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91 – ARUANDA

da Terra, em resposta às agressões ambientais; pode mesmo comparar essa


película protetora que envolve o indivíduo com a tela etérica. Uma vez afetado o
campo etérico pelas causas citadas, torna-se muito fácil que fluidos energias
infecciosas sejam absorvidos pela aura de qualquer pessoa.
— E durante quanto tempo a duplicata astral gravitará em torno do
campo mental do endereço vibratório, até que seja inteiramente absorvida?
— Por um tempo muito longo, às vezes. Há casos em que o
encantamento ou enfeitiçamento foi feito há séculos, e somente na presente
encarnação é que a duplicata astral despeja seu conteúdo mórbido na aura do
endereço vibratório. Magos negros do antigo Egito ou Mesopotâmia, ou de
povos mais antigos ainda, desenvolveram capacidade espantosa de estruturar
duplicatas astrais, com seu magnetismo. São criações mentais tão fortes e
permanentes que, às vezes, têm duração de séculos, independentemente de as
inteligências que as geraram já terem reencarnado várias vezes.
— Então essas energias poderão permanecer tanto tempo assim sem
serem diluídas ou absorvidas pelos elementos da natureza astral?
— É verdade, Ângelo — anuiu o pai-velho.
— Esses bolsões de energia mórbida ou, como dizem nossos irmãos
esotéricos, essas egrégoras de vibração barôntica podem durar séculos sem ser
consumidas ou desagregadas. Para citar um exemplo, que o fará compreender
melhor, basta recordar o que ocorreu com as maldições dos faraós. Os magos
egípcios, ou os anteriores a eles, que elaboraram as famosas pirâmides, criaram
cúmulos energéticos conhecidos como maldições pela crença popular. Quando
os desbravadores e arqueólogos adentraram as câmaras mortuárias, já no
século XX, detonaram o conteúdo das duplicatas astrais mantidas naquele
ambiente durante séculos e milênios. Um a um foram apresentando
enfermidades e mortes consideradas misteriosas. O fluido nocivo acumulado
nas próprias pirâmides se esgotou por completo nas auras dos primeiros
visitantes. A história registra os fatos, muitas vezes, sem alcançar a explicação
das causas e das leis que regulam as ocorrências.
— E como se faz então para desmanchar o tal enfeitiçamento ou
destruir a causa geradora de todo esse mal? Basta ao indivíduo modificar sua
intimidade e seus comportamentos?
— Não é tão simples assim, Ângelo, até porque a dita reforma íntima
não é tão elementar, como querem alguns. Veja que muitas pessoas que
procuram as casas espíritas e umbandistas são orientadas a fazer preces, tomar
passes e modificar suas atitudes e padrões de comportamento.
Mesmo assim procedendo, não melhoram. Por quê? Por qual razão
essas pessoas passam anos e anos tratando-se em reuniões de desobsessão e
não alcançam resultados satisfatórios? Será que isso se deve ao fato de que não
92 – Robson Pinheiro (Ângelo Inácio)

se reformaram interiormente?
— Será que fizeram sua parte no tratamento? — perguntei.
— Imagine que, no presente caso, o indivíduo se modifique, procure se
esforçar para reformular suas tendências e seus comportamentos e siga
direitinho as receitas prontas de santificação compulsória que vemos por aí. E,
mesmo assim, como acontece repetidas vezes, não melhore. Em casos como
esse — continuou Pai João — os dirigentes das reuniões mediúnicas e do centro
dizem simplesmente que o indivíduo não está fazendo sua parte. E pronto, está
emitida a sentença. No fundo, no fundo, não é isso o que ocorre. De maneira
geral, e lamentavelmente, os centros espíritas e agrupamentos mediúnicos não
têm por hábito estudar os mecanismos da chamada magia negra, dos
enfeitiçamentos e temas similares. Aliás, em diversos locais, é quase uma
heresia falar sobre o assunto. Existem até espíritos, que se dizem mentores, que
desconhecem a realidade dos feitiços. Aí pai-velho pergunta: de que adianta a
tentativa de doutrinação das entidades envolvidas em casos semelhantes, se os
médiuns desconhecem em absoluto os mecanismos da manipulação energética?
— Ainda que se tenha êxito, doutrinando-se o chamado obsessor, as
duplicatas astrais permanecem ativas e, em muitas ocasiões, gravitando em
torno de seus endereços vibratórios — concluí.
— Exatamente — retornou o espírito amigo. — Frequentemente o
obsidiado, como é conhecido no meio espírita e umbandista, está fazendo sua
parte; contudo, não melhora. Será que esse fato não se deve à imaturidade do
agrupamento mediúnico, que não conhece, não quer estudar e, portanto, torna-
se incapaz de lidar com os casos classificados como obsessões complexas? É
necessário aceitar que algo existe e que o desconhecemos, para haver
modificação e capacitação. Há que se abrir a mente para a realidade da magia
negra e dos processos de manipulação energética.
O pai-velho fez uma breve pausa e voltou a comentar o assunto:
— Observando casos semelhantes, Ângelo, vemos que não há apenas
um envolvimento de entidades consideradas simples obsessores. Existe a
atuação de magos negros desencarnados ou encarnados e, em certas ocasiões,
há até mesmo os encantamentos realizados no passado distante, como
dissemos, cujas duplicatas astrais ainda não foram desativadas pela ação do
tempo. Na presente encarnação, o indivíduo permanece sofrendo com a
repercussão vibratória de algo que foi realizado em encarnações anteriores.
Nos estudos de apometria, esse tipo de magia antiga com consequências atuais
é conhecido como arquepadia. É, meu filho... — prosseguiu João Cobú —
Acreditamos que os médiuns da atualidade não se atualizaram. As trevas, meu
filho, têm se capacitando cada vez mais em sua metodologia de ação. Vemos
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hoje a união de antigos magos negros com cientistas desencarnados


inescrupulosos, a desenvolver aparelhos parasitas. São os modernos
acumuladores energéticos e mentais, que os cientistas das sombras implantam
diretamente no sistema nervoso de suas vítimas.
— Como agir diante de tudo isso, Pai João?
— Infelizmente, em virtude da grande carga de preconceito reinante no
meio espírita, os médiuns, submissos às orientações de seus diligentes
encarnados, não atualizam seus conhecimentos nem sua metodologia de
desobsessão. Paralisaram-se nas intermináveis doutrinações; muitos deles
desconhecem inclusive a existência e o funcionamento dos campos energéticos,
que até a física quântica já revelou. Os campos de força, a complexidade da
magia negra e a dinâmica de ação dos aparelhos parasitas são temas que
deveriam estar na ordem do dia.
Pretendem abordar magos das trevas e cientistas endurecidos, hábeis
na manipulação da técnica astral, com palavras decoradas do Evangelho, sem
conteúdo apreciável nem vivência real.
Precisamos urgentemente atualizar a metodologia de trabalho em
nossas reuniões ou continuaremos andando em círculo, num círculo fechado de
pensamentos exclusivamente religiosos, distante, muito distante da ciência
espírita, que é dinâmica e progressista.
— Nunca imaginei que por traz de processos obsessivos havia tanta
ciência e tamanha complexidade.
— Pois é, meu filho — retornou Pai João. — A obsessão, segundo
companheiro de elevada estirpe espiritual, constitui-se no mal-do-século. Os
campos de força de baixa vibração, a implantação de aparelhos parasitas, as
arquepadias, assuntos tratados nos estudos de apometria, são apenas alguns
pontos que merecem mais atenção. Há, ainda, as síndromes de ressonância com
o passado, que se referem a conflitos pregressos que emergem na presente
encarnação, causando sérios prejuízos. No que tange à constituição físioastral
do ser humano, muitas dificuldades estão além dos processos de obsessão
simples, fascinação e subjugação, apontados por Kardec e conhecidos no
movimento espírita em geral. Imagine que o próprio codificador, insigne
representante das forças superiores, negou a existência da possessão, que foi
admitida por ele mais tarde, ainda encarnado. De lá para cá, transcorreram
mais de 140 anos. O progresso material em todas as áreas foi notável, sem
precedentes. Por que haveria de ser diferente com a metodologia das trevas?
Como eu disse antes, as trevas atualizaram seus mecanismos e métodos de
influenciação. Precisamos estimular nossos irmãos espíritas ao estudo
científico e despreconceituoso. No capítulo das obsessões complexas, como esse
caso que estudamos, é preciso especialização, pesquisa e dedicação ao

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