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Educação Bilíngue
Me. Marina Savordelli Versolato

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AULA 2
Movimentos políticos da comunidade surda e
marcos legais

O surdo ao longo da história:

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O surdo ao longo da história:

• A primeira etapa sobre a educação de surdos –


durante a Antiguidade e pelo período da Idade Média
– é pautada na incapacidade das pessoas surdas em
aprenderem e serem sociáveis, isto é, os surdos eram
tidos como “não educáveis” (LACERDA, 1998)
• No início do século XIV foi compreendido que os
surdos podiam aprender e com isso foram elaboradas
práticas pedagógicas, as quais os surdos podiam
desenvolver o “pensamento, adquirir conhecimentos e
se comunicar com o mundo ouvinte” (LACERDA, 1998,
p. 1).
• No século XVIII, as famílias dos surdos optavam por
colocar seus filhos em internatos, uma vez que a
surdez era vista como algo a ser corrigido, como
castigo e doença. →o objetivo de desenvolvimento
das pessoas surdas estava na oralidade e na
normalização
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O surdo ao longo da história:

• No século XVIII, as famílias dos surdos optavam


por colocar seus filhos em internatos, uma vez
que a surdez era vista como algo a ser corrigido,
como castigo e doença;

• O objetivo de desenvolvimento das pessoas


surdas estava na oralidade e na normalização.

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O surdo ao longo da história:

• Ainda no século XVIII tivemos, então, a separação


entre os oralistas e os gestualistas.

ORALISTAS GESTUALISTAS

• Alemão: HENICKE • FRANCÊS: L’ EPÉE


• Defendia a oralização • Sistema artificial de
dos surdos sinais ( sinais
metódicos)

Marcos importantes internacionais:

• Por conta de toda repercussão diante da prática


pedagógica realizada com os surdos, em 1878
aconteceu na cidade de Paris o I Congresso
Internacional sobre a Instrução de Surdos, em
que ocorreram vários debates sobre a prática
realizada até aquele momento.
• Em 1880 aconteceu o II Congresso Internacional,
na cidade de Milão.
• Neste congresso verificou-se uma forte mudança
na educação de surdos e isso faz deste um marco
histórico. Com maioria oralista no congresso ficou
definido que a metodologia oralista deveria ser a
usada na educação de surdos e não mais o uso da
língua de sinais (LACERDA, 1998)

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Congresso de Milão:
• Mais de 160 educadores e especialistas reuniram-se entre 6 e 11
de setembro de 1880 para discutir os rumos da educação das
pessoas surdas.
• Esse grupo de pessoas era na maioria ouvinte. Era uma época
onde acreditava-se na superioridade da língua falada,
considerando as línguas gestuais um retrocesso na evolução da
linguagem.
• Nessa ocasião ficou demonstrado que os surdos não tinham
problemas fisiológicos em relação ao aparelho fonador e emissão
de voz, fato esse do qual derivou a premissa básica: os surdos não
têm problemas para falar.
• Baseando-se nessa premissa, a comunidade científica da época
HQ "O congresso de Milão“ impôs que as línguas de sinais, ou linguagem gestual, conforme
Fonte: https://www.libras.com.br/congresso-de-
milao eram conhecidas, fossem definitivamente banidas das práticas
educacionais e sociais dos surdos.

Congresso de Milão:
• Educação de surdos → ORALIZAÇÃO;
• Professores surdos → expulso das escolas e
instituições de ensino;
• Comunidade surda excluída das instituições de
ensino;
• Língua de sinais → proibida no ambiente escolar.
CONSEQUÊNCIAS:
• Queda no nível educacional de estudantes surdos;
• Poucos conseguem desenvolver uma fala funcional;
• Apenas 100 anos depois iniciou-se o árduo processo
de rejeição das resoluções do Congresso de Milão e
a reestruturação da educação das pessoas surdas.
Somente em julho de 2010, no 21º Congresso
Internacional de Educação de Surdos (sediado em
Pintura de Nancy Rourke chamada "Milão 1880 em cima da mesa" - esta pintura é sobre o
Congresso Internacional sobre Educação de Surdos, realizado em Milão, Itália, no ano de 1880,
Vancouver, Canadá) houve uma votação formal e
quando a língua de sinais foi proclamada proibida e o oralismo se tornou a lei nas escolas de todas as oito resoluções do Congresso de Milão
surdos. As mãos representam os seis americanos que compareceram ao Congresso. São James
Denison, Edward Miner Gallaudet, Thomas Gallaudet Jr., Isaac Lewis Peet e Charles Stoddard.
foram rejeitadas.
FONTE: https://www.libras.com.br/images/artigos/congresso-de-milao/nancy-rourke-milan-
1880-on-the-table.png

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Marcos Nacionais:

• Em 1857, no Brasil, é inaugurado, pelo professor francês


Édouard Huet, o Instituto Imperial de Surdos-Mudos, na
cidade do Rio de Janeiro.
• Huet, também surdo, sugere a criação de uma escola
especializada na educação de pessoas surdas e Dom Pedro
II aceita sua proposta.
• Atualmente o instituto ainda existe, com o nome de
Instituto Nacional de Educação de Surdos (INES). Esse é um
marco da educação de surdos no Brasil. O INES
acompanhou as abordagens oralista, comunicação total e
bilinguismo de acordo com as tendências mundiais;
• Feneis – A federação é uma instituição fundada em 1987, no
Rio de Janeiro, tendo por finalidade a defesa de políticas
linguísticas, educação, cultura, saúde e assistência social em
favor da comunidade surda brasileira, bem como a defesa
de seus direitos. É filiada à Federação Mundial dos Surdos
(WFD), conta com uma rede de seis administrações
regionais e suas atividades foram reconhecidas como de
utilidade pública federal, estadual e municipal.

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Marcos Legais Nacionais:

• Lei nº 10.098/2000 → Lei de acessibilidade: mediante a


supressão de barreiras e de obstáculos nas vias e espaços
públicos, no mobiliário urbano, na construção e reforma
de edifícios e nos meios de transporte e de comunicação;

• LEI 10. 436 de 24 de Abril de 2002

• LEI DE LIBRAS
• “Art. 1o É reconhecida como meio legal de comunicação
e expressão a Língua Brasileira de Sinais - Libras e outros
recursos de expressão a ela associados.”

• INCLUSÃO da disciplina de libras nos cursos de


licenciatura e fonoaudiologia;

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Marcos Legais Nacionais:

• REGULAMENTAÇÃO DA LEI DE LIBRAS PELO DECRETO 5.626 de


22 de dezembro de 2005;

• Descreve o surdo como:

“ Para os fins deste Decreto, considera-se pessoa surda aquela que, por ter perda
auditiva, compreende e interage com o mundo por meio de experiências visuais,
manifestando sua cultura principalmente pelo uso da Língua Brasileira de Sinais -
Libras.

• Reconhece o surdo → cultura própria;

• Obrigatoriedade de intérpretes de libras em todas as


instituições de ensino;

• LIBRAS→ não substitui a língua portuguesa na modalidade


escrita. ( Comunidade surda em uma situação de bilinguismo)

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Bilínguismo:

• A condição bilíngue do surdo significa admitir que


ele percorre essas duas línguas “e, mais que isso,
que ele constitui e se forma a partir delas”
(PEIXOTO, 2006, p. 206)

• Uma vez que, historicamente, a língua de sinais


foi tão menosprezada e hoje se mostra
indispensável para a construção cultural, de
pertencimento à sociedade e de acesso ao
conhecimento e de avanços cognitivos e afetivos
dos sujeitos surdos.

Falar em bilinguismo alude à afirmação das


conquistas linguísticas e culturais da comunidade
surda.

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Referências Bibliográficas

ANDRADE, Camila Neto Fernandes. Bebês e crianças surdas nos


espaços educativos. Dissertação (Mestrado em Educação) –
Universidade Federal de São Paulo, Escola de Filosofia, Letras e
Ciências Humanas, Guarulhos, 2020.

BRASIL. Lei nº 10.436, de 24 de abril de 2002. Dispõe sobre a Língua


Brasileira de Sinais – Libras e dá outras providências. Diário Oficial da
República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 25 abr. 2002.

BRASIL. Decreto nº 5.626, de 22 de dezembro de 2005. Regulamenta


a Lei nº 10.436, de 24 de abril de 2002, que dispõe sobre a Língua
Brasileira de Sinais – 121 Libras, e o art. 18 da Lei nº 10.098, de 19 de
dezembro de 2000. Diário Oficial da União, Brasília, 23 dez. 2005.

LACERDA, Cristina BF de. Um pouco da história das diferentes


abordagens na educação dos surdos. Cafajeste. CEDES , Campinas, v.
19, n. 46, p. 68-80, setembro de 1998

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