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Pelo que ficou exposto na secção anterior percebe-se que a maioria dos organismos
depende do Sol como fonte de energia para criar as suas estruturas e manter os
seus processos vitais. Apenas algumas comunidades biológicas, constituídas por
organismos quimiossintéticos, escapam a esta regra. Para a maioria, contudo, o Sol
é a verdadeira fonte de energia. Em primeiro lugar, ele fornece calor. A maior parte
dos organismos sobrevive dentro de limites de temperatura relativamente restritos. A
temperaturas demasiado elevadas as biomoléculas deixam de funcionar, ou são
mesmo destruídas; com temperaturas demasiado baixas as reacções químicas do
metabolismo ocorrem demasiado devagar para permitir que os organismos se
desenvolvam e se reproduzam. Em segundo lugar, os organismos dependem da
radiação solar como fonte de energia que é captada pelas plantas verdes, algas e
certas bactérias no processo da fotossíntese. A fotossíntese converte a energia solar
em energia química útil de alta qualidade nas ligações que unem as moléculas
orgânicas.
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A glicose é um composto rico em energia que serve como combustível para a planta
levar a cabo os seus processos metabólicos. A energia nas suas ligações químicas
pode ser libertada por enzimas e utilizada para formar outras moléculas (outros
hidratos de carbono, lípidos, proteínas ou ácidos nucleicos) ou pode ser utilizada
para impulsionar processos cinéticos, tais como o movimento de iões através das
membranas, transmissão de mensagens, alterações nas formas celulares ou
estruturas e ainda, nalguns casos, o movimento da própria célula. Este processo de
libertação de energia, denominado respiração celular, envolve a cisão dos átomos
de carbono e hidrogénio da molécula do açúcar e a sua recombinação para voltar a
formar dióxido de carbono e água.
Respiração celular
C6H12O6 + 6 O2 6 H2O + 6 CO2 + energia
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Dentro de uma dada unidade de área, os corpos dos organismos vivos constituem a
colheita permanente de biomassa que se pode definir como o peso total dos
organismos que constituem um nível trófico ou que habitam uma área definida. Por
isso, a biomassa exprime-se geralmente em gramas de matéria orgânica por metro
quadrado (g/m2 ou g.m-2) ou em unidades de energia (ex. J m-2). De notar que esta
medida se refere a matéria orgânica seca. A grande carga de biomassa nas
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comunidades é quase sempre formada pelas plantas, que são os produtores de
biomassa, dada a sua capacidade quase única de fixarem o carbono durante a
fotossíntese. A biomassa inclui os corpos inteiros dos organismos, embora partes
deles possam estar mortas. É importante ter isto em consideração, especialmente
quando se estudam comunidades de florestas ou bosques, pois o grande volume da
sua biomassa é composto por madeira ou cortiça. Estas partes deixam de ser
consideradas biomassa quando se separam do organismo, caem e se decompõem,
constituindo então a necromassa. Por isso distingue-se entre biomassa e
necromassa sendo que a primeira representa o capital activo capaz de gerar
crescimento novo, enquanto que a última é incapaz de gerar novos tecidos. Na
prática inclui-se na biomassa ambas as partes, vivas e mortas, desde que se
mantenham ligadas ao organismo.
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Produtividade Primária
A energia equivalente à produção de biomassa pode, depois, ser obtida se ela for
queimada num calorímetro. No entanto, este método de avaliação da biomassa
(método da colheita) não pode, na realidade, calibrar o crescimento de novas raízes
as quais podem representar pelo menos tanto como a produtividade à superfície
(Stiling, 1999). Wallace e O’Hop (1985) demonstraram que, em alguns casos,
quando a pastagem por animais é elevada, a PPL poderá ser muito subestimada, se
a base para a sua avaliação for apenas uma estimativa da biomassa obtida pelo
método da colheita. Daí a aimportância de se ter em atenção o factor G, atrás
referido.
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Ecossistemas Terrestres
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Fig. 3 Relação entre a média anual de precipitação e a PPL acima do solo através da
região central de pradaria, Great Plains, dos Estados Unidos da América (adaptado
de Stiling, 1999)
A água é um recurso essencial, tanto como constituinte das células como para a
fotossíntese. Grandes quantidades de água perdem-se durante a respiração das
plantas, particularmente porque os estomas precisam de se manter abertos para
fixarem o dióxido de carbono. Não é pois surpreendente que a precipitação que
ocorre numa área esteja correlacionada com a produtividade. De notar, contudo, que
a existência de uma grande quantidade de precipitação não equivale
obrigatoriamente a uma grande disponibilidade de água. Toda a água que excede a
capacidade de um dado campo escoar-se-á se tiver possibilidade para tal, deixando
assim, de estar disponível para as plantas.
Mesmo que o Sol brilhe todos os dias, que a chuva caia em abundância, que as
temperaturas se mantenham amenas e que o CO2 mantenha a sua concentração, a
produtividade de uma dada comunidade terrestre será sempre baixa, se não houver
solo ou se este for deficiente em nutrientes essenciais. As condições geológicas que
determinam o declive e a orientação dos terrenos, também determinam ou não a
formação do solo e, em parte, também influenciam o seu conteúdo mineral. É por
esta razão que dentro de uma determinada região climática podemos observar o
desenvolvimento de um mosaico de produtividades comunitárias.
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Ecossistemas Aquáticos
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A zona eufótica é a zona que tem luz solar suficiente para suportar a fotossíntese e uma população
importante de fitoplâncton.
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PPB
Intensidade da luz
Profundidade
Ponto de compensação
Respiração
Os lagos, por exemplo, recebem nutrientes a partir do desgaste das rochas e dos
solos nas sua bacias hidrográficas e também do que resulta de actividades humanas
(entradas de fertilizantes agrícolas e de esgotos municipais). Assim, eles variam
muito na sua disponibilidade de nutrientes. Estas entradas adicionais de nitrogénio e
de fósforo causam, muitas vezes, o crescimento exagerado de algas,
nomeadamente de algas azuis-verdes, obstruindo todo o sistema e aumentando a
sua turbidez ____ um processo denominado eutrofização.
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PPB
PPB
Profundidade (m)
Ponto de compensação
Profundidade (m)
Ponto de compensação
b)
a)
PPB
Ponto de compensação
Profundidade (m)
c)
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Afloramento de nutrientes
1. o aquecimento das águas pelo Sol pode criar nos oceanos como que uma
barreira física pela diferença de densidades, separando as águas superficiais,
mais mornas e menos densas, das águas profundas, mais frias, mais densas e
____
mais ricas em nutrientes. Esta barreira é a termocline uma fina camada de
água onde a temperatura se altera bruscamente (Fig. 6). No entanto, a mistura
das águas dos oceanos, causada principalmente por ventos fortes, tende a
quebrar a zona termocline e assim ajuda os nutrientes a serem misturados com
as águas superficiais. Desta forma o fitoplâncton, que necessita tanto de luz
como de nutrientes, pode desenvolver-se;
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Camada mista
Termocline
Água profunda
Temperatura
Fig. 6
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Fig. 7
Não é difícil perceber como é que o vento, ao soprar sobre a superfície do mar
provoca movimentos horizontais nas suas águas, mas como pode o mesmo vento
causar o movimento vertical dessas massas de água? É o movimento de rotação da
Terra que provoca este efeito. O transporte das águas para longe da costa pode ser
ajudado pela força de Coriolis2. De uma forma muito simples pode-se explicar este
fenómeno: a força centrífuga que se estabelece pelo movimento de rotação da Terra
actua sempre no sentido de desviar os objectos em movimento para a direita da sua
rota inicial no hemisfério Norte e para a esquerda no hemisfério Sul. Assim, mesmo
quando o vento sopra paralelo à costa o movimento das águas superficiais sofre
uma deflexão para a direita (hemisfério Norte) ou para a esquerda (hemisfério Sul).
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Gustave-Gaspard Coriolis mostrou, em 1835, que, se se aplicarem as leis newtonianas do movimento
num referencial em rotação, uma força de inércia tem que ser incluída nas equações que descrevem
esse movimento. Essa força de inércia actuará para a direita da direcção do corpo em movimento, ou
para a sua esquerda, consoante o referencial se estiver a mover no sentido oposto aos ponteiros do
relógio, ou no mesmo sentido dos ponteiros do relógio.
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Produtividade Secundária
Pn
PE = x100
An
In
CE = x100
Pn − 1
An
AE = x100
In
A energia que não é assimilada perde-se através das fezes e entra na base do
sistema dos decompositores. Em relação aos microrganismos não será muito
correcto utilizar o termo "eficiência de assimilação" já que a digestão da matéria
orgânica morta levada a cabo pelas bactérias e fungos é um processo extracelular e
não há produção de fezes. De facto, para as bactérias e fungos a absorção e
digestão do material é de 100%.
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apresentam defesas físicas e químicas que protegem os seus tecidos como também
porque incorporam na sua estrutura uma elevada percentagem de material
complexo como a celulose e a leninha. No entanto, muitos animais apresentam uma
microflora intestinal que os ajuda a ultrapassar estes obstáculos.
Por tudo o que foi explicado conclui-se que a produtividade secundária é limitada
pela biodisponibilidade e pela qualidade da produtividade primária.
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