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Sabe-se que o Brasil vem enfrentando sérios embates no que diz respeito a educação, o

que se observa é a falta de escolas estruturadas, materiais pedagógicos escassos e um salário


medíocre para os profissionais da educação, apenas uma pequena parcela da população
demonstra interesses em cursar áreas relacionadas ao ensino, principalmente pedagogia, muitos
nem levam em consideração que tal profissão representa a base para as demais.
O atual cenário no qual vivenciamos está repleto de preconceito, principalmente racial,
os negros e pardos mal tem acesso as escolas, as oportunidades são totalmente distintas daqueles
considerados “superiores”, nesse caso pessoas brancas e com condições financeiras melhores,
estes têm o ensino mais elevado, cursado nas melhores escolas e faculdades privadas.
Para entendemos a desigualdade social presente na sociedade “[...] não pode ser
entendida sem se tomar em conta os nexos com a herança colonial e as diferenças étnicas que o
poder moderno/colonial produziu” (OLIVEIRA, CANDAU, 2010, p. 23). Com a predominância
de uma práxis colonial percebemos que a história e cultura brasileiras não são contadas pelos
negros e índios que aqui viveram e vivem, aqueles que realmente descobriram o Brasil, que
eram donos do território e suas riquezas, mas sim por uma única cosmovisão válida, aquela
pautada a partir da visão europeia.
Quando falamos que a colonialidade é constitutiva da modernidade significa o
questionamento da geopolítica do conhecimento como estratégia do pensamento moderno
ocidental que, de um lado, afirmou suas teorias, seus conhecimentos e seus paradigmas como
verdades universais e, de outro, invisibilizou e silenciou os sujeitos que produzem outros
conhecimentos e histórias.
Sendo assim os autores discutem as questões relacionadas ao racismo e a Educação
Decolonial ou a pedagogia decolonial que parte do entrelaçamento entre a teoria pedagógica
para a autonomia do ser através da consciência de si e dos outros em contexto, com as práticas
pedagógica emancipatórias que se baseiam nas histórias locais de vida e nas perspectivas de luta
social pela afirmação de direitos e da dignidade humana, lutas contra a colonialidade( marcha
das mulheres negras) , junto aos movimentos políticos e sociais de mais de 500 anos
caracterizados como pensar/ser/fazer/sentir de forma distinta à práxis e a retórica da
modernidade.
O colonialismo construiu a desumanização dirigida aos subalternos, o preconceito que
mesmo após a abolição da escravidão infelizmente ainda vigora na sociedade, então decolonizar
significa uma práxis baseada numa insurgência educativa propositiva, ou seja, é construir outras
pedagogias que vão além das hegemônicas, buscar uma sociedade onde o heterogêneo na
universidade, na rua, no shopping, na sociedade como um todo não seja visto com “olho torto”
não seja visto como algo incomum, o negro, o indígena, o LGBTQ+ ganhem seus espaços,
oportunidade de ingresso no ensino e principalmente no mercado de trabalho, para que possam
cumprir suas metas/objetivos e alcançarem os seus sonhos.
Bell Hocks (2003) comenta sobre o que os processos de ensino engajados devem
reconhecer que “ser professor é estar com as pessoas” (p.222), esse estar com as pessoas vai
muito além do ato de acompanhar ou de ensinar, é compartilhar objetivos para um crescimento
intelectual e humano para a criação de uma comunidade de aprendizagem.
São muitos os desafios, cercado de barreiras, dificuldades, armadilhas, mas com uma
luz no fim do túnel, uma possibilidade de construção de uma didática antirracista e uma
pedagogia decolonial, avançar juntos, de forma coletiva através dos movimentos sociais e das
lutas, nunca desistir e sucumbir ao eurocentrismo, devemos lutar pelo “DE” e não “DES” pela
criação e construção de novas condições sociais, políticas e culturais de pensamentos.

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