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Educação Bilíngue
Me. Marina Savordelli Versolato

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AULA 3
Cultura Surda e o Bilinguismo

Surdez X Deficiência Auditiva

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Surdez X Deficiência Auditiva

• Do ponto de vista clínico, o que difere surdez de


deficiência auditiva é a profundidade da perda
auditiva.

• As pessoas que têm perda profunda, e não


escutam nada, são surdas. Já as que sofreram
uma perda leve ou moderada, e têm parte da
audição, são consideradas deficientes auditivas.

• Porém, levar em conta só a perspectiva clínica


não é suficiente, já que a diferença na
nomenclatura também tem um componente
cultural importante: a Língua Brasileira de Sinais.

Surdez X Deficiência Auditiva

• A Libras é uma língua reconhecida por lei no Brasil e


possui estrutura e gramática próprias.
• Por ser uma língua visuoespacial, ela é um muito mais
fácil de ser aprendida pelos surdos e por isso é o
primeiro idioma da comunidade surda no país. E é aí
que entra o aspecto cultural na diferenciação entre
surdos e deficientes auditivos.
• As pessoas que fazem parte da comunidade se
identificam como surdas, enquanto as que não
pertencem a ela são chamadas de deficientes
auditivas.
• Sob essa perspectiva, a profundidade da perda
auditiva passa a não ter importância, já que a
identidade surda é o que define a questão.
• Para os surdos, a surdez não é uma deficiência – é uma
outra forma de experimentar o mundo.

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LIBRAS É UMA LÍNGUA!!!!

Língua Linguagem
De ordem De ordem abstrato
epifenomenal: envolve que se refere a
fenômenos de ordem capacidade humana
política, social, de comunicação
A linguagem é a capacidade que
emocional, cultural etc. os seres humanos têm para
Estrutura Linguística produzir, desenvolver e
compreender a língua e outras
manifestações, como a pintura,
a música e a dança.

Cultura Surda:

• A cultura surda engloba possibilidades e elementos próprios


da vida dos sujeitos que se reconhecem como surdos,
abrangendo não apenas aspectos mais corriqueiros da vida
de cada um, mas também o grupo social que constituem.
• A privação do sentido da audição não inviabiliza a interação
linguística, a participação social ou a produção cultural das
pessoas surdas. Abre possibilidades alternativas para a sua
atuação nessas áreas.
• Ao nos aproximarmos mais da realidade surda, pela
vivência e pelo estudo, descobrimos que ela comporta um
rico, complexo e instigante conjunto de elementos culturais
caracterizados pelas formas alternativas de produção e
interação dessas pessoas, alimentados e enriquecidos nas
comunidades surdas e, infelizmente, ainda pouco Fonte: https://www.facebook.com/simposiodeculturasurda/
conhecidos entre os ouvintes.
• E no contato com a história cultural notamos a importância
da participação dos povos surdos para sua construção;

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“ A história cultural é uma nova interpretação de caminhos percorridos, para a deferência do
povo surdo, dando lugar à sua cultura, valores, hábitos, leis, língua de sinais, bem como à
política que movimenta tais questões, e não mais a excessiva valorização da história

registrada sob as visões do colonizador, uma história que dá lugar ao sujeito.
(PERLIN, G.; STROBEL, K, 2014, p.21)

CULTURA SURDA:

• Imensa variedade e amplitude das sociedades


humanas;

• Olhar qualitativo para as culturas e não quantitativo;

• Cultura diferente e não inferior;

• Um passado imerso na obrigação de serem ouvintes


e, em função disto, aceitar que os outros fizessem a
sua história, os dominassem (...);

• Lutas de significação quais sejam: a busca por


educação bilíngue, por políticas para a língua de sinais
no Brasil, pela abertura das portas das universidades,
por posições de igualdade, por ter intérpretes de
língua de sinais e por serem válidos os nossos direitos.

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“ Cultura surda é o jeito de o sujeito surdo entender o mundo e de modificá-lo a fim
de torná-lo acessível e habitável, ajustando-o com as suas percepções visuais, que
contribuem para a definição das identidades surdas e das “almas” das
comunidades surdas. Isto significa que abrange a língua, as ideias, as crenças, os “
costumes e os hábitos do povo surdo.
(STROBEL, K, 2008, p.22)

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Cultura Surda:

• A cultura surda é o padrão de comportamento


compartilhado por sujeitos surdos na experiência
trocada com os seus semelhantes quer seja na escola,
nas associações de surdos ou encontros informais;
• Isto origina a identificação de pertencer a um povo
distinto, caracterizado por compartilhar língua de
sinais, valores culturais , hábitos e modos de
socialização;
• Para o sujeito surdo ter acesso a informações e
conhecimentos e para estabelecer sua identidade é
essencial criar uma ligação com o povo surdo o qual
usa a sua língua em comum: a língua de sinais.
• Na comunidade surda não há “perda auditiva”, mas
sim um “ganho surdo”.

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• O lema teve origem no início do século XX nos Estados Unidos
e depois se espalhou pelo mundo inteiro para representar o
movimento das pessoas com deficiência e também de outras
minorias sociais;
• O lema comunica a ideia de que nenhuma política deveria ser
decidida por nenhum representante sem a plena e direta
participação dos membros do grupo atingido por essa política;
• Os SURDOS devem ser protagonistas da própria história;
• Querem levantar as bandeiras de suas reivindicações, lutar
por seus direitos e contra o preconceito, evitando interesses
alheios à sua causa.
• Isso continua sendo um grande desafio e os surdos seguem
lutando, sem abrir mão do apoio de simpatizantes da sua
causa. Mas a última palavra tem que ser do surdo!
• É o surdo que sabe dizer qual é a melhor forma de superar as
barreiras que dificultam sua efetiva participação na sociedade.

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• A sociedade se acostumou a ver a surdez como


um problema do surdo;

• Na verdade, a questão é mais ampla. O surdo é


um cidadão, com direitos e obrigações, que paga
seus impostos e contribui com sua força de
trabalho. Que circula livremente, mas que não
tem livre acesso às informações;

• O surdo é privado da audição e se comunica


tendo como base outra língua. Apenas isso!

A COMUNIDADE E CULTURAL SURDA DEFENDEM O


BÍLINGUISMO!!!

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Referências Bibliográficas

BRASIL. Lei nº 10.436, de 24 de abril de 2002. Dispõe sobre


a Língua Brasileira de Sinais – Libras e dá outras
providências. Diário Oficial da República Federativa do
Brasil, Brasília, DF, 25 abr. 2002.

PERLIN, G.; STROBEL, K. História cultural dos surdos:


desafio contemporâneo. Educar em Revista, Curitiba,
Brasil, Edição Especial, Editora UFPR n. 2/2014, p. 17-31.

SASSAKI, Romeu Kazumi. Nada sobre nós, sem nós: Da


integração à inclusão – Parte 2. Revista Nacional de
Reabilitação, ano X, n. 58, set./out. 2007, p.20-30

STROBEL, K. As imagens do outro sobre a cultura surda.


Florianópolis: Editora da UFSC, 2008;

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