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Questionário de Sociologia

1.) O desenvolvimento das Forças Produtivas, as crises de superprodução e as


tentativas de superá-las:
R: Força Produtiva é a capacidade que uma determinada coletividade tem de se
apropriar/transformar a natureza. O feudalismo instituiu técnicas apropriadas para
as realidades sociais de diferentes países, e que caracterizavam um certo modo de
produção. Porém, a partir do século XV, com o aumento do comércio de
manufaturas e o fortalecimento da burguesia, o modo de produção industrial feudal
não estava conseguindo acompanhar as necessidades dos mercados emergentes.
Os mestres das corporações são substituídos pela figura do industrial, e ocorre a
divisão do trabalho dentro das oficinas. No entanto, a manufatura não estava mais
conseguindo acompanhar o crescimento do mercado, e surgiram novas máquinas e
formas de energia que alavancaram a produção industrial. Com isso, houve
desenvolvimento do mercado mundial, comércio, navegação e comunicações, com
o conseqüente crescimento da indústria. Dessa forma, a burguesia também se
fortaleceu, juntamente com os capitais. Contanto, ela chega num ponto em que é
incapaz de administrar suas relações de produção, propriedade, meios de
circulação e produção, e a sociedade se depara com crises comerciais. Esse fato
caracteriza a crise de superprodução, em que as forças produtivas e a produção
são exauridas. Com isso, a burguesia busca caminhos para superar as crises,
eliminando enorme parte das forças produtivas. Passa a explorar mais
intensamente mercados inexistentes, realizar novos investimentos, e contratar mão-
de-obra.

*Éder: Não é necessário voltar ao feudalismo. Marx estabelece um paralelo


(transição do feudalismo – capitalismo -> aumento das FP que não era possível
acontecer no feudalismo; relações de produção foram sendo alteradas, permitindo o
desenvolvimento de novas formas de produção, maquinários, etc.). Essa tarefa
permitiu à burguesia instituir a sociedade burguesa – prodígios, desenvolvimento de
novas formas de produção. Porém, a própria burguesia constitui um mundo que não
consegue controlar (as mesmas FP que criou – aprendiz de feiticeiro) – crise de
superprodução.
Entrar mais na dinâmica do processo de formação da crise de
superprodução: tem que escrever o mecanismo – concorrência, corrida pela
produtividade, desemprego, baixa de salário; como aconteceu e por que tendem a
se formar?; cortar emprego e diminuir a massa salarial corrói os empregos – esse
mecanismo faz com que ocorra uma situação paradoxal (História do Frankenstein –
a criatura se volta contra o criador). Não esquecer de citar as ações do Estado para
tratar as crises.

2.) A mundialização do capitalismo

A mundialização do capitalismo se deu diante da necessidade da burguesia


de conquistar novos mercados, devido à sua produção cada vez mais numerosa. Ao
explorar os mercados de países ao longo do mundo, acaba fazendo com que eles
assumam o mesmo modo de consumo e produção. Dessa forma, as indústrias
locais foram substituídas por outras, que passaram a importar matérias-primas para
produzirem. Isso acabou causando um intercâmbio entre os países, tanto material
quanto intelectual, estreitando seus laços. Com a evolução dos meios de
comunicação e instrumentos de produção, a burguesia expande seus domínios para
países distantes, substituindo o trabalho do campo para as cidades, povos não-
civilizados, e nações que ainda não apresentavam sinais de industrialização.

2.1.) A mundialização do capital: fixa um caráter cosmopolitano; ocorre o


desenvolvimento dos meios de comunicação, exploração de outros continentes, do
“comércio” científico. O capitalismo cria um mundo à sua imagem. Há uma busca
desenfreada pela acumulação de capital, surgimento de novas indústrias, e
fabricação de novos produtos para atender os mercados mundiais. As
transformações sociais são decorrentes da mundialização de produtos científicos,
substituição do campo pela cidade, substituição das culturas existentes pelo
sistema burguês de relação, submissão do poder político e ascensão da burguesia.
Ela estabelece homogeinização de consumo e produção, gera corrente de
interdependência, e de subordinação, tendo como centro o Ocidente. Surge a
necessidade de mudanças políticas, estabelecimento de barreiras alfandegárias, e
instituições que caracterizavam um mesmo sistema econômico. A burguesia
precisava criar vínculos em todos os lugares; desenvolveu o consumismo, gerando
mais capital e acumulação, e houve uma circulação universal intelectual e de
capital.
Antes do capitalismo o mercantilismo começa a formar não uma economia
intensificada, mas rotas comerciais internacionais em que há um transporte de
riqueza e mercadorias. Há a organização de um determinado produto ao longo do
mundo, circuito de riquezas, rotas de comércio, e é em torno do controle dessa
riqueza que ocorrem as guerras entre as nações da Europa Ocidental; mas esse
processo tem a ver com a formação de mercados nacionais e o comércio de
manufaturas, que estimulam sua disseminação. O capitalismo agrário passa para o
urbano-industrial. Seu desenvolvimento requer não só a utilização das rotas e
exploração de outras sociedades, mas requer também uma apropriação disso, e um
novo desenvolvimento. Os capitais excedentes da Inglaterra estão mais ou menos
no mesmo contexto de quando Marx publica o Manifesto Comunista. É quando ela
começa a pressionar o mundo para que vire capitalista, bem como a economia,
para formação de mercado de consumo e produção capitalistas. Não se forma,
porém, uma economia/controle da riqueza homogêneo; os países desenvolvidos
estão sempre em posição de controle sobre os periféricos, e essa estrutura vai se
reproduzindo pelos séculos, caracterizando um processo irreversível, que irá se
aprofundar cada vez mais.

3.) A formação histórica do proletariado:

como “classe em si”: conseqüências do desenvolvimento das FP (tecnologia,


divisão do trabalho) sobre os níveis salariais, ritmo da exploração, condições de
trabalho, composição etária e de gênero da força de trabalho, proletarização da
pequena burguesia;
como “classe para si”: envolvimento do proletariado em lutas da burguesia contra
outras classes; expansão, concentração espacial, homogeinização e pauperização
do proletariado; ampliação do escopo de sua consciência; organização e luta; o
caráter revolucionário do proletariado; o caráter socialista da luta do proletariado.
No capitalismo, o valor da mercadoria equivale à quantidade de valor humano
incorporado a ela. Com isso, o produto é resultante de um desgaste físico e mental
do trabalhador, que tem de trabalhar mais para produzir mais. Para que as
indústrias conseguissem aumentar sua produção, houve desenvolvimento de novas
máquinas, que substituíram funcionários, tornando-os assim desqualificados. A
divisão do trabalho fez com que fosse exigido baixo nível de especialização, e um
grande número de trabalhadores começou a se aglomerar nas fábricas, submetidos
à classe burguesa, detentora dos meios de produção. O desemprego tecnológico
teve como conseqüências a abundância de mão-de-obra, baixos níveis salariais, e
desqualificação do trabalho, tornando os trabalhadores substituíveis; isso causou a
diminuição do seu poder de barganha, e a sua substituição por mulheres e crianças
(que eram mais facilmente controláveis) – pressionando ainda mais o salário para
baixo, e aumentando a procura por emprego. Esse processo em que o trabalhador
vende sua força de trabalho, estabelecendo uma relação de produção com o dono
dos meios de produção, é chamado de proletarização, caracterizado pelo
assalariamento do trabalhador. Além disso, só sobrevivem ao mercado aqueles que
são capazes de incorporar os processos produtivos mais caros; sendo assim, os
pequenos produtores (pequena burguesia) perdem o mercado e passam a se
oferecer como força de trabalho, aumentando a proletarização.

*Éder: “classe para si” - a relação formada entre as duas classes é a que produz o
capitalismo; é de complementariedade e de contradição, pois o capital destrói o
trabalho, e assim a capacidade do trabalho se manter. O trabalhador só pode
sobreviver se eliminar o capitalismo e vice-versa – relação de negação mútua,
necessariamente. A relação é de conflito, e a dinâmica do capitalismo vai fazer com
que os indivíduos que compartilham a mesma estrutura de produção se organizem
para lutar, cada vez mais. Assim, desenvolvem a consciência de classe (com a
própria luta de classe). A tomada de classe é um processo que passa pela prática
da luta. Dessa forma vão forjando valores e interesses comuns. Automaticamente,
pelo seu próprio sistema, a classe para si vai se formando. Com o tempo ela não se
forma, e sim se haver prática, luta, organização, conflito. É isso que vai fazer com
que as classes passem a ser agentes sociais, classes em ação. Isso tende a
acontecer (de acordo com o Manifesto Comunista). Passagem de classe em si, a
classe para si: este estágio acontece com a revolução socialista, que levará ao
comunismo. Se essa transição não é automática, acaba sendo uma tendência.

*Éder: “classe em si” – processos produzidos pelo capitalismo para colocar as


pessoas na mesma situação (não ter trabalho, não deter MP, etc.) = pequena
burguesia, camponeses, trabalhadores autônomos (que podiam empregar meios de
trabalho) vão se proletarizando, se perdendo no jogo da concorrência – vão sendo
colocados nessa situação de vender sua FT; o próprio capitalismo vai promovendo
isso, sem desenvolvimento, avanço das forças produtivas para a mecanização, vão
elevando o número de pessoas que compartilham essa situação; daí o aumento da
classe em si.
- 1º processo: proletarização;
- 2º processo: homogeinização das condições de vida, de trabalho, do ritmo
do trabalho; elas se tornam cada vez mais pobres, sem ritmo crescente, repetitivo,
enfadonho; concentração espacial – trabalhadores trabalham do mesmo jeito;
quanto maior a massa, e mais homogênea, maior a probabilidade que se percebam
iguais, em oposição aos desiguais (classe dominante e burguesa). Com o
desenvolvimento dos meios de transporte e comunicação, ou seja, à medida que o
capitalismo avança, aumenta a comunicação entre os trabalhadores. O capitalismo
é um sistema expansivo que vai criando fortes laços de dependência/subordinação
das regiões mais afastadas – assim o capitalismo sente a necessidade de
desenvolver meios de transporte e comunicação. Sendo assim, o processo de
expansão do capitalismo promove também a expansão da proletarização. A
percepção do compartilhamento da percepção do trabalhador é favorecida pelo
desenvolvimento desses meios, inclusive da própria luta – as possibilidades de
ações coletivas são favorecidas pelo desenvolvimento desses meios = formação do
proletariado como sujeito coletivo, que luta.
Na Rússia em 1905 = revolução burguesa. O proletário vai lutar em favor da
burguesia, pois não tem nada a ganhar voltando para um sistema feudal. O
proletariado deve sim lutar com a burguesia contra as classes mais retrógradas,
reacionárias, para ajudá-la e aprenderem a lutar, pois esse aprendizado vai ser
usado posteriormente contra a própria burguesia. Nesse processo aprenderam as
“manhas” da luta. De acordo com Marx, a classe que começa a lutar não tem
ganhos imediatos, mas são aprendizados cumulativos, que se traduzem em
ganhos. A cada hound ela pode perder, mas subjetivamente vai ganhando, porque
é um aprendizado histórico. Os indivíduos vão aprendendo a agir como classe. A
construção da classe é um processo histórico e demorado.
Caráter revolucionário socialista: passagem da classe em si, a classe para si
– o sentido desse enfrentamento, dessa luta, é a revolução socialista. Ocorreu
porém o fato de uma parcela da classe de trabalhadores poderosa do proletariado
ter se unido ao capitalismo (para se dar bem dentro do sistema). Houve uma
disjunção, porque a classe trabalhadora se tornou poderosa, mas não para fazer
uma revolução.

Abolição da propriedade privada dos meios de produção – pág. 21-23: se resume


em toda a proposta do comunismo. A PPMP é o que divide a sociedade em duas
classes antagônicas; é o que determina as relações de produção capitalistas (entre
classes ou grupos de indivíduos que executam determinada esfera da produção).
O processo de acumulação de riqueza capitalista é contraditório, porque não é
linear, não é um sistema onde todos ganham, e sim o contrário. Para abolir a
propriedade privada, tem de haver a revolução, a tomada do poder político pelos
trabalhadores. Devem retirar os MP da mão dos particulares; organizar a economia
em novas bases = socialismo. O socialismo é uma sociedade de transição, em que
o governo está transformando o sistema capitalista, melhorando a vida das
pessoas, para no futuro construir uma sociedade em que o “ser do trabalho” teria
consciência na hora de instrumentalizar as forças da natureza (uma atividade que
não escaparia do controle do homem).

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