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UNIVERDIDADE FEDERAL DE JATAÍ

LUCAS HENRIQUE INOCÊNCIO

RELATÓRIO UAECSA: MESA 1 03/11

Jataí-GO

2021
RELATÓRIO UAECSA: MESA 1 03/11

O evento começou com as falas de alguns professores engajados em projetos de extensão na


UFJ, enfatizando a importância da articulação entre ensino, pesquisa e extensão com enfoque
colaborativo, dialógico e interdisciplinar, logo após, aconteceu uma breve apresentação dos
seminaristas que compunham a mesa o Prof. Dr. Raoni Machado da Universidade Federal de Lavras
e o Prof. Dr. Luís César Souza do departamento de Educação física da Universidade Federal de Jataí.

APRESENTAÇÃO DO PROF. DR. RAONI MACHADO

Logo no início ele traz uma afirmação provocativa seguida de dois questionamentos,
primeiramente o tema da apresentação que é o atleta como legado esportivo, e aí seguem duas
questões: o esporte é um patrimônio da humanidade? Ou é um simples evento comercial? Neste
sentido ele começa ressaltando as críticas feitas pela mídia relativas a gastos com mega eventos
esportivos tais como a olimpíada, contudo estas críticas não contemplam a dimensão imaterial do
legado de tais eventos. Dentro deste contexto ele apresenta a 1ª sessão internacional para medalhistas
olímpicos, que tinha como objetivo fazer com que os atletas se enxergassem como protagonistas de
tais eventos, contudo apesar de contrapor a dimensão comercial em relação às marcas patrocinadoras,
tal processo gerou um distanciamento entre os atletas e o público, gerando um efeito de perda de
interesse no esporte e nestes eventos sobretudo entre os mais jovens.

Os jogos de Pequim, segundo o apresentador, foram os primeiros que começaram a se


transformar, sob a proposta de deixar um verdadeiro legado que transcendesse o legado físico das
estruturas dos megaeventos, investindo em estratégias mais imagéticas como posicionamento das
câmeras de transmissão e da própria abertura chinesa para que os atletas pudessem acessar redes
sociais em seus territórios e divulgar suas mídias no âmbito dos eventos, o que perdurou mesmo após
o fim das olimpíadas. Dito isto, o seminarista teceu considerações também sobre os jogos na
antiguidade citando a tradição dos jogos Pan-Helênicos, e a estrutura dos atletas, que antes eram
membros da aristocracia e depois foram se tornando atletas profissionais. E Por fim trouxe os
contornos modernos das olimpíadas idealizadas pelo Barão de Cobertin no afã de promover a paz
entre os conflitos belicosos da Europa, assim fundou o COI – Comitê Olímpico Internacional.

O esporte olímpico tem o objetivo de contribuir para a construção pacífica de um mundo


melhor através da educação dos jovens pelo esporte, tornando-o um serviço para a sociedade. Por
isso dentro do âmbito da extensão torna-se necessário propagar os princípios fundamentais do
olimpismo em programas escolares de educação física e esportes em escolas e universidades. Dentro
desta perspectiva construtiva do esporte ele deve sim ser considerado um legado da humanidade.

APRESENTAÇÃO DO PROF. DR. LUÍS CÉSAR SOUZA

O tema da apresentação é Capitalismo Desportivo – Formação e potências disruptivas. Logo


no início ele apresentou sua perspectiva teórica (campo crítico da sociedade) e trouxe uma série de
questionamentos que nortearam sua fala tais como: é possível a partir do próprio esporte romper as
amarras que o prendem ao status de mercadoria? O esporte humaniza ou desumaniza o atleta? O
esporte é ópio do povo ou é uma instituição cultural? É possível falar m uma indústria cultural do
esporte?

Na sequência, ele exorta que olhar para a complexidade do esporte hoje é uma maneira de
compreender suas raízes modernas de modo que o que há hoje é um esporte altamente capitalizado,
capturado pelo capitalismo, de tal maneira que o mesmo não pode ser imune à estrutura de classes
vigente. Citando exemplos de como o esporte se configura no seio das classes sociais ele traz, que o
ciclismo outrora foi um esporte aristocrático e tornou-se popular posteriormente, o Tênis sempre foi
desde a gênese um esporte das elites e o futebol que tinha contornos aristocráticos, mas depois tornou-
se um esporte de massa. Logo, as características que configuram a gênese do esporte moderno são a
constituição de uma identidade de classe, e o surgimento de um campo elitizado. Posteriormente isso
se transfigura em uma massificação, uma reificação, ou seja, o esporte é tornado mercadoria e também
constitui identidade de classe.

Surge daí uma questão: o esporte sendo genuinamente capitalista prevê que a superação do
capitalismo seja também a superação do esporte? Sim, porque enquanto mercadoria ele trás elementos
de desumanização. Porém o esporte tendo nascido no bojo do desenvolvimento humano, não é
exclusividade do capitalismo. O maior problema mesmo é que a organização predominante para o
esporte acompanha o modo de organização social dominante, sendo assim é preciso superar a forma
de coisa-mercadoria em que ele está calcado, preservando seu conteúdo desportivo competitivo e
construtivo, pois atualmente o que caracteriza o esporte como fenômeno social tem a ver como ele é
elevado numa disputa por hegemonia entre as nações, e a subsunção do mesmo aos meios de
comunicação e sua capitalização.

Sendo assim devemos pensar o esporte em termos de uma indústria cultural, que é apoiada em
duas características principais: o alcance, ou seja, a massificação e com isso a formação, o impacto
da subjetividade de quem consome seus produtos enquanto mercadoria. Logo, o que vivenciamos
hoje é uma indústria cultural do esporte que enquanto elemento cultural, foi reificado na forma de
mercadoria e na espetacularização, e sendo reificado de tal maneira é consumido, e na medida em
que é consumido ele impacta na subjetividade das pessoas, sobretudo das crianças e adolescentes.
Portanto, é possível sim superar a forma reificada do esporte, sem, contudo precisar superar o próprio
esporte, assim como outros campos da cultura tais como a arte, deve-se sim superar sua forma
reificada, mas não a própria arte.

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