, por exemplo, pretendermos ter o ambiente de
uma câmara frigorífica a 0 ºC a temperatura de
vaporização do refrigerante terá que ser,
necessariamente, inferior a 0 ºC.
Os diversos estados representativos do agente
refrigerante em circulação através dos diversos
componentes de uma instalação frigorífica podem
ser representados num diagrama [p; h].

27
DIAGRAMA P;H

Durante a sua utilização no circuito frigorífico, o


fluido sofre alterações de temperatura e de pressão,
sendo responsável por transferências de calor. Para
representar as alterações de estado desse fluido é
conveniente dispor de dados que permitam
caracterizar em cada momento o seu estado, dando
indicações quanto à temperatura, à pressão e ao
conteúdo energético do mesmo.

Fig 15

28
Esses dados sob uma forma gráfica – diagramas de
estado –, que permitem visualizar os processos que
ocorrem no circuito.

Na fig. 16 representa-se um ciclo frigorífico ideal


(ciclo saturado simples) no diagrama [p; h].

fig. 16

Assim tem-se:

Ponto 1: Representa o estado do fluido após ter


sido evaporado (no evaporador) e já na linha de
aspiração, junto à aspiração do compressor. As suas
pressão e temperatura são, respectivamente, p1=pE
e T1=TE. Neste ponto o fluido é um vapor saturado.

Ponto 2: Representa o estado do fluido após ter


sido comprimido. As suas pressão e temperatura
são, respectivamente, p2=pC e T2>TC (T2 representa
a temperatura de descarga do compressor). Neste
ponto o fluido é um vapor sobreaquecido.

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Ponto 3: Representa o estado do fluido após ter
sido condensado (no condensador) e antes de
passar no dispositivo de laminagem. As suas
pressão e temperatura são, respectivamente, p3=pC
e T3=TC. Neste ponto o fluido é um líquido saturado.

Ponto 4: Representa o estado do fluido depois


do dispositivo de laminagem e à entrada do
evaporador. Neste ponto o refrigerante é constituído
por uma mistura líquido+vapor (com muito líquido e
pouco vapor ou seja, com um título muito baixo). As
suas pressão e temperatura são, respectivamente,
p4=pE e T4=TE. Para que este ponto fique bem
definido é necessário conhecer-se o valor de outra
propriedade do fluido, por exemplo a entalpia, a
qual é igual à entalpia do ponto 3 (h4=h3).

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PARAMETROS DE FUNCIONAMENTO

Os principais parâmetros de funcionamento de uma


instalação frigorífica são:

 Potência frigorífica;
 Efeito frigorífico;
 Potência de compressão;
 Trabalho específico de compressão;
 Potência de condensação;
 Efeito calorífico;
 Eficiência;
 Rendimento.

A potência frigorífica pode obter-se fazendo um


balanço de energia ao evaporador. Assim, a
potência frigorífica ou capacidade de refrigeração
define-se como sendo a potência térmica que é
necessário fornecer ao refrigerante, no evaporador,
para que ele vaporize a pressão constante, ou seja:

onde:

h1-entalpia do refrigerante na saída do evaporador;


h4–entalpia do refrigerante na entrada do
evaporador;
m–caudal mássico de refrigerante através do
evaporador.

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As unidades normalmente utilizadas para exprimir a
potência frigorífica são:

Frigoria por hora (frig/h);


Tonelada de refrigeração (TR);
Quilowatt (kW);
British Termal Unit por hora (BTU/h);
Quilocaloria por hora (kcal/h).

Estas unidades estão relacionadas entre si da


seguinte forma:

1 frig/h = 1 kcal/h
1 kW = 860 kcal/h = 860 frig/h
1 TR = 3.024 kcal/h =3,516 kW = 12.000 BTU/h

fig. 17

32
O efeito frigorífico (qE - kJ/kg) define-se como
sendo a potência frigorífica por unidade massa de
refrigerante em circulação no evaporador, ou seja:

A potência de compressão pode obter-se


efectuando um balanço de energia ao compressor.
Assim, a potência de compressão define-se
como sendo a potência mecânica que é necessário
fornecer ao refrigerante para elevar a sua pressão
desde as condições de aspiração do compressor até
ao valor da pressão de condensação, ou seja:

Onde:
- entalpia do refrigerante na aspiração do compressor;
- entalpia do refrigerante na descarga do compressor;
- caudal mássico de refrigerante através do compressor.

O trabalho específico de compressão


define-se como sendo a potência de compressão por
unidade de massa de refrigerante em circulação no
compressor, ou seja:

33
A potência de condensação pode obter-se
efectuando um balanço de energia ao condensador,
e define-se como sendo a potência térmica que é
necessário retirar ao refrigerante, no condensador,
para que ele passe das condições de descarga do
compressor (vapor sobreaquecido) a líquido
saturado, ou seja:

Onde:
- entalpia do refrigerante na descarga do compressor;
- entalpia do refrigerante à saída do condensador;
- caudal mássico de refrigerante através do condensador.

O efeito calorífico define-se como sendo a


potência de condensação (potência de aquecimento)
por unidade de massa de refrigerante em circulação
no condensador, ou seja:

Relativamente a um ciclo frigorífico define-se


eficiência (eficiência frigorífica, coeficiente de
“performance” ou coeficiente de desempenho)

34
como sendo a relação entre a potência frigorífica e a
potência de compressão, ou seja

Define-se rendimento do ciclo frigorífico


como sendo a relação entre a eficiência do ciclo
frigorífico e a eficiência do ciclo de Carnot
equivalente, ou seja:

A eficiência do ciclo de Carnot equivalente,


tratando-se de um ciclo teórico onde as trocas de
calor e são isotérmicas, verificando-se para as
temperaturas limites e , respectivamente, será
dada por:

35
ENSAIO EXPERIMENTAL DA INSTALAÇÃO
FRIGORIFICA DO ITN

Contactar com uma instalação frigorífica que,


embora de reduzida dimensão, ilustra
significativamente os fenómenos e processos que se
verificam no ciclo termodinâmico descrito por um
sistema de refrigeração real;
Estudar o funcionamento da referida instalação
através da medição e cálculo dos seus parâmetros
mais importantes, bem como na análise da sua
evolução;

36
Na figura seguinte estão representados diversos componentes da instalação do
simulador de refrigeração do ITN.
Em presença do referido equipamento, identifique os diversos componentes
recolha valores de pressões e temperaturas de funcionamento, relevantes para
traçar no diagrama P:h o respectivo ciclo e calcular os principais parâmetros de
funcionamento, e estabeleça a sua ligação funcional no mesmo esquema.
1________________________________2________________________________
3________________________________4________________________________
5________________________________6________________________________
7________________________________8________________________________
9_______________________________10________________________________
11______________________________12________________________________
13______________________________14________________________________
15______________________________16________________________________
17______________________________18________________________________
19______________________________20________________________________
21______________________________22________________________________
23______________________________24________________________________
25______________________________26________________________________
27______________________________ NOTA: O rendimento isentrópico de compressor é de 80%

37
FIM

38

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